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Estudo de Caso - NEE

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Curso : 3º ano Psicologia
Disciplina: Psicologia da Educação
Tema: Estudo de caso (Necessidades educativas especiais) 
Docente: Catarina Cardoso 
Discentes:
Alcena Mendes;
Fabrizia Martins;
Gilmara Lopes;
Verry Reis.
Praia, Janeiro de 2020
Índice 
1.	Introdução	2
2.	Fundamentação teórica	4
2.1	Conceito de Necessidades Educativas Especiais (NEE)	4
2.2	Processo de aquisição da leitura e da escrita	6
2.3	O papel do professor diante da dificuldade da criança na aprendizagem da leitura e da escrita	15
2.4	O papel da família no desenvolvimento da aprendizagem da criança	19
3.	Caraterização da escola, turma e professor/a:	21
4.	Caracterização da criança-alvo do estudo de caso:	25
5.	Propostas de intervenção:	26
6.	. Síntese/diagnóstico	27
7.	Conclusão e reflexão crítica sobre o trabalho desenvolvido	28
8.	Referências Bibliográficas :	29
Apêndice 1	30
Apêndice 2	33
1. Introdução
As dificuldades de aprendizagem são um assunto vivenciado diariamente por educadores na sala de aula. Dificuldade de aprendizagem é um tema que desperta a atenção para a existência de crianças que frequentam a escola que frequentam a escola ou infantário e apresentam problemas de aprendizagem. Por muitos anos, tais crianças têm sido ignoradas, maltratadas. A dificuldade de aprendizagem é uma das maiores preocupações dos educadores, pois na maioria das maiorias das vezes não encontram solução para tais problemas. 
Acredita-se que as crianças com problemas e aprendizagem constituem um desafio em matéria de diagnóstico e educação. No entanto, não é raro encontrar educadores, que consideram, á priori, alguns alunos preguiçosos e desinteressados. Essa atitude não só rotula o aluno, como também esconde a prática docente do professor, que atribui ao aluno certos adjetivos por falta de conhecimento sobre o assunto em questão. Muitos desses professores desconhecem, por completo, que essas mesmas crianças podem apresentar algum problema de aprendizagem, de ordem orgânica, psicológica, social, ou outra. Enfim, são tantas as variáveis, que é imprescindível ao professor, antes de rotular os seus alunos, conhecer os problemas mais comuns no processo de ensino-aprendizagem. Desta forma conseguirá ampliar o seu horizonte de reflexão e, consequentemente, também as suas perceções e a visão de todo.
A forma de ensinar abrange a observação da criança na sala ou em outras atividades como Educação Física, Educação Artística, Corporal, Musical… e nos momentos de lazer. Devemos verificar como a criança brinca, ouvir o que ela tem a dizer, ouvir as conversas das crianças entre si, tentar perceber como ela vê o mundo. Como organização o seu modo de pensar. Qual a sua lógica, permitir que ela manipule objetos diversos, que movimenta e aprenda os diferentes conteúdos, utilizando o seu corpo.
É fácil atribuir a uma criança uma deficiência cognitiva a partir de uma resposta imprópria que ela dá, mas se a mesma resposta fosse dada por um adulto bem colocado socialmente, a interpretação seria bem diferente.
Na verdade, todas as crianças são pedras preciosas, que na sua simplicidade e alegria nos ensinam a viver, e quando acreditamos no seu potencial e na sua capacidade cognitiva elas aprendem.
 O presente estudo de caso, pretende debruçar sobre necessidades educativas especiais na qual escolhemos uma escola de ensino básico de Capelinha, com alunos, do 2°ano. Os pontos fundamentais deste estudo são, os seguintes:
· Fundamentação teórica:
· Conceito de Necessidades Educativas Especiais (NEE);
· Processo de aquisição da leitura e da escrita;
· O papel do professor diante da dificuldade da criança na aprendizagem da leitura e da escrita;
· O papel da família no desenvolvimento da aprendizagem da criança. 
· Caraterização da escola, turma e professor/a;
· Caracterização da criança-alvo do estudo de caso;
· Síntese/diagnóstico
· Propostas de intervenção;
· E por ultimo uma reflexão crítica do trabalho desenvolvido. 
 
