Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
WILLIAM FREIRE RISCOS JURÍDICOS NA MINERAÇÃO WILLIAM FREIRE é advogado formado pela UFMG. Autor de diversos livros de Direito Minerário e Direito Ambiental. Professor de Direito Minerário em vários cursos de pós-graduação. Fundador do Instituto Brasileiro do Direito da Mineração — IBDM. Árbitro da Câmara de Mediação e Arbitragem Empresarial Brasil – CAMARB. Diretor do Departamento do Direito da Mineração do Instituto dos Advogados de Minas Gerais. RISCOS JURÍDICOS NA MINERAÇÃO BELO HORIZONTE 2019 WILLIAM FREIRE RISCOS JURÍDICOS NA MINERAÇÃO 2019 Todos os direitos reservados Editora Jurídica Rua Paraíba, 476, sala 402 CEP: 30130-141, Belo Horizonte, MG Copyright © William Freire Copyright © Editora Jurídica Todos os direitos reservados Capa: Ludmila Andrade Rennó SUMÁRIO PREFÁCIO ...................................................................................................................9 PESQUISA ..................................................................................................................13 FASE DE PESQUISA MINERAL ...........................................................................15 PESQUISA EM ÁREA DEGRADADA ............................................................................................... 15 RESISTÊNCIA DO PROPRIETÁRIO OU POSSUIDOR DO IMÓVEL .................................. 15 PROCEDIMENTO JUDICIAL PARA AVALIAÇÃO DE RENDAS E DANOS ......................17 NECESSIDADE DE OCUPAR IMÓVEL VIZINHO PARA A PESQUISA ..............................17 NECESSIDADE DE ADICIONAR OU ALTERAR SUBSTÂNCIA ........................................... 18 TAXA ANUAL POR HECTARE (TAH) ............................................................................................. 18 PRORROGAÇÃO DO PRAZO DO ALVARÁ DE PESQUISA .................................................. 19 CONTINUIDADE DOS TRABALHOS DE PESQUISA APÓS A ENTREGA DO RFP ...............................................................................................................20 ANÁLISE DO RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA ..................................................................... 21 MUDANÇA DE REGIME ...................................................................................................................... 22 GUIA DE UTILIZAÇÃO — GU .............................................................................. 23 INFOGRÁFICO I ...................................................................................................24 RISCOS NA FASE DE PESQUISA .........................................................................24 LAVRA ....................................................................................................................... 27 FASE DE REQUERIMENTO DE LAVRA .............................................................29 PRORROGAÇÃO DO PRAZO PARA REQUERER A LAVRA ................................................29 CUMPRIMENTO DE EXIGÊNCIAS .................................................................................................29 INTERAÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO MINERÁRIO E AMBIENTAL ........30 INÉRCIA DOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS .......................................................................................... 31 ATUALIZAÇÃO DO PAE ANTES DA OUTORGA DA CONCESSÃO DE LAVRA .......... 31 SERVIDÃO MINERAL APÓS APRESENTAÇÃO DO REQUERIMENTO DE LAVRA ................................................................................................... 32 SERVIDÃO MINERAL ANTES DA CONCESSÃO DE LAVRA .............................................. 33 DESAPROPRIAÇÃO DE IMÓVEL EM FAVOR DO EMPREENDIMENTO MINERAL ...................................................................................................... 33 FASE DE LAVRA .................................................................................................34 PRORROGAÇÃO DO PRAZO PARA INICIAR A LAVRA ........................................................ 34 CUMPRIMENTO DO PLANO DE APROVEITAMENTO ECONÔMICO (PAE) ............. 34 SUSPENSÃO DA LAVRA ..................................................................................................................... 35 CUMPRIMENTO DAS NORMAS REGULADORAS DE MINERAÇÃO – NRM ..............36 NECESSIDADE DE ÁREA DE SERVIDÃO MINERAL APÓS O INÍCIO DA LAVRA .....36 RISCOS NA RELAÇÃO COM O SUPERFICIÁRIO ......................................................................37 APROVEITAMENTO DE ESTÉREIS E REJEITOS .....................................................................38 REQUERIMENTO DE TERCEIRO SOBRE PILHAS DE ESTÉRIL E BARRAGENS DE REJEITO DO MINERADOR .............................................38 CONTRATO DE ARRENDAMENTO............................................................................................... 39 RISCOS COMO ARRENDANTE ....................................................................................................... 39 RISCOS COMO ARRENDATÁRIO .................................................................................................. 40 INFOGRÁFICO II ...................................................................................................41 RISCOS NA FASE DE LAVRA ................................................................................41 REGIME DE LICENCIAMENTO MINERAL ...............................................................45 CONTRATO COM O PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL ................................................................46 PRORROGAÇÃO DO TÍTULO ..........................................................................................................46 RISCOS RELACIONADOS À EXTRAÇÃO .................................................................................... 47 ALTERAÇÃO DE REGIME ................................................................................................................... 47 INFOGRÁFICO III .................................................................................................48 RISCOS NO LICENCIAMENTO MINERAL ...........................................................48 RISCOS COMUNS ......................................................................................................51 RISCOS COMUNS AOS DIVERSOS REGIMES DE EXPLORAÇÃO MINERAL ............................................................................. 53 SIGILO DOS PROCESSOS MINERÁRIOS .................................................................................... 53 INÉRCIA DA AGÊNCIA NACIONAL DA MINERAÇÃO – ANM ............................................ 54 DISPUTA POR PRIORIDADE ............................................................................................................. 54 INVASÃO DE ÁREAS DE DIREITOS MINERÁRIOS ................................................................. 55 BARRAGENS DE REJEITOS ..............................................................................................................56 INTERFERÊNCIA COM UNIDADE DE CONSERVAÇÃO .......................................................57 INTERFERÊNCIA COM TERRAS INDÍGENAS............................................................................57 CONFLITOS COM OUTROS EMPREENDIMENTOS DE INTERESSE PÚBLICO ....... 58 PRAZOS NA LEGISLAÇÃO MINERAL .......................................................................................... 58 GESTÃO FUNDIÁRIA............................................................................................................................ 59 DISPONIBILIDADE ............................................................................................................................... 60 RELATÓRIO ANUAL DE LAVRA — RAL ...................................................................................... 60 CADASTRO DE TITULARES DE DIREITOS MINERÁRIOS – CTDM ................................. 61 DISPENSA DE TÍTULO MINERÁRIO ..............................................................................................61 DIREITO MINERÁRIO EM FAIXA DE FRONTEIRA ................................................................. 62 RESPONSABILIDADE DO MINERADOR EM MATÉRIA DE TRANSPORTE DE CARGAS EM RODOVIAS .............................................................................63 AUSÊNCIA DE GESTÃO ESTRATÉGICA DO PATRIMÔNIO MINERAL ..........................63 TRIBUTÁRIO .............................................................................................................65 OPORTUNIDADES EM RELAÇÃO À TRIBUTAÇÃO ..........................................67 PENAL...................................................................................................................... 69 RISCOS EM MATÉRIA PENAL ............................................................................71 CRIME DE USURPAÇÃO ...................................................................................................................... 71 CRIMES AMBIENTAIS ........................................................................................................................... 71 POSFÁCIO ................................................................................................................. 73 ANEXOS .................................................................................................................... 