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Avaliação I - Resumo de Texto (Goffman) - a representação do eu na vida cotidiana

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A REPRESENTAÇÃO DO EU NA VIDA COTIDIANA 
Goffman e a representação (ou apresentação)
Goffman define “representação” como a “atividade de um indivíduo que passa no período contínuo de sua presença diante de outro indivíduo ou grupo de observadores influenciáveis” 
	Através da metáfora do teatro, Goffman inicia a discussão em A Representação do eu na Vida Cotidiana, evidenciando que cada encontro entre dois indivíduos é um encontro de interação. Existe uma relação de observação simultânea, com a intenção de compreender o conjunto de signos e símbolos do outro tanto para escolher adequadamente o “personagem” que desempenhará em sua atuação, quanto para antecipar qual possivelmente será o comportamento do outro. 
	Goffman também evidencia a capacidade humana de gerar impressões: a expressividade. Ele também salienta que essa capacidade é inerente ao ser humano, e que este sempre estará gerando impressões. Conscientemente ou inconscientemente. 
	Apenas para nível de estudo, Goffman subdivide a expressividade, de forma a demonstrar que ela se manifesta de forma diferenciada.
1. Expressão transmitida: se utiliza de símbolos verbais e todos os seus equivalentes. Está profundamente ligada à ideia de comunicação tradicional. O dito, palatável, facilmente inteligível. 
2. Expressão emitida: A atuação, a cena, a performance. E é nessa que as ações do ator ganham em potência. Ela reúne em si todos os símbolos não verbais (os olhares, o gesto, a postura, o tom da voz, o movimento), e que por vezes pode até passar despercebida de nós, mas quase nunca do outro.
Como dito, essa distinção é inicial e em nível de estudo. Expressões são emitidas e transmitidas simultaneamente, a todo o momento, durante a interação. E estas ainda podem não condizer com a “verdade”. Gerenciando as expressões que é capaz de transmitir e emitir, um indivíduo pode gerar uma impressão falsa. Falsa sendo a expressão transmitida, tomemo-las por fraude. Falsa sendo a expressão emitida, tomemo-las por dissimulação. 
	O processo de produção de impressões é inferencial[footnoteRef:1], sempre no sentido de se fazer acreditar, fazer tomar por verdade, aquilo que está sendo visto.
	Há dois tipos de indivíduo definidos sumariamente pela sua atuação. Um indivíduo que se sente absolutamente autorizado a assumir um tipo de atuação. O faz com legitimidade. Ou ainda acredita de fato que está autorizado a fazê-lo. Goffman o chama de indivíduo sincero. Há também indivíduo que está absolutamente descompromissado com a representação, sem se importar com as impressões que é capaz de gerar ou ainda a fazendo sem qualquer legitimidade ou autorização para tal. A este Goffman chama cínico[footnoteRef:2], no sentido filosófico do termo. [1: Inferência: operação intelectual pela qual se afirma a verdade de uma preposição em decorrência de sua ligação com outras proposições reconhecidas como verdadeiras. Esse processo pode ser indutivo ou dedutivo. A conclusão é chamada idiomática ] [2: Cinismo: Descaso absoluto pelas convenções sociais e pela moral vigentes. Desfaçatez, descaramento.
] 
Goffman e a Fachada
	
