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PIESC - ACOLHIMENTO EM SAÚDE

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Aula 06/02 – Acolhimento em Saúde
Acolhimento na gestão e o trabalho em saúde acolhimento na gestão e o trabalho em saúde
ACOLHIMENTO NA GESTÃO E O TRABALHO EM SAÚDE
· Para a Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão em Saúde (PNH) (BRASIL, 2010) estruturar a prática do Acolhimento nos serviços de saúde representa uma resposta aos desafios de superar e inverter o Modelo de Atenção à Saúde hegemônico centrado no hospital, no médico e na doença, para um modelo que priorize a escuta e o cuidado do sujeito que nos apresenta demandas que extrapolam o corpo e se amplificam em nuances psicológicas, sociais, familiares, comunitárias.
· A PNH entende que a saúde se produz, no que compete diretamente ao setor Saúde, a partir da forma como os serviços e as equipes se organizam, ou seja, como o processo de trabalho se desenha e os efeitos que ele produz sobre todos os envolvidos – gestores, trabalhadores e usuários.
· Por isso, falar de Acolhimento é também falar da organização do processo de trabalho e seus efeitos no cotidiano de vida local (serviço de saúde, comunidade, trabalhadores, gestores e usuários). Uma equipe que acolhe o usuário trabalha de forma muito distinta daquela que se organiza a partir de filas, de fichas ou exclusivamente de agendamento.
· No campo da Saúde, também, reproduzimos características deste modelo de gestão (tradição cartesiana – manda quem pode, obedece quem tem juízo) e, por isso, precisamos propor e experimentar novas formas de gestão nos serviços de saúde. Estas novas possibilidades se relacionam com a maior participação dos trabalhadores na definição da organização dos processos de trabalho.
· Seguindo a proposição do Método da Roda, o Método Paideia ou anti-Taylor (CAMPOS, 2010), a PNH defende a inclusão de todos os atores interessados nas diversas etapas. Incluir os diversos interesses significa reconhecer que o trabalho cumpre um conjunto de finalidades complexas, que podemos caracterizar como uma tríplice finalidade: trabalha-se para o outro (curar sua doença, controlar algum agravo, prevenir alguma sequela, minimizar algum risco de adoecimento) e com o outro, mas também para si mesmo (garantia de alimentação, de abrigo, de habitação, de vestuário, de transporte) e, por fim, trabalha-se para uma instituição (permanência, sua estabilidade, sua viabilidade).Porém, o que os usuários esperam de um serviço de saúde pode não ter o mesmo significado para os trabalhadores, nem ser aquilo que o gestor do serviço deseja. Existem, portanto, potencialmente, conflitos de interesses. Daí, serem necessários espaços para que estes interesses possam ser explicitados e colocados em discussão.
· Em vez da linha de produção dos “tempos modernos”, valorizamos o neoartesanato, ou seja, colocar o trabalho como possibilidade criativa, como realização de uma obra (CAMPOS, 2010). Pretende alcançar a valorização da singularidade e da autonomia.
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E ACOLHIMENTO
· Ao discutir o Acolhimento, tensionamos e somos convidados a analisar e mudar a forma como o trabalho está organizado nos diferentes serviços de saúde e em suas conexões, a rede de atenção.
· Não é possível acolher sem alterar o funcionamento das equipes de saúde. Será necessário que todos os integrantes das equipes façam acordos em relação às mudanças, que discutam em que situações o agendamento é a melhor alternativa e quando esta tecnologia não serve, que decidam a respeito de prioridades, de encaminhamentos, de condutas. Especialmente, é importante que a equipe esteja disposta a rever o que está sendo acordado. 
· Portanto, considerando que gestão e atenção são indissociáveis, o Acolhimento não deve ser implementado de forma autoritária, prescritiva, tampouco há um único modo de acolher.
DIRETRIZ DE ACOLHIMENTO
· Para a Política Nacional de Humanização, o Acolhimento é uma das diretrizes de maior relevância ética/estética/política: Ética no que se refere ao compromisso com o reconhecimento do outro, na atitude de acolhê-lo em suas diferenças, suas dores, suas alegrias, seus modos de viver, de sentir e de estar na vida. Estética porque traz para as relações e os encontros do dia a dia a invenção de estratégias que contribuem para a dignificação da vida e do viver e, assim, para a construção de nossa própria humanidade. Política porque implica o compromisso coletivo de envolver-se neste “estar com”, potencializando protagonismos e vida nos diferentes encontros.
