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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER FABIANA RIGONI DOS SANTOS PESSIN – RU: 3111145 JULIANA ODORCICK CONFORTI – RU: 3111149 PORTFÓLIO UTA A: DIVERSIDADE CULTURAL MÓDULO A – FASE II TURMA: 2020/2 BENTO GONÇALVES 2020 2 Sumário Introdução ................................................................................................................................................3 1. O Surgimento da Expressão Gaúcho ................................................................................................4 2. Origens do Gaúcho ...........................................................................................................................5 3. Herança Cultural da Região Sul ........................................................................................................7 4. Cultura da Região Sul .......................................................................................................................7 5. Traje Gaúcho - 1730 a 1820 .............................................................................................................8 6. Peão das Vacarias e China das Vacarias ...........................................................................................8 7. Traje Gaúcho - 1820 – 1865 .......................................................................................................... 10 8. Traje gaúcho - A Partir de 1865 ..................................................................................................... 11 8.1. Bombacha e Vestido de Prenda ................................................................................................ 12 9. Danças e Ritmos ............................................................................................................................ 14 9.1. Danças em Grupos (Invernadas) ............................................................................................... 14 9.2. Chimarrita ou Chamarrita ......................................................................................................... 15 9.3. Chotes........................................................................................................................................ 15 10. Música Nativista ........................................................................................................................ 17 10.1. Música Gaúcha ...................................................................................................................... 17 10.2. Música Nativista e Tradicionalista ......................................................................................... 17 10.3. Nativismo e Tchê Music ........................................................................................................ 18 11. Culinária Gaúcha ....................................................................................................................... 18 11.1. Arroz de Carreteiro ................................................................................................................ 18 11.2. Tainha na Taquara ................................................................................................................. 19 11.3. Matambre recheado ............................................................................................................. 20 11.4. Paçoca de pinhão com carne assada ..................................................................................... 20 Conclusão .............................................................................................................................................. 21 Bibliografia ............................................................................................................................................ 