Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CÓ PIA C ON TR OL AD A ■ INTRODUÇÃO A dor crônica é um problema comum, complexo e angustiante, que tem um impacto significativo na sociedade e nos indivíduos. Em geral, apresenta-se como resultado de uma lesão ou uma doença; no entanto, por si só, é uma condição independente. A dor crônica é uma condição comum na atenção primária, que desafia tanto a distinção entre mente e corpo como o conceito de cura.1 A dor é um fenômeno biopsicossocial complexo, que se manifesta, segundo a definição da International Association for the Study of Pain (IASP), como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a danos teciduais reais ou potenciais ou descritos pelo paciente em termos de tais danos. A IASP define ainda a dor crônica como dor que persistiu além do tempo normal de cicatrização tecidual.2 ANA CAROLINA RODRIGUES AGUILAR TRATAMENTO DA DOR CRÔNICA | P RO TE RA PÊ UT IC A | C icl o 8 | V olu me 1 |37 CÓ PIA C ON TR OL AD A Enquanto a mudança da dor aguda para a crônica é, de forma bastante arbitrária, colocada em uma duração de 12 semanas, a principal diferenciação na gestão é que, na dor aguda, o foco está em abordar a causa da dor, enquanto que, no manejo da dor crônica, o foco está em abordar os efeitos da dor e maximizar a função e a qualidade de vida.2 A dor crônica tem múltiplos fatores físicos, psicológicos e sociais associados (Quadro 1) é sabidamente mais comum em mulheres, idosos e em classes sociais mais baixas.1,3 Quadro 1 FATORES ASSOCIADOS AO DESENVOLVIMENTO DE DOR CRÔNICA Demográfico ■■ Idade ■■ Gênero ■■ Etnia e antecedentes culturais ■■ Condição socioeconômica ■■ Status de emprego e ocupacional Estilo de vida e comportamento ■■ Fumar ■■ Álcool ■■ Atividade física ■■ Nutrição ■■ Sol e vitamina D Clínico ■■ Dor ■■ Multi-morbidade e mortalidade ■■ Saúde mental ■■ Intervenções cirúrgicas e médicas ■■ Peso ■■ Distúrbios do sono ■■ Genética Outros ■■ Atitudes e crenças sobre a dor ■■ História de lesão violenta, abuso ou ■■ Violação interpessoal Fonte: Adaptado de Mills e colaboradores (2019).1 A fonte da dor física pode ser conhecida ou desconhecida. Independentemente disso, o sofredor de dor crônica apresentará uma série de transtornos biológicos, psicológicos e sociais ao longo de sua doença. Para explicar uma síndrome tão complexa como a dor crônica, o médico não deve se fixar em encontrar causas biomédicas, mas também considerar os papéis das dimensões psicológicas e sociais.4 Seguindo essa abordagem biopsicossocial, os tratamentos para a dor crônica devem ser uma mistura de componentes médicos, físicos e psicológicos. Nota da Editora: os medicamentos que estiverem com um asterisco (*) ao lado estão detalhados no Suplemento constante no final deste volume. 38 TR AT AM EN TO DA DO R C RÔ NIC A | CÓ PIA C ON TR OL AD A ■ OBJETIVOS Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de ■ identificar as condições definidas como dor crônica; ■ realizar a anamnese direcionada para definir a temporalidade e os fatores de risco; ■ propor a investigação complementar, se necessário; ■ avaliar os aspectos que orientam a terapia medicamentosa; ■ apresentar uma proposta de acompanhamento do paciente a longo prazo. ■ ESQUEMA CONCEITUAL Conclusão Informação complementar Caso clínico Terapêutica Objetivos do tratamento Acertos e erros no caso Condutas Evolução da paciente Recursos terapêuticos Farmacoterapia Orientações terapêuticas Analgésicos Antidepressivos tricíclicos Opioides fracos e fortes Inibidores da recaptação de serotonina e norepinefrina — duais Anti-infl amatórios não esteroides Anticonvulsivantes Opioides tópicos Capsaicina tópica | P RO TE RA PÊ UT IC A | C icl o 8 | V olu me 1 |39 CÓ PIA C ON TR OL AD A ■ CASO CLÍNICO Paciente do sexo feminino, 40 anos, auxiliar de enfermagem, cor branca, apresenta-se com dor nas costas constante. Ela queixa-se de dor nas costas há anos, com piora progressiva. Faz acompanhamento na Unidade Básica de Saúde (UBS) perto de sua casa, sendo tratada nos últimos 4 anos com anti-inflamatório não esteroide (AINE), relaxantes musculares, fisioterapia e exercícios domiciliares. No último ano, a dor progrediu de modo que essas modalidades de tratamento não são mais eficazes, o que está começando a interferir em sua capacidade de trabalho. Realizou uma ressonância magnética há 3 semanas, que mostrou discopatia degenerativa discal moderada a grave em L4-L5 e L5-S1. O exame de cabeça e pescoço da paciente não evidenciou alterações. O exame do tórax mostrava expansibilidade e frêmito toracovocal