Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Endocrinologia - Heloísa de Souza Camargo Atuam na síntese, armazenamento e liberação de hormônios, os quais são mensageiros químicos com capacidade de regular funções de determinados tecidos, estimulando-os ou inibindo-os. Órgãos endócrinos • Hipófise; • Pineal; • Tireoide; • Paratireoide; • Adrenal. Tecidos endócrino - Agrupados de células endócrinas associados a órgãos não endócrinos • 10% do pâncreas é endócrino: Ilhotas de Langerhans; • Células da granulosa – ovários; • Células de Leydig – testículos. Mecanismos patogênicos Hipofunção Primária: • Houve destruição das células secretoras de hormônios; • Não desenvolvimento adequado da glândula; • Defeito na via de síntese do hormônio; Secundária: • Lesão destrutiva na hipófise – não ou diminuição na produção do hormônio trófico. Endocrinologia Hiperfunção • Primária – neoplasma das células endócrinas ® sintetização e liberação de hormônio; • Secundária – Lesão na hipófise – aumento na produção do hormônio trófico. Hiperatividade endócrina secundária a doenças em outros órgãos • Neoplasmas em tecidos não endócrinos geram substâncias mimetizadoras de hormônio • Compete os receptores com os hormônios originais Disfunção endócrina devido à falha na resposta nas células alvo • Falta de adenilciclase na membrana celular • Alteração dos receptores do hormônio na superfície celular Hiperatividade endócrina causada por doenças em outros órgãos • Hiperparatiroedismo renal secundário • Hiperparatiroedismo nutricional Hipófise O hipotálamo libera um hormônio primário que agirá na hipófise, fazendo com que ela libera hormônios tróficos que agirão nos tecidos alvo. Nanismo hipofisário Incapacidade de diferenciação das células secretoras da parte distal da hipófise por conta da formação de um cisto no local, gerando um aumento de tamanho da hipófise, podendo haver a compressão do tecido que produz hormônios tróficos, por exemplo: • Deficiência de GH e IGF-1; • Deficiência: TSH, LH, FSH, ACTH, sendo que geralmente; O nanismo hipofisário pode desenvolver-se devido à perda de ação periférica do GH, resultante de uma anormalidade estrutural do hormônio; por Endocrinologia incapacidade do GH em aumentar as concentrações de somatomedina ou à perda de resposta do tecido alvo à somatomedina, devido a um defeito nos receptores de membrana. Microscopia: desorganização celular no local onde seria Adeno-hipofise, cordões compostos por células bem diferenciadas restritos por uma banda de tecido conjuntivo. Macroscopia: hipófise aumentada de volume devido ao adenoma na pars intermedia. O mais comum que aconteça é o Hipotireoidismo Congênito em cães, por conta da deficiência de GH e IGF-1. São animais que tendem a ficar pequenos e tem deficiência de FSH. Doença genética autossômica recessiva, aparecendo predominantemente em pastor alemão. Sinais clínicos • Crescimento lento após 2 meses de vida + Anormalidades ósseas ® prognatismo + Erupção dentária retardada; • Pelagem secundária mantida por perda da pelagem primária (lanugem) + Alopecia simétrica bilateral. A perda de pelo ocorre predominantemente em áreas que tem contato com roupas, coleiras e regiões de atrito no decúbito. Eventualmente o tronco inteiro e extremidade proximal dos membros tornam-se alopécicos, com a pelagem primária permanecendo somente na face e extremidade distal dos membros. A pele inicialmente é normal, mas com o tempo toma-se progressivamente hiperpigmentada, delgada, hipotônica e escamosa. Diagnóstico Os níveis plasmáticos basais do GH em cães normais apresentam uma variação de 1,5 ± l,2ng/ml a 4,3 ± 1,1ng/ml. Como os níveis basais do GH em anões pituitários e cães hipofisectomizados podem aproximar-se destes valores, recomenda-se, para fins diagnósticos, avaliar a capacidade secretória do GH após o estímulo da hipófise. Endocrinologia A estimulação com substâncias α-adrenérgicas é utilizada para avaliar a capacidade de secreção de GH. As amostras são obtidas nos tempos 0, 15, 30, 45, 60 e 90 minutos. A administração de xilazina (100-300µg/kg) ou de clonidina (3 - 30µg/kg), via endovenosa, estimula a secreção de GH, atingindo um limiar máximo de concentração plasmática em torno de 15 a 30 minutos após o início do teste. A deficiência de GH está caracterizada quando os resultados dos níveis plasmáticos pós-estimulação forem inferiores a 2ng/ml. Adenoma Hipófise - Cavalos Dos tumores hipofisários, o adenoma da pars intermedia é o mais comum em equídeos, geralmente ocorre em animais mais idosos. Os sinais clínicos podem estar relacionados diretamente aos hormônios secretados ou a alterações hipotalâmicas. Síndrome clínica O animal irá apresentar poliúria/polidipsia – hiperhidrose/ polifagia, fraqueza muscular, sonolência, febre, hirsutismo – pelo longo anormalmente denso, ondulado e opaco, sudorese excessiva, perda de peso, infecções crônicas como a sinusite e parasitismo gastrointestinal por imunossupressão e laminite crônica – não é patoguinomônico, mas é muito comum –, distúrbios nervosos (ataxia, egueira e convulsões) podem aparecer. Diabetes insípidos Essa diabete não tem relação com o pâncreas, mas com a hipófise em si. A hipófise em condições normais produz o hormônio antidiurético, enviando uma informação pro rim, de que há necessidade de maior ou reabs de água. Há duas prováveis causas: • D.I. Hipofisária (DIC) – falta ADH pela hipófise, podendo ser por conta de carcinomas, neoplasias da pars nervosa ou neoplasias metastáticas na hipófise. Em resumo, ocorre quando há compressão/destruição da pars nervosa por tumores, cistos ou granulomas; Endocrinologia • D.I. Nefrogênica DIN – ADH normal, mas faltam receptores no rim para o hormônio, pode ser causado por defeitos congênitos, reações adversas a drogas e outras desordens metabólicas; O hipotálamo produz ADH, e este é armazenado na glândula pituitária. Este hormônio é liberado quando o volume sanguíneo diminui, quando aumenta a concentração de sal circulante ou na ocorrência de dor ou estresse. A liberação do ADH estimula a reabsorção de água para a circulação sanguínea. A deficiência de ADH, ou as respostas diminuídas a ele, em receptores nos túbulos renais distal e ducto coletor, pode ser parcial ou completa. Baixa produção de ADH resulta em uma urina Hipostenúrica (d<1010), geralmente é o que indica o diagnostico para D.I.. Ocorre a polidipsia secundária a poliúria. Sinais clínicos Poliúria, polidipsia, desequilíbrio eletrolítico, provável desidratação, baixos níveis de ADH e a urinálise demonstram baixa densidade específica. Diagnóstico O diagnóstico de DI requer inicialmente sua diferenciação de outras causas mais comuns de poliúria e polidipsia, tais