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141 3.13 As seis características da cultura organizacional Para Chiavenato a cultura organizacional se ma- nifesta no dia a dia de seis formas fundamentais, por meio de: 1) REGULARIDADES NOS COMPORTA- MENTOS: observadas as interações entre os par- ticipantes, elas se caracterizam por uma linguagem comum, terminologias próprias e rituais relacionados com condutas e deferências. Na minha vivência orga- nizacional, pude perceber formas de agir e tipos de palavras valorizadas. Lembro-me, ainda estagiário, de uma experiência em um trabalho de consultoria, numa empresa de origem inglesa, tomar uísque à noite, após os treinamentos, era valorizado, era tido como “ves- tir a camisa” e não aceitar tomá-lo, soava como “não vestir a camisa”. 2) NORMAS: são padrões de comportamento, que incluem guias sobre a maneira de se fazer as coi- sas. Lembro-me de uma experiência, em que estava atuando como consultor de treinamento, numa escola de informática, se a atendente não efetivasse vendas a quem viesse, espontaneamente, procurá-la, seria re- preendida em público. 3) VALORES DOMINANTES: são os princi- pais valores que a organização advoga e espera que 142 seus participantes compartilhem, como qualidade do produto, baixo absenteísmo, alta eficiência. Recordo- -me da minha segunda experiência profissional, há muitos anos, quando eu tinha dezessete anos. Tra- balhava na rede “fast food“ Mc Donald´s. Naquele momento, sentia e percebia que a velocidade e “saber jogar em várias posições” eram, e acredito que ainda sejam, bastante valorizados. 4) FILOSOFIA: são políticas que afirmam as crenças sobre como os empregados ou clientes de- vem ser tratados. Lembro-me, com muito orgulho, da minha primeira experiência profissional, como fun- cionário efetivo. Estava, então, com dezesseis anos, e atuei como estoquista, arrumador, empacotador e vendedor na Sears Roebuck S/A, de origem norte- -americana. A filosofia da firma e a prática cotidiana eram: “satisfação garantida ou seu dinheiro de volta”. 5) REGRAS: são guias estabelecidos e relaciona- dos com o comportamento da organização. Os novos membros devem aprender essas regras para serem aceitos no grupo. 6) CLIMA ORGANIZACIONAL: é o sentimen- to transmitido pelo local físico, pelas formas e modos de interação entre as pessoas, como as pessoas tratam os clientes, fornecedores. Por exemplo, quando en- tramos em uma casa, de qualquer pessoa, podemos sentir o clima, o ambiente. Ao interagirmos com uma 143 organização, sentimos claramente o tipo de ambiente reinante, o clima entre os funcionários, a forma de agir da organização, enfim a atitude das pessoas com os clientes, fornecedores e entre si. Ainda segundo Chiavenato (1989), “cada uma des- tas características se apresenta em vários graus e pode- mos salientar dois tipos extremos, dentro de um conti- nuum de gradações: ‘o estilo tradicional e autocrático e o estilo participativo e democrático de cultura”. Entre esses extremos há uma continuidade e va- riedades de estilos intermediários, como veremos na sequência. Obviamente, existem culturas organizacionais mais rígidas, conservadoras, outras menos rígidas e mais flexíveis, outras mais participativas, a depender das características do “negócio”, das pessoas, das cir- cunstâncias, entre outros fatores. 3.14 Sistemas de cultura 1) Sistema autoritário e coercitivo Chiavenato (1989) este tipo de sistema de cultura: “é um sistema administrativo, autocrático, forte, coercitivo, al- tamente arbitrário, que controla rigidamente tudo o que ocor- re dentro da organização. É o sistema mais rígido, duro e fe- chado. Geralmente, é encontrado em indústrias que utilizam mão de obra intensiva e tecnologia rudimentar, como cons- trução civil ou área de produção”. (CHIAVENATO, 1989). 144 As principais características deste sistema são: A) Processo decisório: totalmente centralizado na cúpula da organização, todas as ocorrências impre- vistas e não rotineiras ou esperadas devem ser levadas à cúpula, para resolução e todos os eventos devem ser decididos pela mesma cúpula. B) Sistemas de comunicações: é precário, e as comunicações ocorrem verticalmente, de cima para baixo, carregando exclusivamente ordens. As pessoas não são solicitadas a gerar informações e muito me- nos a opinar. C) Relacionamento interpessoal: é considerado e visto como prejudicial ao bom trabalho. A cúpula vê com extrema desconfiança as conversas informais entre as pessoas e procura coibi-las, ao máximo. Os cargos são desenhados visando confinar e isolar as pessoas, objetivando impedir relacionamentos infor- mais, como amizades, namoros etc. D) Sistema de recompensas e punições: há ênfa- se nas punições e medidas disciplinares, gerando um ambiente e clima de temor, medo e desconfiança. As pessoas devem obedecer para não serem punidas. 