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PEDIATRIA II Aleitamento Materno, Crescimento, DNPM e puberdade Aleitamento materno exclusivo por 6 meses: · AME: criança recebe apenas LM (ou leite humano de outra fonte) e nada mais! Podem, eventualmente, receber vitaminas, medicações, minerais, sem prejudicar o AME · AMP (predominante): LM + líquidos a base de água (chá/sucos/água) → não recomendado! Risco de contaminar a criança no manipulamento desses líquidos. Alguns chás, ainda, podem diminuir absorção de ferro. · AMM (misto): LM + outros tipos de leite Aos 6 meses: alimentação complementar! · AMC: LH + sólidos/semissólidos · LM: até 2 anos no mínimo Leite Humano Saber a composição e as diferenças nutricionais! · Menos proteínas – menor sobrecarga renal, maior digestibilidade, menos alergênico · O leite humano tem menor % de caseína, com mais proteína do soro, de mais fácil digestão. O leite de vaca é o inverso, tem 3x mais proteínas, além de levar a um retardo no esvaziamento gástrico. · A proteína do soro humano é a α-lactoalbumina; do LV é a β-lactoglobulina (mais alergênica). · Menos eletrólitos, principalmente menos sódio · O leite de vaca tem mais sódio e, para eliminar, precisa eliminar água, podendo levar a uma desidratação. · Mais lactose – dissacarídeo (glicose + galactose) · Fezes mais amolecidas – lactose não absorvida ↑ osmolaridade intestinal · Bactérias saprófitas fermentam lactose → evacuações explosivas · pH intestinal mais ácido - ↑absorção de cálcio e inibe proliferação de patógenos · Mais gordura · Rico em colesterol – redução no risco de dislipidemia no futuro · LC-PUFA – ácido graxo de cadeia longa · ARA (acido aracdônico) e DHA – formação da retina e mielinização do SNC · Ferro – maior biodisponibilidade · A quantidade é igual ao LV (baixa); porém o LH possui lactoferrina! · O ferro ligado à lactoferrina tem menor perda intestinal! Fatores de Proteção Lisozima Atividade bactericida; aumenta após os 6 meses Imunoglobulinas IgA secretória Lactoferrina Efeito bacteriostático (menos ferro disponível para bactérias) Fator bífido Oligossacarídeo; substrato para o crescimento de flora saprófita Lactoperoxidase Oxidação de algumas bactérias Modificações no Leite - Durante a lactação: · Colostro – primeiros dias de vida → mais proteínas e eletrólitos; mais IgA, vitamina A e C · Leite de transição · Leite maduro → mais lactose e gordura - Durante a mamada · Leite anterior (solução) · Leite posterior (emulsão) – mais gordura → saciedade e peso - Durante o dia · Mais gordura ao anoitecer A criança em AME deve ser amamentada em livre demanda (sem horário definido) e não deve limitar o tempo em cada mama, até esvaziar; começar pela última mama oferecida. Na ausência materna o leite materno pode ser armazenado por 12h na geladeira e 15 dias no freezer. Quando inevitável, diluir o leite de vaca: · < 4 meses: diluído 2/3 + óleo (1 colher de sobremesa para 100ml) · > 4 meses: não diluído Fisiologia da lactação Apojadura: costuma ocorrer até 72h após o nascimento; com a queda da progesterona e estrogênio, a prolactina deixa de ser bloqueada e o leite começa a ser produzido. Independe do estímulo! A sucção estimula a adenohipófise a produzir prolactina, que estimula a produção de leite. Também estimula a neurohipófise a produzir ocitocina, que faz a ejeção do leite. Para que a produção láctea se sustente, é necessário estímulo e esvaziamento das mamas. Sucção -> hipófise anterior -> prolactina -> produção de leite Como não sentir dor e produzir leite boa pega! Sucção -> hipófise posterior -> ocitocina -> ejeção do leite -> produção do leite Posicionamento da amamentação Pega Criança bem apoiada Boca bem aberta Cabeça e tronco no mesmo eixo Lábio inferior evertido Corpo próximo ao da mãe Aréola mais visível acima da boca Rosto de frente para a mama Queixo toca a mama Fissuras: para evitar, realizar a técnica correta e orientar mudança de posição. Ordenhar antes da mamada estimula o reflexo da ejeção e a criança mama menos vigorosamente. Não passar nada. Pode aplicar o próprio leite sobre a fissura ajuda a cicatrizar. Não expor as mamas ao sol – retarda a cicatrização da lesão. Ingurgitamento: aumento do volume mamário; por acúmulo ou retenção de