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Obrigação divisível e indivisível – ARTS. 257 A 263 • Conceito Obrigações divisíveis são aquelas cujo objeto pode ser dividido entre os sujeitos. São as que admitem o cumprimento fracionado ou parcial da prestação. (art. 257) “Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.” Exemplo: A e B devem a C 20 sacos de café. Cada um pagará dez. (Obrigação divisível) A e B DEVEM JUNTOS A UM SÓ CREDOR A QUANTIA DE 10 MIL REAIS. CADA DEVEDOR PAGARÁ 5 MIL REAIS. Nesse caso, cada credor só pode exigir a sua quota e cada devedor só responde pela parte respectiva (CC, art. 257). http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712567/artigo-257-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 • As indivisíveis são as obrigações que só podem ser cumpridas por inteiro (art. 258, CC). “Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.” A e B devem a C um caminhão, então é coisa indivisível. (Obrigação indivisível) • Vale lembrar o que o art. 88 do Código Civil estabelece: “Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes.” i) da natureza das coisas (material) – quando decorre da própria natureza a prestação. Exemplo: a entrega de um animal reprodutor; ii) de determinação legal (jurídica) – quando decorre de norma legal. Exemplo: a pequena propriedade agrícola (Módulo rural); as servidões prediais, nos termos dos art. 1.386, do CC; iii) por vontade das partes (convencional) – quando estipulado em contrato. Divisibilidade e indivisibilidade nas obrigações de dar, fazer e não fazer: • A obrigação de dar e fazer, dependendo da possibilidade de fracionamento do objeto de sua prestação, tanto pode ser divisível quanto indivisível. • A obrigação de não fazer, em regra, é indivisível, pois não tem como dividir uma abstenção. Mesmo que tal abstenção seja parcial, implicará em descumprimento obrigacional. Mas, se por exemplo, a prestação for de não caçar e não pescar, divisível será a obrigação, por possibilitar a decomposição em duas omissões independentes. • Efeitos da divisibilidade e da indivisibilidade: • Divisibilidade: • a) Um credor e um devedor: Mesmo o objeto sendo divisível, quando há apenas um credor e um devedor a obrigação é indivisível (art. 314 , CC). “Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.” • b) Pluralidade de devedores ou credores : Divide-se a obrigação por partes. “Concursu partes fiunt” (As partes se satisfazem pelo rateio) (art. 257, CC). Há presunção, no caso da obrigação divisível, de que está repartida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. • Indivisibilidade: a) Pluralidade de devedores (concurso passivo): Cada um é obrigado pela dívida toda e aquele que paga fica com o direito de cobrar dos demais (art. 259, CC). “Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.” Direito de regresso. • b) Pluralidade de credores (concurso ativo): Cada credor pode exigir a dívida por inteiro, mas o devedor se desobrigará do total, ou pagando a todos ou a um dos credores, que dará caução de ratificação (quitação de um com o reconhecimento dos direitos dos demais, registrada no Cartório de Notas). Art. 260, do Código Civil de 2002: “Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I – a todos conjuntamente; II – a um, dando este caução de ratificação dos outros Credores”. Ex. Se dois credores tem o direito de receber 1 carro, cada credor poderá exigir o carro por inteiro. Se somente 1 credor receber a obrigação indivisível, esse deverá entregar a parte equivalente para os demais credores. Conforme o que disciplina o artigo 261. “Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.” • Remissão da dívida por um dos credores: • Se um dos credores perdoar sua parte na dívida, continua valendo para os demais credores, descontando o valor daquele que perdoou. Ex. A, B e C são credores de J. C perdoa a sua parte. A e B ainda possuem o direito de receber, cada um, a sua cota parte. Se o bem não for divisível, os demais credores pagarão a diferença da cota daquele que perdoou. Se não