2) Sistema autoritário e benevolente Conforme Chiavenato (1989), “é um sistema ainda autoritário, porém atenuado em relação ao sistema um. É menos rígido e mais tolerante, geral- mente, é encontrado em empresas industriais que 145 utilizam tecnologia mais apurada e mão de obra mais especializada”. As principais características são: A) Processo decisório: centralizado na cúpula, mas com diminuta delegação, porém ainda centralizador. B) Sistema de comunicações: ainda vertical, de cima para baixo, mas a cúpula se orienta, a partir de comunicações que vêm da base (chão de fábrica). C) Relacionamento interpessoal: a organização tolera relações informais, mas elas ainda são pequenas, por não encontrarem campo fértil. D) Sistema de recompensas e punições: ainda pre- valecem medidas disciplinares e punições, entretanto, com menos arbitrariedade, algumas recompensas ma- teriais e salariais são ofertadas. 3) Sistema consultivo É um sistema que pende mais para o lado parti- cipativo, do que para o lado autocrático e impositivo, representa certo abrandamento da arbitrariedade or- ganizacional. Em geral, é encontrado em empresas de serviços, como bancos e financeiras e em áreas administrativas de indústrias mais avançadas. Carac- teriza-se por: A) Processo decisório: é do tipo consultivo e par- ticipativo. A opinião das pessoas é considerada na de- finição de políticas e diretrizes da organização. Certas decisões específicas são delegadas e posteriormente submetidas à aprovação. 146 B) Sistemas de comunicações: provê comunica- ções verticais descendentes e ascendentes, bem como comunicações laterais entre os pares. Sistemas inter- nos de comunicações servem para facilitar o seu fluxo. C) Relacionamento interpessoal: a confiança de- positada nas pessoas é relativamente elevada, embora não completa e definitiva. Criam-se condições relati- vamente favoráveis a uma organização informal, sadia e positiva. D) Sistemas de recompensas e punições: ênfa- se nas recompensas materiais e simbólicas, embora, eventualmente, ocorram punições e castigos. 4) Sistema participativo Segundo Chiavenato (1989), “é o sistema admi- nistrativo, democrático e aberto. Geralmente, é en- contrado em empresas de propaganda e de consulto- ria ou que utilizam tecnologia avançada e sofisticada e pessoal extremamente especializado e capacitado“. Verifiquemos suas características: A) Processo decisório: as decisões são total- mente delegadas para a base. Apenas em situações de emergência, a cúpula assume decisivamente, mas sujeitando-se à ratificação explícita dos grupos en- volvidos. B) Sistemas de comunicações: as comunicações fluem em todos os sentidos e a organização faz inves- timentos em sistemas de informações, pois são bási- cos para sua flexibilidade e eficiência. 147 C) Relacionamento interpessoal: o trabalho é re- alizado em equipes e em grupos espontâneos para incentivar o relacionamento entre as pessoas e a con- fiança mútua entre elas. D) Sistemas de recompensas e punições: há forte ênfase nas recompensas, notadamente as sim-bólicas e sociais, embora não sejam omitidas as re- compensas salariais e materiais, raramente ocorrem punições, que são sempre decididas e definidas pelas equipes envolvidas. Likert apud Chiavenato (1989) comenta: “trata-se de erro comum analisar a eficiência da organiza- ção apenas em termos de produtividade ou de produção física, sem levar em consideração fatores como compe- tências, atitudes, lealdade, comunicação, interação, toma- da de decisão entre outros fatores, analisar somente a produtividade, ou produção física, torna a análise da pro- dutividade organizacional limitada e não real“. (CHIA- VENATO, 1989). Em minha experiência profissional, percebo que o controle rígido e autoritário pode ter alguns moti- vos, entre outros: • medo de perder o controle, geralmente causado pela falta de confiança nos colaboradores. • presunção de que as boas e férteis ideias só podem advir de especialistas. 