 
2. Fundamentação teórica 
2.1 Conceito de Necessidades Educativas Especiais (NEE) 
O facto de se falar em Necessidades Educativas Especiais (NEE) significa que se assume a existência desta problemática, e são algumas as crianças que frequentam as escolas e que apresentam determinadas características às quais o sistema educativo tem de dar resposta de forma a criar igualdade de oportunidades para todos os alunos. 
Correia (1997), citando Brennan (1988) considera que existe NEE quando: 
“Um problema (físico, sensorial, intelectual, emocional, social ou qualquer combinação destas problemáticas) afeta a aprendizagem ao ponto de serem necessários acessos especiais ao currículo, ao currículo especial ou modificado, ou a condições de aprendizagem especialmente adaptadas para que o aluno possa receber uma educação apropriada. Tal necessidade educativa pode classificar-se de ligeira a severa e pode ser permanente ou manifestar-se durante uma fase de desenvolvimento do aluno.” (p.48)
Alguns autores defendem que a noção de NEE surge com o relatório de Warnock, publicado em 1978, na Grã-Bretanha. Relatório que teve ecos em muitos países do mundo, chamando a atenção para as problemáticas de algumas crianças que até então viviam num mundo à parte. 
Segundo Niza (1996,p.146), o relatório Warnock “deslocou de uma forma clara o enfoque médico nas deficiências de um educando para um enfoque na aprendizagem escolar de um currículo ou programa”. 
Também Fonseca refere a importância de olhar para a criança como um indivíduo com características próprias, características essas que têm de ser tidas em conta em sala de aula. 
Segundo Fonseca (1989): 
“Objetivo é encontrar um pensamento educacional para uns casos e um pensamento preventivo para outros. Desta base, nasce a necessidade de materializar a tendência mais atual da integração do deficiente, conferindo-lhe as mesmas condições de realização e de aprendizagem sócio-cultural, independentemente das condições, limitações ou dificuldades que o ser humano manifeste.” (p.11) 
A Educação Especial (EE) não é somente a educação de determinado tipo de alunos, mas sim o conjunto de estratégias e recursos que cada escola possui para responder à diversidade de características que os alunos, que fazem parte do seu espaço, possuem. Para isso torna-se necessário perceber quais as dificuldades de cada um e agir em conformidade com essas mesmas dificuldades. Uma criança portadora de deficiência visual tem determinado problema e necessidades que os seus companheiros não possuem, assim como os problemas e as necessidades dessa criança são diferentes dos de uma criança com comportamentos de espectro autista. Desta forma é necessário fazer o levantamento das necessidades de cada um de forma a escolher as medidas a seguir mais adequadas a cada um dos casos. 
Mas, como alerta Fonseca (1989), “a ideia fundamental da definição e da classificação em EE deve ter em consideração que se classificam comportamentos e não crianças (...) Em nenhuma circunstância o diagnóstico se deve afastar do pensamento educacional, que lhe dá sentido e coerência”.
Define como objetivos da Educação Especial o seguinte: 
1 – A educação especial visa a recuperação e integração socioeducativa dos indivíduos com necessidades educativas específicas devidas a deficiências físicas e mentais. 
2 – A educação especial integra atividades dirigidas aos educandos e ações dirigidas às famílias, aos educadores e às comunidades.
 3 – No âmbito dos objetivos do sistema educativo, em geral, assumem relevo na educação especial:
 a) O desenvolvimento das potencialidades físicas e intelectuais; 
b) A ajuda na aquisição da estabilidade emocional; 
c) O desenvolvimento das possibilidades de comunicação;
 d) A redução das limitações provocadas pela deficiência;
 e) O apoio na inserção familiar, escolar e social de crianças e jovens deficientes; 
f) O desenvolvimento da independência a todos os níveis em que se possa processar; 
g) A preparação para uma adequada formação profissional e integração na vida ativa À escola cabe criar condições necessárias para a integraçãodas crianças com NEE e também transmitir valores como a diversidade, o respeito, a solidariedade, a justiça para que todos os membros da comunidade escolar os possam viver tanto dentro como fora da escola, envolvendo igualmente pais, professores, funcionários, técnicos, pessoal administrativo e de gestão escolar, numa “atitude de crença” (Correia & Serrano, 2000) que todos os alunos podem e devem aprender juntos nas turmas do ensino regular, num “ambiente de aprendizagem diferenciado e de qualidade para todos” (Rodrigues, 2001). 
A escola tem de ser uma escola para todos. É necessário estar sempre presente o reconhecimento do princípio da igualdade de oportunidades na educação e que a educação de crianças e jovens com NEE seja alvo de atenção especial desde logo na formação inicial de professores e que se transmita a necessidade do estabelecimento de parcerias e de trabalho em equipa com vários técnicos ligados às áreas das problemáticas dos alunos que frequentam as escolas de hoje, ou seja, “uma função para a qual muitos elementos da equipa contribuem, mais do que um conjunto de responsabilidades concentradas num número reduzido de pessoas” (Ainscow, 1997).
Como refere Rodrigues, uma escola inclusiva constitui “um desafio radical à escola tal como ela se encontra organizada” (Rodrigues, 2000), que terá de contar com profissionais qualificados dispostos a adotar práticas educativas flexíveis e sobretudo a trabalhar em equipa. 
2.2 Processo de aquisição da leitura e da escrita 
A aprendizagem da leitura e da escrita não ocorre da mesma forma para todos as crianças e, dependendo da maneira como o processo de ensino é orientado, pode ocasionar dificuldades na aprendizagem de modo geral. A criança começa a desenvolver a escrita antes mesmo de ingressar na escola, por meio da visão de mundo que ela presencia. Todavia a criança, ao ingressar na escola, se depara com a escrita, percebendo-a como se fosse uma atividade nova. Como o objetivo mais importante da alfabetização é ensinar a escrever, as crianças com dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita requerem uma atenção especial. Um dos grandes problemas que ocorre na escola é que ela ensina a escrever sem ensinar o que é escrever podendo portanto, gerar dificuldades de aprendizagem. Ao observar a literatura existente pode-se observar que os professores de alfabetização ou de português sabem muito pouco sobre a natureza da escrita: como funciona e como deve ser usada em diferentes situações. 
Segundo Cagliari (1997):
 “Alguns métodos de alfabetização ensinam a escrever pela escrita cursiva, chegando mesmo a proibir a escrita de fôrma. A razão que alega frequentemente é que a criança que aprende a escrever com letra de fôrma terá de aprender depois a escrever com letra cursiva, e isso significa o dobro do trabalho, sendo inconveniente porque pode levar a criança a confundir esses dois modos de escrever”.
 Há, portanto, o entendimento de que a escrita de fôrma seja mais fácil de aprender e reproduzir que a forma cursiva, talvez porque a letra de forma apareça com mais frequência em cartazes, livros e outros. Já a letra cursiva, é mais de uso particular e individual. Como as crianças não conseguem segurar o lápis e controlá-lo com facilidade, traçar a letra de forma parece ser mais fácil. 
O ideal é que a criança comece a escrever com a letra de fôrma maiúscula e depois aprenda a letra cursiva (Cagliari,1997). Assim, se os professores explicarem as diferenças dessas letras e os usos que fazemos dessas formas, elas não confundirão as duas escritas, evitando assim algumas das dificuldades que elas encontram na alfabetização. 
A escrita é um desafio para a criança na alfabetização. Mesmo sabendo que devem aprender a escrever, é muito importante que aprendam o que é a escrita, as maneiras possíveis de escrever, a arbitrariedade dos símbolos, a convencionalidade que permite a decifração, as relações variáveis entre letras e sons que permitem a leitura. Enfim, é preciso saber o processo de aquisição da leitura e da escrita. Por isso, ninguém escreve ou lê sem motivo, sem motivação. 
Segundo Cagliari (1997): 
“A escrita seja ela qual for, tem por objetivo primeiro a leitura. A leitura é uma interpretação da escrita que consiste em traduzir os símbolos escritos em fala. Alguns tipos de escrita se preocupam com a expressão oral e outros simplesmente com a transmissão de significados específicos, que devem ser decifrados por quem é habilitado.” 
Com isso nota-se que qualquer desenho ou fotografia pode ser decifrado, comentado linguisticamente, sem que seja necessariamente um sistema de escrita, sem que ocorra uma leitura propriamente dita. Portanto, o ato de ler é condicionado pela escrita, ou seja, para aprender a ler e a escrever, o aluno precisa construir um conhecimento de natureza conceitual. Ele precisa compreender não só o que a escrita representa, mas também de que forma ela representa graficamente a linguagem.
 As crianças vivem em contato com vários tipos de escrita no seu dia-a-dia. Então cabe ao professor, juntamente com os alunos, refletir sobre as possibilidades da escrita, e observar que marcas muito individuais restringem a possibilidade de leitura e que, para facilitar a comunicação entre todas as pessoas de uma sociedade, é que se estabeleceu um código, se convencionou um desenho para as letras. Nem todos os alunos escrevem da esquerda para a direita e de cima para baixo. Assim, o professor tem que estar atento a todo o processo de escrita dos seus alunos.
 Quando o aluno ingressa na escola, num primeiro momento, já tenta escrever fazendo rabiscos, em geral pequenos, e misturando linhas retas e curvas, mas, nem sempre, faz a interpretação. Por meio do rabisco tenta escrever algo que pensa. Muitas vezes, o professor não interpreta o que a criança quis escrever. Cabe ao professor perguntar ao aluno o que quer dizer o seu escrito e anotar as respostas, para poder acompanhar o seu desenvolvimento. A criança já possui uma idéia do que seja a escrita, ou seja, ela sabe que se escreve com determinados sinais, mesmo que não saiba que estes sinais possuem uma ordem de colocação e significação. É importante que a criança experimente como escrever as letras. Muitas superam esta etapa antes mesmo de entrar na escola; outras só vivem esta experiência no âmbito escolar. 
