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1 Avaliação Neuropsicológica: fruto da união entre a Psicologia e a Neurociência Arlene Luzia Ivarras Maia – arleneivarras@gmail.com MBA Avaliação Psicológica Instituto de Pós-Graduação - IPOG Campo Grande, MS, 18 de Março de 2019 Resumo Este artigo aborda as influências de teorias como Psicologia e Neurociência no processo de Avaliação Neuropsicológica, apresentando a problemática como: De que forma os conhecimentos cientificos da psicologia e da neurociência influência na realização da avaliação neuropsicológica? Acredita-se que as teorias da psicologia assim como da neurociência podem corroborar para que o processo de avaliação psicologica possa ser realizado com mais qualidade abrangendo conhceimentos teoricos de ciências divergentes com o mesmo objeto de estudo. Este trabalho tem como objetivo levantar dados de relevância sobre a psicologia e neurociência relacionados a avaliação neuropsicólogica abrangendo os conhecimentos da própria psicologia, neurocência bem como os da avaliação psicólogica, neurologia e neuropsicologia. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica atráves de artigos cientificos publicados na base de dados Google Acadêmico e Scielo a partir dos descritores “Avaliação Neuropsicologica”, “Neuropsicologia”, “Avaliação Psicológica”, “Psicologia”, “Neurociência” e “Neurologia” bem como livros e artigos do acervo pessoal. Os resultados desta pesquisa apontam que a avaliação neuropsicologica tem grandes influências das duas ciências quase que nas mesmas proporções, bem como de outras áreas de pesquisas que utilizam os conhecimentos científicos para compreensão do funcionamento e integração mente-corpo estudando o cérebro, a cognição e consequentemente o comportamento. Palavras-chave: Avaliação Neuropsicologica; Avaliação Psicológica; Psicologia; Neurociência; Neuropsicológia. 1. Introdução O presente artigo apresentara uma pesquisa embasada no campo da avaliação neuropsicológica, abordando as influências de teorias como da Psicologia e da Neurociência no processo de avaliação neuropsicológica, sendo uma breve exposição e conceituação da psicologia, da neurologia, da neurociência, da neuropsicologia, da avaliação psicológica e da avaliação neuropsicológica para um melhor entendimento dessa nova estratégia e área de trabalho extremamente importante para o psicólogo na atualidade. No primeiro momento o interesse pelo tema pesquisado foi decorrente da curiosidade para saber qual área de conhecimento mais influenciava a avaliação neuropsicológica. Será a Psicologia ou a área da neurociência? Através dessa curiosidade surgiu o questionamento: De que forma os conhecimentos cientificos da psicologia e da neurociência influência na realização da avaliação neuropsicológica? Acredita-se que as teorias da psicologia assim como da neurociência podem corroborar para que o processo de avaliação psicólogica e/ou neuropsicólogica possa ser realizado com mais qualidade abrangendo conhecimentos teóricos de ciências divergentes com o mesmo objeto de estudo sendo caracterizado pelo cérebro, a cognição e consequentemente o comportamento. Conforme a autora Kristensen (2001) a principal via da psicologia é o estudo do intelecto e das relações entre intelecto e emoção, assim como a influência da neurologia tendo como principal contribuição o estudo e o tratamento da afasia, e o debate sobre localização das funções cerebrais. Já a neurociência compreende o estudo do sistema nervoso e suas ligações com toda a fisiologia do organismo, incluindo a relação entre cérebro e comportamento. (VENTURA, 2010. p. 123). 2 Diante essas influências e contribuições de cada área podemos observar que desde os primordios da neuropsicologia é uma área interdisciplinar de conhecimento e atuação, assim como é citado por Vitor Geraldi Haase et.al (2012.p.3) a neuropsicologia integra conhecimentos, instrumentos, métodos e modelos teóricos de várias áreas, como a Psicologia, a Neurologia, a Psiquiatria dentre outras áreas. Assim como a neuropsicologia recebe influência de várias áreas de atuação a avaliação psicológica é um procedimento que esta inserido em todas as áres de atuação do profissional de psicologia, o qual tem como objetivo identificar, reunir as informações, integrá-las para uma melhor compreensão do funcionamento do indivíduo na relação intrapessoal como interpessoal. Diferentemente da avaliação psicológica, a avaliação neuropsicológica se difere por tomar como ponto de partida o cérebro (MADER, 1996.p.12) contribuindo para o planejamento do tratamento e no acompanhamento da evolução do quadro em relação aos tratamentos medicamentoso, cirúrgico e reabilitação. Para o autor a avaliação neuropsicológica é o método de investigação do funcionamento cerebral através do estudo comportamental, onde os objetivos são basicamente auxiliar o diagnóstico diferencial, estabelecer a presença ou não de disfunção cognitiva e o nível de funcionamento em relação ao nível ocupacional, localizar alterações sutis, a fim de detectar as disfunções ainda em estágios iniciais. (MADER,1996.p.12) A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica atráves de artigos cientificos publicados na base de dados Google Acadêmico e Scielo a partir dos descritores “Avaliação Neuropsicólogica”, “Neuropsicologia”, “Avaliação Psicológica”, “Psicologia”, “Neurociência” e “Neurologia” bem como livros e artigos do acervo pessoal. Este trabalho tem como objetivo geral Levantar dados de relevância sobre a psicologia e neurociência relacionados a avaliação neuropsicólogica abrangendo os conhecimentos da própria psicologia, neurocência bem como os da avaliação psicólogica, neurologia e neuropsicologia e demais areas derivadas da junção entre as duas áreas de conhecimento cientifico, dentre outras áreas de pesquisas que utilizam os conhecimentos científicos para compreensão do funcionamento e integração mente-corpo. Conforme citado por Ribeiro (2013, p. 17) um trecho da poetisa Cecília Meireles, onde retrata que a consciência é algo “que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda...”