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MODELOS DE PLANTAÇÃO DE IGREJAS Professor Esp. Galaor Linhares Tupan Junior GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; JÚNIOR, Galaor Linhares Tupan. Modelos de Plantação de Igrejas. Galaor Linhares Tupan Junior. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. Reimpressão - 2019 214 p. “Graduação - EaD”. 1. Modelos 2. Plantação . 3. Igrejas 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0434-2 CDD - 22 ed. 254.1 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincof Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Supervisão de Projetos Especiais Daniel F. Hey Coordenador de Conteúdo Roney de Carvalho Luiz Designer Educacional Isabela Agulhon Ventura, Agnaldo Lorca Ventura Iconograia Isabela Soares Silva Projeto Gráico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Fernando Henrique Mendes Qualidade Textual Hellyery Agda, Danielle Loddi, Helen Braga do Prado Ilustração Bruno Cesar Pardinho Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desaio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eiciência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que izermos por nós e pelos nos- sos farão grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando proissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por im, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al- meja ser reconhecido como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Diretoria Operacional de Ensino Diretoria de Planejamento de Ensino Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou proissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desaios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação proissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e proissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além dis- so, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza- gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U T O R Professor Esp. Galaor Linhares Tupan Junior Doutorando em Ministério pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper e Reformed Theological Seminary (2017). Especialista em Coordenação de Dinâmica de Grupo pela Sociedade Brasileira de Dinâmica de Grupo (2000). Bacharel em Teologia pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2015). Graduado em Teologia pelo Seminário de Educação Teológica Elim (2013). Pastor na Missão Cristã Elim, desde 1998. Conferir mais detalhes em: <http://lattes.cnpq.br/2039697727145495>. SEJA BEM-VINDO(A)! Caro(a) aluno(a), é com grande satisfação que apresento a você as boas-vindas à disci- plina Modelos de Plantação de Igrejas. Sou o professor Galaor Linhares Tupan Júnior, pastor evangélico, e tenho trabalhado pela Igreja do Senhor há mais de 25 anos, junto à Missão Cristã Elim. Nesse tempo, plantamos igrejas em várias cidades do território na- cional, incluindo o interior do Amazonas. Agora, estamos também na Colômbia. Nosso desejo é obedecer ao mandamento inal de Jesus Cristo, avançando para a África, Ásia e até os conins da terra. Cristo amou sua Igreja e deu sua vida por ela. Que seja assim a vida daqueles que desejam segui-Lo. Meu objetivo, ao escrever este livro, é despertá-lo(a) para a vocação missionária da Igre- ja no mundo e instrumentalizá-lo(a) para a plantação de igrejas. No decorrer de seus estudos, procure interagir com os textos, fazer anotações, realizar as atividades de es- tudo e, acima de tudo, compreender como o conteúdo do livro pode se tornar realida- de em suas ações. De muitas maneiras, você vai observar que seus estudos podem ter aplicação prática em sua vida cristã, quer como um plantador de igrejas, quer como um teólogo, ou, simplesmente, como um discípulo do Senhor Jesus Cristo. Estaremos juntos para abordar os princípios básicos de plantação de igrejas, compre- endendo biblicamente esse termo e veriicando sua importância para a evangelização. Nossos estudos consideram a teologia bíblica do plantio de igrejas. Vamos realizar uma relexão crítica sobre Missio Dei e o reinado de Deus, reconhecendo sua soberania frente à plantação de igrejas. As citações bíblicas foram retiradas da versão Almeida Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil. Cremos que as promessas que Deus concedeu a Abraão são para todas as famílias da terra. Reconhecemos que a Igreja do Senhor é uma só e desejamos que o evangelho cumpra com seu propósitoem diferentes línguas, tribos, povos e nações. Para isso, uma compreensão adequada do signiicado de cultura é um pré-requisito para uma comu- nicação eicaz das boas novas do evangelho. Vamos considerar a necessidade de utili- zação de modelos adequados de plantação de igrejas, respeitando as diferenças trans- culturais. Teremos um momento para identiicar qual é o peril do plantador de igrejas e como esse pode ser lapidado. Vemos, no chamado de Cristo, o desaio de depender daquele que chama, e não de quem somos. Nossas fraquezas podem tornar-se uma oportunida- de para a manifestação do poder e da graça de Deus. Finalizando, vamos vivenciar o desaio da plantação de uma nova igreja, considerando o exímio modelo do apóstolo Paulo, e estratégias essenciais para essa missão. Veremos que o Espírito Santo é a pessoa central para o nascimento de uma igreja, o que pode ser observado em Sua atuação poderosa em todo o livro de Atos dos Apóstolos. Como dis- se o Senhor Jesus na Grande Comissão, em Mateus 28, 20: “[...] ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século”. APRESENTAÇÃO MODELOS DE PLANTAÇÃO DE IGREJAS Espero que, ao término desta disciplina, os conceitos aqui ensinados sejam trans- formados em novas congregações em áreas do mundo ainda não alcançadas, ou sejam traduzidos no fortalecimento das congregações já existentes. “Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (BÍBLIA, Efésios 4,13). Um grande abraço, bons estudos e que Deus os abençoe. APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PLANTAÇÃO DE IGREJAS 15 Introdução 16 Plantio de Igrejas - Conceitos e Termos 20 O Plantio de Igrejas Como Processo Orgânico 24 Elementos Presentes na Plantação de Igrejas 28 Perspectiva Histórica do Plantio de Igrejas 33 Considerações Finais 37 Referências 38 Gabarito UNIDADE II TEOLOGIA BÍBLICA DO PLANTIO DE IGREJAS 43 Introdução 44 Acordo Entre Teologia e Missiologia 50 Relexão Crítica Sobre Missio Dei e Reinado de Deus 55 Orientação Teológica Para o Plantio de Igrejas 62 Cosmovisão e Contextualização 68 Considerações Finais 72 Referências 73 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE III CULTURAS E MODELOS DE PLANTAÇÃO DE IGREJAS 77 Introdução 78 O Chamado de Deus é Para Todos 82 A Cultura e as Diferenças Transculturais 87 Diferenças Transculturais 95 Compreendendo Culturas, Formatos e Modelos 106 Modelos de Plantação de Igrejas 117 Considerações Finais 122 Referências 123 Gabarito UNIDADE IV O DESAFIO DE PLANTAR IGREJAS 127 Introdução 128 Quem Foi Chamado Para Essa Missão? 144 O Peril do(a) Plantador(a) de Igrejas 157 Plantadores Bivocacionais 161 A Igreja e o Plantio de Igrejas 164 Considerações Finais 169 Referências 170 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE V PLANEJANDO A PLANTAÇÃO DE UMA NOVA IGREJA 173 Introdução 174 O Paradigma Paulino Para Plantação de Igrejas 182 Estratégias Essenciais Para o Plantio de Igrejas 199 O Papel do Espírito Santo na Plantação de Igrejas 203 Considerações Finais 208 Referências 209 Gabarito 213 Conclusão U N ID A D E I Professor Esp. Galaor Linhares Tupan Junior PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PLANTAÇÃO DE IGREJAS Objetivos de Aprendizagem ■ Identiicar biblicamente os termos relacionados ao plantio de igrejas. ■ Descrever as fases do processo de plantio de igrejas. ■ Conhecer os elementos presentes na plantação de igrejas. ■ Considerar as abordagens históricas mais comuns nos últimos séculos sobre plantio de igrejas. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Plantio de Igrejas - Conceitos e Termos ■ O Plantio de Igrejas como Processo Orgânico ■ Elementos Presentes na Plantação de Igrejas ■ Perspectiva Histórica do Plantio de Igrejas INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a). Muita literatura tem sido escrita a respeito da Igreja e sua missão. Desde as primeiras páginas do Antigo Testamento, observamos que o pecado de Adão não abortou o plano original de Deus. Havia um caminho para a reconciliação; mediante o qual o homem poderia ter sua comunhão com Deus restaurada e reconstruída. Deus escolheu Abraão e seus descendentes para aben- çoar o mundo. O aparente fracasso dos judeus, com a inal rejeição do Messias também não puderam invalidar o propósito divino. Na cruz, Jesus conciliou judeus e gentios, fazendo destes um só povo liberto do domínio do pecado e congregado na Sua Igreja, “a saber, que os gentios são coerdeiros, membros do mesmo corpo e coparticipantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho” (BÍBLIA, Efésios 3,6). Nesta unidade, estudaremos os princípios básicos de plantio de igrejas. Já de antemão deinimos que, ao utilizarmos o termo Igreja (com maiúscula), nos referimos ao corpo místico que é ediicado sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, o qual é composto por todos os cristãos verdadeiros, do qual Cristo é a cabeça. Quando usamos o termo igreja (com minúscula), estamos falando das igrejas em suas localidades, constituídas de cristãos que buscam adorar, ser- vir e pautar suas vidas nos princípios da Palavra de Deus. Biblicamente, o termo não pode fugir a essas duas inalidades. Você pode se perguntar: como podemos plantar uma igreja nos dias de hoje? Os custos são altos e os corações estão endurecidos. Temos diiculdade de pro- mover evangelização num mundo secularizado e religioso, em que a prioridade das pessoas está centralizada no prazer como bem supremo. Deus, no entanto, tem um caminho sobrenatural, no qual os impossíveis podem ser superados pelo Seu poder. Ele é poderoso para fazer ininitamente mais do que tudo quanto pedimentos ou pensamos, conforme Sua palavra. “A Ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém” (BÍBLIA, Efésios 3,21). Introdução R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 15 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PLANTAÇÃO DE IGREJAS R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E16 PLANTIO DE IGREJAS - CONCEITOS E TERMOS Caro(a) aluno(a), vamos, agora, entender e estudar juntos o processo bíblico e prático de evangelizar e plantar novas igrejas. A primeira diferenciação que temos a fazer é entre evangelização e plantio de igrejas. Isso é fundamental para o entendimento de nosso tema em estudo. Grande parte das deinições apresen- tadas são contempladas por Ronaldo Lidório em um Treinamento Missionário Intensivo chamado “Capacitar”, o qual ocorre uma vez a cada ano em diferentes cidades do país e, também, podem ser observadas em Lidório (2011), Teologia Bíblica do Plantio de Igrejas. A evangelização é a proclamação do evangelho. Esse evangelho pode ser proclamado verbalmente, ou seja, você fala do Senhor Jesus e aquele que ouve compreende, em sua língua e ambiente cultural. Entretanto, a evangelização não é apenas falar, mas também viver; ou seja, não evangelizamos apenas com nossas palavras, mas também com nossa vida, que é o nosso testemunho. O Senhor Jesus chamou Sua Igreja para falar e viver; para pregar verbalmente o evangelho, por meio de palavras e, também, para, silenciosamente, demonstrar o amor de Deus. Assim, concluímos que existem dois fundamentos muito relevantes na evange- lização. São traduzidos por duas palavras de origem grega: kerygma e martyrium. Plantio de Igrejas - Conceitos e Termos R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 .17 • Kerygma: palavra de origem grega usada no Novo Testamento com o signi- icado de proclamação, pregação, anúncio ou mensagem. Ou seja: comuni- cação verbal que pode ser compreendida. • Martyrium: palavra de origem grega usada no Novo Testamento com o signiicado de testemunho. Ou seja: comunicar com nossas ações. Esses dois termos caminham juntos no Novo Testamento, no qual lemos que foi proclamado o evangelho, sempre veriicamos que este foi depois demonstrado, evidenciado, manifestado por meio do testemunho de vida. Jesus chamou sua Igreja para pregar e viver. Lidório (2011) apresenta o conceito de que evangelização é o ato de comunicar - seja verbalmente ou pelo testemunho de vida - quem é Jesus e o que Ele fez por nós. Evangelização não é plantio de igrejas. Plantio de igrejas é um processo. A evangelização pode ser um ato estático ou um processo, porém o plan- tio de igrejas é sempre um processo. Você pode comunicar, em cinco minutos, quem é Jesus e o que Ele fez por nós ou levar um ano para evangelizar uma pes- soa, uma família, uma cidade ou uma nação. A evangelização é a primeira etapa do processo de plantio de igrejas. “Processo é uma palavra com origem no latim procedere, que signiica mé- todo, sistema, maneira de agir ou conjunto de medidas tomadas para atin- gir algum objetivo. Relativamente à sua etimologia, processo é uma palavra relacionada com percurso, e signiica ‘avançar’ ou ‘caminhar para a frente’”. Fonte: Signiicados ([2017], on-line)1. PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PLANTAÇÃO DE IGREJAS R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E18 Outra diferenciação abordada por Lidório (2011), Bastos (2010) e diversos auto- res é entre igreja e templo. Para você, qual é a diferença? Principalmente no Brasil, nosso conceito de igreja está atrelado a templo. Quando falamos sobre plantio de igrejas, algumas vezes, pensamos no aspecto do edifício e não em pessoas. Igreja não é estrutura, não é templo, não é insti- tuição, mas são pessoas convertidas ao Senhor Jesus. Na África, por exemplo, muitas igrejas se reúnem embaixo de árvores. Quem vai plantar uma igreja não construirá, necessariamente, um templo, mas vai evangelizar, discipular, ajun- tar convertidos, treinar líderes e acompanhar a igreja formada. Jesus, que inaugurou a plantação da Sua Igreja na Terra, não construiu nenhum templo. Em Atos, capítulo 2, há o relato de que a igreja louvava a Deus no templo e de casa em casa. Ali estavam judeus, que preferiam o templo, demons- trando suas raízes no judaísmo, e gentios que preferiam as casas. Embora houvesse a preferência por lugares distintos para louvar a Deus, eles eram unânimes: os gen- tios também iam ao templo e judeus também reuniam-se nas casas. Esse conceito de união como marca da Igreja primitiva também é abordado nos comentários de Atos, capítulo 2, da Bíblia Missionária de Estudos (2014). Encontramos no texto de Alexandre Bastos, em Metodologia de Plantação de Igrejas, o mesmo princípio apresentado: Plantio de Igrejas - Conceitos e Termos R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 19 [...] é fundamental dizer que a palavra igreja registrada no Novo Testa- mento e que norteia nossos princípios, nada tem a ver com os paradig- mas que ao longo dos séculos foram sendo adquiridos. Como equivo- cadamente sendo a expressão da instituição, denominação, estilo e até mesmo do prédio. Por força destes paradigmas ou até mesmo pelo ví- cio de linguagem, as pessoas sistematicamente tem associado a palavra -igreja- simplesmente com o local onde os cristãos se reúnem. Outro fator equivocado é determinarem se um grupo de cristãos é igreja ba- seado na existência de um prédio ou não. É muito importante lembrar que nos primeiros trezentos anos da história da igreja de Jesus não ha- via “prédio de igreja” algum, mesmo assim não deixavam de ser igreja. Até mesmo nos dias de hoje, lugares onde ter um prédio para a reunião da igreja é proibido ou até mesmo grupos de cristãos que se reúnem sem prédio, continuam sendo a Igreja de Jesus (BASTOS, 2010, p. 8). Bastos (2010) corrobora o entendimento de que igreja não é templo, não é o prédio onde os cristãos se reúnem. Ao plantarmos igrejas, não dependemos de instalações físicas, mas sim de que os crentes sejam congregados como pedras vivas, ou lavoura de Deus para que juntos possam formar um organismo vivo que dá glória a Deus. PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PLANTAÇÃO DE IGREJAS R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E20 O PLANTIO DE IGREJAS COMO PROCESSO ORGÂNICO O conceito de plantio de igrejas como processo orgânico é apresentado pelo apóstolo Paulo em I Coríntios 3, 6, que diz: “Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus”. Paulo e Apolo desempenharam diferentes serviços, Paulo plantou, Apolo regou. A metáfora de semear e de cuidar da plantação é bem sig- niicativa no que se refere às fases de implantação de uma igreja local. Os trabalhadores nada seriam sem a intervenção divina no crescimen- to da igreja plantada. O trabalho missionário é árduo, como o é o de plantar e regar. A dependência de Deus é a chave para um crescimento constante e duradouro (BÍBLIA, 2014, p. 1172). Plantar, regar e fazer crescer estão relacionados com aspectos vitais de cresci- mento, de realização contínua e prolongada. A plantação de igrejas permanentes e verdadeiras depende, em primeira instância, do próprio Deus. Os cristãos são a lavoura em que o Pai é o agricultor e cultiva a Cristo. Os ministros de Cristo podem plantar e regar, mas somente Deus pode dar o crescimento. Embora, biblicamente, uma igreja plantada seja considerada “lavoura de Deus”, onde há o plantio, rega e o crescimento, ela também é considerada “edifí- cio de Deus”, cujo único fundamento é Cristo Jesus. Quem O deiniu como base para o edifício foi Deus, em Seu supremo propósito. Programas e métodos de crescimento não podem ser eicazes sem Cristo, que é a vida da igreja. Conforme I Coríntios 3,12, simbolicamente, os materiais adequados para a ediicação de igrejas são ouro, prata e pedras preciosas, os quais são minerais. O ouro pode representar a natureza divina do Pai, com todos os seus atributos; a prata pode representar o Cristo Redentor, Sua morte na cruz, todas as virtudes O Plantio de Igrejas Como Processo Orgânico R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 21 e atributos de Sua pessoa e obra. As pedras preciosas, por sua vez, representam a obra transformadora do Espírito Santo com todos os atributos de Sua pessoa. A ideia de transformação de “lavoura de Deus” em “edifício de Deus” mani- festa o caráter de modiicação que a experiência cristã produz em nós. Portanto, plantação de igrejas constitui-se integralmente num processo espiritual. Hesselgrave (1995), apresenta, em seu livro Plantar Igrejas, um estudo detalhado e criterioso das etapas que envolvem o processo de plantar igrejas, considerando que: [...] a missão primária da Igreja e, portanto, das igrejas, é proclamar o evangelho de Cristo e reunir os crentes em igrejas locais onde podem ser ediicados na fé e tornados eicazes no serviço, e assim plantar novas congregações no mundo inteiro (HESSELGRAVE, 1995, p. 15). Observamos nas palavras do Senhor Jesus, descritas na Grande Comissão, a essência do processo de plantação de igrejas: [...] Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-osem nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século (BÍBLIA, Mateus 28, 18-20). Esta é a tarefa central à qual Cristo chama o Seu povo. Nela encontramos a essên- cia e o método da missão. Quem ordena a tarefa é Aquele que tem autoridade para fazê-la. Após Sua obediência até a morte, morte de cruz, Deus, o Pai, con- cede ao Filho toda autoridade nos céus e na terra. Como já foi testado por seus discípulos, o Espírito Santo nos concede poder e força enquanto cumprimos o mandamento. As instruções para o plantio de igrejas icam claras nas ordens de Jesus e são tomadas como base para o trabalho da igreja primitiva. Indicamos a seguir essas fases ou etapas, resumidamente, que envolvem a plantação de uma igreja: 1. Ir: levar a palavra do Senhor a campos ainda não alcançados. Aqueles que são comissionados a ir fazem parte da comunidade de discípulos. Foram salvos pela fé na palavra da pregação, batizados, testemunhando arrependimento e foram transformados pela obediência aos ensinamen- tos do Senhor. PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PLANTAÇÃO DE IGREJAS R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E22 2. Evangelizar: comunicar, seja verbalmente, ou pelo testemunho de vida, quem é Jesus e o que Ele fez por nós. 3. Fazer discípulos: a obediência ao Mestre é exigida não somente daquele que leva a mensagem, mas também daquele que a ouve e se arrepende. Essa etapa envolve o batismo e o contínuo ensino das Escrituras Sagradas. 4. Congregar os convertidos: aqueles que se convertem, de todas as nações, devem ser trazidos para dentro da Igreja do Senhor. 5. Formar líderes: dentre os convertidos, aqueles que confessarem o cha- mado do Senhor para o ministério devem ser discipulados de maneira mais próxima e pessoal, com o propósito de que a nova congregação tenha um governo local, ou para que esses sejam enviados a novos cam- pos ainda não alcançados. 6. Acompanhar: as novas congregações devem ser acompanhadas, con- tinuamente, para correção de desvios, encorajamento dos irmãos e fortalecimento da liderança local, assim como sempre fazia o apóstolo Paulo. Certamente o apóstolo Paulo foi um homem especialmente comprometido com a Grande Comissão. Por onde passava, Paulo pregava a palavra, os homens eram convertidos e as igrejas eram estabelecidas. O processo de plantação de igrejas está retratado, de forma muito prática e impressionante, pelo apóstolo Paulo em I Tessalonicenses 1,5, que diz: [...] porque o nosso evangelho não chegou até vós tão somente em pala- vra, mas sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós (BÍBLIA, I Tessalonicenses, 1,5). Nesse versículo Paulo resume, dentre todas as suas cartas, o processo de plan- tio de uma igreja local e explica aos tessalonicenses os elementos essenciais que izeram a igreja em Tessalônica nascer tão rapidamente. A Bíblia Missionária de Estudos (2014), apresenta comentários de Lidório, o qual considera o nasci- mento da igreja um fruto da chegada do evangelho que: 1) Chega em palavra, do grego logos, ou seja, habilidade comunicacional, sermão comunicado de forma inteligível na língua e cultura daquele que está ouvindo. O Plantio de Igrejas Como Processo Orgânico R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 23 2) Chega com poder, dynamis (palavra de origem grega cujo signiicado é poder, força). Por isso, o que traz a salvação e a plantação de uma igreja é o poder de Deus e não a capacidade humana. O poder é a manifesta- ção sobrenatural de Deus que cativa os perdidos e os traz à luz de Cristo. 3) É acompanhado pela ação do Espírito Santo, que tem como função con- vencer e converter os corações e ediicá-los para que sejam transformados à imagem de Cristo. 4) É motivado pela plena convicção (do grego pleroforia), que se refere à certeza que Paulo e os seus companheiros possuíam de estar fazendo a vontade do Pai. Em Atos, capítulo 17, Paulo e seus companheiros estavam em uma pequena cidade chamada Tessalônica, na qual ele pregou o evangelho apenas por três semanas. Aos sábados, ele evangelizava os judeus na sinagoga e, durante a semana, evange- lizava gentios e judeus no mercado que icava na praça central da cidade. Depois de três a cinco semanas, nasceu uma igreja em Tessalônica, o que, mesmo para Paulo, foi algo sobrenatural, uma vez que a plantação da igreja de Éfeso, por exemplo, ocorreu em três anos. Sobre o processo de plantação de igrejas entre os irmãos tessalonicenses, Lidório (2011), faz uma paráfrase das palavras de Paulo: [...] meus irmãos em Tessalônica, vocês icaram impressionados com o meu ministério? Não foi por isso que vocês se converteram. Vocês se converteram porque o evangelho, que é o Senhor Jesus Cristo, chegou até vocês. Chegou também em palavra humana, mas não foi isso que transformou os seus corações, mas foi o poder de Deus e o Espírito Santo que operou em vocês. E quanto a mim, Paulo, e meus compa- nheiros, nós tínhamos certeza, plena convicção, de que nós estávamos fazendo a vontade de Deus (LIDÓRIO, 2011, p. 7). Compreendemos que a plantação de igrejas somente pode ser realizada pelo poder e autoridade do próprio Deus. O autor ainda considera que: [...] se o evangelho é Jesus, que é Deus. Se o poder que leva as pessoas a conversão, não é o poder da igreja, mas o poder de Deus. Se a ação não é do homem, mas é do Espírito Santo, que é Deus. Então, quem faz uma igreja nascer é o próprio Deus. O que nós fazemos? Paulo nos res- ponde. Devemos estar no lugar certo, na hora certa, fazendo a vontade de Deus. Nós não podemos chegar ao inal do dia, da semana, do ano, PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PLANTAÇÃO DE IGREJAS R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E24 ou da nossa vida sem a convicção, “pleroforia”, de que estamos fazendo a vontade de Deus (LIDÓRIO, 2011, p. 7). Segundo Lidório, sem tais elementos, a igreja em Tessalônica não nasceria, pois, dentro do processo de espalhar o evangelho e plantar igrejas, nada acontecerá sem o poder de Deus e a ação do Espírito Santo. ELEMENTOS PRESENTES NA PLANTAÇÃO DE IGREJAS Agora, vamos considerar oito ele- mentos essenciais para a plantação de igrejas indicados por Lidório (2011), quais sejam: intencionalidade, opor- tunidade, teologia, continuidade, prática, oração, planejamento e lide- rança local. Esses elementos podem ser evidenciados no ministério do apóstolo Paulo e também nos minis- térios de plantadores de igrejas ao redor do mundo. Vários desses elementos são corroborados pela metodologia de Hesselgrave (1995) para plantação de igrejas. Vamos nos deter um pouco em cada um deles: E você? Tem procurado ter a plena certeza (pleroforia) de que está no centro da perfeita vontade de Deus? Se você não tem esta certeza, busque-a do Senhor e não deina os próximos passos da sua vida por qualquer critério que não seja a vontade dEle. (Ronaldo Lidório) Elementos Presentes na Plantação de Igrejas R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 25 ■ Intencionalidade: é a intenção de se plantar uma igreja. Hesselgrave (1995), diz que 75% das igrejas plantadas no mundo foram plantadas intencionalmente. As igrejas que nascem, nascem porque alguém desejou e planejou seu nascimento. Alguém orou, enviou missionários, traba- lhou, se esforçou por entrar em uma sociedadee se manteve perseverante. Intencionalidade diz respeito a olharmos para uma cidade carente do evangelho, orar por essa cidade, despertar outros para oração e desper- tar parceiros para o projeto, enviar um plantador de igrejas para o local, apoiar aquele que foi enviado até que pessoas se convertam ao evangelho de Cristo e, assim, ver uma igreja nascer. Ninguém investe em um negócio indeinido, os recursos sempre seguem a visão. As pessoas se envolvem com aquilo que traduzem a elas convicção e paixão. ■ Oportunidade: há lugares onde nós temos muitas oportunidades para pregar o evangelho, discipular pessoas e treinar líderes. Outros lugares são fechados, com mínimas oportunidades. A questão não é quantas oportu- nidades nós