Alguns professores preocupam-se em introduzir propostas de trabalho que consideram necessárias para o conhecimento das letras e da escrita. Eles criam atividades que podem ser iniciadas com a montagem de um quadro de famílias silábicas que irá ser completado no decorrer do trabalho; ou deixar a criança aprender duas grafias e descobrir a existência de semelhanças entre elas; ou trabalhar com rótulos de produtos; ou desenvolver um vocabulário de grafias que inclui, por exemplo, seu nome e outras palavras isoladas. Depois que a criança passar por esse processo ela já será capaz de conhecer as letras e algumas palavras. 
É importante que o professor ensine todas as letras do alfabeto, ou seja, o professor deve ensinar o sistema alfabético de escrita (a correspondência fonográfica) e algumas convenções ortográficas do Português – o que garantiria ao aluno a possibilidade de ler e escrever por si mesmo. Após os primeiros contatos com a escrita é ideal que se incentivem os alunos a escrever textos espontaneamente, pois essa é uma boa maneira de valorizar suas atividades, ou seja, o aluno é capaz de produzir textos e de grafá-los de próprio punho. 
 Ao ler um texto que foi criado pelo aluno, o professor tem que ler de forma correta, mesmo que haja erros, para que não ocorra constrangimento. O ideal é que o professor motive a criança a corrigir os seus próprios erros, ou seja, incentive a autocorreção e autocrítica. Se o professor não é claro e cientificamente correto no tratamento das relações entre letra e som, poderá trazer conflito para as crianças e até mesmo criar empecilhos ao desenvolvimento da aprendizagem. 
Também é necessário que o professor faça um levantamento das dificuldadesapresentadas pelos alunos, utilizando as diversas metodologias disponíveis tais como: textos livres, contagem de histórias ou outras atividades que considerem necessárias. Com essas atividades ele poderá descobrir os elementos que apontam as reais dificuldades e facilidades dos alunos no aprendizado da leitura (Maruny, 2000). 
Cagliari (1997) define a leitura como: “a extensão da escola na vida das pessoas. A maioria do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido através da leitura fora da escola. A leitura é uma herança maior do que qualquer diploma.”
 Muitos alunos têm problemas em relação à leitura porque não aprenderam durante sua escolarização a interpretar o que lêem e o que está escrito, e carregam essa dificuldade para o resto da vida. Alguns professores, ao invés de enfrentarem a dificuldade junto com o aluno, livram-se desta responsabilidade passando o aluno para a série seguinte podendo assim agravar a dificuldade apresentada.
 A escola deveria incentivar e ensinar os alunos a ler e a entender não só as palavras, mas os textos específicos de cada matéria, pois a leitura não pode ficar restrita à literatura e ao noticiário. Por isso o objetivo da escrita é a leitura, pois quem escreve, escreve para ser lido.
Segundo Cagliari, (1997): 
 “A leitura é uma decifração e uma decodificação. O leitor deverá em primeiro lugar decifrar a escrita, depois entender a linguagem encontrada, em seguida decodificar todas as implicações que o texto tem e, finalmente, refletir sobre isso e formar o próprio conhecimento e opinião a respeito do que leu. A leitura sem decifração não funciona adequadamente, assim como sem a decodificação e demais componentes referentes à interpretação, se torna estéril e sem grande interesse. A leitura é uma atividade linguística com significante. É falso dizer que se pode ler só pelo significado ou só pelo significante, porque só um ou outro jamais constituem uma realidade linguística”.
Cabe ao aluno decifrar e decodificar ao ler, grifando as partes mais importantes e as dúvidas, para que entenda o que leu, sem que fique prejudicado em sua leitura, pois a leitura é uma das formas mais abstratas de estudo. Ela implica captar e interpretar significativamente símbolos verbais impressos. 
De acordo com Zacharias (2004):
 “O sistema de escrita funciona segundo um princípio alfabético: a quantidade de letras de uma palavra corresponde, a grosso modo, ao número de sons que compõem a palavra. Entender o princípio alfabético não é o mesmo que conhecer os sons das letras. Uma criança pode saber que o símbolo escrito “E” corresponde ao som [e], que o símbolo “L” corresponde o som [l], mas, mesmo assim, ela pode não ter compreendido o mecanismo que permite formar uma palavra escrita.” 
Quando a criança começa a ler, a primeira coisa é a identificação dos símbolos impressos, letras, palavras e o relacionamento desses símbolos com os sons que eles apresentam. Ao ter contado com as palavras, a criança começa a separar visualmente cada letrinha que forma aquela palavra e associa ao seu respetivo som, formando, então, um significado. 
Morais (1997) explica de forma bastante clara esta associação: 
“Este processo inicial da leitura, que envolve a discriminação visual dos símbolos impressos e a associação entre palavra impressa e som, é chamado de decodificação e é essencial para que a criança aprenda a ler. Mas, para ler, não basta apenas realizar a decodificação dos símbolos impressos, é necessário que exista, também, a compreensão e a análise crítica do material lido. (...) Sem a compreensão, a leitura deixa de ter interesse e de ser uma atividade motivadora, pois nada tem a dizer ao “leitor”. Na verdade, só se pode considerar realmente que uma criança lê quando existe a compreensão. Quando a criança decodifica e não compreende, não se pode afirmar que ela está lendo.”
 A criança tem que entender o que lê para ter uma compreensão daquela palavra que leu. Em relação à escrita ocorre o oposto, a criança tem que relacionar o som, o significado e a palavra impressa. Pode-se dizer que a diferença principal entre a leitura e escrita é que na leitura parte da informação visual, ou seja, da decodificação das letras que compõem as palavras, na escrita, reflete a palavra falada.
 Segundo Pinheiro (1994): 
“A direção do processo de leitura é, pois, da letra ao som e a do processo de escrita é do som para letra. Para a decodificação impõe-se o domínio de regras de correspondência grafema-fonema e, para a codificação, o conhecimento de regras de correspondência fonema-grafema. As regras de decodificação para a leitura e as de codificação para a escrita são diferentes em natureza e número, o que dá origem à outra diferença básica entre a leitura e a escrita”. 
A aprendizagem da escrita não é uma tarefa simples para a criança. Por necessitar de um processo de difícil construção a leitura e escrita são as primeiras significações que a criança necessita para conhecer e dar significado a coisa e objetos. Por meio da leitura e da escrita ela se insere no mundo em que vive passando a conhecê-lo melhor. 
Ao ingressar na escola, a criança já quer aprender a ler e a escrever. No entanto, muitas vezes os pais e os professores não se dão conta de que a leitura e a escrita são habilidades que exigem da criança a atenção a aspetos da linguagem que ela dava importância até este momento em que começa a aprender a ler. Curiosamente, toda criança se depara com alguma dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita (Nunes, 2003). Ao iniciar este processo da leitura e da escrita é de extrema importância que o professor ensine à criança a ler no seu próprio dialeto. Isso é essencial para formar bons leitores e assim, desenvolver a habilidade como falante. Essa habilidade como falante é decisiva para uma boa leitura e indispensável para uma leitura mais rápida sem comprometimento da compreensão. 
De acordo com Cagliari (1997): “para facilitar a leitura, a sociedade achou por bem decidir em favor de um modo ortográfico de escrever as palavras independentes dos modos de falar dos dialetos, mas que pudesse ser lido por todos os falantes, cada qual ao modo de seu dialeto”. 
O primeiro contato das crianças com a leitura ocorre por meio da leitura auditiva, ou seja, onde alguém lê em voz alta e outras pessoas acompanham a leitura, de forma silenciosa. A criança acompanha ouvindo e certamente, fazendo associações com a representação de mundo que ela já possui. 
A leitura tem vários processos e um deles é treinar o aluno a fazer uma leitura expressiva, para facilitar a própria compreensão do texto. Na leitura em voz alta, o aluno tem que decifrar o que está escrito e depois reproduzir oralmente o que foi decifrado, porque há muitas dificuldades em decifrar a escrita. 
Ao insistir para que o aluno leia, o professor irá fazer com que suas dificuldades sejam externadas, ou seja, o aluno irá começar a soletrar, ler silabicamente. As crianças precisam de tempo para decifrar a escrita e cada criança tem um ritmo próprio que precisa ser respeitado, por isso, deve ler em ritmo acentual, sem pressa. A falta de controlo sobre o pensamento ao longo da leitura faz com que o aluno acabe de ler e não consiga se lembrar. O ato de aprender a ler é uma tarefa muito difícil e delicada. Os professores exigem muito mais do aluno com relação à escrita do que com relação à leitura, ou seja, a escola não sabe como o aluno faz quando lê. 
A leitura e a escrita exigem das crianças novas habilidades, que não faziam parte de sua vida quotidiana até aquele momento e apresenta novos desafios à criança com relação ao conhecimento da linguagem. Por isso, aprender a ler é uma tarefa difícil para todas as crianças e não apenas para aquelas que têm dificuldades na leitura e na escrita. 
Nem todas crianças dispõem das mesmas idéias e experiências prévias em relação à linguagem escrita. Tais idéias nascem da reflexão sobre a experiência. Em muitos lares não se lêem jornais, livros ou revistas; não se escreve; não se lêem contos a todas as crianças. Dequalquer forma, a cultura escrita requer maior informação do que a que habitualmente é oferecida em casa. Isso, normalmente, cabe à escola oferecer. 
A linguagem escrita usada na escola deve ser funcional, para oferecer prazer; para ser lembrada; para se aprendida; para fornecer informações. O aluno deve ser capaz, por meio da leitura e da escrita, de se comunicar e se expressar de forma adequada. 
 