. E com essa frase vamos tentar entender qual área explica e contribuie para o entendimento desse fenômeno tão complexo que trás consigo a relação mente e comportamento. 2. Desenvolvimento A psicologia no Brasil teve seu marco legal em 27 de Agosto do ano de 1962 pela Lei 4.119 que dispõe sobre os cursos de formação em psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo. (BRASIL, 1962) , criando os Conselho Federal 1 e os Conselhos Regionais de Psicologia para regulamentar, orientar e fiscalizar o exercício profissional pela Lei n o 5.766, de 20 de dezembro de 1971. (BRASIL, 1971) Assim descrito nos seu Art. 1º Ficam criados o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Psicologia, dotados de personalidade jurídica de direito público, autonomia administrativa e financeira, constituindo, em seu conjunto, uma autarquia, destinados a orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de Psicólogo e zelar pela fiel observância dos princípios de ética e disciplina da classe. De acordo com Kristensen (2001), a história da psicologia pode ser traçada a partir de quatro diferentes vias: da gnosiologia, da psicopatologia, do romantismo e da neurologia. A via gnosiológica está associada à história clássica e mais conhecida da psicologia [...] apresenta o desenvolvimento da psicologia como o estudo do intelecto e das relações entre intelecto e emoção. [...] A grande contribuição foi os estudos da aprendizagem. A segunda via é claramente fisiológica e médica e tem por objetivo compreender e tratar as desordens psicopatológicas do intelecto e das emoções. [...] A grande contribuição foi a psicoterapia. A 1 O Conselho Federal de Psicologia – CFP é uma autarquia de direito público, com autonomiaadministrativa e financeira, cujos objetivos, além de regulamentar, orientar e fiscalizar o exercício profissional, como previsto na Lei 5766/1971, regulamentada pelo Decreto 79.822, de 17 de junho de 1977, deve promover espaços de discussão sobre os grandes temas da Psicologia que levem à qualificação dos serviços profissionais prestados pela categoria à sociedade. Órgão central do Sistema Conselhos, o CFP tem sede e foro no Distrito Federal e jurisdição em todo o território nacional. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%205.766-1971?OpenDocument 3 terceira via também concentrou seus esforços no estudo do intelecto e das emoções, mas marcou sua contribuição no desenvolvimento de métodos alternativos ao método científico clássico, a saber, os métodos compreensivos ou interpretativos. A grande contribuição foi no campo da relação ética entre o pesquisador e os seus dados. A quarta via, ainda não tão desenvolvida nos compêndios de história da psicologia, caracterizou-se pelo estudo da relação entre distúrbios da fala e lesões cerebrais. A principal contribuição foi o estudo e o tratamento da afasia, e o debate sobre localização das funções cerebrais. ( KRISTENSEN, 2001. p.260) Para a validade de todas essa contribuições a avalição psicologica veio pretendendo acrescentar um cunho científico a esta atividade, utilizando o método da observação e formulação de hipóteses e inferências confiáveis para sua prática profissional (PASQUALI, 2001 apud VIEIRA, 2007. p.182). Em 2003, foi criado o Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (SATEPSI) 2 , essa iniciativa resultou na elaboração de critérios de avaliação da qualidade dos testes psicológicos e em uma lista de testes que apresentam evidências científicas para utilização profissional. (NORONHA & REPPOLD, 2010, p. 194) Desde seus primordios as sementes da avaliação psicológica, que hoje constitui uma das funções do psicólogo, foram lançadas numa fase que abrangeu o fim do século XIX e o inicio do século XX, época que marcou a inauguração do uso dos testes psicológicos. (CUNHA, 2000, p.19). O desenvolvimento histórico da avaliação psicológica no Brasil é destacado por Pasquali e Alchieri, (2001), em cinco períodos: 1836-1930: produção médico-cientifico acadêmica; 1930-1962: estabelecimento e difusão da psicologia no ensino nas universidades; 1962-1970: criação dos cursos de graduação em psicologia; 1970-1987: implantação dos cursos de graduação de pós-graduação; 1987: emergência dos laboratórios de pesquisa em avaliação psicológica. (PASQUALI; ALCHIERI, 2001). Diante aos avanços ao longo dos anos, há décadas a avaliação também vem se organizando como associação científica e sendo elemento ativo nos movimentos políticos da Psicologia brasileira. Podemos citar o Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica – IBAP 3 e a Associação Brasileira de Rorschach e outros métodos projetivos – ASBRO. (NORONHA & REPPOLD, 2010, p. 195) A avaliação psicológica precisa ser compreendida como competência imprescindível ao psicólogo – como é disposto nas diretrizes curriculares que regem a formação profissional – e como área que requer formação específica e atualizada, o que justifica o título de Especialista. (NORONHA & REPPOLD, 2010, p. 199-200) O Conselho Federal de Psicologia com a Resolução nº 9, de 25 de abril de 2018 Estabelece diretrizes para a realização de Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicóloga e do psicólogo, regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos - SATEPSI e revoga as Resoluções n° 002/2003, nº 006/2004 e n° 005/2012 e Notas Técnicas n° 01/2017 e 02/2017 Art. 1º - Avaliação Psicológica é definida como um processo estruturado de investigação de fenômenos psicológicos, composto de métodos, técnicas e instrumentos, com o objetivo de prover informações à tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou institucional, com base em demandas, condições e finalidades específicas. 