preservados. A ausculta pulmonar revelava sons pulmonares fisiológicos em áreas normais e ausência de roncos, já a ausculta do precórdio revelava ritmo regular em dois tempos, bulhas normofonéticas e ausência de sopros. O abdome estava flácido e indolor à palpação. Não foram palpadas visceromegalias ou massas. Os ruídos hidroaéreos estavam presentes. A paciente não apresentava lesões de pele. Ao exame neurológico, encontrava-se: ■ vígil; ■ pupilas isocóricas e fotorreagentes; ■ fala e linguagem preservadas; ■ mímica facial simétrica; ■ exame de nervos cranianos sem alterações; ■ força motora grau V global; ■ reflexos patelares e aquileus hiperativos e simétricos; ■ reflexo cutâneo plantar indiferente bilateralmente. O exame de sensibilidade superficial e profunda estava normal. A paciente apresentava eumetria, eudiadococinesia, Romberg negativo, marcha antálgica e ausência de rigidez de nuca. 40 TR AT AM EN TO DA DO R C RÔ NIC A | CÓ PIA C ON TR OL AD A ■ TERAPÊUTICA OBJETIVOS DO TRATAMENTO O tratamento da dor crônica deve ser multimodal e visa melhorar a qualidade de vida dos pacientes acometidos. As doenças complexas, incluindo a dor crônica, frequentemente estão associadas a mecanismos que envolvem múltiplos lócus regulatórios, cada um dos quais constitui um alvo para a intervenção terapêutica. A analgesia significativa constitui um objetivo de tratamento às vezes indescritível para pacientes com dor crônica. A ênfase nos resultados mensuráveis dos pacientes é cada vez mais importante, e o objetivo principal do tratamento é a melhora nas funções cognitivas e físicas. CONDUTAS O médico assistente optou por prescrever para a paciente do caso codeína* 7,5mg mais paracetamol* 500mg a cada 8 horas, conforme necessário, e orientou a paciente a dar continuidade à fisioterapia e aos exercícios domiciliares. Apesar disso, após 1 semana, a paciente precisou procurar um pronto-socorro devido a um episódio de dor intensa. Na ocasião, foram prescritos codeína* 30mg e paracetamol* 500mg a cada 8 horas, conforme necessário. A paciente afirmou que, após esse aumento de dose, ela passou a ter dor mínima e foi capaz de retornar ao trabalho. Devido a esse benefício, ela solicitou ao médico assistente que mantivesse a terapia com opioides na dosagem de 30mg. ATIVIDADES 1. Em termos gerais, como pode ser analisada a abordagem do médico assistente? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do capítulo 2. Há algum erro na conduta inicial do médico assistente? Se sim, qual? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ...................................................................................................................................................................................................................................................................................... Resposta no final do capítulo | P RO TE RA PÊ UT IC A | C icl o 8 | V olu me 1 |41 CÓ PIA C ON TR OL AD A 3. Quais deveriam ser as condutas iniciais no caso clínico? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do capítulo 4. Qual a conduta mais adequada frente à solicitação de manter a prescrição do opiáceo? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do capítulo 5. Na consulta subsequente, após ser ativamente questionada, a paciente do caso revelou que, há alguns meses, vem fazendo uso diário de bebida alcoólica, pois, assim, sentia alguma amenização do estado de dor. Mesmo assim, o médico decidiu manter a prescrição de opioides. Quais devem ser os próximos passos? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do capítulo 6. O que é importante reforçar nesse momento? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do capítulo ACERTOS E ERROS NO CASO No manejo de pacientes com dor crônica na atenção primária, o objetivo é, em geral, descartar as causas tratáveis e modificáveis e depois apoiar o paciente a viver da melhor maneira possível, com a qualidade de vida máxima, apesar de sua dor crônica. Esse apoio toma a forma de intervenções medicamentosas, não medicamentosas e autogerenciamento. A avaliação e o manejo da dor crônica na prática em geral são desafiadores, devido à sua natureza multimodal complexa (incluindo fatores físicos, psicológicos e sociais). 