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Brasília-DF. Hidráulica e Hidrologia aplicada Elaboração Maria Rosiene Antunes Arcanjo Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS ............................................ 9 CAPÍTULO 1 CONCEITOS BÁSICOS .............................................................................................................. 9 CAPÍTULO 2 ESCOAMENTO UNIFORME NAS TUBULAÇÕES .......................................................................... 15 CAPÍTULO 3 PERDAS DE CARGA E SISTEMAS ELEVATÓRIOS ......................................................................... 21 UNIDADE II ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES ................................................................................................. 29 CAPÍTULO 1 CONCEITOS BÁSICOS ............................................................................................................ 29 CAPÍTULO 2 CANAIS – ESCOAMENTO PERMANENTE E UNIFORME ............................................................... 38 UNIDADE III INTRODUÇÃO À HIDROLOGIA .............................................................................................................. 49 CAPÍTULO 1 CICLO HIDROLÓGICO ........................................................................................................... 49 CAPÍTULO 2 BACIAS HIDROLÓGICAS ......................................................................................................... 58 CAPÍTULO 3 HIDROMETEOROLOGIA .......................................................................................................... 65 UNIDADE IV PROCESSOS HIDROLÓGICOS E ESTUDOS DE CASO E ARTIGOS SOBRE HIDRÁULICA E HIDROLOGIA APLICADA ........................................................................................................................................... 72 CAPÍTULO 1 PRECIPITAÇÃO E INFILTRAÇÃO ............................................................................................... 72 CAPÍTULO 2 EVAPORAÇÃO E EVAPOTRANSPIRAÇÃO .................................................................................. 81 CAPÍTULO 3 ESCOAMENTO SUPERFICIAL .................................................................................................... 89 CAPÍTULO 4 PROCESSOS HIDROLÓGICOS: ESTUDOS DE CASO E ARTIGOS SOBRE HIDRÁULICA E HIDROLOGIA APLICADA .............................................................................................................................. 96 PARA (NÃO) FINALIZAR ................................................................................................................... 101 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 102 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 7 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 Introdução A Hidráulica e hidrologia aplicada são assuntos que oferecem os recursos técnicos necessários para analisar, elaborar e executar projetos ligados à infraestrutura urbana e predial, ressaltando o emprego dos recursos hídricos bem como da economia da energia. Nas unidades que se seguem são abordados os conceitos atrelados aos escoamentos em condutos forçados, sendo denominados de escoamentos que ocorrem em tubulações com pressão distinta da pressão da atmosfera. São abordados também perdas de carga e sistemas elevatórios e escoamentos em condutos livres. Abordaremos também os conceitos de hidrologia e processo hidrológicos, como precipitação, evapotranspiração. Ao final do capítulo são reportados alguns casos e artigos relacionados aos processos hidráulicos e hidrológicos. Objetivos » Conhecer os conceitos fundamentais de hidráulica. » Compreender os conceitos e a diferença entre escoamento em condutos forçados e livres. » Conhecer e entender os ciclos hidrológicos e seus principais fatores. » Compreender a diferença e a importância dos processos de precipitação, evaporação, evapotranspiração e escoamento superficial. 9 UNIDADE I INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS CAPÍTULO 1 Conceitos básicos Conceituando hidráulica, temos que o termo é proveniente do grego hydor que quer dizer água e aulos que significa tubo ou condução, ou seja, condução de água. Sendo assim, hidráulica é a investigação do equilíbrio e de como se comporta a água e os demais líquidos, seja ela em repouso, ou em movimento. A Hidráulica pode se classificar em: » Hidrostática: analisa as características de equilíbrio dos líquidos no estado de repouso. » Hidrodinâmica: estuda os líquidos em estado de movimento. De acordo com a aplicabilidade dos conceitos, a hidráulica é dividida em:» Hidráulica Geral ou Teórica, que investiga as leis teóricas da Mecânica que são usadas no repouso e no movimento dos fluidos ideais, isto é, líquidos que não tem coesão, viscosidade e elasticidade. » Hidráulica Aplicada (Hidrotécnica), que faz a aplicação dos princípios e leis analisadas na Hidráulica Teórica nas distintas áreas da técnica. Azevedo Neto (2003) afirmou que, os campos de ação da Hidráulica Aplicada ou Hidrotécnica são: urbana, agrícola, lazer, paisagismo, estradas, controle de enchentes e Inundações, geração de energia e obras marítimas e fluviais. Para a compreensão das principais utilidades da hidráulica e equipamentos faz-se necessário a definição de alguns conceitos fundamentais que possuem as ferramentas necessárias para o estudo matemático de fenômenos considerados comuns (pressão, fluxo e energia). 10 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS Fluido É definido como toda a matéria que sofre deformação de forma indefinida quando submetida à atuação de uma força tangencial. Nos fluidos a resistência a sofrer deformação é dita como finita, não possuindo forma própria, adotando o formato do recipiente que preenchem. Os líquidos e os gases se enquadram nessa definição, contudo, apresentam comportamentos distintos. Forças exteriores Dois tipos de forças exteriores podem atuar em um volume de fluido: 1. Forças de massa ou chamadas também de volume: são as forças que agem de forma direta sobre cada partículas em particular que compõem o fluido, ex.: a força relativa à ação da gravidade, intitulada por peso próprio. 2. Forças de contato: são as forças que agem no volume de fluido mediante sua superfície limítrofe. Tais forças podem sofrer decomposição na componente normal (pressão) e na componente tangencial (tensão tangencial) à superfície. Massa, peso, massa volumétrica, peso volumétrico e densidade A investigação dos fluidos engloba características diversas, que devem ser descritas tanto de modo qualitativo, quanto quantitativo. A definição de qualitativa se refere a natureza, como velocidade, área, comprimento, entre outros. A descrição quantitativa significa a quantidade que se pode medir na natureza como em segundos, metro, quilogramas, entre outros. Massa (m) é a quantia de matéria que há em um dado volume de fluido. Peso, P ou G , é a ação da força atrativa desempenhada pela Terra (a chamada força da gravidade) sobre essa massa. Conceitualmente, o peso é obtido pelo produto da massa pela aceleração da gravidade. Estas grandezas não proporcionam um interesse grande na Mecânica que trata dos Fluidos se não colocarem uma referência relacionada ao volume. Desse modo, a massa volumétrica (ρ), é a massa por unidade de volume do fluido e peso volumétrico (γ), é o peso da unidade de volume do fluido. O peso volumétrico é alcançado pelo produto da massa volumétrica pela aceleração da gravidade. A massa e o peso são propriedades particulares do fluido individual, podendo sofrer variação com a temperatura. 11 INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS │ UNIDADE I Abaixo podemos observar as unidades destas grandezas no Sistema Internacional (Quadro 1). Quadro 1. Unidades das grandezas no SI. Grandeza Massa Peso Massa volumétrica Peso volumétrico Unidade kg kg m s-2 = N kg m-3 kg m-2 s-2 = N m-3 Fonte: autora, adaptado e disponível em: <https://goo.gl/iwDBCH>. (Sistema Internacional, 2018). A densidade (d) é uma grandeza adimensional. Ela está ligada a massa de um determinado volume de fluido com a massa de igual volume de água na temperatura de 4ºC e à pressão atmosférica. A densidade do fluido pode ser obtida pela relação entre a massa volumétrica ou peso volumétrico desse fluido e a massa volumétrica ou peso volumétrico da água à temperatura de 4 ºC e à pressão atmosférica normal. Fazendo-se a comparação da densidade dos líquidos e dos gases possibilita identificar inicialmente umas das grandes distinções entre os líquidos e os gases é que a quantia de massa por unidade de volume nos gases é de quase 1000 vezes abaixo à quantia de massa por unidade de volume nos líquidos. Coeficiente de compressibilidade O grau de compressão de um fluido pode ser compreendido quando o volume de massa de fluido diminui sob à ação de um aumento de pressão. Sendo assim, pode-se verificar um aumento da massa volumétrica do fluido. Esta característica pode ser descrita por meio do coeficiente de compressibilidade (α), estabelecido como a relação entre a redução relacionada ao volume e o aumento de pressão proveniente. ( )1 V V ou seu inverso módulodeelasticidadevolumétrico p α ε α ∆ = − = ∆ Pressão Por definição, pressão é força sobre área, ou seja, a aplicação desta força sobre uma área. Para um líquido em estado de repouso, a força que age é correspondente a equação abaixo: 2 ( / )NFp