	O autor define fachada com sendo o equipamento expressivo de um indivíduo utilizado durante a sua representação/apresentação. E fala sobre dois elementos principais constitutivos da mesma. 
1. O cenário: elementos físicos e espaciais; partes cênicas do equipamento expressivo. 
2. A fachada pessoal – Esta, Goffman subdivide novamente entre fachada fixa e fachada transitória. 
a. Fachada fixa: idade, sexo, altura, peso, etnia e todos os outros elementos que não se podem mudar no momento exato da interação entre indivíduos. 
b. Fachada transitória: Expressão facial, gestos, postura, tom da voz, polidez, vocabulário, e todos os outros elementos que podem ser rapidamente modificados durante a interação entre dois indivíduos. 
Ainda sobre a fachada, Goffman continua a fazer relações importantes. Relacionada diretamente com a fachada fixa, o autor diz que está profundamente ligada às questões de impressões de momento. As primeiras, que são tidas inclusive na observação à distância. A esse conjunto de itens geradores de impressões sumárias, Goffman dá o nome de aparência. 
Aos estímulos secundários, profundamente relacionados com a preocupação de informar, a quem observa a representação, sobre o papel de interação que o ator espera desempenhar na situação que se aproxima, Goffman dá o nome de maneira. 
	É interessante então aqui iniciar uma série de reflexões importantes sobre o conjunto de símbolos utilizados durante uma representação e todas as implicações maiores que ele é capaz de produzir. 
	A partir disso, então, podemos pensar papéis sociais prontos, que exigem do ator uma completa adequação para que o exerça com legitimidade. Inclusive, abandonando elementos, fixos e transitórios próprios, que possam indicar a qualquer momento, que ele não está apto ou autorizado assumir aquele papel. Isso, tendo como pano de fundo a discussão que todo o papel social pronto está cercado de expectativas sociais. Um elemento, por menor que seja, que não coadune com os demais elementos constitutivos de um papel social pode indicar que quem o assume não o pode fazer. Não está apto, ou autorizado para exercê-lo. Cada papel social possui um conjunto de signo e símbolos, organizados dentro de um sistema de significação rígido e qualquer movimento por ele é um risco a representação. 
	Todo o ator, e tomemos sempre por ator o indivíduo que está representando, deseja sempre incutir a sua plateia a crença de que ele está para sua representação, de modo muito mais ideal do que de fato está. 
Goffman e as equipes de representação
	
	Neste momento, Goffman amplia sua observação a respeito da interação entre os indivíduos, e apresenta a atuação realizada em conjunto, onde não só a representação de si mesmo é importante, mas a atuação de todos necessita estar orientada de forma que validem umas as outras e não comprometa a impressão que se deseja transmitir. Existe uma grande expectativa para a coesão de um grupo que atua simultaneamente. 
	O autor exemplifica isto de formas diferentes, falando desde encontros prévios entre os atores que representarão em conjunto, para obterem esta coesão externa; das pessoas que por questões de crença no seu papel, na sua representação, na sua atuação, representam de forma coesa, pois operam de forma sincera sob o mesmo conjunto de signos e símbolos e logo agirão de forma coesa, até sobre a coesão programada (como no exército, na medicina, no direito, e entre outros grandes grupos cujo papeis são conhecidos e cercados de expectativas e dependentes de coesão, pois quase sempre falam em nome de um grupo muito grande e/ou necessitam vedar-se de questionamentos quanto a sua atuação – por questões de autoridade e poder). 
Goffman, as regiões e comportamentos regionais. 
	“Uma região pode ser definida como qualquer lugar que seja limitado de algum modo por barreiras à percepção humana” (p.101). 
	Já se observou até aqui que o equipamento fixo de sinais expressivos em um lugar é chamado de “cenário” da representação. No capítulo III, Goffman se dedica a observar a representação/apresentação não para uma plateia específica, mas para a região da fachada. 
	Para isto, evoca novamente a sua definição de maneira e a apresenta na sua utilização para uma plateia limitada, fixa, para a relação direta. E nesse campo, mais alargado, apresenta sua definição de decoro, que se baseia numa relação indireta, profundamente ligada as questões da moral vigente, a reputação. 
	E apresenta este segundo como sendo compostos por diferentes requisitos: morais e instrumentais. 
1. Requisitos morais: são fins em si mesmos; dizem respeito a não ingerência nos assuntos dos outros e à tranquilidade destes (regras de propriedade sexual, sacralidade, terras, posse, etc.)
2. Requisitos instrumentais: não são fins em si mesmos e se referem aos deveres sociais (“exigências de categoria”, sejam elas sexuais, econômicas, políticas, etc.). 
Uma reflexão posterior com“Ritual de interação”, de Goffman. 
	Se orientando por outros textos de Goffman, poderemos ler que todas essas colocações a respeito da representação do eu estão na ordem da crença, do símbolo, da comunicação, da não passividade de quem recebe a mensagem, mas de sua participação ativa para a leitura de uma interpretação. Todo esse processo, Goffman lê da seguinte forma: a interação entre dois indivíduos como um ritual. E chama por ritual porque se trata o tempo inteiro de crenças. Cada ator realiza sua interpretação com um arcabouço simbólico na tentativa de se mostrar apto ou autorizado. De mostrar-se digno. Quando a fachada é adornada com tons de sacralidade (e todo o esforço para sustenta-la é um esforço para impedir que esta seja profanada), mantê-la só é possível se operando através de rituais. Quando não para sacraliza-la ainda mais, para despoluí-la, a torna-la integra novamente. Purificada.

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