Prévia do material em texto
REVISTA CIENTÍFICA ISSN Impresso: 1982-422X | ISSN Eletrônico: 2236-1774 Volume 13, Número 1, 2018 INFORMAÇÕES GERAIS A revista Acta Tecnológica é uma publicação oficial de divulgação científica e tecnológica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão e se destina a divulgar os conhecimentos técnicos, científicos e culturais produzidos nesta e demais instituições da rede de ensino básico, técnico, tecnológico e superior. A missão da Acta Tecnológica é publicar artigos científicos, revisões bibliográficas, relatos de casos, resumos de teses e dissertações, notas técnicas e outros referentes às áreas de Ciências Agrárias, Ciência e Tecnologia de Alimentos, Ciências Biológicas, Meio Ambiente, Educação, Letras e Artes, Ciências Sociais e Ensino das Ciências e Matemática, contribuindo para a divulgação e promoção de debates sobre temas de interesse estratégico para o desenvolvimento científico e tecnológico regional e nacional. A Acta Tecnológica tem periodicidade semestral, podendo, no entanto, ser publicadas edições especiais. A Equipe Editorial é composta por editores, um corpo de assessores científicos e uma equipe de apoio nas áreas de revisão textual, normalização, design editorial e tecnologia da informação. ©Acta Tecnológica Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão Av. Colares Moreira, nº 477 - Renascença São Luís-MA - CEP: 65075-441 - Fone: (98) 3215.1794 http://www.ifma.edu.br | http://prpgi.ifma.edu.br http://portaldeperiodicos.ifma.edu.br/ A exatidão das informações, os conceitos e opiniões emitidos nos resumos e textos completos são de exclusiva responsabilidade dos autores. I59 ACTA Tecnológica / Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, v.13, n.1, jan-jun. 2018. São Luís: IFMA - Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação. Semestral ISSN Impresso: 1982-422X | ISSN Eletrônico: 2236-1774 1. Ciências Agrárias 2. Tecnologia de Alimentos 3. Educação 4. Meio Ambiente. I. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia II. Título. CDU: 37.015:631:641.13 https://goo.gl/maps/ZmShEP6aQ352 https://goo.gl/maps/ZmShEP6aQ352 tel:9832151794 http://www.ifma.edu.br http://prpgi.ifma.edu.br http://portaldeperiodicos.ifma.edu.br/ Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão Reitor Francisco Roberto Brandão Ferreira Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação Natilene Mesquita Brito Presidente da Editora IFMA Gedeon Silva Reis Editora Chefe Flávia Arruda de Sousa Conselho Editorial Stefan Hubertus Dorner Gedeon Silva Reis Glayde Maria Carvalho Veras Dihego Silva Bonfim Flávia Arruda de Sousa Sylvia Letícia Oliveira Silva Revisão de Texto Flávia Alexandra Pereira Pinto Kerllen Miryan Portela de Paiva Norato Rita de Cássia Bastos Cirqueira Costa Triciane Rabelo dos Santos Revisão de Língua Estrangeira (Inglês) Claudia Cristina Colins Pereira Maycon Cesar Pereira Wernz Design Editorial Luís Cláudio de Melo Brito Rocha Tecnologia da Informação José Maria Ramos dos Reis Documentação e Normalização Michelle Silva Pinto EDITORIAL A Revista Acta Tecnológica, traz nesta edição, um conjunto de artigos em diversas áreas do conhecimento, sendo 1 (um) artigo na grande área de ciências sociais e aplicadas, 1 (um) em engenharia, 1 (um) na área de ciências biológicas e 5 (cinco) na área de ciências agrárias. Neste volume 13, número 1, do ano 2018 publicamos os artigos: “Percepção de qualida- de dos candidatos a cargos públicos: comparação entre gêneros na visão do eleitor”, onde os autores comparam os atributos de qualidade dos candidatos a cargo eletivo e a diversidade de gênero. O segundo artigo “Validação da metodologia sobre o posiciona- mento das peças no ensaio de salt spray” baseia-se no procedimento descrito na norma ASTM B117, a qual padroniza o ensaio de névoa salina. No terceiro artigo “Potencial de comercialização de produtos florestais não madeirei- ros na área de manejo da reserva extrativista Tapajós, Arapiuns, Pará” os autores de- monstram a importância dos recursos naturais florestais para as comunidades em estudo. No quarto artigo “Caracterização florística, fitossociologia e regeneração natural de uma floresta manejada no oeste do Pará” os autores apresentam as espécies com grande importância na dinâmica de sucessão da floresta objeto de estudo. No artigo “Plantas ornamentais ocorrentes no município de Aldeias Altas, Maranhão, Brasil” os autores verificaram a procedência das espécies (nativas ou exóticas) e a presença ou ausência de propriedades tóxicas. No sexto artigo “Desenvolvimento de plântulas de soja em função do tratamento das sementes com vitaminas” os autores testaram o ácido ascórbico (vitamina C), o ácido fólico (vitamina B9) e a tiamina (vitamina B1) no tratamento de sementes de soja. No sétimo artigo “Indicadores visuais de qualidade do solo em agroecossistemas familiares maranhenses” busca avaliar a qualidade do solo em três agrossistemas voltados para a realidade da agricultura familiar. E para finalizar, “Extração do amido do resíduo de junça (Cyperus esculentus): otimi- zação e caracterização” com a proposta de otimizar o processo extração do amido do resíduo de junça por meio de um planejamento experimental fracionário seguido de um delineamento composto central rotacional. Acreditamos que a seleção destes artigos representa um conjunto de contribuições cientí- ficas importantes e atualizadas e que possam incentivar a produção de novos artigos para a nossa revista. Agradecemos a todos que colaboraram com esta edição e colocamo-nos à disposição, sem- pre com o intuito de fazer uma revista cada vez melhor. Boa leitura! Sylvia Leticia Oliveira Silva Editora da Revista Acta Tecnológica SUMÁRIO Percepção de qualidade dos candidatos a cargos públicos: comparação entre gêneros na visão do eleitor .............................................................................. 11 Alice Silva Duarte e Lindemberg Costa Júnior; Validação da metodologia sobre o posicionamento das peças no ensaio de salt spray ........................................................................................................... 31 Michael Jonathan Gandra dos Santos, Luciana Santos Genipe, Vanusa Andresa da Mata Stocco e Camila Molena de Assis; Potencial de comercialização de produtos florestais não madeireiros na área de manejo da reserva extrativista Tapajós Arapiuns Pará .............................. 45 Andrea Araújo da Silva, Lizandra Elizeário dos Santos, Girlene da Silva Cruz, Renato Be- zerra da Silva Ribeiro e João Ricardo Vasconcelos Gama; Caracterização florística, fitossociologia e regeneração natural de uma floresta manejada no oeste do Pará .............................................................................. 65 Renato Bezerra da Silva Ribeiro, Diego dos Santos Vieira, Lucas Cunha Ximenes e João Ricardo Vasconcellos Gama; Plantas ornamentais ocorrentes no município de Aldeias Altas, Maranhão, Brasil ................................................................................................................. 79 Jucilene da Silva Pereira, Domingos Lucas dos Santos Silva, Guilherme Sousa da Silva, Gonçalo Mendes da Conceição e Deuzuita dos Santos Oliveira; Desenvolvimento de plântulas de soja em função do tratamento das sementes com vitaminas .................................................................................................. 95 Larissa Ferreira Gomes Chaves e Josiane Marlle Guiscem; Indicadores visuais de qualidade do solo em agroecossistemas familiares maranhenses .................................................................................................. 109 Rafael Mendes de Sousa, Roseana Ramos Pereira e Franciclaudio Soares; Extração do amido do resíduo de junça (Cyperus esculentus): otimização e caracterização ................................................................................................. 121 Jonas de Jesus Gomes da Costa Neto,Karine Marques Lento de Freitas, Fabiane Ferreira Santos, Taísa Lisboa Montagner Gomes, Priscilla Filomena Fonseca Amaral, Gizele Cardo- so Fontes Sant’Ana e Maria Helena Miguez Rocha Leão; ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 11 Percepção de qualidade dos candidatos a cargos públicos: comparação entre gêneros na visão do eleitor Alice Silva Duarte1; Lindemberg Costa Júnior2; 1 Tecnóloga em Gestão Pública; E-mail: alice_lili16@hotmail.com; 2 Bacharel em Administração; Mestre em Administração; E-mail: lindemberg.junior@ifma.edu.br; RESUMO Comparar os atributos de qualidade dos candidatos a cargo eletivo que são considera- dos por homens e mulheres foi o objetivo dessa pesquisa. As literaturas brasileiras e es- trangeiras buscam analisar e comparar os atributos que levam o consumidor a escolher por um determinado produto, e alguns comparam a relação do Marketing Comercial com o Marketing Político. Para identificar os atributos de qualidade dos candidatos do sexo masculino e feminino na visão dos eleitores, optou-se por metodologia quantitativa, com caráter descritivo e corte transversal. Buscando tornar mais eficiente a centralização das informações, adotou-se coleta primária de dados por meio de formulário eletrônico (TypeForm), enviado prioritariamente pelo aplicativo de celular WhatsApp, por e-mail, em grupos da rede social Facebook, e pelo Messenger. Sendo assim classifica-se a amostra como não probabilística e por conveniência. O questionário utilizado é o de Monte-Mor e Quintino (2014), que visa mensurar os atributos de candidatos nas visões dos votantes brasileiros e norte-americanos. A amostra estudada foi obtida através das respostas de questionários, que foram aplicados aos eleitores. Foram realizadas as análises das com- parações das médias entre os sexos masculinos e femininos e os resultados apontaram diferentes percepções em ambos os