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semiologia neurológica

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Semiologia neurológica 
O sistema nervoso é difusamente distribuído, se integrando a todos os outros 
sistemas, por isso, o exame neurológico é extremamente detalhado e oferece muitos 
achados (como a lesão do fascículo longitudinal medial que resulta em oftalmoplegia 
internuclear, identificado facilmente no EF), além disso, na neurologia, há uma relação 
muito grande entre o exame físico e a anamnese, uma vez que durante o questionamento e 
conversa com o paciente, já se pode avaliar algumas funções neurológicas. 
O exame neurológico tem várias etapas, que pode ser lembrado pelo mnemônico 
Elisa Maria Foi Toda Contente Rever Seu Namorado Inteligente, que representa o estado 
mental/estática, marcha, força, tônus, coordenação, reflexos, sensibilidade, nervos 
cranianos e irritação meníngea. Esses exames podem ser feitos em qualquer ordem a 
critério do médico, porém, há uma única exceção, o exame de força precisa anteceder o 
exame de coordenação. 
 
Estado de consciência: Escala de Coma de Glasgow 
De forma geral, ela avalia o nível mental do paciente, porém, inicialmente foi feita 
para avaliar o nível do TCE, uma pontuação de 15 a 13 representa um TCE leve, de 12 a 9, 
moderado, e de 8 a 3, grave (a intubação já é indicada). 
Obs.: decerebração significa extensão de MMSS e MMII, decorticação significa 
flexão do MMSS, mas extensão dos MMII. Assim, um paciente com MMSS estendidos é 
mais grave que outro com MMSS fletidos. 
Obs.2: A nova ECG leva em consideração a resposta pupilar, delegando de 2 a 0 
pontos negativos à pontuação dos outros critérios, 0 pontos é dado quando as 2 pupilas 
estão reativas, 1 ponto, quando apenas uma está, e 2 pontos, quando ambas permanecem 
midriáticas à estímulo luminoso. 
Obs.3: O Glasgow e o RASS (usado para pacientes em cuidado intensivo) avaliam o 
nível geral de consciência, o estudo qualitativo de consciência é feito com ferramentas 
voltadas para cognição (MEEM e MOCA) ou estado psiquiátrico do paciente: atitude, humor, 
pensamento, psicomotricidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Distúrbios de fala: 
● A dislalia é um distúrbio de articulação da palavra sem causa neurológica, de causas 
múltiplas, é fisiológica até os 4 anos de idade; 
● A disfonia é a ​alteração na produção da ​voz​. Nestas situações, a voz produzida não 
é harmônica, é obtida com esforço e sem a possibilidade de variações de seus 
atributos, pode ser rouca, de falsete ou bitonal, ​aponta para lesão de nervo 
acessório ou ramos do vago (laríngeo recorrente); 
● A disartria é a dificuldade em articular as palavras, o paciente consegue entender 
linguagem e se expressar, mas sua fala fica alterada, pode resultar de uma 
alteração em nervos cranianos, estruturas extrapiramidais e cerebelo, assim, 
existem diferentes padrões de disartria: 
○ Disartria flácida: caracterizada por voz soprosa, consoantes imprecisas e 
hipernasalidade, acontece após AVC unilateral e Miastenia Gravis; 
○ Espástica: voz tensa, estrangulada, consoantes e vogais distorcidas, 
hipernasalidade, acontece após TCE; 
○ Atáxica: voz áspera, com monoaltura e monointensidade, variação da 
prosódia, imprecisão articulatória e lenta, lembrando fala de bêbado, 
acontece nas cerebelopatias 
○ Hipo e hipercinética: realacionadas respectivamente às síndromes 
parkinsonianas e à doença de Huntington. 
 