2 As Resoluções nº 25/2001 e nº 02/2003, do Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2010), promulgadas com o intuito de regulamentar o uso e a comercialização dos testes psicológicos, aproximados 30 instrumentos faziam parte da primeira relação do Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (SATEPSI). Hoje, os psicólogos contam com 114 instrumentos, ou seja, ao longo de sete anos, o que se construiu foi muito superior ao produzido em décadas passadas, o que representa um progresso para a AP e traz repercussões para diversas outras áreas da Psicologia. (NORONHA, 2010, p. 195) 3 Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica – IBAP (www.ibapnet.org.br) e a Associação Brasileira de Rorschach e outros métodos projetivos – ASBRO (http://www.asbro.org.br), fundados, respectivamente, em 1997 e 1993 com o intuito de promover o desenvolvimento da área e de representar a avaliação psicológica em órgãos e instituições de interesse do psicólogo. Além da organização de eventos científicos, da formação de grupos de pesquisa e das frequentes discussões sobre a formação profissional, essas instituições têm colaborado com importantes decisões que envolvem a Psicologia no País. Suas participações no Fórum das Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira – FENPB, ao lado de outras 21 entidades, é exemplo disso. (NORONHA, 2010, p. 195) http://www.ibapnet.org.br/ 4 A avaliação psicológica atribui uma das principais funções do psicólogo, tendo como um dos instrumentos à utilização dos testes psicológicos e a produção de documentos escritos decorrente da prestação de serviço. Em seu Art.3° da Resolução nº 9, de 25 de abril de 2018 traz que todos os documentos decorrentes do processo de Avaliação Psicológica deverão ser elaborados em conformidade com a(s) resolução (ões) vigente(s) do CFP. É obrigatória a manutenção de todos os registros dos atendimentos do processo de avaliação psicológica, conforme preconiza a resolução CFP n° 01/2009. Para que os documentos sejam elaborados de acordo com as normas do Conselho Federal de psicologia foi publicada a Resolução nº 4, de 11 de fevereiro de 2019 4 que Institui as regras para a elaboração de documentos escritos produzidos pela (o) psicóloga (o) no exercício profissional, e revoga a Resolução CFP º 07/2003 e Resolução CFP nº 15/1996. Em seus Artigos: Art. 1º - Instituir as regras para a elaboração de documentos escritos produzidos pela (o) psicóloga (o) no exercício profissional. E no Art. 5º em seu § 5º Na realização da Avaliação Psicológica, ao produzir documentos escritos, a (o) psicóloga (o) deve se basear no que dispõe o artigo 2º da Resolução CFP nº 009/2018, fundamentando sua decisão, obrigatoriamente, em métodos, técnicas e instrumentos psicológicos reconhecidos cientificamente para uso na prática profissional da (do) psicóloga (o) (fontes fundamentais de informação), podendo, a depender do contexto, recorrer a procedimentos e recursos auxiliares (fontes complementares de informação). Mesmo com todas essas resoluções e muitos anos de lutas para o reconhecimento da avaliação psicologica como uma especialidade em psicologia somente na data de 16 de fevereiro de 2019 foi reconhecida pelo Sistema Conselhos de Psicologia durante a Assembleia das Política da Administração e das Finanças (Apaf) em Brasília. Segundo Daniela Zanini (2019) conselheira do Conselho Federal de Psicologia (CFP), o reconhecimento da especialidade pelo Sistema Conselhos é uma demanda antiga das (os) psicólogas (os) e a Avaliação Psicológica apresenta um conjunto de métodos, técnicas e procedimentos suficientes que a sustentam como uma especialidade. Para Alchieri (2003) a extensão da atividade da avaliação psicológica na pratica profissional dos psicólogos, não é possível referir-se a uma avaliação, caracteriza-la e querer defini-la por sua finalidade (avaliaçãoseletiva, avaliação psico-educacional, avaliação neuropsicológica, etc.) A avaliação psicologica é um procedimento que está inserido em todas as áres de atuação do profissional de psicologia, temos como tais campos a Psicologia Clínica, Psicologia da Saúde e/ou Hospitalar, Psicologia Escolar e Educacional, Neuropsicologia, Psicologia Forense, Psicologia Organizacional e do Trabalho, Psicologia do Esporte, Social e Comunitária, Psicologia do Trânsito, Orientação Vocacional. Diante a visão da avaliação psicológica que tem como identificar, reunir as informações, integrá-las para uma melhor compreensão do funcionamento do indivíduo na relação intrapessoal como interpessoal, sendo utilizada em todos os campos de atuação do psicólogo, podendo contar com a área da neurociência no Brasil através de suas pesquisas com relação corpo-mente. Para elaborar e desenvolver conhecimentos teóricos científicos envolvendo as duas áreas de atuação. Segundo Ventura, (2010) a neurociência no Brasil está representada principalmente pela Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC), que congrega a pesquisa básica da área. A produção neurocientífica está também presente nas Sociedades Brasileiras de Psicologia, de Farmacologia, de Fisiologia, de Bioquímica, e na Brazilian Research Association on Vision and Ophthalmology. Na área clínica, a neurociência brasileira é apresentada nas Sociedades Brasileiras de Neurologia, de Psiquiatria e de Neuropsicologia. (VENTURA, 2010. p. 124) 4 Resolução nº 4, de 11 de fevereiro de 2019.Art.1° Parágrafo único: A presente Resolução tem como objetivos orientar a(o) psicóloga(o) na elaboração de documentos escritos produzidos no exercício da sua profissão, e fornecer os subsídios éticos e técnicos necessários para a produção qualificada da comunicação escrita. https://www.youtube.com/watch?v=4GCZzuyf3xQ https://www.youtube.com/watch?v=4GCZzuyf3xQ 5 A SBNeC, originalmente Sociedade Brasileira de Psicobiologia, tem 34 anos de existência. Foi fundada por Elisaldo Carlini, que reuniu um grupo de psicólogos, psicofarmacólogos, neurofisiologistas, psiquiatras e outros especialistas. (VENTURA, 2010. p. 124) perdurando até os anos 1990 quando, para evitar a criação de uma segunda sociedade na mesma área, dedicada à neuroquímica, decidiu-se mudar o