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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS NA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL: UM ESTUDO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
· Dentro deste contexto, a justificativa e a relevância desta pesquisa fundamentam-se no envolvimento da esfera pública na busca de soluções que amenizem os impactos ambientais provocados por suas atividades. Assim, as instituições federais de ensino superior, como organizações sociais, devem repensar sua atuação ambiental e adaptar-se ao paradigma da sustentabilidade, posto que uma de suas funções se refere às atividades de pesquisa e tem como maior desafio a “transferência do novo conhecimento para imediata utilização da sociedade” (FREITAS JUNIOR e BARBIRATO, 2009, p. 43).
· A educação para o desenvolvimento sustentável é um novo paradigma, pois concebe uma nova percepção no conceito de educação que envolve valores pertinentes a sustentabilidade nas esferas econômica, social e ecológica. Para Gadotti (2008, p. 68):
A educação para o desenvolvimento sustentável é mais do que uma base de conhecimentos relacionados com o meio ambiente, a economia e a sociedade. A EDS deve ocupar-se da aprendizagem de atitudes, perspectivas e valores que orientam e impulsionam as pessoas a viverem mais sustentavelmente suas vidas. As crises criadas pelos seres humanos no planeta estão mostrando, todos os dias, que somos seres irresponsáveis. Educar para o desenvolvimento sustentável é educar para tomar consciência dessa irresponsabilidade e superá-la (grifo do autor).
· Acredita que a sustentabilidade é um princípio reorientador da educação, sugerindo a adoção da ecopedagogia, como abordagem curricular, pois implica na reorientação dos currículos, haja vista a necessidade de reeducar o ser humano, para que ele desenvolva a sensibilidade social e se torne consciente da implicação de suas escolhas, pois estas definirão o futuro do planeta:
[...] o conceito de desenvolvimento sustentável, visto de forma crítica, tem um componente educativo formidável: a preservação do meio ambiente depende de uma consciência ecológica e a formação da consciência depende da educação. É aqui que entra em cena a Pedagogia da Terra, a ecopedagogia (GADOTTI, 2008, p. 62).
2.1.4 O papel das instituições federais de ensino superior
· As instituições federais de ensino superior (IFES) são instituições públicas, vinculadas ao Ministério da Educação, mantidas pela União e, conforme o art. 207 da Constituição Federal, “gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. Têm “a finalidade de apoiar projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à execução desses projetos” (BRASIL, 1994, art. 1º).
· A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão implica na inseparabilidade dessas três funções, consideradas primordiais em uma IFES; e, quando trabalhadas de forma holística, impulsionam a “difusão, criação, sistematização e transformação do conhecimento por meio da articulação entre teoria e prática” (PIVETTA, 2010, p. 378). Esse tripé é responsável por proporcionar novas experiências e saberes, além de promover a integração entre docentes, discentes e sociedade, democratizando o conhecimento científico. Neste sentido:
forma-se um ciclo dinâmico e interativo em que a pesquisa aprimora e produz novos conhecimentos, os quais são difundidos por meio do ensino e da extensão, fazendo com que esses três pilares balizadores da formação universitária tornem-se complementares e interdependentes, atuando de forma sistêmica. (PIVETTA, 2010, p. 378).
· Estrura de uma Ies:
· A sociedade do conhecimento exige uma nova postura da universidade perante a complexidade dos problemas, dentre eles os ambientais, sendo fundamental a disseminação de práticas referentes à sustentabilidade ambiental, com todos que compõe uma IFES. A universidade é um agente de degradação ambiental, pois são desempenhadas atividades de alto impacto ambiental e tem como desafio o desenvolvimento e a aplicação de medidas mitigadoras para esses problemas, além de promover a internalização da questão ambiental entre seus atores.
[...] A universidade forma os quadros de degradação e da conservação da qualidade ambiental. Gera conhecimentos para a prática dilapidadora, mas também é um locus importante de denúncia e de conscientização. Enfim, reproduz em sua estruturação os próprios embates sociais, manifestando maior autonomia efetiva possuir perante os agentes que a financiam diretamente (MORAES, 2005, p. 59).