sexos, observou-se que os eleitores são criteriosos na escolha de um candidato ao Poder Executivo. Porém, os mesmos pensam de maneira di- ferente na hora de decidir seu voto ao avaliarem os candidatos em relação aos seguintes atributos: Confiabilidade do candidato, Conformidade do candidato e Relacionamento com o eleitorado. Palavras-chave: Marketing Eleitoral; Política; Qualidade; Comportamento do Eleitor. Recebido em 26/08/2017; Aceito em 09/05/2018; Publicado na web em 01/10/2018 ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 12 Perception of quality of candidates to public positions: comparison between genders in the vision of the voter ABSTRACT To compare the quality attributes of the elective candidates that are considered by men and women was the objective of this research. The Brazilian and foreign literatures seek to analyze and compare the attributes that lead the consumer to choose for a particular product, and some compare the relationship of Commercial Marketing with Political Marketing. To identify the quality attributes of the male and female candidates in the voters’ view, a quantitative methodology was chosen, with a descriptive and cross-sectional character. In order to make the centralization of information more efficient, the primary data collection was done using an electronic form (TypeForm), sent primarily by the WhatsApp mobile application, by e-mail, in groups of the social network Facebook, and by Messenger, being So the sample is classified as non-probabilistic for convenience. The questionnaire used is that of Monte Mor and Quintino (2014), which aims to measure the attributes of candidates in the visions of Brazilian and US voters. The sample studied was obtained through questionnaire responses, which were applied to the voters. Analyzes of the comparisons of the means between the male and female sexes were carried out. The results showed different perceptions in both sexes. It was observed that the voters are judicious in the choice of a candidate for the Executive Branch. However, they think differently when deciding their vote when evaluating candidates in relation to the following attributes: Candidate reliability, Candidate compliance, and Relationship with the electorate. Keywords: Marketing Electoral; Politics; Quality; Genres; Voter Behavior. ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 13 1 INTRODUÇÃO As preferências partidárias ou ideológicas do brasileiro baseiam-se em imagens difu- sas e simplificadas da posição dos partidos: existiria no sistema de crenças da popula- ção uma divisão quase binária do processo político, de modo que os partidos estariam ou do lado do “povo” ou do “governo”, dos “pobres” ou dos “ricos” (REIS, 2009). Segundo Muniz (2013), o marketing polí- tico e eleitoral vem implantar técnicas de marketing de varejo e de comunicação so- cial, com o objetivo de conquistar a aprova- ção e simpatia da população, construindo uma imagem do candidato que seja sólida e consiga transmitir simpatia e aprovação do eleitorado. Neste sentido, torna-se re- levante identificar a opinião dos eleitores, pois através deles pode-se proporcionar vantagens estratégicas aos candidatos, por exemplo, prever a preferência dos indivídu- os por um determinando partido político (RADMANN, 2001). Estudos anteriores buscaram analisar e comparar os atributos de qualidade que levam o eleitor a determinar o seu voto. Identificaram-se estudos que utilizaram o Modelo de Garvin (1988) que tem como objetivo mensurar características de quali- dade de um produto comercial. Nesse sen- tido pesquisadores adaptaram o modelo re- lacionando os políticos como se fosse um produto comercial, e consequentemente devem ter bons atributos de qualidade para serem escolhidos. Monte-Mor e Quintino (2014) compararam a visão dos eleitores norte americanos e bra- sileiros. Costa Junior, Beiruth e Monte-Mor (2018) identificaram os fatores que levaram eleitores de baixa renda brasileiros a esco- lher seu candidato. E Silva (2016) desenvol- veu pesquisa com o objetivo de relacionar o que o eleitor leva em conta na hora de escolher um candidato ao cargo de prefeito municipal (Poder Executivo Municipal). Nesta perspectiva, os estudos anteriores apresentam as ferramentas do Marketing, seja comercial ou político, como vantagem estratégica perante aos concorrentes. Porém, não foram identificadas pesquisas que com- param atributos de qualidade do candidato na visão de homens e mulheres. Com a in- tenção de avançar os estudos sobre essa te- mática, o presente estudo busca responder o seguinte questionamento: A percepção dos atributos de qualidade em candidatos a cargos eletivos é diferente na visão entre homens e mulheres? Nesse sentido, o objeti- vo desta pesquisa é comparar os atributos de qualidade dos candidatos a cargo eletivo que são considerados por homens e mulheres. O estudo dessa temática se faz pertinente, pois na visão do Marketing Eleitoral iden- tificar os principais atributos de qualidade que levam o eleitor a determinar seu voto pode fornecer aos candidatos vantagens estratégicas em suas corridas eleitorais (COSTA JUNIOR; BEIRUTH; MONTE-MOR, 2018; MONTE-MOR; QUINTINO, 2014; SILVA, 2016). Nessa perspectiva as ferra- mentas do Marketing Eleitoral podem reve- lar o comportamento dos eleitores diante ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 14 das urnas. (BORBA, 2005; GARCIA; MAIA; BILHALVA, 2014). Como contribuição prática, a pesquisa pre- tende proporcionar aos candidatos sub- sídios que podem ajudá-los a entender o comportamento do eleitor, levando em conta seu gênero (WERNER; REIS, 2009). Como contribuição teórica, pretende-se acrescentar informações para a literatura cientifica com assuntos acerca do marke- ting eleitoral e os atributos de qualidade, com a lacuna existente que é a comparação de comportamento dos homens e mulheres enquanto eleitores (COSTA JUNIOR; BEI- RUTH; MONTE-MOR, 2018; MONTE-MOR; QUINTINO, 2014; SILVA, 2016). Nesse contexto,para alcançar o objetivo proposto na pesquisa, analisaram-se estu- dos anteriores relacionados ao marketing eleitoral e as diferenças de gêneros. Em se- guida, realizou-se a analise metodológica do estudo, e procedeu-se com a coleta de dados. Logo após, analisou-se os mesmos, onde foi realizada estatística descritiva e multivariada, utilizando-se a regressão para explicar o comportamento do eleitor. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. Marketing eleitoral De acordo com Scotto (2003), uma eleição a cargos políticos é observada hoje como a venda de um produto (candidato) a uma enorme gama de clientes (eleitores). Nesse sentido, existe a necessidade de apresentar as qualidades desse produto para provocar encantamento, e consequente, interesse dos consumidores (COSTA JUNIOR; BEIRU- TH; MONTE-MOR, 2018). O marketing eleitoral está ligado a cons- trução da imagem em curto prazo (SILVA, 2016). Estratégia e tática são elaboradas de tal forma que no tempo certo da eleição o candidato irá apresentar o maior número de votos possíveis, e cumprirá com seus objetivos (MUNIZ, 2013). Ainda segundo o autor, a intenção do Marketing eleitoral é garantir a eleição do candidato nas elei- ções, trabalhando a sua imagem e credibi- lidade com seu eleitorado alvo, para que assim consiga um maior número de votos. Barry (1965) diz que o objetivo maior dos partidos é ganhar o poder político. No pro- cesso democrático, essa busca é complexa e depende do voto popular, e na disputa eleitoral ganha quem conseguir persuadir a maioria (GARCIA; MAIA; BILHALVA, 2014). O Marketing eleitoral deve “partir da visão do cliente e suas necessidades para, a partir de então, criar e praticar um posicionamen- to na mente das pessoas, valorizando os atri- butos que mais elas valorizam”. (TEIXEIRA, 2006, p.22). Em uma campanha eleitoral, é obrigatório criar uma estratégia adequada ao momento político e à realidade em que se está inserida. Tudo o que for desenvolvi- do a partir daí, até mesmo com o suporte do marketing, deve ser analisado e avaliado, buscando sempre a execução dos objetivos previamente estabelecidos (RIBEIRO, 2002). Segundo Tomazeli (1988, p. 17), “a estratégia de marketing compreende análise, planeja- mento e controle da ação mercadológica”. ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 15 Ribeiro (2002, p. 127) argumenta que “uma campanha eleitoral sem direcionamento, sem um eixo de referência, sem metas e ob- jetivos, é transformada em uma nau sem rumo, com ações feitas na base do improvi- so”. Ribeiro (2002, p. 38) define a propagan- da política como “uma das ferramentas mais importantes e mais utilizadas para conquistar o poder e justificar a dominação. Trata-se de uma forma de coação psicológica, cujo ele- mento fundamental é a manipulação […]” Tomazeli (1988, p. 47) avalia a propagan- da como “qualquer forma paga e impessoal de apresentação e promoção de idéia, bens ou serviços por um patrocinador identifica- do”. O autor sugere que a imagem de um candidato pode ser comparada com a ima- gem de um produto commercial. Portanto, o mesmo deve ter boa imagem perante a sociedade para que atinja seus objetivos eleitorais e politicos. A propaganda consegue atingir as massas de forma categórica e eficiente, com assis- tência dos grandes meios de comunicação, tornou-se o carro-chefe deste processo e, por muitas vezes, foi considerada como sinônimo de marketing político/eleitoral. (KUNTZ; LUYTEN, 1982). Aliados à propa- ganda política, atuando com o objetivo de dar subsídios estruturais à campanha, estão os recursos institucionais e audiovisuais, como símbolos, logotipos, slogans, mate- rial para rádio, e TV, Tomazeli (1988, p. 45) os define como “um conjunto de ativida- des cujo objetivo é obter uma atitude fa- vorável por parte do consumidor, gerando uma ação de compra”. Kuntz e