tiver como, vende o bem e resolve a obrigação (art. 262, CC). “Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.” • Perecimento da obrigação por culpa do devedor Em caso de culpa do devedor, resolve -se a obrigação mais perdas e danos. Pagam-se as perdas e danos apenas o culpado, ou, caso todos sejam culpados, divide -se entre eles. Por isso, perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos, em caso de perecimento com culpa do devedor (art. 263, CC). OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS - ARTS. 264 A 285, DO CC/2002 • Conceito O conceito de obrigação solidária está explicitado no art. 264 do Código Civil e afirma que existe solidariedade quando na mesma relação jurídica obrigacional, concorre mais de um credor (solidariedademais de devedor (solidariedade passiva), ativa), ou sendo cada um, com direito, ou obrigado, à dívida toda. Desta forma, a obrigação é solidária quando há vários devedores e cada um responde pela dívida inteira, como se fosse o único devedor. Se a pluralidade for de credores, pela exegese do art. 264, CC, pode qualquer deles exigir a prestação integral, como se fosse o único credor. Atenção: • A solidariedade não se presume. Pode a obrigação solidária resultar da lei ou da vontade das partes (contrato) (art. 265, CC/2002). Exemplos de obrigações solidárias previstas em lei: • Solidariedade entre representante e representado (art. 149, CC/2002); • Cedente e cessionário (art. 1.146, CC/2002); • Fiadores (art. 829, CC/2002); • Gestores (art. 867, parágrafo único, CC/2002); • Autores da ofensa (art. 942, CC/2002); • Sócios (arts. 990, 993, 1.039, 1.045 seg., CC/2002); • Administradores de sociedade (arts. 1.009, 1.012, 1.016 seg., CC/2002); • Cônjuges (art. 1.6 44, CC/2002); • Testamenteiros (art. 1.986, CC/2002) etc. • Características das obrigações solidárias: a) Pluralidade de credores, de devedores ou de uns e de outros; b) Integralidade da prestação; c) Corresponsabilidade dos interessados. • Espécies de obrigações solidárias: a) Obrigação solidária ativa: se existe mais de um credor; b) Obrigação solidária passiva: quando há pluralidade de devedores. • Diferenças entre solidariedade e indivisibilidade: a) Na obrigação solidária, a indivisibilidade do objeto é condição de sua própria existência, seja ou não, naturalmente divisível esse objeto. b) Na obrigação indivisível (indivisibilidade) a coisa não pode ser dividida, ou porque apresenta natureza insusceptível de divisão, ou porque a vontade das partes a torna indivisível, ou porque a lei cria a indivisibilidade em face do objeto. c) Na obrigação indivisível, perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos (art. 263, CC). d) Na solidariedade, isto não ocorre, pois cada devedor continuará responsável pelo pagamento integral do equivalente em dinheiro do objeto perecido. Vale dizer, naobrigação solidária, convertendo -se a obrigação em perdas e danos, subsiste a solidariedade continuando indivisível o objeto (arts. 271 e 279, CC/2002) c) A solidariedade origina-se de uma relação jurídica subjetiva, com base na pessoas, nos sujeitos dessa mesma relação – credores e devedores. A indivisibilidade surge de uma relação objetiva, relacionando-se com a unidade do objeto, que integra a prestação. Solidariedade ativa Conceito: Solidariedade ativa é a relação jurídica por meio da qual concorrem dois ou mais credores, podendo qualquer deles receber integralmente a prestação devida (art. 267, CC/2002). Preleciona Fábio Ulhoa Coelho, que nesta espécie de solidariedade “o polo credor da relação obrigacional é ocupado por vários sujeitos, sendo que cada um deles tem o direito de exigir do devedor o cumprimento da obrigação por inteiro”. • Efeitos: a) O devedor libera -se pagando a qualquer dos credores, que, por sua vez, pagará aos demais a quota de cada um. b) Enquanto algum dos credores solidários não demandar o devedor comum, a qualquer deles poderá este pagar (art. 268, CC). Cessa esse direito, porém, se um deles já ingressou em juízo com ação de cobrança, pois só a ele o pagamento