· Ressalta-se a importância das IFES incorporarem a sustentabilidade ambiental em seus projetos pedagógicos e sua gestão, uma vez que a teoria deve aliar-se à prática, posto que não há como ensinar práticas sustentáveis se a instituição não possuir modelos de gestão ambiental que se aliem ao tripé indissociável do ensino, pesquisa e extensão. Ou seja, uma IFE é o ambiente propício para o desenvolvimento de práticas ambientais, sendo instrumento de dinamismo entre o Estado e a sociedade, por meio da execução de projetos sociais e políticas públicas voltadas para sustentabilidade.
· faz-se necessário que instituições de ensino superior, de esfera pública ou privada, adotem uma postura social e ambientalmente responsável, aliando teorias e princípios da administração com suas práticas rotineiras em busca da competitividade e do desenvolvimento sustentável, posto que: as universidades têm que possuir habilidade gerencial para estabelecer mudanças rápidas, flexibilidade estrutura, capacidade para ajustes imediatos às crises e aproveitamento das oportunidades que surjam. Para isso, é necessário dispor de recursos humanos, materiais e financeiros, permitindo, assim, redirecioná-las de forma mais efetiva e proativa (FREITAS JUNIOR, BARBIRATO 2009, p. 52).
· Para que uma IFE insira práticas ambientais em sua rotina administrativa, é necessário, primeiramente, o desenvolvimento de uma consciência ecológica, como parte indispensável de um esforço de ensino para reforçar atitudes, valores e medidas compatíveis com o desenvolvimento sustentável entre seus colaboradores, para que, a posteriori, sejam implantadas mudanças no gerenciamento a fim se praticar a gestão ambiental.
· Para assegurar uma gestão ambiental universitária eficaz, é necessário que as universidades desenvolvam ferramentas que minimizem os impactos ambientais, além de gerenciar, efetivamente, as entidades por meio da criação de parâmetros de sustentabilidade ambiental, implementando um SGA, ou desenvolvendo um modelo de gestão ambiental próprio, a fim de que seu desempenho ambiental seja otimizado.
2.2 Consumo sustentável
· O consumo transcende o simples ato de consumir, pois envolve o processo de escolha, compra, uso e descarte, sendo assim multidimensional, ultrapassando o fator comportamental interferindo no estilo de vida dos consumidores da sociedade contemporânea (PORTILHO, 2010).
· o mito da felicidade na sociedade do consumo, e Portilho (2010, p. 22) afirma que “a felicidade e a qualidade de vida têm sido cada vez mais associadas, reduzidas e dependentes da quantidade de consumo”. Nesta ótica, o consumo perde seu caráter utilitário, tornando-se sinônimo de status e posição social. Este fenômeno é denominado por Bauman (2008) como consumismo, sendo a mola propulsora da sociedade, uma vez que os indivíduos valorizam avidamente o conforto e a acumulação de bens materiais, sendo suas escolhas manipuladas pela sociedade de produtores.
· o ato do consumo não se restringe apenas a esfera individual, mas também é praticado pelas organizações empresariais que adquirem recursos materiais e patrimoniais em maior proporção que o consumidor individual. As organizações, utilizando o marketing social, elaboram estratégias que valorizam a imagem institucional, ao mostrar suas ações éticas para promover o bem-estar social, por meio da sua preocupação com produção e consumo sustentáveis.Estratégias de consumo sustentável ligadas a formas organizacionais e éticas inteiramente diferentes poderiam coexistir ou mesmo resistir ao modelo capitalista hegemônico, envolvendo o crescimento de novas redes e relações entre produtores e consumidores que compartilham valores e práticas semelhantes (PORTILHO, 2010, p. 221–222).
· Ressalta-se que o ato de consumir é complexo, uma vez que é influenciado por fatores sociais e individuais, que afetam o processo de decisão de compra, envolvendo sete etapas expostas na Figura 3.
· Ao direcionar o ato de compra para o setor público, depara-se com o procedimento administrativo denominado licitação, que consiste na escolha de fornecedores que apresentam a proposta mais vantajosa. As compras governamentais têm uma representação expressiva na economia brasileira, fato que pode estimular aquisições ambientalmente corretas e estimular inovações em prol do consumo sustentável.