como: síndrome de Cushing, nefropatias primárias, Diabetes Mellitus, doença hepática, hipertireoidismo (gatos), piometra e hiperadrenocorticismo. Após a exclusão das outras causas, indica-se métodos de diagnóstico por imagem da hipófise (tomografia), pesquisando-se neoplasias, teste de privação hídrica e teste de resposta ao ADH. Administra-se o ADH sintético e observa-se se a concentração urinária aumenta. Se for uma D.I. Hipofisária, vai ocorrer a concentração, se for a Nefrogênica, terá que ser feito o teste de privação hídrica. Endocrinologia Tratamento As drogas frequentemente utilizadas no tratamento são: acetato de desmopressina, diuréticos tiazídicos, clorpropamida e antiinflamatórios não esteróides (AINEs). Os cães com DI não tratadosparecem sobreviver bem, desde que exista água sempre a sua disposição, caso contrário, a doença evolui para desidratação, coma e morte. Tireoide Um par de lobos ao lado da traqueia de mesmo tamanho, sendo o maior órgão exclusivamente endócrino. A glândula responde ao hormônio trófico TSH, sobre a produção de T3 e T4. Tecido Tireoidiano acessório Geralmente se localiza na região de mediastino, em qualquer local entre a base da língua e o diafragma. 50% dos cães adultos possuem nódulos acessórios, podendo ocorrer a hiperplasia desse tecido para que haja o suprimento hormonal em caso de retirada da tireoide. É microscopicamente idêntica a estrutura original, estrutura folicular e a função idêntica aos lobos principais. Pode também ter neoplasia como a tireoide original. Hipertiroidismo Condição clínica resultante da produção/excreção excessiva de T4 e T3 pelas tireoides. Hiperplasia em tireoide – adenoma, tendo um número de células a mais que o normal. Geralmente em gatos aparece como adenoma, mas pode aparecer como carcinoma, mais comum e cães, além de ser a doença endócrina mais frequente em felinos idosos: acima de 10%. Não tem prevalência sexual ou racial. Os cães das raças Beagle e Golden Retriever são mais suscetíveis ao Endocrinologia desenvolvimento de carcinomas de tireoide, enquanto aqueles da raça Boxer são mais predispostos ao desenvolvimento de ambos, adenomas e carcinomas. Sinais clínicos Em geral, percebe-se nódulo na região da glândula tireoide, abaixo da laringe; contudo, ocasionalmente, um tumor maior é constatado na entrada do tórax. À medida que o tumor aumenta de tamanho, pode se tornar mais firmemente fixado aos tecidos vizinhos e ocasionar sinais clínicos em decorrência de compressão, deslocamento ou, ainda, embora menos comum, penetração em laringe, esôfago e traqueia. O animal entra em um estado de hipermetabolismo, então na anamnese ele vai apresentar muita fome, excesso de atividade, perda de peso. As manifestações clínicas estão relacionadas ao excesso hormonal, havendo polifagia, poliúria, polidipsia, perda de peso, vomito por sobrecarga de ingestão de comida e diarreia por conta da sobrecarga intestinal, sendo que o animal pode ter sua comida não digerida corretamente. Vocalização e excesso de atividade, taquicardia e taquipnéia, hiperexcitação, animais que se tornam agressivos, convulsão por conta da diminuição do limiar elétrico do tecido nervoso, AVC por hiperestimulação do cardiovascular e hipertensão. Diagnostico Citologia. Tratamento Tireoidectomia, iodo e radioterapia. A condição funcional é irrelevante e os sinais clínicos de hipertireoidismo são facilmente controlados com o uso de carbimazol ou metimazol, na dose de 5 mg, por via oral, inicialmente em intervalos de 8 a 12 h e subsequente ajuste da dose, de modo a obter o efeito desejado. Suplementação de T4 (tiroxina). Endocrinologia Hipotireoidismo - Gatos Muito raro, mas pode ocorrer quando o problema é na própria tireoide. Ocorre a deficiência de T3 e T4. Não há relato de hipotireoidismo secundário ou terciário. Geralmente há um hipotireoidismo espontâneo, comum em humanos, ocorrendo uma hipotrofia/atrofia, sendo que a tireoide perde células e tecido produtor de t3 e t4. Pode acontecer também a tireoidite linfocítica, que é quando o próprio organismo ataca o tecido tireoidiano. Hipotireoidismo iatrogênico Ocorre secundariamente a um tratamento de hipertiroidismo, drogas antitireoidianas – único reversível –, adm de iodo radioativo em pacientes hipertireoidicos. Pode ser secundário também a tireoidectomia. O objetivo da administração de anti-tireóideo é manter a concentração sérica de tiroxina total (T4) na metade inferior do intervalo de referência. Hipotireoidismo congênito O hipotireoidismo congênito não é determinado se é muito raro ou se os filhotes vão a óbito antes do diagnóstico da doença. Também é uma herança autossômica recessiva, podendo aparecer em dois tipos: Tipo 1: • Disormoniogênese tireoidiana – produção de hormônio de forma errada por algum motivo. Glândula normal, hormônio não • Baixa produção de t3 e t4, ou hormônios não funcionastes. Ocorre o feedback pra hipófise, a qual vai aumentar a liberação de TSH, levando a tireoide a uma hipertrofia, mas isso não funciona, porque a glândula está realizando a produção corretamente, mas o hormônio não é funcionante. Tipo 2: • Disgenesia tireoidiana – por algum motivo, minha glândula não foi formada de maneira adequada. • Hipoplasia/aplasia glandular Endocrinologia Animal com déficit de crescimento, retardo de erupção dentária, pelo de filhote e déficit mental. Sinais clínicos Inicialmente, alguns gatos com hipotireoidismo, independentemente da causa primaria, desenvolvem alopecia evidente. Além disso, é possível notar inapetência, pois o animal manifesta profunda apatia. Filhotes de gatos com hipotireoidismo congênito tendem a desenvolver constipação intestinal grave. Os sintomas cutâneos se caracterizam por pelagem opaca, seca e “despenteada” (com possível emaranhado) e seborreia seca. Os pelos se desprendem facilmente, sendo possível crescimento deficiente de novos pelos após tricotomia. Hipotermia e bradicardia, por vezes, são achados adicionais ao exame físico. Diagnóstico E ́ possível estabelecer um diagnóstico provável com base no quadro clínico compatível e, ocasionalmente, nas anormalidades verificadas nas análises clinico patológicas de rotina (anemia e hipercolesterolemia). Deve-se confirmar o diagnóstico de hipotireoidismo mediante a dosagem de hormônio ou a obtenção de imagens clínicas, como aquelas verificadas na cintigrafia. Embora não se conheça a incidência exata de anemia normocromica normocítica e/ou de hipercolesterolemia em gatos com hipotireoidismo, essas alterações parecem ser constatadas, com mais frequência, no hipotireoidismo iatrogênico. No hipotireoidismo congênito, por sua vez, tais alterações são inconsistentes. Espera-se baixa concentração de T4 