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Portfófio-Diversidade Cultural-RS

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 CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER 
 
FABIANA RIGONI DOS SANTOS PESSIN – RU: 3111145 
JULIANA ODORCICK CONFORTI – RU: 3111149 
 
 
 
 
 
 
 
PORTFÓLIO 
UTA A: DIVERSIDADE CULTURAL 
MÓDULO A – FASE II 
TURMA: 2020/2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BENTO GONÇALVES 
2020 
 
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Sumário 
Introdução ................................................................................................................................................3 
1. O Surgimento da Expressão Gaúcho ................................................................................................4 
2. Origens do Gaúcho ...........................................................................................................................5 
3. Herança Cultural da Região Sul ........................................................................................................7 
4. Cultura da Região Sul .......................................................................................................................7 
5. Traje Gaúcho - 1730 a 1820 .............................................................................................................8 
6. Peão das Vacarias e China das Vacarias ...........................................................................................8 
7. Traje Gaúcho - 1820 – 1865 .......................................................................................................... 10 
8. Traje gaúcho - A Partir de 1865 ..................................................................................................... 11 
8.1. Bombacha e Vestido de Prenda ................................................................................................ 12 
9. Danças e Ritmos ............................................................................................................................ 14 
9.1. Danças em Grupos (Invernadas) ............................................................................................... 14 
9.2. Chimarrita ou Chamarrita ......................................................................................................... 15 
9.3. Chotes........................................................................................................................................ 15 
10. Música Nativista ........................................................................................................................ 17 
10.1. Música Gaúcha ...................................................................................................................... 17 
10.2. Música Nativista e Tradicionalista ......................................................................................... 17 
10.3. Nativismo e Tchê Music ........................................................................................................ 18 
11. Culinária Gaúcha ....................................................................................................................... 18 
11.1. Arroz de Carreteiro ................................................................................................................ 18 
11.2. Tainha na Taquara ................................................................................................................. 19 
11.3. Matambre recheado ............................................................................................................. 20 
11.4. Paçoca de pinhão com carne assada ..................................................................................... 20 
Conclusão .............................................................................................................................................. 21 
Bibliografia ............................................................................................................................................ 22 
 
 
 
 
 
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Introdução 
 
Visando a diversidade cultural do Rio Grande do Sul, de acordo com os 
registros históricos e artefatos possibilitaram aos arqueólogos encontrar evidências 
de que os diversos grupos humanos, em sua relação com a natureza e com o meio 
no qual viviam, criaram e produziram modos de vida que os diferenciavam dos 
demais. Em contraponto à dimensão biológica e racial, é importante ressaltar que a 
cultura diz respeito a uma construção humana, elaborada ao longo do tempo 
histórico da existência do homem, em suas diferentes condições do meio geográfico 
no qual viviam. 
O processo de renovação cultural é, por instância, dialético, de forma que não 
se pode pensar na cultura dos povos – com seus hábitos, costumes, crenças, 
religiões, formas de alimentação etc. – sem trazer a sua relação com a sociedade de 
cada época. Nesse processo há sempre permanências, tradições na cultura, ao 
mesmo tempo em que também vai se renovando. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. O Surgimento da Expressão Gaúcho 
 
 
 Figura 1. El Chiripá Colorado 
 
O gaúcho é um homem jinete da pradaria, não responde a um único tipo 
étnico, mas o resultado do cruzamento de indígenas da região do Rio da Prata e dos 
colonizadores europeus, a sua origem está relacionada com as circunstâncias 
únicas políticas, históricas e econômicas de seu ambiente. Ela pertence igualmente 
a todas as áreas de pampa da Argentina, sul do Brasil e do Uruguai, a área 
geográfica do gaúcho coincide com uma região natural. Pode-se dizer com certeza 
que a sua espécie primordial na Banda Oriental nasceu durante o século XVIII. 
Existem duas vertentes que definem o surgimento da expressão GAÚCHO. 
1) Uma delas, e a qual tem maior proximidade, vem da expressão quíchua "huachu", 
que significa órfão. Os colonizadores espanhóis a transformaram ao longo do tempo, 
aos órfãos veio a chamar-lhes "bastardos", "guacho", "gaúchos". Eram órfãos pois 
não eram aceitos nas tribos indígenas e rejeitados pelos europeus por serem 
mestiços. No Brasil meridional, frequentemente chamado de "Gaudérios" ou 
simplesmente "gaúcho". 
2) A outra vertente vem do termo "guanche". Quando o Rei da Espanha mandou 
casais de agricultores das Ilhas Canárias povoarem a recém-fundada Montevidéu, 
eles transplantaram a palavra pela qual identificavam o habitante autóctone 
(naturais) das ilhas-guanche, ou guancho. 
 
