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I"W AVALIAÇAO , FONOAUDIOLOGICA LUCIANA BADRA ]ABUR U~'~sm40EFEDERAL bú f'ARÀ eur~soOE OOO~TOlOGIA ~AAOt"OItFRANCISCO G.ÁU~ AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 283 INTRODUÇÃO Desde 1839, com Le Foulon, vários pesquisado- res vêm se dedicando ao estudo das relações exis- tentes entre a presença da má oclusâo dental e 'as anomalias anatomofuncionais da cavidade bucal, Pode-se afirmar que o desenvolvimento mus- cular e ósseo estão em íntima relação. A ação modeladora dos músculos sobre os arcos den- tais quando bem equilibrada e harmoniosa, pode favorecer uma oclusão adequada, Conclui- se que qualquer alteração no mecanismo funcio- nal poderá determinar desvios e conseqüentes deformações ósseas. Os músculos, ao exercerem sua função, mo- delam os ossos e. de certo modo dirigem o seu crescimento. Segundo Graber, apesar de ser o tecido ósseo um dos mais duros do corpo, é um dos mais plás- ticos e que mais respondem ãs forças funcionais. Por isso, é necessário que todos os profissionais que de alguma maneira se relacionam com esta área, os ortodontistas em particular, saibam iden- tificar alterações musculares e funcionais orofa- ciais. O tratamento destas alterações favorece a es- tabilidade dos casos tratados ortodonticamente. A ele deu-se o nome de terapia miofuncional e aqui lA no Brasil é realizada pelo fonoaudiólogo. Os obje- tivos deste tratamento são não só evitar as recidivas oclusais após a retirada do aparelho, como tam- bém, favorecer o tratamento ortodôntico retiran- do as forças musculares contrárias à terapia. Este capítulo pretende fornecer ao ortodon- tista dados para que possa identificar alterações musculares e funcionais. I-DIAGNÓSTICO I-ANAMNESE A avaliação da musculatura oral deve ser pre- cedida de uma anamnese, com o objetivo maior de averiguar se o paciente é portador de algum hábito bucal inadequado como sucção do dedo (Figs. 14.1 e 14.2) ou chupeta (Fig. 14.3) - re- portar ao Capítulo 13 - pois sabe-se que eles podem interferir no padrão regular de cresci- mento facial sendo por isso a etiologia de muitas más oclusões . Além do mais, a permanência do hábito inadequado impedirá a automatização das posturas bucais corretas e afetará a fisiologia oral. Portanto, identificar o hábito bucal inade- quado é fundamental para assegurar a esta- bilidade da correção ortodôntica. " 14.1B Fig. 14.1 A e B - Paciente portador do hábito bucal inadequado de sucção do polegar. Notar a má posição dos lábios e mandíbula quando o polegar está dentro da boca, 284 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO E PL:ANEJAMENTO CLÍNICO c Fig. , 4.2 - Conformação do palato duro decorrente da sucção do polegar. 2- INTER-RELAÇÃO FORMA E FUNÇÃO Há muito se admite a importância da inter- relação forma e função e pergunta-se: são as alterações funcionais que causam a má oclusão ou o inverso? Através de pesquisas foi observado que: aqueles que acreditam que a má oclusão causa alterações funcionais preconizam que a forma anatômica determina a função, bastando, por- 14. Fig. , 4.1 C e D - Efeitos do uso inadequado da sucção do polegar: eversão do lábio inferior e mordida aberta anterior. -. Fig. 14.3 - Hábito de sucção da chupeta. Notar o número de chupetas indicando que o seu uso é contínuo. tanto, conigir a má oclusão para que a função normalize-se espontaneamente. -, Isso pode ocorrer? Sim, mas não se pode prever se ocorrerá. Como também há outros que acreditam que a função determina a forma. Na verdade ainda não se chegou a uma conclu- são exata do que é primário: Forma ou Função. O importante é não dicotomizar forma e função. Ambos os aspectos devem ser avaliados AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 285 concomitantemente, sem priorizações, de um sobre o outro. O avaliador deverá realizar um esforço no sentido de tratar o problema na sua totalidade, permitindo todas as possibilidades. É fundamental manter-se aberto à análise das inter-relações variadas entre a oclusão dental e as funções, pois forma e função estão em ínti- ma relação. Recentemente, Bianchini ressaltou a impor- tância da análise cefalométrica como comple- mento à avaliação fonoaudiológica. Ocorre que alguns componentes anatõmicos são bastante difíceis de serem obtidos sem a observação de radiografias. Os dados da análise cefalométrica devem ser fornecidos pelo ortodontista e auxi- liam o diagnóstico. Para o fonoaudiólogo os ângulos mais importantes são aqueles que for- necem os dados para a classificação do tipo fa- cial do paciente, espaço nasofaríngeo e a incli- nação dos incisivos. "A visualização dos espaços orgânicos e mensuração da quantidade de crescimento ós- seo, principalmente em relação à maxila e à mandíbula (plano sagital), pode prever ou esta- belecer padrões posturais de língua e lábios es- pecíficos para aquele indivíduo, assim como pode prever também as dificuldades para o es- tabelecimento destes padrões posturais" (Bian- chini). Para a fonoaudiologia, o trabalho de Bian- chini. foi um passo importante em busca de se estabelecer com maior precisão a relação for- ma e função que deverá ser a base de toda a avaliação. 3- POSTURAS NORMAIS DE REPOUSO Sabe-se que os dentes são mantidos em ali- nhamento pelo equilíbrio de forças musculares antagônicas que, internamente, estão represen- tadas pela ação dos músculos da língua e exter- namente pelos músculos orbicular, mentonia- no e bucinador (periorais). Segundo Winders, a força da língua sobre os dentes é maior que a exercida pelos múscu- los periorais. o A ação modeladora destes músculos é exer- cida tanto em repouso como em ação, ou seja, durante as funções. Portanto, a ação da muscu- latura em repouso é ativa no equilíbrio ósseo. Para mover os dentes são necessárias forças leves e contínuas. As pressões de repouso da língua e lábios atuam desta forma e, portanto, podem influenciar na posição dos dentes. Espe- cialmente considerando que, em freqüência, fica-se mais tempo com a musculatura em re- pouso do que em ação. A postura normal de repouso dos lábios é fechados sem esforço (Fig. 14.4). Para isso, o lábio inferior deve cobrir os incisivos