temos, mas quantas oportunidades nós usamos. Temos que pedir a Deus que os nossos olhos sejam abertos para as oportunidades. ■ Teologia: ter como nosso guia a Palavra de Deus. Os projetos de cres- cimento e plantio de igrejas não podem se afastar dos fundamentos teológicos. Segundo Lidório (2011, p. 13), “nem tudo o que funciona é Bíblico”. Existem métodos que são humanos, carnais e até mesmo malignos. Nós seremos cobrados por Deus se formos iniéis aos Seus ensinamentos. ■ Continuidade: o plantador de igrejas deve manter constância e perma- nência no acompanhamento dos trabalhos realizados. Muitos projetos de plantio de igrejas são interrompidos, porque na fase do ajuntamento dos convertidos o plantador da nova igreja se ausenta. O momento de ajun- tar é essencial para a consolidação da nova igreja. Mesmo depois da igreja plantada é necessário manter a continuidade. Isso é nitidamente obser- vado no ministério do apóstolo Paulo. Ele plantava uma igreja, voltava para ajustar, mandava alguém para visitar, escrevia e enviava cartas, arti- culava o estabelecimento de lideranças. Orava pelas igrejas plantadas e as acompanhava permanentemente, visando seu fortalecimento. ■ Prática: abundante evangelização. Um dos maiores entraves para plan- tio de igrejas é a pouca evangelização. Apesar de haver muita expectativa de que as pessoas se convertam, há pouca evangelização. Lidório (2011) PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PLANTAÇÃO DE IGREJAS R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E26 nos alerta que Igrejas são plantadas nas ruas, nos mercados, nos bairros, nas casas, nas matas, nas aldeias, nos condomínios. Igrejas são plantadas nos lugares onde estão aqueles que ainda não conhecem pessoalmente a Jesus. Uma visão que o plantador de igrejas precisa ter é a de ir aos luga- res onde as pessoas estão. ■ Oração: todos os lugares e épocas em que houve grande avanço mis- sionário foi precedido de oração. Deus ouve as orações. Oração não é repetição de necessidades, mas um ponto de encontro com Deus. Não é transmissão de ideias para o Pai, mas um convite que Deus nos traz para uma convivência mais próxima e íntima com Ele. A Bíblia nos ensina, em Mateus 18, 18 a 20, que “tudo o que ligarmos na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligarmos na terra terá sido desligado nos céus” e que, “se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qual- quer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhe-á concedida por meu Pai, que está nos céus”. Isso, obviamente, não signiica, de modo algum, que podemos forçar Deus a fazer o que Ele não quer, mas sim que podemos reivindicar que faça o que Ele deseja fazer em seu perfeito conhecimento e soberana vontade. Na oração, também “recarregamos nossas baterias”, pois oração é relacionamento com Deus. Lidório (2011) relata que Jesus, intensamente, trabalhava, ensinava, curava, discipulava, expulsava demô- nios e fazia amigos e, em seguida, se dirigia aos montes sozinho, ou saia com alguns de Seus discípulos em um barco, para estar em comunhão e relacionamento com Deus. Ali, Jesus reletia, descansava e encontrava refrigério para Sua alma. Existem líderes tão atarefados que não têm tempo para orar, para reletir, não têm tempo para ter amizades, para abrir o coração, não têm tempo para serem pastoreados. Caem em cila- das malignas porque, no meio do cansaço, não percebem que “baixam a sua guarda”. Então, tudo que é carnal ganha mais força, aquilo que é do Espírito é colocado de lado. Assim, icam mais vulneráveis e rendem-se a caminhos de destruição. O plantador de igrejas deve ter uma forte vida de oração e vigilância em Deus. ■ Planejamento: no projeto de plantio de igrejas temos que ter, de maneira bem clara, qual é a visão, ou seja, o que desejamos alcançar ao inal de um período de trabalho. Quais são os alvos principais e quais são as ativida- des que serão desenvolvidas para se alcançar esses alvos. Na Unidade V trataremos esse assunto de forma especíica. Elementos Presentes na Plantação de Igrejas R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 27 ■ Liderança local: o bom plantador de igrejas é aquele que pensa em ir embora no dia em que chega. Ele aspira estabelecer aquela obra para adentrar em novos campos. Por isso, ele identiica, dentre os novos con- vertidos, pessoas que possam ser treinadas para a futura liderança local daquela igreja. Desde já, podemos perceber a grande importância que a pessoa do plantador de igrejas possui. Suas convicções em Deus, a clareza de um chamado ministerial, a coniança naquilo que Deus pode fazer, dentre outras, são características fun- damentais para o desenvolvimento desse ministério. Suas atitudes e disposição farão mais diferença no processo de plantar igrejas do que suas áreas de facili- dade e habilidade. Na Unidade IV estudaremos aspectos especíicos do peril e caráter desejados para o plantador de igrejas. “Quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o Senhor, deixando de orar por vós; antes, vos ensinarei o caminho bom e direito” (BÍBLIA, I Samuel 12, 23). A oração persistente move o coração de Deus e nos concede a chave para adentrarmos em novos campos missionários. PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PLANTAÇÃO DE IGREJAS R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E28 PERSPECTIVA HISTÓRICA DO PLANTIO DE IGREJAS A perspectiva histórica do plantio de igrejas, certamente, encontra-se entrelaçada com a história da missão cristã. Páginas incontáveis têm sido escritas a esse respeito. Nossa narrativa histórica detém-se ao processo seletivo de esco- lha dos conteúdos a serem abordados, considerando-se que o volume dos aconteci- mentos é muito vasto, em diferentes locais geográi- cos. Levaremos em conta aqui apenas alguns pontos importantes. Hesselgrave, analisando as abordagens mais comuns nos últimos séculos, diz que: [...] os Reformadores dos séculos XVI e XVII recuperaram a mensagem da Igreja, mas (na maior parte) estavam demasiadamente preocupa- dos com os problemas da Europa para darem muito ímpeto às missões noutras partes do mundo (HESSELGRAVE, 1995, p. 20). Foram os pietistas, os morávios e um batista com o nome de William Carey que recuperaram a necessidade urgente de levar o evangelho até aos conins da terra. No inal do século XVII surgiu o pietismo, um movimento de renovação da fé cristã na Igreja Luterana Alemã, defendendo a importância do sentimento e da expressão espiritual na experiência religiosa, em detrimento do raciona- lismo religioso corrente. Juntamente aos pietistas, os irmãos morávios tiveram grande inluência no avivamento e expansão mundial do evangelho. Os morávios eram eslavos que Perspectiva Histórica do Plantio de Igrejas R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o de 1 9 9 8 . 29 estavam escapando de sua terra natal, a região central e oriental da Europa: em consequência da guerra dos trinta anos, foram morar nas terras de um conde muito rico, chamado Zinzendorf, na parte mais oriental da República Tcheca. Nestas terras, eles estabeleceram a comunidade de Herrnhut, que signiica “Redil do Senhor”. Eles eram cristãos de diferentes origens denominacionais. Entretanto, no princípio, estes refugiados de guerra tinham muitas rivalidades entre si. No dia 5 de agosto de 1727, depois de um período prolongado de oração, eles resolve- ram não mais criar debates e confusões. Praticamente uma semana depois desta aliança, no domingo de 13 de agosto, próximo ao meio-dia, numa reunião na qual se celebrava a Ceia do Senhor, mudanças começaram a acontecer. Nessa reunião, a presença e a bênção de Deus vieram de forma poderosa. Tanto o grupo presente quanto o pastor caíram diante de Deus. Todos permane- ceram prostrados até a meia noite, tomados em oração, cânticos, choro e súplicas. Eles se sentiram muito pecadores e também muito felizes por causa da graça de Deus, que os trouxe à salvação. Seus desentendimentos e conlitos foram emu- decidos; suas paixões e orgulho foram cruciicados. Eles entenderam que, da mesma maneira como nunca se havia permitido que o fogo sagrado se apagasse no altar, eles, que eram o templo do Deus vivo, jamais deveriam deixar que o fogo da oração deixasse de subir a Deus, como um incenso santo. Com esse objetivo, 24 irmãos e 24 irmãs iniciaram reuniões de oração diárias que duravam 24 horas. Essas reuniões de oração começaram no dia 26 de agosto de 1727 e terminaram somente depois de 26 de agosto de 1827. Foram mais de 100 anos de oração ininterrupta. Durante esse tempo, o amor pelos perdidos cresceu de tal maneira que em vinte cinco anos eles enviaram mais missionários que todas as igrejas protestantes da época em conjunto. A vida que eles desenvolveram em Deus mudou o curso de toda a história. Durante esse período nasce William Carey - cuja biograia foi escrita por George Smith (1885) - que foi o pai das missões modernas, trazendo grande contribuição e transformação no movimento de plantio de igrejas. Era inglês e viveu entre 1761 e 1834. Aos 18 anos de idade, Carey