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Associação Criminosa x Organização criminosa

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ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA X ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: ALTERAÇÕES E INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 12.850/13
	Leonardo José Fraga Pinto
RESUMO - O presente trabalho visa estabelecer a distinção entre os crimes praticados por dois ou mais indivíduos, principalmente após as alterações trazidas pela lei 12.850/13, levando em consideração que esta fez alterações no Código Penal e trouxe a definição do que seria o crime organizado, que até então possuia apenas a doutrina para conceituá-lo. A partir das modificações trazidas pela lei, o aplicador conseguiu diferenciar com mais clareza as hipóteses de crimes praticados em concurso. Num primeiro momento este artigo tentará explicar a definição da associação criminosa e do crime organizado, para posteriormente adentrar na distinção e na punibilidade. Para tanto, utilizamo-nos de diversas fontes bibliográficas e estudos científicos realizados por diversos doutrinadores. Leva em conta a presente monografia disposições da legislação anterior e da legislação vigente no que diz respeito ao crime organizado.
PALAVRAS-CHAVE: Crime Organizado. Associações Criminosas. Distinção. Punibilidade.
ABSTRACT - The work in question aims to distinguish between crimes committed by two or more individuals, mainly after the changes brought by law 12.850 / 13, taking into account that it made changes in the Criminal Code and brought the definition of what would be organized crime, which until then had only the doctrine to conceptualize it. From the modifications brought by the law, the applicator was able to differentiate more clearly the hypotheses of crimes practiced in group. At first, this article will try to explain the definition of the criminal association and of the organized crime, later to enter in the distinction and the punibility. For both, we make use of several bibliographic sources and scientific studies carried out by various doutrinadores. It takes into account the present monograph provisions of previous legislation and legislation in respect of the organised crime. 
KEYWORDS: Organized Crime. Criminal Associations. Distinction. Punibility.
1 – INTRODUÇÃO
	As organizações criminosas diferem das associações criminosas devido ao grau de complexidade que lhes é inerente, sobretudo em sua estrutura hierarquizada e sua organização.
	O presente trabalho tem como escopo a análise, dentro do Direito Penal e Processual Penal das diferenças entre as organizações criminosas e das associações criminosas à luz da Lei 12.850/2013, que veio trazendo alterações e inovações a estes institutos. Para tanto, a pesquisa procurará analisar e estabelecer a diferença conceitual e os requisitos pertinentes a cada hipótese.
	Buscará, deste modo, trazer à baila o estudo do instituto da associação criminosa. “Houve a modificação do nomen iuris do delito previsto no art. 288 do Código Penal, conhecido como Quadrilha ou Bando, passando a ser denominado como Associação Criminosa.”1 CURY, Rogério. Associação Criminosa. In: Jus Brasil. São Paulo, 2014. Disponível em: <http://rogeriocury.jusbrasil.com.br/artigos/112029464/associacao-criminosa> Acesso em: 01 out 2018. Nesta esteira, pretende-se apresentar as modificações advindas da Lei 12.850/13, demonstrando os requisitos e a punibilidade concernentes ao crime de associação criminosa, em paralelo ao crime organizado. 
	Necessitará, por fim, adentrar à definição de crime organizado para buscar estabelecer a distinção necessária para a melhor captação do que efetivamente se considera atuação de organizações criminosas, no sentido efetivo do termo. A propósito, aqui também se concentra na, talvez, mais notável inovação trazida pela Lei 12.850/2013, qual seja: a definição de crime organizado, pelo que se procede a um breve histórico acerca dos problemas antes havidos em decorrência da anterior omissão legislativa sobre o tema, sobretudo em sede da Lei n. 9.034/95, revogada expressamente por esta que é objeto deste estudo. “Por muito tempo, a lacuna legal fez com que o Ministério Público, com intuito de proteção social e maior abrangência relacionada à tipificação do delito em questão, se valesse da Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional,”2 DE MIRANDA, Eliana Cristina Fernandes; PANHOZZA, João Victor Serra Netto. Nova lei de Organização Criminosa. In: Conjur. São Paulo, 2014. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2014-jun-25/lei-organizacao-criminosa-trouxe-ferramentas-crime> Acesso em: 01 out 2018. a conhecida Convenção de Palermo.