148 • forte apego às tradições, visão de que qualquer mudança ou alternância representa erro, já que não se “mexe em time que está ganhando”. • visão de que as pessoas produzem melhor sob pressão e sob ameaça. No caso da construção civil, em São Paulo, exis- tem algumas poucas e boas exceções, ou seja, em- presas que propiciam treinamento e desenvolvimen- to aos trabalhadores, ensino de cidadania, ensino de português, uso de EPIS, entre outros temas, porém estas empresas ainda são consideradas exceções. 3.15 Culturas conservadoras e culturas adaptativas A respeito da cultura conservadora, Chiavenato (1989) destaca: “Algumas organizações se caracterizam pela adoção e pre- servação de culturas conservadoras, nas quais predomina a manutenção de ideias, valores, costumes e tradições, que permanecem arraigados e que não mudam ao longo do tempo. O perigo é que o mundo muda, o ambiente muda, o cliente muda e essas organizações se mantêm, qualitativa- mente, inalteradas, como se nada houvesse mudado no con- texto. São organizações com culturas conservadoras e tradi- cionalistas, basicamente não adaptativas, se caracterizam por sua rigidez e conservadorismo”. (CHIAVENATO, 1989). 149 Ao contrário do tipo de cultura exposta acima, outras organizações apresentam um comportamento e uma cultu- ra de constante revisão, visando adaptações dinâmicas. Elas podem mudar seus valores, costumes e práticas e perder identidade, uma vez que certo grau de estabilidade se faz necessário, para um sucesso de longo prazo da organização. De um lado a pressão para a mudança, de outro a pressão para a manutenção da identidade organizacio- nal. A organização que consegue equilíbrio entre estas duas forças apresenta muito maior chance de sucesso em longo prazo. Isso significa que a organização pouco estável e altamente mutável tem tanta probabilidade de desapa- recer, quanto uma organização pouco adaptativa, rígida e imutável, ao extremo. De acordo com Chiavenato (1989), “toda orga- nização precisa de alguma dose de estabilidade, como complemento à transformação, mudanças após mudan- ças, sem estabilidade alguma resulta quase sempre em caos e tensão entre os membros da organização”. Observemos o quadro comparativo entre variáveis causais, variáveis intervenientes (intervenção das pesso- as) e as variáveis resultantes (resultados): Desenho organizacional Política das organizações Cultura organizacional Estilo de administração Variáveis Casuais Liderança Estratégia organizacional Tecnologia utilizada Controles Avaliação do comportamento humano nas organizações 150 Atitudes Percepções Motivações Comprometimento Variáveis Intervenientes Comportamento Individual Comportamento grupal Produtividade Competitividade Lucratividade Variáveis Resultantes Sucesso Organizacional Satisfação Qualidade 3.16 Características de culturas bem sucedidas Chiavenato (1989) aponta que “a cultura organi- zacional apresenta um forte e crescente impacto no desempenho das organizações”. Kotter e Heskerr re- alizaram uma pesquisa, para localizar os fatores deter- minantes das culturas organizacionais, que conduzem ao sucesso. Verificaram que as organizações bem sucedidas adotam culturas não somente flexíveis, mas, sobretudo sensitivas, para acomodar as diferenças sociais e cultu- rais de seus parceiros, principalmente, quando elas atu- am em termos globais e competitivos, espalhando-se por várias partes do mundo. Por outro lado, também, as pessoas tornaram-se flexíveis e sensitivas, ou com muita sensibilidade, por- que interagem com diferentes culturas a fim de traba- 151 lhar, comprar, consultar, assessorar, comer, tornando- -se também bem sucedidas. Algumas organizações são conhecidas por seus excelentes produtos e serviços, outras conhecidas por suas instalações físicas portentosas. Todavia, o que mar- ca realmente uma organização é a sua própria persona- lidade, o seu modo de ser, viver e se comportar, ou seja, sua mentalidade é seu cerne. Deste modo, ao tratarmos de organizações como Mc donald´s, General Motors, IBM, 3M, Casas Bahia, nos lembramos e identificamos não só o logotipo, a propaganda, as cores, mas também sentimos e perce- bemos a identidade e a cultura destas organizações. No decorrer dos anos de relacionamento com es- tas e outras organizações, pode-se compreender o perfil comportamental das mesmas, manifestado por meio de suas culturas. Vejamos o quadro abaixo: Decorrências da cultura tradicional Decorrências da cultura participativa Centrada na atividade Centrada no cliente Foco nas tarefas Foco em resultados por meio das pessoas Resistências a mudanças