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1 Sistema Cardiovascular – Vasodilatadores de Ação Direta Os alvos sobre os quais estes fármacos agem para relaxar a musculatura lisa vascular incluem os canais de cálcio dependentes de voltagem na membrana plasmática, os canais do retículo sarcoplasmático (liberação ou recaptação de Ca2+) e as enzimas que determinam a sensibilidade das proteínas contráteis ao Ca2+. O efeito final dos vasodilatadores é redução da pré-carga (redução da pressão de enchimento) e pós-carga (redução da resistência vascular) cardíacas, reduzindo assim, o trabalho cardíaco. Seus principais usos são: o Terapia anti-hipertensiva (ex.: antagonistas de AT1, antagonistas de cálcio e antagonistas α1-adrenérgicos) o Tratamento/profilaxia de angina (ex.: antagonistas de AT1, antagonistas de cálcio, nitratos) o Tratamento de insuficiência cardíaca (ex.: inibidores da enzima conversora da angiotensina, antagonistas AT1) o Tratamento de disfunção erétil Ativadores de Canais de Potássio Alguns fármacos (ex.: minoxidil e diazóxido) relaxam a musculatura lisa por indução à abertura dos canais de K+. Essa ação hiperpolariza as células e “desliga” os canais de cálcio dependentes de voltagem. Os ativadores dos canais de potássio trabalham pela ação antagonizante de ATP intracelular nestes canais. O minoxidil (atuando por meio de um metabólito ativo de sulfato) é um vasodilatador especialmente potente e com duração de ação prolongada, usado como fármaco de último recurso no tratamento da hipertensão grave não responsiva a outros fármacos. Ele causa acentuada retenção de sal e água, por isso geralmente é prescrito em combinação com um diurético de alça. Causa taquicardia reflexa, a qual pode ser prevenida com o uso de um β-bloqueador. Inibidores de Fosfodiesterase As fosfodiesterases (PDEs) compreendem pelo menos 14 isoenzimas distintas. Ao lado de outras ações, as metilxantinas (ex.: teofilina) e a papaverina são inibidores não seletivos das PDEs. Os inibidores seletivos da PDE tipo III – subtipo específico do coração – (ex.: milrinona) aumentam o AMPc no músculo cardíaco, aumentando assim, a contratilidade do miocárdio. Apresenta efeito inotrópico positivo, mas, apesar da melhora hemodinâmica em curto prazo, aumentam a mortalidade na insuficiência cardíaca, possivelmente por causar arritmias (provocadas pelo aumento de AMPc intracelular). 2 Os inibidores seletivos da PDE tipo V (ex.: sildenafila) inibem a degradação do GMPc. O efeito final do fármaco é a redução da pré- carga (redução da pressão de enchimento, a pressão venosa central) e pós-carga (redução da resistência vascular, a pressão arterial) cardíacas, reduzindo assim, o trabalho cardíaco. Sua indicação inicial é para hipertensão pulmonar e secundariamente para disfunção erétil. Tomada por via oral cerca de 1h antes da estimulação sexual, a sildenafila aumenta a ereção peniana, potencializando esta via. Seus efeitos adversos incluem hipotensão, rubor e cefaleia. Vasodilatador de Mecanismo Incerto Hidralazina A hidralazina atua principalmente sobre artérias e arteríolas, causando queda da pressão arterial acompanhada por taquicardia reflexa e aumento do débito cardíaco. Interfere com a ação do trisfosfato de inositol sobre a liberação de Ca2+ do retículo sarcoplasmático. Seu uso clínico original foi na hipertensão e ainda é usada para tratamento de curto prazo de hipertensão grave na gravidez, mas pode causar um distúrbio imunológico que se assemelha ao lúpus eritematoso sistêmico, de modo que, na atualidade, em geral dá-se preferência a outros agentes para o tratamento de longo prazo da hipertensão. Tem lugar no tratamento de insuficiência cardíaca em pacientes de origem africana, em combinação com um nitrato orgânico de ação prolongada. Nitratos Os nitratos mais utilizados são: mononitrato de isossorbida, propatinilnitrato, nitroglicerina e nitroprussiato de sódio. O nitroprussiato é um potente vasodilatador com discreto efeito fora do sistema vascular, que atua na liberação de NO. Diferentemente dos nitratos orgânicos, os quais dilatam preferencialmente os vasos de capacitância e artérias musculares, atua igualmente sobre a musculatura arterial e venosa. Sua utilidade clínica é limitada porque precisa ser dado por via intravenosa. O nitroprussiato é rapidamente convertido em tiocianato no organismo, sendo sua meia-vida plasmática de apenas alguns minutos, necessitando, pois, ser administrado em infusão contínua com cuidadosa monitorização