leite, ou por comprometimento da drenagem linfática levando a um edema mamário. Mama aumentada, hiperemiada e dolorosa · Orientar livre demanda · Ordenhar antes · Esvaziar as mamas · Compressas frias no intervalo entre mamadas Mastite: reação inflamatória pela estase do leite. · Esvaziar mamas (pela amamentação com técnica correta) · Antibióticos (contra S. aureus, principal agente) – se não melhorar com o esvaziamento da mama ou se sintomatologia sistêmica (febre alta, calafrio) · Drenagem de abscesso, se demora para tratar – manter amamentação na outra mama ou se não tiver abcesso na aréola (mas claro que é difícil, então fazer ordenha para esvaziar a mama) Queixas comuns · Leite fraco: avaliar o peso, se estiver bom é porque não está sentindo fome e se mantém o AME Contraindicações à amamentação · Doenças maternas - HIV, HTLV, psicose puerperal grave, mastite tuberculosa · Relativas: CMV (< 30-32 semanas ou 1000-1500g), herpes simples com lesão ativa na mama · Não contraindicam: hepatite B e tuberculose pulmonar (RN recebe quimioprofilaxia primária) · Doenças do lactente – galactosemia (RN recebe fórmula sem lactose) é contraindicação absoluta · Fenilcetonúria – a FAL é um aa essencial, então a criança deve receber LH + fórmula sem FAL – leite suspenso quando os níveis de fenilalanina forem superiores a 17mg/dl · Uso de medicamentos · Amiodarona · Citotóxicos, como ciclofosfamida, e imunossupressores · Radiofármacos · Ganciclovir e Linezolida Profilaxia para anemia ferropriva O Fe elementar equivale a 1/5 do sulfato ferroso · > 37 sem e > 2,5kg: · < 3 meses: AME ou fórmula não repor ferro · > 3 meses: 1mg/kg/dia de Fe até 2 anos, exceto se > 500ml/dia de fórmula · Prematuro ou < 2,5kg: recebe Fe dos 30 dias até os 2 anos, independente se LM ou fórmula · Primeiro ano: · < 1000g = 4mg/kg/dia · < 1500g = 3mg/kg/dia · < 2500g = 2mg/kg/dia · Segundo ano: · 1mg/kg/dia Profilaxia Deficiência de Vitamina D · Iniciar na primeira semana de vida até os 2 anos · Até 12 meses: 400UI/dia · 12-24 meses: 600UI/dia CRESCIMENTO Aumento da massa corporal do indivíduo. A avaliação do crescimento é quantitativa, pelo peso e altura ao longo da vida. O crescimento é um processo esperado e fisiológico. Possui 4 fases com seus determinantes: · Intrauterina - ambiente · Lactente – nutrição / fatores extrínsecos · Crescimento intenso, porém, desacelerado · Infantil – potencial genético · Crescimento estável · Puberal – esteroides sexuais · Aceleração (pico do estirão) / desaceleração (parada) O crescimento pode ainda ser classificado em tipos. O crescimento descrito acima é o geral. · Geral · Neural – máximo nos primeiros 2 anos de vida · Linfoide · Genital – na puberdade PESO RN a termo costuma nascer com cerca de 3,4kg, podendo perder até 10% do peso, recuperando até o 10º dia de vida 1º tri: 700g/mês 3º tri: 500g/mês 2º tri: 600g/mês 4º tri: 400g/mês O peso duplica com 4-5m; triplica com 1 ano ESTATURA RN costuma nascer com 50cm. Durante o primeiro ano de vida costuma ganhar 25cm 1º semestre: 15cm Pré-escolar (2-6a): 7-8cm/ano 2º semestre: 10cm Escolar (6-10a): 6-7cm/ano 2º e 3º ano: 10-12cm/ano --- PERÍMETRO CEFÁLICO No primeiro ano de vida o PC aumenta 12cm 1º tri: 2cm/mês 2º semestre: 0,5cm/mês 2º tri: 1cm/mês --- Como avaliar o crescimento? - 1º Passo: obter valores (parâmetros) · Peso · Estatura (comprimento x altura): < 2 anos avaliar deitado com régua; > 2 anos usar altura (em pé) · Perímetro cefálico – importante nos primeiros 2 anos de vida - 2º Passo: interpretar valores · Comparar com outras crianças · Observar curva de crescimento – percentil e escore-Z · Percentil indica a posição que um determinado valor ocupa em uma distribuição ordenada de valores · Todos os valores entre os percentis 3 e97 são considerados normais; o p50 é a mediana Exercício: RN 3300g, 51cm, PC 35. Qual o valor esperado em 6 meses? · 3300 + (700x3) + (600x3) = 7200g · 51 + 15 = 66cm · 35 + 9 = 44cm PUBERDADE · Adolescência: entre os 10 e 20 anos (OMS). Mudanças biológicas, psicológicas, sociais... · Puberdade: mudança biológica que ocorre em um indivíduo na transição da infância para a vida adulta. · Gonadarca: início da secreção dos esteroides gonadais (FSH/LH) · Adrenarca: início da secreção