· A proposta do Acolhimento tem como principal foco atender as necessidades do usuário dos serviços de saúde, privilegiando a organização das ofertas dos serviços a partir das demandas de saúde apresentadas.
O ACOLHIMENTO NO SUS: UM POUCO DE HISTÓRIA
· Algumas dessas experiências colocam a prática do Acolhimento em dimensões ainda bastante restritivas: ora como uma atitude voluntária de bondade e de favor exercida por parte de alguns profissionais; ora como uma dimensão espacial, definida a partir de um espaço físico ou em um ambiente confortável; ora como uma prática exercida pela equipe de porta de entrada do serviço, ou mesmo em uma recepção administrativa, limitada à porta de entrada dos serviços de saúde; ora como uma ação de triagem administrativa e de repasse de encaminhamentos para serviços especializados, ou seja, uma ação pontual, isolada e descomprometida com os processos de responsabilização e de produção de vínculo.
· Essas formas de Acolhimento compõem uma organização do processo de trabalho com algumas características: Convivência com filas “madrugadoras” na porta do serviço de saúde, disputando o acesso sob o critério de quem chega primeiro ou mais cedo para conseguir vagas para atendimento, de modo geral, é organizado a partir das filas por ordem de chegada, sem avaliação do potencial de risco, de agravo ou do grau de sofrimento; Muitas vezes, oferecem serviços totalmente incongruentes com as demandas locais, e acreditam que o seu objeto de trabalho é combater esta ou aquela doença, fazer certo número de procedimentos, atribuindo menor importância à existência dos sujeitos em sua complexidade e sofrimento; Trabalho fragmentado, sem uma articulação dos diversos saberes da própria equipe; Atendimento de pessoas com sérios problemas de saúde de forma pontual, sem planejamento do cuidado de forma contínua; Profissionais muito atarefados até mesmo exaustos de tanto realizar atividades; Nos serviços de urgência, convive-se com a presença constante de casos graves em filas de espera, com baixa capacidade de distinguir riscos.
· Na prática do adoecimento, do sofrimento no cotidiano de trabalho, o repasse do problema fica como objetivo principal, desviando a atenção para a importância de acolher o sujeito e suas necessidades e ter disponibilidade para construir alternativas que atendam as demandas presentes. Evidentemente todas essas práticas não somente comprometem a eficácia como também causam sofrimento a trabalhadores e usuários do SUS.
ACOLHIMENTO COMO DIRETRIZ QUE OPERA A PRÁTICA E A ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
· Torna-se necessário que outras técnicas, conhecimentos e valorização dos sujeitos passem a fazer parte do dia a dia do trabalho em saúde, cultivando espaços de troca importantes para que profissionais das equipes possam compartilhar conhecimentos, disponibilidades, ações e apoio na superação de questões que causam sofrimento e insatisfação das pessoas que oferecem e recebem serviços de saúde.
· O Acolhimento é uma estratégia de interferência nos processos de trabalho. O Acolhimento não se limita a um espaço físico, mas transparece em uma postura ética.
· Colocar em ação o Acolhimento como diretriz operacional requer: Protagonismo dos sujeitos envolvidos na produção de saúde (gestor, trabalhador, usuário); Valorização e abertura para o encontro entre o profissional de saúde, o usuário e a sua rede social, como liga fundamental no processo de cuidado; Perceber a necessidade de Acolhimento dos profissionais que estão em uma relação de cuidado com a população, a fim de cuidar destes profissionais; Uma reorganizaçãodo serviço de saúde a partir da problematização dos processos de trabalho, de modo a possibilitar a intervenção de toda a equipe multiprofissional; Produção de processos de educação permanente no cotidiano dos serviços; Elaboração de projetos de intervenção individuais e coletivos; Mudanças estruturais na forma de gestão do serviço de saúde, ampliando os espaços democráticos de discussão, de escuta, de trocas e de decisões coletivas; Diferenciação entre Acolhimento e triagem, com a percepção que o acolhimento não termina na recepção; Postura de escuta e de compromisso em dar respostas às necessidades de saúde trazidas pelo usuário, com cuidado de incluir sua cultura, saberes, capacidade de avaliar riscos e de gerar o autocuidado; Construção coletiva de propostas para melhor qualificar o serviço de saúde localmente.