N m Pa A = = O peso específico da água pode ser considerado constante em aplicações práticas, por isso, é comum descrever a pressão relacionada à altura de líquido: 12 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS ( )2 p h mH O γ = Deste modo, também se emprega como unidade de pressão o termo “altura d´água” ou “metros de coluna de água”. A distinção de pressão entre dois pontos é apresentada na equação abaixo: 1 2P P hγ= + Levando em consideração que nas aplicações práticas há ainda a pressão da atmosfera, agregada ao peso da coluna de ar sobre a superfície da terra, é relevante ponderar que a pressão total desempenhada sobre um ponto é a somatória da pressão do líquido, intitulada de “efetiva” com a pressão atmosférica: absoluta atmosférica efetivaP P P= + Em hidráulica, a pressão pode ser expressa em kgf/cm2, atm ou bar. A pressão desempenhada em um ponto de um líquido estático é estimada como a mesma em todas as direções com forças iguais em áreas iguais. Imagine um recipiente cheio com um líquido qualquer, sendo praticamente incompressível. Quando se aplica uma força de 10 kgf em uma área de 1 cm2, obteremos como consequência uma pressão internamente de 10 kgf/cm2 que opera na parede do recipiente com análoga intensidade. Este princípio foi proferido por Pascal, e acarretou na construção da primeira prensa hidráulica na época da Revolução Industrial. Diversos equipamentos são utilizados para mensuração da pressão de líquidos, os chamados manômetros: 1. Manômetro de Coluna: o líquido é mensurado por meio de uma coluna liquida aberta a atmosfera, um líquido de peso característico superior do que a água, intitulado “líquido manométrico”. 2. Manômetro Bourdon: formado por um mecanismo unido a um ponteiro que sofre deformação dependendo da pressão. Fluxo (M) (Vazão (Q)) Fluxo é definido como a velocidade em que passa uma propriedade extensiva. São consideradas propriedades extensivas a massa, o volume, a energia, o calor, a quantidade de movimento, entre outros. A entrada de fluxo é intitulada afluxo e a saída efluxo. Considerando a massa específica constante (ρ=cte), o fluxo em volume ou vazão pode ser descrito como: 13 INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS │ UNIDADE I ( )3 /MQ VA m sρ= = A vazão em volume também é dada em unidades como: m3/h (metro cúbico por hora), l/h (litro por hora), l/min (litro por minuto), ft3/s (pé cúbico por segundo), gal/s (galão por segundo, gal/min (galão por minuto). Conservação de massa Este princípio determina que se o fluido for considerado incompressível, bem como a água em valores de pressão e temperatura, o fluxo em massa mediante de um espaço sob controle é constante: Figura 1. Fluxo em massa através de um espaço controlado. ÁGUA A1 A2 Q Fonte: Adaptado de Azevedo Netto (2003). 1 1 2Q V A V A= = Quantidade de movimento Todo corpo que está em movimento mostra uma quantidade de movimento análoga ao produto de sua massa pela velocidade. A atuação de uma força externa a este corpo modifica sua velocidade e consequentementesua quantidade de movimento. Assim, sua quantidade de movimento é modificada por uma ação de uma força externa. Na figura 2, podemos ver que a força externa imprescindível para manutenção do bocal de redução fixo na tubulação é a diferença entre as quantias de movimento na seção A1 e A2: Figura 2. Tubulação. ÁGUA A1 A2 Fe Fonte: Adaptado de Azevedo Netto (2003). 1 1 1 2 2 2 1 2. . . . . . . . . .eF V A V V A V QV QVρ ρ ρ ρ= − = − 14 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS Equação de Bernoulli (Energia) É definida como a energia total de um fluido, por unidade de peso específico e de volume, intitulada como carga hidráulica. ( ) p E mgz Z Energia potencial P mg = = ( ) IE p p p Energia de pressão P P γ γ ∀ ∀ = = = ∀ ( ) 2 2 2 2 2 2 cE mV mV V Energiacinética P P m g g = = = ( ) 2 1 1 1 2 E P VH Z Energia total ou carga hidráulica P gγ = = + + O princípio de Bernoulli determina que a alteração da energia de uma partícula em uma dada trajetória pode ser representada por: 2 2 1 1 2 2 1 2 1 22 2 p V p VZ Z e g gγ γ − + + = + + + ∆ No qual Δe é definido como a perda de carga. Caro estudante, você estudou neste capítulo os conceitos que serão comumente utilizados nas diversas áreas da hidráulica. Sugerimos a seguinte leitura para ajudar na fixação e complementação do conteúdo abordado, disponível em: <https://goo.gl/PWQm5V>. (HIDRÁULICA, 2018). 15 CAPÍTULO 2 Escoamento uniforme nas tubulações Vimos no capítulo anterior a definição de fluido, podendo ser classificados em líquidos e gases. As principais distinções entre eles são listadas abaixo: 1. os líquidos são considerados incompressíveis, já os gases são compressíveis; 2. os líquidos preenchem volumes estabelecidos e possuem superfícies livres, enquanto que uma dada massa de gás sofre expansão até o preenchimento de todas as partes do recipiente. A classificação do escoamento de fluidos pode ser intitulada como: permanente (estável) ou transiente (instável); uniforme ou não uniforme (variado); laminar ou turbulento; uni, di ou tridimensional; rotacional ou irrotacional: 1. Escoamento em regime permanente e transiente: as propriedades do fluido não sofrem variação com o tempo em um dado ponto do campo, sendo o escoamento chamado de escoamento em regime permanente. E suas características podem sofrer variação de ponto para outro ponto no campo, contudo não sofre variação em relação ao tempo para um outro ponto qualquer. Se as características do fluido sofrem variação com o tempo em um ponto do campo, o escoamento é intitulado não permanente ou transiente (Figura 3). Figura 3. Escoamento permanente e transiente. Nível variável (regime variado) Reservatório de grandes dimensões NC Escoamento Permanente t1 t2 t3 t2 t1 t3 Escoamento Transiente Fonte Adaptado e disponível em: <https://goo.gl/PQFXt6>. (Escoamento Transiente, 2018). 2. Escoamento Uniforme e Não Uniforme: caracteriza-se pela velocidade constante em qualquer ponto da seção de escoamento. Já um 16 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS escoamento variado (ou seja, não uniforme) pode ser definido como o escoamento onde as velocidades sofrem variação em cada seção transversal no decorrer do escoamento (Figura 4). Figura 4. Escoamento uniforme e não uniforme. Escoamento uniforme (Velocidade constante) Escoamento não uniforme (Velocidade distintas) Fonte Adaptado e disponível em: <https://goo.gl/R5JR4z>. (Escoamento Uniforme, 2018). 3. Escoamento Laminar e Turbulento: o escoamento laminar é caracterizado pelo movimento em lâminas ou camadas, não contendo combinação de outras camadas de fluido adjacentes. Já o escoamento turbulento é descrito pelo movimento tridimensional de modo aleatório das partículas do fluido quando aplicado ao movimento da corrente. Figura 5. Escoamento laminar e turbulento. Escoamento laminar Escoamento turbulento Fonte Adaptado e disponível em: <https://goo.gl/R5JR4z>. (Escoamento Uniforme, 2018). 4. Escoamento Uni, Bi e Tridimensionais: é classificado com essas denominações, pois dependem do número de coordenadas espaciais solicitadas na particularização do campo de velocidades. 5. Escoamento Rotacional e Irrotacional: o primeiro tipo de escoamento tem como característica o movimento de rotação das partículas do fluido ao redor de seus centros de massa acarretado pelo surgimento de conjugados derivados das tensões cisalhantes. Um escoamento de translação ideal, ou seja, sem rotação, é intitulado de irrotacional (ou potencial). Ainda sobre os tipos de escoamentos e seus exemplos, acesse o link disponível em: <https://goo.gl/PQFXt6>. (ESCOAMENTO TRANSIENTE, 2018). 17 INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS │ UNIDADE I Na fundamentação de escoamento dos fluídos três conceitos são de extrema importância: 1. o fundamento da conservação da massa, pois devido a isto, a equação da continuidade é desenvolvida; 2. o fundamento da energia cinética, a partir do qual algumas equações são deduzidas; 3. o fundamento da quantidade de movimento, pois partindo dele as equações que produzem as forças dinâmicas desempenhadas pelos fluídos em escoamento, são então determinadas. Escoamento uniforme Conceituando um escoamento uniforme, temos que é um movimento permanente no qual com o decorrer de cada trajetória, não há variação da velocidade, sendo que a trajetória de uma partícula é o espaço geométrico dos pontos preenchidos pela partícula durante o tempo. Um escoamento permanente ou também intitulado de estacionário, a velocidade está em função das coordenadas, mas não depende do instante considerado, ou seja, a velocidade sofre variação de nos pontos, sendo constante no decorrer do tempo. Em um escoamento uniforme, as trajetórias são ditas retilíneas e paralelas. Segundo o princípio de Bernoulli, um líquido ideal em movimento constante tem a energia mecânica total (H) (por unidade de peso do líquido) também constante no decorrer da trajetória. 2 2 p VH z gγ = + + Onde: p = pressão em um ponto qualquer; z = cota geométrica desse ponto; V = velocidade da partícula do líquido no ponto; γ = peso específico do líquido; g = aceleração da gravidade; p /γ = potencial de pressão; V2 / 2g = altura cinética. 