total circulante em todos os gatos com hipotireoidismo; um valor de T4 total no intervalo de referência sustenta fortemente o estado eutireoideo. Endocrinologia Tratamento Embora haja disponibilidade de dados farmacocinéticos somente para gatos sadios, a dose de tiroxina recomendada para suplementação oral varia de 100 µg/gato, a cada 24 h, a 10 a 20 µg/kg, em intervalos de 24 h. Como mencionado para os cães, os gatos acometidos devem ser reavaliados após 4 a 8 semanas. Ajustes adicionais da terapia devem ter base na resposta clínica e no monitoramento terapêutico de T4 total. Com terapia apropriada, o prognóstico para hipotireoidismo adquirido é bem-sucedido. Para o hipotireoidismo congênito, o prognóstico é reservado e depende muito da causa primária desta enfermidade e da idade por ocasião do diagnóstico. Hipotireoidismo canino Tireoidite linfocítica Bem comum, geralmente ocorrendo em Beagle, Schnauzer, Labrador. Ocorre a formação de um anticorpo chamado Ac anti-tireoglobulina, o qual lesa o folículo tireoidiano e destrói as células secretoras de hormônio, apresentando também uma infiltração linfoplasmocítica no tecido tireoidiano. Ocorre muito em equinos. Os sinais clínicos associados ao hipotireoidismo surgem após a destruição de, aproximadamente, 75% do tecido glandular. Embora seja necessário biopsia da tireoide para o diagnóstico definitivo de tireoidite linfocítica, é possível pressupor sua existência por meio da detecção de auto-anticorpos circulantes contra antígenos da tireoide. Atrofia folicularidiopática A glândula vai se apresentar em tamanho reduzido. Ocorre a perda do epitélio folicular e sua ruptura, sendo que serão substituídos por tecido adiposo ou fibrose, sem um processo inflamatório. Endocrinologia Histopatologicamente, parece muito diferente de tireoidite linfocítica. No entanto, não está claro se as duas doenças são verdadeiramente distintas ou se, em alguns casos, elas representam diferentes estágios da mesma enfermidade. Outras causas do hipotireoidismo primário Outras causas de hipotireoidismo primário incluem destruição neoplásica, medicamento antitireoide (especialmente sulfonamidas pontencializadas), radioterapia e anomalias congênitas, embora tais situações sejam incomuns em cães. Hipotireoidismo canino Secundário • Defeito na hipófise - Deficiência de TSH • Raro Terciário • Deficiência de TRH pelo hipotálamo • Extremamente raro Congênito • Raro, gera o nanismo • Nanismo • Disormoniogênese tireoidiana • Disgenesia tireoidiana Sinais clínicos • Manifestações dermatológicas – pelos de baixa qualidade, sem brilho, secos, quebradiços, rabo de rato, pode haver piodermite secundária, seborreia seca ou oleosa com ou sem presença de malassezia; • Letargia – principal, intolerantes a exercício, levando a ganho de peso, além do metabolismo prejudicado; • Termofilia; • Hipotermia; Endocrinologia Os sinais clínicos mais frequentes (aproximadamente 70% dos casos) estão relacionados com a diminuição da taxa metabólica, aliada a uma variedade de alterações cutâneas. No entanto, em alguns cães, ha ́ apenas uma anormalidade, enquanto outros manifestam sinais clínicos envolvendo os sistemas neuromuscular, cardiovascular, reprodutivo, ocular e gastrintestinal, podendo até mesmo predominar tais condições. Como consequência, o hipotireoidismo é um diagnóstico diferencial para várias queixas constatadas na rotina clínica. Há relatos de miopatia, doença do neurônio motor inferior, megaesôfago, paralisia da laringe, doença vestibular periférica e central e coma mixedematoso. Endocrinologia Diagnóstico Endocrinologia Teste de terapia Tratamento Todos os cães com hipotireoidismo necessitam de terapia de reposição de hormônio da tireoide (TRHT) prolongada; ha ́ disponibilidade de várias preparações terapêuticas. São utilizados produtos naturais da tireoide produzidos a partir de glândulas tireoides obtidas de suínos, ovinos e bovinos; no entanto, preferem-se produtos sintéticos, pois sua ação é mais previsível e estes apresentam prazo de validade mais longo. Não se recomenda o uso de produtos Endocrinologia genéricos, exceto os aprovados, pois se relata que tais produtos apresentam conteúdo de hormônio mais variável e resultam em concentração máxima de hormônio da tireoide inferior e mais variável do que aquela obtida com produtos patenteados. Bócio Disormonogênico Congênito Afeta ovinos, bovinos, sendo também uma herança autossômica recessiva. Hiperplasia da tireoide, apresentando hiperplasia folicular, porém sem a sintetização de hormônios funcionantes. Como no nanismo em cães, o feedback enviado para a hipófise vai fazer com que aumente a produção e liberação de TSH para tentar aumentar a quantidade de t4 e t3 no sangue estimulando a tireoide, porém, isso vai gerar uma hiperplasia celular, mas os hormônios liberados vão continuar afuncionais. Geralmente o animal vai apresentar nanismo, desenvolvimento ruim dos pelos, inchaços cutâneos e animais mais lerdos Carcinomas Raramente ocorre em gatos – somente 2% das hiperplasias de tireoide população felina são carcinomas –. Frequentemente aparece em Boxer, Beagle e Golden Retriver (“cães oncogênicos ambulantes”). Essa neoplasia é de rápido crescimento e, por isso, acaba aderindo aos tecidos adjacentes como a traquéia, esôfago, laringe, apresentando-se totalmente fixada nesses tecidos. Esse aumento também poderá comprimir a traqueia, então esses animais irão apresentar tosse e dispneia. Essa afecção pode ocorrer em qualquer tecido tireoidiano acessório que esse animal tiver pelo corpo. Apresenta altíssimo grau de metástase, afetando principalmente o pulmão. É o câncer da Hazel Grace. Endocrinologia Paratireoide Dois pares de glândula situadas próximas a tireoide, próximas a região cervical cranial. Anatomicamente: Cães e gatos: paratireoide interna e externa • Porco: 1 par apenas cranial a tireoide • Bovinos e ovinos: externas - maiores, longe da tireoide, próximo a carótida; internas – superfície dorsal medial da tireoide • Cavalos: inferior – longe da tireoide, na região cervical caudal, perto da bifurcação da carótida; superior – próximo à tireoide Apresenta-se como uma glândula cordonal, sendo que há dois tipos celulares, que são as Células Principais – predominantes, poligonais, pequenas, secretam o PTH –, e as Células Oxínticas – células grandes, poligonais, com citoplasma repleto de grânulos. O hormônio da paratireoide (PTH – paratormônio) é um polipeptídio pequeno (84 aminoácidos) produzido e secretado nas células principais das quatro glândulas paratireoides. As glândulas paratireoides sintetizam PTH continuamente, porém a quantidade de grânulos secretores é pequena. Isso acontece porque grande parte