	Por fim, em sede das considerações finais, procede-se ao arremate conclusivo acerca dos elementos colacionados ao longo da pesquisa, estabelecendo com clareza as definições, as distinções e as diferentes formas de punir os crimes praticados por dois ou mais indivíduos.
2 - ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA X ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: ALTERAÇÕES E INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 12.850/13: ANÁLISE CONCEITUAL
	Os delitos apresentados pela Parte Geral do Código Penal Brasileiro em regra demonstram situações delituosas praticáveis por apenas um indivíduo. Ocorre que esses fatos protegidos pela norma penal podem ser, em alguns casos, obra de um ou de vários agentes. Para uma melhor interpretação no momento de aplicar a lei, é necessário que haja clareza na distinção entre estes delitos praticados por mais de um indivíduo, motivo pelo qual se procede o presente trabalho.
2.1 - DAS ASSOCIAÇÕES CRIMINOSAS: ALTERAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 12.850/2013
	A denominação dada ao tipo penal do artigo 288 do Código Penal era “Quadrilha ou Bando” até meados do ano de 2013. Com o advento da Lei 12.850/2013, este recebeu nova redação, passando a ser chamado de “Associação Criminosa”. Conforme João Paulo Orsini Martinelli:
[...]Associar significa reunir com intenção de permanência, ou seja, não é uma mera reunião temporária. Tradicionalmente, a doutrina faz a distinção entre a associação criminosa, com caráter de longevidade, e o concurso de pessoas destinado a fato determinado. Essa diferenciação traz um dos problemas do crime, pois a prova do dolo de permanência é muito difícil. No Direito Penal da responsabilidade subjetiva, deve-se provar o intuito dos agentes em se reunirem – e não apenas se juntarem eventualmente – para o fim específico de cometer crimes. O STF, no julgamento da AP 470, confirmou a necessidade de que a “affectio societatis deveria ser qualificada pela intenção específica de delinquir ou o dolo de participar de associação criminosa e autônoma para praticar crimes indeterminados” (Informativo STF 737). 3 MARTINELLI, João Paulo Orsini. O crime de associação criminosa, a paz pública e o direito penal. In: JusBrasil., São Paulo, fev 2015. Disponível em: < http://jpomartinelli.jusbrasil.com.br/artigos/164896851/o-crime-de-associacao-criminosa-a-paz-publica-e-o-direito-penal?ref=topic_feed> Acesso em: 30 set 2018. 
	Este, diferentemente do simples concurso de pessoas, precisa necessariamente que seja praticado em conjunto e de forma estável, estabelecendo, pois, um concurso necessário, ou seja, uma situação “em que o tipo penal reclama a pluralidade de agentes, que podem ser coautores ou partícipes, imputáveis ou não, conhecidos ou desconhecidos, e inclusive pessoas em relação às quais já foi extinta a punibilidade.”4 MASSON , Cleber. Direito Penal Esquematizado. 4ª ed. São Paulo: Método. 2011, p. 191. 
	Na antiga redação dada pelo legislador, o crime do artigo 288 consistia na associação de no mínimo quatro pessoas e deveria ser estável e permanente para fins criminais, ou seja, essas pessoas deveriam estar constantemente juntas, reunidas para a prática de crime de qualquer espécie. No entanto, com o advento da Lei nº 12.850/2013 o delito passou denominar-se de "Associação Criminosa" pressupondo para formação do tipo penal 'uma associação estável de três ou mais pessoas, para o fim específico da cometer crimes.'5 BRASIL, Lei 2.848, de 7 de Dezembro de 1940 – Código Penal. Brasília: Congresso Nacional, 1940. Disponivel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm> Acesso em: 03 out 2018.. Percebe-se, então, que o legislador ampliou a abrangência do tipo, alcançando as associações com pelo menos três indivíduos.
	A Lei 12.850/2013 define e estrutura uma organização criminosa, mais complexa que a associação criminosa, a ser estudada posteriormente. No caso do atual delito tipificado no artigo 288 do Código Penal Brasileiro, observa-se que este não exige uma estrutura ordenada e muito menos uma divisão de tarefas, como é o caso das organizações propriamente ditas.