18 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS A soma p z γ + é intitulada de cota (ou carga) piezométrica. Consideremos a direção de uma partícula do líquido, plotando, a partir das cotas geométricas z os valores de p/γ obteremos uma linha intitulada de linha piezométrica, partindo dessa linha, se adicionarmos os valores V²/2g obteremos a chamada linha de energia (por unidade de peso do líquido): Figura 6. Direção de uma partícula do líquido. Linha piezométrica p/γ Trajetória z=0 z V2/2g Linha de energia Fonte adaptado e disponível em:<https://goo.gl/jFkWmS>. (HIDRODINÂMICA, 2018). No caso de fluidos reais em movimento, acontece a redução da energia total H ao longo da trajetória (Figura 7): Figura 7. Trajetória de uma partícula em fluidos reais em movimento. Trajetória Linha piezométrica Linha de energia z=0 z p/γ V2/2g Plano de referência Fonte Adaptado e disponível em: <https://goo.gl/jFkWmS>. (HIDRODINÂMICA, 2018). A mudança da cota da linha de energia entre dois pontos (1 e 2) da direção da partícula de um líquido real é a perda de carga (hf): 2 2 1 1 2 2 1 2 1 2 2 2f f p V p VH H h ou z z h g gγ γ − = + + = + + + 19 INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS │ UNIDADE I É importante saber que a perda de carga por unidade de comprimento da direção é intitulada de Sf (Grandeza adimensional) e é chamada de perda de carga unitária: f f h S L = ∆ , onde ΔL é a distância mensurada no decorrer da linha de centro de gravidade das seções. Consideremos agora um tubo de fluxo tendo um movimentouniforme: em uma dada seção, a cota piezométrica é levada em consideração como normal para todos os pontos da seção. Sendo a velocidade não semelhante nas distintas trajetórias, a cada trajetória é possível corresponder uma linha de energia distinta. Figura 8. Tubo de fluxo com movimento uniforme. Linha de energia para o tubo de fluxo Linha de energia para as trajetórias 1 a 7 4 3≡5 1≡7 Linha piezométrica 2≡6 1 2 3 4 5 6 7 Fonte Adaptado e disponível em: <https://goo.gl/jFkWmS>. (HIDRODINÂMICA, 2018). Faz-se necessário a definição de uma linha de energia relacionada ao escoamento na seção total. A energia (carga) relacionada a toda a seção é pode ser expressa por: 2 2 p VH z g α γ = + + Onde: V = velocidade média na seção. V = Q/A, sendo Q, a vazão que passa pela seção e A é a área da seção. α = ∫AV3 dA/V3A é o coeficiente de Coriolis. O princípio de Bernoulli pode ser representado como: 2 2 f p Vd z g S dL α γ + + = − 20 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS No escoamento em um regime uniforme, a perda de carga unitária Sf é constante, ou seja, não sofre variação e a linha de energia é observada como retilínea. A linha piezométrica é paralela à linha de energia devido a V² ser constante no decorrer da trajetória. A perda de carga unitária pode ser produzida pelo quociente entre a diminuição da cota piezométrica entre duas seções transversais e a distância L entre as mesmas: f p z S L γ ∆ + = Em uma seção com velocidade uniforme igual a 1, mais próximo da unidade será α, quanto mais uniforme for à distribuição de velocidades. Caro estudante, saiba um pouco mais sobre 2 equações muito utilizadas em regimes de escoamento: equação da continuidade e de Bernoulli, consultando o link disponível em: <https://goo.gl/FWYWBe>. (REGIME DE ESCOAMENTO, 2018). 21 CAPÍTULO 3 Perdas de carga e sistemas elevatórios Antes de abordarmos sobre perda de carga, faz-se necessário saber o que são escoamentos em condutos forçados. Esses escoamentos são aqueles cujo desenvolvimento ocorre no interior dos canais no qual a pressão é distinta da atmosférica, ou seja, a pressão efetiva difere de zero. Em sistemas de tubulações prediais, de abastecimento de água, oleodutos e gasodutos pode-se observar este tipo de escoamento. A perda de energia ou perda de carga motivada internamente pelos atritos do fluido e pelos atritos entre este e a tubulação é o fator decisivo nos escoamentos em condutos forçados. Neste caso estes atritos são produzidos pelas paredes ásperas dos condutos ou ainda de acordo com a turbulência gerada, relacionadas as alterações de direção ou da própria seção do escoamento. Os regimes de escoamento em tubulações podem ser classificados em 3 modelos distintos: 1. Escoamento laminar, o escoamento do fluido acontece em blocos ou lâminas, de maneira que o perfil de velocidades é intitulado parabólico. Os atritos que acontecem são de origem viscosa. 2. Escoamento Turbulento Liso, no qual o efeito da rugosidade ou das asperezas das paredes é disfarçado pela presença de um filme viscoso que lubrifica a região de contato. Neste tipo de regime os atritos são intitulados viscosos. 3. Escoamento Turbulento: tem como característica a ação das paredes ásperas, que produzem vórtices (movimentos ditos rotacionais), fazendo com que aumente a perda de carga. Neste regime os atritos são gerados pela rugosidade. É de extrema importância lembrar que os regimes de escoamento são possíveis de identificação por meio de um parâmetro adimensional designado Número de Reynolds (Re), conceituado pela relação entre as forças de inércia do escoamento e as forças viscosas. , VD VDRe ondev v ρ µ µ ρ = = = 22 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS Para definição do regime é preciso realizar o cálculo do número de Reynolds e definí-lo pelos seus limites: se o Re ≤ 2000, o regime é dito laminar; se 2000 ≤ Re ≤ 4000, o regime está na zona crítica; se o Re >. 4000, o regime é dito turbulento. Neste contexto, sugerimos a seguinte leitura sobre o Número de Reynolds, disponível em: <https://goo.gl/HHDeUK>. (NÚMERO DE REYNOLDS, 2018). Perda de carga Por definição, perda de carga é o consumo de energia desprendido por um fluido para superar as resistências do escoamento. Essa energia pode se perder sob a forma de calor. Na realidade, as tubulações não são compostas somente por tubos retilíneos e de igual diâmetro. Há ainda outras peças como: curvas, joelhos, cotovelos, registros e válvulas, entre outras, que são responsáveis por perdas ainda mais recentes. As perdas se dispõem em: 1. Perda de carga contínua ou distribuída ou por atrito (hf): acarretada pela resistência proporcionada pelo escoamento do fluido no decorrer da tubulação. Esse tipo de perda é de forma direta proporcional ao comprimento do canal de diâmetro constante. 2. Perda de carga acidental ou localizada ou singular (ha): acontece na maioria das vezes que houver alteração no valor ou no módulo e na direção da velocidade. 3. Perda de carga total (ht): ht = hf + ha: A perda de carga acidental é de extrema importância em tubulações curtas, já em tubulações compridas seu valor é com frequência desprezado na prática. Perda de carga contínua Os hidráulicos vêm estudando há muito tempo o comportamento dos fluidos em escoamento. Darcy, um hidráulico (suíço), e vários outros estudiosos concluíram o seguinte a respeito da perda de carga no comprimento das tubulações: » é de forma direta proporcional ao comprimento do conduto; » é proporcional a uma potência da velocidade; 23 INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS │ UNIDADE I » é inversamente proporcional a uma potência do diâmetro função da natureza das paredes, caso seja um regime turbulento; » não é dependente da pressão na qual há o escoamento do líquido; e é não dependente da posição da tubulação e do sentido de escoamento. Passou a existir numerosas fórmulas para realizar o dimensionamento das canalizações, a maioria delas era peculiar para cada condição de trabalho de uma determinada região. Nos anos recentes, o número de fórmulas empregadas sofreu uma redução. Abordaremos a seguir as fórmulas de Hazen-Willians, Flamant e Darcy- Weisbach ou Universal. Fórmula de Hazan – Willians Para a utilização desta fórmula alguns lembretes são feitos: a água submetida ao escoamento precisa estar à temperatura ambiente; as tubulações devem possuir diâmetro superior ou igual a 2”ou 50 mm, o que sugere que o escoamento é turbulento com paredes que apresentam rugosidade ou turbulento por completo; Grande parte dos problemas reais são classificados como turbulentos, quando o fluido estabelecido é a água. A fórmula Hazen-Willians pode ser expressa como segue pela equação abaixo. 1,85 4,8710,64. .f L Qh D C = Em que: hf é definido como a perda de carga contínua (m); L é definido como o comprimento da tubulação retilíneo, (m); D é o diâmetro, (m); Q é a vazão, m3s-1; C é o coeficiente de Hazen-Willians, que depende da natureza das paredes dos tubos. Fórmula de Flamant Para o uso desta fórmula existem alguns obstáculos, como: o uso para instalações domiciliares (prediais); sendo aplicado a tubulações com diâmetro variando entre 12,5 e 100 mm, e também para escoamento de água à temperatura ambiental; sendo também empregada em tubulações de ferro e aço-galvanizado. 24 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS A fórmula de Flamant pode ser expressa pela equação abaixo: 1,75 4,756,11. . .f Lh b Q D = Em que: hf é a perda de carga contínua, (m); L é definido como o comprimento da tubulação retilíneo, (m); D é o diâmetro, (m); Q é a vazão, (m3s-1); b é o coeficiente de Flamant (os valores dos coeficientes são dependentes do material do conduto, que podem ser encontrados em tabelas). Fórmula de Darcy – WeisbachA fórmula de Darcy ou universal pode ser empregada para todo e qualquer espécie de fluido e é válida regime de escoamento laminar ou turbulento. 