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Politica nacional de humanização

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Política Nacional de 
Humanização
· Desafios
→ Unidade I
· Listas de siglas
SUS- Sistema Único de Saúde
PNH- Política Nacional de Humanização
· Debate
O desenvolvimento científico e tecnológico tem oferecido, para a sociedade, uma série de benefícios ( e também alguns prejuízos). A verdade é que ainda não sabemos lidar com algumas questões oriundas desse avanço. A humanização da saúde vem sendo muito debatida, é um tema que aborda questões de retomada de valores éticos e morais na assistência atual. Em virtude disso o que acha: é realmente necessário humanizar a assistência?
· Política Nacional de Humanização do SUS
O ministério da Saúde, em 2003, instituiu a PNH no atendimento prestado à população (amplamente conhecida como HumanizaSUS), com a finalidade de colocar em prática o princípio da transversalidade, lançando mão de ferramentas e dispositivos para consolidar redes, vínculos e corresponsabilização entre todos os entes que participam da rede de assistência, procurando articular ações na busca da garantia de atenção integral, ao mesmo tempo resolutiva e de forma humanizada (Brasil,2009b, 2013c).
Humanizar no contexto dos serviços de saúde significa incluir trabalhadores, usuários e gestores no processo de gestão e do cuidado. Para isso, é fundamental construir, de forma coletiva e compartilhada mudanças necessárias, por meio das quais os trabalhadores possam reinventar o seu processo de trabalho, do qual o usuário possa tomar parte, decidindo sobre o seu cuidado e participando da gestão da unidade, tendo liberdade para inclusão da sua rede sócio-familiar durante o processo do cuidar, e, assim, ser corresponsabilizado pelo cuidado que lhe é prestado. E, todo esse processo pode se transformar em um grande aliado da gestão (Brasil, 2013c).
· Princípios e diretrizes da PNH
Os princípios se baseiam em orientações clínicas, ética e políticas, procurando não apenas se restringirem ao campo
Biológico, mas também reconhecem os direitos das pessoas de poder participar em todos os processos que dizem respeito a sua vida relacionada ao serviço de saúde (Brasil, 2013c, 2016).
 // Princípios //
_ Transversalidade
Esse princípio deve perpassar todas as políticas e programas do sus. A transversalidade reconhece que todas as áreas devem ser permitidas a conversa com os usuários, ouvindo-os, deixando sua vivência fazer parte do processo, isto é, o profissional de saúde deve considerar os relatos de vidaa do usuário, e não somente fazer uso do seu conhecimento técnico-científico.
- Indissociabilidade entre atenção e gestão
Pressupões que os modos de cuidar sejam inseparáveis dos modos de gerir e se apropriar do trabalho. Propões a inclusão de todos os sujeitos nos processos de produção de saúde, de modo que sejam capazes de viabilizar mudanças na gestão, aumentar o grau de comunicação, afirmar a indissociabilidade entre a gestão, atenção e a corresponsabilização dos atores desse processo: gestores, usuários e trabalhadores.
O objetivo é ajudar os coletivos organizados na produção e na articulação de arranjos, pactos e ações concretas, capazes de viabilizar mudanças na gestão, indispensáveis para que haja também mudanças nos modos de atenção à saúde (Campos, 2003)
A gestão das unidades de saúde que cada usuário frequenta e onde cada trabalhador desenvolve seu trabalho deve ser do domínio de ambos, favorecendo o engajamento deles no processo de gestão e no processo de cuidar, reconhecendo as dificuldades da rede e buscando, juntos, com corresponsabilidade, solução para os problemas do dia-a-dia da unidade. (Campos, 2003)
- Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos
Esse princípio permite que a população se insira de forma a decidir quais os serviços que devem ser implantados a partir das suas necessidades e as áreas prioritárias, sem, contudo, deixar de valorizar o saber adquirido e especializado dos trabalhadores as saúde, bem como considerar as peculiaridades da gestão da rede de assistência à saúde (Brasil, 2013c, 2016)
Neste sentido o protagonismo social entra com o objetivo de desenvolver autonomia e autodeterminação na elaboração e condução de projetos terapêuticos principalmente pelos próprios usuários.