2.2 Dificuldades da criança na leitura e na escrita: características 
De acordo com os teóricos estudados, dentre eles Calafange (2004) e Martins (2003): “o termo dislexia é aplicável a uma situação na qual a criança é incapaz de ler com a mesma facilidade com a qual lêem seus iguais, apesar de possuir uma inteligência normal, saúde e órgãos sensoriais intactos, liberdade emocional, motivação e incentivos normais, bem como instrução adequada.” 
A criança com dificuldade de aprendizagem na leitura e na escrita tem menos habilidade que as outras crianças para usar o significado e a gramática de um texto. 
Nunes (1992) mostra que as crianças disléxicas são as que têm dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita e essas dificuldades são maiores do que se esperaria a partir do seu nível intelectual. Essas crianças, embora com as mesmas condições que as outras crianças para aprender a ler, recebendo motivação adequada, apoios satisfatórios dos pais e capacidades intelectuais normais ou até mesmo acima do normal, avançam na alfabetização de forma mais lenta do que seus colegas da mesma idade e da mesma condição intelectual. 
As crianças que possuem dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita aprendem conforme os outros alunos, mas com lentidão, portanto, todas as crianças aprendem a ler e escrever basicamente da mesma forma, mas alguns vencem as dificuldades dessa aprendizagem com maior facilidade do que outras. 
Segundo Nunes (1992): 
“Para a criança, independente de ser disléxica ou não, a aprendizagem é muito importante, pois com a repetição combinada em números suficientes de vezes, ela aprenderá a pensar no objeto ao ver a palavra impressa (leitura). Tempos depois, o objeto, um retrato do objeto, a palavra às palavras, reagindo aos estímulos simultâneos, a criança chegará a pensar no objeto ao ver a palavra” 
A renovação da prática pedagógica, nos últimos anos refere-se, exatamente às tentativas de tornar a leitura e a escrita mais significativa na escola. Observa-se que a leitura e a escrita são duas habilidades complexas e imprescindíveis para a aquisição das demais habilidades escolares e para o conhecimento. 
Segundo Martins (2003), a dislexia é uma dificuldade específica de leitura. É um transtorno inesperado que professores e pais observam no desempenho leitor da criança. Os sintomas da dislexia podem ser observados no ato de ler, de escrever ou de soletrar. 
 A característica mais marcante da criança que possui dificuldade de aprendizagem é a acumulação e persistência de seus erros ao ler e escrever. Os problemas mais comuns, de acordo com Condermarin (1986), são os seguintes:
· Confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia: a-o; c-o; e-c; f-t; h-n; v-u; etc.
· Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço: b-d; b-p; b-q; d-p; n-u; w-m; a-e.
· Confusão entre letras que possuem um ponto de articulação comum e cujos sons são acusticamente próximos: d-t; j-x; c-g; m-b-p;v-f.
· Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras: me-em; sol-los; som-mos; sallas; pal-pla. Substituição de palavras por outras de estrutura mais ou menos similar ou criação de palavras, porém com diferentes significados: soltou/salvou; era/ficava. 
· Contaminações de sons. Adições ou omissões de sons, sílabas ou palavras: famoso substituído por fama; casa por casaco.
· Repetições de sílabas, palavras ou frases. Pular uma linha, retroceder para linha anterior e perder a linha ao ler. Excessivas fixações do olho na linha. 
· Soletração defeituosa: reconhecer letras isoladamente, porém sem poder organizar a palavra como um todo, ou então ler a palavra sílaba por sílaba, ou ainda ler o texto “palavra por palavra”.
· Problemas de compreensão. Leitura e escrita em espelho em casos excepcionais. Ilegibilidade. Ao escrever, a criança ocupa toda a largura da página. Escreve palavras com todas as letras iguais, exemplo: BATATA/AAA. Palavras diferentes são escritas da mesma maneira, exemplo: SUCO/UO. Os nomes próprios são escritos pela metade, exemplo: ANA- AA. 
Segundo Condermarin (1986), existem também outras perturbações da aprendizagem, as mais comuns são Alterações na memória: algumas crianças apresentam dificuldades para lembrança imediata de fatos passados, não conseguem lembrar palavras ou sons que escutam, têm dificuldade em memorizar visualmente objetos, palavras ou letras. Alterações na memória de séries e sequências: tais como os dias da semana, os meses do ano, o alfabeto e as horas. 
Orientações direita-esquerda: as crianças são incapazes de orientar-se com propriedade no espaço e aprender a noção de direita e esquerda. Não conseguem situar a direita e a esquerda em seu próprio corpo ou quando olham outra pessoa. Linguagem escrita: quando a criança não consegue ler com facilidade, tampouco consegue utilizar com propriedade os símbolos gráficos da expressão escrita. Quando escreve, revela sinais de confusões, inversões, adições, omissões e substituições. Dificuldades em matemática: não consegue entender a formulação do problema. Sendo assim, difícil ler, invertem números ou então sua sequência. 
 
