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Adam Smith Resumo

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Adam Smith - A riqueza das nações
Cap I - Divisão do trabalho
 O maior aumento de poderes produtivos do trabalho (também da perícia e destreza) PARECE vir da divisão do trabalho. Com o exemplo dos alfinetes, um operário que não é treinado para fazer isso e sem o conhecimento de como usar as máquinas, não conseguiria produzir muitos alfinetes em um dia, no caso conseguiria produzir um. Porém com esta atividade sendo distribuída em ações especializadas, com vários trabalhadores, cada um fazendo uma coisa ( fazendo uma parte da produção), cada operário produz milhares de alfinetes em um dia.
 Os efeitos desta divisão sem parecidas em algumas atividades, como artes e indústria, contudo, em algumas atividades como a agricultura, essas tarefas não podem ser divididas. A agricultura não permite isso por duas razões: 1-) As tarefas são realizadas em diferentes estações do ano; 2-) A divisão das tarefas é imperfeita, pois é impossível separar com nitidez a atividade do pastoreador da do cultivador de trigo, quanto a atividade do carpinteiro geralmente se diferencia da do ferreiro. O aumento da capacidade produtiva do trabalho nesta atividade não acompanha, por isso, os acréscimos verificados nas indústrias. Países mais ricos ganham de seus vizinhos na agricultura, não tanto como na indústria, com essa superioridade devendo-se a mais dedicação de trabalho e mais dinheiro. Assim as nações desprovidas de riqueza podem rivalizar com países ricos em preço e qualidade, mas não em indústrias.
 Causas do aumento da produção do trabalho pela divisão :
 1-) Aumento da destreza de operários por causa do treino e especialização;
 2-) Não tem de poupar tempo passando de uma tarefa a outra;
 3-) Invenção e utilização de máquinas que facilitam e reduzem o trabalho, assim necessitando de apenas um trabalhador para tal função;
 Melhoramentos das máquinas é resultado da invenção daqueles que as utilizavam, sendo ou do engenho de construtores ou da criação dos filósofos. Com o avanço da sociedade, a filosofia também se torna ‘’uma parte’’, ou seja, como qualquer ofício, passa a ser ocupação principal de algumas pessoas.
Com tudo isso, podemos concluir que com cada um fazendo ‘’uma parte’’, os cidadãos tornam-se dependentes de milhares. Sem isso não poderíamos prover as necessidades de pessoas de classe mais baixa de um país civilizado. A satisfação de um príncipe europeu não excede tanto a de um camponês trabalhador não é tão grande, se compararmos este ultimo com um príncipe africano, senhores absolutos de 10 mil selvagens nus.
Cap II – Príncipio que dá origem à divisão do trabalho
 A divisão do trabalho não vem de uma sabedoria humana, mas de uma propensão para cambiar, permutar ou trocar uma coisa pela outra. Em uma sociedade civilizada, o homem necessita de constante ajuda e cooperação vinda de milhares de pessoas, então, consegue-se alcançar o que deseja se conseguir interessar o egoísmo destas pessoas. Deste jeito conseguimos a maioria dos favores e serviços que necessitamos. Não vem da bondade do padeiro que podemos esperar o nosso jantar, mas da consideração que eles têm o seu próprio interesse. 
 Não é da benevolência do padeiro que devemos esperar a refeição, mas sim de seu egoísmo.
 Tanto por acordo, tratado ou compra, obtemos uns dos outros a maior parte do que precisamos, e com essa mesma disposição que levaria à divisão do trabalho. Com o exemplo : Em uma tribo de caçadores ou pastores, certa pessoa faz arco e flecha melhor do que qualquer outra. Troca-os com os companheiros por gado ou caça, assim descobrindo que deste jeito pode-se obter mais gado e caça do que se ela mesma for para os campos. A certeza de poder trocar todo aquilo que produz com seu próprio trabalho e que vai além de seu consumo, por bens que são feitos por outros, que lhe são necessários, leva cada homem a se aplicar em uma atividade e aperfeiçoar aquele talento que lhe seja dado para essa ativividade particular.