42 TR AT AM EN TO DA DO R C RÔ NIC A | CÓ PIA C ON TR OL AD A A avaliação inicial da dor deve ser holística e incluir uma avaliação da gravidade, do impacto e tipo de dor que o paciente está sentindo. Os médicos devem, portanto, ir além de uma busca por patologia identificável e tratável, embora isso também seja importante. Assim, um erro importante na abordagem do caso foi a não solicitação de uma avaliação cirúrgica, pois a patologia da paciente tinha potencial indicação cirúrgica, dessa forma, uma consulta com especialista em coluna (neurocirurgião ou ortopedista habilitado) deveria ter sido solicitada. Observa-se que ambos os médicos que assistiram a paciente, na UBS e no pronto-socorro, optaram por iniciar e continuar, respectivamente, a prescrição de opioide, antes de conhecer bem o histórico pessoal da paciente, avaliar seu perfil de risco para dependência e abuso de opiáceos e também antes de otimizar o tratamento com anticonvulsivantes ou antidepressivos. Apesar de os mecanismos de dor crônica não serem completamente entendidos, em geral, há uma sensibilidade elevada e hiperexcitabilidade do sistema nervoso. Então, nesse contexto, em que o tratamento medicamentoso da paciente era baseado somente em AINEs e relaxantes musculares, deveria ter sido adicionada uma medicação com ação neuropática. Os fatores de risco de dependência e abuso de opioides incluem:5 ■ idade (de 18 a 24 anos); ■ gênero masculino; ■ queixa subjetiva de dor em vários locais do corpo; ■ dor lombar; ■ história anterior de abuso de álcool, Cannabis ou substâncias ilícitas; ■ presença de transtorno psiquiátrico (ansiedade ou depressão) ou de estresse psicossocial; ■ uso de psicotrópicos; ■ aumento do grau de tolerância à dor; ■ fissura pela obtenção do fármaco; ■ antecedente criminal; ■ tabagismo; ■ raça branca (pelo recebimento de mais analgésicos nas unidades de emergência); ■ presença de limitação funcional relacionada à dor; ■ história de estresse pós-traumático; ■ desemprego; ■ hepatite C. A presença de fatores de risco de dependência e abuso de opioides não contraindica em absoluto sua prescrição, porém deve-se, especialmente nesses casos, ter um acompanhamento estreito, controlar a dispensação de receitas e solicitar psicoterapia. No caso apresentando, foi inicialmente negligenciado o histórico de alcoolismo da paciente. Ainda sobre a anamnese, observa-se que a história clínica não estava detalhada, pois é importante abordar aspectos diversos, rastrear distúrbios de humor e conhecer todos os antecedentes patológicos e medicamentosos. Além disso, também deve ser feito um minucioso exame neurológico, em que a atenção especial deve ser para distúrbios sensitivos, buscando identificar elementos que apoiem ou descartem um diagnóstico de dor neuropática, como alodinia, hiperalgesia, relatos de sensações térmicas anormais, como frio ou calor nas regiões dolorosas e padrões de irradiações incomuns. | P RO TE RA PÊ UT IC A | C icl o 8 | V olu me 1 |43 CÓ PIA C ON TR OL AD A Com a dor crônica em curso, é incomum que um único medicamento resulte em alívio da dor de forma unimodal e independente. Portanto, a combinação farmacológica é um aspecto importante do manejo da dor crônica multimodal. Um componente-chave do tratamento medicamentoso da dor é encontrar o equilíbrio entre tratamento e efeitos colaterais aceitáveis (Figura 1).6 É difícil definir o que seria tratamento eficaz, porque quase nunca significa uma remissão completa da dor. Os dados sugerem que uma redução em torno 30% seja clinicamente significativa, porque, nesse nível, a percepção dos pacientes demonstra uma experiência de dor melhorada.7 LEMBRAR 4 3 Mais efeitos colaterais Menos efeitos colaterais Menos efetivo Mais efetivo 1 2 1 — Melhor controle da dor por meio de um efeito sinérgico dos medicamentos com perfil de efeito colateral mínimo ou melhorado. 2 — Melhor controle da dor, mas piora dos efeitos colaterais. 3 — Nenhuma mudança no controle da dor com a adição do segundo fármaco, com perfil de efeito colateral melhorado devido a efeitos colaterais antagônicos (estimulante versus depressivo). 4 — Nenhuma mudança ou agravamento do controle da dor e piora do perfil de efeito. Figura 1 — Resultados potenciais da farmacoterapia combinada. Fonte:Adaptada de Dale e Stacey (2016).6 Muitos dos agentes farmacológicos usados para tratar a dor crônica são depressores do sistema nervoso central e podem prejudicar a energia, mobilidade, memória e capacidade de exercício, os quais são cruciais para uma reabilitação bem-sucedida. Apesar de os mecanismos subjacentes à dor crónica variarem e serem mal compreendidos, ela é geralmente caracterizada por uma sensibilidade elevada e hiperexcitabilidade do sistema nervoso, que pode ser passível de tratamento com anticonvulsivantes, antidepressivos e opioides.8 Para minimizar a sedação causada por um único agente farmacológico, as doses reduzidas