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FACULDADE MARIO SCHENBERG CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA ANA PAULA COSTA DA PAIXÃO MARIA FERNANDA SWENSON A CONSTRUÇÃO DE BRINQUEDOS NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO NA INFÂNCIA Cotia 2017 ANA PAULA COSTA DA PAIXÃO MARIA FERNANDA SWENSON A CONSTRUÇÃO DE BRINQUEDOS NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO NA INFÂNCIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Educação Física da Faculdade Mario Schenberg como requisito parcial para aprovação na disciplina. Orientador: Prof. Me. Rui Ferreira Coelho Jr. Cotia 2017 ANA PAULA COSTA DA PAIXÃO MARIA FERNANDA SWENSON A CONSTRUÇÃO DE BRINQUEDOS NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO NA INFÂNCIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Educação Física da Faculdade Mario Schenberg como requisito parcial para aprovação na disciplina. Data de aprovação: ____ /____ / _____ Prof. Me. Rui Maciel Coelho Orientador – Faculdade Mario Schenberg Prof. Me Alan Cipriaco Avaliador – Faculdade Mario Schenberg Sumário 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 1 2 MÉTODO ............................................................................................................................................ 3 2.1 TIPO DE ESTUDO .................................................................................................................... 3 2.2 OPERACIONALIZAÇÃO DA COLETA DE DADOS ............................................................. 3 2.3 TRATAMENTO DOS DADOS E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ...................... 3 3 DESENVOLVIMENTO...................................................................................................................... 4 3.1 POR QUE A CRIANÇA BRINCA? .......................................................................................... 4 3.2 O QUE ELA APRENDE AO BRINCAR? ................................................................................ 6 3.3 CONSTRUÇÃO DE BRINQUEDO: DE ONDE SURGIU ESSA IDEIA? ........................... 9 3.4 O BRINQUEDO QUE A CRIANÇA PODE CRIAR ............................................................. 12 3.5 CONSTRUÇÃO DE BRINQUEDO PARA UMA VIDA SUSTENTÁVEL .......................... 13 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 15 1 1 INTRODUÇÃO Este trabalho trata como tema “A construção de brinquedos no desenvolvimento cognitivo na infância”, onde foi realizada uma pesquisa com base em artigos científicos, na qual conseguimos uma análise e uma compreensão sobre este tema. Desvenda particularidades e a verdade sobre o brincar, a cognição infantil, o desenvolvimento da criança em seu meio com o brinquedo, sendo assim nossos dados foram embasados em uma revisão bibliográfica. Por meio da construção de brinquedo, a criança pode desenvolver melhor sua cognição e a compreensão do meio em que vive, inclusive de uma forma mais sustentável. Podemos compreender, com base em Kishimoto (2007) e Adelsin (1997), que a criança aprende melhor por meio do brincar compreendendo seus limites e suas criações, e que os parâmetros curriculares apresentam uma expectativa de aprendizagem na infância, contribuindo na construção do brinquedo e no brincar da criança promovendo enriquecimento cultural e social. Contudo verifica o grau de empoderamento (pertencimento) da criança em um brinquedo construído por ela mesma. A participação direta do adulto é fundamental para que a criança volte a desenvolver e criar as novas e modificar as velhas brincadeiras com o meio e o brinquedo. O adulto precisa se resgatar como criança para que em seu repertório possa resgatar a ludicidade em si e ao outro (BARBOZA, 2016). Podemos inferir com Barboza (2016), pensando no desenvolvimento cognitivo da criança, adulto/professor, possa fazer um resgate de sua infância através da brincadeira como aprendizagem em meio às atividades escolares. De fato Barboza (2016), afirma que o trabalhar do professor no desenvolvimento dinâmico com a criança para que sob uma perspectiva pedagógica, consiga abordar com propriedade os assuntos do brincar, do desenvolvimento cognitivo, as estratégias lúdicas nas brincadeiras e resgatando a criança que já fora um dia. A partir do momento que a criança cria sua autonomia, consegue identificar a realidade da imaginação, criando assim, sua vivência em seu cotidiano em suas brincadeiras (KISHIMOTO, 2007). 