 
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2. Origens do Gaúcho 
 
 
 Figura 2. Descanso-óleo de Juan M. Blades 
 
A praça de Montevidéu, é uma região puramente militar, destinada a vigiar a 
propriedade contra os avanços dos portugueses instalados no porto de 
colônia. Rodeada de muralhas e fossos, à sombra da artilharia forte, o regime de 
quartel governa a vida dos poucos colonos trazidos pelas autoridades. A primeira 
medida do governo de Buenos Aires é a de proibir todo e qualquer comércio. Isto é 
conveniente a seus interesses. Assim, Montevidéu está condenada a uma vida de 
guarnição, e Buenos Aires ainda a tirar o gado do país. 
O governante da praça de Montevidéu, a partir do primeiro conflito com a 
arrogância da autoridade militar, em uma carta ao rei, descreve em duas frases, o 
estado social e económico da localidade: "no meio do qual não temos o comércio, 
nem onde vender os nossos produtos, desfrutar da tranquilidade e do interesse curto 
que a guarnição do presídio deixa-nos no bolo que é destinado para a manutenção, 
que é feita entre os vizinhos. Entretanto, o contrabando é abundante em todo o 
país. Os portugueses e indígenas, comercializam, viajam livremente pelo país 
deserto, criação de gado, pesca e venda de peles na Colônia, nas costas ou 
fronteiras. 
Alguns poucos espanhóis e negros decidem se aventurar e permanecem no 
interior, mas não muito longe de Montevidéu. Contrabando é a vida normal da 
campanha, sob a forma de comércio, e a proibição espanhola obrigou a reprimir e 
punir, autoridades de Montevidéu fazem incursão pelo interior.Muitos milicianos 
espanhóis desertam e tornam-se contrabandistas. Então, vão se misturando 
espanhóis, portugueses e indígenas. Sob estas condições começa a formar a 
população rural dos pampa. A riqueza de gado coloca o país em condições que, a 
 
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natureza fornece o próprio produto em abundância, basta estender a mão e agarrá-
lo. O trabalho inútil e ocioso é a vida do homem que tem total liberdade, como os 
ricos da vida civilizada. 
 
 
 Figura 3. Martin Fierro 
 
A abundância de gado e na ausência de qualquer propriedade permite que os 
habitantes do pampa no século XVIII, vivam sem trabalhar. O cavalo dá mobilidade 
rápida, e o couro lhe proporciona encilhas, rédeas, freios, botas, chapéus, 
bolsa, cama e habitação. Carneia uma vaca, consome a melhor peça que é 
cozinhado na grade e o resto é deixado abandonado no campo. 
Essa abundância faz com que o fazendeiro hospitaleiro, na cozinha da sua 
estância, tenha sempre uma carne pendurada para comer. 
A campanha é para o colono, liberdade, riqueza e aventura, enquanto a 
cidade é a monotonia, e isso se propaga. Assim um grande número de 
pessoas deserdam e se entregam a esta vida livre. 
Mas ao contrário de ociosidade tropical... abundância e liberdade criam nesta 
região hábitos viris, fortes e sóbrios. O Colono tem que domar cavalos, caçar o gado 
com boleadeiras ou com laços, deve ser treinado no manuseio da faca, e é preciso 
aguçar os sentidos e se tornar um especialista, tem que despistar e lutar contra os 
policiais. Esta situação faz com que o habitante do campo, nativos ou colonos, um 
povo forte, corajoso, lutador e ágil. 
A expulsão dos jesuítas das missões em meados do século XVIII, produz o 
êxodo em massa de índios do sul do país. Esta nova população é espalhada sobre 
 
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os campos e, de repente muda sua natureza: mansos agricultores sob a tutela dos 
Jesuítas, tornam-se cavaleiros bravos na mistura com os espanhóis e portugueses. 
Nesta mistura de indígenas, espanhóis e portugueses, na lida bravia e livre no 
campo, surge o tipo internacionalmente conhecido "GAÚCHO". 
 
