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1 SESI – ENSINO MÉDIO ANA JULIA BORGES E GABRIELA DOBRI ANÁLISE COMPLETA DA VIDA E OBRA DE GRAÇA ARANHA A trajetória de um dos mais célebres autores brasileiros. Andradina 2020 2 ANA JULIA BORGES E GABRIELA DOBRI ANÁLISE COMPLETA DA VIDA E OBRA DE GRAÇA ARANHA Monografia apresentada junto à disciplina de Língua Portuguesa, da instituição de ensino SESI – 025, com o intuito de discutir e analisar a produção artística e as raízes do autor brasileiro José Pereira de Graça Aranha. Orientador (a): Professora Denise Aparecida Cabral Moraes de Oliveira Andradina 2020 3 SUMÁRIO 1 BIOGRAFIA COMPLETA...................................................................................................4 1.1 Introdução............................................................................................................................4 1.2 Infância................................................................................................................................4 1.3 Formação Acadêmica..........................................................................................................5 1.4 Vida pessoal........................................................................................................................6 2 ANÁLISE DAS OBRAS.........................................................................................................7 2.1 Canaã.....................................................................................................................................7 2.2 Malazarte...............................................................................................................................8 2.3 Espírito Moderno...................................................................................................................9 2.4 A Viagem Maravilhosa..........................................................................................................9 2.5 O Meu Próprio Romance.....................................................................................................10 3 INFLUÊNCIA E CONTRIBUIÇÃO..................................................................................12 3.1 Modernismo........................................................................................................................12 3.2 Introdução ao romance de tese............................................................................................13 4 APROFUNDAMENTO EM CANAÃ.................................................................................14 5 REFERÊNCIAS...................................................................................................................15 4 1 BIOGRAFIA COMPLETA 1.1 INTRODUÇÃO José Pereira de Graça Aranha (1869-1931) foi uma peça importante para o desenvolvimento de diversas vertentes artísticas no Brasil, sobretudo a literatura. À frente do planejamento e execução da Semana Da Arte Moderna, é imensurável sua contribuição para os avanços que a arte conseguiu em território brasileiro no período de 1922. Sua importância se estende, hoje, para todas as instituições de ensino no país, desde de escolas de Ensino Básico e Médio, até uma análise de sua vida e obra por parte de bacharéis, mestrandos e doutorandos, tamanha é sua influência sobre a sociedade contemporânea. De qualquer modo, evidenciando o período em que Graça Aranha concluiu suas obras, faz-se necessária contextualização acerca da realidade em que o autor estava inserido e o ambiente em que ele se desenvolveu. O objetivo é melhor compreender seus princípios, intuitos e teses, a fim de elucidar por que jovens e adultos, mesmo decorrendo quase 90 anos da morte do autor, ainda se deparam com seus feitos e sua história em trabalhos acadêmicos e de formação profissional e cidadã. 1.2 INFÂNCIA Nascido em São Luís, no Maranhão, na data de 21 de junho de 1868, José Pereira de Graça Aranha era fruto de uma família abastada, muito culta, o que certamente favoreceu todo o seu desenvolvimento como artista. 5 Durante a infância, é influenciado pela observação do ofício do pai. Esposo de D. Maria da Glória da Graça, Temístocles da Silva Maciel Aranha era redator do jornal O País e realizava em casa também a tipografia do jornal. Esse fator foi importante para a inserção de figuras políticas e assuntos relacionados à economia na vida do garoto Aranha. Ademais, a criatividade sempre foi fomentada na cabeça do menino, haja vista a preocupação dos empregados em sempre dar-lhe o que pensar, contando-lhe narrativas e material para que, em sua cabeça, nascessem mil e um personagens e cenários. 