são desejáveis, porém, dessa forma, os efeitos analgésicos podem ser minimizados. Idealmente, a adição de um segundo agente teria um efeito analgésico aditivo, mas não um perfil de efeito colateral cumulativo, permitindo usar a menor dose possível sem perder a analgesia e minimizar os efeitos colaterais. O uso da farmacoterapia combinada tem ampla base de evidências em dor aguda e, portanto, é o racional que pode funcionar para a dor crônica.8 44 TR AT AM EN TO DA DO R C RÔ NIC A | CÓ PIA C ON TR OL AD A EVOLUÇÃO DA PACIENTE Ao longo dos meses de acompanhamento, a paciente seguiu com terapia medicamentosa combinada (pregabalina* 75mg a cada 12 horas, paracetamol* 500mg e codeína* 30mg a cada 8 horas, se necessário), além de acompanhamento psicológico e fisioterápico. Após 8 meses da consulta inicial, a paciente foi avaliada por um neurocirurgião, que identificou comprometimento da estabilidade da coluna e indicou uma artrodese da coluna lombossacral. Após 90 dias do procedimento, a paciente não precisava mais de opiáceos para o controle da dor, porém ainda usava pregabalina 75mg a cada 12 horas e paracetamol ocasionalmente, relatando um controle álgico satisfatório. ATIVIDADES 7. Sobre os fatores clínicos associados ao desenvolvimento de dor crônica, assinale a alternativa correta. A) Etnia e antecedentes culturais. B) Intervenções cirúrgicas e médicas. C) Atividade e tabagismo. D) Atitudes e crenças sobre a dor. Resposta no final do capítulo 8. Observe as alternativas a seguir sobre os fatores de risco de dependência e abuso de opioides. I — Afrodescendência e hepatite tipo B. II — História anterior de abuso de álcool, Cannabis ou substâncias ilícitas. III — Gênero feminino e idade de 30 anos. IV — História de estresse pós-traumático. Qual(is) está(ão) correta(s)? A) Apenas a I e a II. B) Apenas a II. C) Apenas a II e a IV. D) Apenas a III e a IV. Resposta no final do capítulo | P RO TE RA PÊ UT IC A | C icl o 8 | V olu me 1 |45 CÓ PIA C ON TR OL AD A 9. Por que negligenciar o relato de alcoolismo pode ser um problema ao prescrever opioides? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do capítulo ■ RECURSOS TERAPÊUTICOS O Quadro 2 a seguir apresenta os fármacos utilizados no controle da dor crônica. Quadro 2 FÁRMACOS PARA CONTROLE DA DOR CRÔNICA Analgésicos comuns ■■ Controle agudo da dor ■■ Ação sinérgica na analgesia multimodal AINEs ■■ Controle agudo da dor ■■ Ação sinérgica na analgesia multimodal para dor crônica Antidepressivos tricíclicos — amitriptilina e nortriptilina ■■ Controle central da dor Recaptação de serotonina/noradrenalina — duloxetina e venlafaxina ■■ Controle central da dor Ligantes de canal de cálcio — gabapentina e pregabalina ■■ Controle central da dor Opioides — morfina e codeína ■■ Controle agudo da dor. Uso se necessário Opioides transdérmicos — lidocaína, fentanil e buprenorfina ■■ Controle periférico e central da dor. Uso se necessário Fonte: Elaborado pela autora. ORIENTAÇÕES TERAPÊUTICAS A prescrição sugerida para a paciente do caso clínico é a seguinte: ■ dieta geral; ■ pregabalina 75mg, via oral (VO), de 12 em 12 horas; ■ paracetamol 500mg, VO, de 8 em 8 horas, se dor; ■ codeína 30mg, VO, de 8 em 8 horas, se dor. 46 TR AT AM EN TO DA DO R C RÔ NIC A | CÓ PIA C ON TR OL AD A FARMACOTERAPIA A seguir, serão apresentados os fármacos que podem ser utilizados no manejo da dor crônica. Analgésicos Os analgésicos orais convencionais são sempre o primeiro tratamento administrado no manejo da dor crônica. Eles podem ser uma solução rápida, barata e relativamente segura para a dor. Ao tratar um caso de dor, o médico geralmente segue as etapas da escada analgésica da Organização Mundial de Saúde (OMS), conforme Figura 2.9 DEGRAU 1 Não opioides (Dipirona, paracetamol, AINEs) +/- adjuvante DEGRAU 2 Opioides fracos para dor leve a moderada (Codeína, tramadol) +/- não opioide +/- adjuvante DEGRAU 3 Opioides fortes para dor moderada a intensa (Morfi na, buprenorfi na) +/- não opioide +/- adjuvante Persistência ou aumento da dor Persistência ou aumento da dor Dor controlada Figura 2 — Escada analgésica da OMS. Fonte: Adaptada de Ventafridda e colaboradores (1985).9 Inicialmente desenvolvida para o tratamento da dor do câncer, mas aplicável à maioria das condições de dor, a escada analgésica da OMS sugere que os medicamentos analgésicos devem ser administrados por VO com doses e potências crescentes até que o alívio da dor seja alcançado.10 LEMBRAR A escada analgésica da OMS é uma abordagem simples e barata, que produz alívio em pelo menos 50% dos pacientes com