2 Ao longo do trabalho o leitor encontrará a compilação bibliográfica que desenvolvera com o pensamento de Mefano (2005), que a criança brinca por meio de suas experiências vividas e como o lixo reciclado tem uma importância para sua vida presente e futura. Trazendo assim um importante fato de que a população infantil também pode contribuir para a preservação do planeta, compreendendo assim o importante impacto que a sociedade pode sofrer ao longo dos anos. Com o tema “A construção de Brinquedo” investiga-se o desenvolvimento cognitivo das crianças na educação infantil e a relevância de utilizar a construção de brinquedos para tal desenvolvimento, é revelar à criança que existem muitas formas de brincadeiras e jogos, onde são viabilizados desafios em novas descobertas e conhecimentos de novas culturas e formas de brinquedos, possibilitando uma maneira que o professor e a criança saibam trabalhar em conjunto, buscando entender se a possibilidade de construir o próprio brinquedo pode promover uma ressignificação na criança enquanto futuro consumidor, ampliando a liberdade de enxergar caminhos diferentes do mercado infantil, que entende o brinquedo como um produto que deve ser consumido. Para melhor entendimento sobre o assunto destacam-se, na literatura, os estudos de: Vygotsky (1988), Weiss (1998), Gusso (2012), Adelsin (1997), Dantas (2008), Kishimoto (2008), Oliveira (2002), Barboza (2016), Oliveira (1984) entre outros, também professores e pesquisadores de universidades renomadas, que buscam meios de compreender o comportamento e o desenvolvimento das fases da criança. Diante deste contexto é relevante que se realizem esse tipo de estudo para que todos em geral possam absorver um entendimento sobre o entendimento da criança com o brinquedo e o brincar, vendo que os dois tem uma ligação mútua entre si. Podendo assim trazer a importância das discussões dos assuntos que envolvem o desenvolvimento cognitivo da criança enquanto brinca. Justifica-se este trabalho para que a falta de conhecimento sobre o brinquedo construido pela criança deva estar sempre em observação e em busca de novos metodos de ensino. Espera-se também atrair a atenção da sociedade onde possa dar atenção a ludicidade das crianças e a forma de como elas veêm o mundo enquanto brinca. Portanto o objetivo deste trabalho é analisar a importância da criação do brinquedo no desenvolvimento cognitivo da criança enquanto cria. 3 2 MÉTODO 2.1 TIPO DE ESTUDO Trata-se de uma revisão narrativa de literatura de publicações de livros em periódicos de artigos publicados. 2.2 OPERACIONALIZAÇÃO DA COLETA DE DADOS Foram realizadas pesquisas no acervo de livros da faculdade Mario Schenberg, Faculdade USP e artigos publicados. Posteriormente, realizamos uma busca bibliográfica por meios de fontes de busca constituída pelos recursos eletrônicos nas seguintes bases de dados: biblioteca eletrônica Scientific Eletronic Library On-line (Scielo), Biblioteca da Faculdade de Educação USP (FEUSP), portal de busca integrada da USP publicada no período de 1990 a 2016.Os descritores utilizados serão: construção com material de reciclagem, cognição, jogos e brinquedos, desenvolvimento da criança. Salienta-se que os descritores supracitados encontram-se nos Descritores e Ciência da Saúde (DeCs). A coleta de dados ocorreu no decorrer dos meses de Fevereiro à Maio de 2017. Os artigos analisados foram aqueles que melhor atendiam o objetivo do estudo no idioma português. 2.3 TRATAMENTO DOS DADOS E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Após a realização da pesquisa de 15 artigos selecionados, livros e registrados em ficha própria contendo os dados do periódico. Os resultados obtidos por meio descritivos. 