77 CÓDIGO DE MINERAÇÃO ..................................................................................79 REGULAMENTO DO CÓDIGO DE MINERAÇÃO ..............................................114 PREFÁCIO 11 A atuação no setor mineral é, sem dúvida, grande desafio. A legislação mineral, desatualizada e, em grande medida, desorganizada, é fonte de parte dos problemas. As dificuldades aumentam sempre que novas normas surgem. Recentemente, entraram em vigor a Lei 13.540/2017, que alterou a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais – CFEM, e a Lei 13.575/2017, que criou a Agência Nacional de Mineração — ANM. Foi publicado o Decreto nº 9.587/2018, que instalou a ANM e, como consequência, iniciou a vigência do novo Regulamento do Código de Mineração — Decreto nº 9.406/2018. A ANM vem publicando suas Resoluções, atualizando as normas do Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, o qual substituiu. Além das mudanças normativas, que por si só causam necessidade de adaptações nas empresas, a mineração está sujeita a riscos específicos da atividade. Embora os problemas sejam inúmeros e muitas vezes bem específicos, os mais de 25 anos de atuação na área do Direito da Mineração nos permitiram compreender as situações vividas pelos mineradores. A partir dessa experiência, preparamos este livro com a relação dos riscos (e algumas oportunidades) mais comuns para as empresas de mineração e sua cadeia produtiva. O texto está acompanhado, ao final, de esquemas ilustrativos (infográficos), com indicação de riscos nas fases do processo administrativo minerário. Embora o conteúdo seja fruto da visão de advogados, pode ser lido e compreendido pelos diversos profissionais da mineração. 12 Não é o objetivo do livro apresentar as soluções para todos os casos, uma vez que as situações precisam ser analisadas em sua singularidade. Apesar disso, entendemos que ele poderá contribuir com o primeiro passo necessário para evitar qualquer problema: a identificação do risco. William Freire Belo Horizonte, janeiro de 2019. PESQUISA 15 FASE DE PESQUISA MINERAL PESQUISA EM ÁREA DEGRADADA Ao se decidir realizar a pesquisa mineral, o minerador poderá se deparar com uma área sem indícios de atividades anteriores ou poderá encontrar a área já degradada (por atividade mineral ou não). Nesse segundo cenário, é importante que o minerador adote medidas preventivas para evitar que a responsabilidade pelos danos recaia sobre ele. O registro prévio dessa situação, de forma profissional, e a tomada de providências imediatas evitam futura responsabilização. RESISTÊNCIA DO PROPRIETÁRIO OU POSSUIDOR DO IMÓVEL A Constituição brasileira estabelece a divisão da propriedade do imóvel e dos recursos minerais e confere à União a propriedade sobre esses recursos. A União dá ao minerador o consentimento para realizar pesquisa ou lavra nos vários regimes, sendo que, em regra1, não precisará da anuência do superficiário (proprietário ou possuidor do imóvel) para executá-la. Muitas vezes o superficiário opõe resistência contra a mineração, impedindo o acesso à área ou, em alguns casos, até constituindo unidade 1 Como será tratado adiante, no regime de Licenciamento Mineral, a legislação exige que o titular seja proprietário do imóvel ou tenha autorização expressa do proprietário. 16 de conservação ambiental ou reserva legal sobre seu imóvel. Nesses casos em que é oferecido algum tipo de resistência, há alternativas legais para superá-la. Em boa parte das vezes, a melhor opção é realizar acordos com os superficiários, que precisam ser bem formulados, para não se tornarem fontes de problemas futuros. O Novo Regulamento do Código de Mineração acrescentou ainda mais importância para esses acordos. Antes da sua vigência, salvo raríssimas exceções, o minerador estava autorizado somente a realizar atividades de pesquisa durante o prazo do Alvará de Pesquisa ou após a publicação da Portaria de Lavra. Então, era comum que a vigência dos acordos fosse estabelecida com base no prazo do Alvará. O Regulamento admite a continuidade das pesquisas em determinadas situações (fora do período originalmente estabelecido no Alvará de Pesquisa), como nas hipóteses de pedido de prorrogação tempestivamente formulado e após a entrega tempestiva do Relatório Final de Pesquisa. É importante, portanto, que sejam bem definidos os direitos e as obrigações das partes nesses períodos. Com isso em vista, a abrangência do objeto do acordo com os superficiários, entre outras coisas, pode envolver: • Acordo para pesquisa simples; • Acordo com previsão de atividades após o Relatório Final de Pesquisa; • Acordo com previsão de Guia de Utilização; • Acordo com previsão de prorrogação da Autorização de Pesquisa; • Acordo com previsão de Servidão Mineral. A melhor opção deve ser definida com base nas particularidades do caso concreto. 17 PROCEDIMENTO JUDICIAL PARA AVALIAÇÃO DE RENDAS E DANOS A principal forma de vencer a resistência do superficiário na fase de pesquisa é o processo judicial de avaliação de rendas e danos, em que se busca decisão judicial de imissão de posse do minerador na área a ser pesquisada e, também, a quantificação do valor a ser pago ao superficiário. O Código de Mineração estabelece que, na ausência de acordo com os proprietários ou posseiros do imóvel, a ANM enviará ofício ao Juiz da Comarca onde está situada a jazida para iniciar o procedimento de avaliação de rendas e danos. Entretanto, o minerador pode, voluntariamente, iniciar esse procedimento. Assim, estrategicamente, levando em conta os riscos e oportunidades de uma outra alternativa, deve decidir se inicia o procedimento por sua própria conta ou se aguarda o envio do ofício pela ANM. De aparência simples, o procedimento de avaliação judicial de rendas e danos contém especificidades que, se forem ignoradas, podem levar ao insucesso do processo judicial. A consequência de um procedimento judicial malconduzido é o atraso no ingresso no imóvel, o que gera a necessidade de requerer a prorrogação do prazo do Alvará de Pesquisa e, em casos críticos, pode colocar o direito minerário em risco. NECESSIDADE DE OCUPAR IMÓVEL VIZINHO PARA A PESQUISA De maneira geral, os trabalhos de pesquisa são realizados dentro do polígono da Autorização de Pesquisa. Entretanto, em caso de necessidade, 18 é possível ocupar, também, imóveis vizinhos. Nessa hipótese, é necessário verificar a melhor forma, se por acordo com os superficiários ou se por procedimento judicial. É preciso avaliar eventual risco de conduzir um procedimento judicial para acessar essas áreas e aguardá-lopara iniciar as pesquisas. Isso porque há o risco da ANM não considerar a demora desse procedimento fundamento suficiente para a prorrogação do Alvará de Pesquisa, o que pode gerar a perda do direito minerário. NECESSIDADE DE ADICIONAR OU ALTERAR SUBSTÂNCIA Embora o requerimento de pesquisa tenha a indicação da substância a ser pesquisada, o minerador não está vinculado a ela, podendo adicionar ou alterar a substância do seu processo minerário. Entretanto, é necessário que isso seja feito observando as exigências legais, com a comunicação à ANM. O descumprimento dessa exigência é fundamento para a aplicação de multas pela ANM. TAXA ANUAL POR HECTARE (TAH) O titular do Alvará de Pesquisa é obrigado a pagar a Taxa Anual por Hectare (TAH) por cada ano em que estiver vigente o seu Alvará. O pagamento atrasado da TAH acarreta multa e o seu não pagamento após a imposição da multa é hipótese de perda da Autorização de Pesquisa. No caso de renúncia da Autorização de Pesquisa, o titular ficará desobrigado de pagar a TAH dos anos seguintes. Entretanto, é preciso que a renúncia seja protocolizada na ANM antes que o Alvará complete um ano de vigência. Exemplo: Se o Alvará tem validade de 05/05/2018 19 a 05/05/2021, para não pagar a TAH referente aos dois últimos anos, o titular deve protocolizar a renúncia, no máximo, até 04/05/2019. É preciso que o minerador fique atento a esses prazos, para que não tenha despesa adicional desnecessária. Possibilidades que devem ser avaliadas pelo minerador a fim de reduzir as despesas com pagamento de TAH são a desistência parcial do requerimento de pesquisa e a renúncia parcial da Autorização de Pesquisa. Nos casos em que o minerador consegue perceber, antes ou depois de obter o Alvará de Pesquisa, que somente parte da poligonal tem relevância, pode apresentar desistência parcial (se estiver na fase de requerimento) ou renúncia parcial (se estiver na fase de Autorização de Pesquisa) de modo a pagar apenas a TAH referente à área de interesse. PRORROGAÇÃO DO PRAZO DO ALVARÁ DE PESQUISA O requerimento de prorrogação do prazo do Alvará de Pesquisa deve ser realizado em até 60 dias antes do fim do prazo e deve ser fundamentado em alguma das hipóteses legais. O novo Regulamento do Código de Mineração dispõe que é possível apenas uma prorrogação com base na avaliação do desenvolvimento dos trabalhos de pesquisa. Admite-se mais de uma prorrogação somente nas hipóteses de impedimento de acesso à área ou falta de assentimento ou licença do órgão ambiental, desde que o minerador demonstre comportamento diligente e ausência de culpa na demora do processo judicial de avaliação de rendas e danos ou do processo ambiental. 20 Essa limitação aumenta a necessidade de boa gestão na realização da pesquisa mineral e acrescenta o risco de perda do direito para os processos minerários com primeira prorrogação já concedida. Outro foco de risco relacionado ao pedido de prorrogação do Alvará de Pesquisa é o Relatório Parcial de Pesquisa (RPP). O Código de Mineração determina que o pedido de prorrogação deve ser instruído com esse relatório. Especialmente nas situações em que o minerador não conseguiu iniciar as pesquisas ou obteve acesso tardio à área, existem questões importantes a serem avaliadas, com o objetivo de minimizar o risco de indeferimento do requerimento de prorrogação: (I) a quantidade de trabalho a ser demonstrada (II) se, considerando a impossibilidade fática da realização da pesquisa (pela impossibilidade de acesso ou por ausência de licença ambiental), seria possível requerer a prorrogação do prazo da autorização de pesquisa sem apresentar o RPP (apesar da disposição do Código de Mineração); e (III) as alternativas para os casos em que não há tempo para preparar o RPP. CONTINUIDADE DOS TRABALHOS DE PESQUISA APÓS A ENTREGA DO RFP É comum o minerador precisar realizar trabalhos adicionais de pesquisa mesmo após a entrega do Relatório Final de Pesquisa. O novo Regulamento do Código de Mineração trouxe modificações muito relevantes nesse aspecto. De acordo com a norma, é possível realizar a pesquisa após a entrega do RFP, mediante simples comunicação à ANM, desde que o objetivo seja o melhor detalhamento da jazida e a conversão de recursos em reservas para a instrução do Plano de Aproveitamento Econômico ou para o planejamento adequado do empreendimento. 