Distúrbios de linguagem 
A afasia é a dificuldade de compreensão ou expressão de palavras, de forma geral 
aponta para lesão cerebral. A afasia de Wernicke é a dificuldade de compreensão, o 
paciente consegue falar perfeitamente as palavras, mas de forma desconexa, é causada 
por lesão da área de Wernicke, localizada no lobo temporal esquerdo (em destros). A afasia 
de Broca é a dificuldade de expressar palavras, o paciente entende conceitos e comandos, 
mas não consegue se expressar, decorre de lesão da área de Broca que se localiza no lobo 
frontal esquerdo. Uma maneira que ajuda a diferenciar as duas formas de afasia é pedindo 
para o paciente apontar um objeto e nomear um objeto apontado. 
 
Análise da marcha 
Muitos autores consideram a análise da marcha o exame físico mais importante da 
neurologia. A marcha é um ato motor aprendido com finalidade de deslocamento, cada 
indivíduo tem uma peculiaridade de marcha, mas a partir do momento que o paciente 
apresenta um distúrbio neurológico específico, os mecanismos de adaptação das pessoas 
fazem com que ela se torne muito característica, sendo um bom indicador para a doença. A 
marcha atípica apresenta os seguintes fatores: olhar para a frente, ritmo regular, balanço 
harmônico de membros superiores, deslocamento do centro de gravidade antes da 
passada, avanço do pé com dorso-flexão e pouso com calcâneo. Já na marcha típica, há 
alguma dessas alterações: largura da base aumentada, assimetria na passada 
(principalmente a dorso-flexão de um pé em relação ao outro), comprimento da passada 
alterado (parkinson), movimento do quadril alterado (marcha miopática), sinais nas mãos, 
balanço dos braços irregular, direção do olhar para baixo e virada alterada. 
No momento que o paciente entra no consultório, a marcha já pode ser avaliada, já 
que o paciente não sabe que está sendo julgado, assim, a análise da marcha acaba sendo 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Voz
mais fidedigna. Se houver dúvida se há neuropatia na análise da marcha, existem alguns 
testes de triagem que aumentam a sensibilidade para neuropatias: andar em Tandem (com 
um pé na frente do outro), andar nas pontas dos pés (avalia a raiz de S1), andar nas pontas 
dos calcanhares (avalia a raiz de L4 e os músculos da panturrilha), pular de um pé só. A 
análise da marcha também precisa ter um critério temporal, as marchas que evoluem 
agudamente são condições mais sérias, decorrentes de um TCE, AVE, etc. Após a 
identificação de uma marcha típica, é importante a classificação em distúrbio neurológico de 
marcha (hemiplégica, cerebelar, parkinsoniana...) ou em distúrbio não neurológico da 
marcha (senil, histérica, antálgica). As principais marchas típicas de distúrbios neurológicos 
são: 
-Marcha hemiplégica: flexão de cotovelo em 90 graus, MS em adução e com mão 
fechada em leve pronação. O MI do mesmo lado é espástico e o joelho não flexiona, assim, 
a perna se arrasta descrevendo um semicírculo quando o paciente troca o passo. Ela ocorre 
na hemiplegia causada por AVE, assim, frequentemente se associa à reflexos patológicos, 
hiperreflexia e fraqueza muscular. 
-Marcha atáxica cerebelar: lembra alguém embriagado, com base alargada, 
passadas sem ritmo e coordenação, decorre de uma lesão de cerebelo (se houver alteração 
da marcha tendendo para a direita, a lesão cerebelar está na porção direita, uma vez que as 
fibras do cerebelo cruzam duas vezes). A marcha atáxica sensitiva é muito parecida com a 
cerebelar, ela decorre de uma lesão do sistema lemniscal, a principal diferença dela, é que 
o paciente fiscaliza rigorosamente seus passos com o olhar; 
-Marcha Parkinsoniana: o doente anda como um bloco, em passos miúdos e 
rápidos, sem movimento automático dos braços e com a cabeça inclinada para a frente, 
característica das síndromes parkinsonianas. É muito parecida com a marcha petit-pas, 
decorrente de arteriosclerose cerebral generalizada e atrofia cortical de senilidade, porém, 
esta não se associa aos sinais de Parkinson: tremor em contar de moedas, rigidez, 
bradicinesia; 
-Marcha escarvante: decorre de uma paralisia da musculatura dorsiflexora dos 
artelhos e pé (principalmente o mm. tibial anterior, inervado pelo nervo fibular), assim, o 
paciente não realiza dorsiflexão e para contornar o problema, levanta o pé numa altura 
maior que a normal. Ocorre na lesão do nervo fibular (de forma unilateral), radiculopatia de 
L5 e esclerose lateral amiotrófica (bilateral). 
-Marcha anserina/ miopática: caracterizada pela acentuação da lordose lombar e 
inclinação do tronco ora pra esquerda, ora para a direita, como se o paciente estivesse 
rebolando. Decorre da diminuição da força dos mm.pélvicos e de MMII proximais, é 
encontrada principalmente em doenças musculares (distrofias musculares, 
dermatopolimiosite), 
-Marcha tabética: para se locomover, o pcte. mantém o olhar fixo no chão, os MMII 
são levantados de forma abrupta e explosiva e, ao serem re-colocados no chão, os 
calcanhares tocam o solo pesadamente, piora consideravelmente com olhos fechados. 
Indica perda da sensib. proprioceptiva por lesão do cordão post. da medula (tabes dorsalis – 
característico da neurossífilis ou da deficiência de B12). 
 
