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e-book Crimes de Usurpação na Mineração e suas Consequências na Prática

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Crimes de Usurpação na Mineração e suas 
Consequências na Prática - Por Artur Vargas
Este e-book tem por finalidade elucidar de forma simples e objetiva o denominado “CRIME DE USURPAÇÃO” e suas consequências na prática dentro do setor mineral, trazendo uma abordagem desde a concepção 
da Lei 8.176, de 08 de Fevereiro de 1991, passando por sua aplicabilidade 
sob a ótica de atuação do Poder Público diante da constatação da prática do 
ilícito, finalizando com uma abordagem crítica decorrente da ausência de 
capitulação intermediária entre “irregularidade” e “clandestinidade”, cujas 
consequências vêm resultando na aplicação de sanções inconciliáveis com 
a grandeza e importância da atividade por força de pronunciamento judicial, 
fundamentado exclusivamente nas limitações da referida lei.
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Consoante dispõe a Carta da República (art. 20, IX), os recursos minerais, 
inclusive os do subsolo, são bens da União, constituindo-se “propriedade 
distinta da do solo para fins de exploração ou aproveitamento,” sendo 
garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra (art. 176, § 1º 
da CF). 
 Nesse sentido, assim dispõem tanto o Código Civil Brasileiro, em seu 
artigo 1.230, quanto o Decreto Lei nº 227, de 28 de Fevereiro de 1967, em seu 
artigo 84.
 Em contrapartida, restou ao concessionário a obrigatoriedade do 
recolhimento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos 
Minerais (CFEM) em favor da União, conforme preceitua a Lei nº 7.990, de 
28 de dezembro de 1989, regulamentada pela Lei nº 8.001, de 13 de março 
de 1990, com as alterações dadas pela Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, 
sendo essa a única contraprestação devida à União a título de indenização/
compensação pela exploração de seus recursos minerais. 
03
 Com a finalidade de promover o planejamento, o fomento e a 
regulamentação da exploração de tais recursos, o legislador instituiu por 
meio da Lei nº 8.876, de 02 de maio de 1994, como Autarquia, o Departamento 
Nacional de Produção Mineral (DNPM), incumbindo-o, dentre outras 
atribuições, de cumprir as disposições constantes no Código de Mineração, 
Código de Águas Minerais e os respectivos regulamentos e a legislação que 
os complementam.
 De igual forma, por ser a atividade minerária potencialmente poluidora, 
tornou-se necessária a criação de normas ambientais para regulamentá-la, 
posto que a Carta da República (artigo 225, §2 e §3) taxativamente incumbiu 
ao concessionário a obrigatoriedade quanto a recuperação do meio ambiente 
degradado, de acordo com soluções técnicas exigidas pelo órgão público 
competente, na forma e sob as penas da lei.
Isto implica dizer, que nenhuma modalidade de atividade minerária pode 
se iniciar sem a prévia autorização do DNPM e consequentemente dos 
Órgãos Ambientais licenciantes, sejam eles Federal, Estadual ou Municipal 
(a depender do caso concreto).
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 Contudo, apesar do vasto arcabouço jurídico e das respectivas sanções 
administrativas existentes, entendeu o legislador pela “criminalização da 
atividade” quando desenvolvida “sem o título autorizativo ou em desacordo 
com as obrigações impostas pelo mesmo”. 
Desse pensamento, nasceu a Exposição de Motivos nº 088, de autoria do 
então Ministro da Justiça Bernardo Cabral, e da Ministra da Economia, 
Fazenda e Planejamento Zélia Cardozo de Mello, publicada no Diário do 
Congresso Nacional do dia 28 de março de 1990, que expunha como objetivo:
“Coibir a prática de crime contra a administração tributária, 
mediante a adoção de situações mais abrangentes do que as 
existentes.”
Tal episódio resultou na sanção da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 
1990, que definiu “crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as 
relações de consumo.” Contudo, no mesmo momento em que tipificava o 
delito de usurpação em seu artigo 18, ela alterava o Código Penal (Decreto-
Lei n° 2.848, de 07 de dezembro de 1940), inserindo o aludido artigo após o 
artigo 162 do CP, renumerando todos os artigos subsequentes.