recebeu a Cristo como seu salvador pessoal, passando a frequentar uma pequena Igreja Batista. Desde então, Carey começou a estudar as escrituras, idiomas e ciências, PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PLANTAÇÃO DE IGREJAS R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E30 embora tenha tido, na infância, uma formação modesta. Com sua dedicação ao Senhor e estudos da Bíblia, Carey concluiu que a evangelização mundial era a principal responsabilidade da Igreja de Cristo. Sua denominação não aceitou suas declarações, dizendo que se Deus resolvesse converter os gentios o faria sem a ajuda de Carey. Em 1792 Carey publicou um livro de 87 páginas intitulado “Uma investi- gação sobre o dever dos cristãos de empregarem meios para a conversão dos pagãos”. Este se tratava de uma avaliação do mundo de seus dias, que reletia a necessidade urgente da proclamação do evangelho a todas as nações da terra. No mesmo ano ocorreu a organização da Sociedade Missionária Batista, e Carey se ofereceu para ser o primeiro missionário enviado. Menos de um ano depois, em junho de 1793, ele e sua família partiram para a Índia como membros da mesma sociedade. Carey chegou em Hooghly no dia 11 de novembro de 1793, marcando o início da grande era das missões além mar, promovidas pela Inglaterra e Estados Unidos. O trabalho de Carey na Índia foi excepcional e inusitado: ele tinha uma visão missionária muito à frente do seu tempo, dedicando-se à causa cristã sem afron- tar os aspectos da cultura local que não feriam os valores revelados por Deus nas páginas da Bíblia Sagrada. Sua importância para o cristianismo na Índia foi extraordinária. Junto com William Ward e Joshua Marshman, missionários que se juntaram a ele em 1799, fundaram 26 igrejas, 126 escolas e traduziram a Bíblia para 44 idiomas, além da vasta contribuição social que exerceu grande impacto na Índia. Lidório comenta que William Ward, companheiro e contemporâneo de Carey, escreveu, em 1805, em um jornal criado pela equipe: [...] ao plantarmos igrejas distintas, pastores nativos devem ser escolhi- dos […] e missionários devem preservar suas características originais, dedicando-se ao plantio de novas igrejas e supervisionando aquelas já plantadas (LIDÓRIO, 2011, p. 15). Lidório também cita Henry Venn e Rufus Anderson que começam a delinear a necessidade de que as igrejas plantadas guardem autonomia e suiciência como um organismo vivo: Perspectiva Histórica do Plantio de Igrejas R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 31 [...] em meados do século 19, Henry Venn e Rufus Anderson direcio- naram a Igreja através de sua intencionalidade no plantio de igrejas, justiicando que as mesmas deveriam, ao serem plantadas, ter três ca- racterísticas básicas: serem autopropagáveis, autogovernáveis e autos- sustentadas (LIDÓRIO, 2011, p. 15). Criava-se o conceito de Igrejas Autóctones, ou seja, igrejas locais com formação e liderança nativa, as quais possuem autonomia de sustento, liderança e propagação. Hesselgrave (1995), considera por demais estreita a visão de evangelização sem o ajuntamento dos convertidos em uma igreja local: [...] nas últimas décadas do século XIX e no presente século, a evangeli- zação tem sido quase totalmente identiicada com grandes campanhas ou cruzadas que visam ganhar os indivíduos para uma decisão por Jesus Cristo. De um lado, há esse fato. E do outro lado, certo núme- ro de métodos cuidadosamente elaborados de evangelização pessoal (individual) foram desenvolvidos com o mesmo im em mira. Tanto a evangelização das campanhas, quanto a evangelização pessoal devem ser encorajadas. Mas, conforme são frequentemente praticadas, não colocam novos crentes em contato vital com as igrejas locais. Propor- cionalmente, uma ênfase grande demais tem sido dada à multiplicação dos convertidos- e uma ênfase totalmente insuiciente à multiplicação das congregações (HESSELGRAVE, 1995, p. 21). Não podemos deixar de considerar que muitos dos movimentos missionários no decorrer dos séculos nem sempre tinham clareza de seus propósitos. Muitas atividades sociais consistentes foram desenvolvidas, como criação de escolas, hos- pitais, orfanatos, campanhas humanitárias em todo o mundo, a favor da saúde, do saneamento, até mesmo da agricultura. Ações dignas de reconhecimento e elogios. Entretanto, estas atividades por si só não faziam discípulos, nem esta- beleciam igrejas. Observaremos que o plantio de uma nova igreja não está pautado naquilo que a força humana pode fazer, mas que igreja é obra de Deus e manifesta- ção poderosa do Espírito Santo. Nada pode deter vidas que encontram em Deus sua suiciência. PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PLANTAÇÃO DE IGREJAS R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E32 Lidório (2011) denomina alguns movimentos missionários na história da expansão da Igreja como “esquisitices metodológicas”. Esses devaneios não foram ocasio- nados por inidelidade a Deus ou desejo intencional de liberar-se dos princípios da fé cristã verdadeira, mas decorreram da ausência de amparo bíblico e teoló- gico para algumas metodologias adotadas ao longo do processo de proclamação. Observando os diversos segmentos de plantação de igrejas no mun- do atual, podemos perceber que o enraizamento dos problemas mais comuns em tais processosestá ligado a alguns fatores, sobre os quais escrevo a seguir: A diiculdade de se distinguir igreja e templo, perdendo o valor do dis- cipulado e gerando mais investimento na estrutura do que em pessoas. A demora na introdução dos convertidos à vida diária da igreja, diluin- do o valor da comunhão e integração além de gerar crentes imaturos, sem funções, desaios ou envolvimento. A despreocupação com os fundamentos teológicos e atração pelos me- canismos puramente pragmáticos. A ausência de sensibilidade social e cultural, pregando um evangelho sem sentido para o contexto receptor. Uma mensagem alienada da re- alidade da vida. A excessiva pressa no plantio de igrejas, gerando comunidades super- iciais na Palavra e abrindo oportunidades reais para o sincretismo ou nominalismo. O excessivo envolvimento com a estrutura da missão ou da igreja, des- gastando pessoas, recursos, tempo e minimizando o que deveria ser o maior e mais amplo investimento: a proclamação do evangelho (LIDÓ- RIO, 2011, p. 16-17). Neste ponto de nossa disciplina, já se torna claro o íntimo relacionamento entre proclamação do evangelho e a plantação de igrejas, que não podem ser disso- ciadas sem prejuízo à missão da Igreja. Outro aspecto de suprema relevância diz respeito à necessidade de considerarmos que também não é possível realizar o divórcio entre a missão da igreja e teologia da missão. Vamos continuar cami- nhando na Unidade II, de forma a buscar uma base teológica sólida e coerente para a plantação de igrejas, ou seja, a glória de Deus. Considerações Finais R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao inal da Unidade I. Começamos falando sobre a evangelização e plantio de igrejas, que são ações diferentes, podendo a evangelização tratar-se ou não de um processo. Já o plantio de igrejas sempre será um processo. Você também deve ter compreendido que templo não é igreja. Suponha agora que você decidiu iniciar o plantio de uma igreja. Quais serão as etapas desenvolvidas neste processo? Você se lembra? Ir, evangelizar, fazer dis- cípulos, congregar os convertidos, formar líderes e acompanhar. Cada uma dessas etapas, é de fundamental importância para o plantio de igrejas. Talvez, durante as primeiras etapas você possa se ausentar por algum tempo. Entretanto, a partir do momento em que os convertidos são congregados, sua presença será imprescindível, até o momento em que a nova igreja tenha sua liderança local treinada e estabelecida. Isso ocorre em pelo menos três anos. A partir daí você pode orar pelo desaio de um novo campo, sempre considerando a importância de manter o acompanhamento, assim como fazia o apóstolo Paulo. Pois bem, e os elementos presentes na plantação de igrejas indicados por Lidório? Você pode enumerá-los comigo? Intencionalidade, Oportunidade, Teologia, Continuidade, Prática, Oração, Planejamento e Liderança Local. Cada um deles deve estar presente para que a nova igreja seja plantada em um fun- damento sólido. Por im, você deve considerar a perspectiva histórica que observamos nos últimos séculos, recebendo a inspiração de homens e mulheres comuns, mas que aprenderam a depender da suiciência e do poder de Deus e foram encon- trados em pleroforia, a plena convicção de que estavam no lugar certo, na hora certa, realizando a vontade de Deus. Tenho certeza de que, no decorrer de nossos estudos, você poderá entender melhor seu papel como colaborador(a) da lavoura de Deus. É Ele que nos atrai com seu amor e nos enche de paixão pelas almas. 34 1. Observamos a existência de dois fundamentos muito relevantes na evangeliza- ção, traduzidos por duas palavras de origem grega: kerigma e martyrium. Qual o signiicado desses termos? 