do PTH ativo sintetizado imediatamente é inativada nas células principais, de modo que os grânulos secretores contém hormônio ativo e fragmentos do radical carboxila do polipeptídio. A parte ativa do polipeptídio é o aminoácido Nterminal 34, a estrutura que é conservada nas espécies, embora o fragmento do radical carboxila seja necessário para que o PTH avance pela via secretora celular. O cálcio atua como mediador da taxa de degradação do hormônio, de modo que a baixa concentração sérica de cálcio reduz a taxa de degradação e aumenta a secreção de PTH intacto, enquanto a alta concentração sérica de cálcio aumenta a taxa de degradação e reduz a secreção de PTH intacto. O cálcio tem uma função fundamental na condução neuromuscular e na contração muscular e, também, é um mensageiro secundário, o qual regula e Endocrinologia atua como mediador de respostas celulares a diferentes estímulos em um amplo contexto (sistema endócrino, cascata da coagulação etc.). A concentração de cálcio é mais elevada no fluido extracelular, enquanto no intracelular é baixa. O aumento na concentração intracelular de cálcio ocasiona disfunção e morte celulares. O 1,25dihidroxicolecalciferol (1,25[OH]2 vitamina D, a forma ativa de vitamina D; calcitriol) e o fosfato também controlam a secreção de PTH. Altas concentrações de vitamina D reduzem a transcrição do gene do PTH e, desse modo, diminuem a síntese de PTH. Altos teores de fosfato atuam de modo semelhante a ̀ baixa concentração sérica de cálcio e, como consequência, reduzem a degradação de PTH intacto e aumentam sua liberação. Hiperparatireoidismo Hiperparatireoidismo é definido pela hipercalcemia diante de concentração de PTH inapropriadamente elevada (no intervalo de referência ou acima dele). O hiperparatireoidismo pode ser primário ou secundário. No hiperparatireoidismo primário (Hiperparatiroedismo primário), nota-se hipercalcemia e teor de PTH elevado ou no limite superior de normalidade, sem causa primária identificável. Origem Primária Aumento de volume da paratireoide sem motivosexternos, podendo ser um adenoma/carcinoma das glândulas paratireoides. Ocorre a secreção excessiva e independente de PTH, aumentando a reabsorção óssea. Afeta mais frequentemente cães idosos. É uma neoplasia encapsulada e nitidamente separada da tireoide adjacente, conseguindo fazer a sua remoção cirúrgica facilmente. O Hiperparatiroedismo primário é uma doença que acomete animais mais idosos (idade média de 11,2 anos, com variação de 6 a 17 anos). Não ha ́ predisposição sexual, porém há maior incidência em algumas raças, em especial, a Keeshond. Endocrinologia Sinais clínicos Poliúria, polidipsia, polifagia, depressão, intolerância ao exercício, tremores, vomito, inapetência, constipação e andar rígido. A presença de hipercalcemia também pode afetar os rins de outras maneiras, podendo haver o desenvolvimento de insuficiência renal. É difícil compreender o mecanismo de insuficiência e por que esta condição acomete alguns cães e outros não. Em cães com HPTP, sugere-se que o produto da multiplicação dos teores de fosfato e de cálcio seja capaz de auxiliar no prognóstico da probabilidade de desenvolvimento de insuficiência renal; acredita- se que os cães com HPTP, com baixo teor de fosfato e com este produto da multiplicação relativamente baixo, sejam menos suscetíveis ao desenvolvimento de insuficiência renal. Em um cão com HPTP, a concentração de fosfato deve situar-se no limite inferior de normalidade do intervalo de referência, ou abaixo dele. Caso não seja este o caso, a insuficiência renal já pode estar em desenvolvimento antes que se detecte azotemia evidente. Nestes casos, é necessário monitoramento mais rigoroso, e o prognóstico é mais reservado. Também Tratamento Verificar a função renal antes de qualquer coisa para o tratamento da possível insuficiência e controle da hipercalcemia, destinada a correção da desidratação Solução de cloreto de sódio é o fluido de escolha porque os íons sódio são capazes de competir com o cálcio e reduzir a reabsorção tubular deste último. Nos casos em que se constata que o animal esta ́ bem hidratado, a aplicação de furosemida (2 mg/kg/8 a 12 h) pode potencializar, adicionalmente, a perda renal de cálcio por diminuir a reabsorção tubular de cálcio. Ao ser administrada alta dose de cloreto de sódio, em especial associado a ̀ furosemida, deve-se monitorar o teor sérico de potássio, a fim de evitar a indução de hipokalemia. Endocrinologia Glicocorticoides – 1 mg/ml, com intuito de reduzir o teor sérico de cálcio, limita-se àqueles casos nos quais haja diagnóstico claro e demora no início de tratamento racional. Os glicocorticoides atuam aumentando a perda renal de cálcio, reduzindo a absorção intestinal de cálcio e diminuindo a reabsorção óssea. Não são tão efetivos nos casos de HPTP nem ocasionam redução significativa na concentração de cálcio. Bifosfonatos são potentes inibidores da reabsorção óssea; eles atuam na inibição da atividade osteoplástica e na indução de apoptose de osteoclastos. Calcitonina tratamento de hipercalcemia inibindo ações osteoclásticas. Paratireoidectomia. Origem secundária Secundário Nutricional Acometeu mais animais que antes se alimentavam de restos de comida de humanos, por conta do desbalanceamento nutricional. Cavalos que se alimentam raçoes a base de grãos com fibra de baixa qualidade – Doença da cara inchada. Em cães e gatos isso ocorre por conta da alimentação natural ou ração de baixa qualidade nutricional. Geralmente são alimentos pobres em cálcio ou ricas em fósforo. A paratireoide apresentará uma hiperplasia e hipertrofia das células principais, muita destruição e reabsorção óssea – principalmente em ossos longos –, levando a uma deposição de cálcio em um lugar que não deveria – mandíbula de borracha. Secundário Renal Importante em pacientes renais crônicos, os quais tem excreção de fósforo – acontece somente pelos rins – prejudicada. Acúmulo de fosforo no organismo, que tem um efeito positivo na paratireoide, que vai enviar um feedback para a paratireoide para que aumente a reabsorção de cálcio (fósforo e cálcio são um casal), nisso, a paratireoide vai liberar mais PTH para aumentar a reabs de cálcio. Ao mesmo tempo, o fosforo vai no rim e inibe a ação da 1ahidroxilase, a qual não Endocrinologia vai ativar a vitamina D por conta dessa ação, e a vitamina D não vai virar o calcitriol, isso vi fazer com que a absorção de cálcio pelos rins e pelo intestino não ocorra, levando a uma hipocalcemia sistêmica. Isso também vai fazer com que haja um feedback positivo para a paratireoide, levando-a a liberar mais PTH na tentativa de compensar essa falta. Por isso que há um a preocupação