Exames do equilíbrio 
O equilíbrio necessita das eferências para manter um tônus postural adequado (o 
que é coordenado pelo cerebelo e núcleos da base), mas as aferências são muito mais 
importantes, elas sinalizam para a correção e manutenção da postura de acordo com o 
ambiente, assim, as principais desordens de equilíbrio envolvem as aferências de 
propriocepção (definida pela capacidade de localização tridimensional do corpo no espaço, 
responsável por 70% do equilíbrio), do sistema vestibular (garante a noção da posição da 
cabeça, 20% do equilíbrio) e da visão (10% do equilíbrio). 
A pesquisa do sinal de Romberg é a manobra mais importante do equilíbrio, deve 
ser feita tanto com olhos abertos quanto fechados, pede-se para o paciente se levantar e 
permanecer em pé olhando um ponto fixo com sua base estreita (pernas juntas) e braços 
abduzidos. O momento mais sensível do teste é o momento que é pedido para o paciente 
fechar os olhos, pois a visão pode compensar um distúrbio de propriocepção ou vestibular, 
assim, quando houver sinal de desequilíbrio, o sinal de Romberg é positivo (quando um 
paciente já se desequilibrar com os olhos abertos, apenas com o estreitamento da base, 
isso sugere lesão cerebelar). O teste pode ser sensibilizado ao pedir para o paciente cruzar 
os braços e ficar na posição de tandem (um pé na frente do outro) e pode significar 
alteração da propriocepção ou do sistema vestibular, a diferenciação dessas alterações 
pode ser feita com uma simples manobra, pedindo para o paciente virar a cabeça para o 
lado, assim, se for uma alteração de propriocepção, o paciente continua caindo para o lado, 
se for uma alteração do sistema vestibular, o paciente cai para trás ou para frente. 
 