21 Ainda não está claro, porém, quais atividades estão autorizadas e se o novo sistema conviverá com a antiga Autorização Especial de Pesquisa Essa indefinição gera risco considerável. Isso porque é possível que, após a realização da pesquisa, entenda-se que os trabalhos foram realizados sem autorização legal, o que poderia gerar, inclusive, responsabilização criminal. É importante entender bem a aplicação dessa regra, para maior celeridade do processo minerário e redução dos custos do projeto. ANÁLISE DO RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA A ANM, ao analisar o Relatório Final de Pesquisa (RFP), pode proferir quatro tipos de decisões, a depender do relatório: a) aprovação (quando o RFP, bem elaborado, concluir pela existência de jazida); b) não aprovação (quando entender que os trabalhos realizados foram insuficientes ou que o relatório possui deficiência técnica); c) arquivamento (quando o RFP, bem elaborado, concluir pela inexistência de jazida); e d) sobrestamento da decisão (quando ficar caracterizada a impossibilidade temporária da exequibilidade técnico-econômica da lavra). Antes de tomar a decisão, se for o caso, poderá formular exigências para melhor instrução do RFP. Essas exigências podem ser fonte de risco, por exemplo, por ausência de prazo hábil ou impossibilidade de cumprimento (exigência indevida). 22 Além disso, a decisão de não aprovação do RFP costuma gerar muitos problemas. Isso porque não há parâmetro claro e objetivo para definir a suficiência/insuficiência dos trabalhos ou a qualidade/deficiência técnica do relatório, havendo situações em que o julgamento realizado pelo técnico responsável pela análise do RFP pode ser questionado. Nesses casos, não é raro que, dentro da própria ANM, haja divergência de entendimento sobre o julgamento adequado. Para evitar que tenha o seu RFP não aprovado (e, consequentemente, perca a área), além de cuidar para que a pesquisa seja bem realizada e os dados adequadamente apresentados à ANM, é importante que o minerador avalie os fundamentos da decisão proferida, a fim de adotar as medidas na forma e prazo adequados. MUDANÇA DE REGIME As normas minerárias admitem a mudança de regime mineral de Autorização de Pesquisa para Licenciamento (Registro de Licença) ou Permissão de Lavra Garimpeira (PLG) ou vice-versa. Considerando que os regimes de Licenciamento e PLG possibilitam o início da lavra de forma mais célere, nos casos em que o minerador cumpre os requisitos para a mudança de regime e tenha bem avaliado as questões relacionadas à segurança jurídica do regime para o qual pretende migrar, a mudança de regime pode representar uma oportunidade. 23 GUIA DE UTILIZAÇÃO — GU A Guia de Utilização (GU) é o instrumento pelo qual a ANM dá ao minerador o consentimento para realizar extração de substâncias minerais antes da outorga da Concessão de Lavra. Vários são os pontos de risco relacionados à GU, como os períodos de validade em caso de prorrogações sucessivas (é comum que o minerador desconsidere eventual lacuna e tenha a lavra considerada irregular no período); a contagem do volume lavrado em caso de prorrogação; o licenciamento ambiental; a dificuldade para ingressar em imóvel de terceiro para realizar a lavra; a necessidade de vender o estoque do minério após o vencimento da GU; a relação contratual com o superficiário; a eventual necessidade de servidão mineral, entre outros. O novo Regulamento adicionou novas situações de risco, uma vez que trouxe grandes restrições à outorga da GU, se comparado com o regime anterior. As novas regras estabelecemque as GU serão emitidas apenas uma vez, pelo prazo de 1 a 3 anos, admitida apenas uma prorrogação. A principal questão, ainda sem resposta, é como serão aplicadas essas novas regras aos processos em curso. Na hipótese da ANM entender que deve aplicar as novas regras imediatamente para todos os casos, é possível, por exemplo, que empreendimentos planejados totalmente com base na possibilidade de obtenção da GU e respectivas prorrogações sejam inviabilizados. 24 INFOGRÁFICO I Clique na imagem para ampliar e visualizar na web. RISCOS NA FASE DE PESQUISA � Requerimento 1 ê Demora para publicar a autorização de pesquisa 2 ê Disputa por prioridade com terceiros 3 ê Requerimento em área com proteção ambiental 4 ê Exigências https://williamfreire.com.br/wp-content/uploads/2019/03/InfoGraficos_Cor-01.jpg https://williamfreire.com.br/wp-content/uploads/2019/03/InfoGraficos_Cor-01.jpg 25 5 ê Indeferimento do requerimento de pesquisa 6 ê Conflito com outros empreendimentos de utilidade pública � Autorização de pesquisa 7 ê Sigilo do processo administrativo 8 ê Pesquisa em área degradada 9 ê Resistência do proprrietário ou possuidor 10 ê Resistência da comunidade 11 ê Resistência do prefeito e pressões políticas 12 ê Necessidade de ocupar imóvel vizinho da autorização na fase de pesquisa 13 ê Procedimento judicial de avaliação de rendas e danos 14 ê Necessidade de adicionar ou alterar a substância 15 ê Necessidade de guia de utilização 16 ê Licença ambiental para Guia de Utilização - GU 17 ê Demora da ANM em analisar e publicar a GU � Guia de utilização 18 ê Dúvida no pagamento da CFEM na GU 26 19 ê Participação do proprietário no resultado da lavra na GU 20 ê Necessidade de prorrogar Guia de Utilização 21 ê Necessidade de prorrogar a autorização de pesquisa � Requerimento de prorrogação do prazo da autorização de pesquisa 22 ê Demora da ANM em analisar o pedido de prorrogação da autorização de pesquisa � Prorrogação da autorização de pesquisa � Protocolo do relatório final de pesquisa 23 ê Necessidade de continuar os trabalhos de pesquisa após o relatório final 24 ê Necessidade de autorização especial de pesquisa 25 ê Alteração de regime 26 ê Suspensão da análise do relatório final de pesquisa em razão de fatores técnicos ou econômicos 27 ê Exigências no relatório final de pesquisa.Exigências descabidas 28 ê Indeferimento do relatório final de pesquisa. Necessidade de recursos � Aprovação do relatório final de pesquisa LAVRA 29 FASE DE REQUERIMENTO DE LAVRA PRORROGAÇÃO DO PRAZO PARA REQUERER A LAVRA O prazo para requerer a lavra é de um ano, a contar da aprovação do Relatório Final de Pesquisa. Antes do fim do prazo, o minerador pode requerer sua prorrogação por igual período. O pedido de prorrogação deverá ser muito bem fundamentado, sob pena de caducidade do direito de requerer a lavra. A necessidade de prorrogar o prazo, portanto, pode colocar o direito minerário em risco. Por isso, é necessário definir a melhor forma de apresentar os dados e os fundamentos que justificam a prorrogação. CUMPRIMENTO DE EXIGÊNCIAS Exigências podem ser feitas em várias fases do processo administrativo minerário: para melhor instrução do requerimento (de pesquisa, licenciamento, permissão de lavra garimpeira), para correção de deficiência no Relatório Final de Pesquisa, para melhor instrução do Requerimento de Lavra etc. No que se refere especificamente às exigências para a melhor instrução do Requerimento de Lavra, o Novo Regulamento traz regras importantes. De acordo com a norma, o requerente terá o prazo de 60 dias para cumprir eventuais exigências formuladas, podendo o prazo ser prorrogado, em regra, apenas uma vez, por igual período. 30 Quando intimado, o minerador terá 6 meses para provar que iniciou o processo de licenciamento ambiental e deverá demonstrar à ANM, espontaneamente, a cada 6 meses, o andamento do licenciamento ambiental, até que a licença seja apresentada. O não cumprimento das exigências ou a não comprovação do início e desenvolvimento do licenciamento ambiental ocasiona o indeferimento do requerimento de lavra e o encaminhamento da área para procedimento de disponibilidade. Portanto, deve ser objeto de bastante atenção. Algumas situações são especialmente críticas, como nos casos de exigências indevidas e de prazo insuficiente (ainda que considerada a prorrogação admitida). Caso a caso, devem ser objeto de prévia e minuciosa avaliação de riscos. INTERAÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO MINERÁRIO E AMBIENTAL Para que possa dar início ao empreendimento mineiro, o minerador necessita de consentimentos dos órgãos regulatórios (ANM e MME) e dos órgãos ambientais. Os processos para obtenção desses consentimentos, entretanto, tramitam de forma separada. É preciso que o minerador conduza ambos os processos de forma diligente e integrada, cumprindo todos os prazos e realizando as devidas comunicações dos eventos do processo ambiental à ANM. Ponto relevante de atenção é o fato de que a outorga da Concessão de Lavra está vinculada à obtenção da Licença Ambiental de Instalação pelo minerador. 