superio- res em mais ou menos 2mm. Fig. 14.4 - Postura normal de repouso dos lábios. Observar "que os lábios estão ocluídos sem esforça. A posição de repouso dos lábios superior e inferior pode ser influenciada pela posição anteroposterior dos incisivos superiores e in- feriores." Conseqüentemente, é importante que os i~cisivos estejam alinhados e coloca- dos corretamente neste sentido para possibi- litar postura labial adequada. Outros quatro fatores podem influenciar o comportamento labial: altura labial com relação ao processo alveolar, força, comprimento e espessura dos lábios. Encontra-se, na literatura, duas formas de definir a postura normal de repouso da língua: a) Toque de toda a porção anterior da língua na região da papila palatina; ela está sempre elevada, conforme Altmann (Fig. 14.5A). b) O dorso da língua toca o palato de leve en- quanto a ponta normalmente está em repouso na fossa lingual ou sulco dos incisivos inferio- res, segundo Moyers (Fig. 14.5B). Ocorre que a língua possui uma infinidade de movimentos. É muito versátil adapt/ndo-se facilmente às irregularidades da cavidade bucal. Por isso, sua postura geralmente está relaciona- da com as alterações presentes no meio bucal. A posição normal da ponta da língua tem relação com a dimensão anteroposterior e vertical da cavidade oral, conforme Bianchini. 14.5A 286 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO CLíNICO 11-TÓPICOS DA AVALIAÇÃO I -OBSERVAÇÃO INFORMAL Antes do exame clínico propriamente dito, considera-se importante que seja feita uma ob- servação informal, ou seja, uma observação onde o paciente não saiba que está sendo avali- ado. Informações preciosas são captadas a par-. tir desta etapa da avaliação. Constata-se que algumas situações são mui- to comuns de ocorrerem: a) durante o exame clínico o paciente mantém os lábios fechados, enquanto que em situação espontânea fica com eles abertos. b) o paciente pode repetir corretamente uma palavraque em fala espontânea emite alterada. Por isso, sugere-se que sejam feitas observa- ções em sala de espera ou durante conversa informal. 2 - EXAME CLíNICO o exame clínico deve ser feito com o paciente sentado na cadeira, de modo que ua coluna esteja ereta e sua cabeça bem posicionada. Fig. 14.5. A - Postura de repouso da língua elevada, com sua porção anterior tocando a papila palatina, (Segundo Altmann). B - Postura de repouso da língua com a-pomo repousando no sulco dos incisivos inferiores ou na fossa lingual (Segundo Moyers). A - Postura Corporal e Postura de Cabeça A postura de cabeça é importante de ser observada, pois interfere no posicionamento da língua dentro 'da cavidade bucal. "Um desvio de cabeça será; às vezes, suficien te para que a língua ocupe mais um lado da cavidade bucal do que o outro" (Marchesan) . Se não há equilíbrio adequado da cabeça sobre o tronco, pode haver incentivo de cresci- mento anômalo das bases ósseas. A posição da cabeça geralmente está as- sociada com o eixo corporal. Por isso, desvi- os ao nível do eixo corporal como cifóse, escoliose e lordose, podem ter como conse- quência a mudança na postura da cabeça, justificando assim uma avaliação fisioterápi- ca (Fig. 14.6). B - Avaliação das posturas de repouso dos lábios e língua As pressões de repouso dos lábios e língua interferem sobre os dentes e ossos, por isso, torna-se necessário incluir a sua avaliação como parte do exame clínico. Atualmente há concordância em que não se pode avaliar da mesma forma indivíduos com características de oclusão dental e forma esque- lética diferentes. 1 14.6A 4.6C AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 287 14.6B Fig. 14.6.A, B, C - Postura corporal. Observar inclinação dos ombros e cabeça estirada para (rente. cia entre as bases ósseas. Quando há alteração óssea, as alterações labiais são freqüentes. Os lábi- os têm dificuldade de se manterem fechados em função da distância existente entre eles, r~sultan- te da discrepância óssea. Por isso, o lábio superior tende a se tornar hipofuncionante e algumas ve- zes incompetente. O lábio inferior, por sua vez, pode se tomar evertido e hipotônico. Como re- sultante final existem duas possibilidades: o lábio inferior pode fazer o vedamento bucal com os incisivos superiores (Fig. 14.7) ou algumas vezes 288 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO CLíNICO Por isso, serão citadas as alterações muscula- res e funcionais mais freqüentes em cada tipo de má oclusão. Os pacientes portadores de má oclusão de Classe I geralmente apresentam perfil esquelé- tico reto, por isso, os lábios e a língua têm maio- res possibilidades 'de manterem suas posturas normais de repouso. .' ',' e '. .' Nos pacientes portadores de má oclusão de Classe Ildisisâo 1\ a postura dos lábios e língua fhVíli> depender da existência ou não de discrepân- 14.7A 14. Fig. /4.7. A, B - Vista de frente e perfil do paciente que apresenta lábio inferior interposto entre incisivos superiores e inferiores. Fig./4.7.C - Observar a inclinação para vestibular dos incisivos superiores dificultando o vedamento labial adequado. Fig.14. 7.0 - Postura de repouso dos lábios, Notar que o lábio inferior está atrás dos incisivos superiores. AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 289 pode ocluir com o lábio superior, porém com tensão do músculo mentoniano. Este fica tenso, em conseqüência do esforço excessivo que ele está fazendo para que ocorra o vedamento labial. No paciente com Classe II divisão Ia esqueléti- ca; a postura de repouso da língua geralmente é elevada na su~ porção dorsal e rebaixada no seu ápice devido à dimensão anteroposterior diminuí- da que é caracterizada por desproporção entre a maxila e a mandíbula. A língua em repouso tam- bém pode encontrar-se entre os arcos dentais. Nos pacientes portadores de má oclusão de Classe II divisão 2a, é comum que haja veda- mento labial normal. Pacientes portadores de Classe III com alte- rações ósseas presentes, como por exemplo ma- 14.8A Fig. /4.7.E - Notar a adaptação do lábio inferior à inclinação dos incisivos. Observar lábio superior encurtado e lábio inferior atrás dos incisivos superiores. xila normal e mandíbula avançada, podem apresentar dificuldade de vedamento labial. Os lábios ficam abertos e a língua hipotônica, alar- gada, plana ou elevada, acomodada no soalho da boca, pois a língua tende sempre a ocupar o espaço maior que lhe é oferecido. ~ Pacientes portadores de mordida aberta den- tal, geralmente possuem postura lingual altera- da. A abertura anterior é um convite para a lín- gua avançar e ocupar o espaço vazio, tornando- se portanto projetada. Alguns questionam se foi a língua, com sua postura anteriorizada, que provocou a mordida aberta ou se foi a mordida aberta que provocou sua postura anterior. Tan- to a primeira quanto a segunda hipótese são possíveis de serem constatadas (Fig. 14.8). 