nome da entidade para Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento. (p. 124-125). Entretanto para Ventura (2010.p.125) a manutenção da palavra comportamento como parte do nome tem grande relevância para a área de Psicologia, pois constitui a forma de integrar os psicólogos experimentais na sociedade, valorizando o enfoque no estudo do comportamento. De acordo com Callegaro e Landeira-Fernandez (2007) a neurociência é uma área relativamente nova. Surgiu durante a década de 1970, com o objetivo de articular conhecimentos acerca do sistema nervoso produzidos de forma independente por diferentes disciplinas. As diversas áreas representadas nas neurociências brasileiras surgiram de forma espontânea, de meados do século passado para cá, refletindo oportunidades de treinamento em centros do exterior para os pioneiros da área. (VENTURA, 2010. p. 128) ainda assim envolvem vários campos de pesquisa que abrangem desde a neuroanatomia, neurofisiologia, neurobiologia, genética, neuroimagem, neurologia, neuropsicologia e psiquiatria. A história do desenvolvimento das neurociências está calcada nas contribuições dos cientistas em todas estas áreas. (MADER-JOAQUIM, 2010.p. 47) A neurociência compreende o estudo do sistema nervoso e suas ligações com toda a fisiologia do organismo, incluindo a relação entre cérebro e comportamento. (VENTURA, 2010. p. 123). Observa- se hoje uma interação crescente entre neurociência e psicologia clínica. (CALLEGARO & LANDEIRA-FERNANDEZ, 2007.p. 852) A pesquisa em neurociência visa, dentre seus objetivos, esclarecer os mecanismos das doenças neurológicas e mentais por meio do estudo do sistema nervoso normal e patológico [...] A neurociência contribui também para o esclarecimento das doenças mentais. (VENTURA, 2010. p. 124) Ainda no decorrer de sua obra Ventura, (2010) menciona o “Library of Congress, 2010” onde assegura que a neurociência foi eleita com destaque pelo Governo dos EUA como prioritária na década de 1990, que ficou conhecida como a ‘Década do Cérebro’. A mesma autora refere se ainda que muitos também consideram o século 21 o século do cérebro, no qual as grandes conquistas da humanidade estarão dirigidas para a compreensão das funções neurais humanas. (VENTURA, 2010. p. 123) Ribeiro (2013,p.17) traz que ao longo do século passado, biologia e psicologia sustentaram a unicidade entre corpo e mente com focos bastante diversos: enquanto a primeira privilegiou o estudo do cérebro, a segunda concentrou seus esforços na compreensão dos fenômenos mentais. O tempo do cérebro prenuncia mudanças importantes no modo como crescemos, vivemos e morremos. Às novas gerações de pesquisadores cabe o desafio de integrar todo esse conhecimento em prol do bem comum. (RIBEIRO, 2013, p. 17) Para Lundy–Ekman(2008) apud Moura,(2016) a neurociência propõe-se a investigação do desenvolvimento, condição estrutural, função e patologia do sistema nervoso. Segundo Moura (2016) o objetivo dessa ciência está em compreender e desvendar nuances do sistema nervoso e suas estruturas. Kristensen et al. (2001) justificam a importância das técnicas de neuroimagem e de funções mentais para a neuropsicologia [...]dentro do escopo das neurociências, as técnicas de neuroimagem despertam enorme interesse, pois, para além dos dados estruturais, vislumbram a possibilidade de obter informações fundamentais do funcionamento cerebral de atividades complexas. (KRISTENSEN ET AL. 2001 p. 269) Segundo os autores Porto, Gonçalves e Ventura (2011.p.94) tais técnicas e métodos vem sendo desenvolvidas para analisar a função cognitiva e potencializar a compreensão do funcionamento mental de indivíduos saudáveis e com transtornos psiquiátricos [...] dentre elas estão Tomografia Emissão de Pósitron (PET), Ressonância Nuclear Magnética Funcional (RNMF) e Tomografia por Emissão de Fóton único (SPECT). 6 Por outro lado atualmente o avanço das técnicas de neuroimagem e dos exames laboratoriais diminuiu significativamente a necessidade da avaliação neuropsicológica para o diagnóstico da maior parte das lesões e disfunções neurológicas. (CAPOVILLA. 2007.p 10) Já na década de 1990 os autores mencionavam a importância dessas técnicas tais como tomografia computadorizada e ressonância magnética que quando combinadas à avaliação psicológica representam um enorme avanço para o diagnóstico e tratamento de inúmeras patologias. (p12) sendo que os resultados desses exames evoluíram significativamente para diagnóstico mais preciso de lesões cerebrais. (MADER, 1996.p 16) Nas últimas décadas, os campos mais amplos da neurologia clínica e das neurociências cognitivas beneficiaram-se de inovações técnicas, como procedimentos de neuroimagem de alta resolução espacial (MOGRABI., D.C.; MOGRABI., G.J.C & LANDEIRA-FERNANDEZ., J. 2014.p. 26) assim como afirmou Porto, Gonçalves e Ventura (2011) anteriormente. Um dos desafios atuais da neuropsicologia é acompanhar os últimos desenvolvimentos do campo mais amplo das neurociências, encampando posições que possam revitalizar seus métodos e teorias. Ao mesmo tempo, a neuropsicologia, amparada na vasta riqueza de seus dados clínicos, pode informar produções futuras nas neurociências. Sendo assim, esse desafio deve ser encarado com otimismo. (MOGRABI., D.C.; MOGRABI., G.J.C & LANDEIRA- FERNANDEZ., J. 2014.p. 26) De acordo com Ramos e Hamdan (2016) foi à neurologia que manteve, ao longo do século XIX e início do século XX, o interesse pelas relações entre lesões cerebrais e comprometimentocognitivo. De fato, somente no século XIX se inicia o estudo sistematizado das relações cérebro - comportamento, quando o neuroanatomista Paul Broca (1824-1880), ao utilizar e desenvolver o método anátomo-clínico para o estudo da afasia, contrapoe-se as especulações pouco ortodoxas da frenologia, vigentes na época, e inaugura um método eminentemente científico que correlaciona déficits funcionais e áreas cerebrais. (RAMOS, HAMDAN, 2016, p. 472-473) Com isso, a neuropsicologia, em seus primórdios, sobretudo, é