05
 Esse fato teve como consequência a imediata manifestação de importantes 
segmentos da sociedade, ocasião em que o Poder Legislativo, por intermédio 
do Senador Jarbas Gonçalves Passarinho, protocolou em 17 de janeiro de 
1991 - em caráter de urgência - o anteprojeto referenciado de ¹Exposição de 
Motivos n° 03/91 almejando, com isso, restabelecer a numeração do Código 
Penal, então alterado, o que resultou na promulgação da Lei 8.176, de 08 de 
Fevereiro de 1991, que definiu em seu ²artigo 2º o “crime de usurpação”, tal 
como o conhecemos, incorporando-o integralmente no anteprojeto sob a 
forma de lei autônoma, vejamos: 
¹(...),
Concomitantemente, o anteprojeto, atendendo reivindicação 
de importantes segmentos da sociedade, particularmente 
magistrados, membros do Ministério Publico e advogados, 
restaura a numeração dos dispositivos do Decreto-Iei n° 2.848, 
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal Brasileiro, renumerados 
em decorrência do disposto no art. 18 da Lei n° 8.137, de 27 de 
dezembro de 1990, que acrescentou, ao Capitulo III do Título II 
06
1 in General Juarez Távora, Rev. Eng. Min. E Metalurgia, Vol. XXII, pg. 239.
do mencionado Código, dispositivo ampliando os crimes contra o 
patrimônio. 
Para tanto, propõe-se a revogação do dispositivo acrescentado 
ao Código Penal (art. 18 da Lei n° 8.137, de 1990), incorporando-o 
integralmente no anteprojeto. 
Por fim, tendo em vista a relevância da matéria, encarecemos 
a Vossa Excelência seja solicitada a apreciação do projeto em 
regime de urgência, nos termos do disposto no art. 64, § 1°, da 
Constituição. (Destacamos)
²Art. 2° Constitui crime contra o patrimônio, na modalidade 
de usurpação, produzir bens ou explorar matéria-prima 
pertencentes à União, sem autorização legal ou em desacordo 
com as obrigações impostas pelo título autorizativo.
Pena: detenção, de um a cinco anos e multa.
§ 1° Incorre na mesma pena aquele que, sem autorização legal, 
07
adquirir, transportar, industrializar, tiver consigo, consumir 
ou comercializar produtos ou matéria-prima, obtidos na forma 
prevista no caput deste artigo.
§ 2° No crime definido neste artigo, a pena de multa será fixada 
entre dez e trezentos e sessenta dias-multa, conforme seja 
necessário e suficiente para a reprovação e a prevenção do crime.
§ 3° O dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior a 
quatorze nem superior a duzentos Bônus do Tesouro Nacional 
(BTN). (Destacamos)
 Portanto, ao teor do que dispõe o texto frio da Lei, não só as condutas 
definidas como “produzir bens ou explorar matéria-prima pertencentes à 
União, sem autorização legal ou em desacordo com as obrigações impostas 
pelo título autorizativo” estão sujeitas a sanção (detenção, de um a cinco 
anos e multa), como também está sujeito àquele que, “sem autorização 
legal, adquirir, transportar, industrializar, tiver consigo, consumir ou 
comercializar produtos ou matéria-prima obtidos na forma prevista no 
caput deste artigo.”
08
 Diante do contexto real, sempre que o poder público administrante 
(DNPM/Órgãos Ambientais) constatar a existência ou indícios de atividade 
atentatória à citada lei, deverá adotar as seguintes providências:
• DNPM:
 
a) Lavratura do respectivo Auto de Interdição/Paralisação;
b) Lavratura do respectivo Termo de Apreensão de Bens Minerais, 
máquinas, veículos e equipamentos utilizados na prática do delito;
c) Formulação de exigências ao infrator consistentes em:
I – apresentar planta topográfica atualizada da área lavrada, 
georreferenciada, em escala adequada acompanhada das 
planilhas de campo e da ART;
II - apresentar os volumes de rocha explotado e comercializado 
09
desde a abertura da mina, descrevendo o método utilizado 
acompanhado da memória de cálculo e ART do técnico responsável 
pelo mesmo;
d) Aplicar as sanções administrativas previstas na legislação 
regulamentar (Código de Mineração, regulamentos e a legislação 
que os complementa);
e) Proceder à imediata comunicação dos fatos ao órgão ambiental,ao Ministério Público Federal e à Advocacia Geral da União para 
adoção das seguintes medidas (Parágrafo único, do artigo 9º da 
Portaria nº 144, de 2007, com a redação dada pela Portaria nº 564, 
de 19 de dezembro de 2008, publicada no DOU de 23 de dezembro 
de 2008):
I – Pelo órgão ambiental: adoção de medidas consistentes na 
recuperação/reparação ou compensação do dano ambiental, sem 