4 3 DESENVOLVIMENTO O presente trabalho busca fundamentar as questões de desenvolvimento cognitivo da criança em seu meio, apropriando-se assim de sua própria criação. Aborda aspectos vivenciados e históricos relacionados ao estudo em questão, estes são: Por que a criança brinca; O que ela aprende ao brincar; Construção de brinquedo – De onde surgiu essa ideia?: o brinquedo que a criança pode criar; Construção de brinquedo para uma vida sustentável. 3.1 POR QUE A CRIANÇA BRINCA? Acompanhando o pensamento de Bomtempo (1999), podemos dizer que brincando a criança consegue criar suas próprias atividades, claro que em algumas situações essa criança acaba incluindo a vivência de seu meio que tem com os adultos que é um grande exemplo, pois ao brincar de casinha, mesmo que seja sozinha, ela consegue introduzir a convivência dela com os pais em uma simples brincadeira, “o brincar de casinha”. Com isso, Gusso (2012) relata que o ser humano nasce e cresce com a necessidade de brincar, pois o brincar é uma das atividades mais importantes na vida dos indivíduos. Por meio dessa ação, ele tanto desenvolve suas potencialidades, como também trabalha com suas limitações, com as habilidades sociais, afetivas, cognitivas e físicas. Claro que com todos os estudos e pesquisas realizadas temos que concordar com os renomados autores e estudiosos que estudaram o comportamento e as etapas de desenvolvimento das crianças que nos diz: O crescimento da criança é acompanhado por fases ou etapas de desenvolvimento, caracterizando aspectos peculiares e significativos, tais como: o físico, o cognitivo, o emocional e o espiritual, importantes para a sua formação integral. Esses “aspectos a torna um ser que, nos primeiros anos de vida precisa de cuidados, por vezes específicos” (OLIVEIRA, 2002, p. 135). 5 A criança quando brinca independentemente de sua brincadeira, quando deixamos brincá-la, sem intervenções “pedagogicistas” pedantes e onipotentes, cria as suas próprias regras, sendo assim, o agente principal de sua ação. A confirmação dos estudos e das experiências vividas pelos autores com as crianças demostra total responsabilidade sobre o brincar na infância, que em cada meio vivenciado pela criança, acontece consequentemente o desenvolvimento de suas habilidades não só de criar, mas também de suas habilidades motoras e cognitivas, conseguindo compreender tal atividade em que ela mesma consegue resolver e administrar (se acompanhada de perto pelo educador). As atividades de pular, saltar, rolar, contribuem para a melhora do controle corporal, as habilidades de força, resistência, flexibilidade, e principalmente a noção de espaço. O brincar não está relacionado diretamente apenas ao brinquedo, pois o brinquedo vem como um auxiliador na brincadeira criada por ela. Possivelmente esse brinquedo fará com que ela veja outros meios e sentidos, que a estimule a identificar cores, formatos, sons, texturas, tamanhos e o que o representa. Desta forma Kishimoto (2011) nos afirma que: O brincar se torna uma forma de comunicação e expressão com o meio que vive, com o outro e com ele mesmo. Trazendo à criança a liberdade na hora do brincar, podendo usar e explorar sua imaginação para uma nova descoberta e construção da sua personalidade, constantemente aprendendo novos meios de brincar e criar. Em um estudo de campo sendo analisado e registrado todos os comportamentos das crianças a autora Sai (2008, p. 339) relata em seus estudos que: O ato de explorar os brinquedos certamente foi molar, as crianças não conseguiam se interessar nas propostas de atividades sugeridas pela professora, pois queriam “apenas” brincar, ao seu modo, por este motivo as relações de observação e de participação conjunta foram escassas durante este período. Mas, ao levar o brinquedo para casa, as relações de participação conjunta aconteceram. Em função disso Sai (2008) e Bertolleti (2008) concordam que a relação da construção do brinquedo e o brincar estão interligados não somente com as oficinas, mas possibilitou as relações interpessoais entre as crianças e a família, em relação aos aspectos cognitivo e afetivo. 