fruto de pesquisas desenvolvidas por médicos neurologistas (Bilder, 2011; Cagnin, 2009; Hamdan et al., 2011; Kristensen et al., 2001 apud RAMOS, HAMDAN, 2016, p. 473 ). Dentre a concordancia dos autores que a neuropsicologia é fruto das pesquisas realizadas por profissionais da área médica, podemos citar que Vitor Geraldi Haase (2012.p.3) trás outras áreas que também influênciou a neuropsicológia: Como parte de um corpo maior de conhecimento, as Neurociências, a Neuropsicologia é uma área interdisciplinar de conhecimento e atuação, que integra conhecimentos, instrumentos, métodos e modelos teóricos de várias áreas, como a Psicologia, a Neurologia, a Psiquiatria (e outras áreas da Medicina), a Linguística, a Psicolingüística, a Neurolinguística, a Inteligência Artificial, a Fonoaudiologia, a Farmacologia, a Fisioterapia, a Terapia Ocupacional, a Educação, a Biologia, entre outras. (HAASE, VITOR GERALDI et al., 2012.p.3) Contudo como o autor mencionou a neuropsicológia trás em suas raizes a influência de diversas áreas de conhecimento a qual proporciona ao profissional realizar uma revisão dos conhecimentos, seleciona-os e utiliza-os em função de seu objetivo: compreender a relação entre cérebro e funções mentais/cognitivas. (HAASE, VITOR GERALDI et al., 2012.p.3) A preocupação com as inter- relações entre cérebro e mente remonta aos antigos egípcios, mas o termo Neuropsicologia surgiu no século XX, com Osler. (MADER, 1996. p.12) Sendo considerada uma disciplina científica que se ocupa das relações cérebro/funções cognitivas, ou seja, das funções cognitivas e suas bases biológicas (RODRIGUES, 1993 apud HAASE, VITOR GERALDI et al., 2012.p.2). Vitor Geraldi Haase (2012.p.2) ao citar Seron (1982) em sua obra revela que a neuropsicologia é uma ciência de caráter interdisciplinar, que busca estabelecer uma relação entre os processos mentais e o funcionamento cerebral, utilizando conhecimento das neurociências, que elucidam a estrutura e o funcionamento cerebral, e da psicologia, que expõe a organização das operações mentais e do comportamento. 7 Além de ser uma ciência interdisciplinar e estudar o funcionamento mental e suas relações com o cérebro. Ela tem raízes na psicologia cognitiva que, ao desenvolver modelos conceituais sobre o funcionamento da mente saudável, compreende as diversas expressões patológicas dessas funções. A outra área de influência da neuropsicologia é a neurologia comportamental que, ao estudar casos clínicos de pacientes neurológicos, desvenda os segredos da interface mente-cérebro. (CHARCHAT- FICHMAN; FERNANDES; LANDEIRA-FERNANDEZ, 2012.p 41) De acordo com Vitor Geraldi Haase et al., (2012.p.3) a Neuropsicologia, tal como conhecemos hoje, surge, em 1932, na França, como o trabalho pioneiro desses três autores representantes de diferentes áreas: um neurologista (Aloajouanine), um psicólogo (Ombredane) e uma linguista (Duran). Assim como os autores Mader-Joaquim (2010) e Ramos, Hamdan (2016) concordam que a neuropsicologia é um ciência com contribuições multidiciplinares tendo fronteiras com a medicina sobretudo com a neurologia, consistindo em uma ciência híbida oriunda de diversas disciplinas básicas. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Neuropsicologia é uma instituição multidisciplinar fundada em 1988. No Brasil, a neuropsicologia começou a ganhar espaço em 1989 com a criação da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia. [...] a neuropsicologia tem crescido de forma significativa com a publicação de diversos materiais, no entanto há ainda um déficit no quesito avaliação neuropsicológico, como ressalta Malloy-Diniz (2010, p. 18): “Talvez, uma das principais carências na área esteja relacionada à Avaliação Neuropsicológica”. O autor aborda a falta de recursos para este tipo específico de avaliação no cenário brasileiro, o que pode ser alterado com o avanço de novas pesquisas na área. .(MOURA, 2016.p.19). Mais recentemente, outros grupos têm se organizado e o Conselho Federal de Psicologia reconheceu a especialidade de neuropsicologia para os psicólogos. (MADER-JOAQUIM, 2010.p. 49) Para tal reconhecimneto o Conselho Federal de Psicologia publicou a Resolução 002/2004: a qual reconhece a Neuropsicologia como especialidade em Psicologia para finalidade de concessão e registro do titulo de Especialista. Em seu Art. 3°- A especialidade de Neuropsicologia fica instituída com a seguinte definição: Atua no diagnóstico, no acompanhamento, no tratamento e na pesquisa da cognição, das emoções, da personalidade e do comportamento sob o enfoque da relação entre estes aspectos e o funcionamento cerebral. Utiliza-se para isso de conhecimentos teóricos angoriados pelas neurociências e pela prática clínica, com metodologia estabelecida experimental ou clinicamente. Utiliza instrumentos especificamente padronizados para avalição das funções neuropsicológicas envolvendo principalmente habilidade de atenção, percepção, linguagem, raciocínio, abstração, memória, visuoconstrução, afeto, funções motoras e executivas. Estabelece parâmetros para emissão de laudos com fins clínicos, jurídicos ou de perícia; complementa o diagnóstico na área do desenvolvimento e aprendizagem. (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. 2004) Hoje, os desafios da neuropsicologia e da avaliação neuropsicológica são, por um lado, avançar com as técnicas de imagem e, por outro, buscar a adaptação cultural e de linguagem dos métodos de avaliação neuropsicológica (ARDILLA, 2005 apud MADER-JOAQUIM, 2010.p. 48). A evolução da Neuropsicologia tem como base a rota histórica dos estudos do comportamento e do cérebro. A característica distintiva da Neuropsicologia é o método anátomo-clínico, desenvolvido por pioneiros tais como Broca, Wernicke, Lichthein, Dejerine, Goldstein, entre outros, os quais tinham formações diversas, entre fisiologistas, neurologistas, psiquiatras, psicólogos, lingüísticas, entre outras. (HAASE, VITOR GERALDI et al., 2012.p.3-4) A motivação para o desenvolvimento da Neuropsicologia no Século XX veio do trabalho colaborativo entre médicos e psicólogos [...] A Linguística é um pilar tão importante quanto a Psicologia e a Neurologia para a área de Neuropsicologia. (HAASE, VITOR GERALDI et al., 2012.p.4) Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o trabalho e pesquisa com soldados sobreviventes que sofreram lesões cerebrais, realizados pelo médico e psicólogo russo Alexander Romanovich Luria (1902-1977), foram de fundamental importância para o desenvolvimento da neuropsicologia. 