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REUSO DA AGUA DA CHUVA

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Faculdade de Tecnologia de São Paulo
Ana Paula da Silva
Elizabete Machaca Marin
Biopirataria
São Paulo
2020
Faculdade de Tecnologia de São Paulo
Ana Paula da Silva
Elizabete Machaca Marin
Biopirataria
Trabalho Final apresentado a Faculdade de Tecnologia de São Paulo, como parte das exigências para a obtenção de nota.
Orientador: Regina Helena Pacca Guimaraes Costa
São Paulo
2020
Dedicamos este trabalho a todos os nossos familiares, pelo apoio e incentivo, principalmente nos momentos difíceis de nossas vidas.
Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado.
Resumo
Sumário
1-	INTRODUÇÃO	7
2 - REVISÃO DA LITERATURA	8
2.1 - Biopirataria	9
2.1.1 - Como ocorre	9
2.1.2 - Porque existe a biopirataria	9
2.2 - Biopirataria no Brasil	10
2.2.1 - A biopirataria no Brasil e no mundo	11
2.3 - Casos de biopirataria	12
2.3.1 - A produção de remédios	13
2.3.2 - Biopirataria de seres vivos	13
2.4 - Proteção jurídica	13
2.4.1 - O controle da biopirataria	15
2.4.2 - Exploração ilegal na amazonas	15
2.5 - Meio ambiente e recursos genéticos	15
2.5.1 - Biodiversidade na Região Amazônica e a necessidade de protegê-la	17
2.6 - Povos e comunidades tradicionais	18
3 - CONCLUSÃO	20
4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	21
1- INTRODUÇÃO
2 - REVISÃO DA LITERATURA
2.1 - Biopirataria 
 É a exploração, comercialização ou apropriação ilegal de recursos da fauna e da flora, e sobre conhecimento das comunidades tradicionais. Se caracteriza principalmente pelo envio ilegal de animais e plantas para o exterior.
 A biopirataria no Brasil teve início na época do descobrimento, quando ocorreu uma intensa exploração de pau-brasil, uma espécie de porte médio da família das leguminosas. Essa espécie, que era usada pelos indígenas para a fabricação de corantes, foi levada para a Europa pelos portugueses. Iniciou-se aí a exploração da planta e a utilização do conhecimento tradicional.
 Por possuir uma enorme biodiversidade e com a falta de uma legislação específica, o Brasil acaba sendo alvo constante da biopirataria. Segundo a organização não governamental Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres, estima-se que milhões de animais da Amazônia, Mata Atlântica, das planícies inundadas do Pantanal e da região semiárida do Nordeste são capturados e vendidos ilegalmente, esse rendimento pode chegar a bilhões de dólares por ano.
2.1.1 - Como ocorre
 A biopirataria acontece em qualquer país do mundo que possua recursos naturais com potencial de comercialização e poucos investimentos em pesquisa e regulamentação, principalmente relacionada a medicamentos. E no Brasil o tema possui uma dimensão grande por sua biodiversidade e um potencial grande e inexplorado.
 Pode-se associar a biopirataria as indústrias farmacêuticas e princípios ativos de medicamentos. Mas, embora esse comércio movimente muito dinheiro essa não é a única forma de exploração. A extração ilegal de madeira também é um tipo de biopirataria.
 Lamentavelmente, a reação brasileira ainda é recente. Por enquanto se tem apenas uma Medida Provisória (N. 2.186) sobre o assunto, criada após a conclusão da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) de 2003 que investigou a biopirataria no Brasil, porém sem grandes sucessos. Mas é difícil dizer se essa MP ajudou ou piorou a situação. A biopirataria ainda não é considerada como crime e a partir da MP o acesso a qualquer recurso genético depende da autorização da União. Ou seja, a MP não pune os praticantes da biopirataria e tornou mais difícil o acesso dos pesquisadores brasileiros aos recursos genéticos.
2.1.2 - Porque existe a biopirataria
 A maior ou a menor biodiversidade existente numa região está muitas vezes associada a certas particularidades de sua localização geográfica. Por isso, a maioria dos países detentores de grande biodiversidade está situada na região intertropical, como é o caso do Brasil, da Colômbia, da Costa Rica, da Zâmbia, da India, da Indonésia e da Malásia. Coincidentemente, muitos desses países são pobres ou estão em vias de desenvolvimento.