22 3 Introdução Visando a diversidade cultural do Rio Grande do Sul, de acordo com os registros históricos e artefatos possibilitaram aos arqueólogos encontrar evidências de que os diversos grupos humanos, em sua relação com a natureza e com o meio no qual viviam, criaram e produziram modos de vida que os diferenciavam dos demais. Em contraponto à dimensão biológica e racial, é importante ressaltar que a cultura diz respeito a uma construção humana, elaborada ao longo do tempo histórico da existência do homem, em suas diferentes condições do meio geográfico no qual viviam. O processo de renovação cultural é, por instância, dialético, de forma que não se pode pensar na cultura dos povos – com seus hábitos, costumes, crenças, religiões, formas de alimentação etc. – sem trazer a sua relação com a sociedade de cada época. Nesse processo há sempre permanências, tradições na cultura, ao mesmo tempo em que também vai se renovando. 4 1. O Surgimento da Expressão Gaúcho Figura 1. El Chiripá Colorado O gaúcho é um homem jinete da pradaria, não responde a um único tipo étnico, mas o resultado do cruzamento de indígenas da região do Rio da Prata e dos colonizadores europeus, a sua origem está relacionada com as circunstâncias únicas políticas, históricas e econômicas de seu ambiente. Ela pertence igualmente a todas as áreas de pampa da Argentina, sul do Brasil e do Uruguai, a área geográfica do gaúcho coincide com uma região natural. Pode-se dizer com certeza que a sua espécie primordial na Banda Oriental nasceu durante o século XVIII. Existem duas vertentes que definem o surgimento da expressão GAÚCHO. 1) Uma delas, e a qual tem maior proximidade, vem da expressão quíchua "huachu", que significa órfão. Os colonizadores espanhóis a transformaram ao longo do tempo, aos órfãos veio a chamar-lhes "bastardos", "guacho", "gaúchos". Eram órfãos pois não eram aceitos nas tribos indígenas e rejeitados pelos europeus por serem mestiços. No Brasil meridional, frequentemente chamado de "Gaudérios" ou simplesmente "gaúcho". 2) A outra vertente vem do termo "guanche". Quando o Rei da Espanha mandou casais de agricultores das Ilhas Canárias povoarem a recém-fundada Montevidéu, eles transplantaram a palavra pela qual identificavam o habitante autóctone (naturais) das ilhas-guanche, ou guancho. 5 2. Origens do Gaúcho Figura 2. Descanso-óleo de Juan M. Blades A praça de Montevidéu, é uma região puramente militar, destinada a vigiar a propriedade contra os avanços dos portugueses instalados no porto de colônia. Rodeada de muralhas e fossos, à sombra da artilharia forte, o regime de quartel governa a vida dos poucos colonos trazidos pelas autoridades. A primeira medida do governo de Buenos Aires é a de proibir todo e qualquer comércio. Isto é conveniente a seus interesses. Assim, Montevidéu está condenada a uma vida de guarnição, e Buenos Aires ainda a tirar o gado do país. O governante da praça de Montevidéu, a partir do primeiro conflito com a arrogância da autoridade militar, em uma carta ao rei, descreve em duas frases, o estado social e económico da localidade: "no meio do qual não temos o comércio, nem onde vender os nossos produtos, desfrutar da tranquilidade e do interesse curto que a guarnição do presídio deixa-nos no bolo que é destinado para a manutenção, que é feita entre os vizinhos. Entretanto, o contrabando é abundante em todo o país. Os portugueses e indígenas, comercializam, viajam livremente pelo país deserto, criação de gado, pesca e venda de peles na Colônia, nas costas ou fronteiras. Alguns poucos espanhóis e negros decidem se aventurar e permanecem no interior, mas não muito longe de Montevidéu. Contrabando é a vida normal da campanha, sob a forma de comércio, e a proibição espanhola obrigou a reprimir e punir, autoridades de Montevidéu fazem incursão pelo interior.Muitos milicianos espanhóis desertam e tornam-se contrabandistas. Então, vão se misturando espanhóis, portugueses e indígenas. Sob estas condições começa a formar a população rural dos pampa. A riqueza de gado coloca o país em condições que, a 6 natureza fornece o próprio produto em abundância, basta estender a mão e agarrá- lo. O trabalho inútil e ocioso é a vida do homem que tem total liberdade, como os ricos da vida civilizada. Figura 3. Martin Fierro A abundância de gado e na ausência de qualquer