Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Letícia Nano – Medicina Unimes Drogas vasoativas Receptores adrenérgicos e efeitos Musculatura lisa Todos os tipos de músculo liso, exceto do trato gastrointestinal, contraem-se em resposta à estimulação dos receptores α1 -adrenérgicos, através da ativação do mecanismo de transdução de sinal, conduzindo à liberação intracelular de Ca 2+. Quando agonistas α-adrenérgicos são administrados por via sistêmica ação mais importante é no músculo liso vascular, particularmente na pele e nos leitos vasculares esplâncnicos, que sofrem forte constrição. As grandes artérias e veias, assim como as arteríolas, são também contraídas, resultando em diminuição da complacência vascular, aumento da pressão venosa central e aumento da resistência periférica, tudo contribuindo tanto para aumento da pressão arterial sistólica e diastólica quanto do trabalho cardíaco. Alguns leitos vasculares (p. ex., cerebral, coronariano e pulmonar) são relativamente pouco afetados. No animal inteiro, os reflexos barorreceptores são ativados pelo aumento na pressão arterial produzido por agonistas α-adrenérgicos, causando bradicardia reflexa e inibição da respiração. Os receptores α-adrenérgicos envolvidos na contração da musculatura lisa são principalmente do tipo α1, embora o músculo liso vascular contenha tanto receptores α1 como α2 . A estimulação dos receptores β causa relaxamento da maioria dos tipos de musculatura lisa, por aumento da formação de AMPc. O relaxamento costuma ser produzido por receptores β2-adrenérgicos. No sistema vascular, a vasodilatação mediada por receptores β2 é dependente de endotélio e mediada pela liberação de óxido nítrico. Ocorre em muitos leitos vasculares e é especialmente acentuada no músculo esquelético. A musculatura lisa brônquica é relaxada pela ativação dos receptores β2 -adrenérgicos, e agonistas seletivos dos receptores β2 são importantes no tratamento da asma. O músculo liso uterino responde de modo semelhante, e esses fármacos também são usados para retardar o trabalho de parto prematuro. O relaxamento do músculo detrusor da bexiga é conseguido através da ativação dos adrenoceptores β3; recentemente, os agonistas seletivos β3 têm sido utilizados no tratamento da bexiga hiperativa. Letícia Nano – Medicina Unimes Os receptores α1 -adrenérgicos também medeiam uma resposta trófica de longa duração, estimulando a proliferação da musculatura lisa em vários tecidos, como, por exemplo, nos vasos sanguíneos e na próstata, fato que é de importância em patologia. A hiperplasia prostática benigna é comumente tratada com antagonistas αadrenérgicos. Terminações nervosas Receptores adrenérgicos pré-sinápticos estão presentes tanto em terminações nervosas colinérgicas como noradrenérgicas. O efeito principal (mediado por α2) é inibitório, mas também tem sido descrita uma ação facilitadora mais fraca dos receptores β nas terminações nervosas adrenérgicas. Coração Por meio de sua ação em receptores β1 -adrenérgicos, as catecolaminas exercem um potente efeito estimulante sobre o coração. Tanto a frequência cardíaca (efeito cronotrópico) quanto a força de contração (efeito inotrópico) são aumentadas, resultando em expressivo aumento do débito cardíaco e do consumo de oxigênio pelo coração. A eficiência cardíaca é reduzida. As catecolaminas podem também causar distúrbios no ritmo cardíaco, culminando em fibrilação ventricular. Drogas vasoativas Os fármacos podem afetar a musculatura lisa vascular, atuando diretamente sobre as células musculares lisas, ou indiretamente, por exemplo, sobre as células endoteliais, sobre as terminações nervosas simpáticas ou sobre o sistema nervoso central (SNC). As drogas vasoativas podem ser classificadas em: vasopressores, inotrópicos e vasodilatadores. Vasopressores Ação sobre os receptores adrenérgicos e dopaminérgicos, usados para tratar choque em pacientes já