câncer.10 Quando aplicada à dor crônica não oncológica, os pacientes raramente alcançam alívio da dor a longo prazo, já que os efeitos colaterais tendem a limitar a dose máxima. | P RO TE RA PÊ UT IC A | C icl o 8 | V olu me 1 |47 CÓ PIA C ON TR OL AD A Anti-inflamatórios não esteroides O primeiro degrau da escada analgésica da OMS consiste em analgésicos não opioides, como o paracetamol e os AINEs. Estes agem para reduzir a inflamação e proporcionar alívio da dor, reduzindo a produção de fatores inflamatórios químicos pela inibição da cicloxigenase (COX 1 e COX 2). Essas enzimas catalisam a produção de dois tipos de eicosanoides: prostaglandinas e tromboxanos.11 Os inibidores não seletivos da COX atuam tanto no COX 1 como no COX 2 e incluem aspirina, ibuprofeno* e naproxeno*. Os efeitos colaterais dessas substâncias são principalmente úlceras gastrintestinais, e suas complicações ocorrem em 2 a 4% dos pacientes em altas doses.11 Os inibidores seletivos da enzima COX 2 (coxibes) — incluindo celecoxibe e etoricoxibe — foram desenvolvidos no início dos anos 1990, e estudos posteriores mostraram que o alívio da dor poderia ser alcançado sem efeitos colaterais gastrintestinais e renais dos AINEs tradicionais.12 No entanto, uma vez que as prescrições de coxibes começaram a se disseminar, um número de ensaios controlados revelou uma forte associação com aumento do risco para eventos cardiovasculares graves.13 No geral, se doses elevadas de AINEs forem necessárias para controlar a dor, é sensato fazer uso de tratamentos alternativos em primeiro lugar, em vez de expor os pacientes a risco cardíaco, gastrintestinal e renal de uso a longo prazo. Opioides fracos e fortes O segundo degrau da escada analgésica da OMS acrescenta opioides fracos, como codeína* e tramadol*. Os opioides imitam os efeitos naturais da dor, reduzindo endorfinas que ativam os receptores opioides no sistema nervoso central, atenuando, assim, a transmissão de sinais nociceptivos. O uso a longo prazo (maior de 180 dias) da codeína pode resultar em aumento do risco de eventos cardiovasculares em idosos.14 No terceiropasso da escada analgésica da OMS, estão os opioides fortes, que são mais potentes, porém geram efeitos colaterais mais graves do que os opioides fracos, como depressão respiratória, a qual pode ser fatal, de modo que são sempre iniciados em uma dose baixa, que pode ser aumentada conforme a tolerabilidade.15 Náusea, constipação, comprometimento cognitivo, sedação e vários efeitos hormonais são preocupações em relação ao uso crônico de opioides.15 O sistema nervoso desenvolve rapidamente tolerância aos efeitos dos opioides, incluindo o efeito analgésico, o que significa que a dosagem precisa ser aumentada ao longo do tempo para obter alívio da dor.16 Ao contrário dos opioides fracos, os efeitos das substâncias morfina-like aumentam em função da dosagem; portanto, a dose pode ser aumentada (quase indefinidamente) para combater a tolerância. Apesar do uso disseminado de opioides no tratamento da fibromialgia, não há boa qualidade de evidência de sua eficácia.17 48 TR AT AM EN TO DA DO R C RÔ NIC A | CÓ PIA C ON TR OL AD A Opioides tópicos Os opioides lipofílicos — fentanila* e buprenorfina — são adequados para a via transdérmica, facilmente absorvidos através da pele. O uso de adesivos de fentanila* está associado a menos efeitos colaterais do que a morfina oral, incluindo obstipação e sedação, proporcionando simultaneamente alívio da dor em pacientes com dor não oncológica.18 A buprenorfina também tem menos efeitos colaterais do que a morfina* e tem mostrado ser eficaz em uma variedade de condições de dor, incluindo osteoartrite, dor lombar e dor neuropática.19 A lidocaína* também pode ser aplicada como creme ou adesivo para alívio da dor localizada e tem sido recomendada para a dor neuropática periférica.20 Antidepressivos tricíclicos O efeito analgésico dos antidepressivos tricíclicos é decorrente da inibição da recaptação de norepinefrina na espinha dorsal, com atividade secundária em canais de cálcio. A amitriptilina* é capaz de inibir a recaptação de norepinefrina e serotonina, enquanto a nortriptilina* — que tem semelhante eficácia, mas menos efeitos colaterais — aumenta a inibição da norepinefrina.21 Os tricíclicos também são eficazes para o tratamento da depressão, mas seu efeito analgésico é independente do efeito antidepressivo, além de ser alcançado com doses muito mais baixas em comparação ao efeito antidepressivo. Anticonvulsivantes Os antiepiléticos também podem fornecer analgesia na fibromialgia e em