8 Luria um dos fundadores da neuropsicologia contemporânea deixando um conceito fundamental dentro de sua perspectiva, de que a questão da localização cerebral, é o de sistema funcional. Para Luria (1976) o desenvolvimento e funcionamento do cérebro se davam a partir de complexas intera- ções entre fatores biológicos e sociais (p.24), promovendo uma desconstrução da ideia de função ao sugerir que, em suas formas complexas, esta não pode ser atribuída a um único órgão ou tecido (apud MOGRABI., D.C.; MOGRABI., G.J.C & LANDEIRA-FERNANDEZ., J. 2014.p. 25) Com o início da neuropsicologia que é a investigação das funções cerebrais humanas a partir da análise do comportamento humano, a Psicologia, como a ciência que estuda tal comportamento, incorporou o conhecimento da ciência mencionada a sua prática de avaliação, surgindo então avaliaçãoneuropsicológica.(MOURA, 2016.p.15). O neuropsicólogo tem por objetivo principal correlacionar as alterações observadas no comportamento do paciente com possíveis áreas cerebrais envolvidas, realizando, essencialmente um, trabalho de investigação clinica que utiliza testes e exercícios neuropsicológicos. (MOURA, 2016.p.19) A Neuropsicologia preocupa-se com a complexa organização cerebral e suas relações com o comportamento e a cognição, tanto em quadros de doenças como no desenvolvimento normal. (MADER-JOAQUIM, 2010.p. 47) baseia-se na interação entre modelos cognitivos e modelos neurais (neuroanatômicos e neurofisiológicos) ou seja, os modelos cognitivos são fornecidos por várias áreas, como a Psicologia Cognitiva, a Linguística, a Psicolinguística, a Neuropsicolinguística. Os modelos neurais são fornecidos pela biologia (Anatomofisiologia), (HAASE, VITOR GERALDI et al., 2012.p.5) Conforme mencionado anteriormente por Capovilla. (2007.p 10) que a utilização de tecnicas de neuroimagem e dos exames laboratoriais que diminuem significativamente a necessidade da avaliação neuropsicológica. Ainda é crucial em determinados quadros, tais como as demências, traumatismos crânio-encefálicos menores ou certas encefalopatias, visto que estes não são facilmente detectados nas técnicas usuais. (CAPOVILLA. 2007.p 10) Além disso, mesmo quando exames de neuroimagem detectam a presença de lesões, a avaliação neuropsicológica é fundamental para esclarecer os seus correlatos comportamentais. Sendo ainda importante para o estabelecimento do prognóstico dos pacientes em determinados quadros e para a identificação precoce de certos distúrbios que, em seu estágio inicial, não apresentam alterações neurológicas óbvias. (CAPOVILLA. 2007.p 10) Segundo Lezak et al. (2004), a avaliação neuropsicológica pode ser relevante para seis propósitos principais: a) diagnóstico; b) cuidados com o indivíduo; c) identificação de tratamentos necessários; d) avaliação dos efeitos de tratamentos; e) pesquisa e f) questões forenses. (apud CAPOVILLA. 2007.p 10) A avaliação é uma questão central em Neuropsicologia e deve ser considerada num contexto amplo. Suas inúmeras metas/objetivos são completamente e substancialmente diferentes das da avaliação psicológica [...] Os instrumentos de AN têm lógicas de construção e de interpretação completamente diferentes daquelas dos instrumentos da avaliação psicológica. (HAASE, VITOR GERALDI et al., 2012.p.6) Em Neuropsicologia, os instrumentos são baseados em modelos da Neuropsicologia (Cognitiva e do Desenvolvimento); em geral os processos de construção ocorrem de forma interdisciplinar; [...] Portanto, estes instrumentos neuropsicológicos podem ser úteis a profissionais de diferentes áreas da saúde, com formação ou experiência clínica em Neuropsicologia, pois são usados para diagnósticos neuropsicológicos (e não psicológicos). (HAASE, VITOR GERALDI et al., 2012.p.6) A avaliação neuropsicológica contribui para planejamento do tratamento e no acompanhamento da evolução do quadro em relação aos tratamentos medicamentoso, cirúrgico e reabilitação. Difere da avaliação psicológica por tomar como ponto de partida o cérebro. (MADER, 1996.p 12) Para Mader (1996.p.12) a Avaliação Neuropsicológica é o método de investigação do funcionamento cerebral através do estudo comportamental, onde os objetivos são basicamente auxiliar o diagnóstico diferencial, estabelecer a presença ou não de disfunção cognitiva e o nível de funcionamento em 9 relação ao nível ocupacional, localizar alterações sutis, a fim de detectar as disfunções ainda em estágios iniciais. Com relação a avaliação neuropsicológica para ao autores Lezak, Howieson & Loring, (2004) e Ardila & Ostrosky-Solís, (1996) citado por Capovilla, (2007.p.9) é um método para se examinar o encéfalo por meio do estudo de seu produto comportamental e é essencial não somente para a tomada de decisões diagnósticas, mas também para o desenvolvimento de programas de reabilitação. Podendo ser definida por suas várias facetas [...] a avaliação neuropsicológica clinica é a aplicação dos conhecimentos da área de Neuropsicologia para avaliar e intervir no comportamento humano, relacionando-o ao funcionamento normal ou deficitário do sistema nervoso central. (HAASE, VITOR GERALDI et al., 2012.p.5) Bem como a avaliação neuropsicológica tem o objetivo de identificar distúrbios das funções superiores produzidos por alterações cerebrais, desencadeando respostas comportamentais.