propriedade permite que os habitantes do pampa no século XVIII, vivam sem trabalhar. O cavalo dá mobilidade rápida, e o couro lhe proporciona encilhas, rédeas, freios, botas, chapéus, bolsa, cama e habitação. Carneia uma vaca, consome a melhor peça que é cozinhado na grade e o resto é deixado abandonado no campo. Essa abundância faz com que o fazendeiro hospitaleiro, na cozinha da sua estância, tenha sempre uma carne pendurada para comer. A campanha é para o colono, liberdade, riqueza e aventura, enquanto a cidade é a monotonia, e isso se propaga. Assim um grande número de pessoas deserdam e se entregam a esta vida livre. Mas ao contrário de ociosidade tropical... abundância e liberdade criam nesta região hábitos viris, fortes e sóbrios. O Colono tem que domar cavalos, caçar o gado com boleadeiras ou com laços, deve ser treinado no manuseio da faca, e é preciso aguçar os sentidos e se tornar um especialista, tem que despistar e lutar contra os policiais. Esta situação faz com que o habitante do campo, nativos ou colonos, um povo forte, corajoso, lutador e ágil. A expulsão dos jesuítas das missões em meados do século XVIII, produz o êxodo em massa de índios do sul do país. Esta nova população é espalhada sobre 7 os campos e, de repente muda sua natureza: mansos agricultores sob a tutela dos Jesuítas, tornam-se cavaleiros bravos na mistura com os espanhóis e portugueses. Nesta mistura de indígenas, espanhóis e portugueses, na lida bravia e livre no campo, surge o tipo internacionalmente conhecido "GAÚCHO". 3. Herança Cultural da Região Sul A população da região Sul é formada por brancos de origem europeia, descendentes de italianos, alemães e povos eslavos, como poloneses, russos e ucranianos. Eles fundaram as colônias que se transformaram em cidades, contribuindo para a ocupação da região. Esses povos trouxeram costumes e tradições muito variados, que deram um colorido especial no folclore do Sul. Também introduziram novas formas de aproveitamento do espaço físico, como a pequena propriedade e associação, agricultura e pecuária. A diversidade cultural é tanta que as secretarias de turismo promovem roteiros diferenciados para as regiões. A região Sul apresenta muitos tipos característicos: os pescadores da Ilha da Pintada, os apanhadores de pinhão, os ervateiros, os vinhateiros na serra gaúcha, além de artesãos, entre outros. 4. Cultura da Região Sul A autêntica cultura de um povo e suas expressões, estão alicerçadas em tradições, em conhecimentos obtidos pela convivência em grupo, somadas aos elementos históricos e sociológicos. Seus legados e sua tradição, entre eles o seu modo de vestir, são transportados para as gerações seguintes, sujeitos a mudanças próprias de cada época e circunstância. O homem do Rio Grande do Sul adaptou suas vestimentas baseado nas suas necessidades e no seu tipo de vida. Fica claro que os trajes, no decorrer da história, aceitam os processos de modernização e de transformação que uma cultura possa ter. A cultura é viva, e enquanto viva, ela se modifica, essas modificações, legaram ao gaúcho além de uma herança, beleza e identidade. Se os costumes são constantemente alterados no decorrer da história, nada mais claro de que os trajes também tenham tido uma modificação, mantendo, no entanto, a sua raiz. 8 5. Traje Gaúcho - 1730 a 1820 Figura 4. Patrão das vacarias e estancieira gaúcha O primeiro caudilho riograndense, tinha mais dinheiro e se vestia melhor. Foi o primeiro estancieiro. Trajava-se basicamente à europeia, com a braga e as ceroulas de crivo. Passou a usar também a bota de garrão de potro, invenção gauchesca típica. Igualmente o cinturão-guaiaca, o lenço de pescoço, o pala indígena, a tira de pano prendendo os cabelos, o chapéu de pança de burro etc. A mulher desse rico estancieiro, usava botinhas fechadas, meias brancas ou de cor, longos vestidos de seda ou veludo, botinhas fechadas, mantilha, chale ou sobrepeliz, grande travessa prendendo os cabelos enrolados e o infaltável leque. 