 Num ambiente de pobreza, desinformação e conformidade, no qual também predominam altos índices de corrupção administrativa, alguns indivíduos ou organizações aproveitam para fazer uso dos recursos locais sem oferecer qualquer contrapartida aos povos nativos daquela região, detentores naturais do uso decorrente da biodiversidade.
 O entendimento do termo biopirataria é bastante amplo, segundo este ou aquele ponto de vista, podendo inclusive abranger o grave problema do tráfico de animais silvestres. Segundo dados da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), “na lista dos animais mais visados pelo tráfico estão espécies de diversos tamanhos e hábitats, como o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), a preguiça (Bradypus variegatus), a jiboia (Boa constrictor constrictor) e o papagaio verdadeiro (Amazona aestiva), além de uma variedade de pássaros e tartarugas”.
Figura 1 Tráfico de aves (Fonte: Agência Brasil- Radiobrás – Ciência, Tecnologia & Meio Ambiente)
2.2 - Biopirataria no Brasil
 Empresas estrangeiras, ao longo dos anos, vêm retirando matéria-prima da flora brasileira e utilizando-a em perfumes, cosméticos e remédios.
 Exemplo prático disso é a pilocarpina (medicamento utilizado no tratamento do glaucoma), que provém da planta conhecida como jaborandi (Pilocarpus pennatifolius), de ocorrência natural em algumas regiões do NorteINordeste do Brasil, especificamente entre o Maranhão e o Piauí. Quem detém a patente do uso do pilocarpo é o laboratório alemão Merck, que beneficia o planta aqui mesmo e leva o material pré-industrializado para refinamento e embalagem na Alemanha.
 Os exemplos sobre o uso de material brasileiro extraído da flora não param por aí. Os derivados do curare são fabricados por laboratórios como o Wellcome, Abbot e Eli Lilly. O curare é uma substância resinosa de cor preta, largamente utilizada pelos índios como veneno de flecha. Extraído de uma planta cujo nome científico é Chondodendron tomentosum e fartamente encontrada na região amazônica, o curare tem como componente principal um alcaloide tóxico, o d-tubocurarina, utilizado como relaxante muscular em cirurgias.
Figura 2 - Seringueira (Hevea brasiliensis). (Fonte: Agência Brasil- Radiobrás – Ciência, Tecnologia & Meio Ambiente)
 Exemplo histórico de pirataria é a da seringueira (Hevea brasiliensis), árvore nativa da Floresta Amazônica da qual se extrai o látex com o qual é feita a borracha.
 O Brasil já foi líder na produção de borracha, mas, em 1876, um explorador inglês contrabandeou cerca de 70 mil sementes, que foram plantadas na Malásia. Em pouco tempo, a Malásia tomou-se o principal exportador da borracha. Esse episódio pode ser considerado um caso de biopirataria.
2.2.1 - A biopirataria no Brasil e no mundo
 A biopirataria é toda a forma de exploração e apropriação ilegal de recursos da fauna e da flora e monopolização dos conhecimentos das populações tradicionais.  Os maiores casos de biopirataria no Brasil se encontram, principalmente, na Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal e Caatinga.
 No entanto, apesar de novo, os problemas com a biopirataria no Brasil e no mundo acontecem há tempos. Entre os casos mais conhecidos, destaque para o Pau-Brasil e o café. A árvore, famosa pela pigmentação avermelhada, quase entrou em extinção depois que os portugueses, em contato com os índios, descobriram como extrair a cor. Na Europa, os tecidos que utilizavam o Pau-Brasil como matéria prima, faziam sucesso e fortuna. Aqui, os índios só ganhavam espelhos e armas de fogo.
 Já o café, um dos produtos importantes para a vida do brasileiro e, inclusive, para o desenvolvimento econômico do país, não é nativo. Os grãos vieram da Etiópia, trazidos pelos portugueses no século XVII. Além disso, há alguns anos, outro discurso debiopirataria de café correu o mundo e os cientistas etíopes afirmaram que o Brasil se apropriou de folhas ilegalmente para pesquisa. Como o caso, que estourou em 2004, havia acontecido antes da Eco92, o Brasil não seria obrigado a negociar com a Etiópia.