de quelar fosforo em doenças renais (vide tabela). Dependendo do valor da creat, deve-se enquadras o animal em um estágio, sendo que a quantidade de fósforo ideal, para evitar o Hiperparatiroedismo secundário renal. “Quelar o fósforo” – impede-se que o intestino entre, então realiza-se a adm de medicação para grudar no fósforo e torna-lo uma molécula maior para que a sua absorção não ocorra, sendo eliminado junto com as fezes. Esta situação leva ao desenvolvimento, em estágios avançados da doença, da chamada síndrome urêmica, com manifestações que se assemelham a uma intoxicação sistêmica causada por uma ou várias substâncias dialisáveis. Hipoparatireoidismo Primário Hipoparatireoidismo é uma doença incomum que acomete cães e, raramente, gatos. Em cães, a doença se manifesta, com mais frequência, como hipoparatireoidismo primário idiopático, causado pela destruição imunomediada das glândulas paratireoides. Embora esta etiologia também seja descrita em Endocrinologia gatos, sua ocorrência é rara, com poucos casos relatados. O hipoparatireoidismo se caracteriza por baixas concentrações de cálcio total e de cálcio ionizado circulantes, além de baixa concentração de hormônio da paratireoide (PTH = paratormônio) e alta concentração de fosfato. Acomete mais fêmeas caninas e gatos machos de meia-idade. Cães, as raças Terrier, Schnauzer, Dachshund e Poodle são mais acometidas que as outras. O hipoparatireoidismo é definido como deficiência absoluta ou relativa, permanente ou transitória, na secreção de PTH. Várias formas transitórias de hipoparatireoidismo são de natureza iatrogênica e podem ser consequência de uma das seguintes condições: • Tireoidectomia, em gatos com hipertireoidismo, e carcinoma de tireoide em cães e gatos • Paratireoidectoma em cães e gatos • Ablação da glândula tireoide por etanol ou calor, em cães. Os sinais de hipocalcemia sa ̃o intermitentes e, por vezes, sa ̃o induzidos por exerci ́cio, excitaça ̃o e estresse. As razões para isso sa ̃o duas: a necessidade de ca ́lcio aumenta durante a atividade muscular e, portanto, devese notar um déficit mais evidente nessa ocasia ̃o; a respiraça ̃o ofegante induz ra ́pida alcalinizaça ̃o do sangue e provoca queda na concentraça ̃o do ca ́lcio ionizado disponi ́vel. Nesse caso, os sinais mais evidentes verificados sa ̃o associados ao sistema neuromuscular, como fasciculações e tremores musculares. Diagnóstico O diagnóstico de hipoparatireoidismo se baseia em: • Baixa concentraça ̃o de ca ́lcio total (< 1,5 mmol/ • Baixa concentraça ̃o de ca ́lcio ionizado (< 0,8 mmol/ • Baixa concentraça ̃o de PTH, concomitantemente. No hipoparatireoidismo prima ́rio, esperase que a concentraça ̃o de PTH diminua para um valor inferior a ̀quele do intervalo de referência (20 a 65 pg/ml, em ca ̃es) ou que se mantenha no intervalo de referência, mas o valoré inadequadamente baixo em relaça ̃o ao teor sérico de Endocrinologia ca ́lcio, concomitantemente (i. e., situado na metade inferior do intervalo de referência: < 30 pg/ml). Nos gatos, nos quais o intervalo de referência é < 40 pg/ml, um resultado baixo seria um valor na faixa de 0 a 20 pg/ml • Alto intervalo de referência para elevar a concentraça ̃o de fosfato • Funça ̃o renal adequada. O PTH aumenta a absorça ̃o de ca ́lcio nos rins e reduz a perda de fosfato; desse modo, a hiperfosfatemia é uma caracteri ́stica do hipoparatireoidismo. Quando a insuficiência renal é um diagnóstico diferencial para hipocalcemia e hiperfosfatemia, devem ser avaliados os para ̂metros renais. No entanto, com frequência notase hiperparatireoidismo secunda ́rio renal nos casos de insuficiência renal, embora a concentraça ̃o de ca ́lcio possa estar diminui ́da. Nos animais com hipoparatireoidismo, a excreça ̃o fracionada de ca ́lcio é aumentada devido a ̀ hipocalcemia, ainda que a excreça ̃o fracionada de fosfato se apresente diminui ́da. Os valores de excreça ̃o fracionada na urina sa ̃o obtidos com relativa facilidade, porém sua interpretaça ̃o tende a ser difi ́cil em raza ̃o da ampla variabilidade nos valores entre os indivi ́duos e nele mesmo. Em uma série de casos, na ̃o se constatou boa correlaça ̃o da excreça ̃o fracionada com o diagnóstico final Endocrinologia Tratamento A dose dia ́ria de ca ́lcio elementar necessa ́ria como suplementaça ̃o oral é de 25 a 50 mg/kg/dia (fracionada em duas ou três doses), embora inicialmente possam ser administradas doses maiores. No entanto, a quantidade de ca ́lcio elementar nas preparações de ca ́lcio disponi ́veis é varia ́vel, e as doses devem ser ajustadas considerando que: 1 mg de ca ́lcio elementar = 11,2 mg de gliconato de ca ́lcio = 7,7 mg de lactato de ca ́lcio = 2,5 mg de carbonato de ca ́lcio. O tratamento inicial com ca ́lcio suplementar é útil para assegurar alta concentraça ̃o de ca ́lcio no lúmen intestinal, o que estimula a absorça ̃o passiva de ca ́lcio ao longo do peri ́odo necessa ́rio para o ini ́cio da aça ̃o da vitamina D. Uma vez que o animal esteja estabilizado com a dose de vitamina D, é comum a suplementaça ̃o de ca ́lcio ser interrompida e a dieta se constituir na fonte de ca ́lcio. O prognóstico a longo prazo é bom, mas é aconselha ́vel monitoramento regular, em especial se ocorrerem outras condições médicas que interfiram na absorça ̃o intestinal de ca ́lcio, como, por exemplo, diarreia crônica. Endocrinologia Também, devese evitar hipercalcemia, visto que interfere negativamente na funça ̃o renal, caso persista por longo tempo. O objetivo do tratamento é manter a concentraça ̃o de ca ́lcio no limite inferior do intervalo de referência. Hipocalcemia puerperal Ocorre em cadelas, gatas e vacas leiteiras, e também pode ser chamada de “febre do leite” (vacas) ou “tetania puerperal” (cadelas e gatas). Durante o parto ou no pós-parto, o requerimento de cálcio será muito maior para as mamas. Então, no caso de animais que foram hipersuplementados com cálcio durante a gestação, a paratireoide vai diminuir sua produção de PTH, diminuindo a reabsorção óssea, então o animal no pós-parto vai apresentar um hipoparatireoidismo, quedando a quantidade de cálcio sérico, aumentando no leite e não há compensação. Endocrinologia Pacientes apresentam-se fracos, hipertermia, taquipnéia, entra em tetania, convulsão, mucosa congesta, agitação e midríase. Deve-se realizar infusão de Ca IV. Adrenal Localiza-se entre o rim e grandes vasos, sendo uma glândula separada dos rins. É dividida em: • Córtex o Zona Glomerulosa: mineralocorticoides (aldosterona) o Zona Fasciculada: glicocorticoides (cortisol) o Zona Reticulada: hormônios sexuais • Medular: Catecolaminas (adrenalina e noradrenalina. Este órgão é responsivo de acordo com o ACTH. Hiperadrenocorticismo (HAC) Os sinais clínicos em geral são abdômen pendular e distendido, alopecia bilateral simétrica, pelo opaco e seco, pele fina, hiperpigmentação, polifagia, poliúria, polidipsia, aumento de peso, dificuldade respiratória. Hipófise Dependente Tem-se um tumor na hipófise, a qual vai aumentar a produção de ACTH, o qual vai estimular a glândula adrenal a produzir o cortisol, o qual vai aumentar no sangue e vai servir de feedback negativo para a hipófise, porém, a mesma não irá responder, por conta do tumor. Ocorrerá uma hiperplasia das adrenais bilateralmente. Afeta geralmente cães, >6 anos, <20kg, poodle, daschund, labrador. 