6. Peão das Vacarias e China das Vacarias O traje do peão das vacarias destinava-se a proteger o usuário e a não atrapalhar a sua atividade - caçar o gado e cavalgar. Normalmente, este gaúcho só usava o chiripá primitivo (pano enrolado como saia, até os joelhos, meio aberto na frente), para facilitar a equitação e mesmo o caminhar do homem e um pala enfiado na cabeça. O chiripá, em pouco tempo, assumia uma cor indistinta de múgria - cor de esfregão. À cintura, faixa larga, negra, ou cinturão de bolsas, tipo guaiaca, adaptado 9 para levar moedas, palhas e fumo e, mais tarde, cédulas, relógio e até pistola. Ainda à cintura, as infaltáveis armas desse homem: as boleadeiras, a faca flamenga ou a adaga e, mais raramente, o facão. E sempre à mão, a lança - de peleia ou de trabalho. Camisa, quando contava com uma, era de algodão branco ou riscado, sem botões, apenas com cadarços nos punhos, com gola imensa e mangas largas. Pala, não faltava, comumente, o de lã - chamado "bichará"- em cores naturais, e mais raramente o de algodão e o de seda que aos poucos vão aparecendo. Logo, também surge o poncho redondo, de cor azul e forrado de baeta vermelha. Pala, tem origem indígena, pode ser de lã ou algodão, quando protege contra o frio, ou de seda, quando protege contra o calor. É sempre retangular com franjas nos quatro lados. A gola do pala é um simples talho, por onde o homem enfia o pescoço. Poncho, tem origem inteiramente gauchesca. É feito, invariavelmente, de lã grossa. Quase sempre é azul escuro, forrado de baeta vermelha, mas também existem de outras combinações de cores. O poncho tem a forma circular ou ovalada. Só protege contra o frio e a chuva. A gola é alta, abotoada e há um peitilho na frente do poncho. As botas mais comuns eram as de garrão-de-potro, que eram retiradas de vacas, burros e éguas (raramente era usado o couro de potro, que lhe deu o nome). Essas botas eram lonqueadas ou perdiam o pelo com o uso. Em uso, as botas não duravam mais de 2 meses. Normalmente, eram feitas com o couro das pernas traseiras do animal que dão botas maiores. As que eram tiradas das patas dianteiras, muitas vezes eram cortadas na ponta e no calcanhar, ficando o usuário com os dedos do pé e o calcanhar de fora. Acima da barriga da perna, era ajustada por meio de tranças ou tentos. As esporas mais comuns nessa época eram as nazarenas (europeias) e as chilenas (americanas). As nazarenas têm esse nome devido aos seus espinhos pontudos, que lembram os cravos que martirizaram Nosso Senhor. As chilenas, devem seu nome à semelhança com as esporas do "huaso", do Chile. Aos poucos, os ferreiros da época começaram a criar novos tipos de esporas. O peão das vacarias não era de muito luxo. Só usava ceroulas de crivo nas aglomerações urbanas. Ademais, andava de pernas nuas como os índios. À cabeça, 10 usava a fita dos índios, prendendo os cabelos - que os platinos chamam "vincha" - e também o lenço, como touca, atado à nuca. O chapéu, quando usava, era de palha (mais comum), e de feltro, (mais raro), e talvez o de couro cru, chamado de "pança-de-burro", feito com um retalho circular da barriga do muar, moldado na cabeça de um palanque. O chapéu, qualquer que fosse o feitio, era preso com barbicachosob o queixo ou nariz. Esse barbicacho era normalmente trançado em delicados tentos de couro cru, tirados de lonca, ou então, eram simples cordões de seda, torcidas, terminando em borlas que caía para o lado direito. Mais raramente, era feito de sola e fivela. Ainda nesta época, aparece o "cingidor", que é o nosso tirador. A mulher vestia-se pobremente: nada mais que uma saia comprida, rodada, de cor escura e blusa clara ou desbotada com o tempo. Pés e pernas descobertas, na maioria das vezes. Por baixo, apenas usava bombachinhas, que eram as calças femininas da época. 