Luyten (1982, p. 37) classificam estes elementos como indispensáveis. Para eles, “o símbolo e o slogan estão para a campanha, assim como a bandeira está para uma nação, o que exige que se tenha muito cuidado ao adotá-los e, uma vez efe- tivada a adoção, colocá-los em evidência durante toda a duração da campanha” Segundo Scotto (2003), a representação mercadológica da vida política durante as eleições vê os adversários políticos como “concorrentes” disputando o mercado de eleitores (consumidores), com os mesmos métodos com que os fabricantes de sabone- tes disputam o mercado. Trata-se de vender o produto (candidato), principalmente por intermédio dos meios de comunicação de massa, individualizando e tornando dire- ta (sem mediações) a relação do candida- to-produto com o eleitor-consumidor. Em síntese, uma “eleição é um grande processo mercadológico em que o candidato pro- cura vender, passar as suas idéias, as suas propostas a um eleitor que vai comprá-las” (CABRAL, 1998, p. 99). Costa Junior, Beiruth e Monte-Mor (2018) pesquisaram a importância do marketing eleitoral para os candidatos a cargos poli- ticos. Os autores compararam a percepção dos eleitores brasileiros considerados baixa renda com os não baixa renda em relação aos candidatos, identificando os princi- pais atributos que esses eleitores levam em conta na hora de decidir seu voto. Vercic e Verdnik (2002) realizaram estudo basean- do-se nas eleições eslovenas de 2000, onde identificou-se que os eleitores apoiam os ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 16 candidatos que lutam pelos direitos das mulheres, e que possuem propostas econô- micas para combater a inflação. Cwalinaet al. (2004) pesquisaram o comportamento do eleitor esloveno, comparando com elei- tores norte-americanos (democracia esta- belecida) e poloneses (democracia em de- senvolvimento). Os resultados indicaram que os meios de comunicação em um país soberano como os Estados Unidos são utili- zados para informar o eleitorado sobre suas propostas de governo, enquanto em países que a democracia ainda está em evolução, como Eslovênia e Polônia, os meios de co- municações perdem a essência de conquis- tar o eleitorado, e passam a ser usadas em batalhas eleitorais com acusações mútuas. Newman (2002) analisou as motivações do eleitor norte americano na escolha dos candidatos à presidência George Bush e Al Gore nas eleições de 2000. Identificou-se que tanto os eleitores republicanos, como os democratas, valorizam quatro característi- cas políticas, sendo elas: um maior controle de armas, reais mudanças na maneira que o país está sendo administrado, combate a inflação; e candidatos que possuem imagem de patriotismo. Schneider (2014) analisa o comportamento do eleitor norte america- no comparando os gêneros. Identificam-se estratégias utilizadas pelos candidatos nos seus websites de campanha para influenciar na escolha dos eleitores homens e mulheres. Em relação ao Brasil, Castro (1992) afirma que o eleitor brasileiro tem características diferentes do eleitor europeu, e que com- portamentos devem ser analisados para identificar o que determina o votante a es- colher seu candidato. O marketing político e eleitoral surgiu no país a partir das eleições diretas de 1985 com a eleição do presidente Tancredo Neves, período em que os candi- datos utilizaram-se de estratégias de marke- ting para alavancar as campanhas eleitorais (ZUCCOLOTTO; SILVA; GARCIA, 2005). Manhanelli (1992), afirma que o marketing eleitoral representa hoje o que de mais eficien- te pode se levar a termo em uma campanha eleitoral. É uma ferramenta mundialmente utilizada em processos eletivos que demons- tra, em várias ocasiões, eficiência e eficácia. Não obstante, seu poder, se utilizado de ma- neira equivocada, pode levar a erros que pre- judicam e até conduzem ao insucesso cam- panhas com chances reais de vitória (COSTA JUNIOR; BEIRUTH; MONTE-MOR, 2018). 2.2. Atributos de qualidade Marketingé um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros” (KOTLER; KELLER, 2006). Richers (1986) afirma que marketing é o processo de en- contrar necessidades e satisfazê-las de for- ma rentável. O Marketing político é um conjunto das atividades planejadas para ‘trabalhar’ o candidato enquanto produto. Entre elas, destacam-se a pesquisa do mer- cado eleitoral, o planejamento do conceito do candidato, a determinação das estraté- gias, o planejamento de mídia, o esquema promocional e a organização geral da cam- panha (REGO, 1985, p. 74). ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 17 Dessa forma, na revisão literária identifi- cou-se pesquisas que analisam os atribu- tos de qualidade que levam a decisão do voto na visão do eleitor. Conforme Silveira (1998) e Carreirão (2000), dentre os atri- butos mais valorizados pelos eleitores, na literatura destaca-se um menor peso para as imagens (candidato do povo/candidato da elite, esquerda/direita) e dando maior ênfase para atributos relacionados à credi- bilidade como (honestidade/integridade e a competência/bom desempenho admi- nistrativo). Para Borba (2005), as possíveis relações estabelecidas entre a tipologia do eleitor brasileiro e os fenômenos da cultura política e da ideologia permitem investigar as causas do comportamento da grande maioria do eleitorado brasileiro, que decide seu voto, em grande parte, a partir de atri- butos pessoais do candidato, como a com- petência e a honestidade. De acordo com Kotler (1978), o marketing eleitoral é de fundamental importância em um processo político-eleitoral, pois através da aplicabilidade de suas técnicas, os eleitores são identificados, bombardeados e facilmen- te persuadidos. Um candidato é visto como um novo produto a ser lançado no mercado, ou seja, o candidato é um novo produto pro- curando um lançamento bem sucedido no mercado de eleitores (SILVA, 2016). Monte-Mor e Quintino (2014) identifica- ram a percepção dos votantes brasileiros e norte-americanos em relação aos atributos de qualidade dos candidatos. Os autores criaram um modelo capaz de analisar 08 atributos de qualidade dos candidatos a cargos eletivos, baseando-se no Modelo de Garvin (1988) que mensura oito dimensões da qualidade de um produto comercial. Costa Junior, Beiruth e Monte-Mor (2018) utilizando o mesmo modelo, comparou os eleitores brasileiros considerados baixa renda com os não baixa renda, identifican- do os principais atributos que esses eleito- res levam em conta na hora de decidir seu voto. Silva (2016) seguiu a mesma linha de pesquisa, identificado os principais atribu- tos que o eleitor buriticupuense leva em consideração quando escolhe seu represen- tante no Poder Executivo Municipal. O candidato é um produto que carece atri- butos de qualidade para ser escolhido pelo eleitor (GARCIA; MAIA; BILHALVA, 2014). Monte-Mor e Quintino (2014), produziram um modelo capaz de analisar oito dimen- sões de qualidade de um candidato a cargo eletivo: planejamento de governo, identi- dade partidária, confiabilidade do candida- to, conformidade do candidato, durabili- dade do candidato, relacionamento com o eleitorado, imagem do candidato, e exposi- ção eleitoral. Tais características localizar-se no quadro 1 abaixo: Quadro 1: Oito dimensões de qualidade de um candidato a cargo eletivo. Planejamento de Governo Estratégias traçadas para atingir os objetivos propos- tos. Está ligada às caracterís- ticas como: propostas políti- cas, ideologia do candidato, temas defendidos, equipe de governo e assessoria política. ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 18 Identidade Partidária Integração do candidato com partidos políticos, coligações partidárias e demais filiados. Envolve características como ideologia partidária, atuação partidária, representativida- de, filiação partidária, históri- co do partido etc. Confiabilidade do Candidato Envolve o nível de confian- ça do eleitor segundo his- tórico de vida e político do Candidato (vida privada, histórico familiar, opção sexual, religiosa, financeira, profissional, ideológica etc.) Conformidade do Candidato Capacidade de atender aos princípios de honestidade, probidade, ética, verdade, retidão. Durabilidade do candidato Capacidade de exercer o mandato com pleno vigor físico, mental e jurídico (en- volve riscos de cassação de eventual mandato em virtu- de de processo judicial) Relaciona- mento com o eleitorado Capacidade de interlocução com eleitores e instituições que compõe o público alvo do candidato. Imagem do candidato Atributos físicos do candi- dato. Envolve características como boa apresentação, pos- tura, civilidade, expressão, persuasão, segurança, conhe- cimento, cortesia e educação. Exposição Eleitoral Conjunto de elementos da comunicação social capazes de promover as qualidades de um candidato. Envol- ve elementos publicitários como jingles, banners, car- tazes, inserções, placas, pan- fletos e eventos. Fonte: Monte-Mor e Quintino (2014). Pelo exposto, percebe-se na literatura a importância de o candidato ter atributos de qualidade para ser escolhido perante o eleitor (COSTA JUNIOR; BEIRUTH; MONTE-MOR, 2018; MONTE-MOR, QUINTINO, 2014; SILVA, 2016). O es- tudo dessa natureza pode trazer novas perspectivas para os eleitores na hora de escolher em quem vai votar (ZUCCO- LOTTO; SILVA; GARCIA, 2005). 