3. Herança Cultural da Região Sul 
 
A população da região Sul é formada por brancos de origem europeia, 
descendentes de italianos, alemães e povos eslavos, como poloneses, russos e 
ucranianos. Eles fundaram as colônias que se transformaram em cidades, 
contribuindo para a ocupação da região. Esses povos trouxeram costumes e 
tradições muito variados, que deram um colorido especial no folclore do Sul. 
Também introduziram novas formas de aproveitamento do espaço físico, 
como a pequena propriedade e associação, agricultura e pecuária. A diversidade 
cultural é tanta que as secretarias de turismo promovem roteiros diferenciados para 
as regiões. A região Sul apresenta muitos tipos característicos: os pescadores da 
Ilha da Pintada, os apanhadores de pinhão, os ervateiros, os vinhateiros na serra 
gaúcha, além de artesãos, entre outros. 
4. Cultura da Região Sul 
 
A autêntica cultura de um povo e suas expressões, estão alicerçadas em 
tradições, em conhecimentos obtidos pela convivência em grupo, somadas aos 
elementos históricos e sociológicos. Seus legados e sua tradição, entre eles o seu 
modo de vestir, são transportados para as gerações seguintes, sujeitos a mudanças 
próprias de cada época e circunstância. 
O homem do Rio Grande do Sul adaptou suas vestimentas baseado nas suas 
necessidades e no seu tipo de vida. Fica claro que os trajes, no decorrer da história, 
aceitam os processos de modernização e de transformação que uma cultura possa 
ter. A cultura é viva, e enquanto viva, ela se modifica, essas modificações, legaram 
ao gaúcho além de uma herança, beleza e identidade. Se os costumes são 
constantemente alterados no decorrer da história, nada mais claro de que os trajes 
também tenham tido uma modificação, mantendo, no entanto, a sua raiz. 
 
 
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5. Traje Gaúcho - 1730 a 1820 
 
 
 Figura 4. Patrão das vacarias e estancieira gaúcha 
 
O primeiro caudilho riograndense, tinha mais dinheiro e se vestia melhor. Foi 
o primeiro estancieiro. Trajava-se basicamente à europeia, com a braga e as 
ceroulas de crivo. Passou a usar também a bota de garrão de potro, invenção 
gauchesca típica. Igualmente o cinturão-guaiaca, o lenço de pescoço, o pala 
indígena, a tira de pano prendendo os cabelos, o chapéu de pança de burro etc. A 
mulher desse rico estancieiro, usava botinhas fechadas, meias brancas ou de cor, 
longos vestidos de seda ou veludo, botinhas fechadas, mantilha, chale ou 
sobrepeliz, grande travessa prendendo os cabelos enrolados e o infaltável leque. 
 
6. Peão das Vacarias e China das Vacarias 
 
O traje do peão das vacarias destinava-se a proteger o usuário e a não 
atrapalhar a sua atividade - caçar o gado e cavalgar. Normalmente, este gaúcho só 
usava o chiripá primitivo (pano enrolado como saia, até os joelhos, meio aberto na 
frente), para facilitar a equitação e mesmo o caminhar do homem e um pala enfiado 
na cabeça. 
O chiripá, em pouco tempo, assumia uma cor indistinta de múgria - cor de 
esfregão. À cintura, faixa larga, negra, ou cinturão de bolsas, tipo guaiaca, adaptado 
 