7. Traje Gaúcho - 1820 – 1865 Figura 5. Chiripá farroupilha, saia e casaquinho Este período é dominado por um chiripá que substituiu o anterior, que não é adequado à equitação, mas para o homem que anda a pé. O chiripá dessa nova fase é em forma de grande fralda, passada por entre as pernas. Este adapta-se bem ao ato de cavalgar e essa é certamente a explicação para o seu aparecimento. Com isto, fica claro que o Chiripá Primitivo era de origem indígena. Já o Chiripá Farroupilha é inteiramente gaúcho. Esse é um traje muito funcional, nem muito curto, nem muito comprido, tendo o joelho por limite, ao cobrí- 11 lo. As esporas deste período são as chilenas, as nazarenas e os novos tipos inventados pelos ferreiros da campanha. As botas são, ainda, a bota forte, comum, a bota russilhona e a bota de garrão, inteira ou de meio pé. As ceroulas são enfiadas no cano da bota ou, quando por fora, mostram nas extremidades, crivos, rendas e franjas. À cintura, faixa preta e guaiaca, de uma ou duas fivelas. Camisa sem botões, de gola, e mangas largas. Usavam jaleco, de lã ou mesmo veludo, e às vezes, a jaqueta, com gola e manga de casaco, terminando na cintura, fechado à frente por grandes botões ou moedas. No pescoço, lenço de seda, nas cores mais populares, vermelho ou branco, porém, muitas vezes, o lenço adotado tinha outras cores e padronagens. Em caso de luto, usava-se o lenço preto. Com luto aliviado, preto com "petit-pois", carijó ou xadrez de preto e branco. Aos ombros, pala, bichará ou poncho. Na cabeça usavam a fita dos índios ou o lenço amarrado à pirata e, se for o caso, chapéu de feltro, com aba estreita e copa alta ou chapéu de palha, sempre preso com barbicacho. A mulher, nesta época, usava saia e casaquinho com discretas rendas e enfeites. Tinham as pernas cobertas com meias, salvo na intimidade do lar. Usavam cabelo solto ou trançado, para as solteiras e em coque para as senhoras. Os sapatos eram fechados e discretos. Como jóias apenas um camafeu ou broche. Ao pescoço vinha muitas vezes o fichú (triângulo de seda ou crochê, com as pontas fechados por um broche). Este foi o traje usado pelas ricas e pobres desta época. 8. Traje gaúcho - A Partir de 1865 Figura 6. Traje Gaúcho 12 8.1. Bombacha e Vestido de Prenda A bombacha surgiu com os turcos e veio para o Brasil usada pelos pobres na Guerra do Paraguai. Até o começo do século, usar bombachas em um baile, seria um desrespeito. O gaúcho viajava a cavalo, trajando bombachas e trazia as calças "cola fina", dobradas em baixo dos pelegos, para frisar. As bombachas são largas na Fronteira, estreitas na Serra e médias no Planalto, abotoadas no tornozelo, e quase sempre com favos de mel. A correta bombacha é a de cós largo, sem alças para a cinta e com dois bolsos grandes nas laterais, de cores claras para ocasiões festivas, sóbrias e escuras para viagens ou trabalho. À cintura o fronteirista usa faixa; o serrano e planaltense dispensam a mesma e a guaiaca da Fronteira é diferente da serrana, por esta ser geralmente peluda e com coldre inteiriço. A camisa é de um pano só, no máximo de pano riscado. Em ambiente de maior respeito usa-se o colete, a blusa campeira ou o casaco. O lenço do pescoço é atado por um nó de oito maneiras diferentes e as cores branco e vermelho são as mais tradicionais. Figura 7. Gaúcho e prenda Usa-se mais frequentemente o chapéu de copa baixa e abas largas, podendo variar com o gosto individual do usuário, evitando sempre enfeites indiscretos no barbicacho. Por convenção social o peão não usa chapéu em locais cobertos, como 13 por exemplo no interior de um galpão. As esporas mais utilizadas são as "chilenas", destacando-se ainda as "nazarenas". Botas, de sapataria preferencialmente pretas ou marrons para proteger-se da chuva e do frio usa-se o poncho ou a capa campeira e do calor o poncho-pala. Cita-se ainda o bichará como proteção contra o frio do inverno. Obs.: O preto é somente usado em sinal de luto. O tirador deve ser simples, sem enfeites, curtos e com flocos compridos na serra, de pontas arredondadas no planalto, comprido com ou sem flocos na campanha e de bordas retas com flocos de meio palmo na fronteira. É vedado o uso de bombacha com túnica tipo militar, bem como chiripás por prendas por ser um traje masculino. A indumentária da prenda é regulamentada por uma tese de autoria de Luiz Celso Gomes Yarup, que foi aprovada no 34º Congresso Tradicionalista Gaúcho, em Caçapava do Sul: 01 - O vestido deverá