6 Assim sendo que quando Winnicoot (1971) coloca que o brincar tem que ser essencial para que a criança possa manifestar sua criatividade expontaneamente sem interrupções, podendo encontrar-se. Para enfatizar mais ainda o pensamento do autor: "É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu." (WINNICOTT, 1971. p.80). Tomando por essa ideia, o brincar torna-se um meio de comunicação muito importante, pois no brincar ela se encontra e se desenvolve encontrando não somente sua cultura, mas as de outras culturas e de que é possível conhecer e se integrar em novos caminhos e conhecimentos que no brincar é possível. 3.2 O QUE ELA APRENDE AO BRINCAR? Aqui um relato do autor Adelsin Mutra no livro Barangandão Arco Iris, que mostra sua angústia e tristeza quando ele deixa o lugar de onde viveu quando criança: Nasci em outubro de 60. Aos 36 anos já fiz muitas coisas nesta vida, mas o que mais me dá alegria – aquilo de que mais me orgulho – é ter sido menino. Menino da periferia de um Belo Horizonte que tinha muito verde e quintais. Passava o dia construindo meus brinquedos, brincando com o mato, com os meninos e os cachorros. Mas, aos 11 anos, fui morar em um apartamento na região central da cidade. Ainda me lembro do cheiro da primeira noite e de que chorei. Chorei naquela e nas outras que viriam. Saudade das árvores, dos amigos, do quintal onde enterrei meus segredos embrulhadinhos em plástico e da infância que ameaçava morrer. Cheguei então à janela e, olhando pouco céu de estrela nenhuma, decidi, naquele instante que minha vida seria, enquanto eu vivo fosse, pelos meninos e pelos quintais (ADELSIN, 1997, contracapa). Criança aprende sim e é nas horas do brincar que isso realmente faz sentido para elas. No livro Barangandão Arco Iris – 36 brinquedos inventados por meninos criado pelo autor Adelsin, mostra as criações dos meninos de várias regiões em oficinas de brinquedos que ele mesmo ministrou. Esse incentivo veio da 7 professora Lydia Hortélio1 que realizava oficinas de construção de brinquedos para crianças, resgatando a cultura da criança, seus segredos e encantos enquanto eles criam. Ao brincar, a criança aprende tudo que é possível aprender e criar, segundo GUSSO (2012). Se no ato de uma brincadeira o adulto abre espaço para que a criança possa se submeter à própria imaginação, ela consegue se entregar totalmente a criar e expressar o que realmente pensa e o que quer. Assim, podemos afirmar nas oficinas de Adelsin (1997) que percorreram vários estados à procura de meninos e meninas e suas culturas de como brincam e como criam: “O primeiro carrinho que o menino puxa é qualquer coisa amarrada num cordão. Um dia a criança descobre o eixo da roda e vai em frente inventando novos carrinhos” (ADELSIN, 1997 p. 10). O desenvolvimento cognitivo na hora de brincar fica evidente quandoconsegue se comunicar e na forma que criam, conseguem demostrar isso aos adultos, que ela pode efetivamente mostrar e demonstrar o que quer passar quando está brincando com o brinquedo. Durante sua jornada Adelsin (1997) entendeu que o brinquedo traz à criança uma interação social, aprende a conviver com os outros e se colocar nas atividades que a mesma vivencia com os adultos, como: cozinhar, dirigir, cuidar da casa, cuidar do carro, cuidar de um bebê, fazer comidinha, brincar de casinha entre outras muitas profissões dos adultos como: ser bombeiro, ser cozinheiro, ser médico, dentista, ser uma secretaria, um bancário e muito mais. É impossível a criança ver e não querer reproduzir ou imitar o que está vivenciando em seu dia-a- dia. Podemos compreender, com base em Vygotsky (apud, RABELLO, 1988. p.45): O processo de aprendizagem deve ser olhado por uma ótica prospectiva, ou seja, não se deve focalizar o que a criança aprendeu, mas sim o que ela está aprendendo. Em nossas práticas pedagógicas, sempre procuramos prever em que tal ou qual aprendizado poderá ser útil àquela criança, não somente no momento em que é ministrado, mas para além dele. É um processo de transformação constante na trajetória das crianças. As implicações desta relação entre ensino e aprendizagem para o ensino 1 Lydia Maria Hortélio Cordeiro de Almeida Educadora e musicóloga brasileira, formada em Etnomusicologia na Universidade de Berna. Registra e cataloga a cultura brasileira em especial na zona rural de Serrinha. 