2. Nosso conceito de igreja, principalmente no Brasil, está atrelado a templo. Quan- do falamos sobre plantio de igrejas, algumas vezes pensamos no aspecto do edi- fício e não em pessoas. Segundo o que foi abordado ao longo da unidade, qual a diferença entre igreja e templo? 3. Considerando a plantação de igrejas um processo, descreva resumidamente duas fases ou etapas envolvidas nesse processo. 4. Descreva e comente dois dos oito elementos essenciais em plantação de igrejas, quais sejam: intencionalidade, oportunidade, teologia, continuidade, prática, oração, planejamento e liderança local. Esses elementos podem ser evi- denciados no ministério do apóstolo Paulo e também nos ministérios de planta- dores de igrejas ao redor do mundo. 5. Observando os diversos segmentos de plantação de igrejas no mundo atual, podemos perceber que o enraizamento dos problemas mais comuns em tais processos, indicados por Lidório estão ligado a fatores estruturais e teológicos da missão. Cite e explique dois desses fatores. 35 Quando olhamos para o início da igreja vemos o quanto os irmãos viviam em oração. Basta lermos os capítulos iniciais do livro de Atos e saberemos o porquê de tanto poder em manifestação naqueles dias. Não era porque eles eram mais especiais do que nós, nem pelo fato da igreja estar em seu início. A causa do poder estava na vida de comu- nhão, de uma vida de oração. O missionário e missiólogo Patrick Johnstone, em seu livro Intercessão Mundial, diz que: “Quando o homem trabalha, o homem trabalha; quando o homem ora, Deus trabalha”. Jorge Müller costumava dizer que “Um crente pode fazer mais em quatro horas, depois de empregar uma em orar, que cinco sem orar”. Precisamos entender que, para realizarmos a obra que o Senhor nos tem chamados, a fazer, não seremos bem sucedidos se não orarmos. O poder ou a manifestação do poder está numa vida de oração individual e congregacional. No que tange à obra missionária – evangelismo de escopo mundial - temos aprendido que podemos fazer a diferença no curso da vida de muitas pessoas por causa da nossa vida de oração. Em I Timóteo 2:4, a Bíblia nos diz que é a vontade de Deus que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Mas isto irá acontecer só porque é vontade de Deus? Não! Como já disse John Wesley: “Nos parece que Deus é limitado pela nossa vida de oração. Ele nada faz pela humanidade a menos que alguém o peça para fazê-lo”. Para que a vontade de Deus, expressa em I Timóteo 2:4 se cumpra, se faz necessário duas ações do homem: orar e evangelizar. Reinhard Bonnke diz em seu livro, Evangelismo por Fogo que “Evangelismo sem inter- cessão é um explosivo sem um detonador. Intercessão sem evangelismo é um detona- dor sem um explosivo”. Se juntarmos esses dois indispensáveis ingredientes, no entanto, poderemos transformar o mundo, como foi dito com respeito a Paulo e Silas em Atos 17. Precisamos ir, precisamos evangelizar e será a nossa oração que preparará o caminho para nós passarmos. A nossa missão depende da nossa vida de oração! Fonte: Verbo vida (2015, on-line)2. MATERIAL COMPLEMENTAR Plantar Igrejas: um guia para missões nacionais e transculturais David Hesselgrave Editora: Vida Nova Sinopse: o livro de Hesselgrave é um guia passo a passo para a plantação de igrejas numa cultura diferente da cultura do plantador. Embora sistemático, evita o simplismo. Pelo contrário, cada passo é explicado na prática e na teoria. COMENTÁRIO: considero esse um dos livros mais importante sobre plantação transcultural de igrejas já publicado até o momento. Uma chama na escuridão “Uma chama na escuridão” é daqueles i lmes que não são para serem esquecidos. A produção de Mike Pritchard conta a história de William Carey, “O pai das Missões Modernas”. É possível tomar conhecimento do que é a certeza de ser chamado por Deus. Mesmo contra a opinião daqueles à sua volta, Carey partiu para a Índia, em 1793, para pregar a Palavra de Deus. Muitas são as dii culdades, mas nada o impede de perseverar. Ficou conhecido como “O amigo da Índia” e “i cou encarregadode traduzir mais versões da Bíblia do que haviam sido feitas durante a história do cristianismo até aquela época”. APRESENTAÇÃO: o Instituto Antropos atua nas áreas de antropologia, pesquisa sociocultural e missiologia aplicada sob coordenação de Ronaldo e Rossana Lidório e com a colaboração de diversos consultores técnicos. Encontramos disponível nesse ambiente um material consistente, prático e aplicável. O Instituto se compromete a prestar um serviço gratuito e acessível nas áreas propostas (antropologia, missiologia, linguística e cuidado missionário), fornecendo metodologias para a pesquisa sociocultural (étnica ou urbanizada), aquisição de língua e plantio de igrejas. O Instituto Antropos é também um portal que abriga outros três sites: a “Antropos - Revista de Antropologia” <www.revista.antropos.com.br>, “Missionews - Revista de Missiologia” <www. missionews.com.br> e “Plantando Igrejas” <www.plantandoigrejas.org.br>, com sua versão em Inglês “Church Planting” <www.churchplanting.com.br>. Para saber mais acesse: <http://instituto.antropos.com.br/v3/>. REFERÊNCIAS 37 BASTOS, A. C. Metodologia de Plantação de Igrejas. Uberlândia: Escola de Planta- dores de Igrejas, 2010. BÍBLIA. Português. Bíblia Missionária de Estudo. Tradução: Almeida Revista e Atu- alizada. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2014. HESSELGRAVE, D. Plantar Igrejas: um guia para missões nacionais e transculturais. São Paulo: Vida Nova, 1995. LIDÓRIO, R. Teologia Bíblica do Plantio de Igrejas. Manaus: Instituto Antropos, 2011. SMITH, G. The life of Willian Carey, Shoemaker & Missionary. London: Paperback, 1885. REFERÊNCIAS ON-LINE 1 Em: <http://www.signiicados.com.br/processo/>. Acesso em: 19 maio. 2017. 2 Em: <http://verbodavida.org.br/lista-blogs/direto-da-agencia/vida-de-oracao-2>. Acesso em: 19 maio. 2017. GABARITO 1. Kerygma: palavra de origem grega usada no Novo Testamento com o signiica- do de proclamação, pregação, anúncio ou mensagem. Ou seja, comunicação verbal inteligível. Martyrium: palavra de origem grega usada no Novo Testa- mento com o signiicado de testemunho. Ou seja, comunicar com nossas ações. 2. Igreja não é estrutura, não é templo, não é instituição, mas são pessoas conver- tidas ao Senhor Jesus. Em Atos, capítulo 2, a igreja louvava a Deus no templo e de casa em casa. Ali estavam judeus, que preferiam o templo, e gentios, que preferiam as casas. Mas eles eram unânimes, gentios estavam no templo e ju- deus estavam nas casas. É muito importante lembrar que nos primeiros trezentos anos da história da igreja de Jesus não havia “prédio de igreja” algum, mesmo assim não deixavam de ser igreja. Até mesmo nos dias atuais, lugares onde ter um prédio para a reu- nião da igreja é proibido ou até mesmo grupos de cristãos que se reúnem sem prédio, continuam sendo a Igreja de Jesus. 3. Indicamos a seguir essas fases ou etapas, resumidamente, que envolvem a plantação de uma igreja: Ir: levar a palavra do Senhor a campos ainda não alcançados. Aqueles que são comissionados a ir fazem parte da comunidade de discípulos. Foram salvos pela fé na palavra da pregação, batizados, testemunhando arrependimento e foram transformados pela obediência aos ensinamentos do Senhor. Evangelizar: comunicar, seja verbalmente, ou pelo testemunho de vida, quem é Jesus e o que Ele fez por nós. Fazer discípulos: a obediência ao Mestre é exigida não somente daquele que leva a mensagem, mas também daquele que a ouve e se arrepende. Essa etapa envolve o batismo e o contínuo ensino das Escrituras Sagradas. Congregar os convertidos: aqueles que se convertem, de todas as nações, de- vem ser trazidos para dentro da Igreja do Senhor. Formar líderes: dentre os convertidos, aqueles que confessarem o chamado do Senhor para o ministério devem ser discipulados de maneira mais próxima e pessoal, com o propósito de que a nova congregação tenha um governo local, ou para que esses sejam enviados a novos campos ainda não alcançados. Acompanhar: as novas congregações devem ser acompanhadas, continua- mente, para correção de desvios, encorajamento dos irmãos e fortalecimento da liderança local, assim como sempre fazia o apóstolo Paulo. 