3 METODOLOGIA Com o presente estudo pretende-se com- parar os atributos de qualidade dos candi- datos a cargo eletivo que são considerados por homens e mulheres. Adotou-se meto- dologia quantitativa, com caráter descri- tivo e corte transversal. Com a finalidade de dinamizar o estudo, foi aplicado coleta primária de dados por meio do formulá- rio eletrônico TypeForm. Visando alcançar o maior número possível de respostas, o questionário foi emitido pelo aplicativo de celular WhatsApp, por e-mail, em grupos da rede social Facebook, e pelo Messenger. Sen- do assim, classifica-se a amostra como não probabilística por acessibilidade. Salienta- -se que a coleta dos dados se deu entre os meses de maio, junho, e julho de 2017. Nesse contexto, aplicou-se o questionário de Monte-Mor e Quintino (2014) como fer- ramenta para a coleta de dados. Os autores utilizaram para analisar os atributos de qua- lidade dos candidatos brasileiros e norte-a- mericanosa cargo eletivo. O questionário foi elaborado com 23 (vinte e três) perguntas, divididas em 09 (nove) construtos: Critérios ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 19 do voto, planejamento de governo, identificação partidária, confiabilidade do candidato, conformidade do candidato, durabilidade do candidato, relacionamento com o eleitorado, imagem do candidato, e exposição eleitoral. Empregou-se a Escala de Likert composta de cinco posições como ferramenta para coletar as respostas, onde 1 (um) indica que discorda totalmente e 5 (cinco) concorda totalmente. Conforme quadro 2, apresenta-se abaixo o questionário: Quadro 2: Questionário utilizado para coletar dados. Atributo dos Candidatos Afirmações Critérios do voto 1. Sou muito criterioso na escolha do candidato em quem eu vou votar. Planejamento de Governo 2. Nas eleições, eu escolho candidatos que tenham elaborado o melhor Plano de Governo; 3. Nas eleições, eu escolho candidatos que tenham mais capacidade de imple- mentar seu Plano de Governo; 4. Nas eleições, eu escolho candidatos que tenham a melhor equipe de governo; Identificação Partidária 5. Nas eleições, eu levo em consideração o partido político para escolher meus candidatos; 6. Nas eleições, eu escolho candidatos que respeitem as diretrizes e decisões de seus respectivos partidos políticos; 7. Nas eleições, eu levo em consideração as alianças dos partidos políticos(co- ligações) para escolher meus candidatos; Confiabilidade do Candidato 8. Nas eleições, eu escolho candidatos em quem mais confio; 9. Nas eleições, eu escolho candidatos por sua trajetória política (vida pública, ex- periência política, ascensão política, trabalhos realizados, projetos de sucesso etc.); 10. Nas eleições, eu escolho candidatos por suas características pessoais (como histórico familiar, orientação sexual, religiosa, condição financeira, profissio- nal e ideológica); Conformidade do Candidato 11. Nas eleições eu escolho candidatos que aparentem ser os mais honestos, éticos e verdadeiros; 12. Nas eleições, eu escolho candidatos que respeitem os princípios morais com que me identifico; Durabilidade do Candidato 13. Nas eleições, eu escolho candidatos pela sua potencial capacidade de exer- cer o mandato até o fim, com pleno vigor físico e mental; 14. Nas eleições, eu escolho candidatos pela sua potencial capacidade de exer- cer o mandato até o fim, sem risco de ser cassado por eventual processo judicial; ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 20 Relaciona- mento com o eleitorado 15. Nas eleições, eu escolho candidatos que se preocupem em manter um bom relacionamento com seu colégio eleitoral; 16. Nas eleições, eu escolho candidatos que se preocupem em manter um bom relacionamento com as instituições que o apoiaram (ONGs, igrejas, sindicatos, associações, empresas etc.; 17. Nas eleições, eu escolho candidatos que se preocupem em atender as de- mandas de seus eleitores; Imagem do candidato 18. Nas eleições, eu escolho candidatos que tenham a melhor aparência; 19. Nas eleições, eu escolho candidatos que sejam mais carismáticos; 20. Nas eleições, eu escolho candidatos que tenham preparado a melhor cam- panha política; Exposição Eleitoral 21. Nas eleições, eu escolho candidatos que estejam melhores nas pesquisas de intenção de voto. 22. Nas eleições, eu escolho candidatos que tenham o melhor material de pro- paganda eleitoral. 23. Nas eleições, eu escolho candidatos que apareçam mais vezes nas propa- gandas eleitorais. Fonte: Monte-Mor e Quintino (2014). Para atingir o objetivo da pesquisa, buscou-se diferenciar o gênero do respondente. Por- tanto, utilizou-se como pergunta controle a primeira questão, que solicita informar seu gênero. E para detalhar o perfil dos eleitores, foram inseridas questões objetivas visando identificar suas características pessoais como idade, interesse por política, escolaridade, estado civil, e ocupação profissional. Logo após coletar os dados, as respostas foram devidamente validadas conforme a pergun- ta controle. Obteve-se um total de 520 respondentes, sendo que 261 respostas abrangem os respondentes do sexo masculino, e 259 respostas abrangem as respondentes do sexo feminino. Nesse contexto, realizou-se a caracterização da amostra, análises sobre a estatís- tica descritiva e regressão linear múltipla. Utilizou-se o modelo de regressão abaixo: Modelo 1: Critério na visão dos votantes em relação a qualidade = β0+ ∑ 8 i=1 βi Xi + Contro- les + E1 em que: X1 = Planejamento de Governo; X2 = Identificação Partidária; X3 = Confiabilidade do Candidato; X4 = Princípios Morais do Candidato; ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 21 X5 = Durabilidade do Candidato; X6 = Relacionamento com o eleitorado; X7 = Imagem do candidato; X8 = Exposição eleitoral; Drenda = 1 mulher; 0 se homem; Controles: idade, interesse por política, escolaridade, estado civil, ocupação profissional; E1= Termo de erro. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1.Caracterização da amostra A análise dos dados aqui apresentados visa comparar os atributos de qualidade dos candi- datos a cargo eletivo que são considerados por homens e mulheres. Obteve-se 520 ques- tionários válidos, dentre os quais 261 relaciona-se aos respondentes do sexo masculino e 259 aos respondentes do sexo feminino. Nesse contexto dividiu-se a amostra coletada conforme tabela 1. Tabela 1: Características da amostra dos eleitores masculinos e femininos MASCULINOS FEMININOS IDADE 16 a 25 anos 84 32,18 116 44,78 26 a 35 anos 85 32,56 82 31,66 36 a 45 anos 55 21,07 28 10,81 46 a 55 anos 32 12,26 33 12,74 56 anos ou mais 05 1,91 00 0,0 Total 261 100,00 259 100,00 INTERESSSE POR POLÍTICA Não tenho interesse 26 9,96 37 14,28 Tenho interesse 114 43,67 139 53,66 Tenho muito interesse 121 46,36 83 32,04 Total 261 100,00 259 100,00 ESCOLARIDADE Ensino Fundamental 29 11,11 28 10,81 Ensino Médio 119 45,59 130 50,19 ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 22 Ensino Superior 101 38,69 92 35,52 Pós-Graduação 05 1,91 06 2,31 Mestrado/Doutorado 07 2,68 03 1,15 Total 261 100,00 259 100,00 ESTADO CIVIL Solteiro 132 50,57 134 51,73 Casado 78 29,88 71 27,41 Divorciado/Separado 15 5,74 17 6,56 Viúvo 16 6,13 07 2,70 União Estável 20 7,66 30 11,58 Total 261 100,00 259 100,00 OCUPAÇÃO PROFISSIONAL Desempregado 52 19,92 58 22,39 Empregado em empresa privada 49 18,77 39 15,05 Servidor Público 56 21,45 55 21,23 Empresário 24 9,19 12 4,63 Autônomo 80 30,65 95 36,67 Total 261 100,00 259 100,00 Fonte: Dados da Pesquisa. Observa-se na tabela 1 que a amostra pesquisada é composta em sua maioria (261) pelo sexo masculino, com idade entre 26 a 35 anos (32,56%), com muito interesse por política (46,36%), tendo cursado o ensino médio completo (45,59%), com estado civil solteiro (50,57%), e autônomo como ocupação profissional (30,65%). Já no sexo feminino foram (259) respondentes, com idade entre 16 e 25 anos (44,78%), com interesse por política (53,66%), tendo cursado o ensino médio completo (50,19%), com estado civil solteiro (51,73%), autônomo como ocupação profissional (36,67%). Portanto a amostra apresen- ta-se certa homogeneidade. As diferenças encontradas relacionam-se a idade e o interesse por política. Os homens declararam-se ser bem mais interessados por política do que as mulheres, já elas mos- traram ter interesse pelo assunto mais não tanto como os homens. A respeito da idade os homens em sua grande maioria são adultos com certa maturidade, já a maioria das mulheres respondentes são mais jovens, entre a fase da pré-adolescência e a fase adulta. Nesse segmento, os dados apresentados na presente pesquisa, vão ao encontro com os re- sultados encontrados no estudo científicos de Costa Junior, Beiruth e Monte-Mor (2018). ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 23 Já no estudo de Silva (2016), a maioria dos respondentes foram mulheres que declararam ter pouco interesse por política, com idade de 18 a 28 anos. 4.2. Estatística descritiva Para que seja possível a comparação dos atributos de qualidade dos candidatos a cargo eletivo que são considerados por homens e mulheres, veremos nessa seção a estatística descritiva de cada variável. São analisados o painel A e painel B, onde respectivamente estão representados os respondentes masculinos e femininos. Na estatística descritiva ge- ral utilizou-se a média, desvio padrão, mínimo, quartil 1, mediana, quartil 3, e máximo. Tabela 2: estatística descritiva geral. Painel A: Eleitores Masculinos: Variáveis Média DP MÍn. Q1 Mdn Q3 Máx. Critério do Voto (y) 4,81 0,68 1 5 5 5 5 Planejamento de Governo 4,65 0,52 1,33 4,33 5 5 5 Identidade Partidária 4,14 1,04 1 3,33 4,66 5 5 Confiabilidade 3,84 0,59 1 3,66 3,66 4 5 Conformidade 4,51 0,72 1 4 5 5 5 Durabilidade 4,58 0,73 1 4,5 5 5 5 Relacionamento 4,52 0,77 1 4,33 5 5 5 Imagem 3,97 1,10 1 3,33 4,33 5 5 Exposição Eleitoral 1,71 1,07 1 1 1,33 2 5 Idade 2,12 1,07 1 1 2 3 5 Interesse por política 2,36 0,65 1 2 2 3 3 Escolaridade 2,39 0,81 1 2 2 3 5 Estado Civil 1,90 1,22 1 1 1 2 5 Ocupação Profissional 3,11 1,51 1 2 3 5 5 Painel B: Eleitores Femininos: Variáveis Média DP MÍn. Q1 Mdn Q3 Máx. Critério do Voto (y) 4,72 0,51 3 5 5 5 5 Planejamento de Governo 4,59 0,55 1 4,33 5 5 5 Identidade Partidária 4,08 0,95 1 3,33 4 5 5 Confiabilidade 4,30 0,57 2,66 4 4,33 4,66 5 Conformidade 4,39 0,78 1 4 5 5 5 ACTA TECNOLÓGICAv.13, nº 1, 2018 24 Durabilidade 4,61 0,62 1 4 5 5 5 