( VIEIRA, 2007.p 185). Por outro lado Cunha (2000) afirma que na avaliação neuropsicológica entre as dimensões de comportamento, o principal objeto de analise é a cognição (e particularmente, a memória). (p171) Segundo Lezak (1995) apud CUNHA, (2000): A avaliação neuropsicológica é um tipo bastante complexa de avaliação psicológica, porque exige do profissional não apenas uma sólida fundamentação em psicologia clínica e familiaridade com a psicometria, mas também especialização e treinamento em contexto em que seja fundamental o conhecimento do sistema nervoso e de suas patologias. (p.171) De acordo com os autores Charchat-Fichman; Fernandes; Landeira-Fernandez (2012.p 43) avaliação neuropsicológica, tem por objetivo a formulação de um perfil do funcionamento psicológico de pacientes que sofreram lesões cerebrais de etiologias diversas ou apresentam alterações cognitivas e comportamentais passíveis de serem atribuídas a alterações funcionais do sistema nervoso central. Consistindo no método de investigar as funções cognitivas e o comportamento. Trata-se da aplicação de técnicas de entrevistas, exames quantitativos e qualitativos das funções que compõem a cognição abrangendo processos de atenção, percepção, memória, linguagem e raciocínio. (MADER-JOAQUIM, 2010.p. 47) Vitor Geraldi Haase; et al., (2012.p.7) traz que na avaliaçao neuropsicologica são utilizados instrumentos que nem sempre se constituem em testes psicológicos. Tais instrumentos foram, são e serão desenvolvidos a partir das necessidades diagnósticas percebidas pelos diversos profissionais atuando na área interdisciplinar de Neuropsicologia. Quando a Avaliação Neuropsicológica é realizada por neuropsicólogo com formação em psicologia, acrescenta-se a possibilidade de utilização de testes psicológicos. Conforme o § 1º do Art. 13 da Lei nº 4.119/62, testes psicológicos são de uso exclusivo de psicólogos. A regulamentação sobre seu uso foi publicada na Resolução CFP Nº 002/2003. Essa resolução determina as normas sob as quais os testes são criados, utilizados e comercializados. (MICHALICK-TRIGINELLI, Mirelle França et al.2018.p. 311) No entanto, existem diferenças entre testes psicológicos e tarefas neuropsicológicas. Enquanto os testes psicológicos são usados para identificar e avaliar uma série de características relativas aos domínios cognitivo, social ou afetivo do sujeito em questão, as tarefas neuropsicológicas pretendem avaliar minuciosamente as funções cognitivas e sua inter-relação. Ao contrário dos testes, as tarefas neuropsicológicas não são restritas a nenhuma categoria profissional, podendo ser utilizadas pelos demais profissionais da saúde com formação em Neuropsicologia. (MICHALICK-TRIGINELLI, Mirelle França et al.2018.p. 311) Para Moura (2016.p.20) a avaliação neuropsicológica irá identificar onde está o problema no funcionamento cerebral [...] um método minucioso, se comparado ao modelo tradicional de avaliação, tendo em vista que ele carece de conhecimentos mais específicos na área neurológica para poder compreender as nomenclaturas presentes no processo de avaliação. O processo de avaliação explicita em dois tipos de questões, as questões diagnósticas e as questões descritivas, a primeira busca entender as queixas do paciente e seus principais sintomas, enquanto a segunda busca entender como esses sintomas tem se manifestado.Em 10 neuropsicologia o profissional deverá estar preparado para entender o comprometimento neurológico e diferenciá-lo de um comprometimento devido causas emocionais. [...] uma avaliação neuropsicológica não irá dar um diagnóstico neurológico, mas contribuir para o processo de diagnóstico juntamente com outros profissionais (LEZAK, 2004, p. 101 apud Moura, 2016.p.21). Segundo Cunha (2000.p.171), a ideia básica da avaliação neuropsicológica é que todo o exame, todas as estratégicas usadas, as tarefas propostas e toda a sua atenção, tem que se adequar às particularidades individuais do examinando, às suas necessidades, assim como suas competências e limitações. Isso quer dizer que por mais que o psicólogo ou neuropsicólogo tenha uma preferência especial por determinada abordagem ou linha teórica, ele deve examinar “sob todas as perspectivas adequadas, a aprtir de hipóteses fundamentadas e não na base de ideias preconcebidas” (CUNHA, 2000. P 171). Conforme Levin, Soukup, Betnton et al. apud Cunha (2000.p.172) a avaliação neuropsicológica competente implica que o psicólogo consiga enxergar, através de escores de testes, fatores pessoais que podem modificar o desempenho, com uma focalização mais completa no individuo. Tem-se a visão ampliada de avaliação neuropsicológica como uma investigação do perfil neuropsicológico, com a identificação das áreas preservadas e das deficitárias, e exploração das razões do desempenho comprometido. (HAASE, VITOR GERALDI et al., 2012.p.5) Diante a visão que o psicólogo precisa ter para realizar uma avaliação neuropsicológica competente Cunha (2000) menciona tarefas do neuropsicologista, como “a identificação e a mensuração de déficits psicológicos”. Também citado por Cunha (2000), Lezak, (1995, p.97) “explica que é primeiramente através de deficiências e de alterações disfuncionais da cognição, da emocionalidade, bem como da autodireção e manejo (isto é, das funções executivas), que a lesão cerebral se manifesta comportamentalmente”. Ou seja, avaliar os déficits e alterações não diminui a importância de fazer uma apreciação das competências do individuo, bem como de medir mudanças, no quadro neuropsicológico, através do tempo ( SEIDMAN, 1994 apud CUNHA, 2000,p. 173). A avaliação neuropsicológica geralmente abrange grandes classes de funções, como as funções receptivas (habilidades de selecionar, adquirir, armazenar e integrar informações através da visão, audição e somestesia); memória e aprendizagem; organização mental e reorganização da informação; funções expressivas (meios nos quais a informação é comunicada ou colocada em ação), entre outras. A avaliação envolve os processos/funções deficitários e os preservados, na tentativa de traçar um perfil neuropsicológico