 A diferença de talentos naturais entre os homens é um efeito da divisão do trabalho, sendo menor de como pensamos, como sua causa. A diferença entre um filósofo e um carregador de rua parece não deriver tanto da natureza como dos hábitos, costumes e educação. A propensão para trocar, que origina a diferença de talentos, torna esta diferença útil. Espécies diferentes de animais podem não ter utilidade umas para as outras. A força do mastim não se apoia na rapidez do galgo, na sagacidade do lulu ou na docilidade do cão de pastor. Devido à falta de capacidade/propensão para troca, os efeitos destes diferentes talentos não podem se tornar em um valor comum.
Cap III – A divisão do trabalho limitada pela extensão do Mercado
 A extensão da divisão do trabalho deve ser limitada pela extensão da capacidade de troca/dimensão do Mercado. Se o Mercado é mais reduzido, ninguém encontra um incentivo para dedicar-se a somente uma atividade, pois não trocará seu excedente pelos bens que necessita.
 Algumas atividades só podem ser exercidas numa cidade grande. Em casas isoladas e pequenas aldeias, cade camponês deve ser ao mesmo tempo açogueiro, padeiro e fabricante de cerveja de sua própria família. Não se deve esperar encontrar um ferreiro/carpinteiro em raio inferior a 30 milhas de um profissional da mesma ocupação. Famílias espalhadas que vivem a 8 ou 10 milhas de distância devem aprender um grande número de ofício. Seria impossível que um fabricador de pregos pudesse constituir um ofício independente em zonas remotas, como as terras altas da Escócia.
O transporte fluvial/marítimo abre um mercado mais amplo a todos os tipos de atividade. É ao longo da costa e margens de rios que são navegáveis que as atividades de todos os tipos começam a se dividir e se aperfeiçoar, porém, somente após algum tempo esses aperfeiçoamentos se estendem ao interior do país, tendo assim progressos mais tardios.
Países situados em torno da costa do mar Mediterrâneo, parecem terem sido as primeiras civilizadas. Entre eles, o Egito parece ter sido o primeiro país que tanto a agricultura e indústria foram cultivadas e melhoradas em grau considerável, muito provavelmente pelos inúmeros canais do Nilo, que proporcionava uma fácil e extensa navegação. Os precoces progressos em Bengala e China podem também terem sido facilitados por causa de canais navegáveis do Ganges e províncias orientais da China. Regiões interiores da África e toda a parte da Ásia a norte, parecem ter sido sempre incivilizadas, onde não há canais navegáveis ou mares interiores, sendo uma das causas do atraso. Nunca pode ser muito considerável o comércio que um país manter através de um rio que não se divida num grande número de ramificações, atravessando outros territórios antes de atingir o mar, pois a nação estrangeira pode sempre impedir as comunicações.
Cap IV – A origem e uso do dinheiro
 Estabelecida a divisão do trabalho, as necessidades de cada pessoa são satisfeitas pela troca da parte do produto do seu trabalho que excede o consumo próprio por parcelas do produto do trabalho dos outros. Todos os homens vivem da troca, e a própria sociedade se vai transformando numa verdadeira sociedade mercantil.
 O açougueiro tem em sua loja, mais carne do que a porção de que precisa para seu consumo, e tanto o padeiro como o cervejeiro estariam dispostos a comprar uma parte do produto. Porém não tem nada para oferecer em troca, sem ser seus produtos. O açougueiro estando provido de pão e cerveja, a troca não pode se realizar. Para evitar estes problemas, os homens preparados sempre se organizaram, de modo a terem consigo, além do produto específico de seu trabalho, uma mercadoria que poucos rejeitariam em troca do produto da respectiva atividade. Para esses fins, usaram gado, sal conchas, bacalhau seco, Tabaco, açúcar, peles e até pregos.
 Porém, as mercadorias preferidas para este fim, acabou sendo os metais, pela durabilidade (não perdendo valor), facilidade de se dividir e voltar a fundir e sua dificuldade em encontrar, tornando-os aptos para o comércio.