31 O Regulamento do Código de Mineração determina que, enquanto não obtém a referida licença, o minerador deve comunicar à ANM, de seis em seis meses, o andamento do processo ambiental. O minerador deve ter atenção para que, enquanto cuida do licenciamento ambiental, não se descuide do processo minerário, uma vez que isso pode gerar o indeferimento do requerimento de lavra (portanto, a perda do direito minerário). INÉRCIA DOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS A demora na análise dos processos administrativos ambientais é um dos grandes fatores de prejuízo para o minerador. Os órgãos ambientais têm prazo legal curto para analisar os processos administrativos. Em alguns casos, pode ser aconselhável adotar medidas judiciais para provocar a análise dos processos. ATUALIZAÇÃO DO PAE ANTES DA OUTORGA DA CONCESSÃO DE LAVRA O processo minerário está estruturado, inicialmente, para que o minerador apresente o Plano de Aproveitamento Econômico, obtenha a sua aprovação, consiga a Licença Ambiental e, enfim, seja outorgada a Concessão de Lavra. Não é raro que, em virtude da enorme demora da ANM em analisar o Plano de Aproveitamento Econômico (PAE) e por razões técnicas ou econômicas, o minerador tenha a necessidade de alterá-lo antes de ser publicada a Portaria de Lavra. Essa alteração, antes ou depois da análise e aprovação do PAE, é possível, mas deve ser feita de maneira adequada, 32 sob pena de grande atraso no processo minerário e comprometimento do projeto. Na hipótese do novo PAE ser apresentado enquanto pendente a obrigação de comprovação (a cada seis meses) de andamento do processo de licenciamento ambiental, é preciso que o minerador avalie se mantém a comunicação a respeito do licenciamento ou se deixa de cumprir essa obrigação, em virtude da sua incompatibilidade com a pretensão de aprovação do novo PAE. SERVIDÃO MINERAL APÓS APRESENTAÇÃO DO REQUERIMENTO DE LAVRA A servidão mineral é o instrumento jurídico que possibilita ao minerador ter acesso à área de terceiro, para a execução de empreendimento minerário. A constituição da servidão é possível tanto no polígono do direito minerário como nas áreas externas que forem necessárias ao empreendimento. O procedimento de servidão possui duas fases: uma administrativa e outra judicial. Ao final da fase administrativa, a ANM emite o Laudo de Servidão, reconhecendo a necessidade e adequação do tamanho da área requerida. Posteriormente, esse laudo instruirá processo judicial para que ocorra a constituição da servidão sobre o imóvel. O requerimento administrativo de servidão pode ser realizado a partir da apresentação do PAE até o fim do empreendimento. A forma e o momento de requerer a servidão mineral demandam decisão estratégica, devendo, entre outras coisas, serem analisados o melhor momento para o requerimento, a real necessidade,os custos envolvidos e a celeridade de cada alternativa. 33 SERVIDÃO MINERAL ANTES DA CONCESSÃO DE LAVRA É comum situação em que o órgão ambiental exige o consentimento do proprietário do imóvel para emitir a Licença Ambiental de Instalação, o que é essencial para que o minerador obtenha a Concessão de Lavra. Nesse caso, é possível ocorrer um grande entrave: o minerador não consegue a LI porque não possui o consentimento do superficiário. Sem a LI não consegue a Concessão de Lavra e sem a Concessão de Lavra, pelo procedimento tradicional, não consegue a servidão mineral. Nessa situação, pode-se buscar a antecipação da servidão mineral pela ANM. DESAPROPRIAÇÃO DE IMÓVEL EM FAVOR DO EMPREENDIMENTO MINERAL A lei que criou a ANM (Lei nº 13.575/2017) e o Novo Regulamento do Código de Mineração estabeleceram a possibilidade de a Agência declarar imóvel de terceiro como de utilidade pública para fins de desapropriação. Ainda há diversas dúvidas sobre a utilização do instituto, mas, com certeza, trata-se de oportunidade que poderá ser aproveitada pelos mineradores FASE DE LAVRA PRORROGAÇÃO DO PRAZO PARA INICIAR A LAVRA O Código de Mineração estabelece prazo de 6 meses para o minerador iniciar os trabalhos de lavra após a publicação da Portaria de Lavra. Esse prazo, porém, pode ser prorrogado. O requerimento de prorrogação do início da lavra deve ser bem justificado, sob pena de ser indeferido e, como consequência, o minerador ser obrigado a iniciar a lavra em momento inoportuno ou colocar o direito minerário em risco ( já que o descumprimento dos prazos de início da lavra é hipótese de perda da Concessão). CUMPRIMENTO DO PLANO DE APROVEITAMENTO ECONÔMICO (PAE) O Plano de Aproveitamento Econômico (PAE) é o guia do empreendimento minerário. O seu descumprimento sujeita o minerador a variados riscos. A lavra exercida em desconformidade com o PAE pode ser considerada ambiciosa, hipótese de multa e de caducidade (perda) da Concessão de Lavra. É comum que alguns mineradores lavrem em quantidades bem inferiores ao previsto no PAE, quando, por razões técnicas e/ou econômicas, a lavra está inviável, mas não querem requerer a suspensão da lavra. Essa lavra é considerada simbólica e também sujeita o minerador a multa por descumprimento do PAE e, em situações extremas, à perda do direito minerário. 35 Outra situação de risco relacionada ao PAE está na hipótese contrária: a realização de lavra acima do limite estabelecido. Essa situação, em alguns casos, pode gerar responsabilização administrativa, civil e criminal. Para minimizar esses riscos, é importante que o minerador esteja sempre atento à necessidade de alterar o seu PAE. Deverá, para tanto, levar em consideração o grande tempo que a ANM costuma demorar para aprovar as alterações no plano, requerendo as alterações com a máxima antecedência possível. São muito relevantes as alterações promovidas pela Portaria DNPM nº 70.507/2018, que admite que determinadas modificações no empreendimento sejam realizadas sem prévia aprovação da ANM, mediante apresentação de Projeto Executivo. Dessa forma, o minerador deverá sempre ter em mente quais alterações no plano de lavra demandam a elaboração e a aprovação de um novo PAE e quando é possível a simples apresentação de um Projeto Executivo para implementar as modificações. SUSPENSÃO DA LAVRA O exercício da lavra, além de um direito decorrente da Concessão de Lavra, também é um dever de seu titular. Portanto, o minerador somente poderá suspender a lavra nas hipóteses legalmente estabelecidas. O Código de Mineração exige requerimento fundamentado e instruído com relatório contendo: a) os trabalhos efetuados; b) o estado da mina e suas possibilidades futuras. O novo Regulamento do Código de Mineração trouxe a novidade de autorizar a suspensão da lavra enquanto o minerador aguarda a decisão do requerimento de suspensão pela ANM. 36 A suspensão da lavra sem a formalização do requerimento é passível, inicialmente, de multa e, posteriormente, pode gerar a caducidade do direito minerário. Além dos cuidados prévios para a suspensão, é importante que o minerador também se atente para as normas a respeito da retomada da lavra, a fim de que sua atividade não seja considerada irregular. CUMPRIMENTO DAS NORMAS REGULADORAS DE MINERAÇÃO – NRM A atividade de mineração é regida, entre outras normas, pelas chamadas Normas Reguladoras de Mineração – NRM, que estabelecem várias regras para a lavra, beneficiamento, disposição de estéreis e rejeitos, suspensão e retomada da lavra, proteção ao trabalhador, fechamento de mina e outras. O descumprimento de qualquer dessas regras pode gerar a aplicação de multa pela ANM. Em alguns casos, servidores da Agência têm sustentado a aplicação de várias multas, com base no descumprimento de diversos dispositivos das NRM decorrentes da prática de apenas um ato, fazendo com que o valor total das multas torne-se bastante considerável. NECESSIDADE DE ÁREA DE SERVIDÃO MINERAL APÓS O INÍCIO DA LAVRA Muitas vezes o minerador obtém a Concessão de Lavra sem a necessidade de constituir servidão mineral mas, com o desenvolvimento do projeto, passa a ter necessidade de expandir as áreas de servidão que possuía. A forma e o momento de requerer a servidão mineral demandam decisão estratégica, devendo, entre outras coisas, serem analisados o melhor 37 momento para o requerimento, a real necessidade, os custos envolvidos e a celeridade de cada alternativa. RISCOS NA RELAÇÃO COM O SUPERFICIÁRIO O minerador que não é proprietário do(s) imóvel(is) necessário(s) ao seu empreendimento possui algumas alternativas para executar o seu projeto. Uma delas é a constituição judicial de servidão mineral. Entretanto, muitas vezes a melhor solução é celebrar contrato(s) com o(s) superficiário(s). Esses contratos costumam ser fontes de problemas. Vários são os modelos de contratos possíveis e o minerador deve estar atento às possibilidades para que celebre o contrato adequado às suas necessidades e inclua cláusulas que minimize os riscos. Alguns exemplos de situações que costumam gerar problemas: • Imóvel em inventário ou com mais de um proprietário; • Imóvel invadido; • Área de utilização do imóvel mal dimensionada; • Valores estabelecidos com base em cenário econômico favorável que, posteriormente, tornam-se muito onerosos para o minerador; • Pagamento incorreto de CFEM e, como consequência, da Participação do Proprietário no Resultado da Lavra – PPRL, que pode gerar crédito (se a CFEM foi paga a maior) ou débito (se a CFEM foi paga a menor) para o minerador em relação ao superficiário. É preciso atenção para as áreas que são utilizadas sem acordo com o superficiário, uma vez que existe a possibilidade do minerador ser futuramente executado pelo superficiário. 38 APROVEITAMENTO DE ESTÉREIS E REJEITOS É comum em alguns empreendimentos que, por razões técnicas ou econômicas, aquilo que era considerado estéril ou rejeito passe a ter valor econômico e o minerador deseje realizar o seu aproveitamento. O aproveitamento realizado sem a observância das normas minerárias é passível de grave responsabilização nas esferas administrativa, cível e criminal. O Novo Regulamento indica que o procedimento para o aproveitamento de estéreis e rejeitos de mineração será simplificado em futura Resolução da ANM. Atualmente, porém, o procedimento é bastante demorado, uma vez que exige elaboração e aprovação de relatório de reavaliação de reservas e de novo PAE. REQUERIMENTO DE TERCEIRO SOBRE PILHAS DE ESTÉRIL E BARRAGENS DE REJEITO DO MINERADOR As pilhas de estéril e as barragens de rejeito, especialmente quando localizadas fora do polígono do direito minerário, costumam ser visadas por terceiros, que requerem direito minerário sobre essas áreas, muitas vezes com fins especulativos. A ANM entende que o aproveitamento do rejeito e do estéril, enquanto perdurar a atividade de lavra, ainda que suspensa, é direitodo titular do direito minerário, mesmo que esses materiais estejam alocados fora de sua poligonal. Portanto, rejeito e estéril não podem ser aproveitados por terceiros. 