ressuscitados volemicamente. Ex: noradrenalina, adrenalina, dobutamina, dopamina **substâncias vasoconstritoras: os principais grupos são as aminas simpatomiméticas, certos eicosanoides (especialmente tromboxana A2), peptídeos (angiotensina II, hormônio antidiurético [ADH] e endotelina; e um grupo de fármacos variados (p. ex., alcaloides do ergot). A norepinefrina e a epinefrina mostram relativamente pouca seletividade de receptor. • Agonistas α1 seletivos incluem fenilefrina e oximetazolina. • Agonistas α2 seletivos incluem clonidina e α-metilnorepinefrina. Esses agentes causam queda da pressão sanguínea, em parte por inibição da liberação de norepinefrina e em parte por uma ação central. A metildopa, desenvolvida como um fármaco hipotensor (hoje em dia, praticamente obsoleto, exceto durante a gravidez), dá origem à formação do falso mediador metilnorepinefrina. • Agonistas β1 seletivos incluem a dobutamina. O aumento da contratilidade cardíaca pode ser útil clinicamente, mas todos os agonistas β1 -adrenérgicos podem causar arritmias cardíacas. • Agonistas β2 seletivos incluem salbut, terbutalina e salmeterol, usados principalmente na asma por sua ação broncodilatadora. • Um agonista β3 seletivo, mirabegron, é utilizado no tratamento da bexiga hiperativa. Os agonistas β3 promovem a lipólise e apresentam um potencial de tratamento na obesidade Letícia Nano – Medicina Unimes Vasodilatadores Os vasodilatadores atuam: – aumentando o fluxo sanguíneo tecidual local – reduzindo a pressão arterial – reduzindo a pressão venosa central O efeito final é redução da pré-carga (redução da pressão de enchimento) e pós-carga (redução da resistência vascular) cardíacas, reduzindo assim, o trabalho cardíaco. Nitroglicerina: é um vasodilatador preferencialmente arterial, utilizado em emergências hipertensivas relacionadas a síndrome coronariana aguda. Nitroprussiato é um potente vasodilatador com discreto efeito fora do sistema vascular, que atua pela liberação de NO. Diferentemente dos nitratos orgânicos, os quais dilatam preferencialmente os vasos de capacitância e artérias musculares, atua igualmente sobre a musculatura arterial e venosa. O nitroprussiato é rapidamente convertido em tiocianato no organismo, sendo sua meia vida plasmática de apenas alguns minutos, necessitando ser administrado em infusão contínua com cuidadosa monitoração para evitar hipotensão. O uso prolongado causa acúmulo de tiocianato e toxicidade (fraqueza, náuseas e inibição da função tireoidiana); consequentemente, o nitroprussiato é útil somente para tratamento de curto prazo (geralmente até um máximo de 72 h). É usado em unidades de terapia intensiva para emergências hipertensivas, para produzir hipotensão controlada durante cirurgia e para reduzir o trabalho cardíaco durante disfunção cardíaca reversível, que ocorre depois de cirurgia de revascularização do miocárdio Inotrópicos São considerados cardiotônicos não digitálicos. Principal uso em insuficiência cardíaca descompensada e falência cardíaca pós IAM. Ex: levosimendana, milrinona, anrinon,dopexamina *Inibidores de fosfodiesterases: as fosfodiesterases pelo menos 14 isoenzimas distintas. Os inibidores seletivos da PDE tipo III (p. ex., milrinona) aumentam o AMPc no músculo cardíaco. Apresenta efeito inotrópico positivo mas, apesar da melhora hemodinâmica em curto prazo, aumentam a mortalidade na insuficiência cardíaca, possivelmente por causar arritmias.Letícia Nano – Medicina Unimes Drogas vasoativas Classificação Receptor Formulação Efeitos Indicação Efeitos colaterais Adrenalina vasopressor – catecolamina natural α1,α2,β1 e β2 IV, preferencialmente por acesso central; SC; intratraqueal Baixas doses: estimula preferencialmente β2, causando broncodilatação e vasodilatação musculoesquelética. No β1 aumenta FC, DC e contratilidade. Altas doses: aumento da estimulação α- vasoconstrição, hipertensão, taquicardia, hipocalemia, hiperglicemia, Hipotensão