O ACOLHIMENTO E SUA TRANSVERSALIDADE COM AS DEMAIS DIRETRIZES E DISPOSITIVOS DA PNH
· Entrelaçar o Acolhimento com as demais diretrizes e os dispositivos propostos pela PNH requer uma disponibilidade grande para vivenciar a proposta de trazer a teoria para a prática no cotidiano em saúde.
· Diretriz: Clínica Ampliada: Estimular práticas de atenção compartilhadas e resolutivas, racionalizar e adequar o uso dos recursos e de insumos, em especial o uso de medicamentos, eliminando ações de intervenção desnecessárias por meio da reorganização dos processos de trabalho, são elementos que refletem uma prática em saúde com base na diretriz de Clínica Ampliada.
· Diretriz: Cogestão: A estruturação do dispositivo de colegiados gestores apresenta-se como uma aposta importante para inclusão de trabalhadores nos espaços de tomada de decisão envolvendo organização e estruturação do serviço de saúde.
· Diretriz: Fomento das grupalidades, dos coletivos e das redes: Como modo de perceber as estratégias possíveis para sustentar os movimentos coletivos que podem surgir desse encontro dos sujeitos, há a possibilidade de estabelecer Grupos de Trabalho e Câmaras Técnicas com plano de trabalho definido, como forma de apoiar a implementação das diretrizes e dos dispositivos propostos pela política.
· Diretriz: Valorização do trabalho e do trabalhador: Essa valorização parte principalmente de uma compreensão de que estes sujeitos representam, no cotidiano, as verdadeiras “portas de entrada” dos serviços definindo acesso, qualidade no cuidado e na construção de um processo corresponsável de atenção em saúde. De forma geral, os princípios, as diretrizes e os dispositivos propostos trazem o trabalhador de saúde para uma posição central no processo, em uma perspectiva de empoderamento, visto que sugere o exercício cotidiano de construir a indissociabilidade entre gestão e atenção.
· Diretriz: Defesa dos direitos dos usuários: Do mesmo modo que percebemos que valorizando o profissional as práticas de saúde se transformam e podem se qualificar para atender melhor as demandas locais, destacamos que a inclusão do usuário na definição do seu plano de cuidado, bem como nos processos de decisão que incluem os serviços localmente, reflete aspectos de defesa dos direitos dos usuários.
· Diretriz: Ambiência: A Ambiência aposta na composição de saberes para a coprodução dos espaços físicos, entendendo que o espaço não é dado a priori. Entende que espaço é um território que se habita, que se vivencia, onde se convive e se relaciona, que se experimenta, que se reinventa e que se produz. Uma coprodução do espaço que acontece porque nele há modos de gerir, processos de trabalho, encontros entre pessoas, modos de se viver e modos de ir reconstruindo o espaço. Essa construção/reinvenção destaca o sentido estético da inovação criativa, produzida no processo coletivo e com protagonização dos sujeitos que a vivenciam (PESSATTI, 2008). Quanto ao Acolhimento, a Ambiência prevê a organização dos processos de trabalho de acordo com o acompanhamento da gravidade do cuidado.
A CAPTURA DOS DISPOSITIVOS DA PNH TORNANDO-OS INSTRUMENTOS DE EXCLUSÃO
· A PNH tem como objetivo provocar inovações nas práticas gerenciais e de produção de saúde, propondo o desafio de superar limites e experimentar novas formas de organização dos serviços e novos modos de produção e circulação de saber e poder. Traz como método a tríplice inclusão.
· O conceito de Acolhimento tem sido capturado e instrumentalizado de forma reduzida, como se ele fosse uma tecnologia utilizada em um lugar e um horário definido, geralmente colocado apenas nas portas das urgências ou dos serviços de saúde, desconectado do restante da atenção, para ser executado pelos profissionais com menor poder na instituição, delegado a pessoas com menor qualificação profissional, e até mesmo a profissionais colocados naquela função como se estivessem sendo penalizados pelos gestores; a Classificação de Risco, dispositivo para acolher a partir das necessidades singulares de cada sujeito que procura saúde é implantada como uma “triagem” com regras e critérios que devem ser seguidos por todos, sendo um grande foco dos serviços, superando a própria noção de Acolhimento; a gestão mostra-se centralizada e verticalizada, seguindo os fundamentos tayloristas que separam aqueles que pensam e planejam daqueles que fazem.