 A biopirataria também pode ser associada às indústrias farmacêuticas e, também, à extração ilegal de materiais, como madeira, e tráfico de animais – uma pesquisa da Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que o tráfico de animais é a terceira maior atividade ilícita no mundo, ficando atrás apenas do tráfico de drogas e armas.
Brasil em foco
 O país com a maior biodiversidade do planeta é alvo dos maiores problemas. O prejuízo aqui chega a bilhões de dólares por ano com o tráfico de animais e produtos da flora para fins comerciais, industriais e medicinais.
2.3 - Casos de biopirataria
 Alguns dos recursos brasileiros pirateados por indústrias de outros países são os seguintes: o mais clássico é o do açaí, que chegou a ser patenteado pela empresa japonesa K. K. Eyela Corporation, mas com à pressão de diversas ONGs e mídia, sua patente foi caçada pelo governo japonês (isso depois de mais de um ano...); o segundo caso envolve o veneno de jararaca que teve o princípio ativo descoberto por um brasileiro. Mas o registro foi feito por uma empresa americana (Squibb) que usou o trabalho e patenteou a produção de um medicamento contra a hipertensão (o Captopril) nos anos 70.
 Em 1746, o cacau foi levado da Bahia para a África e Ásia, e começou a ser utilizado e vários derivados foram produzidos. Diante do sucesso das plantações, a produção do cacau tornou-se uma das principais atividades econômicas nesses locais.
 Em 1876, várias sementes de seringueira foram levadas a Inglaterra e distribuídas para colônias asiáticas. Quando as árvores cresceram nesses locais, cerca de 40 anos depois, eles se tornaram os maiores produtores de látex.
 O cupuaçu, fruta típica da Amazônia e da mesma família do cacau, foi outro alvo de exploração. Empresas japonesas patentearam o fruto, e registraram um chocolate feito com o caroço de cupuaçu (cupulate). Com isso, nosso país não podia exportar o produto utilizando o nome cupuaçu e cupulate sem o pagamento de royalties. Entretanto, esse produto já havia sido criado pela Embrapa, e a patente japonesa foi quebrada em 2004.
 Uma espécie de rã da Amazônia (Epipedobates tricolor) também foi alvo da biopirataria. Cientistas obtiveram rãs de forma ilegal, estudaram seu veneno e produziram um produto com propriedades analgésicas, o qual patentearam.
 No primeiro caso houve sucesso (mesmo que demorado) porque a patente havia sido feita recentemente, após a Convenção Sobre Diversidade Biológica. Mas, no restante dos casos apresentados, em que as patentes são antigas as chances de que isso ocorra são praticamente nulas, e a maior parte dos recursos biopirateados vai para empresas multimilionárias.
2.3.1 - A produção de remédios
 Frequentemente, certas indústrias farmacêuticas lançam mão de um artifício para se apropriar de espécimes nativos, dentro da mais absoluta legalidade.
 Por meio de acordos com universidades locais, ONGs atuantes na região ou mesmo sob a cobertura de missões de cunho religioso, a empresa (muitas vezes representada por um grupo de pesquisadores) propõe a realização de uma “bioprospecção” da área.
 A princípio, a ideia não é má, muito pelo contrário: o levantamento das espécies existentes, aliado ao conhecimento das comunidades nativas (povos indígenas, mateiros, seringueiros, matutos, ribeirinhos etc.) sobre a utilização de tais espécies para fins medicinais, pode e deve ser feito em regime de urgência, dada a velocidade com que esses ecossistemas e esses conhecimentos ancestrais vêm desaparecendo.
 A questão, no entanto, está em quem vai compartilhar os lucros advindos dessas descobertas, e de que modo isso será feito. Apenas para exemplificar o quanto isso é frequente, segundo dados apresentados pela revista da Universidade de Brasília (UnB), dos 4 mil pedidos de patentes de biotecnologia recebidos pelo Brasil entre os anos de 1995 e 1999, apenas 3% foram apresentados por pesquisadores brasileiros.