ser, preferencialmente, de uma peça, com barra da saia no peito do pé; 02 - A quantidade de passa-fitas, apliques, babados e rendas é livre; 03 - O vestido pode ser de tecido estampado ou liso, sendo facultado o uso de tecidos sintéticos com estamparia miúda ou "petit-pois"; 04 - Vedado o decote; 05 - Saia de armar: quantidade livre (sem exageros); 06 - Obrigatório o uso de bombachinhas, rendadas ou não, cujo comprimento deverá atingir a altura do joelho; 07 - Mangas até os cotovelos, três quartos ou até os pulsos; 08 - Facultativo o uso de lenço com pontas cruzadas sobre o peito, também facultado o uso do fichu de seda com franjas ou de crochê, preso com broche ou camafeu, ou ainda do chale; 09 - Meias longas brancas ou coloridas, não transparentes; 10 - Sapato com salto 5 (cinco), ou meio salto, que abotoe do lado de fora, por uma tira que passa sobre o peito do pé; 11 - Cabelo solto ou em trança (única ou dupla), com flores ou fitas; 12 - Facultado o uso de brincos de argola de metal. Vedados os de fantasia ou de plásticos; 13 - Vedado o uso de colares; 14 - Permitido o uso de pulseiras de aro de qualquer metal. Não aceitas as pulseiras 14 de plástico; 15 - Permitido o uso de um anel de metal em cada mão. Vedados os de fantasia; 16 - É permitido o uso discreto de maquiagem facial, sem batons roxos, sombras coloridas, delineadores em demasia; 17 - Vedado o uso de relógios de pulso e de luvas; 18 - Livre a criação dos vestidos, quanto a cores, padrões e silhuetas, dentro dos parâmetros acima enumerados. 9. Danças e Ritmos Figura 8. Dança gaúcha As danças ocupam um espaço nobre dentro do tradicionalismo gaúcho. Tanto como expressão de emotividade quanto uma manifestação de arte, que requer técnica e habilidade. Desde os primórdios, a dança se constitui num exercício para corpo e um descanso para espírito. A topografia do terreno, a vestimenta, o espírito, a idiossincrasia e a emotividade do indivíduo, foram os pontos de apoio em que se assentaram as bases para a formação coreográfica que se criou em cada setor do universo. Segue algumas danças e ritmos: 9.1. Danças em Grupos (Invernadas) Balaio: O balaio é brasileiro da gema e procede do Nordeste. O balaio guarda nitidamente a feição de nossos velhos lundus que criaram, no Nordeste do Brasil, o baião ou baiano. O nome “balaio” origina-se do aspecto de cesto que moças dão as suas saias, quando o cantador diz: “moça que não tem balaio, bota a costura no 15 chão”. Teve suas raízes na chula. Inicialmente dançada de pares soltos, com cantigas e danças. Com a evolução surgiu o balaio híbrido, com momentos de pares soltos e outros enlaçados, sempre com sapateiosde peões e giros das prendas. O balaio, como o próprio nome diz, sugere uma dança de círculo. ♪ Eu queria ser balaio balaio eu queria sê, para andar dependurado na cintura de você. Eu queria ser balaio na colheita da mandioca para andar dependurado na cintura das chinocas. Mandei fazer um balaio Pra guardar meu algodão, balaio saiu pequeno Não quero balaio não. Refrão: Balaio, meu bem, balaio, sinhá, balaio do coração. Moça que não tem balaio, sinhá, bota a costura no chão (bis). ♪ 9.2. Chimarrita ou Chamarrita Com o nome de Chama-Rita, foi introduzida pelos colonos açorianos ao início da formação do Rio Grande do Sul, esta dança era então popular no Arquipélago dos Açores e na Ilha da Mandeira. Desde a sua chegada, a “chamarrita" foi-se amoldando às subsequentes gerações coreográficas, como um misto de valsa e chotes. Do Rio Grande do Sul (e de Santa Catarina), a dança passou ao Paraná, ao Estado de São Paulo, bem como às províncias argentinas de Corrientes e Entre Rios, onde ainda hoje são populares as variantes “Chamarrita e Chamame”. 9.3. Chotes Tal como acontecera com as danças de anteriores ciclos coreográficos, a “schottisch” veio a se amoldar, no Rio Grande do Sul, a instrumentação típica, e deu margem a uma nova criação musical, bastante viva e que hoje constitui verdadeira manifestação folclórica do gaúcho, é o chotes. É também usual a pronúncia “chote”. Coreograficamente o chotes herdou os mesmos passos da dança-origem, mas se enriqueceu de uma série de variantes. 