· É importante destacar a relevância de se estudar os aspectos ambientais ligados ao ato do consumo, uma vez que a sociedade de consumidores, conforme Bauman (2008, p.71) “promove, encoraja ou reforça a escolha de um estilo de vida e uma estratégia existencial consumistas, e rejeita todas as opções culturais alternativas”, sendo necessária a eclosão de um novo estilo de consumo, baseado em uma nova percepção sobre os impactos ambientais provocados pelo consumismo.
· Segundo Sequinel (2010, p. 38):
A construção de novos padrões de produção e consumo sustentáveis em níveis globais é urgente e complexa, porém viável. Requer educação ambiental, compromisso social, políticas públicas e inovações sustentáveis num mercado que ainda seleciona produtos e processos industriais com base na lucratividade influenciada pela demanda, em detrimento de critérios ambientais.
· O consumo verde envolve a inclusão da variável ambiental, juntamente às variáveis qualidade e preço como determinantes no processo decisório do ato de consumir, sendo fundamental, a ação conjunta dos consumidores, que ao substituírem marcas ou boicotarem produtos, provocarão alteração na demanda, que serão percebidas pelos produtores. Não implica na redução do consumo, mas na escolha de produtos/serviços que provoquem menor impacto ambiental, já que o consumidor verde é aquele que, detendo elevado poder aquisitivo, possui uma preocupação ética com o meio ambiente (PORTILHO, 2010).
· Consumo sustentável, um termo com maior amplitude, que envolve a politização dos problemas mundiais ocasionados pelos padrões insustentáveis de produção e consumo, propondo a redução do consumo, além de exigir uma nova atuação do governo e sociedade em prol da coletividade, com a formulação de políticas públicas voltadas para a sustentabilidade. 
· Portilho (2005, p. 4-5) entende que:
a ideia de consumo sustentável não se resume a mudanças no comportamento do indivíduo. Também não se limita a mudanças no design de produtos ou na forma de prestação de um serviço para atender a esse novo nicho de mercado. É verdade que não deixa de destacar o papel do consumidor, mas o faz priorizando suas ações, individuais ou coletivas, como práticas políticas. Assim, quanto às propostas de consumo sustentável, cabe indagar se esse tipo de estratégia consolida ou enfraquece o exercício da cidadania e a participação na esfera pública. Cabe questionar se as estratégias de política ambiental centradas no consumo contribuem de fato para o surgimento de uma nova cultura política.
· Os governos, tanto no nível nacional quanto subnacional, devem priorizar um conjunto de ações que na sua complexidade e interdependência avancem em direção à estruturação de um repertório de políticas públicas que adotem tecnologias limpas, promovam campanhas de conscientização sobre os fatores que provocam a insustentabilidade ambiental, estimulem atividades não poluidoras e efetivem a implementação de políticas socioambientais urbanas, com ênfase no transporte público, coleta seletiva, estímulo à reciclagem e redução do desperdício nas atividades públicas e privadas (SEQUINEL, 2010, p. 40).
2.2.3 Educação para o consumo sustentável
· A expansão do consumo tem contribuído para o agravamento da crise ambiental, posto que o consumismo não garante às gerações futuras o direito de possuírem um meio ambiente equilibrado. O consumo assumiu a condição de valor social, e envolve a tomada de decisões políticas e morais, transformando o consumidor em um novo ator social.
· Tem-se a educação como instrumento de transformação para o alcance do consumo sustentável, em razão de proporcionar um saber pautado em valores éticos, sociais e políticos que contribuirão para a formação do consumidor-cidadão, uma vez que o cidadão foi reduzido à esfera de consumidor. A educação tem como objetivo:
contribuir para a construção de uma sociedade justa, democrática e sustentável e como propósito imediato a intervenção qualificada, coletiva e organizada de grupos sociais específicos no ordenamento das práticas de apropriação dos bens ambientais na sociedade que o Estado realiza ou deixa de realizar (QUINTAS, 2009, p. 68).