pacientes com dor neuropática. A gabapentina* e a pregabalina* agem reduzindo a liberação de neurotransmissores excitatórios de terminais nervosos (incluindo glutamato, noradrenalina, substância P e peptídeo relacionado ao gene da calcitonina).22 A gabapentina também demonstrou ser eficaz no tratamento de dor do membro fantasma, dor na síndrome de Guillain-Barré e dor decorrente de lesão medular.23 A pregabalina está intimamente relacionada com a gabapentina. No entanto, tem farmacocinética linear, uma maior afinidade para o canal de cálcio pré-sináptico e um esquema de dosagem mais fácil. É aprovada para o tratamento de dor neuropática diabética e também é eficaz na neuralgia pós-herpética, na dor decorrente de lesão medular e em outras causas de dor neuropática central.24 A pregabalina tem efeitos dose-dependentes e normalmente não é eficaz na dose inicial de 150mg/dia. A dose também deve ser ajustada em pacientes com insuficiência renal.24 | P RO TE RA PÊ UT IC A | C icl o 8 | V olu me 1 |49 CÓ PIA C ON TR OL AD A Inibidores da recaptação de serotonina e norepinefrina — duais Os inibidores duais inibem a recaptação de serotonina e norepinefrina. A duloxetina* é um inibidor equilibrado da recaptação de serotonina e norepinefrina, enquanto a venlafaxina* inibe a recaptação da serotonina em dosagens mais baixas e inibe a recaptação de ambos os neurotransmissores em dosagens mais elevadas de 150mg/dia ou mais.21 A duloxetina* é aprovada para o tratamento de neuropatia diabética e parece oferecer benefícios no tratamento da neuropatia dolorosa induzida por quimioterapia.21 Capsaicina tópica A capsaicina* é um extrato de pimenta-malagueta, e seu mecanismo de ação no tratamento da dor neuropática não está bem entendido. Acredita-se que o efeito terapêutico resulte da dessensibilização dos axônios sensoriais e denervação epidérmica.25,26 Os adesivos de capsaicina a 8% têm demonstrado eficácia na neuralgia pós-herpética e neuropatia dolorosa associada ao vírus da imunodeficiência humana. Os cremes de capsaicina 0,075% são moderadamente eficazes na neuralgia pós-herpética.25,26 ■ INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR O manejo da dor crônica é um desafio na prática clínica, assim, mesmo para médicos experientes e especialistas em dor, a abordagem deve ser sempre multidisciplinar. As terapias alternativas com evidência de contribuição para melhores desfechos são as seguintes: ■ termo e crioterapia; ■ tratamentos biopsicossociais; ■ psicoterapia; ■ terapia cognitivo-comportamental; ■ terapia ocupacional; ■ programas multidisciplinares de controle da dor; ■ terapia de compromisso e aceitação. ATIVIDADES 10. Sobre os fármacos que fazem parte do primeiro degrau da escada analgésica da OMS, assinale a alternativa correta. A) Analgésicos não opioides. B) Opioides fracos. C) Opioides fortes. D) Antidepressivos tricíclicos. Resposta no final do capítulo 50 TR AT AM EN TO DA DO R C RÔ NIC A | CÓ PIA C ON TR OL AD A 11. Qual medicamento é aprovado para tratamento dor decorrente de lesão medular? A) Tramadol. B) Pregabalina. C) Duloxetina. D) Capsaicina. Resposta no final do capítulo ■ CONCLUSÃO A dor é um problema multidimensional que deve ser explicado e tratado usando uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e abordagens sociais. Quando se trata do tratamento da dor crônica, a abordagem biopsicossocial fornece um escopo mais amplo de investigação e intervenção do que uma visão biomédica, deslocando o foco do tratamento, que passa de apenas aliviar a dor física para estratégias que visam aumentar a capacidade funcional e o bem-estar apesar da dor. Tais tratamentos são cruciais para garantir que os pacientes mantenham uma qualidade de vida satisfatória e lidem com a ansiedade, depressão e agitação social que acompanham a dor física persistente. ■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS Atividade 1 Resposta: A abordagem do médico assistente baseou-se em prescrever um opioide fraco para controle álgico e orientar a paciente a retornar para seus exercícios domiciliares e fisioterapia. Não se deve ignorar a dor do paciente como sintoma incapacitante, porém a conduta mais adequada frente a um quadro de dor crônica deveria ser multimodal, não somente focada em incluir uma medicação analgésica. Atividade 2 Resposta: Sim. Antes de iniciar a prescrição domiciliar de opiáceos, deve-se realizar primeiro uma tentativa de controle álgico com prescrição de medicamentos antineuropáticos e analgésicos simples. Atividade 3 Resposta: As condutas iniciais no caso deveriam ser