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para levar moedas, palhas e fumo e, mais tarde, cédulas, relógio e até pistola. Ainda 
à cintura, as infaltáveis armas desse homem: as boleadeiras, a faca flamenga ou a 
adaga e, mais raramente, o facão. E sempre à mão, a lança - de peleia ou de 
trabalho. 
Camisa, quando contava com uma, era de algodão branco ou riscado, sem 
botões, apenas com cadarços nos punhos, com gola imensa e mangas largas. Pala, 
não faltava, comumente, o de lã - chamado "bichará"- em cores naturais, e mais 
raramente o de algodão e o de seda que aos poucos vão aparecendo. Logo, 
também surge o poncho redondo, de cor azul e forrado de baeta vermelha. 
Pala, tem origem indígena, pode ser de lã ou algodão, quando protege contra 
o frio, ou de seda, quando protege contra o calor. É sempre retangular com franjas 
nos quatro lados. A gola do pala é um simples talho, por onde o homem enfia o 
pescoço. 
Poncho, tem origem inteiramente gauchesca. É feito, invariavelmente, de lã 
grossa. Quase sempre é azul escuro, forrado de baeta vermelha, mas também 
existem de outras combinações de cores. O poncho tem a forma circular ou ovalada. 
Só protege contra o frio e a chuva. A gola é alta, abotoada e há um peitilho na frente 
do poncho. 
As botas mais comuns eram as de garrão-de-potro, que eram retiradas de 
vacas, burros e éguas (raramente era usado o couro de potro, que lhe deu o nome). 
Essas botas eram lonqueadas ou perdiam o pelo com o uso. Em uso, as botas não 
duravam mais de 2 meses. Normalmente, eram feitas com o couro das pernas 
traseiras do animal que dão botas maiores. As que eram tiradas das patas 
dianteiras, muitas vezes eram cortadas na ponta e no calcanhar, ficando o usuário 
com os dedos do pé e o calcanhar de fora. Acima da barriga da perna, era ajustada 
por meio de tranças ou tentos. 
As esporas mais comuns nessa época eram as nazarenas (europeias) e as 
chilenas (americanas). As nazarenas têm esse nome devido aos seus espinhos 
pontudos, que lembram os cravos que martirizaram Nosso Senhor. As chilenas, 
devem seu nome à semelhança com as esporas do "huaso", do Chile. Aos poucos, 
os ferreiros da época começaram a criar novos tipos de esporas. 
O peão das vacarias não era de muito luxo. Só usava ceroulas de crivo nas 
aglomerações urbanas. Ademais, andava de pernas nuas como os índios. À cabeça, 
 
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usava a fita dos índios, prendendo os cabelos - que os platinos chamam "vincha" - e 
também o lenço, como touca, atado à nuca. 
O chapéu, quando usava, era de palha (mais comum), e de feltro, (mais raro), 
e talvez o de couro cru, chamado de "pança-de-burro", feito com um retalho circular 
da barriga do muar, moldado na cabeça de um palanque. O chapéu, qualquer que 
fosse o feitio, era preso com barbicachosob o queixo ou nariz. Esse barbicacho era 
normalmente trançado em delicados tentos de couro cru, tirados de lonca, ou então, 
eram simples cordões de seda, torcidas, terminando em borlas que caía para o lado 
direito. Mais raramente, era feito de sola e fivela. Ainda nesta época, aparece o 
"cingidor", que é o nosso tirador. 
A mulher vestia-se pobremente: nada mais que uma saia comprida, rodada, 
de cor escura e blusa clara ou desbotada com o tempo. Pés e pernas descobertas, 
na maioria das vezes. Por baixo, apenas usava bombachinhas, que eram as calças 
femininas da época. 
 
7. Traje Gaúcho - 1820 – 1865 
 
 
 Figura 5. Chiripá farroupilha, saia e casaquinho 
 
Este período é dominado por um chiripá que substituiu o anterior, que não é 
adequado à equitação, mas para o homem que anda a pé. O chiripá dessa nova 
fase é em forma de grande fralda, passada por entre as pernas. Este adapta-se bem 
ao ato de cavalgar e essa é certamente a explicação para o seu aparecimento. Com 
isto, fica claro que o Chiripá Primitivo era de origem indígena. 
Já o Chiripá Farroupilha é inteiramente gaúcho. Esse é um traje muito 
funcional, nem muito curto, nem muito comprido, tendo o joelho por limite, ao cobrí-
 
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lo. As esporas deste período são as chilenas, as nazarenas e os novos tipos 
inventados pelos ferreiros da campanha. 
As botas são, ainda, a bota forte, comum, a bota russilhona e a bota de 
garrão, inteira ou de meio pé. As ceroulas são enfiadas no cano da bota ou, quando 
por fora, mostram nas extremidades, crivos, rendas e franjas. À cintura, faixa preta e 
guaiaca, de uma ou duas fivelas. Camisa sem botões, de gola, e mangas largas. 
Usavam jaleco, de lã ou mesmo veludo, e às vezes, a jaqueta, com gola e 
manga de casaco, terminando na cintura, fechado à frente por grandes botões ou 
moedas. 
No pescoço, lenço de seda, nas cores mais populares, vermelho ou branco, 
porém, muitas vezes, o lenço adotado tinha outras cores e padronagens. Em caso 
de luto, usava-se o lenço preto. Com luto aliviado, preto com "petit-pois", carijó ou 
xadrez de preto e branco. Aos ombros, pala, bichará ou poncho. Na cabeça usavam 
a fita dos índios ou o lenço amarrado à pirata e, se for o caso, chapéu de feltro, com 
aba estreita e copa alta ou chapéu de palha, sempre preso com barbicacho. 
 A mulher, nesta época, usava saia e casaquinho com discretas rendas e 
enfeites. Tinham as pernas cobertas com meias, salvo na intimidade do lar. Usavam 
cabelo solto ou trançado, para as solteiras e em coque para as senhoras. Os 
sapatos eram fechados e discretos. Como jóias apenas um camafeu ou broche. Ao 
pescoço vinha muitas vezes o fichú (triângulo de seda ou crochê, com as pontas 
fechados por um broche). Este foi o traje usado pelas ricas e pobres desta época. 
 