2 2f L Vh f D g = Em que: hf é definido como a perda de carga contínua (L); f é definido como o fator de atrito; L é definido como o comprimento da tubulação retilíneo (L); D é o diâmetro do canal (L); V é a velocidade de escoamento (L.T-1); g é a aceleração da gravidade (L.T-2). Perda de carga localizada Estas perdas acontecem quando há mudança no módulo ou ainda na direção da velocidade. Uma alteração no diâmetro sugere uma modificação na grandeza da velocidade. Estas perdas acontecem normalmente quando se faz presente as denominadas peças especiais (curvas, válvulas, registros, bocais, ampliações, reduções). 25 INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS │ UNIDADE I Se a velocidade for inferior a 1 m.s-1 e o número de peças for pequeno, significa dizer que as perdas acidentais podem ser consideradas desprezíveis. Se o comprimento for superior ou igual a 4000 vezes o seu diâmetro, elas também podem ser desprezadas. Contudo, em investigações acadêmicas, elas devem ser levadas em consideração. Em termos práticos, as canalizações não são constituídas somente de tubos retilíneos e de igual diâmetro. As perdas de carga localizadas podem ser descritas mediante a equação geral seguinte: 2 . 2 i Li i Vhf K g = Onde: Vi é definido como a velocidade média do fluxo (m/s); Ki é um coeficiente empírico (valores desse coeficiente são apresentados em tabelas) que é considerado constante para valores de Número de Reynolds (Re) superiores a 50.000. Perda de carga total (ht) A perda de carga total no decorrer de uma canalização é conceituada como decorrência da somatória das perdas de carga em todo o comprimento dos trechos retilíneos (perda de carga contínua) juntamente com as perdas de carga nas conexões e peças especiais (perda de carga localizada). Os autores Ell e Trabachini realizaram um estudo recente sobre a revisão de conceitos teóricos de perda de carga, a fim de demonstrar a importância de suas aplicações em sistemas hidráulicos. Sugerimos a leitura detalhada desse estudo acessando o seguinte link disponível em: <https://goo.gl/Kuis4s>. (PERDA DE CARGA, 2018). Sistemas elevatórios Por definição, são sistemas hidráulicos em pressão onde é proporcionada a ascensão da linha de energia por meio de um componente chamado de bomba hidráulica. A bomba hidráulica recebe energia advinda do exterior, especificamente energia elétrica modificada em energia mecânica por um motor, e cede-a ao escoamento. Deste modo, a carga hidráulica do escoamento (energia por unidade de peso do fluido) é elevada. 26 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS Os sistemas elevatórios podem ser aplicados em: captação de água em rios, extração de água em poços, lavagem de filtros em estações de tratamento, distribuição de água potável, entre outros. Um sistema elevatório é constituído por: sucção, recalque e bomba. 1. Sucção: é constituída pelo conjunto de condutos e conexões que conduzem o fluido até a bomba, e seus componentes são: › Poço de sucção: sua função é criação de uma área de preferência para captação de fluido cuja aceleração seja baixa. › Crivo: peça especial na extremidade da captação, que fica submersa no poço, a fim de evitar a entrada de material sólido a fim de evitar danos. › Válvula de pé: uma válvula instalada na extremidade da captação de uma bomba aspirada, visando o impedimento do retorno do fluido, mantendo assim, o conduto de sucção cheio. › Sistema auxiliar de escorvamento: tem como finalidade a ocupação do canal de sucção para dar início a operação da bomba. › Condutos de sucção: fazem a conexão da captação com a bomba devendo ser com menor comprimento possível afim de que o gasto de energia seja pouco. O diâmetro do canal de sucção é superior ao do recalque. A sucção é trabalhada em escoamento permanente uniforme, significa afirmar que, com vazão e velocidade média constantes. Devido a isto os problemas são solucionados por meio das equações de Bernoulli e da Continuidade. Alguns dos fenômenos especiais que podem ocorrer na sucção é a cavitação em bombas hidráulicas. Quando a altura de sucção ultrapassa certos limites (esses limites são apresentados em tabelas predefinidas), podem exibir dificuldades para a bomba hidráulica, com surgimento do fenômeno da cavitação. Quando a pressão absoluta em um dado ponto se diminui a valores abaixo de um dado valor limite, atingindo o ponto de ebulição da água, esse líquido dá então início a uma fervura e os condutos ou peças exibem bolsas de vapor internamente a própria corrente. O acontecimento de formação bem como de destruição dessas bolsas de vapor (cavidades) enchidas com vapor, intitula-se cavitação. 27 INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS │ UNIDADE I Os fabricantes fornecem as curvas especialidades de cada bomba. Estas curvas apresentam o gráfico da vazão em função da altura manométrica e a altura máxima de sucção sem cavitação. A altura máxima da sucção para bombas não afogadas é dada por: 2 atm vapor max PS H O P P h h NPSH γ − ≤ − − Onde: hmáx é definido como a altura máxima de sucção para não ocorrer a cavitação; Patm é definido como a pressão atmosférica local; Pvap é definido como a pressão de vapor; γH2O é definido como o peso específico da água; hps é definido como a soma das perdas de carga na sucção; NPSH (do inglês, Net Pressure Suction Head) pode ser obtido mediante tabelas advindas do fabricante. A sigla NPSH (Net Pressure Suction Head) é empregada de forma universal para designação da energia disponível na sucção, isto é, a carga efetiva e positiva presente na sucção. É importante ressaltar que existem dois valores a serem levados em consideração: » NPSH requerido, que é uma característica hidráulica da bomba, dada pelo fabricante. » NPSH disponível, que é uma característica das instalações de sucção, que se pode fazer o cálculo pela equação: 2 atm vapor disponível PS H O P P NPSH H h γ − = ± + − Onde: -H é definido como a altura de aspiração; +H é definido como a carga ou altura de água na sucção; os demais termos foram definidos previamente no item anterior. Para que a bomba funcione perfeitamente, é necessário que: disponível requeridoNPSH NPSH≥ 2. Recalque: o conjunto de condutos e conexões que transportam o fluido da bomba até o reservatório superior. 3. Bombas de fluxo: bombas são equipamentos, compostos por rotor e motor, que realizam a transferência de energia para que fluido possa se deslocar. 28 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA E ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS Os tipos de bombas: radial, axial, semiaxial e mista, diferenciam-se pela velocidade particular. Vários são os motivos que conduzem à necessidade de agregar bombas, como: quando a vazão é elevada e não existem no mercado comercial bombas que tenha a eficiência de realizar o atendimento da demanda almejada; as ampliações, a não existência de bombas no mercado com elevadas alturas manométricas. Utilizam-se bombas em paralelo quando as vazões são amplas e em série quando são grandes alturas manométricas. Este capítulo abordou assuntos muito importantes quando se fala em escoamentos: perda de carga e sistemas elevatórios. Com isso, sugerimos que consulte o link a seguir para um aprofundamento detalhado deste assunto, disponível em: <https://goo.gl/ADZ78C>. (SISTEMAS ELEVATÓRIOS, 2018). 29 UNIDADE IIESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES CAPÍTULO 1 Conceitos básicos Condutos livres Os condutos livres podem ser chamados também de canais, são os canais no qual ocorrem o escoamento que possui como característica apresentar uma superfície livre, na presença de pressão atmosférica. Dentro dessa abordagem, os cursos d’água naturais compõem o exemplo característico de canais livres, comoos rios. Sua força de escoamento principal é a força gravitacional. Os escoamentos são amplamente aplicáveis no ramo da engenharia, em áreas como o saneamento, a drenagem urbana, irrigação, hidroeletricidade e navegação. São também considerados como canais livres os condutos artificiais de irrigação e drenagem, os canais, de um modo geral, o líquido não preenche de modo completo a seção. Nesses tipos de condutos, os escoamentos possuem um nível de complexidade maior e com resolução mais elaborada, pois as variáveis são correlacionadas e sofrem variação no tempo e espaço. A deformidade é um importante atributo da hidráulica dos canais. Nos condutos livres, acontece o contrário do que acontece nos forçados, ou seja, a veia líquida tem liberdade de alterar-se a fim de manter o equilíbrio dinâmico. Dessa maneira, a deformidade da superfície livre origina fenômenos não conhecidos nos condutos forçados, sendo o ressalto hidráulico, um exemplo. Condutos livres e seus elementos característicos Seção transversal e área molhada A seção transversal (S) inclui toda a área de escavação para a construção do conduto (Figura 9), e a área molhada (A) está relacionada à seção transversal 30 UNIDADE II │ ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES perpendicular à direção do escoamento preenchida pela água, sofrendo variação em concordância com o fluxo de alimentação do conduto. Figura 9. Seção transversal. B yh A y P Fonte Adaptado e disponível em: <https://goo.gl/LRnLRX>. (CONDUTOS, 2018). Os canais são projetados comumente em uma das quatro seguintes formas geométricas: retangular, trapezoidal, triangular e semicircular, sendo o formato mais aplicado, o trapezoidal. Seção molhada (A) – parte da seção transversal que é completada pelo líquido. Os itens geométricos da seção molhada são apresentados abaixo: » Profundidade (h): é definido como a altura do líquido que fica acima do fundo do canal. » Área molhada (Am): é definido como a área da seção molhada. » Perímetro molhado (P): é definido como o comprimento referente ao contato do líquido com o conduto. » Largura Superficial (B): definido como a largura da superfície que está em contato com a atmosfera. » Raio hidráulico (R): é definido como a relação entre a área molhada e perímetro molhado. » Profundidade Hidráulica: é definido como a relação entre a área molhada e a largura da superfície. 