14.8B Fig. /4.8 A - Paciente com mordida aberta anterior. B - Observar postura da língua em repouso que encontra-se projetada e adaptada à má oclusão. 290 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO CLíNICO 3- Dolicofacial ou face longa Pacientes portadores de mordida aberta es- quelética podem apresentar dificuldade de ve- damento labial e posicionamento lingual incor- reto em função do terço inferior da face que pode estar aumentado. Em todos os casos citados acima, sem que haja correção da forma, dificilmente consegue- se atingir uma estabilidade postural dos lábios e língua. Por isso, muitas vezes o ortodontista deve interferir antes ou concomitantemente ao tratamento fonoaudiológico. Vale ressaltar, também, que os freios labial e língual têm interferência nas posturas de re- pouso. O freio lingual, tanto de inserção longa como curta no sentido vertical, limita a movi- mentação do terço anterior da língua, interfe- rindo na postura da mesma em repouso e du- rante as funções. Por sua vez, o freio labial curto pode limitar a movimentação labial e, com isso, dificultar o vedamento. c -Descrição da Face Determinar o tipo facial do paciente é um complemento diagnóstico de grande importân- cia, já que, desproporções entre ossos e partes moles, determinam com freqüência problemas miofuncionais sendo também um auxiliar no prognóstico de tratamento. Pode-se encontrar alterações faciais decor- rentes da combinação dos padrões de cresci- mento sagital e vertical. a - Padrões faciais verticais 1 - Mesofacial • padrão de crescimento fa- cial médio • terços da face equilibrados 2 - Braquifacial ou face curta • padrão de crescimento fa- cial horizontal • ângulo goníaco fechado • altura facial inferior dimi- nuída • musculatura forte e encur- tada O terço inferior diminuído limita o espaço interno vertical, restringindo a movimentação da língua. A musculatura forte da face curta pode di- minuir os efeitos causados pela presença de um hábito bucal inadequado. • padrão de crescimento fa- cial vertical • ângulo goníaco aberto • altura facial inferior au- mentada • musculatura débil e esti- rada A altura facial inferior aumentada pode di- ficultar a oclusão labial e o posicionamento da língua. A musculatura mais flácida, associada à face longa, pode levar à exacerbação dos pa- drões funcionais e da forma apresentada pelo indivíduo. b - Padrões faciais sagitais 1- Classe I - perfil esquelético reto 2- Classe II ou Classe II esquelética - perfil con- vexo 3- Classe III ou Classe III esquelética - perfil côncavo D - Avaliação das funções Funções a- Mastigação b- Deglutição c- Respiração d- Fonação Todas as funções referidas são interdepen- dentes e comandadas por grupos musculares que atuam de forma combinada e, em várias delas, concomitantemente. a - Mastigação A mastigação é uma função aprendida, con- dicionada e automática. Assim como a deglutição, a mastigação faz parte de um processo maior que é a digestão. Observa-se que o indivíduo que apresenta uma boa oclusão pode mastigar bilateralmente de forma alternada ou simultânea: mastiga pri- meiro de um lado e depois passa o bolo ali- mentar' para o outroou mastiga dos dois lados ao mesmo tempo. De acordo com Hedegard e Wictorine, o padrão da mastigação natural, típica e instru- mentada por dentes naturais, consiste em alter- nar o mais homogeneamente possível o lado de trabalho, ou seja, regularmente o alimento vai ora para a direita, ora para esquerda, em número similar de vezes. AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 291 Muitos estudos têm concluído que a mastiga- ção bilateral alternada estimula as estruturas de suporte e favorece um crescimento harmonioso. Por isso, indivíduos com preferência masti- gatória unilateral de longa duração podem "ter um crescimento assimétrico da face. Este pa- drão de mastigação ocorre com mais freqüên- cia na presença de alterações como mordida aberta posterior, cáries, ausências dentais ou mordida cruzada posterior. Segundo alguns autores, a mastigação unila- teral pode ser a causa ou a conseqüência de uma mordida cruzada posterior. Tem-se obser- vado que indivíduos que possuem mordida cru- zada unilateral têm maior facilidade paxa masti- gar no lado do cruzamento em decorrência da dimensão vertical diminuída. Ao mesmo tempo observa-se que pode haver impedimento dos movimentos de lateralidade da mandíbula por interferência das cúspides. Sabe-se, conforme Bradley, que no lado do trabalho (onde está ocorrendo a mastigação) as forças desenvolvidas durante a mastigação são maiores e duram mais do que o lado opos- to. Isso repercute nas condições dos músculos envolvidos na mastigação. É comum observar nestes casos o masseter do lado do trabalho, mais forte e encurtado e, no lado do balanceio, o masseter mais fraco e estirado justamente pela falta de uso. Tal quadro pode provocar assimetrias faciais, dependendo da fase de cres- cimento do paciente em questão, ou até pro- blemas de ATM. Para se avaliar o músculo mas- seter pode-se tocá-lo levemente durante a mas- tigação ou pedir para o paciente apertar os dentes e procurar sentir a contração, através de palpação. No caso das mordidas cruzadas unilaterais, para que se estabeleça a mastigação bilateral é necessário o descruzamento da mordida. Mui- tos pacientes com mordida cruzada unilateral, quando orientados para a mastigação bilateral, não conseguem modificar seu padrão mastiga- tório o que se atribui a presença do cruzamen- to. Por isso, nestes