solicitar avaliação cirúrgica, realizar avaliação de risco para uso de opiáceos, prescrever medicação de primeira linha para dor neuropática (tricíclico, anticonvulsivantes ou antidepressivos duais), obter informações sobre o sono, investigar qualquer transtorno de humor e determinar se alguma opção de intervenção é apropriada. Atividade 4 Resposta: Embora os opioides possam ser uma opção de tratamento viável, o médico assistente precisa, antes de iniciar a prescrição, realizar anamnese detalhada sobre as características da dor, aplicação de escalas de dor e avaliação de fatores de risco para uso de opiáceos. | P RO TE RA PÊ UT IC A | C icl o 8 | V olu me 1 |51 CÓ PIA C ON TR OL AD A Atividade 5 Resposta: Os próximos passos devem ser determinar a dose adequada de opioides, identificar qualquer outra terapia necessária e esclarecer os comportamentos apropriados e regras do tratamento. Atividade6 Resposta: É importante reforçar, ao prescrever opioides, que estes devem ser tomados somente quando necessário e que a paciente deve evitar a ingesta de álcool, sobretudo, nos dias em que toma o medicamento, além de estabelecer metas físicas e de dor razoáveis para a terapia e estabelecer um plano de monitoramento contínuo. Atividade 7 Resposta: B Comentário: Os fatos clínicos associados ao desenvolvimento de dor crônica são dor, multimorbidade e mortalidade, saúde mental, intervenções cirúrgicas e médicas, peso, distúrbios do sono e genética. Etnia e antecedentes culturais são fatores demográficos. Atividade e tabagismo são fatores relacionados ao estilo de vida e comportamento. Atitudes e crenças sobre a dor são outros fatores associados. Atividade 8 Resposta: C Comentário: Os fatores de risco de dependência e abuso de opioides são idade (de 18 a 24 anos); gênero masculino; queixa subjetiva de dor em vários locais do corpo; dor lombar; história anterior de abuso de álcool, cânabis ou substâncias ilícitas; presença de transtorno psiquiátrico (ansiedade ou depressão) ou de estresse psicossocial; uso de psicotrópicos; aumento do grau de tolerância à dor; fissura pela obtenção do fármaco; antecedente criminal; tabagismo; raça branca (pelo recebimento de mais analgésicos nas unidades de emergência); presença de limitação funcional relacionada à dor; história de estresse pós-traumático; desemprego; e hepatite C. Atividade 9 Resposta: A paciente revelou que, há alguns meses, vem fazendo uso diário de bebida alcoólica. O abuso de álcool, além de ser um fator associado ao desenvolvimento de dor crônica, também é um fator de risco de dependência e abuso de opioides. Assim, esse fator deveria ser considerado antes da prescrição de opioides. Atividade 10 Resposta: A Comentário: O primeiro degrau da escada analgésica da OMS consiste em analgésicos não opioides, como o paracetamol e os AINEs. Estes agem para reduzir a inflamação e proporcionar alívio da dor, reduzindo a produção de fatores inflamatórios químicos pela inibição da cicloxigenase (COX 1 e COX 2). O segundo degrau da escada analgésica da OMS acrescenta opioides fracos, como codeína e tramadol. No terceiro passo da escada analgésica da OMS, estão os opioides fortes, que são mais potentes, porém geram efeitos colaterais mais graves do que os opioides fracos, como depressão respiratória, a qual pode ser fatal, de modo que são sempre iniciados em uma dose baixa, que pode ser aumentada conforme a tolerabilidade. Os tricíclicos também são eficazes para o tratamento da depressão, mas seu efeito analgésico é independente do efeito antidepressivo, além de ser alcançado com doses muito mais baixas em comparação ao efeito antidepressivo. 52 TR AT AM EN TO DA DO R C RÔ NIC A | CÓ PIA C ON TR OL AD A Atividade 11 Resposta: B Comentário: O tramadol é um opioide fraco, que imita os efeitos naturais da dor, reduzindo endorfinas que ativam os receptores opioides no sistema nervoso central, atenuando, assim, a transmissão de sinais nociceptivos. A pregabalina é aprovada para o tratamento de dor neuropática diabética e também é eficaz na neuralgia pós-herpética, na dor decorrente de lesão medular e em outras causas de dor neuropática central. A duloxetina é aprovada para o tratamento de neuropatia diabética e parece oferecer benefícios no tratamento da neuropatia dolorosa induzida por quimioterapia. A capsaicina é um extrato de pimenta-malagueta, e seu mecanismo de ação no tratamento da dor neuropática não está bem entendido. ■ REFERÊNCIAS 1. Mills SEE, Nicolson KP, Smith BH. Chronic pain: a review of its epidemiology and associated factors in population-based studies. Br J Anaesth. 