pode ser efetuado. c) O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago (art. 269, CC). d) Convertendo-se a prestação em perdas e da nos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade (art. 271, CC). e) O credor que tiver remitido a dívida, ou recebido o pagamento, responderá aos outros pela parte que lhe s caiba (art. 272, CC), podendo ser convencido em ação regressiva por estes movida. • Solidariedade passiva Conceito: A solidariedade passiva ocorre quando há dois ou mais devedores, na mesma relação jurídica, cada um com dever de prestar a dívida toda, ou seja, todo o objeto da prestação. Os devedores são solidários. Dois ou mais devedores são obrigados pela inteira prestação, isto é, por toda a dívida, ainda que seja ela divisível. O art. 275, do Código Civil, estabelece que, na solidariedade passiva, o credor tem o direito de exigir e receber de um, de alguns ou de todos o s devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum. A solidariedade passiva não se presume, ela te m que estar expressa, ou pela vontade das partes ou pela lei (art. 275, CC). • Efeitos: a) Alteração posterior de contrato – Qualquer alteração posterior do contrato, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, que venha a agravar a situação dos demais, só terá validade se for efetivada com a concordância destes (art. 278, CC). b) Impossibilidade da prestação – no caso de a p restação se tornar impossível por culpa de um dos devedores solidá rios, o credor terá direito a o equivalente mais perdas e danos, como em qualquer obrigação. Pelo equivalente, responderão todos os devedores solidários, mas pelas perdas e danos, apenas o devedor culpado pela perda da prestação (art. 279, CC). Se for sem culpa resolve-se a obrigação. Exemplo: Sebastião e Maria Helena venderam a Geraldo o último frasco de sêmen disponível de um famoso touro reprodutor já falecido e obrigaram-se solidariamente pela entrega. O preço foi totalmente pago de forma antecipada. Porém, a coisa se perdeu antes da execução da obrigação por culpa exclusiva de Sebastião. Neste caso, Geraldo poderá cobrar o valor da prestação perdida (valor pago pelo sêmen) de qualquer um dos devedores solidários, mas só poderá cobrar a indenização de Sebastião. Ainda, vale lembrar, que se Sebastião pagar a Geraldo, poderá, em regresso, cobrar a metade do valor da prestação de Maria Helena, mas nada do que tiver pago a título de perdas e danos. E se houver atraso na entrega? Se a prestação não restou impossível, mas houve mora na entrega ao credor, todos são responsáveis pela prestação, mas somente o responsável pelo atraso responde pelos juros de mora (art. 280, CC). • c) Falecimento de um dos devedores solidários – o espólio é responsável pela parte do devedor falecido, sendo que a obrigação passa a ser divisível pelos herdeiros (credores do espólio) (art. 276, CC). • d) Defesas do devedor solidário –em caso de demanda (ação judicial), o devedor só pode utilizar para se defender matéria relativa a ele ou a todos, não podendo utilizar-se de defesa de outro (art. 281, CC). e) Extinção da solidariedade pela renúncia – É permitido ao credor, sem abrir mão de seu crédito, “renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores” (art. 282, CC). f) Quota do insolvente – O devedor que satisfaz a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo -se igualmente por todos a do insolvente, se houver, presumindo -se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores (art. 283, CC). Vide art. 284, CC Em outros termos, o devedor que cumpre (voluntária ou forçadamente) a obrigação tem direito de cobrar, em regresso, dos demais devedores solidários. Exemplo: Se A, B e C são de vedores solidários de R$ 300,00 a D, aquele que pagar o credor pode regressivamente cobrar R$ 100,00 de cada um dos outros (codevedores). Desta forma, perante o credor os devedores respondem sempre pela totalidade da dívida, em razão da solidariedade, mas, entre eles, dá -se o rateio (relação interna da solidariedade). TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES Haverá transmissão da obrigação quando houver uma substituição subjetiva em seus polos, ou seja, uma troca de devedor ou de credor. São modalidades de transmissão das obrigações: • Cessão de crédito (artigo 286 ao 298): Há uma substituição no polo ativo. • Assunção de dívida (artigo 299 ao 303): Na assunção de dívida há uma substituição no polo passivo. CESSÃO DE CRÉDITO 286 A 298 C.C Conceito: “Cessão de crédito é negócio jurídico bilateral, pelo qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional” (Carlos Roberto Gonçalves). Leitura do artigo 286 c.c Quando é possível ceder crédito? TIPOS DE CRÉDITOS QUE PODEM SER TRANSFERIDOS REGRA: Todos EXCEÇÃO: • créditos alimentícios (ex: pensão, salário), afinal, tais créditos são inalienáveis e personalíssimos, estando ligados à sobrevivência das pessoas. • Também os créditos penhorados (298 – vocês vão estudar penhora em processo civil) e o crédito do órfão pelo tutor (1749, III). • Tipos de cessão de crédito: Onerosa: Ex. A deve para B a quantia de 100 reais para pagar daqui 6 meses. C se oferece para adquirir esse crédito contra A por 80 reais, pagando a vista. Prática comum em descontos de cheques pré-datados. • Gratuita – Doação • Convencional – as partes estipulam em contrato • Legal - procede de uma determinação normativa como por exemplo cessão de credito resultante da fiança. Fiador que pagou integralmente a dívida, ficando sub-rogado nos direitos do credor (CC, art. 831). • Judicial - procede de uma decisão do juiz. A cessão do crédito independe da concordância do devedor. Entretanto, a lei exige a notificação da cessão, para que ele não pague à pessoa errada. E se não houver notificação do devedor? Caso o devedor não seja notificado e pague de boa-fé ao antigo credor, ele estará desobrigado, só restando ao verdadeiro credor cobrar do cedente, que indevidamente recebeu o pagamento. A cessão não tem efeito contra o devedor. Em regra, o cedente não responde pela solvência do devedor, ou seja, caso o cessionário não consiga receber o crédito em razão da insolvência do devedor, não poderá cobrar a dívida do cedente. • No entanto, responderá se vier expresso no contrato. EXEMPLO: A cede o crédito que possui com B a C. A realiza o contrato de cessão de crédito com C e apenas notifica B que, quando do vencimento da dívida, deverá pagar a C. Assim: Quando o cedente não responde pela solvência do devedor, a cessão é chamada de cessão de crédito pro soluto; Quando o cedente responde pela solvência do devedor, é chamada de cessão de crédito pro solvendo. Embora o cedente, em regra, nãoresponda pela solvência do devedor, ele responde pela existência do crédito, ou seja, se ceder um crédito que não existe, aí sim poderá ser cobrado pelo cessionário. O cedente responderá pela existência do crédito tendo o cedido gratuita ou onerosamente. Se ceder de forma onerosa, responderá tendo agido de má- fé ou até mesmo de boa-fé, pois recebeu pela cessão, devolvendo o valor auferido. No entanto, na cessão gratuita, como nada recebeu em troca, só responderá se tiver procedido de má-fé, ou seja, se sabia da inexistência do credito que cedeu. Na cessão de crédito vigora o princípio da oponibilidade das exceções pessoais contra terceiros. O que significa isso? Significa que, quando o cessionário cobrar a dívida do devedor, este poderá se defender alegando as defesas pessoais que cabiam contra o cedente (art. 294 do CC). Exemplo: o devedor comprou um carro usado do credor, mas não vai pagar porque apresentou vício redibitório. Só que o credor cedeu o crédito a um terceiro, que é quem cobra a dívida. O devedor poderá se defender contra o cessionário alegando o vício redibitório, mesmo sendo uma defesa pessoal contra o cedente. • Ex. A (credor), mediante coação, fez nascer um crédito contra B (devedor). A transfere esse crédito para C. B pode alegar a coação do negócio contra o cessionário C? • Sim, pois o devedor pode alegar TODAS AS DEFESAS que ele tinha em relação ao cedente, contra o terceiro (cessionário). FIXAÇÃO CESSÃO 1- A respeito da cessão de crédito no direito civil brasileiro, assinale a alternativa correta. A- O direito brasileiro não tolera a cessão de crédito para terceiros. B- Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito não são abrangidos os respectivos acessórios. C- De regra, o cedente responde perante o cessionário pela solvência do devedor. D- O devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo fica desobrigado. 