2.3.2 - Biopirataria de seres vivos
Há no Brasil diversos animais que são explorados, como é o caso da serpente jararaca que produz substâncias em seu veneno e que, a partir delas, são produzidos medicamentos destinados ao combate à hipertensão. Nos últimos anos um laboratório dos Estados Unidos retirou substâncias de um sapo nativo do Equador que gerou um anestésico capaz de superar a morfina, nesse caso a empresa de medicamentos gerou milhões em lucro enquanto que o país de origem do animal não obteve nem um tipo de receita.
 	Na conferência Eco-92 aconteceu a Convenção da Biodiversidade que gerou o documento Estratégica Global para a Biodiversidade no qual ficaram definidas mais de 80 ações ligadas a medidas de preservação da diversidade biológica. Entre muitas dessas ações existe uma ligada à biopirataria que prevê pagamento por parte do explorador interessado ao país do qual está sendo retirado tal recurso biológico.
  	Os países que praticam esse tipo de expedição foram contrários à medida, alegando que nem sempre os estudos geram rendimentos financeiros. Então, essa prática tem sido continuamente executada pelas grandes economias mundiais que deixam de ressarcir os donos dos recursos.
2.4 - Proteção jurídica 
 O conceito de biopirataria surgiu em 1992 com a “Convenção Sobre Diversidade Biológica” apresentada na Eco 92.
no seu art. 2º, como “a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, o ecossistema aquático e os complexos ecológicos de que fazem parte, compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies de ecossistemas”.
 Desde esse momento, a biopirataria tem sido tema de intermináveis discussões sobre a apropriação indevida de grandes laboratórios farmacêuticos internacionais dos conhecimentos adquiridos por povos indígenas, quilombolas e outros, por parte das propriedades terapêuticas ou comerciais de produtos da fauna e da flora de inúmeros países, e seus princípios ativos utilizados na confecção de medicamentos.
 A Convenção sobre Biodiversidade, se reuniu com 150 países no intuito de debater a importância de se ter um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Na convenção internacional, teve-se várias argumentações sobre a proteção da biodiversidade. Nesse norte, esclarece Bosque:
Sendo a biodiversidade constituída pela variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo a infinita diversidade de ecossistemas e espécies existentes, pode-se chegar à conclusão de que – por sua definição e alcance – a biodiversidade não apenas se insere no conceito de meio ambiente, como efetivamente o integra, já que, se não houvesse a variabilidade de organismos vivos que o compõem, o meio ambiente não existiria do modo como hoje se concebe. (2012, p. 169)
 Segundo Diniz (2011, p. 862), “nesta oportunidade foram concedidos os direitos sobre os bens ambientais à cada nação, destacando-se o meio ambiente ecologicamente equilibrado como: “Herança comum da humanidade”.
 Para Freitas (2012, p. 39), “o bem jurídico protegido pelo Direito Ambiental integra a categoria de bens jurídicos coletivos”.
 Os órgãos ambientais devem garantir a realização das normas existentes, reunido nos atos de fiscalização, proteção, prevenção, impedindo atos criminosos.
De igual forma, Antônio manifesta-se acerca da responsabilidade associada ao Poder Público:
Percebe-se, assim, que o constituinte estendeu ao Poder Público a séria incumbência de proteger a todos os seres vivos do vasto torrão brasileiro e controlar as atividades tecnológicas que lidam com a manipulação genética. É de se denotar que o retromencionado inciso, em um prisma mais crítico e realista, abarca matéria que extrapola as fronteiras do Direito, abraçando interdisciplinarmente a Engenharia Genética. A norma constitucional vem admitir a necessidade de se conservar o pluralismo genético, presente, porexemplo, nas várias espécies existentes em uma reserva biológica. (1999, p. 4). 
 Encontram-se normas internacionais, tais como: tratados sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados com o Comércio (OMC – Organização Mundial do Comércio) basicamente permite aos pesquisadores patentear descobertas de estudos feitos em outros países, mas precisam compartilhar os lucros obtidos com as descobertas. Mas muitos países colocam patente em suas descobertas, e não dividem tais lucros com o país em que se foi pesquisado.