Abertura para mudanças Foco estreito: minha área Trabalho em equipe, apoio mútuo e cooperação Comunicação de cima para baixo Comunicação descendente e ascendente Política e cautela Confiança e abertura 152 Baixa expectativa das pessoas Alta expectativa das pessoas As pessoas não decidem Senso de urgência para decidir As pessoas fazem o que é mandado: segurança Disposição para inovar, riscos As pessoas não se sentem vencedoras Orgulho de sentirem-se vencedoras Pessoas necessitam de comando e direção Auto-iniciativa das pessoas Baixa retroação, incertezas sobre o desempenho Alta retroação, auto-avalia- ção do desempenho Incerteza quanto às metas e direção Certeza quanto à meta e direção Sintomas de estresse e esgotamento Ritmo batido e sintomas sadios É interessante notar no cotidiano como a cultura tem efeito sobre as pessoas, sobre os produtos, os ser- viços, os fornecedores. A organização com sua cultura influencia o meio ambiente e é influenciada por ele. A produtividade, a qualidade dos produtos ou serviços e, principalmente, a satisfação ou insatisfação dos clientes é decorrência da cultura organizacional manifestada. Como exposto no quadro acima, a cultura refletirá na moral da equipe, no clima de trabalho, na qualidade do produto ou serviço. A cultura será percebida nos pequenos e grandes detalhes, como prazos de entrega, pós venda, acompanhamento da satisfação do cliente, atendimento de reclamações, enfim, no atendimento e no tratamento oferecido aos clientes. 153 3.17 Valores culturais Segundo Chiavenato (1989), “valores são essen- cialmente prioridades dentro das organizações, são as crenças e as atitudes básicas que ajudam a determinar (e balizar) o comportamento individual”. Os valores variam entre as pessoas e organizações e podem assumir diferentes interpretações, visando avaliar se este ou aquele comportamento é apropriado para determinadas situações. Os valores são os elementos construtores da inte- gridade e responsabilidade, que definem o que as pes- soas e as organizações são. Eles devem ser abertos e publicamente expressa- dos. A continuidade dos valores culturais precisa fazer parte integral de uma organização, no sentido de apon- tar rumos e definir comportamentos esperados. Esta continuidade somente pode ser alcançada, quando todo o time administrativorealça valores e ob- jetivos, que são os elementos essenciais para o sucesso organizacional, no longo prazo. A liderança deve focalizar corações e mentes das pessoas que trabalham na organização. Isso requer não somente uma base de pessoas alinhadas com os execu- tivos que dirigem a organização, mas também o alinha- mento de fornecedores, intermediários, provedores de serviços e outros parceiros do negócio. Os valores são comunicados em todos os níveis da interação humana, interpessoal, organizacional. Na prática, os valores são comunicados nas organizações, por meio de: 154 - TUDO AQUILO QUE A ORGANIZAÇÃO RECOMPENSA. - TUDO AQUILO QUE A ORGANIZAÇÃO PUNE. - CONGRUÊNCIA OU HIPOCRISIA (Quando as pessoas fazem diferentemente do que dizem fazer). Na minha visão, nas organizações já sintonizadas com atitudes eficientes e eficazes, muito além de ex- por os valores, a visão e a missão organizacional em um mural, folder ou propaganda da organização, os valores devem ser construídos e alicerçados em ba- ses sólidas e genuínas, pois, do contrário, os valores se tornam letras mortas. Na minha experiência, para se tornar uma mola mestra, os valores devem refletir, inicialmente, a cren- ça arraigada dos fundadores da organização, e depois, como veremos no capitulo seguinte, os valores devem ser disseminados e praticados com convicção, em todos os níveis da organização. Assim, se para o dono da organização o tratamento cordial do cliente é um valor importantíssimo, ele deve fa- zer com que este valor seja internalizado, aceito e pratica- do por todos dentro da organização e a organização deve criar métodos e formas de aferir se este valor tem sido de fato praticado, ou seja, praticado de forma congruente. Geralmente, os valores da organização já são dis- seminados desde a integração de novos colaboradores, como veremos adiante. 