PISTAS FINAIS...
· A reforma sanitária brasileira buscou uma mudança radical no modelo de atenção e sua inserção na perspectiva da construção da cidadania e no respeito às especificidades econômicas, sociais, culturais e sanitárias de nosso país. Ela baseia-se em três aspectos fundamentais: a saúde definida em um contexto histórico de uma determinada sociedade e em um dado momento de seu desenvolvimento, sendo resultante das condições gerais da vida; a saúde como um direito de cidadania e dever do Estado; e o Sistema Único de Saúde, o SUS, que tem como princípios a integralidade de ações, de universalidade e de equidade de acesso, e como diretrizes a descentralização e a hierarquização de serviços e a participação da comunidade.
· CRÍTICA: Hoje, o sistema de saúde comporta-se mais como uma rede móvel, assimétrica e incompleta de serviços que operam distintas tecnologias de saúde e que são acessados de forma ainda desigual pelas diferentes pessoas ou agrupamentos que deles necessitam. Portanto, o mais problemático desafio imposto ao sistema de saúde brasileiro refere-se à construção de uma rede de atenção resolutiva, hierarquizada e equânime.
· A Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS aposta na indissociabilidade entre os modos de produzir saúde e os modos de gerir os processos de trabalho, entre atenção e gestão, entre clínica e política, entre produção de saúde e produção de subjetividade.
 
 
APOIO COMO POTÊNCIA DE INTERVENÇÃO NA REALIDADE
· A principal forma de atuação da PNH se faz por meio do apoio institucional. Assim, o apoiador coloca- -se com os gestores ou os profissionais que vão apoiar na problematização das questões da gestão e da atenção.
· No entanto, assim como os demais conceitos e dispositivos, o apoio institucional também pode ser capturado e reduzido, sendo utilizado como instrumento de dominação e de exclusão.
 
Percepção de Estudantes de Medicina sobre Aprendizagem da Relação Médico-Paciente após Mudança Curricular
RESUMO
· Estudo de abordagem qualitativa
· RMP valorizada por todos, e empatia, respeito, não julgamento, escuta ativa e linguagem acessível apontados como elementos fundamentais.
· Dificuldade de interação com pessoas portadoras de doenças graves, incuráveis e/ou terminais e também no contexto de emergência.
INTRODUÇÃO
· Na RMP, a comunicação é o principal meio de se conseguir uma abordagem positiva e com resultados satisfatórios. A empatia com tratamento respeitoso, a escuta atenta sem julgamentos e a utilização de linguagem clara e acessível são características esperadas desta relação. 
· Atualmente, enfatiza-se a importância de uma relação centrada no paciente como pessoa e não apenas na doença que o aflige, pois, a doença não pode ser compreendida como um fenômeno isolado, mas, sim, em relaçãoàs diferentes dimensões que constituem a vida do indivíduo.
· O vínculo profissional se constrói com base na experiência e no conhecimento técnico-científico e tácito, centrado na subjetividade e na responsabilidade individual e social, perpassados pela dimensão ética e humanística da relação.
· Entre os resultados de uma RMP efetiva estão a maior satisfação do paciente com o médico, maior adesão ao tratamento, percepção de diminuição da intensidade dos sintomas clínicos, melhora na saúde mental e maior ajuste psicológico e emocional e diminuição de queixas contra más práticas. Para o profissional, a RMP efetiva pode gerar maior satisfação com o trabalho e diminuição do estresse e contribuir para a reflexão sobre sua própria vida à medida que reflete sobre a vida do “outro”.
· O aprendizado prático da RMP pelo aluno, mediado por feedback e reflexão, é componente essencial para sua formação profissional, pois o estimula e mobiliza para adquirir conhecimentos e habilidades que lhe assegurem uma boa prática futura.
· A diversificação dos cenários de práticas em todos os níveis do sistema de saúde e o contato com a comunidade aproximam os estudantes da vida cotidiana das pessoas, propiciando o desenvolvimento de um olhar crítico e voltado para a situação de saúde da população e dos serviços de saúde. 