 A utilizaçãodos metais tinha dois problemas:
1-) Pesagem, sendo com o ouro uma operação delicada; 2-) Avaliação, com problemas de adulteração do metal;
 Sendo assim, foi necessário afixar uma marca oficial, que certificasse a quantidade e qualidade do metal, dando origem à moeda cunhada e da casa da moeda. Dessa maneira todas as nações civilizadas o dinheiro se transformou no instrumento universal de comércio, através do qual são compradas e vendidas mercadorias de todos os tipos.
 Ao trocar bens, tanto uns pelos outros, tanto por dinheiro, os homens observavam certas regras que determinam o valor relativo (valor de troca dos bens). A palavra VALOR, tem dois significados: 
1-) utilidade de determinado objeto, sendo chamado de VALOR DE USO; 
2-) Poder de compra de outros objetos que a posse desse bem proporciona, sendo chamado de VALOR DE TROCA;
 As coisas que têm o maior valor de uso têm em geral, pouco ou nenhum valor de troca e coisas com maior valor de troca, tem pouco ou nenhum valor de uso. Nada é mais útil do que a água, porém com ela praticamente nada pode-se comprar. Ao contrário, o diamante não tem praticamente qualquer valor de uso, porém se pode obter grande quantidade de outros bens.
Cap V - O preço real e o preço nominal das mercadorias ou seu preço em trabalho e seu preço em dinheiro
 Todo homem é rico ou pobre, de acordo com o grau em que consegue obter coisas necessárias, coisas convenientes e coisas prazerosas. Implantada a divisão do trabalho, são poucas as necessidades que o homem consegue satisfazer com o produto de seu trabalho, sendo a maior parte delas satisfeitas com o produto de trabalho de outros. O valor de uma mercadoria, para uma pessoa que a possuiu e que não planeja usá-la ou consumi-la, é igual a quantidade de trabalho que ela lhe permite comprar ou dominar. O trabalho constitui, a verdadeira medida do valor de troca de todos os bens. 
 O preço real de todas as coisas é o esforço que custa à pessoa que quer adquiri-las, é o trabalho e incômodo que custa a sua aquisição. O valor real de cada coisa, para a pessoa que a tem e deseja vender ou trocar, é o trabalho e o incômodo que a pessoa pode poupar a si mesma e impor aos outros (igual a quantidade de trabalho que ela lhe permite comprar). O trabalho constitui a verdadeira medida do valor de troca de todos os bens. Aquilo que compramos com dinheiro ou em troca de outros bens, é adquirido pelo trabalho, onde obtivemos aquele dinheiro ou bens em troca de uma certa quantidade de trabalho, supondo que tinham valor idêntico. O trabalho foi o primeiro preço, a moeda original.
 Apesar do trabalho ser a verdadeira medida do valor de toca de todos os bens, não é em termos de trabalho que esse valor é normalmente calculado. É difícil determinar a proporção entre duas quantidades de trabalho diferentes. Não basta considerar o tempo gasto, devem ser tomados em conta a dificuldade da tarefa e a perícia necessária. Pode haver mais trabalho numa hora de duro esforço do que em duas horas de atividade leve. Não é fácil encontrar uma medida exata, tanto para a dificuldade, tanto para a perícia. Mas isso se consegue com processos de ajuste do Mercado, através da pechincha, de acordo com aquele tipo de igualdade aproximativa que, embora não exata, é suficiente para a vida diária normal. Então é mais frequente que cada mercadoria seja trocada por outras mercadorias do que por trabalho, sendo mais fácil calcular seu valor em termos de quantidade de outra mercadoria do que em termos do trabalho que com ela se pode adquirir.
