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DOPC E ASMA A limitação crônica ao fluxo aéreo que é característica da DPOC é causada por uma mistura de doença de pequenas vias aéreas (por exemplo a bronquiolite obstrutiva) e destruição parenquimatosa (enfisema), cuja contribuição relativa de cada uma varia de pessoa para pessoa. Fatores de risco: Tabagismo Tabagismo passivo Exposição ao cigarro na infância Tabagismo na gestação Partículas orgânicas e inorgânicas (queima de madeira, carvão, excrementos ou resíduos de plantações) Agentes e fumaças químicas Poluição urbana Diagnóstico: DPOC deve ser considerada em qualquer paciente que apresenta dispneia, tosse crônica ou produção de catarro, uma história de infecções de repetição do trato respiratório inferior e/ou uma história de exposição aos fatores de risco da doença. A espirometria é necessária para fazer o diagnóstico: Presença de FEV1/FVC < 0,70, após o broncodilatador confirma a presença de limitação persistente ao fluxo aéreo. DPOC: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é uma doença comum, previnível e tratável, caracterizada por sintomas respiratórios persistentes e limitação ao fluxo aéreo. Secundária a anormalidades da via aérea e/ou alveolar usualmente causada por exposição significativa a partículas ou gases nocivos. Avaliação: Os objetivos da avaliação do DPOC são determinar o nível de limitação do fluxo aéreo, o impacto da doença na saúde do paciente, e o risco de eventos futuros (como exacerbações, internações hospitalares, ou morte), para guiar a terapia. Doenças crônicas concomitantes ocorrem frequentemente em pacientes com DPOC, como doença cardiovascular, disfunção muscular esquelética, síndromes metabólicas, osteoporose, depressão, ansiedade e neoplasia pulmonar. Essas comorbidades devem ser procuradas ativamente e tratadas de acordo quando presentes, pois elas podem influenciar a mortalidade e hospitalizações independentemente. Clínica: Dispneia Tosse crônica Expectoração Infecções de repetição do trato respiratório inferior Presença da fatores de risco História pregressa do paciente Exames de imagem: Um Raio-X de tórax não é útil para estabelecer um diagnóstico de DPOC, mas é de valor para excluir diagnósticos alternativos e estabelecer a presença de comorbidades significativas como doenças respiratórias (fibrose pulmonar, bronquiectasias, doenças pleurais), esqueléticas (cifoescoliose) e cardíacas (cardiomegalia) O diagnóstico é clínico + espirometria, os exames de imagem contribuem para pensar no diagnóstico e principalmente para acompanhar o paciente. A TC de tórax não é recomendada de rotina, exceto para detecção de bronquiectasias e em pacientes que se enquadram no rastreamento para neoplasia pulmonar. A presença de enfisema em particular pode aumentar o risco de desenvolvimento neoplásico. Entretanto, a TC pode ser útil no diagnóstico diferencial onde doenças concomitantes estão presentes. Adicionalmente, se um procedimento cirúrgico com redução volumétrica pulmonar, ou redução não cirúrgica do volume pulmonar, for contemplado, uma TC de tórax é necessária, já que á distribuição do enfisema é um dos determinantes importantes da indicação cirúrgica. Uma TC também é necessária em pacientes sendo avaliados para transplante pulmonar. RADIOGRAFIA: Pouco sensível para a detecção de enfisema leve e moderado A especificidade do Raio-X de tórax é um pouco maior que sua sensibilidade, mas a variação interobservador para os achados de enfisema, particularmente dos achados vasculares, é alta. A característica radiográfica de Hiperinsulflação pulmonar é provavelmente o sinal mais confiável de enfisema. Devido a relativa baixa especificidade das características radiográficas de enfisema, o termo deve ser usado com cautela nos laudos radiográficos. Os achados são subdivididos em 4 subtipos: Hiperinflação Diafragma baixo Diafragma retificado: altura menor que 1,5 cm entre os ângulos costofrênicos e cardiofrênico. Aumento do espaço aéreo retroesternal: no perfil, de 2,5 cm a 4,5cm Ângulo costofrênico obtuso na radiografia em PA ou Perfil Diâmetro cardíaco < 11,5cm (coração verticalizado --> diminui diâmetro cardíaco) Presença de uma linha de junção posterior inferior infra-aórtica e linha pleuroesofageana esquerda aumentada. 1. Raio-X em PA de um paciente com enfisema: diafragma retificado, abaixo da 7ª costela, aumento dos espaços intercostais e retificação dos arcos costais, ângulos costofrênicos obtuso, e nesse paciente tem um pneumotórax que é uma complicação que pode acontecer. Raio-X em Perfil mostra a retificação do diafragma, ângulo costofrênico obtuso e espaço aéreo retroesternal aumentado (seta branca) Aumento da radiotransparência dos pulmões. Vasos pulmonares e seus ramos reduzidos e diminuídos, particularmente nos terços médios e externos do pulmão, Vasos distorcidos, que podem ser retificados ou curvados. Áreas radiotransparentes, avasculares com margens curvilíneas e finas, o que, em parte, representam paredes de bolhas. 