Relacionamento 4,53 0,62 1 4 5 5 5 Imagem 4,12 0,87 1 3,66 4,33 5 5 Exposição Eleitoral 2,40 1,24 1 1,33 2 3 5 Idade 1,91 1,03 1 1 2 2 4 Interesse por política 2,17 0,65 1 2 2 3 3 Escolaridade 2,32 0,74 1 2 2 3 5 Estado Civil 1,94 1,31 1 1 1 2 5 Ocupação Profissional 3,18 1,59 1 2 4 5 5 Fonte: Dados da pesquisa. A análise no que tange a média obtida revela que a variável dependente (Y=sou muito cri- terioso na escolha de meus candidatos) obteve alta média em ambas as amostras (Painel A: M=4,81 e Painel B: M=4,72) revelando assim que independente do sexo os eleitores consi- deram-se criteriosos na escolha de um candidato ao cargo eletivo. Analisando a média dos Atributos de Qualidade percebe-se que em ambas amostras os atributos Conformidade do Candidato (Painel A: M=4,51 e Painel B: M=4,39), Durabilidade do Candidato (Painel A: M=4,58 e Painel B: M=4,61), Planejamento de Governo (Painel A: M=4,65 e Painel B: M=4,59) e Relacionamento com o Eleitorado (Painel A: M=4,52 e Painel B: M=4,53) são as maiores médias encontradas. Nesse sentido, sugere-se que em média, independente do gênero, o eleitor brasileiro bus- ca votar em candidatos que se apresentam éticos e verdadeiros, que possuem um plano de governo direcionado para atingir os objetivos propostos na campanha, que consigam exercer seu mandato até o fim com pleno vigor físico/mental e que possua uma boa comunicação com o eleitorado (COSTA JUNIOR; BEIRUTH; MONTE-MOR, 2018). Para Silveira (1998) e Carreirão (2000), dentre os atributos mais valorizados pelos eleitores, a li- teratura destaca-se um menor peso para a imagem (candidato do povo/candidato da elite, esquerda/direita) e dando maior ênfase para atributos relacionados à credibilidade como (honestidade/integridade e a competência/bom desempenho administrativo). Borba (2005) explicita que as possíveis relações estabelecidas entre a tipologia do eleitor brasileiro e os fenômenos da cultura política e da ideologia permitem investigar as causas do comportamento da grande maioria do eleitorado brasileiro, que decide seu voto, em grande parte, a partir de atributos pessoais do candidato, como a competência e a honestidade. Os resultados obtidos nessa pesquisa também vão ao encontro de estudos realizados por Silva (2016), onde foi constatado que os votantes escolhem candidatos a prefeito com base em aspectos relacionados à honestidade, propostas e projetos de governo que pos- ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 25 sam ser executados. Os atributos que tiveram menor média foram Exposição Eleitoral (Painel A: M=1,71 e Painel B: M=2,40) e Imagem do Candidato (Painel A: M=3,97 e Painel B: M=4,12). Esses dados vão de encontro com pesquisa de Monte-Mor e Quintino (2014), que constatou que as menores médias do eleitor brasileiro foram exatamente às encontra- das nesses atributos. Objetivando comparar a média das amostras e examinar a dispersão dos valores, analisa- -se na Tabela 3 a comparação dos atributos de qualidade dos candidatos a cargo eletivo que são considerados por homens e mulheres. Nesse sentido, utilizou-se o teste t-Student com intervalo de confiança de 95%. Tabela 3: diferença de médias da amostra de eleitores masculinos e femininos. Variáveis MASCULINOS FEMININOS Diferença de médias Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão Mas-Fem P(|T| > |t|) Critério do Voto (y) 4,81 0,68 4,72 0,51 0,09 0,22 Planejamento de Governo 4,65 0,52 4,59 0,55 0,06 0,08 Identidade Partidária 4,14 1,04 4,08 0,95 0,06 0,26 Confiabilidade 3,84 0,59 4,30 0,57 -0,46 0,00*** Conformidade 4,51 0,72 4,39 0,78 0,12 0,03** Durabilidade 4,58 0,73 4,61 0,62 -0,03 0,31 Relacionamento 4,52 0,77 4,53 0,62 -0,01 0,39 Imagem 3,97 1,10 4,12 0,87 -0,15 0,04** Exposição eleitoral 1,71 1,07 2,40 1,24 -0,69 0,00*** Fonte: Dados da pesquisa. ** e *** representam coeficientes significativos a 5% e 1%, respectivamente. Os dados revelam que existem diferenças significativas nos atributos: planejamento de governo, durabilidade do candidato, identidade partidária e relacionamento com o eleito- rado. Indica-se que nesses atributos tanto o sexo feminino e masculino concordam com as afirmativas apresentadas. Sendo assim, foram conferidos os resultados com significância. Com 99% de confiança existem diferenças significativas entre homens e mulheres nos atributos Confiabilidade e Exposição Eleitoral. E com 95% de confiança existe diferenças significativas nos atributos Conformidade e Imagem. Evidencia-se que as mulheres levam mais em consideração os atributos: confiabilidade do candidato (M=4,30), imagem do candidato (M=4,12), e exposição eleitoral (M=2,40) do que os homens. Confiabilidade do candidato (M=4,30) está relacionada com o grau de confiança do eleitor no candidato tendo como referência sua trajetória profissional e ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 26 experiência política. Para Veiga (2004) a confiabilidade é um fator decorrente da aparên- cia de sinceridade. Já os homens levam mais em consideração o atributo conformidade (M=4,51). O atributo refere-se a capacidade de atender aos princípios de honestidade, probidade, ética, verdade, retidão (COSTA JUNIOR; BEIRUTH; MONTE-MOR, 2018; SIL- VA, 2016). Desse modo, este atributo também está associado positivamente ao critério de escolha do eleitor. Os dados vão ao encontro da pesquisa de Borba (2005). Nesse contexto, os dados revelam que as mulheres levam mais em consideração critérios pessoais, propagandas partidárias e aparência pessoal e carisma na hora de decidir seu voto. Barros, Sauerbronn e Ayrosa (2012) destacam a tese da existência de uma nova mo- dalidade de escolha do candidato pelo eleitor que ocorre a partir da imagem que os votan- tes têm do seu candidato, que seria formada, entre outros, por meio de critérios pessoais. Domenach (1963) constatou que a propaganda política é uma ferramenta crucial em um processo político, por ser utilizada para influenciar, persuadir, manipular e dirigir a opi- nião pública, que exercem uma grande influência sobre o eleitor no momento da escolha do candidato. Manhanelli (1992) enfatizou que o candidato consegue se eleger quando possui o dom de persuasão e convence um bom número de pessoas de que suas aspirações coincidem com as do povo. 4.3. Regressão com interação da variável (y) Como parte integrante das análises, realizou-se testes de regressão com o objetivo de as- sociar os atributos de qualidade do candidato (MONTE-MOR; QUINTINO, 2014) com a variável dependente (Y=sou muito criterioso na escolha de meus candidatos), analisa-se os resultados da regressão conforme Tabela 4. Tabela 4: Resultados da regressão. HOMENS MULHERES Atributo dos Candidatos Coeficiente P>|t| Coeficiente P>|t| Planejamento de Governo 0,92 0,00*** 0,41 0,00*** Identidade Partidária -0,08 0,09 -0,03 0,40 Confiabilidade -0,04 0,53 0,10 0,04** Conformidade -0,14 0,03** -0,00 0,85 Durabilidade 0,07 0,29 0,04 0,52 Relacionamento 0,14 0,04** 0,09 0,19 Imagem -0,01 0,82 0,00 0,97 Exposição eleitoral -0,12 0,00*** -0,04 0,05** Número de observações 261 259 Fonte: Elaboração própria. ** e *** representam coeficientes significativos a 5% e 1%, respectivamente. ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 27 Na Tabela 4 estão descritos os resultados da regressão, pode-se afirmar com 99% de confiança que o atributo Planejamento de Governo (Homens: 0,92 e Mulheres: 0,41) está associado positivamente ao critério de escolha do voto, independente do seu gênero. De acordo com Branco (2014) so- mente a partir da década de 1990 é que o planejamento se tornou relevante no setor público, estando centrado na agilidade, efi- ciência, qualidade e flexibilidade. Em relação ao atributo Confiabilidade do candidato, que refere-se ao nível de con- fiança do eleitor em relação ao candidato, pode-se afirmar com 95% de confiança que o voto das mulheres está associado posi- tivamenteao critério de escolha do voto. Os dados vão ao encontro da pesquisa de Borba (2005), pois revela que o eleitor bra- sileiro ao escolher seu candidato, analisa as habilidades técnicas (planejamento) e éti- cas (confiabilidade). Os dados revelam que o atributo Conformi- dade do candidato, que refere-se a capacida- de de atender aos princípios de honestidade, probidade, ética, verdade, retidão (MON- TE-MOR; QUINTINO, 2014) com 95% de confiança está relacionado negativamente com a escolha do voto dos homens. Nota- -se, portanto, que os eleitores homens não relacionam seu voto com as características éticas que o candidato possui. Analisando o atributo Relacionamento com eleitorado (0,14) que versa sobre a capacidade de interlocução com eleitores e instituições que compõe o público alvo do candidato. Pode-se afirmar com 95% de confiança que apenas os homens associam positivamente esse atributo com o critério de escolha do voto. Torna-se importante para o eleitor a proximidade que o candida- to tem com o eleitorado (COSTA JUNIOR; BEIRUTH; MONTE-MOR, 2018). Por fim, observa-se que o atributo Exposi- ção eleitoral (Homens: -0,12 e Mulheres: -0,04) é negativamente associado em rela- ção à variável dependente em ambos os gê- neros. Os homens com 99% de confiança e a mulheres com 95% de confiança. Esse atributo está relacionado aos elementos da comunicação utilizados para promover o candidato usando para isso material de pro- paganda eleitoral. Os resultados indicam que os eleitores discordam que a escolha do candidato se dá entre o que está melhor nas pesquisas, o que tem melhor material de propaganda e que apareça mais vezes em propaganda durante o período eleitoral. Esse resultado se opõe ao estudo realizado por Domenach (1963) que constatou que a propaganda política é uma ferramenta cru- cial em um processo político, por ser utiliza- da para influenciar, persuadir, manipular e dirigir a opinião pública, que exercem uma grande influência sobre o eleitor no momen- to da escolha do candidato. Diante do expos- to, nota-se que os eleitores, homens e mu- lheres, pensam de maneira diferente na hora de decidir seu voto e mostraram serem muito criteriosos na decisão do voto ao avaliarem comportamentos relacionados à Confiabili- dade do candidato, Conformidade do candi- dato e Relacionamento com o eleitorado. ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 28 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo teve como objetivo comparar os atributos de qualidade dos candidatos a cargo eletivo que são considerados por ho- mens e mulheres. Para isso, relacionaram- -se estudos sobre comportamento eleitoral e diversidade de gênero. Nesse contexto, utilizou-se o modelo proposto por Monte- -Mor e Quintino (2014) capaz de verificar na visão dos eleitores os principais atribu- tos de qualidade do candidato. Após análises sobre as estatísticas descriti- vas e regressão, observou-se que os eleitores de ambos os sexos são criteriosos na esco- lha de um candidato ao Poder Executivo. Porém, os mesmos pensam de maneira di- ferente na hora de decidir seu voto ao ava- liarem os candidatos em relação aos seguin- tes atributos: Confiabilidade do candidato, Conformidade do candidato e Relaciona- mento com o eleitorado. As mulheres consideram as habilidades téc- nicas, de planejamento, características éti- cas e trajetória profissional, como atributos que as levam a decidir seu voto. Enquan- to os eleitores homens levam em conside- ração o plano de governo do candidato, bem como o que ele sente mais confiança. Na comparação de médias, identificou-se que nos atributos Confiabilidade, Exposi- ção Eleitoral, Conformidade e Imagem, as amostras pensam de maneira diferente. Com a realização desse estudo, espera-se contribuir para que os candidatos a cargos públicos percebam que os eleitores homens e mulheres pensam de maneira diferente ao avaliarem atributos de qualidade. Nesse sentido, os candidatos poderão fazer uso da presente pesquisa para elaborar estratégias para suas campanhas eleitorais. Espera-se ainda colaborar no avanço do entendimen- to de que fatores da qualidade do marke- ting commercial podem ser associados à política. Ressalta-se que o avanço das tec- nologias, em especial a internet e suas redes sociais, podem servir de ferramenta para alavancar o marketing eleitoral dos candi- datos Como contribuição teórica, espera-se agregar informações no que diz respeito a literatura de Marketing Eleitoral e atri- butos de qualidade, acrescentando novos elementos ao planejamento estratégico de campanhas eleitorais. Admite-se que a pesquisa possui algumas limitações. Cita-se por exemplo que os dados foram coletados em um período de denúncias, investigações e escândalos po- líticos. Além disso, o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, prisões de polí- ticos, denúncias de corrupção contra o pre- sidente Michael Temer, e aprovação de Leis como reforma trabalhista e da previdência. Nesse contexto, todos esses fatores podem influenciar o comportamento do eleitor. Sugere-se para pesquisas futuras que uti- lize o modelo proposto para identificar o comportamento de eleitores em relação à cor da pele, por exemplo, entre branco e negro. Sugere-se também comparar os atri- butos na visão do eleitor em relação a um candidato homem e uma candidata mulher concorrendo a um cargo eletivo. E por fim, sugere-se identificar a influência que as re- des sociais exercem nos votantes durante a campanha eleitoral. ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 29 REFERÊNCIAS BARROS, Denise Franca; SAUERBRONN, João Felipe Rammelt; AYROSA, Eduardo André Teixeira. Representações do eleitor: revendo teorias e propondo novos caminhos. Rev. Adm. Pública, Rio de Janeiro, v. 46, n. 2, p. 477-491, Apr. 2012. BARRY, Brian. Political Argument. London: The Humanities Press, 1965. BORBA, Julian. Cultura política, ideologia e comportamento eleitoral: alguns apontamen- tos teóricos sobre o caso brasileiro. Opinião Pública, v. 11, n. 1, p.147-168, 2005. Eleito- rais. Belo Horizonte: C/Arte, 2002. 191p. (Política & sociedade). BRANCO, Luiza Szczerbacki Castello. O planejamento estratégico no setor público brasi- leiro. Revista de Gestão e Contabilidade da UFPI, v. 1, n. 1, p. 173-182, 2014. CABRAL, John. Por que a vota em b. In: PACHECO, Cid (Org.) et al. Voto é marketing? Segundo seminário de marketing político e eleitoral. Rio de Janeiro: Irradiação Cultural - UFRJ/ECO/Publique, p. 99-102, 1998. CARREIRÃO, Yan de Souza. A decisão do voto nas eleições presidenciais no Brasil (1989 a 1998): a importância do voto por avaliação de desempenho. Tese de doutorado em Ciên- cia Política, USP, São Paulo, 2000. COSTA JUNIOR, Lindemberg; BEIRUTH, Aziz Xavier; MONTE-MOR, Danilo Soares. Fa- tores que influenciam a percepção de qualidade dos candidatos políticos: Análise na visão do eleitor baixa renda. Revista Capital Científico - Eletrônica (RCC) - v. 16, n. 1 Janeiro/ Março, 2018. DOMENACH, Jean Marie. A Propaganda Política. São Paulo: Editora Difel, 1963. GARCIA, Paloma Fraga; MAIA, Jônatas; BILHALVA, Bárbara. O Marketing como uma fer- ramenta política. Revista Eletrônica Academicus, v. 2, n. 2, p. 40-48, 2014. GARVIN, David A. Managing quality: The strategic and competitive edge. Havard Busi- ness School, 1988. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. 12º ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Marketing para organizações que não visam ao lucro. São Paulo: Atlas, 1978. KUNTZ, Ronald Amaral; LUYTEN, Joseph Maria. Marketing político: a eficiência a serviço do candidato. São Paulo: Global Ed, 1982. 166p, 21cm. MANHANELLI, Carlos Augusto. Eleição é Guerra. São Paulo: Summus, 1992. ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 30 MONTE-MOR, Danilo Soares; QUINTINO, Vinícius. Do marketing comercial ao marke- ting eleitoral:atributos da qualidade do candidato. FUCAPE. Dissertação de Mestrado. Vitória, ES. 2014. MUNIZ, Eloá. Marketing político: conceitos e definições. Consultoria em Comunicação. Dispo, 2013. RADMANN, Elis Rejane Heinemann. O eleitor brasileiro: uma análise do comportamento eleitoral. Dissertação (mestrado em Ciência Política), Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2001. REGO, Francisco Gaudêncio Torquato do. Marketing político e governamental: um rotei- ro para campanhas políticas e estratégias de comunicação. Summus Editorial, 1985. REIS, Fábio Wanderlei. Os partidos e o regime: a lógica do processo eleitoral brasileiro. São Paulo: Símbolo, 2009. RIBEIRO, Rodrigo Mendes. Marketing político: o poder das estratégias nas campanhas, 2002. RICHERS, David (Ed.).The anthropology of violence. New York: Basil Blackwell, 1986. GOLDMAN, Marcio; PALMEIRA, Moacir. Antropologia, voto e representação política. Contra Capa, 2003. SILVA, Leonilde da Conceição, Atributos de qualidade dos candidatos ao poder execu- tivo municipal: Análise na visão dos eleitores buriticupuenses. IFMA, 2016. SILVEIRA, Flávio Eduardo. A decisão do voto no Brasil. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1998. TEIXEIRA, Dilma. Marketing político e eleitoral: uma proposta com ética e eficiência. Osasco, SP: Novo Século, 2006. 228 p. TOMAZELI, Luiz Carlos. Marketing político. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988. VEIGA, Luciana Fernandes. Em busca das razões para o voto: o uso que o eleitor faz da propaganda política. 2004. WERNER, Maikon Marcelo Ferreira; REIS, Clóvis. Do marketing ao político: um estudo sobre estratégias e ferramentas da comunicação no processo eleitoral. In: Anais do X Congresso de Comunicação da Região Sul: comunicação, educação e cultura na era digital. São Paulo: Intercom. 2009 ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 31 Validação da metodologia sobre o posicionamento das peças no ensaio de salt spray Michael Jonathan Gandra dos Santos1; Luciana Santos Genipe2; Vanusa Andresa da Mata Stocco3; Camila Molena de Assis4; 1 Graduado em Engenharia Química pelo Centro Universitário Padre Anchieta - UNIANCHIETA; 2 Graduada em Engenharia Química pelo Centro Universitário Padre Anchieta - UNIANCHIETA; 3 Graduada em Engenharia Química pelo Centro Universitário Padre Anchieta - UNIANCHIETA; 4 Professora do curso de Engenharia Química no Centro Universitário Padre Anchieta - UNIANCHIETA; RESUMO O artigo apresenta a validação da metodologia sobre o posicionamento de peças durante o ensaio de salt spray. A metodologia a ser utilizada neste trabalho baseia-se no procedi- mento descrito na norma ASTM B117, a qual padroniza o ensaio de névoa salina. Segundo o professor e Engenheiro Químico Vicente Gentil (2006), ensaios de corrosão realizados em laboratório utilizam pequenos corpos de prova, que são realizados sob condições va- riadas e buscam avaliar a qualidade do tratamento superficial de peças com diversos tipos de proteção, através de sua inserção em atmosfera corrosiva, neste caso uma câmara con- tendo uma névoa de cloreto de sódio, já que testes executados sob condições ambientais naturais levariam um período muito maior para sofrerem os mesmos efeitos. Visto que ainda existem muitas dúvidas referentes ao ensaio, a validação da metodologia pode evi- tar custos desnecessários e aumentar a credibilidade da empresa que o realiza. O conteúdo apresentado é destinado a pessoas com interesse acadêmico, aos que tenham curiosidade sobre o assunto, mas, principalmente, empresas que realizam tal teste. É esperado que, ao final do estudo, uma forma mais padronizada de posicionamento das peças durante o ensaio de salt spray possa ser sugerida com base nos experimentos efetuados e, assim, possibilitar um número menor de peças reprovadas em indústrias, além daquelas a serem retrabalhadas ao receberem novo tratamento superficial. Esperamos também reconhecer