prejuízo das demais sanções previstas na legislação ambiental 
regulamentar;
10
II – Pelo Ministério Público Federal: determinar a abertura de 
Inquérito junto a Delegacia de Polícia Federal competente para a 
apuração dos fatos e, se for o caso, o ajuizamento da respectiva 
ação penal pela prática dos delitos capitulados nos artigos 2º 
da Lei nº 8.176, de 08 de Fevereiro de 1991, e 55 da Lei nº 9.605, 
de 12 de Fevereiro de 1998, sem prejuízo da competente ação 
Civil Pública visando a recuperação/reparação ou compensação 
do dano ambiental, bem como o ressarcimento ao erário pelo 
mineral ilegalmente comercializado;
III – Pela Advocacia Geral da União: ajuizamento da respectiva 
ação civil pública objetivando o seguinte:
III.I – bloqueio liminar dos bens, visando coibir a frustração da 
ação via esvaziamento patrimonial;
III.II – ressarcimento em favor da União, pelo montante 
correspondente ao volume do mineral irregularmente 
comercializado, conforme declarado quando do cumprimento das 
11
exigências formuladas pelo DNPM no “item c” desta, acrescidos 
de correção monetária, contados da efetivação da Notificação 
Judicial proposta pela AGU objetivando a cobrança (caso tenha 
sido realizada), ou da constatação dos fatos ou;
III.III - reparação e compensação financeira pelo dano ambiental, 
valor a ser revertido em favor do fundo de que trata o artigo 13 da 
Lei nº 7.347/1985, assim como a imposição de obrigação de fazer 
tendentes a recompor e compensar o dano, além do pagamento 
de honorários advocatícios não inferior ao mínimo legal previsto 
no artigo 20, §3 do CPC.
 
• Órgãos Ambientais:
a) Lavratura do respectivo Auto de Interdição/Paralisação;
b) Lavratura do respectivo Termo de Apreensão de Bens Minerais, 
máquinas, veículos e equipamentos utilizados na prática do delito;
12
c) Adoção de medidas objetivando a recuperação/reparação 
ou compensação do dano ambiental, sem prejuízo das demais 
sanções previstas na legislação ambiental regulamentar;
d) Aplicação de sanções administrativas previstas na legislação 
ambiental regulamentar;
e) Comunicação imediata dos fatos à: Delegacia de Polícia Civil 
ou Delegacia de Polícia Federal, Ministério Público Estadual ou 
Ministério Público Federal (a depender da região) para adoção 
das seguintes medidas:
I – Pela Delegacia de Polícia Civil/Federal: instauração de 
Inquérito Policial objetivando a apuração dos fatos e consequente 
indiciamento do infrator; 
II – Pelo Ministério Público: ajuizamento da respectiva ação penal 
pela prática do delito previsto no art. 55 da Lei nº 9.605, de 12 
de Fevereiro de 1998, ou imediata comunicação dos fatos ao 
Ministério Público Federal em decorrência do delito capitulado 
13
no art. 2º da Lei 8.176, de 08 de Fevereiro de 1991, sem prejuízo 
da competente ação Civil Pública objetivando a recuperação/
reparação ou compensação pelo dano ambiental e ressarcimento 
ao erário pelo mineral ilegalmente comercializado.
Tais hipóteses são muito comuns quando das vistorias para aprovação 
do Relatório Final de Pesquisa (RFP), emissão de Guia de Utilização (GU), 
Licença Ambiental (LP, LI e LO), fiscalizações rotineiras do Poder Público 
Administrante, incluindo-se neste o Ministério Público do Trabalho (MPT) ou 
por denúncias de terceiros. 
 A despeito de tanto, há quem diga que a atividade minerária se 
apresenta como responsável por grande parte dos problemas ambientais 
existentes, sobretudo pelo impacto visual de fácil e visível percepção, motivo 
pelo qual se espera que a cada dia novas leis sejam sancionadas e com 
punições ainda mais severas, o que é muito preocupante. 
 Conforme se observou alhures, infelizmente nossos legisladores 
são dotados de uma incomensurável capacidade de, num curto espaço de 
tempo, elaborar e sancionar leis sem se atentarem para a realidade concreta 
14
vivenciada pelo País, sobretudo por aqueles que serão alcançados por elas. 
 Observa-se que, no primeiro momento, a preocupação do legislador 
foi a de coibir a prática de crime mediante a adoção de situações mais 
abrangentes do que as existentes. Já no segundo momento, objetivou tão 
somente corrigir o equívoco constante da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro 
de 1990, que resultou na alteração da numeração dos artigos posteriores 
ao artigo 162 do Código Penal (Decreto-Lei n° 2.848, de 07 de dezembro de 
1940), conforme já exposto.