	Importante destacar que a associação criminosa é um crime autônomo, consumando-se independentemente da prática dos crimes por ela pretendidos. Na prática, é quase inviável que se configure a associação criminosa sem que o grupo tenha cometido qualquer outro crime, mas para a doutrina, este se consuma independentemente de outros resultados.
	Necessário esclarecer que as alterações trazidas pela lei 12.850/2013 não se encerram na nova nomenclatura. A nova redação dada ao parágrafo único do artigo 288 do Código Penal proporciona também uma alteração benéfica aos réus. Antes da vigência da nova lei, a pena aplicava-se em dobro se a quadrilha ou bando fosse armado. Agora, a pena aumenta-se até a metade se a associação é armada e também se houver a participação de criança ou adolescente. Neste sentido:
A Lei 12.850/13 alterou também o parágrafo único do art. 288 do CP. Optou o legislador por diminuir o quantum da majorante. Antes, a associação armada tinha a pena dobrada. Agora, aumenta-se a reprimenda de ½, mudança benéfica, que deve retroagir para alcançar os fatos pretéritos (art. 2º, parágrafo único do CP). Criou, ainda, mais uma circunstância majorante: quando o crime envolver a participação de criança ou adolescente, devendo o agente, obviamente, conhecer a condição etária do menor, evitando-se responsabilidade penal objetiva.6 CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Crime Organizado: Comentários à nova Lei sobre o crime organizado. 2ª ed. São Paulo: JusPodium. 2014, p. 148. 
	Analisando conceitualmente, conclui-se que o delito de associação criminosa constitui, então, crime autônomo e de concurso necessário, devendo existir a associação de três ou mais indivíduos com o intuito de praticar infrações penais, de forma estável, mesmo que estas não venham a se consumar.
	2.2 - DAS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS: INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 12.850/2013
	A primeira lei a tratar do crime organizado no Brasil foi a lei 9.034/1995, que dispunha sobre os meios para repressão e prevenção de ações praticadas por organizações criminosas. Ocorre que o legislador ao editar tal lei, falhou em diversos aspectos, principalmente no que diz respeito à conceituação do que seria efetivamente uma organização criminosa. Neste sentido:
“No ano de 1995 o Brasil editou a lei 9.034 dispondo sobre a utilização de meios operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas. Apesar de louvável, a iniciativa veio acompanhada de falhas, chamando a atenção a ausência de definição do próprio objeto da Lei: organização criminosa”7 CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Crime Organizado: Comentários à nova Lei sobre o crime organizado. 2ª ed. São Paulo: JusPodium. 2014, p. 148. 
	Em breve leitura da referida Lei, podia-se concluir que ela possuía caráter eminentemente processual, e devido à lacuna deixada pela não conceituação do objeto da lei, necessário se fez o estudo e criação de uma nova lei que preenchesse todas as falhas.
	Na tentativa de conceituar o termo organização criminosa, percebe-se que “não é possível definir com absoluta exatidão o que seja 'organização criminosa' através de conceitos estritos ou mesmo exemplos de condutas criminosas8 MENDRONI, Marcelo Batlouni. Comentários à Lei de Combate ao Crime Organizado. São Paulo: Atlas. 2013, p. 1. , isso ocorre porque estas organizações possuem um enorme poder variante, ou seja, têm a capacidade de alternar suas atividades visando alcançar mais lucros, dificultando a atividade do legislador, que ao tentar acompanhar as variações da empresa criminosa, estará sempre em atraso. 
	Em 2012, a lei 12.694/12, na tentativa de preencher a lacuna deixada pela lei 9.034/95, trouxe para o ordenamento jurídico brasileiro uma definição do que seria organização criminosa: 
“Art. 2º- Para os efeitos desta Lei, considera-se organização criminosa a associação, de 3 (três) ou mais pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de caráter transnacional.”9 BRASIL, Lei 12.850/13, de 02 de agosto de 2013. Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12850.htm> Acesso em: 24 set 2018. 