casos, prioriza-se o trata- mento ortodôntico e somente depois, orien- ta-se o paciente a mastigação bilateral. Alguns estudos têm sido feitos no sentido de se estabelecer relação entre má oclusão e padrão mastigatório. Na mastigação normal os primeiros movi- mentos mandibulares são executados no senti- do vertical e quando o alimento começa a ser triturado os movimentos se dão de forma rota- tória. Recentemente, Junqueira observou que pacientes Classe Ill costumam apresentar movi- mentos mandibulares com pouca rotação e la- teralização da mandíbula. Por sua vez, Bianchini observou que no pa- ciente Classe II esquelética, durante amastiga- ção, há tendência à anteriorização mandibular com dificuldade de oclusão labial. Na Classe III esquelética prevalecem os movimentos mais verticais da mandíbula, mastigação ante- rior ou a utilização excessiva do dorso da lín- gua fazendo o esmagamento do alimento con- tra o palato. Constata-se que são poucas as informações sobre o padrão mastigatório normal para cada tipo de má oclusão. No entanto, admite-se a necessidade do restabelecimento da oclusão para que o padrão mastigatório se normalize. b - Deglutição A deglutíçâo constitui a fase final da masti- gação e o início da digestão dos alimentos. Compreende um conjunto de movimentos que de início são voluntários e posteriormente invo- luntários. O mecanismo da deglutição funciona de forma diferente na criança e no adulto. Até aproximadamente os quatro anos de idade a criança deglute com os maxilares separados e a língua entre eles. Depois desta idade, a criança inicia a passagem para uma deglutição madura que envolve a oclusão de todos os dentes, o toque da língua na parte anterior do palato (região da papila palatina) e a mínima contra- ção dos lábios (Fig. 14.9). O desvio no padrão maduro de deglutição denomina-se deglutição atípica. Diversos autores referem-se à deglutição atí- pica como um dos hábitos bucais a interferir no estabelecimento e manutenção de uma boa Fig. /4.9- Postura da língua durante a deglutição madura (Segundo Moyers). língua sobre mais da metade da superfície lin- gual dos incisivos ou cúspides, tanto superio- res como inferiores, ou projeção da língua entre os dentes superiores e inferiores, tanto durante o repouso quanto durante a degluti- ção de saliva, líquidos ou alimentos (Fig. 14.10). Segundo Hanson, caso a projeção da língua, na deglutição, seja observada somente com relação a um dos três elementos, mas, não em repouso, fica descaracterizada a de- glutição atípica. 292 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLÍNICO .- " oclusão dental, por isso enfatizam a necessida- de do clínico em saber identificá-la e tratá-Ia. Segundo Hanson, o alinhamento dental é ameaçado quando na presença de pressões atí- picas. Pressões excessivamente fortes e/ou fre- qüentes da língua, geralmente acompanhadas de pressões muito leves e/ou pouco freqüentes dos lábios, contribuem para o desenvolvimento, permanência ou recidiva da má oclusão dental. Segundo o referido autor, a deglutição atí- pica caracteriza-se por apoio ou pressão da Existem alguns sintomas que também são citados como parte do quadro do deglutidor atípico: • musculatura perioral hiperativa - (FIg. 14.11) • ausência de .contraçâo do masseter Em sendo o segundo ítem o mais contro- vertido, será interessante observar que: para alguns autores, na deglutição normal a con- tração dos masseteres se dá pela elevação e conseqüente estabilização da mandíbula e língua, facilitando assim a deglutição dos só- lidos. Na deglutição dos líquidos esta estabili- zação não é tão necessária e a contração pode ser mínima. Quando há ausência total de contração, geralmente é porque a língua se colocou entre os maxilares, o que será en- tão considerado atípico. Porém, para Marchesan, a ausência de con- tração de masseter não caracteriza atipia, pois através de estudos eletromiográficos demons- trou que a contração de masseter ocorre an- teriormente à deglutição. Isso é explicado pelo fato do masseter levantar a mandíbula e a se- guir relaxar-se, para que o ventre anterior do digástrico tenha sua ação - que é posterior a do masseter - e não conjunta. Fig. /4./ O - Deglutição atípica. Projeção da língua entre os dentes superiores e inferiores durante a deglutição de saliva. Na deglutição atípica ao invés da ponta da língua tocar a papila pala tina, como na degluti- ção normal, ela projeta-se entre os arcos ou simplesmente exerce uma pressão na região anterior ou lateral da face lingual' dos dentes (Fig. 14.12). Considera-se que a deglutiçào atípica caracteri- za-sepelo desvio do padrão maduro de deglutição, por isso alguns autores a chamam de imatura ou infantil. A partir dos 4 anos de idade a criança já tem condições melhores para deglutir com a pon- ta da língua pressionada na papila palatina, já que antes dessa idade ela vem passando por processos de maturação dos órgãos fonoarticulatórios, como também vem sofrendo as alterações anatô- micas estruturais necessárias, tais como: o osso hióide desce, abaixando e retraindo a língua; o esqueleto facial e a cavidade oral crescem pro- porcionalmente mais que a língua, fornecendo espaço para ela desempenhar suas funções; os dentes erupcionam e, em termos funcionais, os lábios, a língua e a mandíbula adquirem funções independentes. Até a criança atingir o padrão maduro de deglutição, ela passa por vários padrões inter- mediários. Por isso, a partir dos 4 anos, a cri- ança deve ser observada com atenção especial, AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 293 Fig. '4.' I.A - Deglutição atípica. Observar a postura de repouso dos lábios que se encontram fechados com esforço. 