2. Alterações vasculares: 3. Bolhas 4. Acentuação das marcas pulmonares Análise Quantitativa da TC: Quantificar a presença e percentual de enfisema Distribuição lobar e zonal Avalia alterações das paredes e do calibre das vias aéreas. Severidade do aprisionamento aéreo na expiração. Vai se dividir em Enfisema centrolobular (tabagismo), panlobular (def. de alfa1 antitripsina), parasseptal (bolhas), doença de vias aéreas brônquicas ou doença de pequenas vias aéreas. Raio-X em PA mostrando diminuição da vasculatura na parte inferior do pulmão, destruição do parênquima fazendo com que não tenha vasos entre as áreas de enfisematosas. Raio-X em PA com área de atelectasia (setas) e área sem vasos no pulmão esquerdo mostrando a área de uma bolha de enfisema deslocando o parênquima pulmonar e vasos curvilíneos As bolhas podem aparecer também como áreas arredondadas em que podem ser vistas as bordas (seta preta), que ficam mais visíveis na TC (seta branca). Imagem de microtomografia. Estudo feito para identificar o padrão que seria visto na microtomografia do aspecto macroscópico do enfisema. Imagem A: seta branca mostra o bronquíolo terminal com alguns alvéolos homogêneo, com bastante parênquima pulmonar em volta - normal Imagem B: enfisema centrolobular, na área do lobo pulmonar secundário vai ter acúmulo de partículas do tabagismo e poluentes causando uma inflamação crônica e vão se fechando e conforme isso acontece os alvéolos do cento do lobo vão estourando (por estarem muito inchados) e com isso enzimas são liberadas com efeito lítico causando ainda mais destruição no centro do lobo pulmonar secundário. Imagem C: no enfisema panlobular o brônquio está normal e todo o lobo pulmonar secundário está comprometido, destruição por deficiência da enzima alfa-1- antitripsina, Imagem D: no parasseptal a destruição acontece na periferia, próximo aos septos interlobulares. Na TC quando tem destruição do parênquima e fica mais escuro (mais ar) - seta branca, com vaso centrolobular no meio, mostrando um enfisema centrolobular leve. Enfisema centrolobular mais avançado, moderado, mais áreas hipodensas no parênquima pulmonar. Enfisema centrolobular confluente, as áreas se juntam mas ainda tem a estrutura do lobo pulmonar secundário preservada. Enfisema centrolobular com avanço ainda maior acontece a perda da estrutura do lobo pulmonar secundário, chamado de avançado destrutivo. Enfisema panlobular, tem uma destruição que acomete principalmente os lobos inferiores e mais na periferia Enfisema parasseptal (seta branca), que são as bolhas de enfisema, dificilmente vai estar isolado, normalmente se apresenta junto com o centrolobular. Essa imagem mostra brônquios normais Essa imagem mostra brônquios de paredes espessadas. Doença das pequenas vias aéreas são esses pontinhos brancos, que são alguns alvéolos dentro do lobo pulmonar secundário cheios de secreção com macrófagos. É precursor do enfisema e pode estar acompanhada de áreas deenfisema leve. Aprisionamento aéreo - vai ser feita uma imagem no final da inspiração e uma no final da expiração - esse é que fez as duas imagens e não houve diminuição do volume pulmonar mostrando que o ar não está saindo. Diagnóstico diferencial: Asma: O DPOC começa mais tardiamente do que a asma, com sintomas lentamente progressivos e história de tabagismo na grande maioria. Neoplasia Tuberculose: Achados específicos Bronquiectasia: Muito mais expectoração do que dispneia, associado a infecções bacterianas e com alterações mais específicas nos exames de imagem. Doenças cardíacas: ICC vai ter manifestações cardíacas e derrame pleural mais do que alterações do parênquima Fibroses pulmonares (doenças intersticiais) Fibrose cística Bronquiolite obliterante: Começa em pacientes mais jovens, pós infecciosa, pós transplantes de pulmão e medula óssea Panbronquiolite difusa: Acomete normalmente pacientes de ascendência asiática, homens, sem histórico de tabagismo. Exame de imagem com opacidades centrolobulares e hiperinflações. Tosse idiopática Extra-pulmonares: Rinite alérgica Síndrome do gotejamento pós nasal Síndrome da via aérea superior DRGE Medicamentos: como IECA Critérios diagnósticos da asma: Sintomas clínicos: Sibilância Dispneia Sintomas de aperto no peito e tosse Variação com tempo Variação com exercícios Variação com os achados da espirometria Diagnóstico: sintomas + exame físico + espirometria Imagem na asma: Achados na asma: pode ter achados em pacientes que ainda não foram diagnosticados. Avaliar complicação da asma: crises agudas Diagnóstico diferencial RADIOGRAFIA - achados na asma: Hiperinflação: Tanto em crise quanto em remissão Mais frequente com início da 1ª