	Na sua definição, a Lei 12.694/2012 começou a expor os requisitos para a configuração de uma organização criminosa, apresentando suas características e objetivos. Todavia, mesmo preenchendo a lacuna deixada pela lei anterior, no ano seguinte à edição da Lei 12.694/12 vislumbrou-se a necessidade da edição da lei 12.850/13 que define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal. Esta lei revoga a Lei 9.034/1995.
	A nova lei, em seu parágrafo primeiro do seu artigo primeiro, afirma que se considera organização criminosa a associação de quatro ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos, ou que sejam de caráter transnacional. Desta feita, percebem-se pequenas alterações com relação ao conceito trazido pela lei anterior. Neste sentido, Ribeiro da Costa afirma que:
A distinção do conceito atual é o número mínimo de pessoas integrantes da organização e o mínimo penal deve ser maior que 4 anos quando a infração penal for nacional, este termo “infração penal” expande para atividades consideradas contravenções penais, não apenas a prática de crimes como previsto na legislação do ano anterior.10 RIBEIRO DA COSTA, Thalison Clóvis. Criminalidade Organizada: estudos sobre a lei de organizações criminosas (Lei n. 12.850/13). In: Âmbito Jurídico. Rio Grande, XVI, n. 118, nov 2013. Disponível em: <http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13869>. Acesso em: 03 out 2018. 
	Importante salientar que a nova Lei também tipificou o crime de organização criminosa, em seu artigo segundo. Deste modo, quem promove, constitui, financia ou integra uma organização, pode ter uma pena cominada entre quatro e oito anos, mais multa, sem prejuízo de outras infrações penais e não levando em conta nenhuma qualificadora.
	Conclui-se que para que se configure uma organização criminosa, é necessária a formação de uma verdadeira empresa. É visível que deve haver uma certa hierarquia, como também divisão de tarefas, com o objetivo de obter vantagem de qualquer natureza. O crime definido pelo artigo segundo da Lei 12.850/2013, é também um crime formal, ou seja, “consuma-se com a simples prática dos verbos (“convergência de vontades”), não sendo necessário que se efetivem os crimes.11 ISHIDA, Válter Kenji. O crime de Organização Criminosa. In: Jornal Carta Forense. São Paulo, 2013. Disponível em: <http://www.cartaforense.com.br/conteudo/artigos/o-crime-de-organizacao-criminosa-art-2%C2%BA-da-lei-n%C2%BA-128502013/12020> Acesso em 03 out 2018. ”
	3 - DISTINÇÃO E PUNIBILIDADE
	Conforme demonstrado anteriormente, apesar da pluralidade de agentes na prática delituosa, e da existência de liames psicológicos subjetivos entre os autores, os crimes de associaçãocriminosa e o de organização criminosa não se confundem.	
	Desta feita, o crime de associação criminosa, como sendo uma infração autônoma, configura-se quando os componentes do grupo formam uma associação estável, permanente e organizada, devendo haver a adesão de todos os indivíduos. A associação deve existir de forma estável e permanente, com o objetivo de praticar vários crimes.
	Entende-se que, basicamente, a diferença entre organização criminosa e associação criminosa está no modo de constituição do grupo criminoso, no grau de requinte na formação da associação criminosa.
	Nesta senda, a Lei que define as organizações criminosas, qual seja, a Lei 12.850/2013, tem-se que a organização criminosa exige a reunião de, pelo menos, quatro pessoas, estruturalmente ordenado e caracterizado pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, sob um comando individual ou coletivo, com o fim de cometimento de infrações penais que tenham penas máximas superiores a quatro anos. Por sua vez, a associação criminosa (art. 288 do CP) é menos sofisticada, bastando três pessoas e não exigindo estrutura ordenada, nem divisão de tarefas, como também prescinde de um líder. Neste sentido, Marcelo Batlouni Mendroni exemplifica:
“Quatro pessoas se reúnem e combinam assaltar bancos. Acertam dia, local e horário, em que se encontrarão para o assalto. Decidem funções de vigilância e execução entre eles e partem. Executam o crime em agência bancária eleita às vésperas. Repetem a operação em dias quaisquer subsequentes. Formaram “associação criminosa”. Se, ao contrário, as pessoas reunidas planejam – de forma organizada – os assaltos, buscando informações privilegiadas preliminares – como por exemplo estudar dias e horários em que determinada agência bancária contará com mais dinheiro em caixa, a sua localização na agência, a estrutura da vigilância e dos alarmes, planejar rotas de fuga, infiltrar agentes de segurança, neutralizar as câmeras filmadoras internas etc.-, esse grupo poderá ser caracterizado como uma organização criminosa voltada para a prática de roubo a bancos. Enquanto a primeira inexiste prévia organização para a prática, os integrantes executam as suas ações de forma improvisada ou desorganizada, na segunda sempre haverá mínima atividade organizacional prévia de forma a tornar os resultados mais seguros.”12 MENDRONI, Marcelo Batlouni. Comentários à Lei de Combate ao Crime Organizado. São Paulo: Atlas. 2013, pag. 6. 