2.4.1 - O controle da biopirataria 
 Comunidades locais, legisladores, governos e organizações ambientalistas começam a discutir a adequação dos atuais sistemas de patenteamento. A Organização Mundial de Propriedade Intelectual da ONU (Ompi), por exemplo, instituiu o Comitê Intergovernamental sobre Propriedade Intelectual, Recursos Genéticos, Conhecimento Tradicional e Folclore para estudar formas de regulamentar o assunto.
 Em 2001, pajés de diferentes comunidades indígenas do Brasil reuniram-se e elaboraram um documento intitulado “Carta de São Luís do Maranhão”, endereçado à Ompi, no qual questionam a validade de qualquer forma de patenteamento que derive de acessos a conhecimentos tradicionais sem a necessária concordância dos indivíduos interessados.
 Em outubro de 2005, líderes de vários povos indígenas de diversas partes do mundo, participantes do Caucus Indígena Internacional, divulgaram ao final do encontro uma declaração intitulada “Diretrizes dos Povos Indígenas e Comunidades Locais Para a Proteção dos Conhecimentos Tradicionais”. Nessa declaração se reafirma, mais uma vez, a necessidade urgente da atenção de governos, sociedades, organizações em defesa do ambiente para a regulamentação dos processos de pesquisa e patenteamento de produtos que envolvam conhecimentos tradicionais dos povos nativos.
2.4.2 - Exploração ilegal na amazonas
 O noticiário é recheado de informações a respeito das inúmeras ilegalidades cometidas na exploração da floresta amazônica, com destaque especial para a exploração ilegal de madeira e o tráfico de animais, além da invasão a reservas indígenas.
 O que pouco se noticia, porém, é que a biodiversidade da floresta amazônica é um patrimônio riquíssimo: não são apenas os animais e plantas, mas os recursos biológicos e conhecimentos locais que despertam a cobiça de agentes econômicos locais e de fora dos países amazônicos.
 A biodiversidade amazônica é composta, além de animais e plantas, por diversas algas, protozoários, fungos e uma série de microrganismos que podem alimentar a indústria alimentícia, de cosméticos e medicamentos, movimentando uma fortuna incalculável
 2.5 - Meio ambiente e recursos genéticos
 O meio ambiente é um patrimônio público devendo, por isso, ser protegido pelo Estado e a sociedade, tendo em vista o uso coletivo, de direito difuso e necessário para a qualidade de vida.
 O ecossistema florestal é fruto de uma evolução natural e representa um povoamento estável, devendo estabelecer normas que assegurem o equilíbrio ecológico, pois, como ressalta Machado (2009, p. 61), “cada ser humano só fruirá plenamente de um estado de bem-estar e equidade se lhe for assegurado o direito fundamental de viver no meio ambiente ecologicamente equilibrado”.
 Os crimes contra a diversidade biológica privam o homem do usufruto dos recursos naturais, para meios de renda econômica de poucos; além disso, elimina espécimes raros e promove a usurpação de sementes, e tais crimes fragilizam a economia. 
O que se pode observar, na Amazônia, é que a população ribeirinha e indígena que vive em locais confins, onde o Estado não é presente, se torna vítima de grandes organizações, que infiltram missionários e pesquisadores no meio da floresta e retiram o conhecimento tradicional desses povos e ainda os induzem a aprisionar espécimes da fauna e da flora por míseros reais. E esses o fazem para garantir a sobrevivência, pois o Estado brasileiro não está presente nesses locais, ou seja, deixou de criar políticas públicas que lhe garantam existência digna. E, parafraseando o brocardo popular: “quando o bem se omite, o mal se faz presente”, nesse caso, com a ausência do Estado, o inimigo do meio ambiente, o predador, se faz presente. (Revista direito ambiental e sociedade, 2014)
 Percebe-se, então, a importância de se proteger o meio ambiente para que haja equilíbrio e se cumpram os mandamentos do art. 225 da Constituição Federal (CF/88). Para efetivar esse direito, é necessário normatizar os crimes dessa natureza. 
 Nesse sentido, CF/88, assim estabelece:
 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
 A região amazônica contém uma variedade inimaginável de espécies da fauna e da flora, uma biodiversidade que ainda não é conhecida em sua integridade pelos povos que habitam a região.