8. Traje gaúcho - A Partir de 1865 
 
 Figura 6. Traje Gaúcho 
 
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8.1. Bombacha e Vestido de Prenda 
 
A bombacha surgiu com os turcos e veio para o Brasil usada pelos pobres na 
Guerra do Paraguai. Até o começo do século, usar bombachas em um baile, seria 
um desrespeito. O gaúcho viajava a cavalo, trajando bombachas e trazia as calças 
"cola fina", dobradas em baixo dos pelegos, para frisar. 
As bombachas são largas na Fronteira, estreitas na Serra e médias no 
Planalto, abotoadas no tornozelo, e quase sempre com favos de mel. A correta 
bombacha é a de cós largo, sem alças para a cinta e com dois bolsos grandes nas 
laterais, de cores claras para ocasiões festivas, sóbrias e escuras para viagens ou 
trabalho. 
À cintura o fronteirista usa faixa; o serrano e planaltense dispensam a mesma 
e a guaiaca da Fronteira é diferente da serrana, por esta ser geralmente peluda e 
com coldre inteiriço. A camisa é de um pano só, no máximo de pano riscado. Em 
ambiente de maior respeito usa-se o colete, a blusa campeira ou o casaco. O lenço 
do pescoço é atado por um nó de oito maneiras diferentes e as cores branco e 
vermelho são as mais tradicionais. 
 
 
 Figura 7. Gaúcho e prenda 
 
Usa-se mais frequentemente o chapéu de copa baixa e abas largas, podendo 
variar com o gosto individual do usuário, evitando sempre enfeites indiscretos no 
barbicacho. Por convenção social o peão não usa chapéu em locais cobertos, como 
 
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por exemplo no interior de um galpão. As esporas mais utilizadas são as "chilenas", 
destacando-se ainda as "nazarenas". Botas, de sapataria preferencialmente pretas 
ou marrons para proteger-se da chuva e do frio usa-se o poncho ou a capa campeira 
e do calor o poncho-pala. Cita-se ainda o bichará como proteção contra o frio do 
inverno. Obs.: O preto é somente usado em sinal de luto. O tirador deve ser simples, 
sem enfeites, curtos e com flocos compridos na serra, de pontas arredondadas no 
planalto, comprido com ou sem flocos na campanha e de bordas retas com flocos de 
meio palmo na fronteira. É vedado o uso de bombacha com túnica tipo militar, bem 
como chiripás por prendas por ser um traje masculino. 
A indumentária da prenda é regulamentada por uma tese de autoria de Luiz 
Celso Gomes Yarup, que foi aprovada no 34º Congresso Tradicionalista Gaúcho, em 
Caçapava do Sul: 
 
01 - O vestido deverá ser, preferencialmente, de uma peça, com barra da saia no 
peito do pé; 
02 - A quantidade de passa-fitas, apliques, babados e rendas é livre; 
03 - O vestido pode ser de tecido estampado ou liso, sendo facultado o uso de 
tecidos sintéticos com estamparia miúda ou "petit-pois"; 
04 - Vedado o decote; 
05 - Saia de armar: quantidade livre (sem exageros); 
06 - Obrigatório o uso de bombachinhas, rendadas ou não, cujo comprimento deverá 
atingir a altura do joelho; 
07 - Mangas até os cotovelos, três quartos ou até os pulsos; 
08 - Facultativo o uso de lenço com pontas cruzadas sobre o peito, também 
facultado o uso do fichu de seda com franjas ou de crochê, preso com broche ou 
camafeu, ou ainda do chale; 
09 - Meias longas brancas ou coloridas, não transparentes; 
10 - Sapato com salto 5 (cinco), ou meio salto, que abotoe do lado de fora, por uma 
tira que passa sobre o peito do pé; 
11 - Cabelo solto ou em trança (única ou dupla), com flores ou fitas; 
12 - Facultado o uso de brincos de argola de metal. Vedados os de fantasia ou de 
plásticos; 
13 - Vedado o uso de colares; 
14 - Permitido o uso de pulseiras de aro de qualquer metal. Não aceitas as pulseiras 
 