155 Rosso (2003) apresenta a pergunta: de onde vem esta tal de cultura? Anzizu responde a esta questão, afirmando: “na maioria dos casos, é a pessoa do fundador da empre- sa quem exerce maior impacto na formação da cultura, valores, crenças, ideias, objetivos e personalidade. Estes aspectos são influenciados pelos valores do seu entorno e constituem a base, a partir da qual a organização inicia sua existência, sobrevive as primeiras dificuldades e se desenvolve.” (ANZIZU). Os fundadores - sócios ou proprietários - da em- presa criam e impõem, mesmo que inconscientemente, um conjunto de valores, crenças, símbolos e pressupos- tos, que forma, portanto, a cultura de sua instituição e que prevalece até o momento, no qual este conjunto for insuficiente, ou não for mais competitivo, para resolver problemas e manter a sustentabilidade da empresa. Nestes momentos de crises, que afetam a essência da cultura e da identidade organizacional, geralmente, novos líderes surgem para processar a transição cultu- ral necessária. 3.18 Cultura e clima são a mesma coisa? Rosso (2003) faz a seguinte indagação: Cultura e Cli- ma organizacional é a mesma coisa? 156 Segundo o próprio autor, há muita confusão sobre este tema. Sem um pouco de atenção, arrisca-se a falar bobagens organizacionais. Não raro, é relatado que alguns líderes, a frente da área de gestão de pessoas, tratam os termos clima e cultura, como se fossem da mesma matéria. Em cultura organizacional, falamos de valores, já em clima organizacional, falamos de sensações e dos sentimen- tos internos que aumentam ou diminuem o grau de satisfa- ção dos profissionais, dentro da instituição. Como exemplo sobre clima organizacional, ele cita um caso bastante contundente: se as pessoas da sua empre- sa se sentem como se estivessem na praça central de Cal- cutá, sob o sol sufocante do meio dia, isso significa que o clima interno da instituição é pesado, asfixiante, falta ar para respirar, falta novas ideias e oxigênio psicológico, para gerar compromisso suficiente, na relação colaborador/empresa. Vejamos um quadro comparativo, elaborado por Ros- so (2003): Fatores de comparação Cultura corporativa Clima organizacional 1) Palavra chave Crenças, valores, símbolos, ritos organizacionais Grau de satisfa- ção interno 2) Natureza de vida Perene ou semi (tem raízes) Volátil (depen- dente do vento) organizacional 157 3) Mudanças Geralmente em longo prazo, sob múltiplas inter- venções Mudanças ocor- rem de maneira mais frequente e com intervenções menos complexas 4) Espectro de influência Via de regra, in- fluencia com mais facilidade (direta ou indire- tamente) o clima organizacional Nem sempre consegue influen- ciar uma mudan- ça cultural Podemos perceber que cultura é algo mais amplo, histórico, profundo, estável, construído ao longo de muitos anos. Por outro lado, clima é algo mais dinâmico, mo- mentâneo, circunstancial. Com certeza, a cultura influencia fortemente o cli- ma organizacional, assim como o clima e o ambiente podem ou não facilitar algumas mudanças planejadas e nem sempre fáceis. Na minha vivência profissional, constatei que cul- turas mais abertas, democráticas e participativas geram clima de trabalho mais ameno, e criativo, ocasionando maior produtividade e qualidade, sendo o desejo de acertar maior do que o desejo de errar. Contrariamente, culturas mais impositivas, menos participativas e desconfiadas geram clima de trabalho pesado e tenso, onde, geralmente, o medo de errar é maior, do que o desejo de acertar. Segundo Kanaane (1995), o conceito de cultura organizacional é compreendido por três dimensões: o 158 material, que representa o sistema produtivo das or- ganizações, o psicossocial, que se refere ao sistema de comunicação e interação entre os envolvidos nas orga- nizações, e o ideológico, que representa o sistema de valores vigentes na organização. Kanaane (1995) ainda afirma: “quando a organização consegue criar um clima orga- nizacional que propicie a satisfação das necessidades de seus participantes e que canalize seus comportamentos motivados para a realização dos objetivos da organiza- ção, simultaneamente, tem-se um clima propício ao am- biente da eficiência e da eficácia” . (KANAANE, 1995). Isto só será possível se a organização possuir uma cultura, na qual seja possível acreditar, em que as pes- soas trabalhem não só por recompensas financeiras, ou materiais, mas principalmente, por motivações psi- cológicas, espirituais, filosóficas, ou seja, as pessoas na organização, na sua maioria almejam alcançar o autode- senvolvimento. Quanto mais a cultura organizacional valorizar a iniciativa e a criatividade, quanto mais a organização propiciar o enriquecimento dos cargos, das tarefas e do papel profissional, mais campo físico e emocional o trabalhador terá para exercer o seu poder criativo, in- ventivo e sinérgico. 