2019 Aug;123(2):e273–83. 2. Treede RD, Rief W, Barke A, Aziz Q, Bennett MI, Benoliel R, et al. A classification of chronic pain for ICD- 11. Pain. 2015 Jun;156(6):1003–7. 3. van Hecke O, Torrance N, Smith BH. Chronic pain epidemiology and its clinical relevance. Br J Anaesth. 2013 Jul;111(1):13–8. 4. Hylands-White N, Duarte RV, Raphael JH. An overview of treatment approaches for chronic pain management. Rheumatol Int. 2017 Jan;37(1):29–42. 5. Hill KP, Rice LS, Connery HS, Weiss RD. Diagnosing and treating opioid dependence. J Fam Pract. 2012 Oct;61(10):588–96. 6. Dale R, Stacey B. Multimodal treatment of chronic pain. Med Clin North Am. 2016 Jan;100(1):55–64. 7. Farrar JT, Young JP Jr, LaMoreaux L, Werth JL, Poole RM. Clinical importance of changes in chronic pain intensity measured on an 11-point numerical pain rating scale. Pain. 2001 Nov;94(2):149–58. 8. Elvir-Lazo OL, White PF. The role of multimodal analgesia in pain management after ambulatory surgery. Curr Opin Anaesthesiol. 2010 Dec;23(6):697–703. 9. Ventafridda V, Saita L, Ripamonti C, De Conno F. WHO guidelines for the use of analgesics in cancer pain. Int J Tissue React. 1985;7(1):93–6. 10. Wiffen PJ, Derry S, Moore RA, McNicol ED, Bell RF, Carr DB, et al. Oral paracetamol (acetaminophen) for cancer pain. Cochrane Database Syst Rev. 2017 Jul;7:CD012637. 11. Silverstein FE, Faich G, Goldstein JL, Simon LS, Pincus T, Whelton A, et al. Gastrointestinal toxicity with celecoxib vs nonsteroidal anti-inflammatory drugs for osteoarthritis and rheumatoid arthritis: the CLASS study: a randomized controlled trial. Celecoxib Long-term Arthritis Safety study. JAMA. 2000 Sep;284(10):1247–55. 12. Farkouh ME, Kirshner H, Harrington RA, Ruland S, Verheugt FW, Schnitzer TJ, et al. Comparison of lumiracoxib with naproxen and ibuprofen in the therapeutic arthritis research and gastrointestinal event trial (TARGET), cardiovascular outcomes: randomised controlled trial. Lancet. 2004 Aug;364(9435):675–84. | P RO TE RA PÊ UT IC A | C icl o 8 | V olu me 1 |53 CÓ PIA C ON TR OL AD A 13. Mukherjee D, Nissen SE, Topol EJ. Risk of cardiovascular events associated with selective COX-2 inhibitors. JAMA. 2001 Aug;286(8):954–9. 14. Devitt N. The comparative safety of opioids for nonmalignant pain in older adults. Arch Intern Med. 2011 Aug;171(15):1401–2. 15. Uebermuth H. Advances in abdominal surgery in the modern treatment of hemorrhagic and septic shock. Cas Lek Cesk. 1971 Jul;110(28):677–9. 16. Christie MJ. Cellular neuroadaptations to chronic opioids: tolerance, withdrawal and addiction. Br J Pharmacol. 2008 May;154(2):384–96. 17. Harris RE, Clauw DJ, Scott DJ, McLean SA, Gracely RH, Zubieta JK. Decreased central mu-opioid receptor availability in fibromyalgia. J Neurosci. 2007 Sep;27(37):10000–6. 18. Schug SA, Ting S. Fentanyl formulations in the management of pain: an update. Drugs. 2017 May;77(7):747–63. 19. Pergolizzi J, Aloisi AM, Dahan A, Filitz J, Langford R, Likar R, et al. Current knowledge of buprenorphine and its unique pharmacological profile. Pain Pract. 2010 Sep–Oct;10(5):428–50. 20. Derry S, Wiffen PJ, Moore RA, Quinlan J. Topical lidocaine for neuropathic pain in adults. Cochrane Database Syst Rev. 2014;(7):CD010958. 21. Russell JA. General approach to peripheral nerve disorders. Continuum (Minneap Minn). 2017;23(5):1241–62. 22. Field MJ, Cox PJ, Stott E, Melrose H, Offord J, Su TZ, et al. Identification of the alpha2-delta-1 subunit of voltage-dependent calcium channels as a molecular target for pain mediating the analgesic actions of pregabalin. Proc Natl Acad Sci U S A. 2006 Nov;103(46):17537–42. 23. Gierthmuhlen J, Baron R. Neuropathic pain. Semin Neurol. 2016 Oct;36(5):462–8. 24. Kremer M, Salvat E, Muller A, Yalcin I, Barrot M. Antidepressants and gabapentinoids in neuropathic pain: mechanistic insights. Neuroscience. 2016 Dec;338:183–206. 25. Burness CB, McCormack PL. Capsaicin 8% patch: a review in peripheral neuropathic pain. Drugs. 2016 Jan;76(1):123–34. 26. Chien-Chuan C, Hsuan-Chih L, Ying-Chun L, Chia-Shiang L. Interventional treatments for postherpetic neuralgia: a systematic review. Pain Physician. 2019 May;22(3):209–28. Como citar este documento Aguilar ACR. Tratamento da dor crônica. In: Sociedade Brasileira de ClínicaMédica; Lopes AC, José FF, Vendrame LS, organizadores. PROTERAPÊUTICA Programa de Atualização em Terapêutica: Ciclo 8. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2020. p. 37–54. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 1). 54 TR AT AM EN TO DA DO R C RÔ NIC A |
Compartilhar