Exame de força 
Avalia a capacidade de movimentação do sistema osteoarticular, por mais que o 
exame neurológico não tenha ordem, o exame de força sempre deve preceder o exame de 
coordenação, pois a fraqueza muscular pode ser a causa da alteração desse último exame, 
que seria interpretado como uma alteração de coordenação, além disso, a limitação de 
movimento por edema ou dor e a alteração da velocidade do movimento, causada por 
fadiga, parkinsonismo ou hipertireoidismo, não devem ser confundidas com redução da 
força muscular, assim, as causas ortopédicas e reumatológicas sempre devem ser 
descartadas. As principais alterações de força são: 
● Paresia: diminuição no grau da força, dependendo da quantidade de membros 
afetados, pode ser uma mono, di, tri ou tetraparesia. Se acometer toda a metade do 
corpo, é denominada como hemiparesia. 
● Paralisia/plegia: ausência de força. 
O exame de força deve avaliar todos os componentes da motricidade voluntária: 
energia, velocidade e simetria dos movimentos de flexão, extensão e rotação. Os mesmos 
movimentos devem ser avaliados contra resistência promovida pelo examinador, além 
disso, movimentos finos também podem ser avaliados, como a abdução dos dedos da mão 
e movimento de pinça. O exame deve ser feito da cabeça aos pés: 
-Cabeça: deve ser avaliado a flexão, extensão, flexão lateral e rotação contra 
resistência; 
-MMSS: elevação dos ombros (o que avalia a função do trapézio, inervado pelo 
nervo acessório), abdução e adução dos braços, flexão e extensão de cotovelos, flexão dos 
punhos, extensão dos punhos (o que avalia o nervo radial), abdução dos dedos (nervo 
ulnar) e flexão do dedão em 4 (nervo mediano). Além disso pode ser feito o teste de 
Mingazzini, em que é pedido para elevar os MMSS, aduzir os dedos e fechar os olhos, a 
queda de um membro indica paresia,. 
-MMII: extensão e flexão das coxas e pernas, também é pedido para o paciente 
andar nas pontas dos pés, para avaliar a força do gastrocnêmio e sólio, e o teste de Barré, 
em que o paciente deita em decúbito ventral e flete os joelhos em 45 graus, se houver 
queda de alguma das pernas, o teste demonstra paresia do MI acometido. 
De forma geral, a redução da força 
muscular pode ser generalizada ou 
focal. A focal respeita a distribuição de 
uma raiz ou se localiza em apenas um 
lado do corpo, resulta de lesões de 
nervos periféricos, radiculopatias, 
plexopatias e lesões cerebrovasculares. 
A generalizada é bilateral, geralmente 
simétrica (de musculatura proximal ou 
distal- cintura escapular ou pélvica) e se 
associa a acometimento de musculatura 
bulbar, o que pode causar disfagia e 
oftalmoplegia, é causada por lesões 
medulares, síndrome miastênica, 
dermatopolimiosite, esclerose lateral 
amiotrófica... 
 
Tônus 
O tônus muscular é a contração basal do músculo em seu repouso máximo, é 
analisado pelo grau de resistência que o músculo oferece à movimentação passiva, além 
disso, a inspeção (pesquisa de atrofia muscular ou acentuação das curvaturas fisiológicas 
da coluna) e a palpação (pesquisa de tônus assimétricos) também colaboram para o 
exame. O tônus pode estar alterado devido a algum problema do próprio músculo, das 
fibras medulares ou do SNC, podendo estar aumentado (hipertonia) ou reduzido (hipotonia). 
Algumas condições fisiológicas podem alterar o tônus, a hipertonia pode ser causada por 
frio intenso, estresse e exercícios isométricos; a hipotonia pode resultar de calor intenso, 
idade avançada e exercícios de alongamento. Algumas condições podem até mimetizar a 
hipertonia, como a pseudo-hipertrofia, inflamação e edema; ou mimetizar a hipotonia, como 
a síndrome de Marfan e de Ehler Danlos. Em situações patológicas, as alterações de tônus 
têm causas específicas: 
● A hipotonia é causada por miopatias (dermatomiosites, distrofias musculares, 
induzida por estatinas), cerebelopatias ou lesão do segundo neurônio motor (ELA, 
poliomielite, Guillain-Barré)- nesses casos, o paciente apresenta a síndrome do 
segundo neurônio: fraqueza, hiporreflexia, cãimbras, miofasciculações... 
● A hipertonia é causada por lesão do trato corticoespinhal (AVE), lesão dos tratos 
extrapiramidais (Parkinson) e doenças cerebrais difusas. É dividida em 
plástica/rigidez ou elástica/espasticidade: 
○ A hipertonia é considerada plástica (rigidez) quando ela é uniforme, não varia 
com extensão, flexão ou velocidade do movimento passivo, é difusa e tem 
padrão de cano de chumbo e roda dentada, acontece na alteração dos tratos 
extrapiramidais, principalmente nas síndromes parkinsonianas, com 
acometimento dos núcleos da base. Já que se associa muito ao Parkinson, 
frequentemente se associa à bradicinesia, hipomimia facial e tremor em 
contar de moedas; 
○ É considerada elástica (espasticidade) quando varia de acordo com a 
velocidade, é segmentar (principalmente musculatura flexora do MMSS e 
extensora do MMII- tanto que na marcha hemiplégica, há justamente a flexão 
de MS e extensão do MI) e tem padrão de canivete (resistência inicial, com 
resto do movimento facilitado), ela acontece em lesões do trato 
corticoespinhal (geralmente em AVEs), por isso, se associa a outros 
sintomas da síndrome do primeiro neurônio/piramidal: hiperreflexia, fraqueza, 
reflexos patológicos... 
 