8 escolar estão no fato de que este ensino deve se concentrar no que a criança está aprendendo, e não no que já aprendeu. Concretiza que para a criança brincar é um mundo novo de expectativas e novos aprendizados, que o contexto cultural em que o indivíduo vivencia pode ser induzido por um adulto, conforme assinala Bomtempo (1999). Entendemos que através dos sentidos o cérebro da criança consegue perceber, aprender, recordar e pensar sobre toda e qualquer nova informação que chega. O brincar para a criança é a forma mais livre e individual (DANTAS, 2008). Para Dantas (2008) o lúdico se trata de um termo que abrange os dois sentidos de brincar, a atividade individual e livre e a coletiva e regrada. Ao brincar livremente a criança tem a sensação de prazer, felicidade, ao brincar se alegra e se contenta ao ver a brincadeira, a envolver de maneira em que ela mesmo à crie e se aproprie daquele momento. Isso significa que o envolvimento da criança no brincar venha atender as necessidades de desenvolvimento, tendo em vista que esse desenvolvimento aconteça a longo prazo, pois a necessidade de garantir o desenvolvimento desta criança seja de uma enorme importância. Quando Gusso (2012) diz que: “o brinquedo é uma facilitador do desenvolvimento das atividades lúdicas, podendo ser utilizado em diferentes contextos, tais como no brincar espontâneo, no momento terapêutico e no pedagógico”, percebemos que as ideias que as crianças formulam e criam em uma atividade lúdica, tem sentido não só para o mundo real, mas para o mundo da imaginação onde surgem novos formatos e novas brincadeiras. Posto que a criança em seu desenvolvimento utilize o brinquedo como forma de expressar suas emoções, Cole (1998) conclui o brinquedo como um objeto muito importante no desenvolvimento cognitivo no que se refere não à predominância do brinquedo, mas no que a criança demonstra quando esta manipulando o brinquedo e obtendo transformações internas nela, que surgem no desenvolvimento das brincadeiras com o brinquedo. Ressalta que “No brinquedo, uma ação substitui outra ação, assim como um objeto substitui outro objeto”. (COLE, 1998. p. 132). Sendo assim o brinquedo substitui as ações do dia-a-dia que normalmente para as crianças são chatas e fora do momento delas, o brinquedo ou o brincar no momento em que o adulto impõe, por exemplo, que é hora de tomar banho, para a criança substituir a ação de tomar banho por brincar de tomar banho, 9 facilita para as crianças uma ação desagradável se tornar uma ação de prazer. Levar um objeto para o banho ou até mesmo imaginar que está em um grande navio que naufrago ou até mesmo que está na praia, o ato desagradável de tomar banho torna-se então um momento prazeroso, pois o brincar de tomar banho com meu barquinho ou minha boneca esta sendo uma atividade predominante não pela imposição do adulto mas sim por ela mesma (COLE, 1998). Contudo, ressalta Cole (1998. p. 137) que “A essência do brinquedo é a criação de uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual – ou seja, entre situações no pensamento e situações reais”. 3.3 CONSTRUÇÃO DE BRINQUEDO: DE ONDE SURGIU ESSA IDEIA? Para iniciar esse tópico, nos veio inúmeras perguntas em mente, mas uma que nos deixou mais curiosas foi como surgiu o brinquedo. Para que consigamos entender melhor sobre a construção do brinquedo, buscamos pesquisar de onde surgiu essa ideia tão maravilhosa para as crianças. Será que surgiu da ideia de uma criança? Ou de algum adulto que queria entreter a criança? Pois bem, vamos lá. Pelos registros históricos, os brinquedos surgiram há milhares de anos, por civilizações antigas, em variadas culturas, como Egito, China, Grécia, Roma entre outros é tão antiga quanto á história do homem. Von (2005, p. 33). Com base no livro “História do Brinquedo” da autora Cristina Von (2001), existe muitos brinquedos que foram criados ha milhares de anos por estas civilizações antigas e que em boa parte desses brinquedos permanecem praticamente inalterados ao longo dos anos. Na China onde foram criados, os brinquedos que permanecem inalterados: o dominó, os cata-ventos e as pipas. As pipas que até os tempos atuais em periferias e centros urbanos é umas das brincadeiras mais prazerosas para as crianças, “Soltar pipas” (VON, 2001). Von (2001), considera que somos herdeiros do Egito uma civilização que há milhares de anos criou o jogo-da-velha e as bolinhas de gude, hoje muito utilizadas em brincadeiras. 