 Para se fazer cumprir o art. 225 da CF/88, o Brasil editou a Lei 9.605/1998 – “Lei de Crimes Ambientais”, que passou a regulamentar as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.
 Essa lei assegura que o meio ambiente pode ser explorado dentro de limites de tolerância e garante que a aplicabilidade da pena, combinada com penas previstas no Código Penal Brasileiro – já que essa lei de matéria ambiental é uma complementação para os crimes tipificados na lei penal – sejam aplicadas de forma a garantir a sustentabilidade ambiental.
 Entretanto, apesar do grande avanço em prol do meio ambiente, a Lei 9.605/1998 não tipificou o crime de biopirataria, o que a tornou ineficaz para coibir essa prática.
 Ainda no sentido de regulamentar integralmente o art. 225 da CF/88, o legislador pátrio editou a Lei 11.105/2005 – Lei de Biossegurança – que passou a estabelecer normas de segurança e mecanismos de fiscalização das atividades que envolvam o meio ambiente, em sentido amplo, bem como penas para a utilização de recursos genéticos no âmbito da engenharia genética e tipificou a pena, in verbis:
 Art. 28. Utilizar, comercializar, registrar, patentear e licenciar tecnologias genéticas de restrição do uso: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
 Vê-se, portanto, que a legislação é frágil e, nesse sentido, tentando proteger seus recursos ambientais, alguns estados amazônicos já legislaram sobre biopirataria.
 Entretanto, como a floresta amazônica é patrimônio nacional (art. 225, CF/88), é a União que deve legislar a respeito de biopirataria, pois a lei de um estado não tem força jurídica em outro estado da Federação. Assim, os atos da biopirataria também se estendem sobre outros estados, sem poder ser penalizado no estado em que há ausência de lei. 
 É necessário a normatização, para que a exploração seja adequada e consciente, sem prejuízos ao meio ambiente e que gere frutos a todos os atores envolvidos nessa espécie de exploração: não só à organização estrangeira, mas também aos habitantes da floresta, que vivem dela, que a preservam e que a defendem.
2.5.1 - Biodiversidade na Região Amazônica e a necessidade de protegê-la
 A biodiversidade da floresta amazônica é imensa, e a cobiça sobre ela também. Conforme Jackson (2011, p. 17), na história da região, “é possível observar que não é de hoje que a enorme variedade de plantas e animais desperta a ganância e cobiça de vendedores no mercado negro, grandes empresas e potências políticas de grande influência mundial”.
 Um dos maiores crimes de biopirataria do mundo ocorreu por volta de 1913, na região Amazônica. Nesse período, 70 mil sementes da havea brasiliensis, ou como popularmente é chamada, a seringa, foram contrabandeadas da Amazônia para serem cultivadas na Grã-Bretanha, em solo asiático, o que, em virtude desse feito, dominou o mercado, passando, assim, a ser a principal exportadora de borracha.
 A pirataria biológica de enorme repercussão,segundo Jackson (2011, p. 7), “foi cometida por Henry Wickham, que, em busca de penas de cores chamativas para o ‘comércio de chapéus para damas’, contrabandeou uma espécie de planta que só existia na Amazônia brasileira, a ‘havea brasiliensis’”.
 O desenvolvimento da região e a consequente exploração dos recursos sobressalentes despertam interesse das indústrias de bens e serviços e, atrai a necessária e obrigatória intervenção estatal, nas esferas: penal, civil e administrativa, para proteger os recursos ambientais da degradação e para repartir os benefícios econômicos que ela possa gerar. 
 Esse ganancioso interesse em torno dos bens ambientais da Amazônia brasileira não nos permite ficar olhando passivamente: devemos ter a preocupação urgente do Estado aos meios de proteção jurídica, pois a abrangência das normas ambientais existentes não é satisfatória.
2.6 - Povos e comunidades tradicionais
 Em contexto geral, as histórias dos indígenas brasileiros foram marcadas por violações aos seus direitos e a exploração. Em 1500, os europeus invadiram as terras dos indígenas brasileiros e se apropriaram de conhecimentos e os recursos naturais.