4.12A Fig. '4.' '.B - Na seqüência, musculatura perioral hiperativadurante a deglutição de líquido. Fig. '4.'2 - Deglutição atípica. A - Projeção anterior da língua entre os arcos. B - Projeção lateral da língua entre os arcos. ~~ fOAoE FEDE~J\l fi\) f" - (:tm~() OE ODONTOLOGIA ~:Jli;iH;;,~ROFDR FRANCISCO G,ÁL'>~ 14.12B Muitos autores têm ressaltado a importância de se pesquisar as causas da deglutição atípica para que ela seja efetivamente tratada. Muitas vezes ela pode ser decorrente de um mau fun- cionamento de outras funções como a mastiga- ção e a respiração (Fig. 14.13). Uma mastigação eficiente (caracterizada pela medida do tamanho das partículas' em que 294 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO CLÍNICO pois caso apresente deglutição atípica não acompanhada de outro problema (como alte- rações na fala e/ou respiração bucal), pode apenas manter-se sob observação até os 7 ou 8 anos, pois durante a dentição mista há um pe- . ríodo de transição na maturação dos órgãos fonoarticulatórios. Caso contrário deverá ser encaminhada para o tratamento. 14.13A 14. Fig. /4./3 - Causas da deglutição atípica. A - O paciente apresenta respiração bucal que promoveu mudanças na posição de repouso dos lábios, língua e mandíbula resultando em alterações na deglutição. B - Amígdalas hipertroVadas. Se as infecções forem recorrentes o paciente tenderá a deglutir com a língua em posição anterior para evitar sensação dolorosa (Segundo Netter). . o alimento foi dividido e determinada pela au- sência de partículas grandes) permite uma de- glutição adequada, pois o alimento foi prepara- do de forma correta. Em contrapartida, uma mastigação ineficiente leva o indivíduo a deglu- tir o alimento em partículas maiores dificultan- do a deglutição. Por isso, muitas vezes observa-se o movimento de jogar a cabeça para trás feito como uma tentativa de facilitar a deglutição. Com relação à respiração bucal, sabe-se que ela pode promover mudanças na posição de repouso da língua e mandíbula, acarretando alterações na deglutição. Por isso, é preciso adequar a mastigação e respiração para que a deglutição normalize-se. São também citados como fatores responsá- veis da deglutição atípica: hábitos de sucção inadequados, amígdalas hipertrofiadas, língua hipotônica, espaços abertos durante a dentição mista, tipo facial, más oc1usões, e características genéticas estruturais. Em 1965, Cleall criticou o conceito de de- glutição normal, pois pôde verificar em seus estudos que as posições e os movimentos das estruturas bucais se devem às características morfológicas individuais, ou melhor, o sistema estomatognático possui a habilidade de adap- tar-se às mudanças do meio bucal. Segundo esta mesma linha de pensamento, diversos es- tudos advogam que a interposição lingual é conseqüência de uma relação morfológica anormal e, portanto, de adaptação da língua à má oc1usão. Daí a razão de substituir o termo deglutição atípica por deglutição adaptada. AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA , 295 Para ele, a adaptação pode intensificar ou man- ter a má oclusão. Vários pesquisadores concordam com a idéia de que existe uma relação importante entre o grau e o tipo de má oclusão e a presen- ça ou ausência de deglutição atípica. Para que a língua atue adequadamente e execute pa- drões vegetativos maduros ela necessita de es- paços amplos. Qualquer limitação seja vertical, lateral ou longitudinal faz com que a língua se movimente em direção a um espaço não limita- do, ou seja, a abertura da cavidade bucal, (Fig. 14.14). Assim nos indivíduos portadores de mordida aberta anterior haverá uma tendência da língua projetar-se para frente. Como disse Moyers, algumas mordidas abertas resultam da posição anormal da língua, enquanto outras provocam uma adaptação na função, ou seja, a língua se expande em conseqüência do meio propício (Fig. 14.15). 14.14B Fig. /4./4 A, B - Mordida cruzada /imitando a movimentação da língua durante a deglutição. 14.15B Fig. /4./5 A - Mordida aberta anterior. B - Vista lateral. C - Projeção anterior da língua no espaço da mordida aberta. l-1.16A Considerando-se que a função adapta-se à forma, não se pode esperar que indivíduos com formas diferentes executem as funções de ma- neira igual. O paciente Classe II divisão Ia com sobressaliência pronunciada comumente apre- senta deglutição com interposição do lábio in- ferior atrás dos incisivos superiores e atividade intensa dos músculos do mento e bucinador (Fig. 14.16). Pode haver concomitantemente deslize mandibular anterior durante a degluti- ção para aumentar o espaço intrabucal. O arco superior pode apresentar-se com grande atresia limitando a movimentação da língua para cima, havendo então interposição lingual entre os arcos. No paciente Classe III esquelé- tico a deglutição ocorre com grande anteriori- zação da língua e participação atípica da mus- culatura perioral. 296 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO CLÍNICO Autores como Subtelny, asseveram que a função é uma adaptação à forma encontrada. Para ele a função não deve ser corrigida antes da correção da forma. Após esta, a função pode ter sido normalizada automaticamente ou ter suas alterações diminuídas. Contrapondo-se a eles, pesquisadores como Hanson, Straub e Cooper acreditam que a for- ça da língua é que desequilibra a oclusão. Com relação a esta polêmica tem-se cons- tatado que a normalização da forma pode trazer a normalização da função. Entretanto, em alguns casos, observa-se que mesmo de- pois da correção da forma alguns padrões adaptativos utilizados anteriormente podem permanecer, prejudicando o tratamento or- todôntico e necessitando, portanto, da tera- pia miofuncional. Fig. '4.'6 A - Paciente em posição de repouso. A inclinação dos incisivos superiores favorece a interposição labial. B - Na seqüência o paciente deglutindo saliva e repetindo a mesma posição. Então, através dos dados apresentados, fica claro que a deglutição é um tema que uscita opiniões bastante controvertidas. E como em todos os outros aspectos o tema deglutição em especial deverá ainda ter seu estudo continuado. 14.