 Contudo, esqueceu-se o legislador de que “de nada valem os 
minérios debaixo da terra” , e que a atividade minerária é uma atividade 
lícita, complexa e altamente dispendiosa, sobretudo porque no Brasil todo 
o ônus do insucesso com o empreendimento recaem exclusivamente sobre 
os ombros do concessionário, ficando este à espera por anos e anos de uma 
simples autorização para início das atividades, fato que em muitos casos o 
obriga à adoção de medidas interpretadas como delituosas aos olhos frios da 
lei, mas que em verdade se apresentam como única forma de sobrevivência 
comercial. 
15
Nesse sentido, é de se reconhecer que a atividade mineral caracteriza-se 
por vultosos investimentos, longo prazo de maturação e alto risco. Desde 
um requerimento de pesquisa até a portaria de lavra em qualquer projeto 
médio, pode-se levar até dez anos com fluxo de caixa negativo. Para projetos 
maiores, o prazo de fluxo de caixa negativo até a Portaria de Lavra pode 
chegar a quinze anos.
De cada cem Requerimentos de Pesquisa, cerca de três se transformam em 
minas. Esse risco é maior no Brasil, porque o Poder Público não consegue 
fornecer dados confiáveis de geologia básica, que proporcione dados 
essenciais para o ponto de partida dos investimentos em mineração.
Diante desta realidade, não poderia o legislador pátrio legislar matéria 
tão complexa a “toque de caixa”, limitando-se a definir a ilegalidade de 
eventual atividade apenas em um único artigo sem, contudo, se ater para a 
tipificação de uma conduta intermediária, uma vez existir patente distinção 
entre atividade minerária “irregular²” e atividade minerária “clandestina³” 
e, sobretudo, a variedade de minérios e respectivos procedimentos 
exploratórios.
 
16
2 in De Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico, Ed. Forense, 15ª Ed., ano 1998, pg. 452
3 Idem, pg. 171
Exemplificativamente, citamos o setor minerário de rochas ornamentais, 
vejamos:
• A mineração de rochas ornamentais é a única dentre as atividades 
minerárias que se define pelo “momento”, situação essa inexistente nos 
demais ramos minerários, que por sua vez podem esperar pela inoperância 
dos órgãos administrantes sem risco de depreciação do valor do bem 
mineral a ser explorado;
• Isto se deve ao fato de que a rocha ornamental não é comercializada 
como commodities minerais. Logo, não é privilegiada como os demais bens 
minerais, cujo tempo atua no sentido a valorizá-los; 
• Possui vida útil restrita, uma vez que depende de fatores externos para 
prosperar, como por exemplo, o “modismo” do mercado consumidor;
• Quanto ao seu valor econômico, este só se define após complexo processo 
laborativo que envolve exclusivamente o esforço, comprometimento 
e persistência do concessionário, aliada à receptividade do mercado 
17
consumidor para aquele bem mineral específico, sendo que este - a 
qualquer momento - pode retornar ao estado de “RECURSO GEOLÓGICO” 
em decorrência da alternância do “modismo”, conforme explica Jorge 
Kazuo Yamoto4:
“Recurso e Reserva mineral possuem definições precisas, 
baseada na viabilidade econômica do bem mineral. Assim, as 
reservas fazem parte dos recursos minerais que são viáveis 
economicamente. Caso não haja viabilidade econômica, osrecursos permanecem apenas como recursos geológicos.” 
(Destacamos)
 Com todas as vênias, a atividade minerária merece respeito, uma vez 
que é uma atividade responsável pela geração de milhares de empregos, 
divisas, por manter o homem local empregado através do perfil de 
interiorização de desenvolvimento, haja vista tratar-se, também, de atividade 
que obrigatoriamente deve ser exercida onde a natureza acondicionou o bem 
mineral (rigidez locacional), além de proporcionar às populações existentes 
nos Municípios, onde se situam as jazidas, Índice de Desenvolvimento 
Humano (IDH) superior à média dos Estados onde se localizam5, merecendo 
18
4 in Avaliação e Classificação de Reservas Minerais, Ed. Universidade de São Paulo, ano 2001, pg. 9.
5 www.ibram.org.br
do poder público uma atenção totalmente diversa daquela constatada pelo 
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO em Sessão Ordinária que se realizou em 
23.11.20116, veja-se:
“(...) Extrai-se dos achados de auditoria, entretanto, a 
incompatibilidade da estrutura do DNPM, do corpo funcional 
e de seu orçamento ante a complexidade que encerram as 
atribuições e as competências do órgão regulador atreladas ao 
desenvolvimento econômico e ao exercício da soberania nacional 
no que se refere à exploração e aproveitamento das substâncias 
minerais.