Segundo Davis (2004), há habilidades que todos os disléxicos compartilham: São capazes de utilizar seu dom mental para alterar ou criar perceções (a habilidade primária); São altamente conscientes do meio ambiente; São mais curiosos que a média; Pensam principalmente intuitivos e capazes de muitos insights; Pensam e percebem de forma multidimensional (utilizando todos os sentidos); Podem vivenciar o pensamento como realidade; São capazes de criar imagens muito vívidas. 
 
Se tais habilidades não forem minadas pelos pais e professores, rotulando a criança como incapaz de desenvolvê-las, elas poderão ter uma inteligência acima do normal e criatividade extraordinária, e não se tornarão incapazes para o aprendizado. Assim, tem-se que todas as crianças devem receber orientações idênticas, para que não haja discriminação em sala de aula. O que pode ocorrer é que as crianças com dificuldades podem necessitar de um pouco mais de tempo e atenção. 
 
2.3 O papel do professor diante da dificuldade da criança na aprendizagem da leitura e da escrita 
 
As crianças não aprendem facilmente por si mesmas. Aprendem reflexivamente porque alguma pessoa as coloca em situação de refletir. Consequentemente, o educador é o ator principal ativo da aprendizagem de seus alunos (Maruny, 2000), ou seja, o educador auxilia os educandos com e sem dificuldade na leitura e na escrita, trabalhar a partir do pensamento de cada uma, considerando, com clareza, o que cada um pode aprender em cada caso, ou seja, realizar atividades que trabalhem tanto com os que já sabem ler e escrever, bem como os outros. E também, comunicar à escola o problema encontrado e os sinais observados, para que todos possam trabalhar para o melhor desenvolvimento da criança.
 O objetivo do professor não deve ser que todos aprendam igualmente; isso é muito difícil de alcançar. O objetivo deve ser que todos possam trabalhar reflexivamente e construir o pensamento coletivamente, sem que ninguém seja marginalizado ou deixado de lado. Lamentavelmente, muitos professores desconhecem as causas das dificuldades de aprendizagem da criança e as rotulam como fracassadas e preguiçosas. 
Para que não ocorra esse descaso, o professor deve observar a bagagem que cada aluno traz consigo. Porém, não é só uma questão de diferenças nas experiências vividas, mas também nas capacidades e na maturidade das crianças, na linguagem oral, nos valores culturais em relação à cultura escrita e à cultura escolar,nas atitudes para com os adultos e para com a aprendizagem das normas, na motivação, nos estilos de aprendizagem, na adaptação emocional e social. As crianças chegam às escolas com diferentes experiências no uso da linguagem escrita, e algumas têm escassa experiência com a linguagem oral. 
Os professores devem auxiliar as crianças com dificuldades de aprendizagens nas tarefas da escola, fazendo a divisão dos trabalhos longos em pequenas partes, para ajudá-las a rever os conteúdos de ensino; usar enigmas para que elas descrevam o objeto; tomar cuidado como o material escrito: letras claras, uso de desenhos, diagramas e menos uso de palavras escritas. O uso do dicionário deve ser ensinado e, quando possível, ilustrado; bem como o uso de material colorido e grande para o aprendizado da letra. Enfim, o professor e a família devem estar informados, familiarizados e sensibilizados para apoiar e ajudar a criança durante o processo de aprendizagem.
 Toda atividade deve dar chance à iniciativa do aluno. É importante que o educando sinta que pode sugerir o que vai escrever ou ler e como vai fazê-lo. Todavia, nem tudo pode ser sugerido. O educador deve marcar os limites da tarefa, mas é preferível que a tarefa tenha um certo nível de abertura, de flexibilidade, que permita uma resposta personalizada. 
Segundo Maruny (2000): 
“Ler também serve para controlar e lembrar do que escrevemos. Quando perguntamos à criança o que é que ela queria escrever, pedimos-lhe que leia seu escrito. A própria criança pode precisar ler o que já escreveu para avançar, tal como nós adultos fazemos ao repassar nossos textos enquanto escrevemos. Esta atividade traz informação decisiva para a criança.” 
Ler para aprender é fundamental para qualquer componente curricular da escola. Por meio dessa capacidade, a leitura envolve a atividade de ler para compreender, determinando que o aluno aprenda a concentrar-se na seleção de informações relevantes no texto, utilizando táticas de aprendizagem. As crianças com dificuldades de aprendizagem precisam de mais horas de ensino. O ideal é que o professor planeje as aulas para que os métodos de ensino sejam adequados, em razão dos obstáculos encontrados pelas crianças em sua aprendizagem. É essencial que o professor saiba diagnosticar e avaliar as falhas de escrita cometidas por seus alunos, aproveitando-as como etapas de saber já atingido e ainda a atingir. Ele só deve propor ao aluno tarefas compatíveis com a etapa de conhecimento atingido. 
 O método da escola pode dificultar a aprendizagem de uma criança. Por isso o professor deve ter capacidade de identificar o melhor método para a criança optando por modificação metodológica dentro da sala de aula, dando chance para que o aluno escolha o que vai ler ou escrever, mas colocando limites na tarefa. Desta maneira, estará motivando e estimulando o aluno, para que cresça em seu aprendizado. 
De acordo com Maruny (2000), dar uma oportunidade para que as crianças pensem significa partir de suas idéias, reconhecer sua lógica mostrar-lhes suas limitações, trazer-lhes informações novas que as ajudem a pensar mais e melhor. Com isso, a idéia que os professores têm sobre como as crianças aprendem é muito importante. Não se trata de as encher de informações soltas, mas trabalhá-los, com empenho, reconstrução pessoal, debate, discussão e interação. 
O ideal é que o professor trabalhe com atividades lúdicas e que consiga fazer com que os alunos pensem. Os professores precisam entender a lógica do pensamento infantil e, a partir disso, compreender a criança. 
Segundo Maruny (2000)”, Aprender é ampliar as fronteiras do pensamento. Ensinar não é apenas transmitir informações a um ouvinte. É ajudá-lo a transformar suas idéias. Para isso, é preciso conhecê-lo, escutá-lo atentamente, compreender seu ponto de vista e escolher a ajuda certa de que necessita para avançar: nem mais, nem menos. 
O docente desempenha um papel importante na identificação das dificuldades de aprendizado. Aquela criança que não adquire conhecimentos num ritmo semelhante ao dos colegas deve ser acompanhada de perto. Após alguns meses de trabalho dentro da sala de aula sem um progresso na aprendizagem, o aluno merece um cuidado especial e deverá ser encaminhado à orientação pedagógica da escola que já deve estar ciente do caso. 
Quando o professor detetar que o aluno tem dificuldade de leitura e escrita deve buscar orientar os pais, para que juntos procurem soluções para resolver tais problemas, bem como encaminhar o aluno para profissionais capacitados na área da dislexia. A partir do momento em que é identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve-se procurar ajuda especializada. 
 O diagnóstico da dislexia deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar formada por psicólogo, fonoaudiólogo e psicopedagogo clínico, que devem iniciar uma minuciosa investigação, juntamente com os pais e professores. 
 Sugestões para auxiliar a criança com dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita, segundo Domingues e Marchesan (2004) são:
 Divida trabalhos longos em pequenas partes; Conteúdos de ensino devem ser revistos sempre; Use enigmas para descrever objetos; Seu conhecimento só deve ser avaliado por respostas orais; Cuidado com o material escrito: cabeçalho, letras claras, uso de desenhos e diagramas e menos uso de palavras escritas; Uso da letra script ou bastão em cores diferentes o que melhor auxilia a velocidade ou memorização da forma ortográfica da palavra; Solicitar que repita, sempre que possível, à ordem ou conteúdo com suas próprias palavras; isso ajuda na memorização; Regras escritas devem ser dadas com muita fixação e separadamente; Nunca expô-lo a leitura em voz alta diante de outros; Use material colorido e grande para o aprendizado das letras; O uso do dicionário deve ser bem ensinado. Quando possível, ilustrado. 
 
É importante que o professor conheça cada um de seus alunos e esteja atento às dificuldades de cada um, para que essas não se transformem num problema. Deve escutar, muito atentamente, seus alunos; deve estar atento a seus gestos, às suas atitudes, a seu comportamento, à suas mensagens mentais: idéias, conhecimentos, hipóteses, procedimentos e que metodologia e tática utilizam para aprender, para escrever, para ler e quais devem aprender para avançar; precisa modificar e adaptar suas propostas de trabalho; ajudar no que for necessário; dar o “empurrão” adequado. Isso requer um treinamento específico para a tarefa de aceitar a contribuição do aluno; organizar a sala de aula; trabalhar em equipe; planejar atividades e dicas de como estudar para provas. 
Especialmente os professores, ao lidar com crianças com dificuldades, adquirem algo novo. Por um lado, maior tranquilidade: entendem o que acontece na mente da criança frente à escrita e estão certos de que a criança está dando tudo de si. E, além disso, está claro o que se deve trabalhar com cada aluno: o que ele é capaz de fazer e também qual será o próximo passo em sua aprendizagem. Uma criança que não preste atenção ao som da palavra deverá concentrar-se na palavra e comprovar que o que está escrito tem a ver com o som da palavra. É questão de tempo. Uma criança que atribui vogais a cada sílaba deve perceber que há mais sons do que as vogais: que as palavras se escrevem com mais letras. É questão de trabalhar isso e dar-lhe tempo. (Maruny, 2000). 
O professor, frente a estes desafios, deverá ser bem preparado por meio de capacitações, como também ser incentivado a pesquisar para que, na prática, possa encarar as possíveis situações-problema, com a competência necessária para reconhecer as prováveis dificuldades de aprendizagem desenvolvidas dentro ou fora da escola. Para que possa ajudar tanto os alunos, em suas necessidades escolares, quanto os seus familiares, é preciso garantir-lhes o direito à informação e ao apoio, indispensáveis ao bom desenvolvimento das relações humanas, assim como a orientação e o encaminhamento aos locaiscom atendimento especializado, quando necessário. 
Assim, é muito importante que todos os educadores saibam o que é dificuldade na leitura e na escrita e saibam reconhecer seus sinais. Com a devida orientação, o aluno conseguirá ser bem-sucedido em classe. Se, na fase escolar, a criança apresentar sintomas de dislexia, será necessário diagnóstico e acompanhamento adequados, para que ela possa prosseguir seus estudos junto com os demais colegas e não tenha prejuízos emocionais e de aprendizado. 
 