Coordenação 
 ​A principal estrutura responsável pelo refinamento do sistema motor é o cerebelo, 
assim, um paciente com cerebelopatia consegue realizar movimentos, porém, desajeitados, 
grosseiros, sem precisão e associados a tremor. Para realizar essa tarefa, o cerebelo 
precisa de uma série de aferências do sistema motor, ele integra essas informações e 
coordena o movimento. É um órgão localizado na base do tentório, na região posterior do 
encéfalo e possuitrês divisões anatômicas: hemisfério cerebelar (neocerebelo)- 
responsável pela coordenação apendicular (uma lesão de hemisfério cursa com alteração 
apendicular ipsilateral, principalmente de MS), vérmis (paleocerebelo)- responsável pela 
coordenação da fala e tônus axial (uma lesão de vérmis cursa com alteração de fala, 
postura e marcha), e lobo floculolobular (arquicerebelo)- também responsável pelo equilíbrio 
e pela movimentação ocular (uma lesão do lobo FN cursa com nistagmo, dismetria 
ocular…). 
O exame de coordenação tem como objetivo avaliar o cerebelo, suas aferências e 
eferências, ele se baseia nos testes de dismetria, testes de disdiadococinesia e de 
dissinergia, a alteração de algum deles é referida como ataxia motora: 
● Dismetria é a dificuldade em executar movimentos em direção a um alvo, de tal 
forma que o paciente conclui o movimento aquém (hipometria) ou além (hipermetria) 
do alvo, demonstra um problema na execução do movimento, não na mensuração 
do alvo ou planejamento do movimento. É identificada através da prova dedo-nariz, 
em que o paciente com dismetria antecede ou ultrapassa a ponta do nariz, atingindo 
a bochecha ou olho (é importante o teste ser realizado com os olhos abertos e 
fechados para diferenciação de uma ataxia motora de uma ataxia sensorial, nesse 
último, a alteração é muito pior com os olhos fechados), mas também, pela prova 
dedo-nariz-dedo e calcanhar-joelho; 
● Disdiadococinesia é a dificuldade em realizar movimentos rápidos e alternados. É 
analisado pelo dedilhamento (finger tapping) e por movimentos rápidos e 
coordenados com as mãos; 
● Dissinergia é a dificuldade de sinergia entre os músculos, é pesquisada 
principalmente através da flexão do tronco, em que o paciente com dissinergia 
apresenta o sinal do livro (ao flexionar o tronco, não consegue manter as pernas 
estendidas, assim, ele flexiona o tronco e as coxas, como um livro se fechando), o 
sinal do rebote de Holmes também é usado para identificação de dissinergia, é 
oferecido resistência à flexão de cotovelo e retirada a resistência subitamente, o 
paciente com coordenação alterada não consegue frear o movimento. 
 