31 ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES │ UNIDADE II Quadro 2. Elementos de geométricos de canais. Forma de seção Área (A) (m2) Perímetro molhado (P) (m) Raio hidráulico (R) (m) Largura do topo (B) (m) b.h b + 2.h . 2. A b h P b h = + b (b + m.h).h 22. . 1b h m+ + A P b + 2.m.h m.h2 22. 1h m+ A P 2.m.h ( ) 21 . . 8 sen Dθ θ− θ = RAD . 2 Dθ 1 1 . 4 sen Dθ θ − . 2 sen Dθ 2. 8 Dπ . 2 Dπ 4 2 D h = D = 2.h Fonte Adaptado e disponível em: <https://goo.gl/auDwnX>. (DIMENSIONAMENTO DE CONDUTOS, 2018). Saiba mais sobre dimensionamento de condutos l ivres acessando o seguinte l ink : <https://goo.gl/auDwnX >. (DIMENSIONAMENTO DE CONDUTOS, 2018). Alteração de pressão na seção transversal Nos canais livres, a mudança de pressão entre a superfície livre do líquido e a pressão do fundo do canal não devem ser consideradas desprezíveis, sendo linear e hidrostática. Pode-se fazer uma estimação para a pressão presente no fundo do canal por meio da seguinte equação: . . P h y cos γγ θ = = Onde: θ é o ângulo que estabelece a declividade presente no fundo do canal; y é definido como a profundidade da lâmina l íquida analisada de forma perpendicular ao fundo do canal conforme é mostrado na Figura 10 abaixo. 32 UNIDADE II │ ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES Figura 10. Dimensões da seção longitudinal de um canal. Sentido de fluxo y h Fonte disponível em: <https://goo.gl/LRnLRX>. (CONDUTOS, 2018). Água nos canais e sua velocidade A velocidade será um valor médio, pois na área molhada, a velocidade pode variar tanto com a posição quanto com a profundidade analisada. Esta velocidade é a empregada para os cálculos e pode ser realizada como a média das velocidades em profundidades 0,20y e 0,80y, ou seja, igual à velocidade e à profundidade 0,6y, sendo estabelecida por: 0,2 0,8 0,62 4M v v v v + + = A determinação das muitas velocidades em pontos distintos de uma seção transversal é realizada de modo experimental. A forma como as velocidades são distribuídas é dependente, sobretudo, da resistência do fundo e das paredes, assim como da resistência superficial da atmosfera, ventos, interna da viscosidade do fluido e da aceleração da gravidade. Profundidade média Levando em consideração que a forma das seções exibe uma variedade grande, adota-se uma profundidade média, sendo ela estabelecida por: M Ay B = Energia específica Em uma seção de um canal livre, a carga considerada é descrita a partir da expressão abaixo: 2 2. VH Z y g = + + 33 ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES │ UNIDADE II Nota-se que, se o escoamento for livre, a carga de pressão pode ser trocada pela profundidade do escoamento, sendo as pressões consideradas como hidrostáticas. Deste modo, a linha piezométrica é coincide com a superfície livre e sua declividade intitula-se gradiente hidráulico, como mostrado na Figura 11. Figura 11. Linhas de carga e piezométrica em um conduto livre. Plano de Carga Estático Linha de carga Linha Piezométrica Datum y1 y2 𝑃𝑃1 𝛾𝛾ൗ 𝑣𝑣12 2𝑔𝑔൘ 𝑃𝑃2 𝛾𝛾ൗ 2 1 hf Fonte disponível em: <https://goo.gl/LRnLRX>. (CONDUTOS, 2018). Conceitua-se energia específica como sendo a carga analisada partindo do fundo do canal. Devido a isso, seu valor pode ser descrito pela seguinte equação: 2 2 VE y g = + Levando em conta a equação da continuidade, obteremos: 2 22 QE y gA = + Sendo a área é dependente da profundidade, teremos: ( ) 2 22 QE y gf y = + Energia crítica pode ser definida como o valor mínimo de energia correspondente a uma certa profundidade crítica (yc). Caso o escoamento aconteça e esteja acima da profundidade crítica, o escoamento pode ser considerado superior, subcrítico, tranquilo ou fluvial. Caso o escoamento aconteça abaixo dela, o escoamento é considerado de três tipos: rápido, torrencial e supercrítico. 34 UNIDADE II │ ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES Regime de escoamento Para a obtenção do ponto de energia mínima do escoamento livre, isto é, o ponto crítico, é realizado a derivação da equação de Energia Específica em função da profundidade da forma abaixo, fazendo a igualdade do resultado a zero: 2 2 2 3 2 1 Qd y gAdE Q dA dy dy gA dy + = = − Sendo dA = B.dy: 2 3 .1dE Q B dy gA = − Aplicando a equação da continuidade, teremos: .Q V A= Onde: Q é definido como a vazão que escoa no canal; V é definido como a velocidade média do escoamento; e A é definido como a área molhada na seção do canal. ( )2 3 . . 1 A v BdE dy gA = − 2 1 / . dE v sendo B A y dy g y = − = A partir disso, pode-se definir o número de Froude (Fr): 2 1 .r v dEF Fr dyg y = → = − No escoamento crítico, quando a energia específica é considerada mínima 0 dE dy = , o Fr = 1, sendo assim, a variação de dE dy as distintas profundidades de escoamento podem ser descritas como: 2 0 1 0 1 c dEy y Fr Fr escoamento supercrítico dy < → < → − → → 2 0 1 0 1 c dEy y Fr Fr escoamento subcrítico dy > → > → − > → < → O Número de Froude é um importante adimensional em Hidráulica, possibilitando a realização de distintas observações. A propriedade crítica de escoamento tem relação com o limite entre os regimes fluvial e torrencial. Desta maneira, quando acontecer uma alteração no regime de escoamento, a profundidade passará pelo 35 ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES │ UNIDADE II seu valor crítico. Esta passagem pode acontecer gradualmente ou bruscamente, em concordância com o regime do escoamento de montante e com o modo singular que ocasionou a variação.A alteração do regime supercrítico para o subcrítico pode ser notada, por exemplo, em alterações de declividade e em saídas de comportas. O escoamento crítico é considerado instável. Assim a menor alteração de energia específica ocasionará uma mudança sensível da profundidade de água no conduto. Pode-se observar de modo fácil que, no regime crítico, a carga cinética é igual à metade da profundidade média. Fórmulas Fórmula de Chézy As fórmulas elaboradas para o escoamento em condutos livres têm embasamento na expressão sugerida inicialmente por Antoine Chézy (1769), descrita pela expressão seguinte: . .v C Rh I= Onde: v é definido como a velocidade média; Rh é definido como o raio hidráulico; I é definido como a declividade. O coeficiente C é dependente da natureza, condição das paredes dos condutos, assim como de sua forma própria. Fórmula de Manning Foi adicionado um coeficiente C, cujo valor é dependente da rugosidade e do raio hidráulico da seção averiguada para a equação de Manning. Deste modo, a equação pode ser descrita como: 1/6 2/3 1/ 2., . .Rh Rh IC sendov C Rh I η η = = = Onde: η é um coeficiente que é dependente da natureza das paredes (intitulado de coeficiente de Manning). Abaixo podemos observar alguns valores do coeficiente de Manning: 36 UNIDADE II │ ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES Quadro 3. Coeficientes de Manning. Material do canal η (s/m1/3) Alvenaria de pedra bruta 0,020 Alvenaria de pedras retangulares 0,017 Alvenaria de tijolos sem revestimento 0,015 Alvenaria de tijolos revestido 0,012 Canais de concreto, acabamento ordinário 0,014 Canais de concreto, revestimento liso 0,012 Canais de terra em boas condições 0,025 Canais de terra com vegetação 0,035 Condutos de madeira aparelhada 0,011 Condutos de manilha cerâmica 0,013 Tubos de aço soldado 0,011 Tubos de concreto 0,013 Tubos de ferro fundido 0,012 Tubos de cimento-amianto 0,011 Canais com revestimento muito liso 0,010 Canais irregulares e mal conservados 0,040 Fonte disponível em: <https://goo.gl/KmeyYL>. (CONDUTOS LIVRES, 2018). Fórmula de Strickler Foi adicionada a constante de rugosidade de Strickler (K) para a fórmula de Strickler seguinte: 2/3 1/ 2 0M Hv KR I= Abaixo podemos observar alguns valores da constante de rugosidade de Strickler: Quadro 4 Constantes de rugosidade de Strickler. Material do canal K (m1/3/s) Concreto 60 a 100 Tubos de concreto 70 a 80 Asfalto 70 a 75 Tijolos 60 a 65 Argamassa de cascalho ou britas 50 Pedras assimétricas 45 Canal aberto em rocha 20 a 55 Canal em terra (sedimentos médios) 58 a 37 Canal gramado 35 Fonte disponível em: <https://goo.gl/KmeyYL>. (CONDUTOS LIVRES, 2018). 37 ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES │ UNIDADE II Seções adversas Seções irregulares Sendo as secções transversais muito irregulares, é possível conseguir resultados satisfatórios, dividindo-se a seção em partes nas quais as profundidades não sejam muito distintas. Seções rugosidades diferentes Se o perímetro molhado de uma secção qualquer incluir partes com distintas rugosidades (η1, η2, η3) considera-se uma rugosidade média obtida pela expressão de Forcheimer: 2 i i i P P ηη ∑= ∑ Borda Livre A borda livre é conceituada como uma folga que deve ser adicionalmente deixada a cota do nível máximo de operação no canal visando impedir, os extravasamentos devidos principalmente, à atuação de ondas de vento, ressalto hidráulico, perdas localizadas e flutuações de fluxos. Frequentemente faz-se o uso das expressões dadas pelo USBR para estabelecimento da borda livre. O valor da folga mínima é de 20 cm. O ressalto hidráulico é muito empregado na dissipação de energia a jusante de construções hidráulicas. Este processo de dissipação é combinado a variações de velocidades, níveis e pressões. Saber sobre o ressalto hidráulico como forma de dissipação de energia é de notória importância devido aos danos causados as estruturas de energia no decorrer dos anos relacionados aos empecilhos correlacionados à fadiga, cavitação e ressonância (NETO; MARQUES, 2008). Para se aprofundar um pouco sobre este assunto, sugerimos o acesso ao seguinte arquivo, disponível em: <https://goo.gl/mJR4mK>. (RESSALTO HIDRÁULICO, 2018). 