1.3 FORMAÇÃO ACADÊMICA Próximo a 1882, o autor entra para a Faculdade de Direito de Recife, onde toma conhecimento das ideias de colegas como como Epitácio Pessoa e José Bezerra, além de Tobias Barreto (1839-1889), seu mestre, responsável por um novo cenário em sua concepção estética e filosófica. Em 1886, finaliza o curso e atua com juiz no estado do Rio de Janeiro, um pouco antes de mudar-se para Cachoeiro de Santa Leopoldina (Espírito Santo), cidade que seria cenário de sua mais conceituada obra, Canaã. Residente do local, colheu dados que viriam a ser empregados na narrativa em questão, publicada em 1902. Além disso, em 1897, figura entre os fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL). No período compreendido entre 1889 e 1990, acompanha Joaquim Nabuco, seu amigo, em missões especiais de Londres a Roma. Não tardou também em ingressar, em 1900, no Itamarati, vindo a trabalhar como diplomata na Europa nos anos subsequentes. É através dessas viagens que Graça Aranha tem contato com os ideais das vanguardas europeias e todos os aspirantes a modernidade que serviram de influencia para o surgimento do Modernismo no Brasil. 6 1.4 VIDA PESSOAL O casamento é parte importante para o desenvolvimento de sua obra, pois Graça Aranha espelha em seus personagens suas frustrações, além de ser a esposa uma ajudante na escrita do livro Canaã. Casado muito cedo, ele não teve muito tempo com Maria Genoveva, a Iaiá, sua esposa. Filha do Presidente da Província do Rio De Janeiro, Conselheiro José Bento de Araújo, a moça exerceu papel de sua secretária, levando informações enquanto Graça residia na Europa, como diplomata. A partir de 1911, porém, ele se envolve com outra moça, figura importante da economia e da política brasileira, de origem paulista: Nazaré Prado, uma aristocrata casada com quem o autor não fazia questão de esconder o envolvimento. Fez-se então, defensor do divórcio. Escreveu para a amante mais de três mil cartas. Viviam um relacionamento público, motivo da chateação e constrangimento da esposa, a Iaiá. Ainda que a traísse, Graça sempre se mostrou carinhoso com ela, o que não mostra descanso com a esposa, mas afeição pelas duas senhoras. Não há, hoje, muitas informações a respeito de seu casamento, mas sabe-se que, quando aposentado e de volta ao Brasil, ele optou por viver em hotéis, desligando-se da esposa. A personagem Tereza, de A Viagem Maravilhosa, publicado em 1929, é a personificação da amante, uma mulher rica, mas presa ao um casamento de conveniência. A frustração da Iaiá diante disso torna-se escancarada após a morte do esposo. Em 1931, o corpo do escritor se torna posse da esposa, que assume o papel de viúva e enterra o marido, lacrando o túmulo para evitar que a amante fosse enterrada junto a ele. 7 2 ANÁLISE DAS OBRAS 2.1 CANAÃ O romance de 1902 é protagonizado por ideias, não por personagens, que ocupam papel secundário. É sediado no estado do Espírito Santo e conta a história de dois imigrantesalemães: Milkau e Lentz. Figura 1 – Folha de rosto de Canaã (1902) Chegando no Brasil perto do início do texto, ambos trabalham no interior do ES e têm suas próprias visões acerca do país, em sentidos opostos, fomentando um debate. Lentz acredita que o Brasil não é um país de identidade própria, mas que é anulado por todas as cultuas diversas que residem nele. Ele acreditava que a imigração era o reflexo da superioridade das outras nações, que compunham o território nacional. Do outro lado, Milkau acreditava que era justamente a mistura brasileiro que garantia sua identidade. A personagem defende que o imigrante apenas se soma a uma cultura diversa primariamente estabelecida no Brasil. 8 2.2 MALAZARTE Figura 2 – Folha de rosto da primeira edição de Malazarte. Publicado em 1911, Malazarte é uma obra com 106 páginas de preocupação erudita, com linguagem extremamente rebuscada. O tema do drama, que apresenta em forma de uma narrativa feita para o teatro, é uma filosofia irreverente e completa, que ele mesmo descrevia como “a chave para a felicidade.”. Contudo, devido ao vocabular parnasiano, eram poucos que, de fato, podiam entender e apreciar o conteúdo da produção, que foi, apesar dos elementos populares, desenvolvido para a elite. A ópera, destino a qual a narrativa surgiu, revelava com horror as faces humanas quando os seres tomavam consciência da insignificância frente ao universo e a morte. Assemelha-se as tragédias gregas, no que diz respeito a contraposição entre mito e realidade e a demonstração das personagens agindo contra o destino. 9 2.3 ESPÍRITO MODERNO Figura 3 – Folha de rosto de Espírito Moderno Publicada em 1925, a obra conta com 143 páginas e contém o discurso inaugural da Semana Da Arte Moderna de 1922, o qual Graça Aranha foi responsável. O eixo temático do livro é a compilação de conferências e artigos escritos sob a motivação da campanha modernista e foi proferido também sob forma do discurso do autor quando se desligou da Academia Brasileira de Letras. Nesse discurso, Graça examina a posição da ABL, dizendo que ''a fundação da Academia foi um equívoco e um erro.'', o que gerou muita polêmica. 