~ c - Respiração A função respiratória normal se faz por via nasal. Nas fossas nasais o ar é limpo, aquecido e umidificado para depois ser conduzido aos pul- mões onde serão efetuadas as trocas gasosas. AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 297 Quando há impedimento da respiração nasal, estabelece-se a respiração bucal. O termo respira- ção bucal refere-se àqueles que respiram predo- minantemente pela boca, pois alguns deles po- dem apresentar algum grau de respiração nasal: Aceita-se com freqüência que a respira- ção bucal possa ser a etiologia de muitas más oclusões (Linder-Aronson). Portanto, o tratamento ortodôntico sem o cuidado ade- quado com a respiração bucal corre o risco de recidivar. A função respiratória está diretamente li- gada ao desenvolvimento dentofacial. Todo paciente com obstrução nasal crônica pode tornar-se um respirador bucal, o que nor- malmente leva a alterações na face, princi- palmente durante a fase de crescimento (Mocellin). Freqüentemente as alterações conseqüentes de uma respiração bucal vão depender da idade em que o indivíduo ad- 17A quiriu a obstrução nasal, da severidade e duração da obstrução, como em todas as outras funções. Estas alterações da respiração tem também significativa interferência da carga genética. O indivíduo apresentando determinadas caracte- rísticas hereditárias como espaço nasofaríngeo reduzido, fossas nasais estreitas e outras, ten- derá a apresentar a respiração bucal que nes- ses casos, posteriormente atuará como agente exacerbador das alterações. Estas considera- ções encontram apoio no pensamento de Emslie e Mayoral em que se discute se a respi- racão bucal é a causa ou conseqüência das de- formidades várias. Quando a obstrução nasal ocorre em di- mensões suficientes para impedir a respiração nasal terá como resultante adaptações posturais das estruturas da cabeça e região do pescoço (Figs. 14.17 e 14.18)., 14.17B 18A Fig. 14.17 - Paciente respirador bucal. A - Observar postura inadequada de repouso da língua e lábios.B - Observar lábios oe/uídos com esforço. 14.18B Fig. 14.18 A - Face de um respirador bucal. Notar incompetência mandibular, labial e lingual. Observar olheiras e aspecto cansado. B «Observar vedomento labial forçado. Para o diagnóstico da presença ou não de respiração bucal, deve-se estar atento a sinto- mas que são característicos do quadro, e que serão descritos a seguir. A necessidade de estabelecer um adequado fluxo aéreo por via bucal promoverá trocas posturais da língua e da mandíbula, cujos possíveisefeitos inde- sejáveisno crescimento facial têm sido discutidos. 298 ORTODONTIA' DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLíNICO Em geral, o respirador bucal não apresenta competência labial que pode ser definida como capacidade de manter os lábios em contato. Eles necessitam ficar abertos para facilitar a entrada de ar pela boca. Conseqüentemente pode haver Alguns respiradores bucais apresentam hi- potonia e hipofunção dos músculos elevadores da mandíbula (masseter, temporais, pterigoide- os mediais), resultando na mudança da posição de repouso da mesma. Ocorre um rebaixamen- to mandibular para facilitar o fluxo aéreo via bucal e a este fato dá-se o nome de incompe- tência mandibular. A língua, em geral, apresenta-se baixa, em posição inferior para facilitar a entrada de ar pela boca. Algumas vezes pode-se observá-Ia com o dorso elevado com a finalidade de regu- lar o fluxo de ar. Alterações no diâmetro transversal e pro- fundidade palatal foram observados por di- versos autores. No respirador bucal o palato pode apresentar-se alto ou atrésico. Alguns atribuem este fato à posição de repouso da língua no soalho bucal, pois nesta conjuntu- ra ela não exerce força contra o palato, per- dendo assim sua função de modeladora na- tural. Em estudos comparativos entre respiradores nasais e bucais encontrou-se um conjunto de alterações musculares que se denominou Sín- drome da Face Longa ou Faces Adenoideanas (Fig.14.20). Ela caracteríza-se por: • face longa e estreita • ângulo goníaco aumentado pela tendên- cia de crescimento vertical alteração do tônus com hipofunção dos lábios e bochechas. O lábio superior pode apresentar-se retraído ou curto e o inferior evertido e, algu- mas vezes, com aspecto alterado, pois os lábios podem estar secos e rachados (Fig. 14.19). Fig. 14.19 - Lábios abertos evertidos, com aspecto volumoso e ressecado _.característico do respirador bucal. • base posterior do crânio mais curta • palato alto e/ou atrésico • incompetência mandibular, labial e lingual • narinas estreitas • cabeça má posicionada em relação ao pes- coço (inclinada para trás) Entretanto, vale ressaltar que nem todo respirador bucal apresenta tal quadro. A respiração bucal pode ter uma causa orgâ- nica ou ser apenas um hábito vicioso. A respiração bucal viciosa, é aquela em que não há nenhuma obstrução das vias aéreas su- periores, e sim má posição dos lábios, língua e mandíbula. Ou seja, o indivíduo respira pela boca, embora tenha capacidade anatomofisio- lógica de respirar pelo nariz. A respiração bucal orgânica é aquela em que há problemas orgânicos obstruindo a passagem de ar pelo nariz. As causas da obstru- ção nasal são muitas, mas as mais freqüentes são: hipertrofia da vegetação adenoideana (Fig. 14.21, 14.22), rinite alérgica, desvio de septo, sinusite, bronquite, hipertrofia dos cor- netos nasais e infecções crônicas das amígdalas palatinas. Quando a respiração bucal é de origem obs- trutiva, torna-se necessário encaminhar ao otor- rinolaringologista para que ele possa fazer tra- tamento medicamentoso ou mesmo cirúrgico para, só então, iniciar a fonoterapia, visando à instalação da respiração nasal e fortalecimento da musculatura bucal. AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 299 90A 4.20C 14.20B ~ ~ .,..,.. ... ~ ~S; ;:1 ~'\:) 'JJ= -:::)o d..,., o it,;:;o (I &:..... r~)?] (") = Z t:"i("") -; au; o" r:o o00~'5>x: ~. 14.20D Fig. /4.20 - Síndrome da face longa. A, B - Face longa ou faces adenoideanas. c, O - Observar inclinação do plano mandibular, que deverá ser confirmada pelos dados da análise cefalométrica. 