· Foi publicado, em 2005, o manual de educação para o consumo sustentável por meio de uma parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ministério da Educação (MEC) e do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC). A obra é dividida em oito eixos: Cidadania e consumo sustentável, Água, Alimentos, Biodiversidade, Transportes, Energia, Lixo e Publicidade (CONSUMO SUSTENTÁVEL, 2005). Esse guia é resultante do Fórum Mundial de Educação realizado em Dakar, em 2000, onde se definiu a educação como:
um direito humano fundamental e constitui a chave para um desenvolvimento sustentável, assim como para assegurar a paz e a estabilidade dentro de cada país e entre eles e, portanto, meio indispensável para alcançar a participação efetiva nas sociedades e economias do século XXI afetadas pela rápida globalização (EDUCAÇÃO PARA TODOS, 2001, p. 8).
· Segundo o Manual, o despertar para a cidadania é condição libertária para o consumidor, por meio da internalização de novos valores plurais e democráticos que garantam o bem-estar humano, será construída uma sociedade sustentável, uma vez que a educação aproxima a informação do consumidor que o impulsiona às mudanças. O conceito de cidadania envolve “novas dimensões da subjetividade, novas aspirações, desejos e interesses, na medida em que esses consigam se generalizar e se instituir como direitos coletivos” (PORTILHO, 2010, p. 225–226)
2.2.4 Marcos normativos relacionados ao consumo sustentável
Agenda 21
· É um documento oriundo da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no Rio de Janeiro, no ano de 1992, também conhecida como ECO 92. A Agenda 21 possui 40 capítulos e tem como objetivo a promoção do desenvolvimento sustentável.
A Agenda 21 está voltada para os problemas prementes de hoje e tem o objetivo, ainda de preparar o mundo para os desafios do próximo século. Reflete um consenso mundial e um compromisso político no nível mais alto no que diz respeito a desenvolvimento e cooperação ambiental. O êxito de sua execução é responsabilidade, antes de mais nada, dos Governos. Para concretizá-la, são cruciais as estratégias, os planos, as políticas e os processos nacionais (CNUMAD, 1992, p. 11).
· Em seu quarto capítulo aborda as mudanças dos padrões de consumo, que devem ser mediadas por uma análise dos padrões insustentáveis de produção e consumo, além do desenvolvimento de políticas e estratégias nacionais para estimular mudanças desses padrões, delegando ao Estado e as organizações privadas algumas atribuições:
Os Governos e as organizações do setor privado devem promover a adoção de atitudes mais positivas em relação ao consumo sustentável por meio da educação, de programas de esclarecimento do público e outros meios, como publicidade positiva de produtos e serviços que utilizem tecnologias ambientalmente saudáveis ou estímulo a padrões sustentáveis de produção e consumo (CNUMAD, 1992, p. 38).
Processode Marrakech
· ocorreu em 2003, em Marrakech, Marrocos, da qual surgiu o Processo de Marrakech, definido como um processo global de consultas, elaboração de iniciativas que acelerassem a adoção de padrões de produção e consumo sustentáveis envolvendo a participação de agências como UNDESA e UNEP, governos nacionais, agências de desenvolvimento, setor privado e sociedade civil, incluindo vários mecanismos conforme Figura 4.
· Como o Processo de Marrakech busca estimular a criação de um plano de ação em cada país membro nas Nações Unidas, o governo brasileiro aceitou o desafio e instituiu a Portaria nº 44, em 13 de fevereiro de 2008, criando o Comitê Gestor Nacional de Produção e Consumo Sustentáveis, que será abordado a seguir.
· É uma iniciativa do governo brasileiro, intermediada pelo Ministério do Meio Ambiente, para disseminar conceitos relacionados aos padrões de produção e consumo, fruto do Processo de Marrakech. É um plano que visa à promoção e ao apoio a padrões sustentáveis de produção e consumo e tem como temas prioritários: educação para o consumo sustentável, compras públicas sustentáveis, Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), dentre outros, e podem-se destacar, no Quadro 5, algumas ações referentes aos temas abordados pelo PCCS.