2.4 O papel da família no desenvolvimento da aprendizagem da criança 
Tanto o professor e a escola, quanto à família e a sociedade envolvem aspetos socioculturais importantes para o processo de aprendizado de uma criança. Quando uma criança apresenta alguma dificuldade de aprendizagem da leitura e da escrita, nem sempre os professores, os pais e/ou a família possuem informações suficientes para entender e enfrentar adequadamente o processo. 
Assim, os pais cobram das escolas respostas e resultados, e a escola, por sua vez, acusa os pais de negligência. Com este tipo de atitude e sem a preparação adequada, a escola passa a ser um lugar de acúmulo de frustrações para os alunos. 
 Segundo Morais (1997), as crianças que provêm de ambientes letrados têm mais facilidade em aprender a ler e a escrever do que crianças provenientes de ambientes não-letrados.
 A criança que convive em ambiente onde não existem revistas, jornais nem livros, e que não tem modelos de leitura não tem o interesse e a motivação despertados. Possivelmente estes são alguns dos fatores que fazem surgir dificuldade de aprendizagem da leitura e escrita. Assim, a família possui papel fundamental no desenvolvimento da capacidade de aprender e cabe a ela articular-se com a escola e seus docentes, ambos zelando de forma permanente, pela qualidade de ensino. 
Os pais devem evitar transmitir à criança a angústia e ansiedade que eles próprios sentem, diante dessas dificuldades. O importante é que eles transmitam segurança à criança e que compreendam a razão das suas dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita. Os pais também devem evitar comparar a criança com os irmãos ou colegas da sala ou colocá-la perante situações nas quais sabem que a criança não tem sucesso, evitando que ela fique desmotivada. 
A família deve observar a criança ao ler e ao escrever. Recomenda-se que os pais leiam as gramáticas escolares, observando como são classificados os fonemas quanto ao modo e ponto de articulação, para que compreendam melhor quando observarem os comportamentos da criança. Filhos de pais analfabetos têm pouco contato com a escrita e a leitura, portanto, podem necessitar de livros e material escrito bem impressos e com forma adequada para manuseio. 
É necessário que a família ajude a criança na sua educação ou reeducação linguística e faça com que a criança articule cada fonema, vogal e consoante. É preciso observar como a criança pronuncia os fonemas e, em seguida, pedir a ela que olhe o movimento de seus lábios, quando articulam fonemas em algumas palavras do cotidiano. Deve-se pedir, também, que repita as palavras, pois a repetição acaba por levá-lo, assim, à consciência dos fonemas. 
A família deve auxiliar a criança em casa, lendo para ela jornais, revistas e livros que lhe despertem interesse. O uso e apoio, de régua ou marcador ajudam-na seguir a leitura. Gravar os componentes curriculares para que ela possa escutá-los quantas vezes for necessário; grifar com caneta colorida os itens principais para serem lembrados mais facilmente; criar perguntas para verificar sua interpretação; determinar um tempo para a criança fazer a lição; montar um calendário semanal com todas as atividades de forma que cada atividade receba uma cor, onde os horários de lazer devem ser pintados de uma só cor permitindo que a criança tenha uma referência concreta para dinamizar as atividades de aprendizagem são atitudes que facilitam o processo de aprendizagem.
 Para que a criança aumente sua autoestima, a família deve fazer elogios, encorajar e falar bem de suas qualidades e pontos fortes. Quando tentar fazer algo que considera difícil, encorajá-la a não desistir; não depreciar seus acertos; tranquilizar e ressaltar sua esperteza e sua inteligência. É necessário envolvê-la para que possa desenvolver suas habilidades. 
 A família tem o papel de zelar, a exemplo dos docentes, pela aprendizagem. Isto significa acompanhar, de perto, a elaboração da proposta pedagógica da escola, não abrindo mão de prover meios, para a recuperação dos alunos de menor rendimento ou em atraso escolar, garantindo meios de acesso aos níveis mais elevados de ensino, segundo a capacidade de cada um.
3. Caraterização da escola, turma e professor/a: 
Caracterização da escola : 
· Situação geográfica da Escola
Escola Capelinha fica situada na parte baixa de Achadinha Meio, ao lado da Avenida Cidade de Lisboa, na Fazenda, Cidade da Praia, zona Sul com as coordenadas geográficas, X – 23,509689 e Y 14,926145. 
O nome “Capelinha” deve-se à sua configuração arquitetónica inicialmente com oito salas de aulas em pedras rústicas e coberta de telha vermelha de fabrico nacional que se assemelha a edifícios religiosos – Capela, construída em 1981 no âmbito do projeto da Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID),que posteriormente foi ampliado, ficando com o total de 22 salas de aulas. 
Atualmente a Escola Capelinha da Fazenda, Pertence ao agrupamento IV, com a sede na Escola secundaria Regina Silva, em Achadinha Meio, que por sua vez é composto pelas restantes escolas:
- Escola Quintino Ribeiro, Bairro;
- Escola Eugénio Lima A;
- Escola Eugénio Lima B.
Avenida
Cidade de Lisboa
Povoação da Achadinha
Escola Capelinha
Constituição da escola
- Espaço Físico
A Escola Capelinha da Fazenda é constituída por:
- Vinte e duas (20) salas de aulas;
- Uma biblioteca;
- Seis (6) casas de banho, sendo duas (2) para os alunos, duas (2) para professores, uma (1) na secretaria e uma (1) no gabinete da gestora (todas razoáveis); 
- Uma (1) cozinha;
- Uma (1) placa desportiva;
- Secretaria;
- Gabinete da Responsável
Realça-se ainda a existência de um horto escolar, um palco para atividades culturais e recreativas, espaços verdes, um pátio de recreio (que serve como parque de estacionamento de viaturas durante a noite, aos fins de semana e feriados),um quiosque e um armazém destinado à colocação dos géneros alimentícios distribuídos pela FICASE (Fundação Cabo-Verdiana de Ação Social Escolar).
As salas de aulas existentes na escola, na sua maioria possuem uma boa ventilação e iluminação uma vez que têm portas e janelas, e também possuem energia elétrica que garantem melhores condições, facilitando assim o desenvolvimento do processo ensino/ aprendizagem. A escola tem uma relação com a comunidade circundante, contribuindo assim para o desenvolvimento da qualidade do ensino nesta instituição.
A escola possui um total de 39 (trinta e nove) turmas simples, em que 19 (dezanove) funcionam no período de manhã, 6 (seis) turmas do 1.º Ano, 7 (sete) turmas do 2.º Ano, 6 (seis) turmas do 3.º Ano). No período da tarde um total de 20 turmas sendo 7 (sete) turmas do 4.º Ano, 6 (seis) turmas do 5.º Ano e 7 (sete) turmas do 6.º Ano, albergando um total de mil cento e quarenta e quatro (1144) alunos. 
Recursos Humanos
A escola tem um corpo diretivo composto por:
- Um diretor que fica na sede do agrupamento;
- Uma responsável que se encontra na escola;
- Um subdiretor e uma coordenadora pedagógica que faz a cobertura em todas as escolas do agrupamento. 
Corpo Docente: 
 No que diz respeito aos docentes, a escola possui 44 professores, sendo que 26 lecionam em regime de monodocência ou seja do 1º ao 4º ano, e os restantes no 5º e 6º ano de escolaridade. 
Corpo Discente: 
Neste ano letivo iniciou-se o 1° trimestre com cerca de 1144 alunos, distribuídas por 39 turmas, em 6 níveis de escolaridade (1º ao 6º ano), nos dois períodos.
	Ano de Estudo
	Número /Sexo
	Nº de Turmas
	