// Diretrizes //
- Acolhimento
Diretriz da PNH, que independente de local, hora ou profissional específico para fazê-lo, pois faz parte de todos os encontros do serviço de saúde. Trata-se de uma postura ética que implica: 
A escuta do usuário em suas queixas;
O reconhecimento do protagonismo do usuário no processo de saúde e adoecimento;
A responsabilidade pela resolução do problema;
A ativação de redes de compartilhamento de saberes.
Ou seja, acolher é um compromisso de resposta às necessidades dos cidadãos que procuram os serviços de saúde (Brasil,2008)
É necessário realizar a escuta qualificada das razões que levaram o usuário a procurar o serviço de saúde, bem como oportunizar o atendimento das necessidades que ele apresenta, além de facilitar o acesso às tecnologias necessárias para a resolução do seu problema. É uma forma de assegurar que todos sejam atendidos dentro das prioridades e riscos de cada um, baseando-se sempre nos princípios de equidade e buscando atender às peculiaridades de cada caso, a fim de diminuir os riscos e complicações.
- Gestão participativa e cogestão
Uma boa gestão participativa deve permitir a inclusão de todos os entes (trabalhadores, gestores e usuários) nos espaços coletivos de gestão. O Ministério da saúde recomenda a participação nos colegiados gestores, mesas de negociação, câmara técnica de humanização, grupos de trabalhos, gerência DE PORTA ABERTA, OU SEJA, DEVEM SER BUSCADAS ALTERNATIVAS QUE POSSIBILITEM A PARTICIPAÇÃO DE FORMA JUSTA E QUE TRAGAM A EQUIDADE AO PROCESSO.
- Ambiência
Na saúde compreende o espaço físico, social, profissional e de relações interpessoais que deve estar em sintonia com um projeto voltado para a atenção acolhedora, resolutiva e humana.
Baseia-se na transversalidade e indissociabilidade da atenção e gestão, de projetos cogeridos de ambiência como um dispositivo para contribuir na mudança das relações de trabalho. Norteada por 3 eixos principais relacionados ao espaço (Brasil, 2010ª)
Confortabilidade;
Ferramenta facilitadora do processo de trabalho;
Encontros entre sujeitos.
A ambiência, isoladamente, não altera o processo de trabalho, mas pode ser uma ferramenta para as mudanças, através da coprodução dos espaços aspirados pelos profissionais de saúde e usuários, com funcionalidade, possibilidades de flexibilidade, garantia de biossegurança, prevenção de acidentes biológicos e com arranjos que favoreçam o processo de trabalho (Brasil, 2010ª) 
- Clínica ampliada e compartilhada
Esse conceito além de assistência propriamente dita, busca a integração entre todos os participantes, trabalhadores, gestores e usuários, estando o usuário na centralidade do processo.
- Valorização do trabalhador
Isso é possível com programas de formação em saúde e trabalho, com intervenções que incluam o diálogo com a comunidade, com análise dos problemas que enfrenta, realizando pactuações com os gestores e com o grupo de trabalhadores sobre como as ações devem ser conduzidas. É importante fazer com que os trabalhadores se tornem protagonistas dentro do processo, e não meros executores de políticas ou planejamentos realizados em outro nível.
- Defesa dos direitos dos usuários
Os usuários possuem direitos já garantidos por lei. Eles têm direito, inclusive, a conhecer o seu tratamento e também sobre o compartilhamento dos seus problemas com outras pessoas.
Os dispositivos são as diversas formas de organizar o trabalho, pautados nas diretrizes, de modo que permitem a experimentação do cuidado. Os exemplos a seguir, mostram que as diretrizes e os dispositivos são desdobrados na PNH (Brasil, 2014)
	 Diretrizes
Acolhimento
Cogestão e gestão participativa
Clínica ampliada
	 Dispositivos
Acolhimento com classificação de risco
Equipe referência
Apoio matricial
Projeto terapêutico singular (PTS)
· Acolhimentoà demanda espontânea NA Atenção Básica
 O que se observa nos serviços que atendem apenas demanda espontânea é que, na maioria das vezes, a própria população resolve seus problemas de saúde, de forma imediata. Nesse modelo, o indivíduo define o que é urgência dentro do seu ponto de vista e cria os caminhos a percorrer na rede de serviços de saúde de acordo com as necessidades.