39 Apesar disso, há risco de outorga de direito minerário sobre essas áreas, já que em grande parte das vezes a ANM não terá e não buscará a informação a respeito da existência de estéril ou rejeito sobre a área requerida. Assim, é importante fazer boa gestão sobre essas áreas, para evitar que algum processo de terceiro avance e tenha direito minerário outorgado sobre elas. CONTRATO DE ARRENDAMENTO O arrendamento é o instrumento por meio do qual o titular do direito minerário transfere temporariamente a terceiro o direito de exploração da jazida, sem que haja a transferência do título minerário. O arrendamento pode ser realizado total ou parcialmente. É cabível apenas nos títulos de Concessão de Lavra e de Manifesto de Mina, e demanda anuência e averbação do contrato na ANM. Há riscos relacionados ao contrato de arrendamento tanto para o arrendante como para o arrendatário. RISCOS COMO ARRENDANTE Apesar de não exercer diretamente a exploração da jazida mineral, a ANM entende que o arrendante (titular do direito minerário) responde solidariamente com o arrendatário (aquele que recebe o direito de explorar a jazida durante o prazo do contrato) por todas as obrigações. Em razão disso, o arrendante deverá gerir de forma atenta o contrato de arrendamento, assim como acompanhar o desenvolvimento dos processos administrativos minerário e ambiental, com o intuito de inibir comportamentos do arrendatário que possam gerar sanções cíveis, 40 penais e administrativos, bem como aqueles que possam gerar a perda do direito minerário. Deve também acompanhar o cumprimento das obrigações relacionadas à CFEM e à relação com os superficiários, já que o pagamento incorreto, nessas situações, pode gerar débito ao arrendante. RISCOS COMO ARRENDATÁRIO O arrendatário responde solidariamente com o arrendante por todas as obrigações minerárias. Além disso, só poderá iniciar as atividades de lavra após a averbação do contrato de arrendamento. É comum que os contratos de arrendamento prevejam sanções adicionais aos arrendatários pelo descumprimento de obrigações legais e eventual responsabilização do arrendante, o que aumenta a necessidade de boa gestão da operação e da condução do processo minerário. Na gestão do contrato, algumas situações devem ser analisadas pelo arrendatário, como a eventual alteração na relação negocial entre as partes (o que pode demandar a celebração de termo aditivo) e a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, que pode ser impactado, por exemplo, por alterações no cenário econômico. 41 INFOGRÁFICO II Clique na imagem para ampliar e visualizar na web. RISCOS NA FASE DE LAVRA 1 ê Sigilo do processo administrativo 2 ê Necessidade de prorrogar prazo para requerer a lavra 3 ê Conflito com outro empreendimento de utilidade pública � Requerimento de lavra 4 ê Demora da ANM em analisar o Plano de Aproveitamento Econômico (PAE) https://williamfreire.com.br/wp-content/uploads/2019/03/InfoGraficos_Cor-02.jpg 42 5 ê Necessidade de alterar o PAE antes de sua análise 6 ê Dificuldade de acordo com o proprietário do imóvel 7 ê Atraso na licença ambiental 8 ê Cumprimento de exigências 9 ê Requerimento de servidão mineral antes ou após aprovação do PAE 10 ê Necessidade de alterar o PAE já aprovado antes da concessão de lavra � Concessão de lavra 11 ê Antecipação da publicação da servidão mineral antes da concessão de lavra 12 ê Necessidade de Prorrogar o prazo para iniciar a lavra 13 ê Resistência do proprietário do imóvel 14 ê Dúvida no pagamento da CFEM 15 ê Pagamento da participação do proprietário no resultado da lavra - PPRL 16 ê Necessidade de servidão mineral sobre imóvel de terceiro 17 ê Necessidade de servidão mineral sobre direito minerário de terceiro 18 ê Desapropriação de imóvel em favor da lavra 43 19 ê Conflito com empreendimentos imobiliários 20 ê Aproximação de núcleos urbanos 21 ê Criação de restrição ambiental sobre o direito minerário 22 ê Interferências políticas sobre a mineração 23 ê Cumprimento das obrigações relacionadas às barragens 24 ê Renovação da licença ambiental 25 ê Aproveitamento de estéreis e rejeitos 26 ê Requerimento de terceiro sobre pilha de estéril e barragem de rejeitos do minerador 27 ê Riscos dos contratos de cessão total ou parcial 28 ê Demora da ANM em averbar o contrato de cessão 29 ê Riscos em contratos de arrendamento total ou parcial 30 ê Demora da ANM em averbar o contrato de arrendamento 31 ê Contrato de arrendamento extremamente oneroso que necessita revisão 32 ê Problemas com arrendatário � Renovação das licenças ambientais 33 ê Necessidade de suspender atividades 44 34 ê Descumprimento do PAE e riscos para o direito minerário 35 ê Necessidade de alterar o método de lavra 36 ê Lavra abaixo ou acima do limite do PAE 37 ê Aditamento de substância 38 ê Demora da anm em analisar o aditamento da substância 39 ê Ampliação do empreendimento 40 ê Demora da anm em analisar o novo pae da ampliação 41 ê Necessidade de alterar ou ampliar servidão 42 ê Risco de terceiro requerer servidão mineral sobre direito minerário da empresa 43 ê Necessidade de revisão do contrato de servidão 44 ê Lavra fora dos limites da concessão de lavra 45 ê Risco de crime de usurpação 46 ê Risco de crime ambiental � Exaustão da jazida 47 ê Cuidados com o descomissionamento da mina 48 ê Necessidade de monitoramento pós-fechamento da mina � Extinção do processo administrativo � Baixa no licenciamento ambiental REGIME DE LICENCIAMENTO MINERAL 46 O regime de Licenciamento Mineral (ou Registro de Licença) possui muitas particularidades. A sua outorga está condicionada à obtenção de Licença Municipal (pela autoridade competente do Município onde está localizada a jazida) e à autorização do proprietário do imóvel. Essas particularidades geram riscos relevantes para os direitos minerários nesse regime, além de vários daqueles mencionados acima, referentes à fase de lavra. CONTRATO COM O PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL Considerando que a autorização do proprietário do imóvel é requisito para a validade do direito minerário, algumas situações geram riscos específicos, tais como: contratos por prazo indeterminado; contratos com possibilidade de retomada mediante simples notificação; contratos celebrados apenas com parte dos proprietários; contratos não averbados no cartório imobiliário; contratos sem cláusula de que o novo adquirente deve respeitar o contrato com o minerador. PRORROGAÇÃO DO TÍTULO O prazo do Registro de Licença está vinculado ao menor prazo entre aquele previsto na Licença Municipal e aquele do contrato com o proprietário do imóvel. A ANM exige, antes do vencimento de qualquer desses documentos, que o minerador apresente requerimento de prorrogação e junte novo documento com prazo vigente. Dessa forma, eventual dificuldade para obter a renovação da Licença Municipal ou da autorização do proprietário do imóvel pode resultar na perda do direito minerário. Por isso, é importante que o minerador busque a renovação com antecedência razoável, para que possa, no caso de 47 dificuldades, adotar as medidas necessárias para a preservação do seu direito de prioridade. Em caso de negativa injustificada da autoridade municipal à renovação da licença, é possível adotar medidas judiciais. RISCOS RELACIONADOS À EXTRAÇÃO O Regime de Licenciamento está restrito ao aproveitamento das substâncias minerais elencadas na Lei nº 6.567/1978. A lavra de substância não incluída no referido rol gera risco de responsabilização civil, administrativa e criminal. Também gera risco de responsabilização a venda do minério extraído sob esse regime para fins industriais. ALTERAÇÃO DE REGIME A mudança do Regime de Licenciamento para o Regime de Autorização de Pesquisaé admitida. Essa mudança, porém, pode ter alguns riscos para o minerador, especialmente considerando a relação existente entre o titular do direito e o proprietário do imóvel no regime de licenciamento. O titular do licenciamento, se continuar cumprindo os requisitos legais desse regime, poderá manter a lavra até obter a Concessão de Lavra, possibilitando que a mudança do regime ocorra sem que as atividades sejam suspensas. Entretanto, se a pesquisa for conduzida sem acordo com o proprietário do imóvel, há grande risco de suspensão. Na hipótese de contrato com prazo determinado, por exemplo, o superficiário poderá se negar a prorrogar o contrato. 48 Além disso, é possível que o proprietário do imóvel intervenha no processo administrativo minerário visando à manutenção do regime de licenciamento, que lhe pode ser mais favorável. INFOGRÁFICO III Clique na imagem para ampliar e visualizar na web. RISCOS NO LICENCIAMENTO MINERAL 1 ê Recusa do município em outorgar a licença mineral 2 ê Especificidades do contrato com o proprietário do imóvel 3 ê Contrato por prazo indeterminado e risco de retomada https://williamfreire.com.br/wp-content/uploads/2019/03/InfoGraficos_Cor-03.jpg 49 � Requerimento de licenciamento na ANM 4 ê Disputa por prioridade 5 ê Demora da anm em analisar o requerimento de licenciamento mineral 6 ê Dificuldade para obter a licença ambiental � Registro da licença pela ANM 7 ê Sigilo do processo administrativo 8 ê Morte do proprietário. vários herdeiros. condomínio. 