para evitar hipotensão. O uso prolongado causa acúmulo de tiocianato e toxicidade (fraqueza, náuseas e inibição da função tireoidiana); consequentemente, o nitroprussiato é útil somente para tratamento de curto prazo (geralmente até um máximo de 72hs). É usado em unidades de terapia intensiva para emergências hipertensivas, para produzir hipotensão controlada durante cirurgia e para reduzir o trabalho cardíaco durante disfunção cardíaca reversível, que ocorre depois de cirurgia de revascularização de miocárdio. Os nitratos orgânicos relaxam os músculos lisos (especialmente a musculatura lisa vascular, mas também outros tipos, incluindo a musculatura esofágica e biliar). Eles relaxam veias, com consequente diminuição da pressão venosa central (redução da pré-carga). Em indivíduos sadios, isso reduz o volume 3 sistólico; ocorre estase venosa na posição ortostática e pode causa hipotensão postural e tonturas. As doses terapêuticas têm menos efeitos sobre as pequenas artérias de resistência do que sobre as veias, mas há um efeito acentuado sobre artérias musculares maiores. Isso reduz a reflexão da onda de pulso dos ramos arteriais e, consequentemente, reduz a pressão central (aórtica) e a pós-carga cardíaca. O efeito dilatador direto sobre as artérias coronárias opõe-se ao espasmo coronariano na angina variante. Com doses maiores, as artérias e arteríolas de resistência dilatam-se, e a pressão arterial cai. Não obstante, o fluxo coronariano aumenta em decorrência de vasodilatação coronariana. O consumo de oxigênio pelo miocárdio se reduz em razão da redução da pré e pós-carga cardíacas. Isto, juntamente com o aumento do fluxo sanguíneo coronariano, causa grande aumento do conteúdo de oxigênio do sangue do seio coronário. Em resumo, a ação antianginosa dos nitratos envolve: o Redução do trabalho cardíaco, pela redução da pré-carga (venodilatação) e da pós-carga (redução da onda reflexa arterial), levando à redução da necessidade de oxigênio pelo miocárdio o Redistribuição do fluxo coronariano em direção a áreas isquêmicas através de colaterais o Alívio do espasmo coronariano Mecanismo de Ação Os nitratos orgânicos são metabolizados com liberação de NO. O óxido nítrico ativa a guanilil ciclase solúvel, aumentando a formação de GMPc, que ativa a proteína quinase G e leva a uma cascata de efeitos na musculatura lisa, culminando em desfosforilação das cadeias leves da miosina, sequestro de Ca2+ intracelular e consequentemente relaxamento. Efeitos Adversos Os principais efeitos adversos dos nitratos são consequência direta das suas principais ações farmacológicas e incluem hipotensão arterial e cefaleia. A tolerância a esses efeitos desenvolve-se bem rapidamente, mas se desfaz depois de um breve intervalo sem nitratos. Farmacocinética O trinitrato de glicerila é rapidamente inativado por metabolismo hepático. É bem absorvido na mucosa oral e é usado como comprimido sublingual ou como aerossol sublingual, produzindo seus efeitos em poucos minutos. Após a absorção sublingual, o trinitrato é convertido em di e mononitrato. Sua duração de ação efetiva é de aproximadamente 30 minutos. O mononitrato de isossorbida tem duração mais prolongada do que o trinitrato de glicerila por ser absorvido e metabolizado mais lentamente, mas tem efeitos farmacológicos semelhantes. Usos ClínicosOs nitratos orgânicos são usados clinicamente em casos de: o Prevenção de angina estável (mononitrato de isossorbida) o Tratamento de angina estável (trinitrato de glicerila) 4 o Angina instável (trinitrato de glicerila intravenoso) o Insuficiência cardíaca aguda (trinitrato de glicerila intravenoso) o Insuficiência cardíaca crônica (mononitrato de isossorbida, com hidralazina) Fármacos usados na ICC: o Diuréticos de alça, por exemplo, furosemida o Inibidores da enzima conversora de angiotensina, por exemplo, ramipril o Antagonistas dos receptores subtipo 1 da angiotensina II, por exemplo, valsartana o Antagonistas dos receptores β- adrenérgicos, por exemplo, metoprolol o Antagonistas dos receptores de aldosterona, por exemplo, espironolactona o Nitratos orgânicos, por exemplo mononitrato de isossorbida, combinados com hidralazina Fármacos usados na Angina Pectoris: o β-bloqueadores o Inibidores de ECA ou antagonistas do receptor de angiotensina II o AAS o Anti-agregante plaquetário o Ivabradina o Vastatinas o Nitratos o Bloqueadores de canais de cálcio, por exemplo, diltiazem e verapamil
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