300 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLÍNICO Fig. '4.2' - Radiografta lateral mostrando hipertrofta da vegetação adenoideana. Segundo Marchesan e Krakauer, o trata- mento fonoterápico de crianças respiradoras bucais entre 4 a 5 anos, sem características ge- néticas desfavoráveis, tem como finalidade dar condição de postura correta dos lábios e da lín- !TUa,e com a manutenção destas condições faci- litar o desenvolvimento mais harmônico das esrruturas. Segundo as mesmas autoras, os respiradores bucais adultos podem ser divididos em dois tipos: • Os que se tornam respiradores bucais na fase adulta • Os que já eram respiradores bucais desde a infância e só procuraram tratamento na fase adulta. O primeiro grupo geralmente apresenta problemas musculares e não ósseos, uma vez que o crescimento facial já havia terminado quando se tornaram respiradores bucais. As- sim, o suce so do tratamento fonoterápico nes- - - casos é maior. [Q ao segundo tipo, a fonoterapia e ' não levar às condições ideais, uma -:: e o cre cimento craniofacial já finali- ciente pode muitas vezes, apresen- -- acões de po icionamento de bases ós- __ ~- ente acomodação dos múscu- Fig. 14.22 - Radiografta lateral de um paciente com espaço nasofaríngeo normal. Ias nestas bases ósseas alteradas não permiti- rá o pleno sucesso da terapia fonoaudiológi- ca, ja que esta atua apenas sobre a parte mus- cular. d - Fonação Através de observações e pesquisas, Cau- hepé chegou à conclusão de que os mes- mos pontos onde à língua toca na degluti- ção serão os pontos de articulação da fala. Por exemplo, os fonemas produzidos com a ponta da língua terão o seu ponto de arti- culação no mesmo lugar onde esta pressiona no ato da deglutição. Assim a projeção ante- rior da língua durante a deglutição pode estar correlacionada a sua projeção anterior durante a emissão dos fonemas fricativos /S/, /Z/ (ce- ceio anterior ou sigmatismo) e linguoalveola- res /T/, /D/, /N/ e /L/. Entretanto, vale res- saltar que nem todo deglutidor atípico apre- senta necessariamente tais alterações. Da mesma forma como nas outras fun- ções, é possível fazer uma associação entre a articulação dos fonemas à má oclusão e tipo facial. Nos indivíduos portadores de Classe II es- quelética, é comum observar distorções na fala, principalmente na emissão dos fonemas AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 301 Fig. /4.23 - Projeção anterior da língua na emissão do fonema S caraàerizando ceceio anterior. bilabiais, que são aqueles produzidos pelo contato rápido entre lábios superior e infe- rior. São os fonemas /P /, /B/ e/M/. Devido à sobressaliência acentuada causada pela dis- crepância entre as bases ósseas, o contato bila- bial torna-se difícil, por isso o lábio inferior oclui com os incisivos superiores para a emis- são do som. Isto ocorre principalmente quan- do os lábios estão hipotônicos e com pouca mobilidade. É comum, também, haver deslize mandibu- lar e projeção da língua entre os arcos na emis- são das fricativas /S/ e /Z/ (Bianchini). Nos pacientes portadores de Classe 111es- quelética, as distorções mais observadas asso- cia~-se aos fonemas bilabiais (lP /, /B /, /M/) e aos fonemas labiodentais (lF / e IV/) que podem ser emitidos, freqüentemente, com o lábio superior em contato com o bordo incisal dos incisivos inferiores . .Os movimentos da ponta da língua, por sua vez, podem ser substituídos pelo meio ou dorso na emissão dos fonemas /T/, /D, /N/e /L/. Nas mordidas abertas anteriores é co- mum se observar a projeção anterior da língua na emissão dos fonemas /T /, /D /, /N/ e /L/ (que normalmente serão pro- duzidos com o terço anterior da língua to- cando o palato) e ceceio anterior ou sigma- tismo (projeção anterior da língua na emis- são dos fonemas /S/ e /Z/) (Fig. 14.23). Alguns explicam a projeção lingual duran- te a emissão destes sons, como conseqüên- cia do espaço aberto oferecido pela mordi- da. Porém, vale ressaltar que a mordida abertaanterior pode ou não vir acompa- nhada de um ceceio anterior e vice-versa. O ceceio lateral, que se caracteriza por uma distorção dos fonemas /S/ e /Z/ difere do ce- ceio anterior por apresentar escape de ar late- ral e posicionamento posterior da língua. Este tipo de ceceio ocorre comumente em pacien- tes portadores de má oclusão de Classe 11 es- quelética, mordida aberta lateral e sobremor- dida. Especificamente no paciente braquifacial com mordida profunda, o espaço interno ver- tical é bastante diminuído, dificultando a mobilidade lingual e acarretando o ceceio lateral. A falta de espaço pode ser compensa- da por um deslize mandibular anterior, e conseqüentemente um escape posterior da língua bilateralmente, tendo como produto final o ceceio lateral. o paciente face curta, o espaço diminuído faz com que a língua não tenha espaço su- ficiente para elevar suas bordas e produzir os fonemas /S/ e /Z/ com precisão. Os pacientes com face longa podem apre- sentar enfraquecimento na emissão das bila- biais e uma fala com anteriorização de língua. Desta maneira, pretendeu-se ressaltar que algumas distorções da fala, que comumente es- tão associadas a uma disfunção muscular, po- dem estar relacionadas à má oclusão e tipo fa- cial. Assim sendo, freqüentemente, o tratamen- to da má oclusão deve preceder ou ser conco- mitante ao tratamento da fala. 111 - FICHA DE AVALIAÇÃO FUNCIONAL Na clínica de Pós-Graduação de Ortodontia da Universidade Cidade de São Paulo, utiliza-se a seguinte ficha de avaliação funcional: 302 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO CLÍNICO AVALIAÇÃO FUNCIONAL N° Nome: Sexo: Idade: Data: / / RESPIRAÇÃO OBSERVAÇÃO I. Característica miofacial normal ( ) alterada ( ) 2. Competência labial sim ( ) não ( ) 3. Competência lingual sim ( ) não ( ) 4. Competência mandibular sim ( ) não ( ) 5. Reflexo alar sim ( ) não ( ) 6. Forma do palato normal ( ) alterada ( ) 7. Tonsilas normais ( ) alteradas ( ) ausentes ( ) 8. Adenóide normal ( ) alterada ( ) ausentes ( ) 9. Patologias associadas não ( ) sinusites ( ) rinite ( ) bronquite ( ) asma ( ) outras ( ) Avaliação da Respiração NASAL ( ) BUCAt ( ) Obs.: DEGLUTIÇÃO I. Vedamento labial sim ( ) não ( ) 2. Lábios com pressionamento normal ( ) alterado ( ) 3. Mímica peribucal sim ( ) não ( ) 4. Língua (anatomia) normal ( ) alterada ( ) (função) normal ( ) alterada ( ) I (repouso) normal ( ) alterado ( ) 5. Função do masseter normal ( ) alterada ( ) 6. Freio lingual normal ( ) alterado ( ) 7. Emissão de fonemas a. Bilabiais (p/b/m) normal ( ) alterada ( ) b. Lingualveolares normal ( ) alterada ( ) (t/d/n/I) c. Fricativos (s/zJch/g) normal ( ) alterada ( ) Avaliação da Deglutição NORMAL ( ) ATíPICA ( ) Obs.: I AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 303 