9 ê Dúvida no pagamento da cfem 10 ê Pagamento da participação do proprietário nos resultados da lavra? � Alteração de regime 11 ê Relação com o proprietário após alteração de regime 12 ê Substância extraída como de emprego imediato na construção civil, mas vendida como minério industrial 13 ê Extração muito abaixo da possibilidade da mina e demanda de mercado 14 ê Lavra paralisada 15 ê Conflito com outro empreendimento de utilidade pública 16 ê Conflito com empreendimento imobiliário 50 17 ê Aproximação de núcleos urbanos 18 ê Interferências políticas sobre a mineração 19 ê Criação de restrições ambientais 20 ê Dúvida no pagamento da CFEM � Prorrogação do licenciemento 21 ê Dúvida no pagamento de tributos 22 ê Indeferimento da prorrogação 23 ê Necessidade de utilizar imóvel vizinho (do mesmo ou de outro proprietário) 24 ê Descumprimento do título minerário e riscos perante a ANM 25 ê Descumprimento do título minerário e riscos ambientais 26 ê Necessidade de revisão do contrato com o proprietário 27 ê Descumprimento do título minerário e riscos penais 28 ê Vencimento do prazo contratual 29 ê Caducidade do licenciamento mineral � Exaustão de jazida 30 ê Descomissionamento da mina 31 ê Necessidade de monitoramentos � Baixa no processo administrativo � Baixa no licenciamento ambiental RISCOS COMUNS 53 RISCOS COMUNS AOS DIVERSOS REGIMES DE EXPLORAÇÃO MINERAL SIGILO DOS PROCESSOS MINERÁRIOS Até janeiro de 2019, o acesso ao processo administrativo perante a Agência Nacional de Mineração — considerado sigiloso — era permitido somente a quem tinha procuração do titular ou comprovasse a condição de terceiro interessado (o que ocorria em casos muito específicos). Entretanto, a ANM publicou, em 31/01/2019, a Resolução 01/2019, que trata do fim do sigilo dos processos administrativos minerários. A partir de então, qualquer pessoa poderá examinar os processos minerários sem ser titular ou comprovar a condição de terceiro interessado. A Resolução dispõe sobre o sigilo de alguns documentos, tais como o Relatório de Pesquisa, o Relatório de Reavaliação de Reservas, o Plano de Aproveitamento Econômico e o Relatório Anual de Lavra. Essa disposição é insuficiente para proteger o minerador porque: (i) não está claro na norma que o sigilo sobre esses documentos básicos será automático; e (ii) no processo administrativo há muitas outras informações que não devem ser vistas por concorrentes e especuladores. A Norma dispõe que é possível requerer sigilo de outros documentos e relatórios, mediante requerimento fundamentado. 54 Essa disposição abre oportunidade para a empresa colocar sob sigilo outros documentos e informações. Cada processo é diferente e cada documento é distinto do outro. Em razão disso, cada processo deverá ser examinado individualmente, sob pena de a ANM indeferir o requerimento de sigilo feito de forma padronizada. INÉRCIA DA AGÊNCIA NACIONAL DA MINERAÇÃO – ANM Um dos problemas mais graves do processo administrativo minerário é a demora no andamento dos processos na ANM, em razão de sua estrutura deficitária atual. O atraso na análise dos processos administrativos é um dos fatores que mais geram riscos e prejuízos para os mineradores. Os exemplos de possibilidade de prejuízo para o minerador são diversos: demora para outorgar direitos minerários, averbar cessões, analisar documentos etc. Essas situações, muitas vezes, geram risco de perda de oportunidade econômica. A ANM tem prazo legal curto para analisar os processos administrativos. Nesses casos de demora, o Poder Judiciário tem respondido com razoável eficiência, obrigando a ANM a dar solução para o processo em trinta dias. Não há notícia de retaliação por parte da Agência, que tem agido de maneira correta e profissional. DISPUTA POR PRIORIDADE O direito de prioridade é a garantia ao minerador que primeiro apresentar requerimento, sobre área livre, instruído com a documentação exigida, de obtenção do título minerário. 55 A verificação do requerimento prioritário pode ter várias discussões, envolvendo, por exemplo, o momento em que a área ficou livre, o cumprimento dos requisitos por outro requerente, a retirada de interferências com as áreas oneradas etc. Essas questões podem fazer com que a ANM defina a prioridade de forma indevida. Portanto, deve ser foco de atenção, seja para o titular de novo requerimento ou para o titular de requerimento ou direito minerário anterior. No caso de incorreção da definição da prioridade, poderão ser adotadas medidas administrativas e/ou judiciais. INVASÃO DE ÁREAS DE DIREITOS MINERÁRIOS É bastante comum o minerador, ao examinar a área para a qual tem requerimento ou direito minerário de qualquer regime, deparar-se com invasão. Para qualquer tipo de invasão, há possibilidade de desocupar o imóvel, seja por ação dos órgãos administrativos, seja por determinação judicial. Em casos de constatação de invasão, é recomendável tomar providências imediatamente, o que evita que a culpa pela invasão recaia sobre o minerador. Quanto mais demorarem as providências do minerador, maior a chance de o número de invasores aumentar, mais consolidada se torna a situação dos invasores, mais difícil a obtenção de decisão liminar para retomada da posse e maiores os danos ambientais gerados pelos invasores. 56 BARRAGENS DE REJEITOS Há várias normas que regulam as barragens de mineração. São muitas as situações que comportam riscos relevantes. Citamos alguns exemplos que devem ser verificados pelos mineradores que possuem barragens: • Barragens com algum grau de insegurança ou instabilidade. • Não preenchimento/atualização do Sistema Integrado de Gestão de Barragens de Mineração – SIGBM ou prestação de informações incorretas. • Não elaboração do Plano de Segurança de Barragens – PSB, o Projeto “como construído” – “as built” ou o Projeto “como está” – e “as is”, nos prazos estabelecidos pela Portaria ANM nº 70.389/2017. • Não elaboração do Mapa de Inundação para auxílio na classificação referente ao dano potencial associado no prazo estabelecido. • Não implementação do Sistema de Monitoramento de Segurança de Barragem no prazo estabelecido. • Não realização de revisões e inspeções observando a periodicidade mínima determinada pela legislação. • Não preenchimento e/ou não apresentação da documentação necessária após cada vistoria. • Não cumprimento das determinações e/ou recomendações contidasnos Relatórios de Inspeção e Revisão Periódica de Segurança. • Não elaboração do PAEBM nos casos determinados. • Não cumprimento das obrigações estabelecidas para as barragens que possuem PAEBM. 57 INTERFERÊNCIA COM UNIDADE DE CONSERVAÇÃO As Unidades de Conservação são espaços territoriais protegidos pelo Poder Público, em decorrência de características ambientais relevantes, em que se define um regime especial de administração e proteção. Nas Unidades de Conservação de Proteção Integral e nas Reservas Extrativistas e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), é completamente vedada a atividade de mineração, enquanto nas demais Unidades de Conservação, de Uso Sustentável, é, em regra, permitida, desde que atendidas às restrições e condicionantes. A ANM possui entendimento de que os requerimentos que interferem com as unidades em que a mineração é proibida devem ser indeferidos e os direitos minerários vigentes devem passar por processo de “decaimento” (extinção do direito). Portanto, sempre que é criada nova UC sobre áreas oneradas, há o risco de perda dos direitos minerários interferentes. É importante que o minerador fique atento à criação dessas unidades, para que possa adotar as medidas necessárias, seja para manter o seu direito, seja para requerer a devida indenização. A criação de unidades de conservação pelos Municípios demanda atenção ainda maior, uma vez que não é possível identificar a existência dessas unidades na base de dados da ANM. INTERFERÊNCIA COM TERRAS INDÍGENAS Atualmente, a mineração é proibida em terras indígenas, por ausência de regulação da atividade pelo Congresso Nacional. 58 De modo semelhante ao que ocorre com as Unidades de Conservação (tratado no tópico anterior), a ANM entende que os requerimentos que interferem com terras indígenas devem ser indeferidos e que os direitos minerários vigentes devem passar por processo de “decaimento” (extinção do direito). Portanto, também é preciso atenção a eventual interferência com essas áreas. CONFLITOS COM OUTROS EMPREENDIMENTOS DE INTERESSE PÚBLICO Há a possibilidade, em determinadas áreas, de conflito da mineração com outra atividade de interesse público, como empreendimentos para geração e transmissão de energia elétrica. Nessa hipótese, a ANM, caso constate a inviabilidade de coexistência, deverá ponderar qual atividade melhor atende ao interesse público. Se considerar que o interesse público na outra atividade é superior ao da mineração, no caso analisado, poderá bloquear a área do processo minerário. Portanto, é preciso que o minerador atente-se à existência de outros empreendimentos de interesse público, que poderão atingir seu direito minerário e de eventual requerimento de bloqueio sobre a área, para que possa defender o seu direito e/ou requerer a devida indenização. PRAZOS NA LEGISLAÇÃO MINERAL A legislação mineral estabelece diversos prazos para as manifestações nos processos minerários. As normas, no entanto, não são completas, deixando, em determinadas situações, de prever o prazo e a forma de contagem. 59 Em razão dessas peculiaridades, para o cumprimento tempestivo de suas obrigações, é necessário que o minerador atente-se ao prazo específico de cada manifestação ou evento de seu processo minerário. Na hipótese de perda de prazo, deve observar também se todas as questões formais foram observadas, especialmente relacionadas à regularidade da intimação, uma vez que eventual nulidade pode ser fundamento para o questionamento de sanção e para a manutenção do direito minerário. GESTÃO FUNDIÁRIA Em muitos casos, o minerador adota várias medidas para a condução dos processos administrativos minerários e ambientais, mas não se preocupa com a situação dos imóveis próprios ou de terceiros que serão utilizados pelo empreendimento. A falta de boa gestão dessas áreas, ainda antes do ingresso nos imóveis, gera o risco de atraso na implantação do projeto. Algumas medidas que devem ser adotadas: • Regularização da documentação do imóvel para que não haja empecilho para o licenciamento ambiental ou a lavra. • Análise da documentação do imóvel rural e dos atos constitutivos do empreendedor para confirmar eventual empecilho à aquisição, no caso de empresas brasileiras equiparadas às estrangeiras, examinando as alternativas existentes. • Prevenção contra invasões e adoção de medidas para desocupação dos imóveis invadidos. 