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Da Sentença

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DA SENTENÇA 
 SENTENÇA 
Conceito: para o Código de Processo Penal, sentença é tão somente a decisão 
que julga o mérito principal, ou seja, a decisão judicial que condena ou 
absolve o acusado. 
Art. 381. A sentença conterá: 
 
I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias 
para identificá-las; 
II - a exposição sucinta da acusação e da defesa; 
III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão; 
IV - a indicação dos artigos de lei aplicados; 
V - o dispositivo; 
VI - a data e a assinatura do juiz. 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Lei nº 9.099/95 (Juizados Especiais Criminais) 
Art. 81. (...) 
 
§3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de 
convicção do Juiz. 
 CLASSIFICAÇÃO 
Decisão suicida: é aquela cujo dispositivo (ou conclusão) contraria sua 
fundamentação, sendo, portanto, considerada nula, a não ser que o vício seja 
sanado pelo órgão jurisdicional em virtude da interposição de embargos 
declaratórios. 
 CLASSIFICAÇÃO 
Decisão vazia: aquelas passíveis de anulação por falta de fundamentação. 
Diante da ausência de motivação do ato jurisdicional, é possível o 
reconhecimento de sua nulidade absoluta, haja vista o disposto no art. 93, IX 
da Constituição Federal. 
 CLASSIFICAÇÃO 
Decisão autofágica: é aquela em que há o reconhecimento da imputação, 
mas o juiz acaba por declarar extinta a punibilidade, a exemplo do que ocorre 
com o perdão judicial. 
 
 
STJ, Súmula 18: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da 
extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”. 
 Como já caiu em prova 
(2016 - MPE-GO - MPE-GO) A sentença autofágica ou de efeito autofágico, como podemos 
observar em uma das Súmulas do STJ é: 
 
 a) Aquela em que o juiz reconhece que o fato é típico e antijurídico, porém não culpável, 
ou seja, o crime existe, mas não pode ser reprovado, não se aplicando pena ao réu. 
 b) Aquela em que o juiz reconhece a tipicidade formal do delito, mas observa a existência 
de excludente(s) de antijuridicidade, absolvendo o réu, não existindo o crime. 
 c) Aquela em que o juiz reconhece o crime e a culpabilidade do réu, mas julga extinta a 
punibilidade concreta. 
 d) Aquela em que o juiz reconhece a nulidade do processo sem julgamento do mérito, 
anulando os atos processuais, determinando que se reinicie a instrução processual. 
 Embargos de declaração (CPP, art. 382) 
Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz 
que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, 
contradição ou omissão. 
 Princípio da correlação entre acusação e sentença 
Conceito: O princípio da correlação (ou congruência) significa que deve haver 
correspondência entre o fato que se imputa ao acusado na peça inicial e a 
sentença, de modo que o agente seja julgado apenas e tão somente pelos 
fatos constantes da denúncia ou queixa. 
 Emendatio libelli (CPP, art. 383) 
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou 
queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em 
consequência, tenha de aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 
11.719, de 2008). 
 Emendatio libelli (CPP, art. 383) 
STJ, Súmula nº 337: “É cabível a suspensão condicional do processo na 
desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva”. 
JURISPRUDÊNCIA 
 Emendatio libelli (CPP, art. 383) 
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou 
queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em 
consequência, tenha de aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 
11.719, de 2008). 
 
§1º Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade 
de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de 
acordo com o disposto na lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
§2º Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão 
encaminhados os autos. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 Mutatio libelli (CPP, art. 384) 
 Mutatio libelli (CPP, art. 384) 
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova 
definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de 
elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o 
Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) 
dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de 
ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. 
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 
§1º Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o 
art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 Mutatio libelli (CPP, art. 384) 
(...) 
§2º Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o 
aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e 
hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo 
interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento. (Incluído pela 
Lei nº 11.719, de 2008). 
§3º Aplicam-se as disposições dos §§ 1º e 2º do art. 383 ao caput deste 
artigo. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
§4º Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, 
no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do 
aditamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
§5º Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá. (Incluído pela Lei nº 
11.719, de 2008). 
 Pedido absolutório formulado pela acusação 
 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença 
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, 
bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada. 
 Caso o querelante formule o pedido de condenação nas hipóteses de 
ação penal de iniciativa privada o juiz pode condenar? 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á 
perempta a ação penal: 
 
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo 
durante 30 dias seguidos; 
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em 
juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das 
pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; 
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do 
processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas 
alegações finais; 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. 
 SENTENÇA ABSOLUTÓRIA 
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, 
desde que reconheça: 
 
I - estar provada a inexistência do fato; 
II - não haver prova da existência do fato; 
III - não constituir o fato infração penal; 
IV - estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; 
V - não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; 
VI - existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena 
(arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo 
se houver fundada dúvida sobre sua existência; 
VII - não existir prova suficiente para a condenação. 
 SENTENÇA ABSOLUTÓRIA 
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, 
desde que reconheça: 
 
(...) 
 
Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz: 
I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade; 
II - ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas; 
III - aplicará medida de segurança, se cabível. 
 ESPÉCIES DE SENTENÇA ABSOLUTÓRIA 
a) Sentença absolutória própria: é aquela que julga improcedente o pedido 
condenatória formulado pela acusação, importando em reconhecimento 
pleno da inocênciado acusado, da qual não decorre a imposição de 
medida de segurança. 
 
b) Sentença absolutória imprópria: é aquela em que, reconhecendo a 
prática de conduta típica e ilícita pelo inimputável (CP, art. 26, caput). 
Impõe-se o art. 386, paragrafo único, III, do CPP e art. 415 do CPP. 
 ESPÉCIES DE SENTENÇA ABSOLUTÓRIA 
c) Absolvição sumária: espécie de sentença absolutória, já que o fato de se 
tratar de um julgamento antecipado da demanda não lhe retira a natureza 
jurídica de sentença, sobretudo se considerarmos que há efetivo 
julgamento do mérito, reconhecendo o juiz categoricamente, por 
exemplo, tratar-se de conduta manifestamente atípica. 
 
d) Absolvição sumária imprópria: consiste no julgamento antecipado da 
demanda para fins de absolvição do acusado inimputável do art. 26, 
caput, do CP. É vedado no procedimento comum (CPP, art. 397, II) e 
possível no Júri (CPP, art. 415, pú – caso de tese única). 
 ESPÉCIES DE SENTENÇA ABSOLUTÓRIA 
e) Sentença absolutória anômala: é a decisão que concede o perdão judicial 
ao acusado. Tal decisão é denominada anômala porque não existe uma 
verdadeira absolvição, mas sim um pronunciamento que só formal e 
impropriamente pode ser chamado absolutório, visto que, 
substancialmente, é de condenação. Prevalece, todavia, o entendimento 
de que a decisão concessiva do perdão judicial é simplesmente 
declaratória de extinção da punibilidade. Nesse sentido, aliás, é o teor da 
súmula nº 18 do STJ. 
STJ, Súmula nº 18: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória 
da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”. 
JURISPRUDÊNCIA 
 SENTENÇA CONDENATÓRIA 
 Sentença condenatória: é a decisão judicial que atesta a responsabilidade 
criminal do acusado em virtude do reconhecimento categórico da prática 
da conduta típica, ilícita e culpável a ele imputada na peça acusatória (ou 
aditamento), impondo-lhe, em consequência, uma pena privativa de 
liberdade, restritiva de direitos ou de multa. 
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: 
 
I - mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no Código Penal, e 
cuja existência reconhecer; 
II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser levado em 
conta na aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do Decreto-Lei no 
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; 
III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões; 
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os 
prejuízos sofridos pelo ofendido; 
V - atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e medidas de 
segurança, ao disposto no Título Xl deste Livro; 
VI - determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e designará 
o jornal em que será feita a publicação (art. 73, §1º, do Código Penal). 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: 
 
(...) 
 
§1º O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a 
imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do 
conhecimento de apelação que vier a ser interposta. (Incluído pela Lei nº 12.736, de 2012) 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: 
 
(...) 
 
§2º O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou 
no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena 
privativa de liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.736, de 2012) 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Detração 
 
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo 
de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de 
internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior. (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
CÓDIGO PENAL 
Art. 66. Compete ao Juiz da execução: 
 
III - decidir sobre: 
 
(...) 
 
c) detração e remição da pena; 
Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal) 
 Como já caiu em prova 
(2019 - MPE-SC - MPE-SC - Promotor de Justiça) O tempo de prisão 
provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no 
estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de 
pena privativa de liberdade, quando o juiz proferir sentença condenatória. 
 
 
 
( ) Certo ( ) Errado 
Art. 388. A sentença poderá ser datilografada e neste caso o juiz a rubricará em todas as 
folhas. 
 
Art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o 
respectivo termo, registrando-a em livro especialmente destinado a esse fim. 
 
Art. 390. O escrivão, dentro de três dias após a publicação, e sob pena de suspensão de 
cinco dias, dará conhecimento da sentença ao órgão do Ministério Público. 
 
Art. 391. O querelante ou o assistente será intimado da sentença, pessoalmente ou na 
pessoa de seu advogado. Se nenhum deles for encontrado no lugar da sede do juízo, a 
intimação será feita mediante edital com o prazo de 10 dias, afixado no lugar de costume. 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
 Como já caiu em prova 
(2016 - CESPE - DPU) A respeito da sentença condenatória e dos atos 
jurisdicionais, julgue o próximo item. 
 
 
Na sentença penal condenatória, o juiz deverá fixar o valor máximo para a 
reparação dos danos, considerando os prejuízos causados ao ofendido em 
razão da infração. 
 
 
( ) Certo ( ) Errado 
 Como já caiu em prova 
(FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto) Quanto à sentença, correto afirmar que o juiz 
 
 a) poderá declarar a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, 
contradição ou omissão, se qualquer das partes o requerer no prazo de 5 (cinco) dias. 
 b) poderá, sem modificar a descrição contida na denúncia ou queixa, atribuir ao fato 
definição jurídica diversa e, havendo possibilidade de proposta de suspensão condicional 
do processo, procederá de acordo com o disposto na lei, ainda que, por força do crime 
continuado, a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um 
sexto for superior a um ano. 
 c) poderá proferir sentença condenatória, ainda que requerida a absolvição pela acusação, 
independentemente da natureza da ação. 
 d) não fica adstrito aos termos do aditamento, se procedido após encerrada a instrução 
probatória em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da 
infração penal não contida na acusação. 
 e) poderá reconhecer circunstância agravante não alegada pela acusação, segundo previsto 
na legislação processual penal. 
JURISPRUDÊNCIA 
STF, Súmula nº 723: “Não se admite a suspensão condicional do processo por 
crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o 
aumento mínimo de um sexto for superior a um ano”. 
 Como já caiu em prova 
(IBFC - 2020 - TRE-PA - Analista Judiciário) Segundo as disposições do Código 
de Processo Penal, assinale a alternativa que não apresenta uma hipótese de 
sentença de absolvição do réu: 
 
 a) Quando estiver provada a inexistência do fato 
 
 b) Quando não houver prova da existência do fato 
 
 c) Quando houver prova de que o réu não concorreu para a infração penal 
 
 d) Quando houver prova de ter o réu concorrido para a infração penal

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