38 CAPÍTULO 2 Canais – escoamento permanente e uniforme Como estudamos no capítulo anterior, condutos livres podem ser abertos, fechados, naturais ou ainda artificiais, não dependentes da forma, sob à pressão atmosférica agindo sobre a superfície do líquido, no qual o escoamento acontece de modo necessário por gravidade, exibindo na prática com uma variedade ampla de seções. Os tipos de escoamentos em canais livres podem ser visualizados na figura 12 seguinte: Figura 12. Tipos de escoamentos em condutos livres. Canais naturais Rios Estuários Canais artificiais Condutos fechados Condutos abertos Circulares Retangulares Ovais Ferradura Semicirculare Retangulares Trapezoidais Triangulares Fonte: autora, adaptado e disponível em: <https://goo.gl/9VBgoa>. (CANAIS, 2018). A conceituação de conduto ou canal tanto pode ser aplicada a cursos d’água naturais como aos artificiais. Em canais livres, o escoamento em conformidade com a distribuição de pressão pode ser hidrostática ou fluidostática, em referência à água, devido a ter sido o primeiro fluido a ser analisado, e por isso (razões históricas) o nome é mantido, é também a área da física que investiga as forças atuantes por e sobre fluidos em repouso, sendo a gravidade responsável pelo escoamento. A despeito dos escoamentos livres e forçados parecerem semelhantes, os livres tem um nível de complexidade maior e com resolução mais sofisticada, devido as variáveis serem interdependentes sofrendo variação no tempo e espaço. Os canais de proporções pequenas de um modo geral são encontrados no formato circular ou oval. A seção no formato de ferradura é normalmente 39 ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES │ UNIDADE II seguida para os grandes aquedutos (canais que objetivam a condução de água). Os condutos escavados em terra geralmente, exibem uma seção trapezoidal, que se torna o mais próximo possível do formato semi-hexagonal. O talude das paredes laterais é condicionado ao tipo do terreno, ou seja, das condições de estabilidade. Os canais abertos em rocha são da forma retangular, com a largura sendo de aproximadamente duas vezes a altura. As calhas de madeira ou de aço são, em sua grande parte, semicirculares ou retangulares. Na figura 13 podemos observar os tipos comumente encontrados de condutos livres. Figura 13. Típicos condutos livres. Patm Patm Patm y=h y=h y=h Fonte disponível em: <https://goo.gl/1sAFHm>. (TIPOS DE CANAIS, 2018). Os canais podem ser intitulados de prismáticos, se possuírem no decorrer do comprimento seção reta e declividade de fundo sendo constante ou caso oposto, são intitulados não prismáticos. A respeito da rugosidade interna das paredes dos canais, uma vez que o atrito sofre influência da aspereza desta parede, há um alto número de materiais utilizados na elaboração, todavia a particularização do valor numérico da rugosidade não é fácil, por causa da falta de controle de qualidade da operação e menos fácil, se os condutos forem naturais. A compreensão, interpretação e o modo de dimensionar de canais livres são ressaltantes em diversos âmbitos. Na parte real, as etapas de planejar, projetar e construir um canal estão restritos por uma série de limitações de natureza diversa. Podemos citar como exemplo, o projeto de um canal em um sistema de drenagem urbana, que está condicionado aos fatores topográficos, geotécnicos, construtivos, existência de obras de arte, legislação e relatórios ambientais. Tudo isso limita a liberdade do profissional projetista no desenrolar das seções. A seção do canal deverá está nos limites das vazões preestabelecidas, ser estável, baixo custo, estar dentro dos requisitos de segurança, com interferência mínima ambiental. Classificação dos escoamentoslivres A classificação dos escoamentos em canais é feita em relação: » Ao tempo: › Permanentes: que possuem vazão, fatores geométricos e, por consequência, a velocidade de escoamento constante no decorrer do tempo. 40 UNIDADE II │ ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES › Não permanentes: a vazão, os fatores geométricos e a velocidade de escoamento sofrem alteração com o passar do tempo. » Ao espaço: › Uniformes: que possuem vazão, fatores geométricos e a velocidade de escoamento constante ao longo do conduto. › Variados: os fatores geométricos e a velocidade de escoamento sofrem alterações ao longo do conduto: · Gradualmente variados: alteração suave na geometria. · Rapidamente variados: alteração brusca na geometria. Os escoamentos podem ser definidos também como fenômenos tridimensionais, transitórios e complexos, apesar disso é normal empregar hipóteses simplificadoras para analisar de modo apropriado o problema sem prejudicar a validade e precisão dos resultados. Uma das suposições possíveis é levar em consideração o escoamento unidirecional ou bidirecional. Na maior parte dos casos, a avaliação tridimensional do escoamento não se pode evitar, como nos túneis de passagem de ar para averiguação da estabilidade, aderência, aerodinâmica em carros ou aviões. Quando o escoamento for em condutos naturais ou artificiais deve-se considerá-lo uni, bi ou tridimensional. A grande parte dos cursos d’água natural (canais naturais) não é estável dinamicamente gerando curvas, depositando, erodindo, assim a velocidade real é considerada complexa e tridimensional, contudo em alguns casos, as investigações são levadas em consideração como sendo unidirecionais, isto é, possuindo velocidades vetoriais médias. Os escoamentos nos canais podem ter o tempo e o espaço como parâmetros de variabilidade, isto significa dizer que, as propriedades hidráulicas (altura d’água, área molhada, raio hidráulico), podem sofrer variação no espaço, no tempo e de seção para seção. O escoamento é considerado permanente, se a velocidade em um ponto de a corrente continuar não variável no tempo (em módulo e direção). Em consequência disso, as outras propriedades hidráulicas em uma mesma seção transversal (profundidade, vazão, área molhada e a massa específica) também se mantem uma constância. O contrário acontece, se o escoamento é não permanente, a velocidade em um ponto sofre variação com o decorrer do tempo. 41 ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES │ UNIDADE II Sendo que neste caso, a vazão não é contínua, por exemplo, e as propriedades do escoamento são dependentes das coordenadas do ponto levado em conta e do tempo. Propondo o espaço como critério comparativo, os escoamentos são uniformes ou variados. O escoamento é intitulado uniforme quando suas velocidades locais são constantes e paralelas entre si no decorrer de uma mesma trajetória. Nada obstante, as velocidades podem ser distintas de uma trajetória para outra. Enquanto o escoamento não uniforme acontece quando as trajetórias não são paralelas entre si, a declividade da linha d’água não é paralela à declividade de fundo e os fatores peculiares do escoamento sofrem variação de uma seção para outra. O escoamento variante pode ser permanente ou não permanente, acelerado ou desacelerado, se a velocidade aumentar ou diminuir no sentido do movimento. O escoamento variante pode ser ainda separado em gradualmente variado e rapidamente variado. No caso de gradualmente variado, os elementos peculiares da corrente variam de modo lento e gradual, em cada seção, podendo acontecer o fenômeno intitulado de remanso, que é o perfil da linha desenvolvida pela superfície livre do canal. A depender da declividade do fundo do canal pode-se ter 12 naturezas de curvas para a linha d’água (superfície livre). A natureza da curva é estabelecida fazendo a comparação da profundidade crítica com a profundidade normal em cada seção investigada. Já no tipo de rapidamente variado, há uma alteração brusca na altura d’água e nos outros parâmetros, sobre uma distância que comparada não é grande. Os escoamentos bruscamente variados são investigados como fenômenos locais, no qual os exemplos principais são o ressalto hidráulico, que é conceituado como uma elevação brusca da superfície livre que é gerado quando uma corrente de forte e de velocidade fraca se encontram, e a queda brusca que acontece em um na linha d’água sobre uma distância curta, sendo notada devido ao seu abaixamento. Situações típicas dos escoamentos permanentes Os escoamentos permanentes em geral são empregados para o cálculo de canais, vertedores, galerias, bueiros, entre outros (Figura 14). 