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de plástico; 
15 - Permitido o uso de um anel de metal em cada mão. Vedados os de fantasia; 
16 - É permitido o uso discreto de maquiagem facial, sem batons roxos, sombras 
coloridas, delineadores em demasia; 
17 - Vedado o uso de relógios de pulso e de luvas; 
18 - Livre a criação dos vestidos, quanto a cores, padrões e silhuetas, dentro dos 
parâmetros acima enumerados. 
 
9. Danças e Ritmos 
 
 
 Figura 8. Dança gaúcha 
 
As danças ocupam um espaço nobre dentro do tradicionalismo gaúcho. Tanto 
como expressão de emotividade quanto uma manifestação de arte, que requer 
técnica e habilidade. Desde os primórdios, a dança se constitui num exercício para 
corpo e um descanso para espírito. 
A topografia do terreno, a vestimenta, o espírito, a idiossincrasia e a 
emotividade do indivíduo, foram os pontos de apoio em que se assentaram as bases 
para a formação coreográfica que se criou em cada setor do universo. Segue 
algumas danças e ritmos: 
 
9.1. Danças em Grupos (Invernadas) 
 
Balaio: O balaio é brasileiro da gema e procede do Nordeste. O balaio guarda 
nitidamente a feição de nossos velhos lundus que criaram, no Nordeste do Brasil, o 
baião ou baiano. O nome “balaio” origina-se do aspecto de cesto que moças dão as 
suas saias, quando o cantador diz: “moça que não tem balaio, bota a costura no 
 
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chão”. Teve suas raízes na chula. Inicialmente dançada de pares soltos, com 
cantigas e danças. Com a evolução surgiu o balaio híbrido, com momentos de pares 
soltos e outros enlaçados, sempre com sapateiosde peões e giros das prendas. O 
balaio, como o próprio nome diz, sugere uma dança de círculo. 
 
♪ Eu queria ser balaio balaio eu queria sê, 
para andar dependurado na cintura de você. 
 
Eu queria ser balaio na colheita da mandioca 
para andar dependurado na cintura das chinocas. 
 
Mandei fazer um balaio Pra guardar meu algodão, 
balaio saiu pequeno Não quero balaio não. 
 
Refrão: 
 
Balaio, meu bem, balaio, sinhá, balaio do coração. 
Moça que não tem balaio, sinhá, bota a costura no chão (bis). ♪ 
 
9.2. Chimarrita ou Chamarrita 
 
Com o nome de Chama-Rita, foi introduzida pelos colonos açorianos ao início 
da formação do Rio Grande do Sul, esta dança era então popular no Arquipélago 
dos Açores e na Ilha da Mandeira. Desde a sua chegada, a “chamarrita" foi-se 
amoldando às subsequentes gerações coreográficas, como um misto de valsa e 
chotes. Do Rio Grande do Sul (e de Santa Catarina), a dança passou ao Paraná, ao 
Estado de São Paulo, bem como às províncias argentinas de Corrientes e Entre 
Rios, onde ainda hoje são populares as variantes “Chamarrita e Chamame”. 
 
9.3. Chotes 
 
Tal como acontecera com as danças de anteriores ciclos coreográficos, a 
“schottisch” veio a se amoldar, no Rio Grande do Sul, a instrumentação típica, e deu 
margem a uma nova criação musical, bastante viva e que hoje constitui verdadeira 
manifestação folclórica do gaúcho, é o chotes. É também usual a pronúncia “chote”. 
Coreograficamente o chotes herdou os mesmos passos da dança-origem, mas se 
enriqueceu de uma série de variantes. 
 