4. Intencionalidade: é a intenção de se plantar uma igreja. Hesselgrave (1995), diz que 75% das igrejas plantadas no mundo foram plantadas intencionalmen- te. As igrejas que nascem, nascem porque alguém desejou e planejou seu nas- cimento. Alguém orou, enviou missionários, trabalhou, se esforçou por entrar em uma sociedade e se manteve perseverante. Intencionalidade diz respeito a 39 olharmos para uma cidade carente do evangelho, orar por essa cidade, desper- tar outros para oração e despertar parceiros para o projeto, enviar um plantador de igrejas para o local, apoiar aquele que foi enviado até que pessoas se con- vertam ao evangelho de Cristo e, assim, ver uma igreja nascer. Ninguém investe em um negócio indeinido, os recursos sempre seguem a visão. As pessoas se envolvem com aquilo que traduzem a elas convicção e paixão. Oportunidade: há lugares onde nós temos muitas oportunidades para pregar o evangelho, discipular pessoas e treinar líderes. Outros lugares são fechados, com mínimas oportunidades. A questão não é quantas oportunidades nós te- mos, mas quantas oportunidades nós usamos. Temos que pedir a Deus que os nossos olhos sejam abertos para as oportunidades. Teologia: ter como nosso guia a Palavra de Deus. Os projetos de crescimento e plantio de igrejas não podem se afastar dos fundamentos teológicos. Segundo Lidório (2011, p. 13), “nem tudo o que funciona é Bíblico”. Existem métodos que são humanos, carnais e até mesmo malignos. Nós seremos cobrados por Deus se formos iniéis aos Seus ensinamentos. Continuidade: o plantador de igrejas deve manter constância e permanência no acompanhamento dos trabalhos realizados. Muitos projetos de plantio de igrejas são interrompidos, porque na fase do ajuntamento dos convertidos o plantador da nova igreja se ausenta. O momento de ajuntar é essencial para a consolidação da nova igreja. Mesmo depois da igreja plantada é necessário manter a continuidade. Isso é nitidamente observado no ministério do apóstolo Paulo. Ele plantava uma igreja, voltava para ajustar, mandava alguém para visi- tar, escrevia e enviava cartas, articulava o estabelecimento de lideranças. Orava pelas igrejas plantadas e as acompanhava permanentemente, visando seu for- talecimento. Prática: abundante evangelização. Um dos maiores entraves para plantio de igrejas é a pouca evangelização. Há muita expectativa de que as pessoas se con- vertam, mas, com pouca evangelização. Lidório (2011) nos alerta que Igrejas são plantadas nas ruas, nos mercados, nos bairros, nas casas, nas matas, nas aldeias, nos condomínios. Igrejas são plantadas nos lugares onde estão aqueles que ain- da não conhecem pessoalmente a Jesus. Uma visão que o plantador de igrejas precisa ter é a de ir aos lugares onde as pessoas estão. Oração: em todos os lugares e épocas, onde houve grande avanço missioná- rio, esse avanço foi precedido de oração. Deus ouve as orações. Oração não é repetição de necessidades, mas um ponto de encontro com Deus. Não é trans- missão de ideias para o Pai, mas um convite que Deus nos traz para uma con- vivência mais próxima e íntima com Ele. A Bíblia nos ensina, em Mateus 18, 18 a 20, que “tudo o que ligarmos na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligarmos na terra terá sido desligado nos céus” e que, “se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pe- GABARITO direm, ser-lhe-á concedida por meu Pai, que está nos céus”; isso, obviamente, não signiica, de modo algum, que podemos forçar Deus a fazer o que Ele não quer, mas sim que podemos reivindicar que faça o que Ele deseja fazer em seu perfeito conhecimento e soberana vontade. Na oração, também “recarregamos nossas baterias”, pois oração é relacionamento com Deus. Lidório (2011) relata que Jesus, intensamente,trabalhava, ensinava, curava, discipulava, expulsava demônios e fazia amigos e, em seguida, se dirigia aos montes sozinho, ou saia com alguns de Seus discípulos em um barco, para estar em comunhão e re- lacionamento com Deus. Ali, Jesus reletia, descansava e encontrava refrigério para Sua alma. Existem líderes tão atarefados que não têm tempo para orar, para reletir, não têm tempo para ter amizades, para abrir o coração, não têm tempo para serem pastoreados. Caem em ciladas malignas porque, no meio do cansaço, não percebem que “baixam a sua guarda”. Então, tudo que é carnal ganha mais força, aquilo que é do Espírito é colocado de lado. Assim, icam mais vulneráveis e rendem-se a caminhos de destruição. O plantador de igrejas deve ter uma forte vida de oração e vigilância em Deus. Planejamento: no projeto de plantio de igrejas temos que ter, de maneira bem clara, qual é a visão, ou seja, o que desejamos alcançar ao inal de um período de trabalho. Quais são os alvos principais e quais são as atividades que serão desenvolvidas para se alcançar esses alvos. Liderança local: o bom plantador de igrejas é aquele que pensa em ir embora no dia em que chega. Ele aspira estabelecer aquela obra para adentrar em no- vos campos. Por isso, ele identiica, dentre os novos convertidos, pessoas que possam ser treinadas para a futura liderança local daquela igreja. 5. • A diiculdade de se distinguir igreja e templo, perdendo o valor do discipu- lado e gerando mais investimento na estrutura do que em pessoas. • A demora na introdução dos convertidos à vida diária da igreja, diluindo o valor da comunhão e integração além de gerar crentes imaturos, sem fun- ções, desaios ou envolvimento. • A despreocupação com os fundamentos teológicos e atração pelos meca- nismos puramente pragmáticos. • A ausência de sensibilidade social e cultural, pregando um evangelho sem sentido para o contexto receptor. Uma mensagem alienada da realidade da vida. • A excessiva pressa no plantio de igrejas, gerando comunidades supericiais na Palavra e abrindo oportunidades reais para o sincretismo ou nominalis- mo. • O excessivo envolvimento com a estrutura da missão ou da igreja, desgas- GABARITO U N ID A D E II Professor Esp. Galaor Linhares Tupan Junior TEOLOGIA BÍBLICA DO PLANTIO DE IGREJAS Objetivos de Aprendizagem ■ Assinalar a interdisciplinaridade entre Teologia e Missiologia. ■ Compreender a soberania do reinado de Deus na plantação de igrejas. ■ Compreender os critérios teológicos para o plantio de igrejas. ■ Reletir sobre cosmovisão e contextualização no processo bíblico de proclamação da mensagem. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Acordo entre Teologia e Missiologia ■ Relexão Crítica sobre Missio Dei e Reinado de Deus ■ Orientação Teológica para o Plantio de Igrejas ■ Cosmovisão e Contextualização INTRODUÇÃO Neste momento, vamos considerar um aspecto muito importante do plantio de igrejas: a necessidade de pautar toda obra de concepção de igrejas sob a luz da revelação de Deus. Toda igreja deve ter como objetivo de sua existência glorii- car a Deus e fazê-Lo conhecido na terra. Assim, a sabedoria, o poder e a graça de Deus poderão ser testemunhados por todo o mundo. Nesse sentido, é preciso conhecimento teológico adequado para que a mensagem comunicada relita o querer e a vontade divina. Para que todas as famílias da terra sejam alcançadas pelo evangelho, neces- sitamos plantar igrejas nas cidades, nos povoados, em lugares longínquos e nas tribos de diferentes etnias. Observaremos o modelo do apóstolo Paulo, que con- siderou o desaio de evangelizar e plantar igrejas entre todos os povos, mas sem separar a ação missionária da doutrina bíblica correta. Apresenta-se, para nós, a necessária interdependência entre teologia e plantação de igrejas: uma não pode sobreviver sem a outra. Faremos uma relexão crítica sobre a Missio Dei e o reinado de Deus, buscando conciliar Missão e Evangelização. Atualmente, sabemos que o mundo organiza- cional aborda enfaticamente missão como a razão de ser de uma organização. Na missão, tem-se destacado o que a empresa produz, sua expectativa de êxito futuro e como espera ser identiicada pelos clientes e pelo mercado; entretanto, quando abordamos a Missão de Deus, não estamos falando de nenhum empre- endimento humano, mas do propósito supremo de Deus em redimir Sua criação. Na inalização da unidade, trataremos a relevância de conhecermos os con- textos culturais em que a evangelização ocorre, seus objetivos, limitações e a necessidade de que o conteúdo teológico não se perca. Bons estudos! Introdução R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 43 TEOLOGIA BÍBLICA DO PLANTIO DE IGREJAS R ep ro d u ção p ro ib id a. A rt. 184 d o C ó d ig o Pen al e Lei 9.610 d e 19 d e fevereiro d e 1998. IIU N I D A D E44 ACORDO ENTRE TEOLOGIA E MISSIOLOGIA Caro(a) aluno(a), iniciamos nossa abordagem sobre a teologia bíblica do plan- tio de igrejas. Embora esse assunto seja muito vasto, vamos nos deter a alguns aspectos especíi cos. Primeiramente, compreendemos o plantio de igrejas como um ato coordenado pela suprema vontade de Deus, por meio do qual igrejas são estabelecidas para que homens e mulheres sejam introduzidos na vida eterna, Deus seja adorado e o Reino Eterno estabelecido. Para que você possa compreender melhor o contexto que encontramos em muitos campos missionários, ou mesmo no imenso volume de denominações existentes, considere o seguinte desai o apresentado por Wright (2012): [...] pense numa doutrina - qualquer doutrina do período de 200 a 2000 d.C. Multiplique-a pelas coni ssões históricas. Divida pelas variações denominacionais. Acrescente uma suspeita de heresia. Subtraia a dou- trina em que pensou primeiramente. Que sobrou? Provavelmente, a soma aproximada do que teologia e missões têm em comum na mente do cristão mediano - não muito. Ai nal, teologia está na cabeça - rel e- xões, argumentos, ensinos, credos e coni ssões de fé. Pensamos numa biblioteca teológica onde as ideias são estocadas. Missão ou missões é fazer - resultados práticos, dinâmicos e executáveis. Pensamos no campo missionário como um lugar onde as pessoas vão e