80- 85% dos casos em cães. Adrenal Dependente Tumores de córtex, sendo mais comuns os adenomas ou adenocarcinomas. Esse tumor irá produzir cortisol excessivamente e libera-lo independente da quantidade de ACTH circulante por serem auto-dependentes. Endocrinologia Irá ocorrer o feedback negativo para a diminuição da produção de ACTH pela hipófise, porem isso não vai mudar muita coisa, por conta do tumor. Ocorre a atrofia da adrenal oposta por conta da “compensação” – assimetria glandular no ultrassom. • Hiperplasia Laminar: secundária a adenoma de hipófise; • Adenoma: nódulo bem delimitado, amarelado, comprimindo medula; • Hiperplasia nodular: múltiplos nódulos hiperplásicos em toda adrenal; • Adenocarcinoma: hemorragia e necrose; nódulo grande pouco delimitado. Iatrogênico Animais que fazem o uso crônico ou excessivo de glicocorticoides exógenos, por via oral, parenteral ou tópica. Esse cortisol vai fazer um feedback negativo sobre o CRH e o ACTH, levando a adrenal a uma atrofia bilateral. Essa atrofia leva a não produção do cortisol endógeno, então o corpo irá ficar totalmente dependente do corticoide medicamentoso. Esse animal vai apresentar sinais clássicos de hiperadreno, com a retirada gradual do medicamento, os sinais irão retornar ao normal. Manifestações clínicas O animal irá apresentar os 3P’s – poliúria, polidipsia secundário a poliúria, polifagia. A poliúria e polidipsia ocorrem por conta do aumento da taxa de filtração glomerular, inibição do ADH e uma resposta inadequada ao mesmo, levando a poliúria. A polifagia é efeito direto do glicocorticoide. Distensão abdominal secundária a obesidade visceral e Hepatomegalia, atrofia e fraqueza muscular (efeitos catabólitos esteroidais), calcinose cutânea (pontos de calcificação na pele), piodermite recidivante, alopecia bilateral simétrica: suprimem a mitose folicular e telangiectasia (diminuição de produção colágeno leva a uma pele adelgaçada, mais fina). Endocrinologia Diagnóstico Vários procedimentos laboratoriais auxiliam no diagnóstico do HAC. O diagnóstico definitivo baseia-se na história clínica, achados do exame físico, hemograma, urinálise, estudos de bioquímica sérica, radiografia e testes de função adrenal. Os testes mais comumente realizados para confirmar o HAC são os de teste de supressão com baixa dose de dexametasona e o de estimulação pelo ACTH. Depois de diagnosticado, devem ser realizados testes diferenciais para identificação da causa para determinar o melhor tratamento e prognóstico. Os testes incluem: teste de supressão em altas doses de dexametasona e a determinação da concentração endógena basal de ACTH. Aumento da Fosfatase Alcalina (muitas vezes a primeira alteração); Trombocitose: plaquetas no limite superior ou acima; Eritrocitose: o Cortisol estimula a produção de hemácias (e também plaquetas); emgeral temos valores do hematócrito no limite superior ou acima. Tratamento Atualmente o fármaco de escolha para o tratamento de clínico do HAC espontâneo é o Mitotano que provoca necrose seletiva das zonas do córtex adrenal. Porém outros fármacos como cetoconazol e L-Deprenil vem sendo utilizados com bons resultados. O tratamento cirúrgico também pode ser realizado com sucesso sendo a adrenalectomia da glândula acometida o melhor tratamento para animais com TA. Já o tratamento cirúrgico para HOH, a hipofisectomia ou adrenalectomia bilateral pode ser realizada, mas sendo essas menos frequentes realizadas na medicina veterinária. Cães que apresentam o HAC e são tratados apresentam o prognóstico bom tendo a sobrevida em média de 30 a 36 meses. A maioria dos animais acaba vindo á óbito devido a complicações do hiperadrenocorticismo como, por exemplo, tromboembolismo pulmonar ou distúrbios geriátricos. Atualmente o medicamento mais utilizado no tratamento do Hiperadrenocorticismo em Cães é o Vetoryl (princípio ativo o trilostano) que é um bloqueador da produção hormonal. Visite a página sobre Tratamento do Endocrinologia Hiperadrenocorticismo em Cães com Vetoryl e a página que compara o tratamento com Vetoryl x Trilostano Manipulado para maiores informações. Outra possibilidade é o uso do Lysodren (Mitotano), um quimioterápico que destrói parcialmente o cortex adrenal. Hipoadrenocorticismo Deficiência de glicocorticoides associado ou não à deficiência de mineralocorticoide, ocorrendo em animais jovens-meia idade (4-5 anos), e fêmeas castradas, principalmente em cães, sendo que as principais raças são o Poodle, Rottweiler, West, Labrador. Ele pode ser primário, quando temos uma destruição imunomediada do córtex adrenal, em ambas as camadas, prejudicando a produção tanto de glicocorticoides quanto de mineralocorticoides. Ou pode ser secundário, gerando apenas a deficiência de glicocorticoides, geralmente por falta do ACTH. Pode ocorrer também o iatrogênico, que consiste na interrupção abrupta do uso de glicocorticoides exógenos. Manifestações clínicas Por conta da deficiência dos glicocorticoides, o cortisol, podem ocorrer uma serie de problemas: • Hipotensão: o Diminuição do tônus vascular – paredes de vasos mais maleáveis, levando ao aumento do volume sistêmico circulante; o Integridade endotelial e permeabilidade vascular aumentadas; • Hipoglicemia (clássico): o Se não há cortisol, a capitação de glicose pelo tecido vai diminuir ou não vai ocorrer; o Estímulo da gliconeogenese hepática; • Fraqueza muscular: Endocrinologia o Por conta do catabolismo de proteínas; • Êmese e diarreia (clássico): o O corticoide é responsável pela manutenção da mucosa gastrointestinal, então quando ele esta em baixo nível, a integridade do trato se altera, levando a uma diminuição/ não absorção de nutrientes e a barreira se torna mais fraca também, podendo servir de porta de entrada para infecções bacterianas, podendo fazer com que o animal morra de sepse; • Deficiência dos mineralocorticoides – não haverá produção de aldosterona; o Hiponatremia o Hipercalemia o Poliúria o Desidratação o Acidose metabólica Diagnóstico Devido os inúmeros sintomas que podem ser vistos no Hipoadrenocorticismo, a