refratária, broncoespasmo, anafilaxias, parada cardiorrespiratória (droga de escolha) Taquidisrritmias, acidemia hipomagnesemia, hipoxemia, vasoconstrição severa, e isquemia renal, cardíaca e de pele Noradrenalina vasopressor – catecolamina natural α1,α2,β1 IV acesso venoso central Efeito potente α1+β1: ↑pressão sistêmica e pulmonar; ↑ contratilidade e DC, sangue pode ser redistribuído p periferia. Altas doses: em instabilidade hemodinâmica Hipotensão (droga escolha - instabilidade hemodinâmica) e depressão miocárdica e sepse Isquemia e hipoperfusão órgãos periféricos Dopamina vasopressor – catecolamina natural α1,β1 e dopaminérgicos IV, acesso venoso central preferível Baixas doses: padrão de ativação dopaminérgica-> aumento do fluxo sanguíneo renal, esplênico, coronário e cerebral Doses maiores: padrão β:↑ contratilidade, FC e PAS. Doses ainda maiores: padrão α: vasoconstrição arterial e venosa Hipotensão devido ↓ contratilidade miocárdica, p/ ↑ diurese (não é diurético) e vasodilatação renal Taquicardia em altas doses, disrritmias e isquemia miocárdica (- frequente que a nora) Dobutamina vasopressor- Catecolamina sintética β1 e β2 IV, acesso venoso central preferível Efeito central importante e efeito periférico fraco Efeito B1: cronotropismo e ionotropismo, ↑ condução AV. B2: vasodilatação na periferia Estados de ↓ DC Choque cardiogênico (droga de escolha) Taquicardias e disrritmias(- frequentes), e hipotensão Dopexamina inotrópico- análogo sintético da dopamina Dopaminérgicos e β2 IV, acesso venoso central preferível Efeito B1 inibindo a recaptação de noradrenalina Efeito B: ↑ DC, FC e vasodilatação Efeito dopa ↑ fluxo renal e esplênico Estados de ↓ DC, ↓ perfusão renal Taquidisrritmias (menos que a dobutamina) e taquifilaxia Milrinone Inotrópico- inibidores fosfodiesterase III IV acesso venoso central e VO (EUA) Estímulo adenilciclase e ↑AMPc causando ↑ionotropismo e lusitropismo, e vasodilatação (↓pós carga). Pode ser associado com dobutamina Estados de ↓ DC, disfunções sistólicas e hipertensão pulmonar Taquicardia e hipotensão nos pacientes hipovolêmicos Levosimendan Cálcio senssibilizantes IV Intensifica a sensibilidade da troponina C ao cálcio (↑contratilidade cardíaca e vasoconstrição) e altera canais K dependentes (↓RVP - ↓pós carga) Estados de ↓ DC, disfunções sistólicas, IC descompensada Hipotensão, náuseas, cefaleia Fenoldopan Vasodilatador DA1 IV via periférica Max 48horas Agonista seletivo dopaminérgico, vasodilatador arterial de circulação renal, mesentérica, coronária e musculo-esquelética. Efeito diurético e natriurético Hipertensão severa, hipoperfusão renal Hipotensão, taquicardia, flush, tontura, náuseas, ↑p intraocular Nitroprussiato de sódio Vasodilatador IV, acesso venoso central preferível fotossensível Vasodilatador + potente, “doador de óxido nítrico”, causa vasodilatação arterial e venosa, ↓p sistêmica e pulmonar, e de enchimento cardíaco Emergências hipertensivas: edema agudo de pulmão, IC, descompensada, AVE, dissecação aorta Intoxicação (formação cianometahemoglobina), e acidose metabólica Nitroglicerina Vasodilatador direto Sublingual, transdérmico, nasal e IV Vasodilatador venoso e coronariano, pela liberação de NO e ↑GMPc no endotélio vascular, ↓ tônus venoso e arterial, melhorando função sistólica cardíaca. Efeito anti-agregante plaquetário Isquemia miocárdica (pós infarto), hipertensão, ICC, emergência hipertensiva com sd coronariana aguda Taquicardia reflexa, hipotensão, taquifilaxia, metahemoglobina (nitritos inorgânicos) intoxicação pelo etanol Óxido nítrico Vasodilatador direto Máscara facial ou tubo Vasodilatação local, ↓ pressão da artéria pulmonar, redireciona fluxo de sangue para áreas hipoperfundidas. Efeito local. Efeito antiinflamatório? Hipertensão pulmonar, hipoxemia, edema agudo de pulmão. Formação de metahemoglobina Letícia Nano – Medicina Unimes
Compartilhar