fazem coisas emocionantes. Teologia e missões parecem não ter muita coisa em co- mum; também é fácil termos a impressão de que aqueles que parecem ser mais interessados numa coisa, têm menos interesse na outra (WRI- GHT, 2012, p. 25). Acordo Entre Teologia e Missiologia R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 45 No decorrer dos séculos, o trabalho de proclamação do evangelho tem sofrido muita oposição. O entendimento da ordem divina, por muitas vezes, teve inter- pretações estanques, à vista de uma visão antropológica, ou seja, centrada no homem. O afastamento entre a ação missionária e uma correta teologia bíblica tem trazido sérios problemas à Igreja do Senhor. Michael Green (1989, p. 7) airma que “a maior parte dos evangelistas não se interessa muito por teologia; e a maioria dos teólogos não se interessa muito por evangelização”. Quando a ação missionária não é pavimentada por um cor- reto raciocínio teológico, corre-se o risco da ineicácia e da frustração. Ronaldo Lidório (2011) faz uma análise de aspectos que, historicamente, tra- zem limitações ao processo de plantio de igrejas. Essas limitações esclarecem, de certa forma, a tendência do afastamento entre teologia e missiologia ocorrido em diversas partes do mundo. Nossa intenção é permitir a problemática, com vistas à construção de um entendimento teológico apropriado. Consideremos algumas das limitações indicadas por Lidório (2011): a) Comoo assunto de plantio de igrejas está ligado à metodologia e pro- cesso de campo, a tendência é avaliá-lo mais pelos resultados que produz do que por seus fundamentos teológicos. Lidório (2011, p. 5), classiica esse fato como “abordagem pragmática”, o qual traz a possibilidade de se deixar de lado “o que é bíblico e teologicamente evidente” por aquilo que é prático e traz melhores resultados; contudo, o divórcio entre teologia e missiologia não acon- tecerá sem graves consequências e prejuízos para o plantio de igrejas. Portanto, teremos como premissa de nossa abordagem acadêmica as raízes teológicas do trabalho realizado pelos apóstolos no estabelecimento da igreja primitiva. Sua ação é descrita na Grande Comissão do Senhor Jesus Cristo e seu processo de semeadura do evangelho deve ser observado. Não devemos nos fundamentar por meio daquilo que funciona, mas pelo que é bíblico e teologicamente correto. TEOLOGIA BÍBLICA DO PLANTIO DE IGREJAS R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IIU N I D A D E46 b) Além da abordagem pragmática, Lidório (2011, p. 6) indica a “aborda- gem sociológica” como uma limitação ligada ao conceito da missão e plantio de igrejas. Isso ocorre quando tomamos decisões baseadas na avaliação e interpre- tação sociológica das necessidades humanas e não nas instruções das Escrituras. Nesse caso, ocorre uma lexibilização da teologia para atendimento de certos gru- pos ou segmentos. A plantação de igrejas deve ter por base a Missão de Deus em sua mais pura teologia bíblica. A chegada do evangelho sempre produzirá avanço social, entretanto, a evangelização e o plantio de igrejas têm por objetivo a reconciliação do homem com Deus, a obediência a Cristo e a entrada em Sua Igreja em um serviço responsável no mundo, como prevê o Pacto de Lausanne. O serviço social está presente, mas não pode ser estabelecido como fundamento para realização da missão. c) Uma terceira limitação no estudo de plantio de igrejas é a “abordagem eclesiológica”, a qual está ligada à nossa compreensão da própria identidade da Igreja. Sobre isso, consideramos as observações de Lidório: [...] apesar da Igreja possuir um papel prioritário em termos de atua- ção missionária, seu valor intrínseco, extramissão proclamadora, pre- cisa ser reconhecido porque é o resultado do sacrifício de Jesus e Ele e a Cruz são o centro do plano de Deus. Assim, apesar da Missão ser uma constante prioridade bíblica na vida da Igreja, não devemos dei- nir essa Igreja apenas a partir da proclamação do evangelho, sob pena de nos tornarmos extremamente funcionalistas e utilitários. Adoração, Pragmatismo é uma doutrina ilosóica cuja tese fundamental é que a ideia que temos de um objeto qualquer nada mais é senão a soma das ideias de todos os efeitos imaginários atribuídos por nós a esse objeto, que passou a ter um efeito prático qualquer. Ser partidário do pragmatismo é ser prático, ser pragmático, ser realista. Aquele que não faz rodeio, que tem seus objetivos bem deinidos, que con- sidera o valor prático como critério da verdade. Fonte: Signiicados ([2017], on-line)1. Acordo Entre Teologia e Missiologia R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 47 doutrina, idelidade, santidade, unidade e comunhão são, também, im- portantes aspectos que compõem a identidade da Igreja. Assim sendo, a Igreja não é um instrumento primariamente desenhado para evange- lizar pessoas, mas um instrumento para gloriicar a Deus (Ef 3:10) e a proclamação - evangelização - é uma de suas funções e resultado de sua existência (LIDÓRIO, 2011, p. 6). Lidório (2011), apresenta o risco de termos igrejas evangelizadoras que não vivem a palavra de Deus. Esse entendimento eclesiológico não dispensa a Igreja da prioridade da proclamação do evangelho. Ainda que a evangelização não seja a única característica procurada por Deus em Sua Igreja é uma prioridade urgente para a salvação de um mundo perdido que necessita ser reconciliado com Deus. Diante de toda problemática apresentada quanto às possíveis fragilidades na deinição de uma teologia correta para a prática missiológica, consideramos que nenhuma ação missionária deve ser tratada de forma isolada, mas deve ter sua prática consolidada em toda teologia bíblica. Temos como fonte e motivação o próprio Deus. Nesse sentido Peters (2000, p. 32), cita Webster: “[...] nós come- çamos, então, onde a missão começa, com Deus”. Outro teólogo contemporâneo que nos auxilia no entendimento da conciliação entre Teologia e Missiologia é Charles Van Engen (1996). Ele considera, em seus estudos, que as igrejas locais têm uma razão de serem multifa- cetadas no que diz respeito à sua participação no mundo, por meio da comunhão, proclamação, serviço e testemunho. Devido ao grande número de agências missionárias sem qualquer vínculo denominacional, as igrejas locais, como agen- tes missionários, icaram relegadas a celeiros de candidatos e fontes de suporte inanceiro. Muitas agências, organizações e instituições missioná- rias são os únicos agentes missionário de Deus. Dessa forma, a Eclesiologia passou a não ser tratada como assunto sério na discussão dessas instituições. Por outro lado, as igrejas locais se divorciaram, mui- tas vezes, da própria natureza, propósito e papel como comunidade comprometida TEOLOGIA BÍBLICA DO PLANTIO DE IGREJAS R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IIU N I D A D E48 com a missão de Deus neste mundo. Ambos os aspectos não podem ser teologi- camente admissíveis, mas, muitas vezes, se consolidaram na prática. Assim, no pensamento da grande maioria dos cristãos, as palavras “igreja” e “missão” pas- saram a expressar dois tipos diferentes de sociedade. Van Engen (1996), tem como tese principal que à medida em que as congre- gações locais são estabelecidas, a im de alcançar o mundo por meio da missão, elas se tornam de fato o que elas já são pela fé: povo missionário de Deus. Quando a palavra “missão” é usada no singular está se referindo a Missio Dei, e quando a palavra é usada no plural (missões), refere-se aos diversos meios pelos quais a Missio Dei é realizada. Lidório aponta três perigos quando a Teologia e Missiologia não são perce- bidas como parceiras: 1. Usar Deus como um instrumento para realizar nossos propósitos no plantio e crescimento de igrejas em lugar de servi-lo no cumpri- mento de Seus planos na Terra (I Coríntios, 3:11). 2. Oferecer soluções simplistas para problemas complexos em relação à comunicação do evangelho, contextualização e plantio de igrejas. 3. Utilizar a Teologia com inalidade puramente acadêmica e não apli- cável à Igreja, sua vida e dinâmica. Quando analisamos os ensinos de Paulo, entendemos que seu minis- tério estava fundamentado em suas convicções teológicas, inspirando- -nos a reletir sobre Deus e Sua ação no mundo. Missiologia e Teologia, indisputavelmente, devem caminhar de mãos dadas para a glória de Deus, a idelidade às Escrituras e a evangelização dos perdidos (LIDÓ- RIO, 2011, p. 10-11). Não podemos trabalhar para Deus utilizando critérios humanos. Os obreiros pertencem a Deus, os campos pertencem a Deus e um dia prestaremos contas de tudo o que izermos. Somente o que foi ediicado em Cristo permanecerá para a eternidade. Toda ação missionária e de tratamento da Igreja de Cristo deve ser tomada com sólida base teológica. Lidório ainda nos auxilia a concluir com o entendimento de que: [...] missiologia e Teologia não devem ser tratadas como áreas separa- das de estudo, mas como disciplinas complementares. A Teologia não apenas coopera com a Igreja ao fazê-la
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