doença recebeu a alcunha médica de “O Grande Imitador”. Simplesmente olhar para um aumento de potássio e/ou diminuição de sódio em um exame de sangue laboratorial básico não é, muitas vezes, suficiente para o diagnóstico, pois variações pontuais dos valores dos eletrólitos não são confiáveis o suficiente para o diagnóstico do Hipoadrenocorticismo. De qualquer forma, em geral, no Hipoadrenocorticismo, a razão sódio: potássio é menor que 27:1 e em casos Endocrinologia de Hipoadrenocorticismo primário pode ser menor que 20:1 (abaixo descrevo outras condições que podem alterar esta razão). Veterinários normalmente recebem um animal jovem em estado de choque. Não há geralmente nenhuma história de trauma ou exposição a substâncias tóxicas. O tratamento geral para choque é, então, geralmente iniciado. Este consiste na administração rápida de fluidos (solução de Ringer Lactato, que tem pouco potássio e uma quantidade moderada de sódio) e mais alguns glicocorticoides. Coincidentemente, este tratamento é semelhante ao tratamento específico para Hipoadrenocorticismo, portanto muitas vezes o paciente simplesmente se recupera sem realmente o veterinário saber o porquê. O exame de sangue mostra elevação nos parâmetros renais (uréia e creatinina) e, como o potássio elevado nestes casos é sugestivo de insuficiência renal aguda (uma condição com um prognóstico extremamente pobre) este pode ser o diagnóstico equivocado. Se há uma excelente resposta à fluidoterapia (os pacientes com insuficiência renal aguda não respondem bem), deve-se sempre desconfiar do Hipoadrenocorticismo. O Hipoadrenocorticismo pode manifestar-se de variadas formas (o que dificulta o diagnóstico). A incapacidade de manter níveis normais de açúcar (podendo chegar a convulsões) pode ser fortemente sugestivo de um tumor pancreático secretor de insulina, mas antes de uma cirurgia abdominal de grande porte ser planejada, é importante testar o paciente para o Hipoadrenocorticismo. Da mesma forma inesperada, regurgitação de alimentos não digeridos devido à função do nervo anormal do esôfago (megaesôfago), também pode ser causada pelo Hipoadrenocorticismo. O teste definitivo para o Hipoadrenocorticismo Canino é o teste de estimulação com ACTH. O paciente recebe uma dose de ACTH, o hormônio responsável para a liberação de Cortisol em momentos de estresse. Um animal normal mostrará uma elevação do Cortisol em resposta ao ACTH, enquanto um paciente com Hipoadrenocorticismo não. Esta falta de resposta Endocrinologia é diagnóstica; no entanto, um falso positivo pode ser obtido se corticosteroides tiverem sido utilizados no tratamento da crise antes do teste. De todos os corticosteroides comumente usados, apenas dexametasona não interfere com o ensaio para cortisol; se tiver sido utilizado qualquer outro esteroide, o teste não será válido pelo menos por 2 dias. Tratamento O aspecto que fundamenta o tratamento para o Hipoadrenocorticismo é a reposição dos hormônios mineralocorticoides e glicocorticoides deficitários. No Brasil, o mineralocorticoide usado na reposição hormonal é a fludrocortisona (Florinef ®), por via oral (deve-se evitar a reposição com o produto manipulado). Florinef é dado geralmente duas vezes por dia. A dose correta necessita de alguns exames seriados (que depois passam a acontecer 4 vezes ao ano). Com a reposição adequada de glico e mineralocorticoides, o paciente volta a ter uma vida normal. Geralmente também é feita a reposição de glicocorticoide (prednisolona), pelo menos nas primeiras semanas após o diagnóstico e quando de situações de estresse (como cirurgias, por exemplo). Hiperaldosteronismo É uma alteração rara em gatos, raríssimo em cães. Afeta mais gatos idosos. É uma neoplasia da região cortical da adrenal, a qual secreta aldosterona e cortisol, fazendo com que haja hipernatremia, hipertensão e hipocalemia, que leva a fraqueza muscular. Feocromocitoma Afeta bovinos e cães. É uma neoplasia da medula da adrenal, sendo geralmente grandes (geralmente maiores de 10cm, sendo visíveis no ultrassom). Tem algo grau de invisibilidade e alto grau de metástase, geralmente afetando a veia cava caudal, fígado, linfonodos e pulmões. Esse Endocrinologia tumor estimulaa produção de adrenalina, então o animal geralmente vai apresentar taquicardia, hipertrofia miocárdica e hipertensão. Macroscopia: nódulo amarronzado comprimindo córtex adrenal. Microscopia: Células neoplásicas arranjadas de maneira aleatória, de diversos tamanhos. Adrenalite Não é comum acontecer, mas consistem em processos inflamatórios ou infecciosos por agentes bacterianos e/ou parasitários infectam as glândulas adrenais. Gera inflamação e necrose, sendo a sua via de contaminação a hematógena Pode ocorrer a adrenalite granulomatosa – granulomas múltiplos com áreas centrais de necrose • Histoplasma capsulatum • Coccidioides immitis • Cryptococcus neoformans Adrenalite histiocitica – infiltrado de histiócitos no córtex adrenal: • Toxoplasma gondii Pâncreas A parte endócrina consiste em 10% do tecido, composta por Ilhotas de Langerhans. Essas ilhotas são compostas por células alfa (a) – secretam glucagon que tem a função de subir a glicemia –, células beta (b) – as quais secretam a insulina e fazer com que a glicose entre na células –, células delta (d) – que secretam somatostatina – e células F (ou pp) – as quais secretam o polipeptídio pancreático. A principal função da parte endócrina é o controle da glicemia. As células beta do pâncreas representam de 60 a 80% de cada ilhota e são responsáveis pela síntese de insulina, que, em geral, é secretada em Endocrinologia resposta ao aumento da concentração de glicose circulante e inibida por vários outros hormônios, inclusive o glucagon. Como a insulina possibilita que a glicose seja transportada do sangue às células, a redução na quantidade ou atividade deste hormônio resulta em prejuízo no controle da concentração sanguínea de glicose e, como consequência, em hiperglicemia. As células das ilhotas de Langerhans podem entrar em exaustão quando houver hiperglicemia persistente, embora tenham a capacidade de recuperação assim que a concentração de glicose é normalizada. No entanto, se a lesão das ilhotas se mantiver, ela se torna irreversível, pois as células das ilhotas pancreáticas não têm capacidade de regeneração. Diabetes mellitus Caracteriza-se por um distúrbio no pâncreas endócrino com diminuição nos níveis séricos de insulina. A deficiência de insulina que ocorre no diabetes mellitus é resultado da incapacidade das ilhotas pancreáticas em secretar insulina e/ou de ação deficiente da insulina nos tecidos. DM Tipo 1 (insulinodependente) É a forma mais comum em cães, havendo influência da