	Masculino
	Feminino
	Total1º Ano
	91
	93
	184
	
	2º Ano
	83
	98
	181
	
	3º Ano
	91
	100
	191
	
	4º Ano
	90
	126
	216
	
	5º Ano
	91
	79
	170
	
	6º Ano
	121
	81
	202
	
	Total
	577
	567
	1144
	
Tableau 1- Descentes da escola no 1° trimestre
Corpo não Docente
No que diz respeito aos não docentes a escola possui:
- 1 Pessoal de secretaria;
- 3 Encarregadas de limpeza;
- 2 Guardas;
- 7 Cozinheiras.
Caracterização da turma : 
A criança com NEE tratada no presente estudo inserem-se numa turma heterogénea, com 28 alunos, sendo 15 do sexo feminino e 13 do sexo masculino, cujas idades variam entre os 7 e os 8 anos. De um modo geral, a turma vem desde o 1º ano com os mesmos elementos. Praticamente todos são residentes no mesmo concelho onde se localiza a escola. Na recolha de informações com a professora sobre o comportamento da turma, ela classificou-os com o comportamento adequado a idade e a professora diz-nos ainda que possui um ótimo relacionamento coma turma em geral.
Caracterização do professor/a:
Em relação as características da professora, ela chama-se Laura Lopes e tem 45 anos de idade, possui o 12º ano de escolaridade completo e atualmente faz licenciatura em Língua Portuguesa. Ela exerce a profissão como professora de ensino básica á 25 anos e trabalha á 2 anos com a turma atual. 
4. Caracterização da criança-alvo do estudo de caso: 
As informações apresentadas sobre a caracterização da criança nos foram fornecidas respetivamente pelo encarregado de educação e pela professora, optamos por escolher um nome fictício para preservar o anonimato da criança estudada.
Este estudo de caso refere-se a uma aluna que decidimos chamá-la de Maria Mendes, ela tem 7 anos de idade e frequenta pela primeira vez o 2º ano de escolaridade na escola Capelinha em Fazenda. 
No momento em que realizamos o estudo de caso com a Maria a sua mãe encontrava-se hospitalizada, por isso ela está a viver juntamente com avô e a tia na zona de “Cobon” Baixo em Achadinha. A Maria não tem nenhum tipo de contacto com o pai, no entanto ela foi registada por ele.
Das observações que realizamos com a criança no contexto de sala de aula podemos ver que é uma criança que aparentemente se revela apática; mostrando um completo desinteresse pelo que se passa á sua volta, dando a impressão de estar sempre cansada e triste, não gosta de brincar durante o intervalo; quando questionado sobre exercícios baixa a cabeça e revela um semblante triste e não responde mesmo com estímulos.
Segundo a sua professora ela não revela nenhum interesse por atividades manuais (recorte, pintura, modelagem) ou nas aulas de educação física, a professora disse-nos que ela não gosta de participar de atividades lúdicas. Um simples exercício que propõe modelar figuras, todas as crianças da turma fazem com facilidade menos a criança em causa que diz “não sei” e mesmo ajudada por outra nota-se que não entende o que fazer.
Até o momento a criança tem pouco conhecimento sobre o abecedário ou os números, o que dificulta um aprendizado considerado padrão em relação aos colegas de turma. Atendendo ao tipo de comportamento que esta criança apresenta e o tipo de dificuldade demostrado, a mãe da criança mostra-se indiferente as dificuldades da filha e dessa forma dificulta uma intervenção necessária para as reais dificuldades da criança, no entanto acreditamos que será possível amenizar essas dificuldades através de algumas possíveis propostas de intervenção que apresentaremos mais abaixo.
5. Propostas de intervenção: 
	Leitura e escrita
	Conteúdo a ser ensinado
	Objetivo
	
	Libras
	Estabelecer comunicação com a Criança
	
	Alfabeto
	Apresentar o alfabeto à criança, ensinando-a a reconhecer as letras e nomeá-las em língua portuguesa
	
	Vogais
	Destacar as vogais do alfabeto, dando início à formação de palavras
	
	Nomes
	Destacar a escrita e leitura de nomes comuns a criança, como o nome próprio e de seus familiares
	
	Palavras
	Formar banco de palavras com as famílias silábicas desenvolvidas de forma a ampliar o vocabulário da criança em língua portuguesa
	
	Frases
	Formar frases com palavras e nomes do vocabulário da criança 
	
	Verbo
	Destacar verbos conhecidos e úteis na rotina de criança, ajudando-a a formar frases completas de acordo com os tempos verbais: presente pretérito e futuro
	
	Adjetivo
	Apresentar diferentes adjetivos para a descrição de cenas, fatos, pessoas e objetos, de maneira a ampliar o vocabulário da criança 
Utilização de jogos lúdicos: 
· Motivar a criança a escrever novas palavras ao seu critério;
· Identificação de letras através de cartão de desenho;
· Motivar a criança a pronunciar através de silabas e depois escrever essas palavras;
· Elogiar a criança sempre por cada evolução.
6. . Síntese/diagnóstico
 Nesta etapa será apresentada algumas hipóteses de diagnóstico relativamente as observações e entrevistas feitas com a professora e a mãe, que justificam a elaboração de um plano que será desenvolvido tendo em consideração o texto educativo caraterizado. 
 Nesse período de dois meses de observação foi-nos ter uma perceção de que a aluna estudada apresenta dificuldades de aprendizagem, leitura e escrita. 
Diante disso será desenvolvido algumas atividades para promover a melhoria na escrita e na leitura da criança. Verificamos que a aluna revela fragilidade em cada uma disciplina estudada as quais serão enumerados em baixo:
· Na disciplina de língua portuguesa ela apresenta maior dificuldade em: na leitura interpretação do texto, na organização das palavras e no conhecimento de letras, não consegue distinguir os tempos verbais;
· Quanto a disciplina de matemática a aluna tem dificuldades em fazer todos os tipos cálculos. 
· Na educação física também mostra pouca habilidade em atividades exposta.
A criança estudada não tem o apoio familiar para incentiva-la nos seus estudos em casa, ressaltamos ainda que ela tem necessidades económicas que influência na falta de materiais escolares, constatamos a negligência por parte de encarregado de educação em relação a cuidados com a criança. 
7. Conclusão e reflexão crítica sobre o trabalho desenvolvido
A aprendizagem da leitura e da escrita não ocorre da mesma forma para todos as crianças e, dependendo da maneira como o processo de ensino é orientado, pode ocasionar dificuldades na aprendizagem de modo geral.
Chegamos ao fim deste trabalho, com a plena consciência de que meramente afloramos a temática, todavia ainda que diminuto, pensamos ter conseguido desbravar um pouco desta área do ensino a crianças com NEE que consideramos deveras fascinante. 
Tal como inicialmente referido o tema de investigação centrou-se no estudo de caso aplicado a uma criança com necessidades educativas especiais, onde foi ministradas algumas observações e entrevistas. 
Atualmente as escolas são frequentadas por muitos alunos com NEE. Ao longo dos tempos sempre houve alunos com maior dificuldade de aprendizagem no seu percurso escolar que nem sempre tiveram direito à educação. As escolas têm de encontrar formas e meios de responder com eficácia às necessidades educativas de uma população escolar heterogénea, devendo ser construído um espaço de aceitação que a todos responda de forma diferenciada. Há a necessidade e o dever de lutar pela igualdade de oportunidades das crianças com NEE. 
Na observação feita vimos que a escola e os professores não estão preparados para lidar com as crianças com NEE. Notou-se pouco interesse por parte da professora em acompanhar as atividades diárias da aluna em estudo, isso faz com que a criança tenha limitações na sua aprendizagem, uma vez que essa criança deve ser monitorizada. 
Nota-se que devido a falta de conhecimento e preparação por parte dos professores para lidarem com crianças com NEE, os mesmos acabam por ter pouco aproveitamento, e os professores acabam demonstrando um desinteresse em ensinar esses alunos, porque na maioria dos casos a taxa de aproveitamento é nula, visto que normalmente os professores têm outros alunos na sala, acabam dando mais atenção aos outros alunos,com o intuito de não prejudica-los, sendo assim as crianças com NEE, acabam por ficar " meio abandonadas" colocando em evidência a problemática da integração.
8. Referências Bibliográficas : 
Silva, A.F.M. (2012). Promover a comunicação: projeto de intervenção. Dissertação mestrado, Escola Superior de Educação João de Deus-Lisboa, Portugal. 
 Petronilo, A.P.S. (2007). Dificuldade de aprendizagem na leitura e na escrita. Monografia (Especialização) - Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, Brasília- Brasil 
 