10 Na Grécia e Roma herdamos também as pernas-de-pau e as famosas marionetes, que nos traz uma vasta grandiosidade de ideias e imaginação, hoje usadas por pedagogos e muitas outras pessoas. Dessa perspectiva Von (2001), diz que somos um povo privilegiado com tanta criatividade desses grandes criadores que não só nos propuseram o brincar com suas criações, mas trouxe uma imensa cultivação de culturas diferentes, estilos, modo de vida, regras sociais, uso de materiais, ferramentas e as relações pessoais. Uma época recheada de curiosidades, inventores criativos e brinquedos que foram e são sucesso até os dias atuais e esperamos que estejam em nosso futuro próximo. Um brinquedo bem visto até os dias de hoje é a “Boneca” e que nos chama a atenção pelo seu fato histórico, tanto no Egito e em outros países. Independentemente de que material ela seja feita, as crianças, mais precisamente as meninas, tem uma adoração por bonecas. Mas em fatos históricos nas civilizações do Egito, as bonecas não tinham a aparência de criança e sim de adultos, elas simbolizavam os Deuses (Ídolos) e uma criança era proibida de brincar com a boneca que fosse um ídolo, poderia brincar com uma boneca desde que este representasse um mero mortal, uma pessoa comum. Por este motivo as bonecas e bonecos não tinham uma aparência infantil e sim de miniaturas de adultos e uma curiosidade inusitada desta época, os sexos das bonecas eram bem definidos (VON, 2001). Von (2001) relata também que na Grécia e na Roma as bonecas eram chamadas de Nympha e Pupa o que significava “moça pequena”, algumas bonecas tinham cabelo humano e braços e pernas articulados para se parecerem mais com os humanos. As meninas gregas brincavam de bonecas ate chegar à fase do casamento onde dedicavama Afrodite, deusa do amor e da fecundidade. Por sua vez os meninos romanos brincavam com bonecos feitos de argila e cera que para eles representavam os soldados. Von (2001), afirma que nos fatos históricos não há relatos que confirmem a transição das bonecas de forma adulta para a infantil, apenas uma, onde os artesãos começaram a fazer bonecas carregando seus filhos, que teriam ganhado á preferencia das crianças. Na idade média as bonecas passaram a ser de grande importância na moda. As bonecas se tornaram manequins para as estilistas que criavam seus 11 vestidos e enviavam as bonecas para rainhas e damas das cortes para escolhessem seus modelos através das bonecas. Podemos compreender com base na autora Von (2001), que de tempos em tempos as modificações foram ocorrendo e os materiais utilizados para a fabricação das bonecas foram ganhando força, onde a primeira fábrica surgiu na Alemanha em Nuremberg, em 1413 e assim foram surgindo outras técnicas de fabricação das bonecas como a borracha criada pelo americano Charles Goodyear 1 em 1844, mas que não durou por muito tempo pelo fato de que o material com o passar dos anos se desgastava. Um marco na história em 1959 que revolucionou o conceito das bonecas foi a Barbie criada nos Estados Unidos e no Brasil foi a boneca Susi, lançada em 1962. Os bonecos americanos vestidos de soldados que nos dias atuais se transformaram em heróis de filmes hollywoodianos. Desde então a boneca se transformou em uma espécie de comercialização e beleza. A criação natural e criativa se perdeu ficando apenas somente os fatos históricos (Von, 2001). Vendo que a boneca é um marco histórico e vive crescendo nos dias atuais temos um brinquedo que os meninos amam até hoje: a “bola”, que por muitos anos vem acompanhando a garotada do futebol, Plenarinho (2014), relata em seu site de publicação sobre a história do brinquedo, que a bola é um dos brinquedos mais antigo do mundo e