2.4 A VIAGEM MARAVILHOSA Essa obra contém 382 páginas e foi publicada no ano de 1929. 10 É reflexo imediato da frustração do escritor em não estar com a mulher amada, presa em outra casamento enquanto ele era também casado. Na personagem Tereza ele expressa as angústias da amante e as dele próprio, visto no personagem Felipe, que trazia as características que ele mesmo almejava ter, como a liberdade. Figura 4 – Folha de rosto de A Viagem Maravilhosa 2.5 O MEU PRÓPRIO ROMANCE Incompleta a obra por ocorrência da morte do autor, Meu próprio romance é uma autobiografia, como sugere o nome. Data de 1931, ano de seu falecimento, e foi assim a última publicação com o nome Graça Aranha. O documento tem 174 páginas e seu prefácio foi redigido por Nazaré Prado, sua amante, e publicado pela Fundação Graça Aranha. 11 Como a obra ficou assim, por acabar, as informações acerca de sua produção são restritas aos meros detalhes desse texto, onde repousa todas as conclusões existentes com base na obra. Figura 5 - Folha de rosto de O meu próprio romance 12 3 INFLUÊNCIA E CONTRIBUIÇÃO 3.1 MODERNISMO Graça sofreu influência de diversos autores e amigos já mencionados nesse trabalho. Escreveu em contato direto com Machado de Assis e muitos outros brasileiros de renome. Contudo, suas ideias principais e que deram o impulso necessário para o nascimento do movimento modernista, se deu no período em que suas ideias foram influenciadas na Europa, enquanto trabalhava como diplomata. É considerado um autor de transição ou pré-modernista, apesar de fazer parte da Semana da Arte Moderna de 1922, que marcou o início do movimento moderno. Aranha escreveu suas obras com elementos característicos de outros períodos literários, o que lhe rendeu o título em questão e não sua inteira rotulação de moderno. Canaã, seu romance de tese, foi publicado juntamente com “Os sertões”, de Euclides da Cunha, em 1902. Ambos são autores pré-modernos e apresentam traços miscigenados na escrita. No evento que marcou o fim das obras pré-modernas e o início da modernidade, realizado no Teatro Municipal de São Paulo, o escritor e diplomata dialoga uma crítica ferrenha às instituições que marcavam regras estéticas para as artes. Seu rompimento com o tradicional gerou um choque na sociedade da época, que pouco apreciou a ousadia. Ele é considerado um dos líderes do movimento de ruptura e chega a se desligar da ABL, proferindo o seguinte discurso: se a Academia se desvia desse movimento regenerador, se a Academia não se renova, morra a Academia! Um claro atentado ao tradicionalismo. Aranha é convidado a voltar, mas recusa o convite. Sua crença na necessidade de mudar passa a ser, em sua vida, a única regra. A obra “A viagem Maravilhosa” é um ótimo exemplo da quebra de paradigmas que Graça tentou fazer. A obra inova em estilo e é ainda mais radical que “O Espírito Moderno”, também obra do autor. 13 A ideia de expor essas obras como algo completamente novo partiu também de Di Cavalcanti e foi levada por Aranha até Paulo Prado, que foi um dos realizadores do evento. Os três queriam que a proposta fosse chocar. Acreditaram que o Brasil estava pronto para o baque, como na Europa. Apesar de não ter sido exatamente um sucesso, a Semana representou um marco importante para a construção da identidade literária do país, que perpetua até os dias atuais, assim como a contribuição atemporal de Graça na aplicação do chamado romance de tese. 3.2 INTRODUÇÃO AO ROMANCE DE TESE O romance de tese é um estilo inaugurado no naturalismo, mas reinaugurado e reinventado por Graça Aranha. O diferencial desse tipo de obra é trazer questionamentos e uma narrativa voltada para as ideias e a reflexão, além da projeção de pontos de vista, teses. Ao invés do tradicional foco narrativo em cima das ações dos personagens, encontramos aqui um holofote em seus ideais e como eles se encontram em meios aos seus propósitos e conflitos interpessoais. Canaã se encaixa nessa descrição, trazendo um conflito entre as ideias de um mundo tropical (Brasil) e a mentalidade germânica. Alfredo Bosi, em “Por um historicismo renovado: reflexo e reflexão em história literária”, analisa a construção da obra e relembra suas raízes naturalistas e temperado com características simbolistas, mas adverte que o modo de Graça de se expressar é particular, e não uma reprodução. Em conformidade com sua originalidade, é notória a importância da obra Canaã para o cenário cultural da literatura brasileira, em seus diversos aspectos. Assim, cabe uma análise mais minuciosa e detalhista do desenvolvimento e significado desse texto em particular. 