	Neste diapasão, organização criminosa deve haver o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais com penas máximas superiores a quatro anos. Na associação criminosa, a reunião de pessoas para o cometimento de infrações não exige o objetivo de obtenção de uma vantagem, podendo ocorrer com o simples fim de emulação, perversidade.
	Além da distinção, mister se faz demonstrar como se opera a punibilidade em cada espécie ora estudada. Cada instituto penal é punido de forma diferente, de acordo com a culpabilidade do agente.
	Insta destacar que o artigo 288, ao definir o crime de associação criminosa, determina a punição para quem incorrer nas sanções penais deste artigo de reclusão de um a três anos. Parece intuitivo que o legislador foi brando ao determinar a punibilidade em limites tão baixos. Neste sentido:
Lamentavelmente, a Casa das Leis preferiu manter a pena de reclusão variando de 1 a 3 anos, admitindo, na forma básica, suspensão condicional do processo, ficando, inclusive, inviável a preventiva quando o associado for primário. Ora, não enxergamos crime mais condizente com a necessidade de prisão para a manutenção da ordem pública do que a associação de pessoas para a prática de crimes. 13 CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Crime Organizado: Comentários à nova Lei sobre o crime organizado. 2a Ed. São Paulo: JusPodium. 2014, p 147. 
	O parágrafo único deste artigo, após a alteração advinda da lei 12.850/2013, determina que a pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver participação de criança ou adolescente. Ora, vejamos:
A Lei 12.850/13 alterou também o parágrafo único do art. 288 do CP. Optou o legislador por diminuir o 'quantum' da majorante. Antes, a associação armada tinha pena dobrada. Agora, aumenta-se a reprimenda de ½, mudança benéfica, que deve retroagir para alcançar os fatos pretéritos (art. 2o, parágrafo único do CP). Criou, ainda, mais uma circunstância majorante: quando o crime envolver a participação de criança ou adolescente, devendo o agente, obviamente, conhecer a condição etária do menor, evitando-se responsabilidade penal objetiva.14 CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Crime Organizado: Comentários à nova Lei sobre o crime organizado. 2a Ed. São Paulo: JusPodium., p. 148. 
	Já com relação ao crime de organização criminosa, que encontrou definição na Lei 12.850/2013, há que se falar que, de acordo com o artigo segundo da mesma Lei, aquele que integrar, promover, constituir ou financiar, por si ou por terceira pessoa, uma organização criminosa, irá incidir nas sanções penais deste artigo, quais sejam, reclusão de três a oito anos e multa. Tratando-se de delito autônomo, a punição da organização independe da prática de qualquer crime pela associação, o qual, ocorrendo, gera o concurso material.15 Idem. Ibidem, p. 14. 
	Além da pena integradora do próprio tipo penal, em parágrafos subsequentes o legislador estabelece situações em que a pena pode ser agravada ou aumentando o alcance das sanções penais, como é o caso do parágrafo primeiro, que determina que incidirá nas mesmas penas quem impedir ou embaraçar, de qualquer forma, a investigação de uma infração penal que possa envolver organização criminosa.