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Variações: 
• Chote de duas damas: Bonita variante do chote, em que o homem dança 
com duas damas simultaneamente. Essa presença de duas mulheres não é 
raridade: antigas danças germânicas também foram assim, os platinos 
tiveram o “palito”, e na cidade de São Paulo dançou-se da década de 20 um 
“chote militar” com duas damas. Não necessita de melodia específica, dança-
se ao som de um chote comum. Por nós é dançada com partitura de “Chote 
Laranjeira”. 
• Chote Inglês: Dança de salão difundido nas cidades brasileiras ao final do 
século XIX. Suas melodias, executadas ao piano nos centros urbanos, 
chegaram a ser conhecidas no meio rural. Registramos algumas variantes de 
chote inglês em várias regiões do Rio Grande do Sul. 
• Chote Carreirinha: Originária do schottinh trazido pelos imigrantes alemães. 
Na primeira parte da dança, os pares desenvolvem uma pequena corrida 
compassada, o que deu razão ao nome da dança: carreirinha. 
 
♪ Mas deixa-estar que eu vou-me embora, 
Eu vou voltar pro meu rincão, 
Pra beber água dos teus olhos 
Sangue do teu coração. 
 
Mas deixa-estar que eu vou-me embora, 
Eu vou voltar pro meu rincão, 
Que é pra comer churrasco gordo 
E tomar mate chimarrão. 
 
Mas deixa-estar que eu vou-me embora, 
Eu vou voltar pra fronteira, 
Que é pra comer churrasco gordo 
E tomar café de chaleira 
 
Mas deixa-estar que eu vou-me embora, 
Eu vou voltar pra fronteira, 
Mas eu hei-de levar comigo 
Este chotes-laranjeira! ♪ 
 
 
 
 
 
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10. Música Nativista 
 
É um gênero musical brasileiro característico do Rio Grande do Sul e que tem 
como temas principais o amor pelas coisas do Estado, pelo campo, pelo cavalo, 
pelos rios e pela mulher. 
 
10.1. Música Gaúcha 
 
A música gaúcha de origem tradicionalista parece ter origem na escola 
literária do parnasianismo, por sua semelhança quando canta coisas da natureza e 
do ambiente como: a terra, o chão, os costumes, o cavalo - e pela musicalidade, 
sempre buscando a rima num arranjo muito acertado com as melodias, criando entre 
letra, música e dramatização, uma dinâmica que rebusca origens e paixões. Vale a 
pena estudar este aspecto e descobrir que por outras origens históricas podemos 
enriquecer nossas culturas. 
O estilo musical gauchesco mostra também origens fortes na música 
flamenca espanhola, e na música portuguesa. Os campos harmônicos bem 
arranjados, denotam ritmos bem elaborados e melodias com dois ou mais violões. 
Com uma formação harmônica/melódica complexa, a música tradicionalista torna-se 
difícil de ser interpretada em alguns casos, por outros grupos ou músicos que não 
possuem ligação direta com a cultura gaúcha. 
 
10.2. Música Nativista e Tradicionalista 
 
Apesar de tratar dos mesmos temas que os tradicionalistas, os nativistas 
discordam destes em alguns pontos. Entre os pontos de maior divergência estão o 
passado do Rio Grande do Sul e a influência espanhola dos países vizinhos. 
São divergências bastante sutis, mas podem ser percebidas em certas 
canções, como por exemplo "Sabe, Moço", cantada por Leopoldo Rassier, que fala 
da tristeza de um soldado que lutou nas guerras históricas do estado e recebeu 
cicatrizes em vez de medalhas. É um assunto que dificilmente seria abordado pelos 
tradicionalistas, que preferem ver glória e heroísmo nas mesmas guerras. 
Quanto à influência espanhola, os tradicionalistas têm um certo desprezo por 
considerar que os espanhóis muitas vezes no passado foram inimigos nas guerras 
 
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em que o estado se envolveu. Os nativistas, por outro lado, não se envergonham de 
admitir que muitas características culturais e folclóricas são originárias dos países 
vizinhos (Argentina e Uruguai), muitos chegam a gravar músicas em espanhol e até 
se fala em "três pátrias gaúchas" (Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul). 
Outro ponto de divergência entre tradicionalistas e nativistas é a religião. 
Tradicionalistas na maioria das vezes são católicos fervorosos, enquanto alguns 
nativistas poucas vezes falam em Deus, e há letras que chegam a falar em Ateismo 
(como por exemplo a canção Changueiro De Vida E Lida, cantada por Adair de 
Freitas, Jari Terres e Luiz Marenco) 
 
10.3. Nativismo e Tchê Music 
 
Existe um certo atrito entre os artistas nativistas e os representantes da Tchê 
Music. A principal razão disso é cultural: enquanto os nativistas buscam o retorno às 
raízes da música gaúcha, os "tchê's" buscam modernizá-la, adicionando elementos 
de ritmos brasileiros e até estrangeiros - o que faz com que os nativistas afirmem 
que a música deles já não é mais tipicamente gaúcha. 
As acusações geralmente incluem também, por parte dos nativistas, o fato de 
os representantes da Tchê Music trabalharem para tornar seu som o mais dançante 
e comercial possível. Os "tchês", por sua vez, acusam os nativistas e tradicionalistas 
de tentarem prejudicar seu trabalho, impedindo-os de tocar em CTG´s, bailes 
tradicionais e eventos diversos realizados pelo MTG ou por outras entidades 
tradicionalistas e/ou nativistas. 
 