Significa dizer que, embora a Atenção Básica seja considerada uma das principais portas de entrada do sistema de saúde, as emergências e prontos-socorros em todo Brasil ainda funcionam como portas de entrada do sistema, por operarem de forma ininterrupta nas 24h, na maioria dos serviços com demanda espontânea, e por possibilitarem respostas efetivas aos usuários que os procuram, mesmo quando, na maioria das vezes, encontram-se superlotados (Brasil, 2013ª) 
Os serviços de urgência realizam a classificação de risco, uma maneira de qualificar o atendimento pela gravidade e não pela ordem de chegada, atendendo a todos e definindo o tempo de atendimento de acordo com a necessidade de cada um.
A Atenção Básica tem participação importante nas redes de Atenção à saúde pela possibilidade de criar vínculo com os usuários e pela sua responsabilidade e atuação na realização de ações coletivas de promoção e prevenção no território, no cuidado individual e familiar, oferecendo serviços com maior grau de descentralização e capilaridade, que, por vezes, perpassam outras modalidades de serviços para atenderem as necessidades de saúde de modo integral.
O acolhimento inicial conta com avaliação de riscos e vulnerabilidades, deve ser encarado como uma mudança de postura na relação entre profissionais e usuários, um dispositivo orientador da atenção e produção de saúde.
// Modelagens de acolhimento //
-Acolhimento realizado pela equipe referência DO usuário
1. Usuário chega ao serviço como demanda espontânea;
2. É direcionado para a equipe da unidade de saúde;
3. O enfermeiro organiza a agenda do dia para que o usuário da demanda espontânea SEJA ATENDIDO PRIMEIRAMENTE, POR ELE, ATÉ UM CERTO HORÁRIO;
4. Após esse tempo predeterminado, o enfermeiro retorna a suas atividades agendadas para aquele dia, e o médico fica na retaguarda para os casos agudos que surgirem;
5. Após escuta da demanda espontânea, o atendimento usual volta a acontecer, e, então, a próxima escuta fica a cargo do técnico de enfermagem, tendo o enfermeiro e o médico na retaguarda.
A grande vantagem dessa modelagem é a vinculação e responsabilização da equipe com o usuário, gerando confiança. Desvantagem é a dificuldade de conciliação com as outras atividades da unidade, como visitas domiciliares e atividades programadas.
- Equipe de acolhimento do dia
Funciona onde existe mais de uma equipe. As mesmas podem se revezar para realizar o acolhimento em dias definidos. O enfermeiro e o técnico da equipe, que ficam escalados para determinado dia, ficam na linha de frente na primeira escuta, e o médico fica na retaguarda para todos os casos, a não ser que a demanda seja muito grande e necessite da ajuda de outra equipe. Caso isso não aconteça, as outras equipes continuam a realizar suas atividades habituais.
Vantagem: não é necessário alterar as agendas das outras equipes.
Desvantagens: menor responsabilização e vínculo da equipe com a população adscrita e sobrecarga para a equipe que está escalada no dia.
- Acolhimento misto
Cada equipe fica atendendo à demanda espontânea de sua área de referência até um certo horário ou até uma certa quantidade de atendimento acordada entre equipes. O enfermeiro atende, e o médico fica para os casos agudos. A partir do horário combinado para a volta das atividades agendadas, ou do momento que ultrapasse o quantitativo anteriormente estipulado, um enfermeiro que fica escalado exclusivamente para esses atendimentos para a atender a demanda espontânea, e um médico exclusivo para os atendimentos dos casos agudos que ultrapassaram a quantidade estipuladas pela equipe. É feito rodizio entre esses profissionais que cobrem esses horários para cada dia. Esse modelo requer comunicação e entrosamento entre as equipes e gerenciamento das agendas.
- Acolhimento coletivo
Ocorre com todos reunidos em um mesmo ambiente
Vantagem: envolvimento de toda a equipe na primeira escuta. É como se fosse uma grande triagem
Desvantagem: ausência DE PRIVACIDADE, DIFICULDADE PARA AVALIAÇÃO DOS RISCOS E VULNERABILIDADES.