60 • Prevenção contra aproximação de núcleos urbanos, o que causará problemas para a mineração a curto e longo prazos. DISPONIBILIDADE O novo Regulamento do Código de Mineração modificou o critério de julgamento dos procedimentos de disponibilidade. Antes, o vencedor era definido com base na melhor proposta técnica apresentada. Agora, será realizado leilão eletrônico, vencendo aquele que apresentar o maior valor. Ainda há dúvida a respeito do andamento dos procedimentos de disponibilidade iniciados antes da vigência da nova regra. É preciso atenção para que eventual aplicação das novas regras não atinja direitos adquiridos e atos jurídicos consolidados. Algumas questões devem ser verificadas nos procedimentos de disponibilidade, a fim de vencê-los ou evitar que algum concorrente vença de forma indevida: cumprimento dos requisitos exigidos para a habilitação, valoração das propostas (para os procedimentos antigos), cumprimento da proposta técnica (para os procedimentos antigos) ou o pagamento do valor ofertado (para os procedimentos novos). RELATÓRIO ANUAL DE LAVRA — RAL O Relatório Anual de Lavra (RAL) é obrigatório para todos os titulares ou arrendatários de títulos de lavra e, também, para os que têm Guia de Utilização, e deve ser apresentado anualmente à ANM, com base nas atividades desenvolvidas no ano anterior. A não apresentação do RAL ou sua apresentação intempestiva, assim como o seu preenchimento com ausência ou manipulação de informações 61 ou dados exigidos por lei ou por Resolução da ANM, sujeitam o minerador a multa. Situações comuns, que podem gerar responsabilização administrativa e criminal, são o preenchimento do RAL com informações incorretas e o lançamento de produção de um direito minerário em outro. CADASTRO DE TITULARES DE DIREITOS MINERÁRIOS – CTDM Os requerentes ou titulares de direito minerário na ANM são obrigados a possuir e manter atualizado cadastro eletrônico (denominado Cadastro de Titulares de Direitos Minerários – CTDM) na ANM, que tem registradas as suas informações básicas, como nome, razão social, endereço e representação. Embora o cumprimento dessa obrigação seja relativamente simples, deve ser objeto de muita atenção. Isso porque, além do descumprimento acarretar multa, é possível, por exemplo, que o minerador não seja intimado para cumprir determinada exigência no processo minerário, por estar com o endereço desatualizado no cadastro e, como consequência, sofra alguma sanção ou perca o direito minerário. DISPENSA DE TÍTULO MINERÁRIO O Código de Mineração estabelece, como hipótese que não depende da obtenção de título minerário, a realização dos trabalhos de movimentação de terras e de desmonte de materiais in natura, necessários à abertura de vias de transporte, obras gerais de terraplanagem e de edificações, desde que o material seja utilizado na própria obra e que não haja comercialização. 62 A ANM possui entendimento restritivo em relação a aplicação dessa hipótese, considerando, por exemplo, que se houver oferta de material no mercado regional, não é possível a dispensa de título. Portanto, mesmo nos casos de movimentação de areia, cascalho ou argila, por exemplo, há risco de responsabilização, nas esferas civil, administrativa e criminal, se o responsável não tiver título minerário para a referida substância. Essa hipótese de dispensa de título possui outro risco relacionado: a possibilidade de incidir sobre áreas oneradas. É importante que o minerador atente-se para a atividade de terceiros em sua área com basenessa hipótese, seja para impedir a atividade ou delimitar a sua extensão. DIREITO MINERÁRIO EM FAIXA DE FRONTEIRA A faixa de fronteira é a faixa interna paralela à linha divisória do território nacional com extensão de 150 quilômetros de largura. O exercício da mineração nessa área, devido à importância que assume para a segurança nacional, encontra restrições. É preciso o minerador obtenha o assentimento prévio do Conselho de Defesa Nacional (CDN), para o qual deverá demonstrar que possui a) ao menos 51% do capital social pertencente a brasileiros; b) 2/3 de trabalhadores brasileiros; e c) gerência e administração conduzida por maioria de brasileiros, com poderes predominantes. Esses requisitos devem ser observados também nas operações de cessão e arrendamento do título minerário, já que o cessionário e o arrendatário devem atender a essas condições. 63 É importante, portanto, que os interessados em requerer ou adquirir título minerário cuja poligonal interfira com a faixa de fronteira verifiquem se essas restrições podem atingi-los. RESPONSABILIDADE DO MINERADOR EM MATÉRIA DE TRANSPORTE DE CARGAS EM RODOVIAS Há inúmeras ações judiciais que objetivam responsabilizar o minerador pelo transporte de cargas com excesso de peso nas rodovias do país. Nessas ações, o Ministério Público costuma pleitear o pagamento de altos valores de indenização por danos materiais e morais. O risco de responsabilização nesses casos pode e deve ser evitado com a defesa adequada dos interesses das empresas de mineração nessas ações. AUSÊNCIA DE GESTÃO ESTRATÉGICA DO PATRIMÔNIO MINERAL A gestão estratégica do patrimônio mineral é o sistema de análise, planejamento e condução da atividade mineral, considerando os múltiplos riscos, imediatos ou futuros. Muitas vezes o minerador trata suas áreas isoladamente, sem qualquer estratégia de curto, médio e longo prazos. Decisões em cima da hora, sempre urgentes, oneram a atividade, geram estresse, comprometem a qualidade da análise e colocam em risco o direito minerário. Quanto mais tarde a gestão estratégica for iniciada, mais riscos o minerador terá corrido desnecessariamente. 64 A gestão estratégica evita muitos riscos e economiza tempo e dinheiro. Além das várias medidas já indicadas nesse material, são recomendações para uma boa gestão estratégica: • Requerer o sigilo dos documentos e informações estratégicas da empresa presentes nos processos minerários. • Verificar sobreposição de outros direitos minerários. • Analisar a razão pela qual um terceiro teria protocolizado um requerimento sobre a poligonal do seu direito minerário. • Verificar a existência de lacunas entre as poligonais dos direitos minerários. • Conduzir os procedimentos para constituição das servidões minerais, com a antecedência necessária. • Analisar eventuais requerimentos de servidão mineral sobre seu direito minerário por terceiros. • Analisar conveniência de bloqueio de direito minerário de terceiro. • Realizar due diligence periódica nos direitos minerários, tanto no processo administrativo quanto no processo de licenciamento ambiental. TRIBUTÁRIO 67 OPORTUNIDADES EM RELAÇÃO À TRIBUTAÇÃO A tributação de empresas de mineração é repleta de detalhes e peculiaridades. Seguem alguns entendimentos jurídicos que podem gerar oportunidades econômicas para os mineradores: i. Inconstitucionalidade da incidência da CFEM sobre frete e seguro. ii. Inexigibilidade do Imposto Territorial Rural — ITR sobre área com direito minerário. iii. Existência de direito a crédito de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais — CFEM decorrente de reajuste retroativo do preço de commodities. iv. Não incidência de PIS/COFINS e IRPJ/CSLL sobre benefícios fiscais (subvenção para investimento e custeio). v. Possibilidade de dedução das despesas com capatazia no imposto de importação. vi. Invalidade da alíquota de 10% sobre FGTS. vii. Inconstitucionalidade e ilegalidade do Decreto 6.957/2009, na parte que majorou as alíquotas da contribuição ao RAT. viii. Ilegalidade da cobrança da alíquota adicional do RAT, por exposição do segurado a ruído. ix. Inconstitucionalidade da redução do REINTEGRA de 3% para 2%, em 2018. 68 PENAL 71 RISCOS EM MATÉRIA PENAL CRIME DE USURPAÇÃO O crime de usurpação pode ocorrer de várias maneiras. Os exemplos mais comuns são a extração de bens minerais sem título minerário e acima do limite do título outorgado, inclusive acima dos limites da Guia de Utilização. Frequentemente ocorrem, no dia a dia da mineração, avanço da lavra fora dos limites da poligonal de forma não intencional e outras situações que colocam as pessoas físicas envolvidas em risco. Prevenir e remediar o mais rapidamente possível, caso ocorra uma falha na operação, são providências de extrema relevância. CRIMES AMBIENTAIS A Lei de Crimes Ambientais traz extenso rol de tipificações que podem ser classificadas como crimes ambientais. No ramo da mineração, duas chamam a atenção: Art. 55. Executar a pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem título minerário ou em desacordo com ele. Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ambiental ou contrariando as normas legais ou regulamentares. Os tipos são bem abertos e o menor descuido pode causar problemas na esfera criminal à empresa, e aos diretores e gerentes. Devem ser adotadas medidas de prevenção e, quando identificado caso que possa se enquadrar em algum dos tipos penais, devem ser adotadas medidas imediatas para a defesa. POSFÁCIO 75 Os riscos que envolvem a mineração são imensos e podem gerar sérios prejuízos para o minerador, se não houver gerenciamento estratégico deles. A experiência na atuação diária com a mineração revela que grande parte dos problemas decorrem da ausência de conhecimento e prevenção. Em muitos casos, projetos enormes são comprometidos pela falta de adoção de medidas simples na gestão dos processos minerários. O desenvolvimento da mineração depende daqueles que, apesar de todas as dificuldades, perseveram. O objetivo é auxiliar os mineradores a superar as dificuldades desse árduo caminho. 