Ataxia motora 
A síndrome cerebelar é composta por dismetria, dissinergia e disdiadococinesia, 
além de tremor (no caso, tremor de intenção/ação, aquele que aparece ou piora ao realizar 
uma ação, diferente do tremor de repouso na síndrome parkinsoniana), hipotonia e disartria 
(ebriosa, uma fala arrastada, ou silabada, uma fala sem coesão de sílabas, fragmentada), 
alterações oculares (principalmente nistagmo), alteração de postura e marcha. 
De forma geral, as síndromes cerebelares podem ser divididas em síndrome 
vermiana, hemisférica ou arqueocerebelar. A vermiana é composta por disartria 
proeminente, dismetria ocular e nistagmo leves, anormalidades da postura da cabeça e 
tronco, anormalidades da marcha; as etiologia mais frequentes são intoxicação por álcool e 
o meduloblastoma. A síndrome hemisférica é composta por achados ipsilaterais: 
lateralização da marcha, ataxia apendicular, hipotonia, tremor intencional e nistagmo pior no 
mesmo lado da lesão; as etiologias mais frequentes são vasculares (AVE cerebelar ou 
bulbar), esclerose múltipla e astrocitoma. A síndrome pancerebelar tem as manifestações 
verminianas e hemisféricas, causada por anticonvulsivantes (fenitoína), síndrome 
paraneoplásica e desordens genéticas. 
Algumas condições fazem diagnóstico diferencial com a ataxia motora, como a 
ataxia sensorial que ocorre por lesão do cordão posterior (assim, ele não tem a noção 
tridimensional onde as partes de seu corpo estão localizadas- propriocepção, essa condição 
é resultante de uma sífilis terciária ou da deficiência de B12). Outro dd é a ataxia frontal, 
que decorre de uma disfunção frontal contralateral, a diferença é que nesse caso, o 
paciente apresenta hiperreflexia e hipertonia. 
 
Reflexos 
O reflexo é qualquer ato motor involuntário frente a um estímulo sensorial, seu 
exame é particularmente útil para paciente não cooperativo, pois avalia de forma geral a 
integridade do sistema sensorial e motor. O reflexo tem um componente segmentar (centro 
reflexo local da medula ou do tronco) e um componente suprasegmentar (vias 
descendentes que regulam a atividade segmentar), assim, sua alteração pode resultar tanto 
de uma lesão periférica, o que resulta na abolição ou redução do reflexo, quanto de uma 
lesão central, o que resulta na desinibição e aumento do reflexo (geralmente por AVE que 
atinge a área 4 de brodmann/centro motor primário). 
4 tipos de reflexos são pesquisados no exame neurológico: reflexos profundos, 
cutâneo/superficiais, autonômicos e patológicos. 
● O reflexo profundo serve para manter o tônus basal do músculo, nos MMII, serve 
para manter a postura. Seu aumento está relacionado com lesão de primeiro 
neurônio motor, enquanto sua diminuição está relacionada com lesão de segundo 
neurônio. A pesquisa é feita com a percussão do tendão com o martelo (com golpes 
bruscos e secos), não deve ser observado apenas a movimentação do membro, 
mas também, a contração da musculatura envolvida, e de acordo com sua 
intensidade, pode ser classificado em 5 graus. Existem algumas manobras para 
sensibilizar o exame: a principal é a manobra de Jendrassik, em que é pedido para o 
paciente puxar uma mão contra outra. Os principais reflexos que devem ser 
pesquisados são o bicipital (que avalia integridade da C5, C6 e n. musculocutâneo), 
tricipital (C7,C8, n. radial), estilorradial (C5, C6, n. radial), patelar (L3, L4, n. femoral) 
e aquileu (S1, n. ciático). 
 