A ESCOLHA DA MODELAGEM DO ACOLHIMENTO VAI DEPENDER DE CADA LUGAR E DE CADA GRUPO DE TRABALHO, MAS A MELHOR ESCOLHA SERÁ AQUELA QUE ATENDERÁ às necessidades da população e as equipes que são responsáveis.
· Avaliação de risco e vulnerabilidades
A avaliação de risco e vulnerabilidades traz o acolhimento como dispositivo técnico-assistencial que permite a reflexão e a mudança dos modos de operar a assistência, pois questiona a reflexão clínica no trabalho em saúde, os modelos de atenção e gestão, e as relações de acesso aos serviços. Na avaliação de risco e de vulnerabilidades, não podem ser desconsideradas as percepções do usuário (e de sua rede social) acerca do seu processo de adoecimento.
Avaliar os riscos e as vulnerabilidades implica estar atento ao grau de sofrimento físico quanto psíquico, pois, muitas vezes o usuário que chega andando, sem sinais visíveis de problemas físicos, mas muito angustiado, pode estar mais necessitado de atendimento e com maior grau de risco e vulnerabilidade do que outros pacientes aparentemente mais necessitados.
A avaliação de risco busca:
 Acolher e identificar os usuários que necessitam de tratamento imediato;
Basear o atendimento no potencial de risco e sofrimento do usuário;
Deixar para trás o atendimento por ordem de chegada e organizar o fluxo de atendimento conforme as necessidades apresentadas pelo usuário.
Deve-se organizar o atendimento dos usuários de acordo com as prioridades clínicas de cada um, considerando suas peculiaridades e vulnerabilidades.
É de fundamental importância que o serviço de Atenção Básica acolha a escuta do usuário, discuta com o restante da equipe o problema, leve-o para a gestão ter conhecimento, problematize, só assim as soluções podem ser efetivas, sempre colocando o usuário como o centro da questão, e não o próprio serviço ou as dificuldades.
É necessário, também, realizar escuta de forma ampliada. Diferentemente do que ocorre nos serviços de urgência, que os tempos devem ser rigorosamente respeitados, na Atenção Básica, é necessária uma escuta de forma ampliada, reconhecendo os riscos e vulnerabilidades para o acionamento de intervenções (BRASIL, 2013b).
· Avaliação de risco e vulnerabilidades em situações de urgência E EMERGENCIA 
Nas urgências existem protocolos rigorosos e fáceis de executar, desde que o profissional esteja treinado para tal.
Diversas estratégias podem ser adotadas para melhorar o acesso dos usuários à unidade de saúde. A classificação de Manchester é regularmente a mais usada. Fundamenta-se em prioridades clínicas para garantir um atendimento adequado e equânime (BBrasil, 2013c)
Foi inicialmente direcionada para serviços de pronto-socorro, mas é possível adaptar nas unidades básicas de saúde e USF de forma singularizada.
Modelo de Classificação de demanda espontânea na Atenção Básica:
// Classificaçã0 → Situação possível
Atendimento imediato Alto risco de vida, necessita 			de intervenção da equipe no 			mesmo momento, exige presença 			do médico
Atendimento prioritário Risco de vida moderado, 			necessita de intervenção breve 			da equipe Ofertar, inicialmente 			medidas de conforto
Atendimento no dia Risco baixo, situação que 			precisa ser manejada no mesmo 			dia pela equipe. Requer 				atendimento/orientações 			específicas
Agendamento Situação não aguda. Podem ser 			inclusas em ações programáticas, 			agendamento de consultas 			conforme necessidades e tempo 			Oportuno, orientação específicas 			e/ou sobre as ofertas da 			unidade. 
As ferramentas para avaliação dos riscos e vulnerabilidade ajudam acorrigir as injustiças e tentam realizar um atendimento mais equitativo, observando as situações diferentes com “olhos diferentes”.
O acolhimento na Atenção Básica, principalmente para situações de urgência e emergência, objetiva identificar as necessidades de saúde dos usuários e compreender que qualquer demanda deve ser amparada, ouvida, problematizada e reconhecida como verdadeira.

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