· O PCCS tem como missão:
fomentar políticas, programas e ações de consumo e produção sustentáveis no País voltadas a ampliar as soluções para problemas socioambientais, consoante com as políticas nacionais visando à erradicação da miséria, a redução de emissões de gases de efeito estufa e ao desenvolvimento sustentável, e, com os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, sobretudo com as diretrizes do Processo de Marrakesh. (BRASIL, 2011, p.25)
2.3 O Estado como consumidor:
· A questão da compra pública As compras públicas estimulam a competitividade empresarial, uma vez que para dar continuidade às suas atividades a Administração Pública requer fornecedores que consigam suprir a contento suas necessidades, nos ditames legais, assim, o governo assume o papel de garantidor de demanda para empresas privadas, contribuindo para sua permanência e desenvolvimento no mercado (Moreira e Vargas, 2009). E quando há a inserção de critérios ambientais no processo de contratação, o governo transforma-se em indutor de boas práticas ambientais, reafirmando seu compromisso com o meio ambiente.
· 2.3.1 O papel do comprador público
· As atividades de um departamento de compras são estratégicas e não podem ser desenvolvidas de forma isolada (BAILY, 2012). Portanto, há a necessidade de integração com os demais setores, uma vez que estes são os requisitantes dos pedidos de compras e devem conhecer as especificidades do material a ser adquirido. Segundo Batista (2008, p. 686):
Esse entendimento deverá propiciar uma visão detalhada dos procedimentos das compras efetuadas, com as suas relações interdepartamentais e formais, levando em consideração o fluxo das informações e a sua velocidade de fluidez, uma vez que sua melhoria poderá acarretar uma diminuição dos processos internos e um aumento na rapidez das resoluções e na tomada de decisões, propiciando uma melhor relação entre as atividades-meio e as finalísticas da organização.
· Para Batista (2008), o comprador público deve aprimorar suas competências e qualificações, com capacitações, para que adote a postura de um comprador proativo – aquele que compartilhar ideias e conhecimento para a realização de uma boa compra, modificando os paradigmas e possuindo uma visão holística da organização pública.
· O dever de licitar está expresso no art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, que determina a realização de licitação pública para contratação de obras, serviços, compras e alienações assegurando, aos participantes do certame, igualdade na participação, exigindo-se qualificação técnica e econômica para o cumprimento de suas obrigações. Mello (2008, p.517) define licitação como
um certame que as entidades governamentais devem promover e no qual abrem disputa entre os interessados em com elas travar determinadas relações de conteúdo patrimonial, para escolher a proposta mais vantajosa às conveniências públicas. Estriba-se na ideia de competição, a ser travada isonomicamente entre os que preencham os atributos e aptidões necessários ao bom cumprimento das obrigações que se propõem assumir.
· A Lei nº 8.666/1993 regulamentou a implementação das licitações no âmbito infraconstitucional, transformando-a em um procedimento administrativo formal, vinculado às normas editalícias, de caráter público e seletivo, visto que obedece a um processo de escolha, constituindo-se como pressuposto necessário para contratação da Administração Pública junto a terceiros (FONSÊCA, 2008).
· Por meio da licitação, será selecionada a proposta mais vantajosa para a Administração Pública, observando-se o tratamento isonômico entre os participantes, o cumprimento dos princípios básicos norteadores do procedimento licitatório expressos no art. 3º da lei nº 8.666/93: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, igualdade, probidade administrativa, vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e outros correlatos.
2.3.2.1 Fases da licitação
· A fase interna deve começar com a instauração e formalização deste processo. Deverá ser feita a descrição detalhada do objeto a ser licitado, bem como coletada a sua estimativa de preço para que se possa informar com base nesta estimativa a reserva orçamentária disponível para a contratação do objeto. Feito isto, a Administração decidirá pela modalidade a ser adotada e elaborará o instrumento convocatório pertinente que deverá ser submetido à análise da assessoria jurídica do órgão licitador para aprovação, na tentativa de sanar possíveis vícios que possam macular o processo.