 Quando há o fim da troca direta e a moeda se torna instrumento do comércio, cada mercadoria passa a ser mais frequentemente trocada por moeda do que qualquer mercadoria. Calcular o valor em termos de quantidade de moeda do que em termos de quantidades de outras mercadorias é mais natural e óbvio. Mas o ouro e a prata, como outros bens, têm valor variável, podendo assim custar mais ou menos trabalho. Com o descobrimento de abundantes minas da América, no século XVI, se reduz o valor do ouro e prata na Europa. O valor desta medida altera-se constantemente, não podendo ser medida exata das outras coisas. Iguais quantidades de trabalho podem ser consideradas, em todos os tempos e lugares, como representando o mesmo tempo p/ o trabalhador. Apenas o trabalho, cujo valor nunca varia, sendo o preço real. A moeda é somente o preço nominal. Apesar de ter sempre o mesmo valor para o trabalhador, para o patrão a quantidade de trabalho parece ter um valor variável, comprando-o em troca de mais ou menos quantidades de outros bens. Parecendo caro e barato em alguns casos; mas o que realmente acontece é que os bens são caros e baratos em alguns casos.
 O preço nominal, pode representar em diferentes ocasiões, valores muito diversos, com dois tipos de alterações: 
1-) As que derivam das diferentes quantidades de ouro e pratas contidas em diferentes épocas, em moedas com idêntica designação;
 2-) As que derivam da alteração do tempo do valor de idênticas quantidades de ouro e prata;
 Em épocas distantes poderão adquirir-se iguais quantidades de trabalho mediante quantidades de trigo (subsistência dos trabalhadores) mais aproximadas do que as quantidades de outro ou prata, ou, possivelmente, de qualquer outra mercadoria. Iguais quantidades de cereais manterão de épocas para outras, um valor real mais constante. A subsistência do trabalhador, ou preço real do trabalho, difere muito de época para época.
 O valor real de uma renda de trigo sofre alterações menores de século p/ século do que uma renda monetária, podendo flutuar bastante de um ano para o outro. O preço do trabalho em dinheiro, não flutua de ano para ano, mas parece sempre relacionar-se com o preço médio ou normal desse meio de subsistência. Se torna claro que o trabalho é a única medida universal, e também a única medida justa do valor. De século para século o trigo é uma medida melhor que a prata, mas de ano para ano a prata tem a melhor medida, pois serão mais aproximadas as quantidades de prata necessárias para obter a mesma quantidade de trabalho. No mesmo lugar e momento, os preços real e nominal de todos os bens são exatamente proporcionais um ao outro. No mesmo instante e local, a moeda é a medida exata do valor de troca de todos os bens.
 Entende-se como preço das mercadorias em dinheiro, entendo sempre a quantidade de ouro ou prata puros pela qual são vendidas, abstraindo totalmente da denominação da moeda.
 Cap VI- Fatores que compõem o preço das mercadorias
 No antigo estágio e primitivo que precede tanto a acumulação de capital como apropriação de terra, a proporção entre as quantidades de trabalho necessárias para adquirir diferentes objetos parece ser o único elemento com base no qual se determina a respectiva razão de troca. É natural que aquilo que constitui normalmente o produto de dois dias ou duas horas de trabalho, valha o dobro do que é habitualmente produzido num dia ou numa hora de trabalho. Se um tipo de trabalho for mais árduo do que outro, deve-se naturalmente deixar uma margem para essa maior dureza; o produto de uma hora de trabalho de um tipo nesse caso, pode equivaler ao de duas horas de trabalho de outro.
 Ou então se um tipo de trabalho exige um grau incomum de destreza, o apreço em que os homens tem por esses talentos, naturalmente levará a atribuir ao seu produto um valor superior. Tais talentos só se adquirem com uma longa dedicação, e o maior valor atribuído aos seus produtos não será normalmente mais do que uma compensação razoável pelo tempo e trabalho gasto em adquiri-los. Nesse ponto, todo o produto do trabalho pertence ao trabalhador, e a quantidade de trabalho habitualmente empregada na obtenção ou na produção de qualquer bem é o único fator que pode determinar a quantidade de trabalho por que ele poderia normalmente trocar.