76 ANEXOS 79 CÓDIGO DE MINERAÇÃO DECRETO-LEI Nº 227, DE 28 DE FEVEREIRO DE 1967 Dá nova redação ao Decreto-lei nº 1.985, de 29 de janeiro de 1940. (Código de Minas) O Presidente da República no uso da atribuição que lhe confere o artigo 9º, § 2º, do Ato Institucional nº 4, de 7 de dezembro de 1966 e (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de 1967) CONSIDERANDO, que da experiência de vinte e sete anos de aplicação do atual Código de Minas foram colhidos ensinamentos qual impende aproveitar; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de 1967) CONSIDERANDO que a notória evolução da ciência e da tecnologia, nos anos após a 2ª Guerra Mundial, introduziram alterações profundas na utilização das substâncias minerais; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de 1967) CONSIDERANDO que cumpre atualizar as disposições legais salvaguarda dos superiores interesses nacionais, que evoluem com o tempo; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de 1967) CONSIDERANDO que ao Estado incumbe adaptar as normas que regulam atividades especializadas à evolução da técnica, a fim de proteger a capacidade competitiva do País nos mercados internacionais; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de 1967) CONSIDERANDO que, na colimação desses objetivos, é oportuno adaptar o direito de mineração à conjuntura; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de 1967) 80 CONSIDERANDO, mais, quanto consta da Exposição de Motivos número 6-67-GB, de 20 de fevereiro de 1967, dos Senhores Ministros das Minas e Energia, Fazenda e Planejamento e Coordenação Econômica, (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de 1967) DECRETA: CÓDIGO DE MINERAÇÃO CAPÍTULO I Das Disposições Preliminares Art. 1º Compete à União administraros recursos minerais, a indústria de produção mineral e a distribuição, o comércio e o consumo de produtos minerais. Art. 2º Os regimes de aproveitamento das substâncias minerais, para efeito deste Código, são: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) I - regime de concessão, quando depender de portaria de concessão do Ministro de Estado de Minas e Energia; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) II - regime de autorização, quando depender de expedição de alvará de autorização do Diretor-Geral do Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) III - regime de licenciamento, quando depender de licença expedida em obediência a regulamentos administrativos locais e de registro da licença no Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) IV - regime de permissão de lavra garimpeira, quando depender de portaria de permissão do Diretor-Geral do Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) V - regime de monopolização, quando, em virtude de lei especial, depender de execução direta ou indireta do Governo Federal. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos órgãos da administração direta e autárquica da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sendo-lhes permitida a extração de substâncias minerais de emprego imediato 81 na construção civil, definidas em Portaria do Ministério de Minas e Energia, para uso exclusivo em obras públicas por eles executadas diretamente, respeitados os direitos minerários em vigor nas áreas onde devam ser executadas as obras e vedada a comercialização.(Redação dada pela Lei nº 9.827, de 1999) Art. 3º Este Código regula: I - os direitos sobre as massas individualizadas de substâncias minerais ou fósseis, encontradas na superfície ou no interior da terra formando os recursos minerais do País; II - o regime de seu aproveitamento, e III - a fiscalização pelo Governo Federal, da pesquisa, da lavra e de outros aspectos da indústria mineral. §1º Não estão sujeitos aos preceitos deste Código os trabalhos de movimentação de terras e de desmonte de materiais in natura, que se fizerem necessários à abertura de vias de transporte, obras gerais de terraplenagem e de edificações, desde que não haja comercialização das terras e dos materiais resultantes dos referidos trabalhos e ficando o seu aproveitamento restrito à utilização na própria obra. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996) §2º Compete ao Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM a execução deste Código e dos diplomas legais complementares. (Renumerado do Parágrafo único para § 2º pela Lei nº 9.314, de 1996) Art. 4º Considera-se jazida toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorando à superfície ou existente no interior da terra, e que tenha valor econômico; e mina, a jazida em lavra, ainda que suspensa. Art. 6º Classificam-se as minas, segundo a forma representativa do direito de lavra, em duas categorias: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) I - mina manifestada, a em lavra, ainda que transitoriamente suspensa a 16 de julho de 1934 e que tenha sido manifestada na conformidade do art. 10 do Decreto nº 24.642, de 10 de julho de 1934, e da Lei nº 94, de 10 de dezembro de 1935;(Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996) II - mina concedida, quando o direito de lavra é outorgado pelo Ministro de Estado de Minas e Energia. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996) Parágrafo único. Consideram-se partes integrantes da mina: 82 a) edifícios, construções, máquinas, aparelhos e instrumentos destinados à mineração e ao beneficiamento do produto da lavra, desde que este seja realizado na área de concessão da mina; b) servidões indispensáveis ao exercício da lavra; c) animais e veículos empregados no serviço; d) materiais necessários aos trabalhos da lavra, quando dentro da área concedida; e, e) provisões necessárias aos trabalhos da lavra, para um período de 120 (cento e vinte) dias. Art. 7º O aproveitamento das jazidas depende de alvará de autorização de pesquisa, do Diretor-Geral do DNPM, e de concessão de lavra, outorgada pelo Ministro de Estado de Minas e Energia. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) Parágrafo único. Independe de concessão do Governo Federal o aproveitamento de minas manifestadas e registradas, as quais, no entanto, são sujeitas às condições que este Código estabelece para a lavra, tributação e fiscalização das minas concedidas.(Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) Art. 9º Far-se-á pelo regime de matrícula o aproveitamento definido e caracterizado como garimpagem, faiscação ou cata. Art. 10 Reger-se-ão por Leis especiais: I - as jazidas de substâncias minerais que constituem monopólio estatal; II - as substâncias minerais ou fósseis de interesse arqueológico; III - os espécimes minerais ou fósseis, destinados a Museus, Estabelecimentos de Ensino e outros fins científicos; IV - as águas minerais em fase de lavra; e V - as jazidas de águas subterrâneas. Art. 11 Serão respeitados na aplicação dos regimes de Autorização, Licenciamento e Concessão:(Redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976) a) o direito de prioridade à obtenção da autorização de pesquisa ou de registro de licença, atribuído ao interessado cujo requerimento tenha por objeto área considerada livre, para a finalidade pretendida, à data da protocolização do pedido no Departamento Nacional da Produção Mineral (D.N.P.M), atendidos os demais requisitos cabíveis, estabelecidos neste Código; e (Redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976) 83 b) o direito à participação do proprietário do solo nos resultados da lavra. (Redação dada pela Lei nº 8.901, de 1994) §1º A participação de que trata a alínea b do caput deste artigo será de cinquenta por cento do valor total devido aos Estados, Distrito Federal, Municípios e órgãos da administração direta da União, a título de compensação financeira pela exploração de recursos minerais, conforme previsto no caput do art. 6º da Lei nº 7.990, de 29/12/89 e no art. 2º da Lei nº 8.001, de 13/03/90. (Incluído pela Lei nº 8.901, de 1994) §2º O pagamento da participação do proprietário do solo nos resultados da lavra de recursos minerais será efetuado mensalmente, até o último dia útil do mês subsequente ao do fato gerador, devidamente corrigido pela taxa de juros de referência, ou outro parâmetro que venha a substituí-la. (Incluído pela Lei nº 8.901, de 1994) §3º O não cumprimento do prazo estabelecido no parágrafo anterior implicará correção do débito pela variação diária da taxa de juros de referência, ou outro parâmetro que venha a substituí-la, juros de mora de um por cento ao mês e multa de dez por cento aplicada sobre o montante apurado. (Incluído pela Lei nº 8.901, de 1994) Art. 12 O direito de participação de que trata o artigo anterior não poderá ser objeto de transferência ou caução separadamente do imóvel a que corresponder, mas o proprietário deste poderá: I - transferir ou caucionar o direito ao recebimento de determinadas prestações futuras; II - renunciar ao direito. Parágrafo único Os atos enumerados neste artigo somente valerão contra terceiros a partir da sua inscrição no Registro de Imóveis. Art. 13 As pessoas naturais ou jurídicas que exerçam atividades de pesquisa, lavra, beneficiamento, distribuição, consumo ou industrialização de reservas minerais, são obrigadas a facilitar aos agentes do Departamento Nacional da Produção Mineral a inspeção de instalações, equipamentos e trabalhos, bem como a fornecer-lhes informações sobre: I - volume da produção e características qualitativas dos produtos; II - condições técnicas e econômicas da execução dos serviços ou da exploração das atividades mencionadas no “caput” deste artigo; III - mercados e preços de venda; 84 IV - quantidade e condições técnicas e econômicas
Compartilhar