do caso em questão. (HAASE, Vitor Geraldi et al., 2012.p.3) Na avaliação neuropsicológica o psicólogo Lezak (1995, p.111) apud Cunha, (2000), afirma que o neuropsicologista não podem estabelecer um diagnóstico, mas podem fornecer dados e formulações diagnósticas que contribuem para as conclusões diagnósticas. Aspectos diagnósticos em Neuropsicologia baseiam-se na comparação entre os desempenhos nos diferentes testes do paciente em questão e os desempenhos esperados no indivíduo normal. (HAASE, VITOR GERALDI et al., 2012.p.6) Contudo a avaliação neuropsicológica sempre é vista com grandes expectativas sendo “esperado um grau de exatidão dos testes psicrométricos que é irrealístico” (LISHMAN, 1998, p.108 apud CUNHA, 2000, p.174). Portanto, a contribuição da neuropsicologia só pode ser feita numa base probabilística segundo Cunha (2000.p.174). levando em consideração alguns aspectos essenciais para uma maior compreensão do individuo. Quaisquer que sejam as razões do encaminhamento e a categoria das questões envolvidas no exame, todas as informações e todos os achados só podem ser entendidos, dentro de um contexto, em que são essenciais, pelo menos, a idade do individuo, sua história de vida, seu nível de escolaridade (o numero de anos de educação formal) e sua dominância manual. (CUNHA, 2000, p. 174) Essas são apenas algumas informações que visam a ilustrar a complexidade da avaliação neuropsicológica, o que lembra a total superação das antigas formulações de comprometimento 11 cerebral como condição unitária.( CUNHA, 2000, p. 175). A avaliação neuropsicológica (ANP) é um procedimento de investigação que se utiliza de entrevistas, observações, provas de rastreio e testes psicométricos para identificar rendimento cognitivo funcional e investigar a integridade ou comprometimento de uma determinada função cognitiva. (CUNHA, 2000. p.473) Podem ser destacados, dentre seus objetivos, identificar e descrever prejuízos ou alterações no funcionamento psicológico, clarificar o diagnóstico em casos de alterações não detectadas por neuroimagem, avaliar a evolução de condições neurodegenerativas, correlacionar o resultado dos testes com aspectos neurobiológicos e/ou dados obtidos por neuroimagem, investigar alterações cognitivas e comportamentais que possam relacionar-se a comprometimentos psiquiátricos e/ou neurológicos. (CUNHA, 2000. p.473) Mader (1996.p.18) explica que a avaliação Neuropsicológica não é apenas a aplicação de testes e sim a interpretação cuidadosa dos resultados somada a análise da situação atual do sujeito e contexto em que vive. Somente com base nesta compreensão global é possível sugerir um diagnóstico. Portanto o conhecimento de modelos cognitivos e uma avaliação neuropsicológica completa são essenciais para o processo de reabilitação. (HAASE, VITOR GERALDI et al., 2012.p.3) Uma das metas da AN é explorar as razões do desempenho comprometido. Para tanto, deve ir além de procedimentos padronizados e buscar interação de fatores. A interpretação dos seus achados é o que torna uma avaliação propriamente neuropsicológica, pois ela extrapola a questão quantitativa para incluir complementarmente (e obrigatoriamente) a análise qualitativa, com base nas formas de resposta, nos tipos de erros, nas auto-correções, na noção de desempenho (consciência dos déficits ou não), entre outras. (HAASE, VITOR GERALDI et al., 2012.p.6) Em relação aos cuidados com o indivíduo, a avaliação neuropsicológica pode fornecer, aos membros de seu convívio familiar e social, informações importantes relativas às suas capacidades e limitações. [...] Capovilla (2007.p.10) afirma que além de informações aos cuidadores, a avaliação neuropsicológica pode auxiliar o direcionamento da reabilitação, ao fornecer tanto dados sobre as áreas deficitárias do indivíduo, quanto sobre as habilidades preservadas e o potencial para a reabilitação. Serve, ainda, para verificar as mudanças do indivíduo ao longo das intervenções realizadas, sejam elas cirúrgicas, farmacológicas, psicológicas ou de outra natureza. (CAPOVILLA. 2007.p 10-11) 3. Conclusão Portanto este trabalho trouxe um breve histórico da psicologia, neurociência, neuropsicologia, avaliação psicológica buscando esclarecer o que é cada área de atuação e como fornecem subsídios para a compreensão e aplicação da avaliação neuropsicológica com pontos relevantes de cada campo de atuação dentre seus objetos de estudos corrobarando com suas pesquisa para que o profissional de psicologia ao realizar uma avaliação neuropsicológica possa compreender o funcionamento cerebral e comportamental de cada paciente na sua individualidade, visando um planejamento do tratamento e no acompanhamento da evolução do quadro em relação aos tratamentos medicamentosos, cirúrgicos e reabilitação adequado para cada caso. Frente a curiosidade do tema que levou a escrever este artigo podemos dizer que tanto a psicologia como a área da neurociência influenciou e influência quase que nas mesmas proporções. Temos a influência da psicologia no entendimento do estudo do intelecto e dasrelações entre intelecto e emoção. Bem como no campo das neurociência contamos com instrumentos que facilitam a compreensão do funcionamento normal ou deficitário do sistema nervoso central assim com suas localizações atráves das técnicas e métodos de neuroimagem. No artigo podemos concluir que a avaliação neuropsicológica ao usufluir dos conhecimentos teóricos de ciências divergentes como a psicologia a neurociência e tantas outras áreas citadas que buscam estudar o cérebro, a cognição e consequentemente o comportamento, o profissional poderá realizar um trabalho com mais qualidade e adequado para cada individuo a ser avaliado. 12 Referências ALCHIERI, João Carlos. Avaliação psicológica: conceito, métodos e instrumentos. / João Carlos Alchieri, Roberto Moraes Cruz. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. BRASIL. LEI Nº 4.119, DE 27 DE AGOSTO DE 1962. 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