 Logo que começa a existir riqueza acumulada nas mãos de algumas pessoas, algumas delas naturalmente empregarão esse capital p/ contratar pessoas, a quem fornecerão matérias-primas e subsistência,a fim de obterem um lucro com a venda do seu trabalho. O valor que os trabalhadores acrescentam nas matérias-primas consistirá em duas partes, os respectivos salários e lucros do patrão, relativos ao volume de matérias-primas e salários por ele adiantados quando arrisca o seu capital nessa Aventura. O patrão não teria interesse em emprega-los se não esperasse obter mais do que a reconstituição da riqueza inicial; e não teria interesse em empregar um maior volume de bens, se os lucros não fossem proporcionais ao volume de capital entregue.
 Pode pensar que os lucros do capital equivalem a um salário atribuído ao trabalho de inspeção e direção. Mas eles não têm qualquer relação com a quantidade, dificuldade ou engenho deste suposto trabalho de inspeção e direção, sendo unicamente determinados pelo valor do capital empregado. O trabalho de inspeção e direção é muitas vezes entregue a um trabalhador superior. O salário deste é que exprime o valor desse tipo especial de trabalho, além da confiança que deposita nele. O proprietário do capital, livre de quase todo o trabalho, conta com um lucro proporcional ao capital empregado. O produto total do trabalho deixa de pertencer sempre ao trabalhador. Este é obrigado a compartilhar com o proprietário do capital. A quantidade de trabalho habitualmente empregada na obtenção ou produção de um bem deixa de ser o único fator a determinar a quantidade por que ele poderia se trocar. 
 Logo que toda a terra de um país se torna propriedade privada, os seus proprietários, que, como todos os homens, gostam de colher o que nunca semearam, exigem uma renda, mesmo pelas suas produções naturais. A madeira da floresta, a erva do prado e todos os frutos naturais da terra, que custavam somente o incômodo de os colher, passam a ter um preço adicional. Terá de ser entregue ao proprietário a renda da terra que constitui uma Terceira componente do preço dos bens. O valor real das diferentes partes componentes do preço é mantido pela quantidade de trabalho que pode obter-se em troca de cada uma delas.
 No preço dos cereais, uma parte se refere à renda paga ao proprietário da terra, outra aos salários dos trabalhadores - manutenção de trabalhadores e animais empregados- e a Terceira constitui o lucro do rendeiro. Pode pensar que é necessária uma quarta parte que compense o desgaste dos animais de trabalho e dos instrumentos de lavoura, mas o preço de um cavalo/equipamento de lavoura é constituído pelas mesmas três partes. 
 À medida que um bem vai sendo mais elaborado, a componente dos salários e lucros vai aumentando relativamente a renda. O capital que emprega os tecelões tem de ser maior do que os que emprega fiandeiros, pois não só substitui esse capital e os seus lucros, mas ainda paga salários dos tecelões, e os lucros tem sempre de ser proporcionais ao capital. O preço da totalidade dos bens que compõem o produto anual total do trabalho de cada país, deve corresponder às mesmas três partes e ser distribuído entre os vários habitantes do país. Os salários, o lucro e a renda são as três fontes originais de toda as receitas, como de todo o valor de troca.
 A receita que deriva do capital que a própria pessoa não emprega, mas empresta a outros, se chama juro. Sendo este um rendimento derivado, que se não for pago a partir do lucro obtido pela utilização desse dinheiro, terá de ser com base em qualquer outra fonte de receita. Como em um país civilizado, a renda e o lucro contribuem largamente para perfazer o valor de troca da maior parte das mercadorias, a produção anual sempre será suficiente para comprar ou dominar uma quantidade de trabalho muito superior à que foi utilizada para criar, preparar e transportar essa produção até o Mercado. Se a sociedade empregasse anualmente todo o trabalho que pode adquirir, a produção de cada ano seria muito superior à anterior. Mas os ociosos consomem, em toda a parte, uma grande parcela desse produto; Ante às diferentes proporções em que ele é dividido entre essas duas classes de indivíduos, o valor comum (médio) dessa produção deverá de um ano para outro aumentar, diminuir ou permanecer inalterado.