· Além de melhorar as habilidades de comunicação, tão importantes no seu desenvolvimento. Neste processo, o estudante deve tornar-se hábil não só em coletar informações, mas também em estabelecer uma parceria com o paciente, facilitar a expressão de seus sentimentos e preocupações e compreender suas crenças, propiciando uma pactuação terapêutica. Quando esta comunicação não é adequada, há interferência significativa na relação que se estabelece entre médico e paciente e nos resultados da consulta. Problemas psicossociais e psiquiátricos são comuns na prática médica geral, mas estes diagnósticos não são considerados em até 50% dos casos.
· A partir da década de 1990, maior atenção começou a ser dispensada ao ensino das habilidades de comunicação na medicina. Em 1996, na Conferência Internacional sobre o Ensino da Comunicação em Medicina, foi recomendado que o desenvolvimento e a implementação de programas de ensino e avaliação sejam baseados numa visão ampla da comunicação na medicina. Em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais desenvolvidas em 2001 (DCN), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) implantou em 2003 um novo currículo para o curso de graduação em Medicina.
MÉTODO
· O reconhecimento, pelos estudantes, do potencial de realização de práticas desde o início do curso na rede básica de saúde, para a construção da relação médico-paciente do futuro profissional. O cenário de integração do ensino com os serviços de saúde proporcionou mais tempo para diálogo com os pacientes, favorecendo o desenvolvimento de habilidades comunicacionais e a possibilidade de conhecer a realidade e o modo de vida de seus pacientes.
· “A base da medicina, sem a qual não há como desenvolver um bom trabalho... Sem uma boa relação, todo conhecimento técnico não vai ser colocado em prática”; “Conhecer a percepção que o paciente tem sobre o processo de saúde-doença”, bem como “o impacto disso em sua vida”; “Ao ter uma relação boa com o médico, (o paciente) adere à terapia, se interessa em saber como é a sua doença, confia no médico e também no tratamento que está sendo realizado.”
· Para um bom relacionamento, a atitude de se colocar no lugar do outro, procurando compreender suas angústias, foi a mais frequentemente mencionada pelos estudantes. A comunicação efetiva, com palavras, gestos, toque e expressões faciais, é fundamental para o bom desenvolvimento da relação médico-paciente. 
· Em relação aos diagnósticos mais drásticos, como câncer ou falecimento, foi lembrada a importância de valorizar e promover a qualidade de vida do paciente, esclarecendo-o sobre o recebimento dos cuidados necessários, assim como o envolvimento da família na ocasião da comunicação diagnóstica e o envolvimento da equipe de saúde no auxílio à comunicação de más notícias.
· No que se refere às dificuldades de relacionamento, o aspecto mais comentado foi a limitação da interação nos setores de emergência. Os estudantes mencionaram prejuízo da relação médico-paciente nestes espaços, pela grande demanda/ falta de tempo, pela ausência de acompanhamento dos pacientes, pela demora para chegar ao atendimento e por consequências destas questões sobre a atitude dos pacientes em relação ao profissional. Além dos pacientes com doenças psiquiátricas, idosos, doenças graves ou estados muito debilitados.
· Alguns estudantes destacaram as atitudes negativas de seus tutores, ressaltando a necessidade de melhorar a preparação dos docentes, já que parte importante do aprendizado surge a partir dos exemplos, como mencionado. 
· Segundo Merton, a socialização de adultos ultrapassa os limites da educação e do treinamento e se desenvolve por meio de duas vias principais: aprendizado direto através do ensino didático de um ou outro tipo; e indireto, no qual atitudes, valores, padrões de comportamento são adquiridos como subprodutos do contato com instrutores e pares, com pacientes e com membros da equipe de saúde.
Acolhimento e vínculo em uma equipe do Programa Saúde da Família
RESUMO
· Uma pesquisa qualitativa que visa analisar o trabalho de uma equipe de Saúde da Família, no que se refere ao acolhimento dos usuários e à produção de vínculo, durante o trabalho vivo em ato, procurando caracterizar o modo de produção de saúde que está sendo construído, bem como as concepções dos trabalhadores acerca do usuário do serviço.
INTRODUÇÃO
· O acolhimento possibilita regular o acesso por meio da oferta de ações e serviços mais adequados, contribuindo para a satisfação do usuário. O vínculo entre profissional/paciente estimula a autonomia e a cidadania, promovendo sua participação durante a prestação de serviço. 
· Há uma relação entre acesso e acolhimento. Para Carvalho & Campos, acolhimento é um arranjo tecnológico que busca garantir acesso aos usuários com o objetivo de escutar todos os pacientes, resolver os problemas mais simples e/ou referenciá-los se necessário.