com suscetibilidade genética, dieta e microrganismos externos. Geralmente aparece em animais de 5 anos ou mais, geralmente em fêmeas (2:1). As principais raças são Dachshund, Schnauzer, Poodle, Terrier, Labrador e Beagle. Em cães jovens deve-se sempre pensar na atrofia idiopática pancreática, sendo que o animal irá apresentar 1/3 do tamanho certo de seu pâncreas. Em gatos aparece mais em siameses, SRD, principalmente em castrados ou obesos. A doença primária consiste na destruição progressiva das ilhotas de Langerhans, e sem suas células b, não haverá insulina para colocar a glicose nas células. Quando secundário, podemos ter primariamente o HAC (clássico) – células entram em exaustão por não darem conta de toda a glicose na corrente –, acromegalia, hiperaldosteronismo e neoplasias. Endocrinologia Fisiopatogenia Ocorre pouca liberação de insulina pelas células b, então a glicose vinda da dieta não é aproveitada pelos tecidos, então o animal irá entrar em hiperglicemia. O organismo, então, irá ativar vias catabolicas, como se estivesse em jejum, por conta do não recebimento de glicose pelos tecidos (queda energética), visto isso, ocorrerá uma tentativa compensatória do organismo, que vai levar a lipólise e proteólise muscular. Com uma glicose de 180-220 mg/dL, vai começar a ocorrer uma glicosúria, juntamente com água (diurese osmótica), levando a uma poliúria. A poliúria gera secundariamente um polidipsia compensatória para reposição de água. Esse animal também apresentara polifagia, pois a insulina regula o centro da saciedade. Sem insulina = sem saciedade. Gatos 50% insulinodependentes, 30% não insulinodependentes, 20% DM transitórios – não dependem de intervenção para controle da glicemia. Etiologia Secreção de substância amiloide (amiloidose) pelas ilhotas pancreáticas, levando a destruição células b, obesidade e idosos (>7 anos) Fisiopatogenia Ocorre a redução da secreção de insulina (ocorre menos), resistência insulínica em tecidos periféricos (ocorre mais) e problemas no transporte de glicose. Microscopicamente Degeneração Hidrópica apresenta células b em número reduzido; as células remanescentes possuem um citoplasma vacuolizado. Amiloidose terá depósitos amiloides e perda das células da ilhota Endocrinologia Resistência insulínica (mais comum nos em gatos) Ocorre quando se aumenta a quantidade de insulina aplicada para a manutenção da normoglicemia e ocorre a exaustão das células b, as quais são levadas a um apoptose, então irá de um quadro de resistência insulínica pra um quadro onde não há insulina. Manifestação clínica 4P’s – poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso – glicosúria e neuropatia diabética. Insulinoma Adenomas e adenocarcinomas de células b. Faz com que essas células se multipliquem cada vez mais, aumentando a secreção de insulina pancreática, então haverá muita insulina na circulação, gerando uma hipoglicemia independente da alimentação ou jejum. Raro em cães e mais raros ainda em gatos. Geralmente o diagnostico é difícil e o tratamento é sintomático com corticoides, geralmente o animal tem que ser medicado pelo resto de sua vida. Geralmente afeta labradores, goldens, pastor alemão e poodles, geralmente de meia idade a idosos. Doenças metabólicas Obesidade O tecido adiposo foi recentemente considerado parte do sistema endócrino, sendo a obesidade uma doença endócrina. O tecido adiposo é rico em adipócitos, então é a maior reserva de energia do organismo sob a forma de triglicerídeos. Há duas formas de tecido adiposo: • Branco: Adipócitos com grande capacidade de expansão; o Função: armazenamento de energia; • Marrom: abundante em fetos e recém-nascidos; o Função: produção de calor através de termogênese. Endocrinologia Tecido Adiposo tem capacidade de regular a ingestão alimentar e o gasto energético e tem seus próprios hormônios • Adipocinas: o Leptina – sinaliza SNC sobre necessidade energética; o Adiponectina – aumenta sensibilidade a insulina; anti- inflamatório; o Resistina – aumenta a resistência insulínica; o Interleucina 6 – pró-inflamatório; reduz a sensibilidade a insulina; o Fator Necrose Tumoral: responsável principal pela resistência insulínica na obesidade. Acúmulo excessivo de gordura corporal geralmente mensurado com escore de condição corporal, a cada ponto, significa que o @ está acima de 15% de seu peso. Isso gera um comprometimento de funções orgânicas e predisposição a doenças decorrentes do excesso de peso e adiposidade. Classificação O tecido adiposo só tem capacidade de se multiplicar durante o crescimento de animais jovens. • Hipertrófica: o Adipócitos aumentados de tamanho; • Hiperplásica: o Quantidade excessiva do número de adipócitos; o Prognóstico ruim – habilidade de manter o peso é inversamente proporcional ao número de adipócitos. Não se deve superalimentar animais em fase de crescimento = uma criança obesa será um adulto obeso. Fatores predisponentes Há apenas um estudo que diz que há predisposição racial. O status reprodutivoajuda na predisposição, sendo que animais inteiros tem uma taxa metabólica maior que os animais castrados, a taxa metabólica Endocrinologia geralmente diminui em 20% e mantemos a quantidade de comida que eles consomem, além de terem mais tendência a vagar. A idade também é um fator que influencia, sendo que animais com menos de dois anos serão menos propensos a chegar ao excesso de peso, animais entre dois e dez anos, o peso desses animais aumenta pela diminuição de ação física e idosos apresentam tendência de estar abaixo do peso, pela tendência de comerem menos por sentirem menos o gosto e cheiro. No caso de obesidade secundaria a medicações, temos a influência de corticoesteróides, amitriptilina e ciproheptadina. A tendência, também, é que animais que possuam acesso livre ao alimento, consomem excessivamente energia – comem muito mais do que deveriam comer, facilitando com que eles entrem em sobrepeso. Rações secas tem grande quantidade de carboidrato em relação as úmidas. Petiscos tem riso de conter mais gordura por conta da palatabilidade. Complicações da obesidade Em animais obesos eu não acho que vai desenvolver uma doença secundaria, eu tenho certeza disso. • Aumento do risco anestésico – ventila menos; • Diminuição da função imune; • Distocia; • Problemas respiratórios – Síndrome Pickwickian – grande deposição de gordura na cavidade torácica; • Função Gastrointestinal: constipação, flatulência; • Diabetes Mellitus – 3.2 a 4.5x mais risco; • Doença do trato urinário inferior; • Doença articular degenerativa/Osteoartrite; • Doenças dermatolórgicas não alérgicas; • Lipidose Hepática; • Intolerância ao exercício; • Inflamação crônica; • Hipertensão.
Compartilhar