 
● Os reflexos superficiais 
decorrem de um contato superficial 
com a pele, eles são polissinápticos e 
complexos, por isso são menos 
consistentes, mais fadigados, com 
resposta mais lenta e latência maior 
que os profundos, assim, a 
identificação do reflexo superficial 
patológico é mais complicada, porém, 
uma alteração facilmente visualizável 
é a assimetria (por isso é tão 
importante comparar um lado com o 
outro). A principal causa é a lesão de primeiro neurônio motor, que diminui os 
reflexos cutâneo-superficiais (resulta também no aumento dos profundos e 
surgimento dos patológicos) e lesões medulares. Os principal é o cutâneo 
abdominal, pesquisado pelo estímulo sensorial com objeto de ponta romba da 
periferia do abdome até o umbigo, passando pelas 9 regiões. Outros reflexos que 
podem ser realizados são o cutâneo plantar (fisiológico quando houver flexão de 
pododáctilos, principalmente do hálux), bulbo cavernoso, anal superficial e o 
cremastérico. 
● Os reflexos patológicos aparecem principalmente em lesões de via piramidal e lobo 
frontal, os principais são o Babinsky, em MMII, Tromner e Hoffman, em MMSS. O 
sinal de Babinsky é pesquisado com estímulo com objeto de ponta romba à região 
lateral do pé, do calcanhar até a ponta, e do último até o segundo dedo. Ele é 
positivo quando há extensão do hálux em resposta, frequentemente associado à 
abertura em leque dos outros dedos (a resposta normal seria a flexão do Hálux). O 
sinal de Tromner é pesquisado com uma movimentação abrupta da falange distal do 
terceiro dedo, é positivo quando há aproximação do primeiro dedo com o segundo. 
Os de liberação frontal/primitivos surgem principalmente em doenças que acometem 
o lobo frontal bilateralmente, eles surgem em encefalopatias pós-anóxicas, tóxicas 
ou pós traumáticas: reflexo glabelar, de preensão palmar, orbicular da boca e 
palmomentoniano. 
 
Sensibilidade 
Pode ser dividida em exteroceptiva (especial: visão, gustação, audição, olfato e 
labiríntica; ou somática: tato, temperatura e dor) e proprioceptiva (orientação espacial, 
pressão e vibração), além da interoceptiva (dor visceral, plenitude gástrica, espasmo 
intestinal, plenitude vesical ou retal, desconforto abdominal e pressão no tórax, produzidos 
pelos nervos 7, 9, 10 e autonômicos, como o torácico, lombar e sacral). As principais 
alterações de sensibilidade são: 
● Disestesia: sensação desagradávela estímulo não desagradável; 
● Hipo ou hiperestesia: sensação aumentada ou diminuída a um estímulo; 
● Parestesia: sensação espontânea anormal, geralmente descrita como formigamento 
ou queimação; 
● Hipo, hiper ou analgesia: redução, aumento ou ausência de dor a um estímulo 
doloroso (a hiperalgesia é diferente da alodinia, esta é caracterizada por sensação 
dolorosa a estímulo não doloroso, como o contato com o lençol); 
● Astereognosia e agrafestesia: incapacidade de reconhecer objetos e símbolos pelo 
tato, é uma capacidade sensorial que depende da integridade do lobo parietal (outro 
exame que checa a função sensorial cerebral são a discriminação de 2 pontos). 
● Hipo ou hiperpalestesia e hipo ou hiperbarestesia: sensação reduzida ou aumentada 
de vibração e de pressão, respectivamente. 
As sensações exteroceptivas são todas aquelas sensações oriundas de um estímulo 
externo na pele, epiderme ou mucosas, no exame, é essencial que os olhos do paciente 
estejam fechados, também é importante que sempre seja feito os estímulos de modo 
comparativo, pode ser pesquisado sensibilidade dolorosa, térmica e tátil. 
A propriocepção é pesquisada segurando uma articulação para cima ou para baixo e 
perguntando para o paciente a posição. A vibração é pesquisada pelo diapasão nas 
proeminências ósseas e a pressão é pesquisada apertando grupos musculares. 
 
.

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