16 Variações: • Chote de duas damas: Bonita variante do chote, em que o homem dança com duas damas simultaneamente. Essa presença de duas mulheres não é raridade: antigas danças germânicas também foram assim, os platinos tiveram o “palito”, e na cidade de São Paulo dançou-se da década de 20 um “chote militar” com duas damas. Não necessita de melodia específica, dança- se ao som de um chote comum. Por nós é dançada com partitura de “Chote Laranjeira”. • Chote Inglês: Dança de salão difundido nas cidades brasileiras ao final do século XIX. Suas melodias, executadas ao piano nos centros urbanos, chegaram a ser conhecidas no meio rural. Registramos algumas variantes de chote inglês em várias regiões do Rio Grande do Sul. • Chote Carreirinha: Originária do schottinh trazido pelos imigrantes alemães. Na primeira parte da dança, os pares desenvolvem uma pequena corrida compassada, o que deu razão ao nome da dança: carreirinha. ♪ Mas deixa-estar que eu vou-me embora, Eu vou voltar pro meu rincão, Pra beber água dos teus olhos Sangue do teu coração. Mas deixa-estar que eu vou-me embora, Eu vou voltar pro meu rincão, Que é pra comer churrasco gordo E tomar mate chimarrão. Mas deixa-estar que eu vou-me embora, Eu vou voltar pra fronteira, Que é pra comer churrasco gordo E tomar café de chaleira Mas deixa-estar que eu vou-me embora, Eu vou voltar pra fronteira, Mas eu hei-de levar comigo Este chotes-laranjeira! ♪ 17 10. Música Nativista É um gênero musical brasileiro característico do Rio Grande do Sul e que tem como temas principais o amor pelas coisas do Estado, pelo campo, pelo cavalo, pelos rios e pela mulher. 10.1. Música Gaúcha A música gaúcha de origem tradicionalista parece ter origem na escola literária do parnasianismo, por sua semelhança quando canta coisas da natureza e do ambiente como: a terra, o chão, os costumes, o cavalo - e pela musicalidade, sempre buscando a rima num arranjo muito acertado com as melodias, criando entre letra, música e dramatização, uma dinâmica que rebusca origens e paixões. Vale a pena estudar este aspecto e descobrir que por outras origens históricas podemos enriquecer nossas culturas. O estilo musical gauchesco mostra também origens fortes na música flamenca espanhola, e na música portuguesa. Os campos harmônicos bem arranjados, denotam ritmos bem elaborados e melodias com dois ou mais violões. Com uma formação harmônica/melódica complexa, a música tradicionalista torna-se difícil de ser interpretada em alguns casos, por outros grupos ou músicos que não possuem ligação direta com a cultura gaúcha. 10.2. Música Nativista e Tradicionalista Apesar de tratar dos mesmos temas que os tradicionalistas, os nativistas discordam destes em alguns pontos. Entre os pontos de maior divergência estão o passado do Rio Grande do Sul e a influência espanhola dos países vizinhos. São divergências bastante sutis, mas podem ser percebidas em certas canções, como por exemplo "Sabe, Moço", cantada por Leopoldo Rassier, que fala da tristeza de um soldado que lutou nas guerras históricas do estado e recebeu cicatrizes em vez de medalhas. É um assunto que dificilmente seria abordado pelos tradicionalistas, que preferem ver glória e heroísmo nas mesmas guerras. Quanto à influência espanhola, os tradicionalistas têm um certo desprezo por considerar que os espanhóis muitas vezes no passado foram inimigos nas guerras 18 em que o estado se envolveu. Os nativistas, por outro lado, não se envergonham de admitir que muitas características culturais e folclóricas são originárias dos países vizinhos (Argentina e Uruguai), muitos chegam a gravar músicas em espanhol e até se fala em "três pátrias gaúchas" (Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul). Outro ponto de divergência entre tradicionalistas e nativistas é a religião. Tradicionalistas na maioria das vezes são católicos fervorosos, enquanto alguns nativistas poucas vezes falam em Deus, e há letras que chegam a falar em Ateismo (como por exemplo a canção Changueiro De Vida E Lida, cantada