Segundo informações prestadas pelo DNPM, os processos 
minerários levam, em médias, 12,2 anos para ter sua análise 
concluída, gerando um acúmulo nos estoques. Tal fato deve-se 
à escassez de funcionários e a insuficiências orçamentárias para 
custear as despesas com as fiscalizações nos locais de realização 
das pesquisas muitas vezes essenciais à aprovação do Relatório 
Final de Pesquisa – RFP. 
19
6 TC 011.720/2011-5
Além disso, não há critérios precisos para a seleção dos processos 
que serão analisados, restando privilegiados os requerentes que 
pressionam a autarquia que acabam por definir as prioridades do 
órgão. Os demais aguardam até 20 anos para ver a análise do seu 
processo concluída e seu eventual empreendimento muitas vezes 
inviabilizado, em alguns casos pelas mudanças nas condições 
de mineração em outros pela impossibilidade de espera por tão 
longo período (...). (Destacamos)
 
Logo, a atividade minerária não pode ser tratada com desprezo, como se ela 
tivesse surgido há pouco, trazendo consigo os males do mundo e, sobretudo, 
os da degradação ambiental.
A ineficiência do Poder Público Administrante decorrente da falta de 
estrutura vem conflitando com os objetivos precípuos do setor produtivo, 
de modo que a ausência de capitulação intermediária entre “irregular” e 
“clandestino” tem resultando em punições inconciliáveis com a grandeza 
e importância da atividade, levando, em certos casos, ao encerramento 
definitivo de empresas por força de pronunciamento judicial fundamentado 
nas limitações do artigo 2º da Lei nº 8.176, de 08 de Fevereiro de 1991.
20
Extrai-se do contexto, que desde a sanção da Lei nº 8.176, de 08 de 
Fevereiro de 1991, vários anos já se passaram sem que houvesse qualquer 
adequação legislativa que distinguisse “atividade minerária irregular” 
de “atividade minerária clandestina” com definições, tratamentos e 
sanções diferenciadas e não igualitárias como atualmente soe de ocorrer, 
contrariando, dessa forma, a noção de justiça brilhantemente definida pelo 
ilustre Desembargador Federal SOUZA PRUDENTE7: 
“A verdadeira igualdade consiste em tratar desigualmente os 
desiguais nos limites e no espaço de suas desigualdades.”
 
21
7 Apelação Cível nº 2816 MG 2001.38.00.002816-9.
Assim, nesse pulsante conflito apegamo-nos à importância da atividade 
eternizada pelo saudoso professor IVO FELISBERTO DE SOUZA8: 
“A mineração – qualquer que seja ela - não se define somente 
por tratar-se de atividade econômica de ordem essencial ao 
desenvolvimento do País, mas, sobretudo, pelo romantismo que 
a envolve. 
Uma vez definida pela rigidez locacional, o minerador 
obrigatoriamente deve exercer a atividade onde a natureza 
acondicionou o bem mineral, fato esse que obrigatoriamente 
propicia a criação de oportunidades variadas naqueles locais 
mineralizados. 
Em outras palavras, caso o mármore do inferno seja 
economicamente viável, terá o minerador que sentar-se à mesa 
com o diabo, negociar royalties, instituir servidão mineral, pagar 
pela ocupação e, sobretudo, contratar a mão de obra daqueles 
diabinhos que residem nas proximidades do empreendimento 
para nele atuar”. 
22
8 Precursor da mineração de mármore e calcita no Estado do Espírito Santo.
Dr. Artur Vargas
Advogado
ARTUR MENDONÇA VARGAS JÚNIOR é 
advogado, inscrito na OAB sob os nos 16.153-
ES e 161.870-MG, especializado em Legislação 
Minerária e Ambiental, sócio proprietário 
do escritório Miranda & Vargas Advogados 
(www.mirandavargas.com.br), possui vários 
artigos publicados sobre mineração e meio 
ambiente. 
Sobre o autor
O instituto Minere é uma organização especializada em desenvolvimento de capacidades 
e tecnologia para profissionais e empresas do setor de mineração, geologia e meio 
ambiente.
Qual o nosso negócio?
Aperfeiçoar a capacidade de geração de valores e desenvolver tecnologias que 
proporcionem auto realização das pessoas e o sucessos das iniciativas empreendedoras.
Que marca queremos deixar?
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competitividade, lucro e relacionamento com seus stakeholders.
31 3657-5578 | WhatsApp: 99355-8384 - contato@institutominere.com.br
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