existe há mais de 6.500 anos, afirma que as primeiras bolas confeccionadas eram feitas de crinas de animais ou fibras de bambu, Charles Miller 2 veio ao Brasil em 1894 e apresentando as regras do futebol e com ele a bola desde então, o Brasil é um dos países que mais se joga futebol em tempos atuais. Assim entendemos que mesmo com toda a mudança radical da sociedade, o brinquedo ainda é um objeto de criação para aprender o novo. Vemos pelos fatos relatados por Von (2001), que o brinquedo vem desenvolver não apenas a criatividade da criança e do adulto, mas traz uma realidade que o brinquedo influência na identidade pessoal e social da criança. Moraes (2013), pensando em contribuir na construção do desenvolvimento das crianças criou um projeto onde se deu inicio em uns debates em sala de aula “a historia do brinquedo”, que pode perceber a necessidade de 1 Charles Goodyear inventor estadunidense nascido em New Haven, criador do processo de vulcanização da borracha em 1839. 2 Charles Miller esportista Brasileiro considerado o Pai do futebol e rugby no Brasil. 12 inserir este conteúdo sobre o brinquedo para as crianças, pois o conhecimento sobre este estava empobrecido, busca então através do lúdico retransmitir e resgatar a história e os brinquedos que existem até nos dias atuais. Em seu projeto Moraes (2013), ilustra a brincadeira amarelinha, onde as crianças já conheciam, mas tão pouco sabia sobre a história da amarelinha. Outro brinquedo que apresentou às crianças, que em primeiro olhar não sentiram o desejo de alegria, foram os fantoches, mas, que ao tirá–los dos sacos os fantoches, eles se maravilharam, pois os bonecos representavam os seres do dia-a-dia, de todos os bonecos, os de animais foram os preferidos das crianças. Para que a cultura não morra e seja trocada pela tecnologia, os docentes e familiares tem o papel de não deixar isso acontecer, Moraes (2013. p.17), afirma: “O abandono da cultura do brincar coletivamente vai permanecer em nossos alunos”. 3.4 O BRINQUEDO QUE A CRIANÇA PODE CRIAR Podemos analisar que em nossas pesquisas em artigos e livros, que o brincar para a criança é um fato importantíssimo no criar e inventar. Por isso trazemos a este estudo os relatos importantíssimos vivenciados de Adelsin (1997) e Barboza (2016), que com o intuito de esclarecer suas próprias duvidas puderam ministrar e vivenciar oficinas de construção de brinquedos para novas criações, culturas e a socialização de diversas regiões onde as crianças ao criar os brinquedos, com sucatas e materiais diversos, tinham a liberdade de renovar e recriar seus brinquedos. Em uma das oficinas ministradas por Barboza (2016), seu objetivo era resgatar a criança no adulto, pois acredita que o adulto ao conviver com as crianças, tem a oportunidade de criar espaço, tempo e possibilidades para brincar. Segue o mesmo pensamento Medeiros (2009), que ministra com algumas colegas da área de educação infantil o "Projeto Brinca” que colabora com secretarias do governo e organizações civis na formação de gestores, professores, voluntários, enfim todos que trabalham com crianças em geral sendo desenvolvido pelo Cenpec1, o objetivo do projeto é justamente pensar em acrescentar conhecimento aos profissionais da área de educação, enriquecendo o conhecimento teórico e prático. 1 Cenpec: Centro de Estudos e Pesquisas em Educação Cultural e Ação Comunitária. 13 “Se o professor souber observar e intervir a partir da lógica da atividade lúdica infantil, descobrirá explorações possíveis, para se obter melhor aproveitamento do brinquedo como mediador das brincadeiras e dos trabalhos mais “escolares”, que podem se utilizar dos mesmos materiais”. (KISHIMOTO, 2007, p. 138). Em seu livro: Barangandão Arco Iris (1997), o autor Adelsin relata os brinquedos criados e reinventados por crianças de diversas regiões. Cada página descreve com humor e alegria as experiências que viveu com as crianças, a forma que a criança busca renovar o seu brinquedo e tantas outras formas que a criança consegue desvendar, pois a partir do momento em que a criança consegue entender o martelo, o prego, o pano, um jornal e muitos