42 UNIDADE II │ ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES Figura 14. Escoamento permanente. Ressalto Remanso Gradualmente variado Rapidamente variado Uniforme Fonte disponível em: <https://goo.gl/1sAFHm>. (TIPOS DE CANAIS, 2018). Situações típicas dos escoamentos não permanentes Os escoamentos não permanentes de modo comum são empregados para o cálculo da propagação de uma onda de cheia, quando uma onda cheia passa por um canal, ela sofre amortecimento. Figura 15. Escoamento não permanente. Onda de cheia num tempo t1 no local x1 Onda de cheia num tempo t0 no local x0 Fonte disponível em: <https://goo.gl/1sAFHm>. (TIPOS DE CANAIS, 2018). Velocidades em canais Velocidade nos canais e sua distribuição A mudança de velocidade, nas seções dos canais, é pesquisada há um longo tempo. Para a investigação da distribuição das velocidades deve-se levar em conta duas seções: Seção Transversal e Seção Longitudinal. 43 ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES │ UNIDADE II Velocidade e seus limites A velocidade média da água nos canais, não se distancia de valores não muito amplos, imposta pelos bons requisitos para o funcionamento e manutenção. Entretanto, dois limites são predeterminados na parte prática, o limite inferior (estabelecido objetivando impedir que os matérias em suspensão sofram deposição): velocidade média mínima e limite superior (fixado objetivando o impedimento da erosão das paredes): velocidade média máxima. Velocidade ótima nos condutos e a expressão de Kennedy As águas naturais sempre levam materiais em suspensão, materiais que são aptos a sofrerem o processo de deposição em dadas condições. Se os canais forem projetados para o funcionamento com velocidades diminuídas, existirá o perigo da ocorrência de depósitos desse tipo de material, que poderá acarretar inúmeras despesas de conservação. Todavia, se os canais forem feitos para operar com velocidades muito altas, as paredes laterais e o fundo são erodidos, alterando assim, as requisições do projeto. Contudo, existe uma relação considerada ótima entre a velocidade da água, o tipo de material e as medidas do canal, para a qual os fatores da erosão e deposição serão desprezados. R.G. Kennedy foi um dos primeiros a averiguar de forma quantitativa a questão em 1895, chegando à fórmula empírica a seguir, para determinar a velocidade preestabelecida (velocidade de equilíbrio): 0 , 0,55 0,64 sV nh sendon e s= = = Obtendo-se a fórmula de Kennedy: 0,64 0 0,55V h= Onde: Vo é a velocidade média crítica (m/s); h é definido como a profundidade do conduto (m). A ideia geral de Kennedy embasava-se em admitir que as propriedades de escoamento em um canal podiam sofrer alteração através da atuação da corrente, até que fosse alcançada uma velocidade satisfatória, dependente da profundidade útil. Caro estudante, releia o capítulo anterior que aborda um pouco mais sobre a questão de velocidade em canais livres. 44 UNIDADE II │ ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES Equações básicas do escoamento livre São caracterizados empregando-se os mesmos princípios fundamentais dos escoamentos em condutos: » Equação da Continuidade. » Equação da Quantidade de movimento. » Equação da Energia. » Fórmula de Chézy. Caro estudante, o capítulo anterioraborda um pouco mais sobre este assunto em canais livres, por isso o mesmo não será repetido neste capítulo. Equação geral da resistência Nos canais, os cálculos estão fundamentados em equações de resistência, que conectam a perda de carga em uma parte à velocidade média, mediante a fatores geométricos e da rugosidade do perímetro molhado. Levando-se em consideração uma parte de comprimento unitário. O movimento quando é uniforme, a manutenção da velocidade acontece devido a declividade do fundo do canal, declividade esta que será a mesma para a superfície livre das águas. Sendo γ definido como o peso específico da massa liquida, a força que gera o movimento será a componente tangencial do peso do líquido, expressa pela equação seguinte: F Asenγ α= Supondo que o movimento seja uniforme, deve existir um equilíbrio entre as forças aceleradoras e retardadoras, de maneira que a força F deve contrapesar a resistência contrária ao escoamento resultante dos atritos. Essa resistência ao escoamento é dita proporcional aos fatores abaixo: a. peso específico do líquido (γ); b. perímetro molhado (P); c. comprimento do canal (= 1); d. função φ (V) da velocidade média. 45 ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES │ UNIDADE II ( ) Res P Vγ ϕ= ( ). . , A sen P V igualandoas equaçõesγ α γ ϕ= ( )Asen P Vα ϕ= De maneira simples, a declividade dos condutos é pequena (α << 10º), permitindo: ( ) sen tg I declividadeα α≅ = Sendo; ( ) , H A A área molhadaI V sendo oraiohidráulicoou médio R P P perímetromolhado ϕ= → = Resultando na equação da resistência abaixo: ( )HR I Vϕ= No qual: RH é definido como o raio hidráulico; I é definido como a declividade; e φ(V) é definido como uma função da velocidade média. Projeto de canais pequenos que possuem fundo horizontal Em algumas instalações, como em estações de tratamento, são comuns encontrar condutos e canaletas curtos, com fundo que não possuem declividade, assim construídos por ser fácil ou conveniente estruturalmente. De modo frequente, são projetados com uma seção estabelecida para manutenção do escoamento relacionado à velocidade com um valor apropriado. Devido a isso, podemos considerar dois casos: 1. Canais afogados, no qual o nível d’água a jusante é preestabelecido por um requisito de chegada. Assim sendo, faz-se a avaliação da perda de carga, podendo-se chegar na obtenção do nível de montante; 2. Condutos livres, que fazem o descarregamento de modo livre a jusante, no qual o nível é mais baixo. Nesse tipo de caso sabe-se que na extremidade do canal a profundidade do líquido cairá abaixo da profundidade crítica. Partindo-se da profundidade crítica, estabelece-se a profundidade um pouco acima dela. Partindo então desse ponto, é possível calcular a perda de carga afim de se encontrar o nível de montante. Caso o canal ganhe contribuições 46 UNIDADE II │ ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES exatas no decorrer da sua extensão, ele se dividirá mais ainda, em partes para efeito de cálculo. É relevante dizer que as observações sobre projetos de canais para escoamento permanente uniforme devem ser enfatizadas: » O projeto dos condutos pode apresentar requisitos complexos que exigem a compreensão do profissional projetista e o apoio em informações experimentais. O projeto de obras de grande seriedade deve contar com a cooperação de um especialista. » É de conhecimento que os canais uniformes, assim como o escoamento uniforme na prática não existe, devido a isto as soluções são sempre estimadas, não se justificando expandir os cálculos para além de algarismos significativos. » Para os canais de elevada declividade, aconselha-se a investigação dos requisitos de escoamento crítico. » Em condutos de extensão pequena não se justifica fazer uso de fórmulas práticas para a determinar a profundidade ou da vazão. Condutos circulares Em um conduto circular, as medidas geométricas são: a profundidade de escoamento y e o diâmetro D (Figura 16). Figura 16. Conduto circular. D y Fonte: Azevedo Neto (2003). A forma circular é a que exibe o menor perímetro molhado e maior raio hidráulico por unidade de área do conduto. Devido a isso, é considerada uma seção de modo econômico, a ideal. Também é a mais usada na grande parte das obras em que é preciso o uso de seções fechadas. O uso do formato circular nos condutos grandes está condicionado as questões estruturais e aos processos de execução. De modo 47 ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES │ UNIDADE II normal, os tubos são produzidos com a seção circular. Por causa disso, o domínio desse formato e a relevância do seu estudo. Podemos citar como exemplos: os coletores de esgoto e as galerias de águas pluviais. Condutos retangulares Já a forma retangular, em geral, é usada nos condutos de concreto e nos condutos abertos em rocha. Em relação ao formato retangular, a mais favorável é aquela para qual a base b é o dobro da altura h, de acordo com a finalidade de sua construção, devido à segurança, economia e, nomeadamente, ao menor perímetro na maior velocidade de escoamento (Figura 17). Figura 17. Conduto retangular. h b Fonte: Azevedo Neto (2003). O retângulo é um tipo particular do trapézio quando o ângulo do talude for 90º. Trocando este fator na equação de perímetro molhado do trapézio teremos: ( )22 1m Z Z= + − No qual: m é definido como a relação da base e altura da água (b/h); Z é definido como a inclinação do talude, e no caso do retângulo Z = cotg 90º = 0. Sendo assim temos que: 2 2 2bm m b h h = → = = → = Devido a isto, é sabido que o formato retangular mais favorável é aquele para qual a base b é o dobro da altura h, justificando isso quando o formato retangular alcança a vazão máxima. Seções compostas É possível observar alguns casos onde uma parte do conduto contem formatos irregulares ou compostos. Quando dizemos irregulares, podemos definir como as seções transversais que possuem formas diversas ao longo do percurso do 48 UNIDADE II │ ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES canal, expondo seções transversais que são também variadas. Este caso é uma propriedade dos rios e córregos naturais. Nestas situações, o perímetro e a área são calculados mediante medidas de batimetria. Estas medições deverão ser realizadas na extensão toda do curso d’água para estimação do desempenho médio da vazão e da velocidade. Quando a seção transversal é formada por desenhos geométricos