a correlação do ensaio de salt spray com exposições reais, a fim de diminuir a taxa de re- provação de lotes. Palavras-chave: Salt spray, ASTM B117, corrosão, posicionamento. Recebido em 08/10/2017; Aceito em 05/03/2018; Publicado na web em 01/10/2018 ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 32 Validation of the methodology on the positioning of samples during the salt spray test. ABSTRACT The article presents the validation of the methodology on the positioning of samples during the salt spray test. The methodology used in this work is based on the procedure described at ASTM B117, which standardizes the salt spray test. According to professor and chemical engineer Vicente Gentil, 2003, corrosion tests performed in laboratory use small specimens under different conditions and seek to evaluate the quality of the surface treatment with the most different types of protection through its inclusion in corrosive atmosphere, in this case in a chamber containing a sodium chloride solution mist, taking in consideration that tests executed under natural conditions take much longer to suffer the same effects. Since there are still many doubts concerning the test, the validation of the methodology could avoid unnecessary costs and increase the credibility of companies that do the test. The content presented is destined to people with academic interest, those who have the curiosity about the subject, but most importantly to companies that perform the test. It is expected at the end of the study that a more standardized form of positioning specimens are suggested based on the performed experiments, and thus enabling a smaller number of disapproved samples in industries, besides those that received new surface treatment. It is also expected to recognize the correlation of the salt spray test with real exposures in order to lower disapproval rates. Keywords: Salt spray, ASTM B117, corrosion, positioning. ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 33 1 INTRODUÇÃO A corrosão é a deterioração e a perda de um material devido a um ataque químico ou eletroquímico do meio ambiente, aliada ou não a esforços mecânicos, trazendo, assim, alterações prejudiciais indesejáveis, como desgaste, variações químicas ou modifica- ções estruturais, tornando o material ina- dequado para uso (GENTIL, 2003). Os problemas ocasionados pela corrosão atingem diversas indústrias e as perdas econômicas que atingem esses ramos são classificadas como direta e indireta. São consideradas perdas diretas, os custos de substituição de peças e/ou equipamentos que sofreram corrosão, manutenção com os processos de proteção (proteção cató- dica, recobrimentos, pinturas, etc.). Como um dano de perda indireta, tem-se a pa- ralisação para a limpeza e/ou substituição de trocadores de calor, caldeiras e tubos, e a parada da unidade afetada pode repre- sentar a elevação dos custos de produção. (GENTIL, 2003). Ensaios podem ser realizados para deter- minação da agressividade de um meio cor- rosivo e fornecer um controle da corrosão, entretanto, a corrosão dos materiais metá- licos é influenciada por fatores que alteram o ataque químico e eletroquímico, assim não há um único método de teste, já que os fenômenos de corrosão se multiplicam, havendo, assim, a necessidade de uma va- riedade de ensaios. Os ensaios de laborató- rio visam estudar o mecanismo do processo corrosivo, indicar o material metálico mais adequado para determinado meio corrosi- vo, determinar se um metal, liga ou reves- timento protetor satisfaz as especificações de um ensaio de corrosão e controle na fa- bricação de um material metálico resistente à corrosão em determinados meios corrosi- vos (GENTIL, 2003). O ensaio de Salt Spray, descrito nas normas ASTM B1117, ISO 9227, dentre outras, sem- pre foi alvo de várias críticas de muitos pes- quisadores devido à falta de correlação com resultados obtidos por ensaios de exposição real. Contudo, devido à sua versatilidade, ainda é amplamente empregadocomo pa- drão de ensaio corrosivo. Reproduzir todos os fatores agressivos e condições atmosféricas reais as quais os materiais estão sujeitos é praticamente impossível. Porém, os requisitos mínimos necessários para que um ensaio seja consi- derado válido e adequado, são: produzir re- sultados em um tempo relativamente curto e que se relacionam com os de exposição ao intemperismo natural; ser válido para vá- rios materiais e condições; ser reprodutível em câmaras e em outros ambientes de teste e ser de fácil execução, sem a necessidade de operadores especializados e equipamen- tos de custos altíssimos. Com base nesses requisitos mínimos é que as indústrias e as associações normativas iniciaram a tarefa de criar novas normas com especificações particulares, ocorrendo a necessidade de inovações tecnológicas no que diz respeito ao desenvolvimento de câmaras para en- saios cíclicos de corrosão (SOUZA, 2012). ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 34 É possível considerar que, durante o ensaio, a peça fique exposta a condições conside- radas como extremas ou severas, visto que o período de contato com a névoa salina é constante e a variação de temperatura den- tro da câmara é praticamente nula. Em con- dições naturais, tal severidade praticamente não existe, pois pode ser que uma peça ja- mais fique exposta por um longo período de tempo a tais situações (umidade e tempera- tura constantes). O tempo de exposição das peças, nesses testes, pode variar entre 24 a 2000 horas, dependendo do tipo de trata- mento recebido e de normas nacionais ou internacionais. Embora, nas literaturas es- tudadas não se encontrem uma correlação do período de horas em névoa salina com o período em ano de vida útil do material, o ensaio de corrosão permite detectar falhas referentes à qualidade do tratamento super- ficial, pois se o produto resistir à exposição, muito provavelmente resistirá a intempé- ries reais. Por isso, é esperado que, ao final do estudo, uma forma mais padronizada de posicionamento das peças durante o ensaio de salt spray possa ser sugerida com base nos testes realizados, pois, quando efetuado de forma incorreta, pode levar a resultados divergentes do real, influenciando numa corrosão precoce, ocasionando a reprova- ção indevida do produto. Em razão de existirem muitas dúvidas refe- rentes ao ensaio a névoa salina, o presente projeto visa a validação da metodologia so- bre o posicionamento de peças durante o ensaio de salt spray. A metodologia a ser uti- lizada nesse trabalho leva em conta o pro- cedimento descrito na norma ASTM B117. 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Corrosão A corrosão pode ser definida como a deterio- ração de um material, geralmente metálico, por ação química ou eletroquímica do meio ambiente, aliada ou não a esforços mecâ- nicos. Esta deterioração é causada devido à interação físico-química entre o material e o seu meio operacional e é considerada rea- ção química heterogênea ou eletroquímica, que ocorre normalmente na superfície que separa o metal do meio corrosivo, alterando a durabilidade e seu desempenho. O conta- to de dois materiais metálicos na presença de um eletrólito ocasiona uma diferença de potencial, a corrosão galvânica, onde o aco- plamento de materiais metálicos diferentes imersos em um eletrólito criam uma trans- ferência de carga elétrica de um para outro, por terem potenciais elétricos similares. Na literatura, nem sempre são encontrados dados sobre o metal que atuará como ano- do, pois, na região próxima do acoplamen- to, são geradas profundas perfurações no substrato que funciona como um metal de sacrifício o qual apresenta corrosão locali- zada. Isso acontece porque os potenciais se alteram em meio corrosivo e devido a esta ocorrência, é necessário fazer um revesti- mento metálico que permita uma aproxi- mação de potenciais, reduzindo, portanto, essa diferença e, por conseguinte, o proces- so de corrosão (GENTIL,1996). ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 35 2.1.1. Corrosão Branca e Vermelha No momento em que o aço galvanizado é exposto a uma atmosfera úmida e confina- da, a condensação da umidade ataca o metal de sacrifício, podendo originar um produto de corrosão sob a forma de pó na coloração cinza-escura, denominado de corrosão bran- ca. Quando este produto de corrosão ultra- passa a camada protetora do aço, atingindo diretamente o metal base, são gerados óxi- dos metálicos de coloração vermelho-ala- ranjado, resultando na corrosão vermelha (ROSA 2009, p. 6 apud SCATOLIN, 2005). 2.2. Ambientes de corrosão Gentil (1996) explica que, para a ocorrên- cia da corrosão por ação atmosférica, são necessários alguns fatores, tais como: Substâncias poluentes, tais como particula- dos, que podem absorver a umidade do ar e gerar eletrólitos ativos e os gases, os quais são muito agressivos ao metal. Estas subs- tâncias são encontradas normalmente em regiões de atmosfera industrial; Temperatura, a qual, quando elevada, dimi- nui a possibilidade de condensação de va- por d’água na região superficial do metal e a adsorção de gases; Tempo de permanência do filme de eletrólito na superfície metálica, sendo que o ideal é que este tempo de permanência seja o menor pos- sível, pois menor será o processo corrosivo; Umidade relativa, que tem grande influên- cia sobre a corrosão, pois ambas são direta- mente proporcionais, ou seja, quanto maior for a umidade relativa do ar, maior será o efeito corrosivo e assim vice-versa. Gentil (1996, p.51) afirma que “numa umidade re- lativa na faixa de 60%, o processo corrosivo é lento, porém acima de 70% ele é acelerado e em uma umidade relativa considerada bai- xa praticamente não ocorre a corrosão.” Gentil (1996) comenta também sobre os três tipos de atmosferas corrosivas (úmida, seca e molhada), as quais podem atingir mais rapidamente ou não a área superficial do metal, todas estão relacionadas à umida- de relativa do ar. 2.3. Aço carbono Aços são ligas ferro-carbono podendo conter concentrações significativas de outros ele- mentos de liga. As propriedades mecânicas são sensíveis ao teor de carbono, que geral- mente é menor do que 1% em peso. Alguns dos aços mais comuns são classificados de acordo com a concentração de carbono, que varia entre 0,25% e 1,4% e são classificados em tipos baixo-carbono, médio-carbono e alto-carbono (CALLISTER, 2002). 