a 2ª década Provável remodelamento dos pulmões e caixa torácica Espessamento de paredes brônquicas: Mais comum em crianças, até 2/3 dos adultos Mais frequente em pacientes com componente infeccioso, Normalmente irreversível ASMA: Asma é uma doença heterogênea, usualmente caracterizada por inflamação crônica da via aérea. É definida por história de sintomas respiratórios como sibilância, dispneia, aperto no peito ou tosse que variam no tempo e em intensidade, juntamente com limitação variável ao fluxo aéreo expiratório. Doença que acomete as vias aéreas, muito mais com inflamação e secreção do que com destruição do parênquima como no DPOC. A Asma tem diagnóstico exclusivamente clínico, exames de imagem não são muito usados para diagnóstico. 1. 2. TC - achados na asma: Presentes em 68 a 90% dos pacientes Espessamento de paredes brônquicas e redução do lúmen brônquico Bronquiectasias cilíndricas Atelectasias laminares Áreas de redução da atenuação - em mosaico Impactação mucoide em grandes brônquios Opacidades micronodulares centrolobulares - inflamação de pequenas vias aéreas Consolidação de espaços aéreos Cistos de paredes finas (muito raro) 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 3. Proeminência hilar (incomum) Imagem de espessamento de paredes brônquicas, que normalmente não são visíveis. Espessamento de paredes brônquicas, muito mais pronunciado do que no DPOC Atenuação (perfusão) em mosaico: parte do pulmão tem aprisionamento de ar sem troca aérea, tem diminuição da perfusão para essas áreas e aumento para as áreas sem aprisionamento para fazer trocas gasosas. Nódulos centrolobulares, que são essas opacidades ramificadas que é a secreção impactada nos brônquios, bronquíolos terminais e alvéolos peribronquiolares - doença inflamatória de pequenas vias aéreas (isso pode ser visto em pacientes mesmo que não estão em crise) Avaliar complicação da asma: Impactação mucoide na via aérea: Atelectasias (de subsegmentar até lobar) Consolidação (infecciosa, eosinofílica ou ABPA) Achados de Aspergilose Broncopulmonar alérgica: Bronquiectasias proximais Fibrose dos lobos superiores Pneumomediastino ou pneumotórax (ambos raros) Paciente com crise grave de asma com muita dispneia. Tem atelectasia de quase todo o lobo superior direito, consolidação com broncograma aéreo (pulmão esquerdo) que provavelmente é a causa da crise de asma. Tem um penumomediastino Outro paciente em crise com achados de hiperinflação pulmonar bem parecidos ao DPOC, trama vascular preservada, linha de Pneumotórax (seta) Opacidade triangular atrás do coração que mostra a atelectasia de todo o lobo inferior esquerdo provavelmente por impactação mucoide, com pneumomediastino secundário a uma crise grave de asma. Micoses Broncopulmonares alérgicas: 78% por Aspergillus Reação de hipersensibilidade ao Aspergillus que se encontra em plugs mucosos Mais comum em: Pacientes com atopia e/ou asma de longa data Mulheres Entre 20 e 40 anos de idade 10% associada a sinusite fúngica 5% familial Critérios de ABPA (Aspergilose Broncopulmonar alérgica): Maiores: Asma Eosinofilia sérica Reação cutânea imediata ao antígeno do Aspergillus Anticorpos contra o Aspergillus Aumento da IgE sérica Opacidades pulmonares na radiografia Bronquiectasias centrais Menores: Aspergillus no escarro Expectoração de plugs acastanhados Reação cutânea tardia ao antígeno do Aspergillus Achados radiográficos: Os brônquios não costumam ser maiores do que os vasos, Na TC é possível ver os brônquios dilatados. No raio-X tem espaços aéreos aumentados nos hilos pulmonares. Consolidações no pulmão direito, que tinha consolidações repetitivas que é um achado da pneumonia eosinofílica e da ABPA. Mudam de lugar ao passar do tempo. Broncococele: são brônquios cheios de secreção com estruturas tubulares semelhantes a dedos, que quando o paciente expectora toda a secreção sobram espaços aéreos aumentados que são as bronquiectasias. As imagens abaixo também são de broncoceles. Na TC mostra um brônquio com estrutura ramificada cheia de material hiperdenso - muito sugestivo de colonização fúngica - ABPA Consolidação no pulmão esquerdo. Foi solicitada uma TC Na TC tem um material hiperdenso dentro de um brônquio em uma área de consolidação do parênquima pulmonar. Quando ele melhorou foi visto que era uma bronquiectasia que tinha sido preenchida por material hiperdenso formando a consolidação (imagem abaixo) Diagnóstico diferencial da Asma: Tanto o diagnóstico de DPOC quanto o de Asma são baseados em dados clínicos e espirometria. Imagem de DPOC é útil para fenotipagem e quantificação Imagem de Asma é útil para avaliação de exacerbações e fatores de complicação. O diagnóstico diferencial de tosse, sibilância e falta de ar é amplo, inclui DPOC e Asma e exames de imagem podem ajudar.
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