159 1) Para Chiavenato, o que significava a terceira onda: A ênfase nas pessoas: a) Percebeu-se que os modelos anteriores não tinham nenhuma utilidade prática b) A organização não precisa de controle, quando os colaboradores estão motivados e treinados c) Percebeu-se na produtividade e na qualidade dos trabalhos, a influência dos grupos sociais e das dife- renças individuais d) Trabalhadores adequadamente recrutados, selecio- nados, treinados, e acompanhados dão conta continu- amente das demandas da organização, principalmente nos aspectos burocráticos e de documentação e) Não cabe à organização reconhecer e valorizar as pesso- as individualmente, isto geraria ciúmes, rancores e conse- quente baixa da produtividade e da qualidade dos trabalhos 2) Qual foi a maior contribuição da primeira e grande pesquisa, realizada por Elton Mayo, na Western Eletric, em Hawtrorne, nos Estados Unidos, em 1924: a) Demonstrar na prática que administrar é dar tarefas e deixar o colaborador livre para realizá-las do seu jeito e no seu ritmo b) Mostrar que incentivos salariais, melhor adequação da iluminação,implantação de períodos de descanso, EXERCÍCIOS 160 novos horários trouxeram ganhos de produtividade c) Demonstrar na teoria e na prática que controlar do- cumentos, procedimentos, prazos, sem controlar rigida- mente pessoas é perda de tempo e energia d) Mostrar que todas as pessoas se motivam por recom- pensas financeiras, e que outros aspectos não têm signi- ficância prática, em termos de qualidade, produtividade e clima de trabalho. e) Mostrar que cabe à empresa treinar os líderes para cobrarem dos colaboradores atenção redobrada nos equipamentos, prazos, procedimentos, já que os cola- boradores teriam uma “tendência natural” a subverter a ordem. 3) Na escola das relações humanas o que significava di- zer que o trabalho é uma atividade tipicamente grupal: a) Toda pessoa se motiva por trabalhos que envolvem amplamente contatos humanos e sociais, tais como reu- niões, palestras, gincanas, jogos b) As pessoas que não gostarem de intensas e cons- tantes atividades sociais e grupais não terão espaço nas organizações do futuro, já que elas demandam somente pessoas extrovertidas c) Nos grupos, as pessoas aprendem, se nutrem emo- cionalmente, trocam afetividades e isto é vital para o ser humano d) No trabalho, a pessoa pode conversar amplamente e isto não pode ser visto como inibidor da produtividade, 161 da qualidade, e do foco, ao contrário a comunicação nos grupos, em qualquer atividade, só o enriquece e) Nenhuma atividade é isolada, todo trabalhador preci- sa e quer trabalhar em conjunto 4) Segundo Chiavenato qual importante contribuição trouxe a teoria X e teoria Y, de Douglas Mc Gregor: a) Mostrar claramente que a pessoa média tem aversão ao trabalho e tende naturalmente a se afastar de com- promissos e responsabilidades b) Despender esforço físico e mental no trabalho é tão natural, quanto o lazer e o repouso, as pessoas médias não são inerentemente avessas ao trabalho c) Na grande maioria dos casos, as pessoas detestam o tra- balho e trabalhar, por isso devem ser constantemente vi- giadas e controladas, sob pena do trabalho não se realizar d) A maioria das pessoas prefere ser comandada, não gosta de decidir e de ter responsabilidades, geralmente não tem ambição e é conformada e) A ameaça de punição é a única maneira eficaz de se controlar os trabalhadores. Informar, comunicar, nego- ciar, motivar não traz resultados práticos e é perda de tempo e energia organizacional 5) Quais são as principais características dos tempos modernos e atuais, com a chegada da era da informação rápida e instantânea: 162 a) A previsibilidade das situações e eventos torna-os mais facilmente realizáveis b) Torna-se mais fácil planejar e alocar recursos finan- ceiros, humanos, tecnológicos e financeiros c) Os tempos modernos exigem uma forte dose de ape- go às tradições e rotinas para que a organização não se descaracterize totalmente e perca sua identidade d) As características principais dos tempos modernos e atuais são: a turbulência a descontinuidade e a incerte- za, exigindo das organizações flexibilidade e inovação constante e) Otimizar os recursos que já existem, fortalecendo a qualidade dos atuais produtos ou serviços sem mudá- -los, é a principal consequência dos tempos modernos e atuais
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