 Cap VII – O Preço natural e o preço de Mercado das mercadorias
 A cada utilização do trabalho ou capital, corresponde uma taxa média de salário ou lucro. Esta é naturalmente determinada, pela situação geral da sociedade, pela pobreza ou riqueza e seu estado progressivo, estacionário ou regressivo; e também pela natureza específica de cada utilização. De forma quase igual, há uma renda média determinada naturalmente pela situação geral da sociedade, e pela fertilidade da terra. Essas taxas correntes podem se denominar salário natural, lucro natural e renda natural. Quando o preço se equivale, segundo as taxas naturais ao conjunto das rendas, salários e lucros necessários para criar, preparar e transportar o bem até o Mercado, esse bem é vendido pelo preço natural.
 O bem é vendido por aquilo que vale ou o que custou, embora o custo primário não inclua o lucro da renda. Quem faz o produto para o Mercado espera algum ganho, sendo o lucro para sua SUBSISTÊNCIA. Podendo vender o bem por um preço inferior, o preço natural é o preço mais baixo a que o bem pode ser vendido ao longo de um período considerável. O preço pela qual cada mercadoria é vendida (preço de Mercado), pode ser superior, inferior ou igual ao preço natural. Este é determinado pela relação entre a quantidade colocada no Mercado e a procura por aqueles que estão dispostos a pagar o preço natural, sendo esse a procura efetiva (demanda).
 Se a quantidade colocada à venda no Mercado é inferior à procura efetiva, uma parte destes bens vão ter de ser vendidos a consumidores que estejam dispostos a pagar menos. O preço de Mercado vai ser tanto inferior ao natural quanto maior for o excedente colocada no Mercado. A quantidade de cada bem que é posta no Mercado se ajusta naturalmente à procura efetiva. Se for superior, algum dos componentes do preço terá de ser paga a uma taxa inferior a natural. Se a renda paga a um valor inferior, os proprietários irão retirar deste uso. Será retirado o trabalho ou capital, caso esses sejam os fatores a serem remunerados a uma taxa inferior a natural. Assim, a quantidade colocada no Mercado diminuirá se equilibrando à procura e levando a que o preço de Mercado se iguale com o preço natural.
 O preço natural é o preço central, para qual tendem os preços de todos os bens, podendo várias circunstâncias manter o preço acima ou abaixo do natural. Em certos empregos, como na agricultura, a mesma quantidade de atividade irá produzir, em anos diferentes, quantidades de bens diferentes. Em outros empregos, as quantidades produzidas serão semelhantes. Na agricultura, o preço de Mercado estará sujeito a flutuações maiores. As flutuações se refletem principalmente nos salários e lucros, que são o combustível dos bens e do trabalho. Quando o preço de Mercado fica muito maior que o preço natural, há uma tentativa daqueles que empregam o capital para suprir o Mercado, tentam esconder essa alteração, pois se ela se tornar conhecida, outros empregariam o capital neste Mercado, satisfazendo a procura. Esse segredo pode ser mantido mais fácil em Mercado distantes da residência dos que o abastecem.
 Segredos de fabricação podem ser mantidos por muito mais tempo que segredos do negócio (comercial), com esses fabricantes descobrindo um processo para produzir tal coisa mais barata, pode-se usar disso toda a sua vida, deixando para descendentes. Algumas produções na agricultura, são muito exigentes com o solo, sendo possível que nem toda a terra de um país cumpra estas exigências, seja suficiente para suprir a demanda, assim poderão serem vendidos a um preço maior.
 Um monopólio tem o mesmo efeito de um segredo de negócio ou fabricação. Eles mantêm o Mercado com menos oferta que a demanda, assim conseguindo preços maiores. Esse é o contrário do preço de concorrência. Privilégios exclusivos de corporações, estatutos de aprendizagem e leis que restringem aconcorrência, produzem um tipo de monopólio e mantém o preço e Mercado acima do preço natural. Porém em tempos de crise, os monopólios podem reduzir o preço abaixo do preço natural, não sendo mais longos que os tempos acima do preço natural. 
 O preço natural varia com a taxa média de cada uma das partes (salários, lucros e aluguéis/renda).

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