dos androgênios da suprarrenal A gonadarca resulta da ativação de um eixo hormonal (eixo hipotálamo-hipófise-gonadal), secretando GnRh de forma pulsátil, o qual estimula secreção de gonadotrofinas (LH e FSH), estimulando a secreção de esteroides sexuais. A adrenarca ocorre pela secreção dos androgênios pela suprarrenal, por mecanismos não totalmente esclarecidos. Isto estimula o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e a aceleração do crescimento. Puberdade – quando inicia? · Sexo feminino: 8 – 13 anos · Sexo masculino: 9 – 14 anos ESTADIOS DE TANNER FEMININO MASCULINO M1: pré-puberal G1: pré-puberal M2: telarca (broto mamário) – primeiro sinal de puberdade na menina G2: aumento testicular – efeito das gonadotrofinas M3: aumento da mama e aréola – pico do crescimento (8-9 cm/ano) G3: aumento do pênis (comp) M4: duplo contorno – menarca (2 – 2,5 anos após telarca) G4: aumento do pênis (diâm) – pico do crescimento (9-10 cm/ano) M5: mama madura G5: genitália adulta PÊLOS P1: pré-puberal P2: pubarca (finos nos grandes lábios/base do pênis) P3: sínfise púbica (fino) P4: grande quantidade (grosso, escuro, de adulto) P5: raíz das coxas (adulto) P6: pilificação em direção à cicatriz umbilical Puberdade Precoce Surgimento de caracteres sexuais e aceleração do crescimento antes do tempo (< 8 anos nas meninas e < 9 anos nos meninos). É uma criança alta, porém um adulto baixo. · Periférica: GnRh independente (pseudopuberdade precoce) → secreção periférica autônoma · Doença gonadal (tumor) ou adrenal · Testículo aumentado unilateral (tumor testicular) · Central: GnRh dependente (verdadeira) · Idiopática ou lesão no SNC · Mais comum nas meninas; geralmente idiopática nas meninas; geralmente por lesão no SNC nos meninos (75%). Testículos aumentados bilateralmente = puberdade central Testículos pré-puberais = doença adrenal Testículos assimétricos = tumor testicular DESENVOLVIMENTO Capacidade que o indivíduo alcança de realizar funções cada vez mais complexas. · Motor: capacidade de locomoção · Adaptativo: capacidade de utilizar as mãos (pinça com 1 ano de vida) · Social: comportamento e interação social · Linguagem: comunicação O desenvolvimento é um processo sequencial e previsível. · Do ponto de vista motor, ocorre no sentido crânio-caudal. · Do ponto de vista adaptativo, ocorre no sentido cubital-radial. · A criança primeiro pega, depois solta. · Todos os marcos do desenvolvimento relacionam-se com uma idade cronológica. · Idade média (em que um determinado marco surge) · Ex.: andar sem apoio – 12 meses · Idade esperada (limite para que um determinado marco esteja presente) · Ex.: andar sem apoio – 15 meses Recém-nascido - Motor: membros fletidos, postura tônico-cervical (durante o 1º trimestre), cabeça pende - Adaptativo: fixa a visão - Social: prefere a face humana 1º mês - Motor: PTC, levanta o queixo em prona - Adaptativo: acompanha objeto em 90o (parcialmente) - Social: sorri 2 meses - Motor: PTC, levanta a cabeça em prona - Adaptativo: segue objeto em 180° - Social: sorriso social - Linguagem: vocaliza (repete vogal) “cooing” 3 meses - Motor: PTC, levanta a cabeça e tronco em prona, sustentação pendular da cabeça - Adaptativo: estende a mão para objetos - Social: contato social - Linguagem: “aah, ngah” 4 meses *Aparece em prova a partir daqui - Motor: cabeça centralizada, olha para as mãos na linha média, sustenta cabeça - Adaptativo: pega cubital - Social: ri alto 6 – 7 meses - Motor: rola, senta sem apoio por pouco tempo - Adaptativo: pega radial, transfere objetos entre as mãos - Social: prefere a mãe - Linguagem: polissílabos vogais 9 – 10 meses *Mais aparece em prova - Motor: senta sozinho sem apoio, pode engatinhar - Adaptativo: segura objetos com pinça entre polegar e indicador, solta objetos se retirados - Social: estranha, acena, bate palmas, brinca de “cadê” (surgimento do sentido de permanência do objeto) - Linguagem: polissílabos (“mama, papa”) 12 meses - Motor: anda com apoio, levanta sozinho - Adaptativo: apanha objetos com pinça entre polegar e indicador, entrega objetos por solicitação - Social: interage (vestir, brincar) - Linguagem: algumas palavras (“papa, mama, auau, água”)
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