11. Culinária Gaúcha 
 
E na culinária, temos o tradicional churrasco, costelão em fogo de chão, mas 
também temos outros pratos como carreteiro, e onde tudo começou com o famoso 
charque. 
 
11.1. Arroz de Carreteiro 
 
Popularmente conhecido como “Carreteiro”, é um dos mais populares pratos 
do Rio Grande do Sul. O prato surgiu quando os carreteiros (transportadores de 
 
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cargas) que atravessavam o sul do Brasil em carretas puxadas por bois coziam, em 
panela de ferro, uma mistura de charque picada com arroz. A forma de preparar 
continua basicamente a mesma até hoje. 
 
 
 Figura 9. Arroz carreteiro 
 
11.2. Tainha na Taquara 
 
A região litorânea do Estado também tem pratos que ilustram o cardápio de 
comidas típicas. A tainha na taquara conforme figura 10 é mais popular no litoral sul 
e na região do lago Guaíba e suas ilhas, como a ilha da Pintada. O prato constitui-se 
de uma tainha – ou anchova – assada sobre a lenha em brasa presa a um espeto 
feito de bambu-taquara. Também é o prato típico mais vendido durante a Festa do 
Mar, realizada de dois em dois anos na cidade de Rio Grande. 
 
 
 Figura 10. Tainha na taquara 
 
 
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11.3. Matambre recheado 
 
Mais um prato feito a base de carne é o matambre recheado. Típico do Rio 
Grande do Sul e de paísesvizinhos, como Uruguai, Argentina e Paraguai. O 
matambre recheado é feito com a carne de mesmo nome, com o recheio de salsa 
picada, fatias de cenoura, pimenta e pimentão moído, ovos cozidos duros e 
condimentado com um pouco de azeite e sal. 
 
 
 Figura 11. Matambre recheado 
 
11.4. Paçoca de pinhão com carne assada 
 
A Paçoca de Pinhão é um dos pratos típicos gaudérios que fogem um pouco 
da culinária convencional, mas sem perder a praticidade do preparo. A receita era 
feita pelos índios do sul que caminhavam longas distâncias e precisavam de energia. 
 
 
 Figura 12. Paçoca de pinhão com carne assada 
 
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Conclusão 
 
Conclui-se então que diversidade histórica é um conjunto de características 
próprias, de costumes, de crenças juntas em um só lugar; é o conjunto de tudo isso 
que foi passado de geração para geração e ainda deixam marcas evidentes nas 
atuais sociedades. 
No Rio Grande do Sul à uma vasta diversidade cultural tendo em 
consideração que é um estado costurado por culturas das mais diversas do mundo 
devido ao processo de colonização vivido. 
O conjunto de diferentes crenças, culinárias, músicas e tantas outras coisas é 
uma diversidade histórica. Em nossa língua há uma enorme diversidade, ela surgiu 
dessa miscigenação entre os povos colonizadores, e os índios nativos do País e 
diversos imigrantes trazidos para o Brasil no período colonizador. Nossa língua é 
uma das mais ricas do mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Bibliografia 
 
http://dancas_tipicas.info/mos/view/Sul/index.html 
 
http://www. klickeducacao.com.br/bcoresp/bcoresp_mostra/0,6674, POR-673-60 87 - 
h, 00.html 
 
http:// www.brasilescola.com/brasil/aspectos-culturais-regiao-sudeste.html 
 
http:// www.mundoeducacao.com.br/geografia/cultura-regiao-sul.html 
 
Manual de danças Gaúchas, J. C. Paixão Cortes e L. C. Barbosa Lessa 
http://www.cantogauderio.com.br 
http://www.paginadogaucho.com.br 
http://www.musicas.mus.br 
http://www.beakauffmann.com 
http://www.rstche.com.br

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