14 4 APROFUNDAMENTO EM CANAÃ O romance Canaã é resultado do cuidado e dedicação literária e da genialidade de Graça Aranha. Publicado em 1902, sendo o primeiro conhecido projeto grandioso do autor, o livro é exemplo do retrato de alemães viventes em uma colônia no estado do Espírito Santo, onde o escritor residia na época em que fez as primeiras anotações. O trabalho árduo de Aranha promoveu um fervor no Brasil, ao inaugurar o romance- tese: o enredo era pano de fundo para a temática central, que eram as ideias. As personagens Milkau e Lentz discutem ao longo da narrativa dois pontos de vista acerca da mistura de povos no Brasil. O primeiro defende que a imigração é o símbolo de que o país precisa de povos superiores e puros para conduzir a vida e o segundo argumenta a harmonia com que os povos nativos e imigrantes integram no cenáriobrasileiro, contrastando o racismo e um pensamento ideal. O contraste entre as ideias são o tema central da narrativa, não se deixando levar pelos inócuos acontecimentos no mundo material. Alguns críticos procuram destacar a influencia naturalista na obra, o que não seria surpresa, dado ao período de transição em que o autor estava inserido. Como traços desse movimento, destacam-se cenas como os ritos bárbaros dos magiares e o nascimento do filho de uma personagem no meio da mata, próximo a animais selvagens que o devoram. Apesar de claros sinais de uma influencia de um movimento literário anterior ao transitório, é feita uma advertência por um crítico em especial, Alfredo Bosi, professor emérito da Universidade de São Paulo, crítico e historiador da literatura brasileira, membro da Academia Brasileira de Letras desde 2003. Há uma forte dose de naturalismo na reprodução desses episódios. Mas não é um naturalismo impessoal e científico de escola: a sensibilidade do prosador empenha-se eficazmente ao plasmar a linguagem na narrativa que em certos momentos atinge alto nível estético. (BOSI, 1969, p.108) 15 Mas há ainda mais estilos a serem incorporados na análise da construção do escrito. Traço do movimento realista, nota-se uma prosa quase documental, naturalizando o cotidiano dos imigrantes e as patologias adquiridas pela vida burocrática no serviço. Outrossim, a preocupação com a metafísica, a constante associação de sensações e menções deterministas são traços provenientes do simbolismo e do naturalismo. Por último, ainda colaboram com esses movimentos, a retomada do folclore indígena e europeu na construção das ideias das personagens. Em relação a estrutura do romance, chama a atenção a intervenção teórica do autor para fazer filosofias acerca das problemáticas em diversos trechos do livro, interrompendo o fluxo de acontecimentos na realidade e levando a uma análise psicológicas das situações. Graça se aproveita dessas escapadas para introduzir argumentos relacionados aos seus próprios ideias, com por exemplo, no final, quando Milkau discute com um juiz a respeito do processo de formação da etnia brasileira. Por fim, como conclusão a respeito do romance de tese, é notório que a obra em questão se enquadra nesse cenário, uma vez que há aqui um condicionamento de ações baseados no ambiente e um foco narrativo na construção de valores das personagens. 16 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS WALDMAN. T. À "frente" da Semana de Arte Moderna: a presença de Graça Aranha e Paulo Prado. 2010. USP-SP, Brasil. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. In: Biblioteca Universitária. Disponível em: http://www.nilc.icmc.usp.br. Acesso em: 29 de Jun. 2020. VASCONCELLOS. E; In: Centro De Memória E Informação. Graça Aranha e sua participação no cenário literário brasileiro; 2012. GRAÇA Aranha. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa277038/graca-aranha>. Acesso em: 29 de jun. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 FRAZÃO, D. In: EBIOGRAFIA. Pernambuco, 2019. Disponível em: https://www.ebiografia.com. Acesso em: 29 de jun. de 2020. ARANHA, graça. In: ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.academia.org.br. Acesso em: 30 de jun. de 2020. FERNANDES. F. J. Era Malazarte: A brasilidade no pensamento modernista de Graça Aranha e Lorenzo Fernândes In: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANIERO. Rio de Janeiro, RJ, 2014. Disponível em: http://www.rbm.musica.ufrj.br. Acesso em: 30 de jun de 2020 BARBOSA, Virgínia. Graça Aranha. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar>. Acesso em: 30 de jun. 2020. O ESTADO DE SÃO PAULO. In: ACERVO DO ESTADÃO. São Paulo, SP, 1875. Disponível em: https://acervo.estadao.com.br. Acesso em: 01 de jun. de 2020. ARAÚJO. B. D. R. O registro de estilo em Canaã: uma reflexão sobre a historiografia em um rótulo pré-modernista. Londrina, PR, 2014. http://www.nilc.icmc.usp.br/ https://www.ebiografia.com/ http://www.academia.org.br/ https://acervo.estadao.com.br/