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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL ESCOLA SENAI VILA CANAÃ CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS MACIEZ DA CARNE CONGELAMENTO RÁPIDO E LENTO INGRID CIBELE MARIA DALVA MARIA DE FÁTIMA MARINA ABREU THIAGO PIRES GOIÂNIA 2019 SUMÁRIO Página 1. INTRODUÇÃO..................................................................................... 3 2. DESENVOLVIMENTO......................................................................... 5 2.1 METODOLOGIA.................................................................................. 5 2.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................... 8 3. CONCLUSÃO...................................................................................... 11 REFERÊNCIAS................................................................................... 12 3 1. INTRODUÇÃO A carne utilizada na aula prática para analisar a maciez, congelamento rápido e lento, foi alcatra que fica localizada na parte traseira do boi. A alcatra inteira mede aproximadamente 80 cm e, a partir dela, são retirados outros tipos de cortes, como maminha e picanha, é uma carne macia e tem pouca gordura, sendo ideal para bifes (BRASIL, 1998). A carne, qualquer que seja o seu tipo, é um produto extremamente importante física e politicamente (BENETTI, 2013). Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal - RIISPOA (decreto n.º 30.691 de 29 de março de 1952, com revisão em 1977) define carnes como “massas musculares maturados e demais tecidos que as acompanham, incluindo ou não a massa óssea correspondente, que procede de animais abatidos sob inspeção sanitária”. A maciez da carne é influenciada pela genética, raça, idade ao abate, sexo, alimentação, uso de agentes hormonais e tratamentos post-mortem do animal (BENETTI, 2013). No laboratório, da unidade SENAI Vila Canaã foi realizado o experimento com carnes grelhadas, corte de oito pedaços para bife, e foram usados os processos mecânico, térmico e químico para o amaciamento da carne. O amaciamento mecânico utilizado foi o martelo de cozinha, batendo dos dois lados da carne, levando à quebra das fibras da carne. O amaciamento térmico melhora a digestibilidade da carne e a maciez, pois o efeito do calor ao desconfigurar a estrutura da proteína expõe as ligações peptídicas, facilitando o acesso das proteases digestivas e, assim, aumentando o aproveitamento deste nutriente. E o amaciamento químico utilizado foi o suco de abacaxi, que possui a enzima chamada de bromelina, que tem função de digerir a proteína da carne para amaciá-la. Os principais processos de congelamento de alimentos utilizados industrialmente, principalmente para carnes, são: congelamento com ar imóvel, congelamento em placas, com circulação forçada de ar, congelamento por imersão ou aspersão de líquidos e congelamento criogênico (COLLA & PRENTICE- HERNÁNDEZ, 2003). 4 O congelamento envolve o decréscimo da temperatura até –18ºC ou abaixo, a cristalização da água e dos solutos. Esses efeitos não ocorrem individualmente, mas simultaneamente, compreendendo a redução da temperatura sem mudança de fase e a cristalização (COLLA & PRENTICE-HERNÁNDEZ, 2003). 5 2. DESENVOLVIMENTO A aula prática foi dividida em duas, a primeira ocorreu no dia 17 de outubro de 2019 na planta de alimentos e a continuação no dia 23 de outubro de 2019 nos laboratórios de físico-química e microbiologia, ambas as aulas realizadas na Escola SENAI Vila Canaã. 2.1. MATERIAL E MÉTODOS Para início da primeira aula prática, preparou-se: Uma mistura de 30 mL de óleo e 15 g de alho; Suco de abacaxi, utilizando o liquidificador (descascou, bateu e distribuiu o suco com 20 mL para cada grupo); Oito bifes de mesmo tamanho e com pouca gordura, identificados da seguinte forma: A – Padrão; B – Mecânico; C – Químico; D – Enzimático natural ou industrial; E – Congelamento e descongelamento lentos; F – Congelamento lento e descongelamento rápido; G - Congelamento rápido e descongelamento lento; e H – Congelamento e descongelamento rápidos. Conforme a figura 1. Figura 1. Bifes cortados. 6 Todos foram pesados em balança analítica e tiveram seus pesos anotados; O bife identificado como A, foi pincelado com a mistura de óleo e alho; o B foi batido com batedor de carnes nos dois lados e também foi pincelado com a mistura; no C foi adicionado vinagre e descansou por 30 minutos, depois pincelado com a mistura; e no D adicionou-se o suco de abacaxi e descansou por 10 minutos, depois pincelado com a mistura. Em quatro frigideiras colocou-se um “fio” óleo e aqueceu em fogo alto, fritando cada bife (A, B, C e D) em uma frigideira até ficarem levemente dourados, então foram retirados e esperou-se que esfriassem para pesar. Com o peso inicial e final, realizou-se o cálculo de rendimento utilizando a seguinte fórmula: 𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (𝑅) = 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑥 100 Também foi realizada avaliação da aparência dos bifes e fotografou-os. Então, os bifes foram cortados em pedaços a fim de se realizar análise sensorial, para isso, os alunos