N° SUCçÃO I. Hábitos de sucção ausente ( ) chupeta ( ) dedo ( ) mamadeira ( ) lábio ( ) outros ( ) Obs.: MASTIGAÇÃO I. Hábito alimentar adequado ( ) inadequado ( ) 2. Preferência mastigatória bilateral ( ) unilateral ( ) 3. Musculatura do masseter simétrica ( ) assimétrica ( ) 4. Hábitos de mastigação ausentes ( ) onicofagia ( ) bruxismo ( ) outros ( ) Obs.: , AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR Fonoaudiologia ( ) Otorrinolaringologia ( ) outros ( ) Obs. finais.: (Segundo Carvalho, Sato- Tsuji, Cotrim-Ferreira, Santos Jr., Scanavini, Julien e Pereira Jr). Esta ficha de avaliação funcional, desen- volvida por fonoaudiólogos e ortodontistas, é dividida de acordo com as funções de respi- ração, deglutição, fonação, sucção e mastiga- ção. Com o intuito de facilitar sua aplicação clínica e visualização, cada característica é anotada na coluna da esquerda (aspectos normais) ou da direita (aspectos alterados). 3) Utilizar a terapêutica adequada para cada caso. 304 ORTODONTIA' DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO CLíNICO IV - CONSIDERAÇÕES FINAIS ~- .. A proposta deste capítulo foi fornecer al- guns conhecimentos básicos e essenciais a res- peito das funções e das eventuais alterações miofuncionais. O conhecimento das alterações miofun- cionais por parte do ortodontista é funda- mental,já que com ele pode atuar de modo a evitar recidivas das más oc1usões e tornar seus encaminhamentos mais precisos, acerti- vos e eficientes. O avaliador deve ser flexível o suficiente para encarar cada caso como único. Deve evitar fazer padronizações, pois a capacidade adapta- tiva de cada indivíduo- é muito variável. Para alguns, alterações de oclusão, nem que sejam mínimas, podem ser suficientes como fator de- sencadeante de uma alteração da função en- quanto, para outros, isto poderá não ocorrer. Deve-se ter claro, no entanto, que as previsões sobre possíveis alterações são dificeis, já que possuímos dados insuficientes e discutíveis so- bre as relações de causalidade envolvidas. A terapia miofuncional visa adequar a pro- priocepção, o tônus, as posturas de repouso de lábio e língua e as funções. O sucesso do tratamento vai depender de alguns fatores tais como: ...'. 1) Diagnóstico preciso É realmente aquela alteração funcional a causa da não estabilidade do tratamento orto- dôntico? Deve-se saber que alterações miofuncionais podem ser a causa de uma determinada recidi- va ou não. 2) O meio bucal deve estar favorável para cor- reção da função. 4) Motivação do paciente. 5) Maturidade orgânica e emocional do paciente. 6) Ter uma família que favoreça o tratamento. É necessário compreender as limitações da forma para aceitar as limitações do trabalho miofuncional. De maneira geral, pode-se espe- rar melhor prognóstico para pacientes mesofa- ciais com alterações basicamente dentais. O paciente dolicofacial tende a apresentar pior resposta ao trabalho funcional, mesmo após a correção da forma, em razão de sua musculatura mais fraca. Por outro lado, no di- zer de Bianchini, pode-se esperar bons resulta- dos do .paciente face curta moderada, em fun- ção de sua musculatura forte. Com relação ã época do início do tratamen- to miofuncional, não existe uma regra, poden- do ser feito antes, durante ou após o tratamen- to ortodôntico. Uma definição do momento deverá estar vinculada à análise conjunta de todos aspectos acima expostos e variará em fun- ção das características individuais do paciente. Na documentação fotográfica (Fig. 14.25) que se segue, pode-se observar uma paciente que apresenta a postura de repouso e as fun- ções alteradas. Notam-se dois aspectos: 1-Todas as alterações da postura de repouso e das funções são influenciadas pelo tipo de má oclusão. 2 - As funções são interdependentes de tal modo que uma alteração em qualquer uma delas leva a um desequilíbrio nas outras. Neste caso, em particular, a mastigação ineficiente precedeu a deglutição atípica. AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 305 25A "'C 25E Fig. /4.25 A, B - Foto de frente e perfil. Observar postura do lábio inferior. Notar que ele se posiciona atrás dos incisivos superiores, enquanto que o lábio superior mostra-se encurtodo. C - Visão intrabucal da mesma paciente. O - Notar posicionamento dos incisivos inferiores com relação ao palato e aos incisivos superiores favorecendo a postura labial alterada. E - Notar vestibularização dos incisivos superiores. 14.25B 14.25D 306 ORTODONTIA· DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO CLíNICO 14.25F .. 14.25H Fig. 14.25 F, G - Utilizou-se um copo com água para avaliar a deglutição. H, I - Observar que a deglutição ocorreu em duas etapas: primeiro os lábios se fecharam e em seguida o lábio inferior acomodou-se atrás dos incisivos superiores. 14.25G 14. AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 307 14.25J 5M 14.25L 14.25N Fig. /4.25 J - Utilizou-se uma bolacha para avaliara mastigação. L - Observar que a incfinação dos incisivos dificulta a mastigação com lábios fechados. M, N - Observar que para deglutir a bolacha a paciente repete os mesmos movimentos que para deglutição da água. Os fragmentos de bolacha que restaram sobre o lábio inferior denotam uma mastigação ineflciente. 308 ORTODONTIA' DIAGNÓSTICO EPLANEJAMENTO CLíNICO 14.250 14.25Q REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Altmann, E.B.C., D'Agostino L &Psillakis, j.M. Tratamento Fonoaudiológico nas Deformida- des Maxilomandibulares. In - Cirurgia Crânio- maxilofacial: Osteotomias Estética da Face Rio de Janeiro Medsi, 1987. 2. Altmann, E.B.C. - Deglutição Atípica. In - Fisio- terapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional em Pediatria, São Paulo, Sarvier, 1990. 3. Altmann, E.B.C., Lederman, H - Vídeo - Fluoros- copia da Deglutição e do Esfincter Velo - Farín- gico: Padronização do Exame - In Pró-Fono Re- vista de Atualização Científica, vl. 2, n° 1-1990. 4. Altmann, E.B.C. - Fissuras Lábiopalatinas - São Paulo - Pró-Fono Divisão Editorial, 1992. 5. Bianchini, E.M.G. - A Cefalometria nas altera- ções Miofuncionais Orais: Diagnóstico e Trata- mento Fonoaudiológico. 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