 Feita esta análise e sanados os possíveis erros apontados, estará o instrumento convocatório pronto para ser publicado, abrindo-se a licitação e dando-se início à fase externa do procedimento. É o momento em que os interessados em contratar com o poder público passam a fazer parte do processo. Os procedimentos que compõem esta fase são: publicação do edital/carta convite, habilitação das licitantes, classificação das propostas de preços, julgamento, adjudicação, homologação e contratação e execução do objeto.
· Modalidades e tipos de licitação 
· Modalidades (ver alterações na lei do limite de dispensa)
· Dispensa e inexigibilidade de licitação A dispensa de licitação é abordada no art. 24 da Lei nº 8.666/93, e só pode ocorrer se a situação se enquadrar em um dos tipos previstos na norma. Já a licitação é inexigível quando não existem no mercado duas ou mais propostas de licitantes diferentes que possam satisfazer determinada necessidade da Administração que ensejaria um procedimento licitatório.
· O pregão não é modalidade que consta na Lei nº 8.666/93 e tem a finalidade de se tornar mais célere pela Lei Federal nº 10.520/2002, “para desburocratizar o processo tradicional de contratação pública, aumentando a sua transparência e tornando as licitações mais céleres” (GUIMARÃES, 2012), sendo destinada para aquisição de bens e serviços comuns, assim considerados “aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado”.
· O Decreto n° 5.450, de 1° de julho de 2005, é o atual regulamento para as licitações na modalidade pregão eletrônico que promoveu uma inovação nas licitações públicas trazendo transparência, agilidade e redução de custos de aquisição.
· O pregão eletrônico, para o Governo Federal, ocorre no sítio www.comprasgovernamentais.gov.br, sendo que a comunicação e a oferta de lances são realizadas de forma virtual, entre os agentes públicos - pregoeiro e equipe de apoio - e os licitantes/fornecedores, permitindo assim um universo maior de concorrentes uma vez que sua participação independe de presença física de todos em um mesmo local. 
· Segundo o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (2014), as compraspúblicas de bens e serviços ficaram em torno de R$ 68,4 bilhões em 2013, contra R$ 72,6 bilhões em 2012. Durante o ano de 2013, foram realizados 223,2 mil processos licitatórios, enquanto em 2012 ocorreram aproximadamente 231 mil processos. Contudo, a modalidade mais utilizada pela Administração Pública Federal em suas licitações foi o pregão eletrônico, tendo sido usada em 60% das aquisições, respondendo por um gasto de R$ 41 bilhões, além de gerar uma economia de R$ 9,1 bilhões, em 2013. No ano de 2012, o pregão eletrônico foi utilizado em 70% das aquisições, movimentando em torno de R$ 33,6 bilhões, acarretando uma economia de R$ 7,8 bilhões.
· Neste contexto, as informações apresentadas comprovam a importância do pregão eletrônico na contratação visando à redução nos gastos do governo federal, além de proporcionar maior transparência, tendo em vista que todos os pregões podem ser acompanhados em tempo real no portal de compras do Governo Federal por qualquer pessoa interessada confirmando a transparência no que diz respeito às aquisições realizadas nesta modalidade.
Contratações Públicas Sustentáveis
· o art. 3º da lei nº 8.666/1993: A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável (grifo nosso) e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos (BRASIL, 1993, art. 3º).
· Barcessat (2010) corrobora que as contratações sustentáveis atendem ao princípio da economicidade, uma vez que o eventual aumento dos custos dos produtos e/ou serviços é nivelado, a médio e longo prazo, pela redução dos danos ambientais, na qual a adoção da variável ambiental nas aquisições públicas proporciona uma visão mais sustentável e menos financeira nos procedimentos licitatórios. Assim, ratifica-se que a proposta mais vantajosa para a Administração Pública não é aquela que possui o menor valor de aquisição, mas a que atende aos requisitos mínimos de qualidade necessários para o atendimento das necessidades identificadas, além de cumprir a função social de promoção do desenvolvimento sustentável (GUIMARÃES, 2012).
Critérios de sustentabilidade ambiental nas contratações públicas
· Por meio da Instrução Normativa n° 01/2010 dispôs sobre a inserção de critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contratação de serviços ou obras pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, formalizando a adoção desses critérios nas licitações públicas, nos quais os valores economicistas orientavam na seleção da proposta mais vantajosa para a Administração.