2.3.1. Aço carbono zincado por eletrodeposição A galvanoplastia é um tratamento de super- fície, em que ocorre o depósito de um me- tal sobre um substrato, com o objetivo de proteger a peça dos ambientes agressivos. (WIERCINSKI, 2015). Utilizado como cátodo, a peça de aço a ser protegida é colocada em uma cuba eletrolí- tica, onde ocorre a reação eletroquímica nas interfaces eletrodo-solução, utilizando uma fonte de energia elétrica externa. O sistema é constituído por uma solução eletrolítica contendo sais do metal a ser depositado, ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 36 como zinco, e dissolvido em água ou outro solvente que possui condutibilidade elétri- ca, tendo dois tipos de eletrodos mergulha- dos onde atua como cátodo a peça a ser re- vestida e o anodo o metal a ser depositado. As soluções eletrolíticas são comumente denominadas de banhos (COSTA, 2014). 2.4. Ensaio de névoa salina (Salt Spray) O mais antigo e mais utilizado ensaio ace- lerado de laboratório para simulação de in- tempéries é o ensaio de névoa salina, descri- to nas normas ASTM B-117 e ISO9227/2006, originalmente desenvolvido entre 1910- 1920 e padronizado em 1939. Este ensaio procura simular as condições encontradas em atmosferas marítimas, através da névoa contínua de solução NaCl a uma concen- tração de 5%, e temperatura de 35°C ± 2°C. O pH da solução oscila entre 6,5 e 7,2 e a umidade relativa é de 100% (ASSIS, 2000). Segundo Assis (2000), o ensaio ASTMB-117 tem sido utilizado na avaliação de revesti- mentos orgânicos há várias décadas, apesar das severas críticas que tem recebido de di- versos autores devido à ausência de corre- lação com os resultados obtidos de ensaios de exposição natural. Mesmo assim, a nor- ma ASTM B-117 é usada como padrão de ensaio de corrosão em superfícies pintadas, revestimentos metálicos e componentes elétricos. A utilização deste ensaio não tem como objetivo a reprodução do mecanismo de corrosão que o material sofre em exposi- ção a uma atmosfera natural, mas detectar revestimentos com propriedades inadequa- das ou componentes de qualidade inferior, de procedências ou lotes diferentes (SOU- ZA, 2012, p. 2 apud ASSIS, 2000, p. 163 -171, ASTM B-117). 2.5. Posicionamento das peças no ensaio A norma ASTM B-117 descreve como posi- cionamento ideal a peça alocada, a menos que especificado, num ângulo de 15 a 30° em relação a vertical. Como apresentado pelo Fórum Internacional de Aço Inoxidá- vel (ISSF, 2008), o corpo de prova, ainda pela ausência de recomendações forneci- das na norma, deduz-se a ser plano, a fim de respeitar o ângulo de posicionamento. São apresentadas dificuldades de interpre- tação do teste de névoa salina executados em itens com formas em zonas horizontais ou com possibilidade de retenção. Em la- boratório, amostras retangulares (100 mm x 150 mm) são geralmente utilizadas. Con- tudo, corpos de prova de diferentes formas geométricas são comumente utilizados no ensaio, em sua maioria formas sextavadas. De acordo com a ISO 9227 (2006), a respei- to do posicionamento dos corpos de prova, estas devem ser dispostas de modo a não ficar no caminho direto de viagem da né- voa do atomizador. Devem ainda ser planas e dispostas na cabine a um ângulo o mais próximo possível de 20°, e em todos os ca- sos, estar no limite de 15 a 25°, e a respeito de corpos irregulares, estes limites devem ser respeitados tanto quanto possível. As amostras devem ser arranjadas de modo a não entrar em contato com a cabine de teste e que permitam a livre circulação da névoa, podem ser colocadas em diferentes níveis no interior da câmara, desde que a solução não goteje a partir de amostras ou os seus suportes de um nível para outras co- locadas abaixo. ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 37 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Corpos de prova Testes foram realizados com corpos de pro- va feitos de aço carbono zincado com forma sextavada, alguns apresentam flange e ou- tros bordas com material inerte, tal como plástico. As imagens abaixo apresentam os corpos de prova utilizadas no ensaio, eles são divididos em ordem numérica, onde as peças 1,2, e 3 são tratadas com proteção or- ganometálica, enquanto as peças 4 e 5 pos- suem tratamento superficial de Zinco. Figura 1: Peças 1, 2 e 3 - Aço carbono com tratamento organometálico. Fonte: O próprio autor. Figura 2: Peças 4 e 5 - Aço carbono com tratamento de Zinco. Fonte: O próprio autor O tratamento organometálico, segundo Dorfling (2007), tem como base o zinco e alumínio. Este processo acontece basica- mente em três etapas: limpeza, dip-spin e cura. Na primeira etapa, a limpeza, antes de iniciar o processo de tratamento superfi- cial, as peças passam por um desengraxe al- calino e, em seguida, por um sistema de ja- teamento; Dip-spin é a fase em que as peças são submetidas a uma imersão em substân- cia organometálica, após esse procedimen- to, as peças seguem para a centrifugação com o objetivo de controlar a espessura da camada. É na cura em que o tratamento se funde no metal base, dando a ele a resistên- cia desejada. O processo de zincagem consiste em uma sequência de banhos, possuindo basica- ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 38 mente três etapas: pré-tratamento, revestimento e passivação. O pré-tratamento consiste em um banho de desengraxe, feito com soda cáustica, seguido pela decapagem em ácido muriático, para remoção de sujidades e incrustações da superfície metálica. As peças são lavadas em água corrente, posteriormente neutralizadas utilizando banho de hidróxido de sódio. No revestimento, ocorre a deposição eletrolítica, que consiste no banho de zinco em que as peças são submersas por alguns minutos. Na sequência, a peça é enxaguada e passa pelo processo de passivação, onde é banhada com ácido nítrico, que tem a função de fixar o zinco. (WIERCINSKI, 2015). As peças utilizadas nos testes realizados possuem composições diferentes, os espécimes 1,3 e 4 são feitas de aço 1045, enquanto as peças 2 e 5 são feitas de aço 10B22, seguindo denominações de aços conforme suas composições definidas pela SAE (Society of Auto- motive Engineers). As composições dos distintos aços são apresentadas nas Tabelas 1(SAE 1045) e 2 (SAE 10B22). O aço 1045 é utilizado na fabricação de componentes de uso geral onde seja necessária uma resistência mecânica superior à dos aços de baixo carbono con- vencionais, sendo aplicado principalmente em eixos em geral, pinos, cilindros, ferrolho, parafusos, grampos, braçadeiras, pinças, cilindros, pregos, colunas, entre outros. O aço 10B22 apresenta valores ideais de dureza e resistência associado à presença de Boro em sua formulação, principalmente para aplicação em parafusos de pequenas seções, além de ser geralmente empregado como aço de conformação a frio. Tabela 1: Composição química do aço SAE 1045. Aço 1045 C Si Mn S P Ni Cr Mo Cu 0,46 - 0,50% 0,15 - 0,35 % 0,75 - 0,90% 0,02 - 0,05% 0,04% máx. 0,25% máx. 0,20% máx. 0,06% máx. 0,35% máx. Fonte: Gerdau - Manual de aços. Tabela 2: Composição química do aço SAE 10B22. Aço 10B22 C Mn B S P 0,18 - 0,23% 0,70 - 1,00 % 0,0005 - 0,03% 0,05% máx. 0,04% máx. Fonte: ArcelorMittal - Guia do aço. 3.2. Equipamentos utilizados Os seguintes equipamentos foram utilizados na condução dos ensaios: • Câmara de névoa salina Equilam - Modelo SS 600, com controlador e indicador de temperatura, regulador de pressão, reservatório da solução de cloreto de sódio; ACTA TECNOLÓGICA v.13, nº 1, 2018 39 • Medidor de pH ITMPA - Modelo 210; • Duas buretas coletoras de névoa de 100 ml cada; • Solução de cloreto de sódio 5%; • Anéis inertes e linhas de nylon para o posicionamento da peça. 3.3. Realização do teste A câmara de teste é mantida a temperatura de 35°C ± 2°C com uma névoa de solução aquosa de 5% de cloreto de sódio, o pH da solução oscila entre 6,5 e 7,2 levando em conta o procedimento descrito na norma ASTM B-117 e pressão de 0,5 a 1,0 psi. Para a validação da metodologia de posiciona- mento, todos os corpos de prova foram dispostos na câmara conforme a norma e também de formas não adequadas. As imagens 1 e 2 apresentadas dispõe o posicionamento correto, seguindo as espe- cificações da ASTM B-117, com ângulo de aproximadamente 25° em relação a verti- cal, distribuídas de modo a não entrar em contato com a cabine de teste e de permitir a livre circulação da névoa. As imagens 3 e 4 representam o posicionamento incorreto conduzido no ensaio de névoa salina das peças 1,2,3,4 e 5 respectivamente. A peça 1 foi posicionada em angulação de acordo com o especificado, contudo esta apresenta anel de material plástico em seu interior, o qual pode ocasionar o acumulo de névoa em forma de condensado e diminuir o tem- po para aparecimento de corrosão quando posicionado para cima; a peça 2 foi posi- cionada na câmara de teste utilizando uma linha de nylon e angulo de 0° em relação a vertical; a peça 3 foi posicionada a 0° em relação a vertical; a peça 4 foi posicionada num ângulo de 180° em relação à vertical com flange para cima, o que pode ocasio- nar acumulo de névoa, e a peça 5, além de ângulo incorreto, foi posicionada com ou- tra peça da mesma espécie. Figura 3: Peças 1, 2 e 3 - Aço carbono com tratamento organometálico - posiciona- mento incorreto. Fonte: O próprio autor.