por Adair de Freitas, Jari Terres e Luiz Marenco) 10.3. Nativismo e Tchê Music Existe um certo atrito entre os artistas nativistas e os representantes da Tchê Music. A principal razão disso é cultural: enquanto os nativistas buscam o retorno às raízes da música gaúcha, os "tchê's" buscam modernizá-la, adicionando elementos de ritmos brasileiros e até estrangeiros - o que faz com que os nativistas afirmem que a música deles já não é mais tipicamente gaúcha. As acusações geralmente incluem também, por parte dos nativistas, o fato de os representantes da Tchê Music trabalharem para tornar seu som o mais dançante e comercial possível. Os "tchês", por sua vez, acusam os nativistas e tradicionalistas de tentarem prejudicar seu trabalho, impedindo-os de tocar em CTG´s, bailes tradicionais e eventos diversos realizados pelo MTG ou por outras entidades tradicionalistas e/ou nativistas. 11. Culinária Gaúcha E na culinária, temos o tradicional churrasco, costelão em fogo de chão, mas também temos outros pratos como carreteiro, e onde tudo começou com o famoso charque. 11.1. Arroz de Carreteiro Popularmente conhecido como “Carreteiro”, é um dos mais populares pratos do Rio Grande do Sul. O prato surgiu quando os carreteiros (transportadores de 19 cargas) que atravessavam o sul do Brasil em carretas puxadas por bois coziam, em panela de ferro, uma mistura de charque picada com arroz. A forma de preparar continua basicamente a mesma até hoje. Figura 9. Arroz carreteiro 11.2. Tainha na Taquara A região litorânea do Estado também tem pratos que ilustram o cardápio de comidas típicas. A tainha na taquara conforme figura 10 é mais popular no litoral sul e na região do lago Guaíba e suas ilhas, como a ilha da Pintada. O prato constitui-se de uma tainha – ou anchova – assada sobre a lenha em brasa presa a um espeto feito de bambu-taquara. Também é o prato típico mais vendido durante a Festa do Mar, realizada de dois em dois anos na cidade de Rio Grande. Figura 10. Tainha na taquara 20 11.3. Matambre recheado Mais um prato feito a base de carne é o matambre recheado. Típico do Rio Grande do Sul e de paísesvizinhos, como Uruguai, Argentina e Paraguai. O matambre recheado é feito com a carne de mesmo nome, com o recheio de salsa picada, fatias de cenoura, pimenta e pimentão moído, ovos cozidos duros e condimentado com um pouco de azeite e sal. Figura 11. Matambre recheado 11.4. Paçoca de pinhão com carne assada A Paçoca de Pinhão é um dos pratos típicos gaudérios que fogem um pouco da culinária convencional, mas sem perder a praticidade do preparo. A receita era feita pelos índios do sul que caminhavam longas distâncias e precisavam de energia. Figura 12. Paçoca de pinhão com carne assada 21 Conclusão Conclui-se então que diversidade histórica é um conjunto de características próprias, de costumes, de crenças juntas em um só lugar; é o conjunto de tudo isso que foi passado de geração para geração e ainda deixam marcas evidentes nas atuais sociedades. No Rio Grande do Sul à uma vasta diversidade cultural tendo em consideração que é um estado costurado por culturas das mais diversas do mundo devido ao processo de colonização vivido. O conjunto de diferentes crenças, culinárias, músicas e tantas outras coisas é uma diversidade histórica. Em nossa língua há uma enorme diversidade, ela surgiu dessa miscigenação entre os povos colonizadores, e os índios nativos do País e diversos imigrantes trazidos para o Brasil no período colonizador. Nossa língua é uma das mais ricas do mundo. 22 Bibliografia http://dancas_tipicas.info/mos/view/Sul/index.html http://www. klickeducacao.com.br/bcoresp/bcoresp_mostra/0,6674, POR-673-60 87 - h, 00.html http:// www.brasilescola.com/brasil/aspectos-culturais-regiao-sudeste.html http:// www.mundoeducacao.com.br/geografia/cultura-regiao-sul.html Manual de danças Gaúchas, J. C. Paixão Cortes e L. C. Barbosa Lessa http://www.cantogauderio.com.br http://www.paginadogaucho.com.br http://www.musicas.mus.br http://www.beakauffmann.com http://www.rstche.com.br
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