· Ao adotar uma política de compras públicas sustentáveis, o gestor deve ater-se as exigências definidas na Lei de licitações e contratos, assegurando aos concorrentes a isonomia e a livre concorrência a fim de obter a proposta mais vantajosa para a Administração promovendo o desenvolvimento nacional sustentável, visto que ajustes no procedimento licitatório acarretarão mudanças no uso racional e sustentável dos produtos.
· As aquisições sustentáveis estimulam a inovação, uma vez que os produtores alteram seu processo produtivo, pois “ao promoverem contratos ecológicos, as autoridades públicas podem dar à indústria verdadeiros incentivos para desenvolverem tecnologias ecológicas” (COMISSÃO EUROPEIA, 2005, p. 5), além de proporcionar a criação de um “mercado verde”, que fornecerá aos consumidores produtos sustentáveis a um preço justo.
Instrumentos legais das Contratações Públicas Sustentáveis
· Existem instrumentos legais que permitem a realização das compras públicas sustentáveis, porém falta comprometimento dos agentes públicos para o cumprimento das legislações vigentes, bem como conhecimento acerca das licitações sustentáveis. No Quadro 9 constata-se o arcabouço normativo que alicerça tais contratações.
· Embora existam normas que regulamentem as contratações sustentáveis, é importante destacar que a escolha do objeto a ser licitado é discricionária, ou seja, depende da conveniência e da oportunidade do agente público que deve conhecer os critérios ambientais a serem incluídos no edital de licitação, para que se efetive uma aquisição e/ou contratação sustentável. Com isso:
pretende-se demonstrar que o poder normativo da Administração deve ser utilizado para fornecer parâmetros à discricionariedade dos gestores públicos durante a escolha dos bens, obras e serviços a serem contratados, pautando essa limitação na defesa do meio ambiente, de acordo com as disposições constantes no ordenamento jurídico brasileiro (SANTOS, 2011, p. 158).
O programa Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P)
· o Ministério do Meio Ambiente (MMA) criou em 1999, o programa Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P) que propõe a adoção de novos padrões de compra e consumo, e a incorporação de critérios de gestão ambiental nas entidades da Administração Pública, e tem como objetivo:
estimular os gestores públicos a incorporar princípios e critérios de gestão socioambiental em suas atividades rotineiras, levando à economia de recursos naturais e à redução de gastos institucionais por meio do uso racional dos bens públicos, da gestão adequada dos resíduos, da licitação sustentável e da promoção da sensibilização, capacitação e qualidade de vida no ambiente de trabalho (CRESPO, MATOS e ABREU, 2009, p.7).
· A A3P definiu 5 (cinco) eixos temáticos norteadores para consecução de seus objetivos em prol da execução de práticas sustentáveis e suas ações, que podem ser visualizadas por meio do quadro 10.
Guia de compras públicas sustentáveis para Administração Federal
· Este manual foi idealizado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão em 2010, expõe o panorama, os benefícios e as ferramentas para implementação das compras públicas sustentáveis (CPS), além de apresentar os aspectos jurídicos e institucionais das aquisições verdes.
· O manual pretende “auxiliar e estimular o gestor a assumir uma atitude propositiva e investigatória, apontando caminhos possíveis com base na legislação e nas experiências vivenciadas” (BORGES, 2012, p. 6),
· As compras públicas sustentáveis têm a finalidade de incentivar a aquisição de bens/serviços que utilizem critérios ambientais, econômicos e sociais, em todas as etapas do ciclo de vida, a fim de racionalizar os gastos institucionais e adotar novos padrões de consumo. Para Borges (2012, p. 3, 4):
As contratações públicas sustentáveis representam a adequação da contratação ao que se chama consumo sustentável. Significa pensar a “proposta mais vantajosa para a administração” levando-se em conta não apenas o menor preço, mas o custo como um todo, considerando a manutenção da vida no planeta e o bem-estar social. Vale lembrar que os recursos naturais do país e sua biodiversidade são recursos públicos e como tal devem ser preservados.
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