Apêndice 1
A Entrevista serve para recolher informações que iremos utilizar num trabalho de investigação no âmbito da disciplina de Psicologia da Educação, na Uni Piaget. Respeitamos os preceitos éticos, garantimos a confidencialidade das informações prestadas. 
 Agradecemos a sua colaboração.
Guião de Entrevista para Professor(a):
I. Dados de identificação 
1) Qual é seu o seu nome?
2) Não se importa de nos dizer a sua idade?
3) Qual o seu nível de escolaridade?
4) A quanto tempo exerce a sua função?
5) A quanto tempo trabalha com a turma?
II. Informações sobre a turma
1) Qual é o número de alunos na turma (feminino/ masculino)?
2) Como classifica sua relação com a turma?
3) Como descreveria o comportamento da turma?
III. Informações sobre a criança estudada
1) Como descreveria o comportamento da criança na sala de aula?
2) Como classificaria o desenvolvimento cognitivo da criança?
3) Quais são os reais problemas da criança na sala de aula?
4) O que acha do relacionamento da criança com os colegas?
5) Como classificaria o seu relacionamento com a criança?
6) Quais as potencialidades da criança?
IV. Estratégias utilizadas com a criança
1) Quais os desafios que enfrenta com a criança?
2) Que estratégias já foram utilizadas para dar resposta às necessidades da criança?
Transcrição da Entrevista com a Professora:
I. Dados de identificação 
A nossa entrevistada chama-se Laura Lopes Semedo de 45 anos de idade, possui o 12º ano de escolaridade completo e atualmente faz licenciatura em Língua Portuguesa. Ela exerce a profissão como professora de ensino básica á 25 anos, e trabalha á 2 anos com a turma atual, que já se encontram no 2º ano de escolaridade.
II. Informações sobre a turma
A turma da nossa entrevistada é composta por 28 alunos, sendo 15 do sexo feminino e 13 do sexo masculino. Ela diz ter uma ótima relação com a turma e que o comportamento dos alunos vai de acordo com a faixa etária da turma.
III. Informações sobre a criança estudada
Para a nossa entrevista a criança observada tem um comportamento introspetivo, fala muito pouco e no intervalo não demostra nem uma interação com os colegas, contudo a professora diz incentiva-la a brincar no intervalo, mas a mesma não corresponde. Ela diz que a criança apresenta um desenvolvimento cognitivo muito fraco, pois não consegue acompanhar os colegas de turma e tem muitas dificuldades ao nível da aprendizagem em geral. A criança apresenta dificuldades na sala de aula como na articulação das palavras, na escrita, na leitura e ainda na motricidade fina. Possui um fraco desempenho na disciplina de Educação Física e nas Atividades Manuais na sala. Ela diz que a criança estudada tem uma boa relação tanto com ela como com a turma, entretanto interage muito pouco com os colegas. Em relação a sua potencialidade a entrevistada reconhece que são poucos, pelo menos, no ambiente escolar, mas a criança mostra-se sempre interessada em ir ao quadro e não aborrece a turma durante as aulas.
IV. Estratégias utilizadas com a criança
De acordo com a nossa entrevista, ela enfrenta desafios tais como: falta de recursos humanos para acompanhar as crianças com dificuldades na aprendizagem, visto que possui uma turma de 28 alunos e não consegue dar a devida atenção a aluna estudada; ela sente falta de testes para avaliar a capacidade da criança, porque está não tem o mesmo nível de aprendizagem que os restantes da turma; 
A nossa entrevistada tem como estratégia trabalhar diretamente com a criança na sala de aula e tenta estimular a leitura da criança no quadro. Ela finaliza dizendo que a criança em causa necessita de mais acompanhamento nos estudos em casa e pensa que os pais deveriam reconhecer o seu real problema relacionado a aprendizagem para que haja uma intervenção. 
Apêndice 2
 
Guião de Entrevista para Pais/ Encarregados de Educação:
I. Dados de identificação
1) Qual é o seu nome?
2) Não se importaria de nos dizer a sua idade?
3) Qual o seu nível de escolaridade?
4) Qual é a sua morada?
5) Qual é o seu estado civil?
6) Qual é a sua profissão?
II. Identificação da criança
1) Qual o nome da criança?
2) Qual é a data do nascimento da criança?
3) Qual é o nome do pai da criança?
4) Quantos irmãos a criança têm?
5) Qual é o número de pessoas que coabitam com a criança?
6) A criança já teve algum tipo de apoio técnico?
6.1) Se sim, de que tipo?
III. Conceção e gravidez
1) A sua gravidez foi planeada?
2) Tinhas preferência pelo sexo da criança?
3) Fez o pré-natal e exames médicos?
4) Qual foi o seu estado de saúde durante a gravidez (complicações)?
5) Teve algum tipo de consumo desaconselhável durante a gravidez (drogas, álcool, tabaco;)?
IV. História do desenvolvimento da criança
1) Como era a alimentação da criança?
2) A criança babava muito?
3) Quando começou a engatinhar e andar?
4) Quando começou a pronunciar as primeiras palavras?
5) A criança dormia bem?
6) A criança teve muitas complicações ao nível da saúde?
6.1) Se sim, de que tipos?
V. Comportamentos socio-afetivos
1) Como é a relação da criança com os familiares?
2) A criança tem muitos amigos?
3) Qual é a forma com que a criança brinca e que tipos de brinquedos que ele(a) gosta?
4) A criança manifesta afetos?
4.1) Se sim, como e de que tipos?
VI. Atitudes pedagógicas
1) A criança gosta de aprender coisas novas?
2) Quem ajuda a criança com os deveres de casa?
3) Utilizas recompensa e punição no processo de aprendizagem da criança?
4) Como avalias a capacidade de aprendizagem da criança?
5) Quais os tipos de dificuldades que ultrapassas com a criança?
Transcrição da Entrevista para Pais/ Encarregados de Educação:
I. Dados de identificação
A nossa entrevistada chama-se Cíntia Antónia Mendes, ela tem 24 anos de idade e possui apenas o 4º ano de escolaridade do ensino básico. Vive na zona do” Cobon “ Baixo em Achadinha, é solteira e não exerce nenhuma profissão.
II. Identificação da criança
De acordo com a nossa entrevistada a criança estudada chama-se Maria Lopes (nome fictício), nasceu em 7 de abril de 2012 e o pai chama-se Aristides Mota Lopes. A criança possui uma irmã, coabitam com ela o total de 4 pessoas, e ela nunca teve nenhum tipo de apoio técnico para o seu tipo de dificuldades na aprendizagem.
III. Conceção e gravidez
Segundo a nossa entrevistada a sua gravidez infelizmente não foi planeado, por isso ela não tinha preferência em relação ao sexo da criança. Ela contou-nos que em relação ao pré-natal não fez todos os exames solicitados pelo médico, e que teve complicações tais como: anemia, infeções urinária e hipertensão arterial. Ela disse-nos ainda que durante os primeiros meses da gravidez, não sabia que estava gravida por falta de sinais, por isso consumiu bebidas alcoólicas frequentemente.
IV. História do desenvolvimento da criança
A nossa entrevistada confessou-nos que por falta de condições económicas e ausência do pai da criança falhou algumas vezes na alimentação da criança, mas que tenta compensar o máximo que pode. Durante os primeiros meses de vida da criança ela babava muito, começou a engatinhar com 10 meses e a andou com aproximadamente 1 ano e 3 meses. Ela disse-nos que a criança começou a pronunciar as primeiras palavras com aproximadamente 1 ano e 6 meses de vida e que a ela acordava algumas vezes durante a noite por causa de cólicas ou insónia. Em relação as complicações de saúde a nossa entrevistada disse-nos que a criança não teve muitas doenças,apenas as habituais como: gripe, diarreia;
V. Comportamentos socio-afetivos
A nossa entrevistada disse-nos que a criança estudada tem um bom nível de relacionamento com os familiares, e que a criança tem como amigos os primos mais próximos. Ela classifica a forma de brincar da criança como normal e que tem preferência para brincar com bonecas, a mãe falou-nos que a criança costuma mostra-se afetiva com ela dando-lhe beijos e abraços como forma de carinho.
VI. Atitudes pedagógicas
De acordo com a nossa entrevistada, a criança gosta de aprender coisas novas e que em relação aos trabalhos de casa recebe auxílio de alguns vizinhos próximo ou ate mesmo da tia. Ela confessou-nos que não tem muita paciência e conhecimento para praticar a aprendizagem com recompensas e punição, e que pensa que a criança não tem bom êxito na escola porque não estuda e simplesmente é preguiçosa. Ela finaliza nossa entrevista dizendo que as dificuldades para criar uma criança são diversas, mas os que mais fazem falta é o apoio do pai na criação da criança e que sente muitas dificuldades ao nível económico. 
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