 Diante das atitudes de europeus os povos tribais resistiam em ceder o que era exigido. Ainda por intermédio dos abusos, os indígenas eram chamados pelos europeus de rebeldes, selvagens e invasores. À frente desse problema, a população tribal para não perder a posse das terras, era forçado a travar uma batalha desigual injusta. Nessa conjuntura, o desempenho, a cultura e a origem desses povos não eram consideradas importantes para a evolução do país, e com isso existiam as explorações. (Maria Célia Albino de Rocha, 2019)
 Nessa luta, os índios foram vencidos, dominados, domados, aculturados, escravizados e até mesmo mortos. No entanto, atualmente a percepção predominante mudou sobre os povos e comunidades tradicionais no que se revelam os seus conhecimentos, seus costumes e suas contribuições ligadas a biodiversidade.
 Os povos e comunidades locais vivem em lugares singelos. E convivem com elementos naturais desde seu nascimento, então se torna um lugar muito familiarizado para eles. Podem extrair suprimentos para o que lhes for necessário, e adquirem várias experiências incríveis, pela sua proximidade com a fauna e a flora. Seria possível ainda expor que a “floresta Amazônica representa um ecossistema altamente diversificado e sensível que influencia diretamente a vida e os costumes dos habitantes da região. A natureza não só é base para a sobrevivência e segurança econômica”, ela influencia a própria cultura desses povos e a vida em sociedade.
Desse jeito, essa população desfruta das diversas e distintas virtudes que são ofertadas pela variedade biológica, primordialmente, trata se de um privilégio para os povos que habitam na floresta amazônica brasileira, que é um cenário realçado com os seus encantos e riquezas naturais.
Assim, na floresta amazônica certifica que além de seu comprovado para patrimônio natural, também acomoda uma quantidade elevada de povos e populações tradicionais, como: castanheiros, babaçueiras, seringueiros, ribeirinhos, dentre outros, que engradece a diversidade cultural. 
Para o “homem branco” se apropriar das terras indígenas e de seus conhecimentos, é preciso desvalorizar o ambiente e a cultura, pois o território é um princípio de identidade e de condição do fator de reprodução cultural. Logo, os contextos históricos dos povos e comunidades locais, como podem notar são definidos pelas exclusões, de aspectos étnico raciais, como também pela incapacidade de acesso ao terreno habitado tradicionalmente por eles. A maioria, dessas terras são apropriadas pelas empresas, fazendeiros, grileiros, e pelo próprio estado quando tem algum entendimento desenvolvimentista.
3 - CONCLUSÃO
4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Pesquisa em site: FARIA, Caroline. Biopirataria: Disponível em: <https://www.infoescola.com/biologia/biopirataria/#:~:text=Sempre%20abrir.,Diversidade%20Biol%C3%B3gica%E2%80%9D%20apresentada%20na%20Eco92. >acesso em: 2006
Pesquisa em site: https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/biopirataria.htm#:~:text=Biopirataria%20%C3%A9%20o%20nome%20dado,autoriza%C3%A7%C3%A3o%20s%C3%A3o%20exemplos%20de%20biopirataria.
file:///C:/Users/Gaby/Downloads/3691-13102-1-PB.pdf (Meio ambiente e recursos geneticos)
file:///C:/Users/Gaby/Downloads/67993-Texto%20do%20artigo-89960-1-10-20131129.pdf
https://repositorio.ufsm.br/handle/1/17411
https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/17411/DIS_PPGDIREITO_2019_ROCHA_MARIA.pdf?sequence=1&isAllowed=y 
página 61
Pesquisa em site:
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/biopirataria-no-brasil.htm
15/06/2020
http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp043917.pdf
15/06/2020
http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp043917.pdf
15/06/2020
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/biopirataria-1.htm
17/06/2020
https://www.coladaweb.com/biologia/ecologia/biopirataria
18/06/2020
https://www.fragmaq.com.br/blog/conheca-as-principais-consequencias-da-biopirataria-na-amazonia/
20/06/2020
https://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/a-biopirataria-no-brasil-e-no-mundo/
25/06/2020
https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/biopirataria.htm

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