· A acolhida consiste na abertura dos serviços para a demanda e a responsabilização por todos os problemas de saúde de uma região. Prevê plasticidade, que é a capacidade de um serviço adaptar técnicas e combinar atividades de modo a melhor respondê-los, adequando-os a recursos escassos e aspectos sociais, culturais e econômicos, presentes na vida diária. Ao sentir-se acolhida, a população procura, além dos seus limites geográficos, serviços receptivos e resolutivos.
· O acolhimento na saúde, para Bueno & Merhy, deve construir uma nova ética, da diversidade e da tolerância aos diferentes, da inclusão social com escuta clínica solidária, comprometendo-se com a construção da cidadania.
· Segundo Campos, o vínculo com os usuários do serviço de saúde amplia a eficácia das ações de saúde e favorece a participação do usuário durante a prestação do serviço. Merhy afirma que a relação humanizada da assistência, que promove a acolhida, dá-se sob dois enfoques: o do usuário e o do trabalhador. Esse espaço deve ser utilizado para a construção de sujeitos autônomos, tanto profissionais quanto pacientes, pois não há construção de vínculo sem que o usuário seja reconhecido na condição de sujeito, que fala, julga e deseja.
· Em 1994, o Ministério da Saúde propôs o Programa Saúde da Família (PSF) como uma estratégia para a reorientação do modelo assistencial, a partir da organização da atenção básica, apostando no “estabelecimento de vínculos e a criação de laços de compromisso e de coresponsabilidade entre profissionais de saúde e a população”. O PSF pretende trabalhar com o princípio da vigilância da saúde, com atuação inter e multidisciplinar, responsabilizando-se pela integralidade das ações na área de abrangência. 
MÉTODO
· A atividade de recepção de um serviço de saúde deve ser entendida como umespaço no qual ocorre o reconhecimento das necessidades do usuário por meio da investigação, elaboração e negociação de quais serão atendidas. O que, nas palavras de Silva Jr. chamamos acolhimento, é uma ferramenta que estrutura a relação entre a equipe e a população e se define pela capacidade de solidariedade de uma equipe com as demandas do usuário, resultando numa relação humanizada. O acolhimento tem como objetivo resolver o que é de competência da rede básica, independente da hora de chegada na unidade.
· O vínculo deve ser extensivo a toda a equipe de saúde, pois somente dessa maneira é possível atender de fato as demandas e necessidades dos sujeitos reais do trabalho em saúde. A integralidade do atendimento fica prejudicada quando não se considera o usuário enquanto sujeito, portador de direitos e de opções de vida. 
· O PSF, como uma proposta de estratégia de mudança do modelo de atenção que tem como objetivo a implantação do SUS, tem recebido várias críticas, principalmente no que tange à sua incapacidade de enfrentamento do modelo neoliberal. Campos considera quase impossível implantar um modelo de saúde sem o acordo e o empenho da maioria dos trabalhadores e gerentes em consolidá-lo. Baseados nisso, analisou-se a posição que os trabalhadores assumem na discussão sobre a efetivação dos princípios do SUS.
· Aparece a falta de estrutura e o distanciamento da Secretaria Municipal de Saúde prejudicando o andamento do atendimento, o que atinge sobretudo a população, já que é na individualidade do sujeito real que recaem os maiores prejuízos. Observou-se a falta de medicação impossibilitando a continuidade do atendimento, e também que a equipe sente-se insatisfeita com essas condições de trabalho, revelando um sentimento de indignação quando se depara com o sofrimento do usuário e não consegue agir.
· CRÍTICAS: A relação entre a organização do processo de trabalho da equipe e a falta de acesso da população ao atendimento clínico foi um achado importante. A realidade da população adscrita é o atendimento centrado no médico e a manutenção das filas em horários desumanos para a garantia de acesso. Isso possibilita afirmar que não basta aumentar o número de equipes de Saúde da Família sem abrir espaços para novas formas de organização no processo de trabalho. Os princípios, diretrizes e a composição do SUS não são compreendidos e tampouco defendidos por toda a equipe de saúde. Não está claro, para os profissionais, a ligação entre o PSF e a efetivação do SUS. O desafio de construção do SUS deve ser assumido por todos os trabalhadores, caso contrário não o implementaremos.

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