	Como no delito de associação criminosa, que tem sua pena agravada por uso de arma de fogo, não se faz distinção deste ora estudado. Em seu parágrafo segundo do artigo segundo, o legislador estabelece que as penas irão aumentar-se até a metade se houver uso de arma de fogo. Neste sentido:
Há possibilidade de configuração de organização criminosa 'desarmada', ou seja, que, a princípio, não pratica os crimes mediante uso e necessidade de uso de armas de fogo, como por exemplo para praticar crimes de estelionatos e crimes contra a administração pública. A lei, entretanto, decidiu graduar a pena daquelas que empregam armas de fogo, exatamente em função de periculosidade dos agentes e do potencial dano às vítimas.16 Idem. Ibidem. p. 18. 
	Quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, tem sua pena agravada. O parágrafo terceiro pune mais severamente quem possui o domínio da organização.
	Já no parágrafo quarto, a pena aumenta-se de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços) em situações diversas, como no caso da participação de criança ou adolescente, ou quando há concurso com funcionário público que, valendo-se de sua condição, pratica a infração penal. A pena poderá também ser agravada quando o produto do crime destinar-se, no todo ou em parte, para o exterior. E se a organização criminosa mantiver conexão com outras, como também no caso de transnacionalidade.
	Em linhas gerais, possível se faz estabelecer a distinção entre estes três institutos penais que se configuram com a atuação de mais de um agente. É possível estabelecer as nuances e minúcias em cada caso e demonstrar que a punição é dada de acordo com o entendimento do julgador em cada situação fática.
4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
	A título de arremate, cabe-nos concluir que as organizações criminosas são estruturas complexas, hierarquizadas e estruturadas, que se distanciam das associações criminosas devido à sua inerente complexidade, necessitam, pois, de uma estruturação equivalente quando se fala dos meios de prevenção e repressão que o Estado pode usufruir. 
	É possível dizer, em suma, que após um longo período de obscuridade acerca do tratamento dispensado ao crime organizado devido às legislações omissas, como também em relação ao atraso em se tratando do crime de associação criminosa,o ordenamento jurídico brasileiro e, sobretudo, a política criminal do país possui condições de enfrentar a criminalidade organizada de maneira, no mínimo, decente. 
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. LIVROS:
CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Crime Organizado: Comentários à nova Lei sobre o crime organizado. 2ª ed. São Paulo: JusPodium. 2014;
MASSON , Cleber. Direito Penal Esquematizado. 4ª ed. São Paulo: Método, 2011;
MENDRONI, Marcelo Batlouni. Comentários à Lei de Combate ao Crime Organizado. São Paulo: Atlas. 2013;
2. LEGISLAÇÃO:
BRASIL, Lei 2.848, de 7 de Dezembro de 1940 – Código Penal. Brasília: Congresso Nacional, 1940. Disponivel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm>;
BRASIL, Lei 12.850/13, de 02 de agosto de 2013. Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12850.htm>;
3. ARTIGOS:
CURY, Rogério. Associação Criminosa. In: Jus Brasil. São Paulo, 2014. Disponível em: <http://rogeriocury.jusbrasil.com.br/artigos/112029464/associacao-criminosa>;
DE MIRANDA, Eliana Cristina Fernandes; PANHOZZA, João Victor Serra Netto. Nova lei de Organização Criminosa. In: Conjur. São Paulo, 2014. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2014-jun-25/lei-organizacao-criminosa-trouxe-ferramentas-crime>;
ISHIDA, Válter Kenji. O crime de Organização Criminosa. In: Jornal Carta Forense. São Paulo, 2013. Disponível em: <http://www.cartaforense.com.br/conteudo/artigos/o-crime-de-organizacao-criminosa-art-2%C2%BA-da-lei-n%C2%BA-128502013/12020>;
MARTINELLI, João Paulo Orsini. O crime de associação criminosa, a paz pública e o direito penal. In: JusBrasil. São Paulo, fev 2015. Disponível em: < http://jpomartinelli.jusbrasil.com.br/artigos/164896851/o-crime-de-associacao-criminosa-a-paz-publica-e-o-direito-penal?ref=topic_feed>;
RIBEIRO DA COSTA, Thalison Clóvis. Criminalidade Organizada: estudos sobre a lei de organizações criminosas (Lei n. 12.850/13). In: Âmbito Jurídico. Rio Grande, XVI, n. 118, nov 2013. Disponível em: <http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13869>.

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