outros objetos, o que ela é capaz de fazer, consegue ir em frente inventando novas maneiras e novos carrinhos vão surgindo. Logo a pesquisadora Kishimoto (2007, p. 138) reforça que: “A atividade de brincar e construir brinquedos exige uma adaptação, uma nova forma de ser entendida… Não nostálgica nem romântica, pois os tempos mudaram, mas sim revendo o passado, conhecendo as mais diversas configurações dos brinquedos infantis e estudando a possibilidade de adaptações de jogos e brinquedos ao momento presente. O trabalho do artista muitas vezes é exatamente esse: conhecer brinquedos de origens populares e transformá-los em novos objetos de expressão. Ou seja, um ato de contínua transformação”. 3.5 CONSTRUÇÃO DE BRINQUEDO PARA UMA VIDA SUSTENTÁVEL Ao entendermos que uma vida sustentável é uma vida cujas ações atuais do ser humano não comprometem o futuro das gerações seguintes, podemos incluir a construção de brinquedos com materiais reutilizáveis como uma atividade sustentável e que além de fazer um bem ao planeta, favorece a criança em seu desenvolvimento cognitivo, motor e social. Diferentemente do brinquedo que já vem pronto, apenas mais um produto do mercado capitalista, onde podemos enumerar os problemas embutidos em sua trajetória até chegar às prateleiras, o brinquedo construído com sucata traz de forma implícita e explícita a possibilidade do ato de transformar diversas coisas na vida de 14 um indivíduo e o que está ao seu redor, com isso desenvolvendo a prática na construção com um colega, favorecendo a socialização e trabalho em equipe, reduzindo a quantidade delixo descartado no mundo, transformando-o em outro objeto, trabalhando sua criatividade e promovendo sua ludicidade para transformar certo objeto em outro, onde um papel descartado pode virar uma pipa, uma bola ou um boneco, bastando usar sua imaginação. “O caminho para o desenvolvimento sustentável deve ser trilhado já na infância, para que desde pequenas as crianças adquiram conhecimento e comportamentos, quanto as suas ações para com o meio em que vivem, aprendendo a respeitarem e cuidarem do meio ambiente” (BRASIL, 2013). Ao despertar o olhar da criança para o material que era sucata e virou um brinquedo, movimenta-o para uma ampliação da consciência em relação a outros materiais descartados, como por exemplo, o lixo orgânico, como ele está sendo depositado no planeta e o que pode ser feito para gerar menos impacto na natureza, pois agora ele conhece a transformação, valor esse que o acompanhará seja emocional, afetiva, social ou materialmente, ampliando o repertório de hábitos saudáveis. Segundo Weiss (1998), a ideia do reaproveitamento de materiais descartáveis chega ao conhecimento da família pela criança. Assim sendo, as crianças uma porta de influência para a familia, Dias (2013) nos conclui que “Como futuros docentes, temos que estar atentos a todos esses assuntos que nos englobam no dia a dia, ter o respeito pela criança de hoje e vê-la como o futuro do amanhã, pois hoje estamos nos tornando os formadores de ideias, comportamento e atitudes”. Enfatiza Oliveira (1984. p.70) "[...], não é o material que define o programa, mas é a proposta educativa de trabalho, utilizando certo material, que deve determinar quais os equivalentes na falta ou na impossibilidade de se ter a matéria-prima desejada.”. 15 REFERÊNCIAS ADELSIN, Barangandão arco-íris: 36 brinquedos inventados por meninos. Belo Horizonte: Peirópolis, 1997. BARBOZA, Renato Matos de Lopes Torres. Os brinquedos e o brincar na primeira infância: formação de educadores ecobrinquedistas. Campinas: s. n., mai. 2016. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/RenatoMBarboza/os-brinquedos-e-o- brincar-na-primeira-infncia-formao-de-educadores-ecobrinquedistas>. Acesso em: 15 abr. 2017. BERTOLLETI, Vanessa Alves. A Arte de Construir Brinquedos com Materiais Reutilizáveis. Curitiba. 2008. Disponível em: <http://www.pucpr.edu.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/2783_1659.pdf>. Acesso em: 15 Fev. 2017. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. 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