conhecidos, o cálculo tanto da velocidade quanto da vazão acontece do mesmo modo que nos condutos com única figura geométrica. Seções de concordância Os canais, por vezes, sofrem alterações na seção transversal ao longo do seu percurso. Isso acontece, normalmente, por causa das alterações nas características que o terreno possui, de escavação ou estruturais, como em travessias altas ou passagens de veículos sobre o canal. Sob estas condições, é preciso levar em consideração a concordância entre as seções. Com isso, as turbulências e as perdas de carga no segmento serão diminuídas. O U.S. Boreau of Reclamation (recuperação) (EUA) utiliza o ângulo de â=12°30’ em relação ao eixo do conduto como o máximo para um bom requisito de concordância em todas as direções. De maneira geral, o raio é igual ou superior que a maior dimensão da seção transversal. As curvas nos condutos As curvas nos condutos produzem também perdas de carga, apesar de, terem pouca insignificância quando o raio da curva do eixo é superior ao dobro da largura do conduto. As perdas de carga por causa da curvatura podem ser diminuídas ou compensadas mediante a ampliação da área do segmento transversal ou pela ampliação da declividade na curva. Em situações em que os condutos são de comprimento muito longos com muitas curvas, essas perdas precisam ser levadas em consideração. Caro estudante, a seguir sugerimos uma leitura sobre hidrologia básica, que aborda o escoamento em rios e condutos. O arquivo apresenta um resumo do que foi falado nestecapítulo e alguns outros assuntos que não foram abordados também, disponível em: <https://goo.gl/L8CgZd>. (HIDROLOGIA, 2018). 49 UNIDADE IIIINTRODUÇÃO À HIDROLOGIA CAPÍTULO 1 Ciclo hidrológico As civilizações antigas mesmo sem ter o conhecimento do funcionamento dos fenômenos naturais já exploravam os recursos hídricos nos projetos de irrigação, aquedutos e controle de enchentes. Tucci (1995), afirma que desde o século XV, o ciclo hidrológico teve uma melhor compreensão. As mensurações sistemáticas de precipitação e vazão, bem como o desenvolvimento na teoria e na prática da hidráulica principiaram no século XIX. Não obstante, os mais antigos postos de precipitação no Brasil datam do final do século passado, já a coleta de informações de níveis e vazão aconteceu no começo deste século. Surgiram na década de 1930, os elementos que descrevem como funciona os fenômenos naturais e fórmulas empíricas dos processos peculiares, tais como as evidenciadas por Chézy: » equação do movimento uniforme em canais. » metodologia racional para fazer o cálculo de vazão máxima em bacias pequenas. Na mesma década também se deu início a hidrologia quantitativa com alguns estudos, tais como: » Fundamentos do hidrograma unitário usado em escoamento superficial (SHERMAN,1932). » Formulação empírica para calcular a infiltração, e assim determinando a precipitação efetiva (HORTON, 1933). » Proposição para a hidráulica de poços (THEISS,1935). 50 UNIDADE III │ INTRODUÇÃO À HIDROLOGIA Outros métodos quantitativos foram apresentados na mesma época, possibilitando o acréscimo dos conhecimentos nessa ciência. Contudo, mesmo com esse progresso, nos anos de 1950 a hidrologia ainda era limitada a apontadores estatísticos dos procedimentos envolvidos. Foi com o surgimento do computador que houve o aperfeiçoamento e experimentação das técnicas estatísticas. Alguns fatores da hidrologia como o escoamento subterrâneo, desenrolaram-se com a ajuda da observação e quantificação das variáveis enredadas, aperfeiçoamento de métodos matemáticos e a elevação da capacidade dos computadores. A hidrologia é a ciência aplicada que investiga a água presente na natureza, compreendendo as suas características e os processos que intervêm no seu acontecimento e distribuição na atmosfera, na superfície da terra e no subsolo (Definição feita pela United States Federal Council for Science and Technology, 1962). Com isso, ela divide-se em: » Hidrometeorologia: estudo da água presente na atmosfera. » Hidrologia de Superfície, que consiste na investigação das águas superficiais, dividindo-se em: 1) Limnologia (estudo d’água em lagos e reservatórios), 2) Potamologia (estudo da água em arroios e rios), 3) Glaciologia (estudo da água no estado de gelo e neve na natureza). » Hidrogeologia, consiste no estudo das águas subterrâneas. A hidrologia ainda pode se subdividir em subáreas do conhecimento diferentes, como: a. Geomorfologia, que consiste na investigação do terreno das bacias hidrográficas de maneira quantitativa. b. Interceptação vegetal, que consiste na investigação de que modo a cobertura vegetal pode influenciar na interceptação da chuva. c. Infiltração, que consiste no processo que é influenciado pelo manejo do solo, indispensável para a intensidade do escoamento superficial e de forma indireta da erosão hídrica. d. Evaporação e Evapotranspiração, que consiste na avaliação da transferência de água para atmosfera, partindo do solo, plantas ou dos espelhos de água. e. Sedimentologia, que consiste na investigação da produção de sedimento, assim como, de seu transporte sobre as encostas e condutos de dreno. f. Qualidade da água e condições ambientais, que consiste na quantificação da qualidade da água mediante parâmetros físicos, químicos e biológicos. 51 INTRODUÇÃO À HIDROLOGIA │ UNIDADE III Aplicações da Hidrologia As diferentes utilidades da hidrologia abrangem os projetos de obras hidráulicas, até tarefas combinadas às questões ambientais, ressaltando-se: 1. Escolha de fontes onde se tem abastecimento de água para o emprego doméstico ou industrial. 2. Projeto de construção de obras hidráulicas: › ancoragem das medições hidráulicas de obras de arte; › projeto de barragens, local e seleção do tipo de barragem, de fundação e de extravasor; dimensionamento; › estabelecimento de metodologia de construção. 3. Drenagem: › investigação das propriedades do lençol freático; › análise das propriedades de alimentação e de escoamento de maneira natural do lençol (precipitação, bacia de contribuição e nível d’água nos cursos d’água). 4. Irrigação: › problema de seleção do manancial; › investigação de evaporação e infiltração. 5. Regularização de cursos d’água e controle de inundações: › investigação das alterações de vazão; antevisão de máximas vazões; › análise das variações de nível, bem como, das áreas de inundação. 6. Controle de Poluição: › averiguação da capacidade de aceitação de corpos receptores dos efluentes de sistemas de esgotos (mínima vazão dos cursos d’água, reaeração e sua capacidade, escoamento e sua velocidade). 52 UNIDADE III │ INTRODUÇÃO À HIDROLOGIA 7. Controle da Erosão: › sua intensidade e com que frequência das precipitações máximas, definição do coeficiente de escoamento superficial; › investigação da atuação erosiva das águas e da proteção mediante vegetação e outros recursos. 8. Navegação: › Observação de informações e investigação sobre edificações e manutenção de canais navegáveis. 9. Aproveitamento Hidrelétrico: › Antevisão das máximas, mínimas e médias vazões, dos cursos d’água para a investigação econômica e o dimensionamento das instalações; › Investigação do uso de reservatório de acumulação; definição dos dados fundamentais para o projeto, bem como sua construção: bacias hidrográficas, volumes armazenáveis, perdas por evaporação e infiltração. 10. Sistemas hidráulicos complexos. 11. Recreação e preservação ambiental. 12. Conservação e desenvolvimento da vida aquática. Para projetos de obras civis a hidrologia é de indispensável relevância e para estudos ambientais, mediante o acompanhamento do ciclo hidrológico dos ecossistemas de análise. É relevante tanto para a Engenharia Agrícola (por causa das hidráulicas e irrigação), como para a Florestal, uma vez que investigações sobre a função hidrológica dos campos de conservação ambiental (vegetação ciliares e várzeas), e terrenos de exploração da vegetação, preenchidos por eucaliptos e pinus, de empresas produtoras de papel e celulose, devem ser impulsionados, uma vez que, a disponibilidade hídrica é um dos fatores ambientais que indicam degradação de campos e indispensável para recuperação de sistemas ecológicos que sofreram degradação. Ciclo hidrológico Definindo ciclo hidrológico temos, que é o fenômeno global de circulação fechada da água que ocorre entre a superfície da Terra e a atmosfera, estimulado basicamente pela energia solar combinada à gravidade e à rotação da Terra. 53 INTRODUÇÃO À HIDROLOGIA │ UNIDADE III O embasamento de ciclo hidrológico tem relação com a circulação e à troca de água nas suas distintas formas físicas, que ocorre na Hidrosfera, desde os oceanos, até as águas subterrâneas e a atmosfera. Este movimento considerado permanente é devido ao Sol, que fornece a energia para subir o nível da água da superfície da Terra para a atmosfera (evapore), e a gravidade, que faz com que a água condensada caia (precipite) e que, quanto está na superfície, se movimente mediantes linhas de água que se juntam em rios até a chegada aos oceanos (escoamento superficial) ou ocorra a infiltração nos solos e nas rochas, mediante seus poros, fissuras e fraturas (escoamento subterrâneo). Figura 18. Componentes do ciclo hidrológico. Formação de nuvens Precipitação Evaporação Escoamento superficial Infiltração Lençol d’água Oceano Linha de cumeada Linha de cumeada Água salgada
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