tamparam o nariz e mastigaram um pedaço de cada bife, avaliando a maciez e anotando os resultados de acordo com a seguinte escala de pontos: Aparência Maciez 1 inaceitável 1 duro 2 pouco aceitável 2 pouco macio 3 bom 3 macio 4 muito bom 4 muito macio 5 excelente 5 excessivamente macio Por fim, para preparar as carnes para a continuação da aula em outro dia, as carnes identificadas por E e F foram colocadas no congelador para se obter um congelamento lento e as carnes G e H foram congeladas no ultra freezer para 7 se ter um congelamento rápido e armazenadas no congelador para se manterem congeladas até a próxima aula. No segundo dia, cortou-se uma lâmina fina das carnes congeladas rápida e lentamente, para observar os cristais de gelo em microscópico. Preparou-se novamente a mistura de alho e óleo. As carnes E e G foram descongeladas previamente em geladeira e as carnes F e H descongeladas no momento da aula em micro-ondas. Todas foram pinceladas com a mistura e, da mesma maneira que havia sido realizado na primeira aula prática, foram fritas cada uma em uma frigideira com óleo até ficarem levemente douradas, retirando-os para resfriar e anotar seu peso final. O cálculo de rendimento foi feito da mesma maneira. 8 2.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os seguintes dados foram obtidos: Tipos de amaciamento Massa inicial (g) Massa final (g) Rendimento (%) Aparência (1 a 5) Maciez (1 a 5) Padrão 3,33 3 Mecânico 2,67 3 Químico 4 3,67 Enzimático 3 3,67 C. lento/ D. lento 20,68 18,34 88,68 2,33 2 C. lento/ D. rápido 17,96 15,21 84,68 2,66 3,66 C. rápido/ D. lento 20,36 18,42 90,47 2,33 2 C. rápido/ D. rápido 28,00 24,57 87,75 3,33 4,66 Figuras 2 e 3. Bifes fritos para análise sensorial. 9 As anotações de peso das carnes preparadas na primeira aula foram perdidas impedindo a realização do cálculo de rendimento e discussão dos resultados. De acordo com a análise sensorial, as carnes que sofreram amaciamento químico e enzimático apresentaram-se mais macias e com melhor aparência do que a carne que não sofreu amaciamento e a amaciada por processo mecânico, as enzimas provocam degradação parcial dos componentes da carne, dessa forma o amaciamento ocorre devido as modificações na estrutura da carne (PEDREIRA, 2001), o mesmo acontece pela ação de ácidos, como é o caso do vinagre (ácido acético), porém, a maciez agregada por esses agentesquímicos é pouca, uma vez que eles atuam só na superfície da carne (VELLOSO, 2018). Em relação a forma de congelamento e descongelamento, verificou-se que a carne que passou pelos métodos de congelamento e descongelamento rápidos obteve melhores resultados de aparência e maciez, já que o congelamento rápido forma cristais de gelo menores, causando danos menores a estrutura da carne e menor perda de água e o descongelamento rápido também diminui a perda de água (PIRES et al., 2002). Figuras 4 e 5. Cristais de gelo de congelamento lento e rápido, respectivamente. A variação do método de congelamento não apresentou tanta influência quando comparadas carnes descongeladas por um mesmo método, pelo fato de serem bifes pequenos e finos, mesmo congeladas em congelador a fim de se obter um congelamento lento, acabaram congelando rapidamente, não provocando efeitos muito diferentes em relação as carnes congeladas rapidamente. 10 Já analisando o descongelamento, as carnes descongeladas lentamente apresentaram resultados de maciez menor do que as carnes descongeladas rapidamente, já que houve maior perda de água, portanto perdeu suculência (PIRES et al., 2002). Quanto ao rendimento, os valores obtidos foram bastante próximos, nenhuma perda maior do que 20%. 11 3. CONCLUSÃO Foi possível concluir que os métodos de amaciamento foram eficazes, sendo os métodos químico e enzimático os mais efetivos. E que a maneira com que se realiza o congelamento e descongelamento também pode influenciar na maciez do produto, ficou constatado que o congelamento e descongelamento rápidos são mais eficientes quanto a perda de água e maciez da carne. 12 REFERÊNCIAS BENETTI, GB. et al. Manual de técnicas dietéticas. Ed Yendis. São Paulo, 2013. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria nº 5, de 08 de novembro de 1998, sobre a padronização de cortes de carne. 1998. COLLA, L.M. e PRENTICE-HERNÁNDEZ, C. Congelamento e descongelamento – sua influência sobre os alimentos. Vetor, Rio Grande, 13:53-66, 2013. PEDREIRA, A.C.M.S. 2001. Enzimas proteolíticas de plantas usadas no a maciamento da carne: bromelina, ficina e papaína. Disponível em: http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/qualidade-da-carne/enzimas- proteoliticas-de-plantas-usadas-no-amaciamento-da-carne-bromelina-ficina-e- papaina-4977/. Acesso em: 09/11/2019. PIRES, I.S.C. et al. Composição centesimal, perdas de peso e maciez de lombo (longissimus dorsi) suíno submetido a diferentes tratamentos de congelamento e descongelamento. Revista de Nutrição, 15:163-72, 2002. VELLOSO, R. Tudo o que você sempre quis saber sobre a carne vermelha. Disponível em: https://super.abril.com.br/saude/a-importacia-da-carne/. Acesso em: 09/11/2019.
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