2- Caso não ocorra a notificação do devedor em uma cessão de crédito, pode-se afirmar que: A- O devedor não deverá realizar o pagamento até ser notificado; B- O devedor que pagar para o credor primitivo ainda ficará vinculado ao credor atual; C- Conforme o artigo 292 a dívida do devedor que não foi notificado da cessão de crédito deverá ser extinta; D- O devedor que não foi notificado da cessão e pagar para o credor primitivo, estará desobrigado da dívida. 3- Responda com VERDADEIRO ou FALSO para a seguinte expressão: A cessão do crédito independe da concordância do devedor. ( ) verdadeiro ( ) falso ASSUNÇÃO DE DÍVIDA ART 299 – 303 C.C A assunção de dívida se caracteriza pela substituição no polo passivo da obrigação, havendo uma troca de devedores. A assunção de dívida, na concepção de Pablo Stolze: “cuida-se de uma transferência debitória, com mudanças subjetivas na relação obrigacional.” A lei permite que terceiro assuma a dívida do devedor, mas exige a concordância expressa do credor. É preciso consulta-se o devedor antigo? Não. O objetivo é satisfazer o interesse do credor. Cumprindo-se a obrigação, está tudo em ordem. Não há necessidade de consultar o devedor antigo ou de formar acordo — basta a manifestação de vontade do novo devedor. E se o credor ficar em silêncio quanto ao pedido de assunção de dívida? “Pode-se estipular, judicialmente ou extra judicialmente, prazo ao credor para que anua na cessão do débito, interpretando seu silêncio, durante tal lapso temporal (na praxe – 15 a 30 dias), como recusa na substituição do antigo devedor pelo terceiro.” (Maria Helena Diniz) A assunção de dívida pode ser: • por delegação (com consentimento do devedor) • por expromissão (sem consentimento do devedor). O terceiro que assume a obrigação é chamado de assuntor. Quando o terceiro assume a obrigação, o devedor primitivo está exonerado, pois deixou de ser o devedor. Todavia, há um caso em que o devedor primitivo não estará exonerado, podendo ser cobrado pelo credor: Se a cessão foi feita a quem é insolvente e o credor a aceitou por não saber do fato. FIXAÇÃO ASSUNÇÃO DE DÍVIDA 1- Analise as afirmativas a seguir, relativas à transmissão das obrigações. I. A assunção de dívida por expromissão é concretizada quando terceiro assume espontaneamente a dívida, não participando o devedor originário da operação. II. II. Como regra geral, não havendo manifestação expressa, a cessão de crédito dá-se na modalidade pro soluto, isto é, o cedente não responde pela solvência pelo devedor. • III. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, sem o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo. 2- A transmissão das obrigações pode se dar de duas maneiras: por meio de cessão de crédito ou por meio de assunção de dívida. Sobre os institutos, é correto afirmar que A- a assunção de dívida é a transferência ativa da obrigação que o credor faz a outrem de deus direitos. B- a assunção de dívida necessita de consentimento expresso do credor, sendo o seu silêncio interpretado como recusa. C- em regra, a cessão de crédito corresponde apenas à obrigação principal. D- na cessão de crédito, salvo estipulação em contrário, o cedente responde pela solvência do devedor. E- o novo devedor, na assunção de dívida, pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo. OUTRAS MODALIDADES DE PAGAMENTO AULA 10 18.05.2020 PREVISÃO DE INÍCIO: 19:10 DA CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO Art 334 c.c. • Conceito: É um modo indireto extintivo de uma obrigação, onde o devedor, voluntariamente, realiza um depósito, satisfazendo o interesse do credor. Sempre será pela forma de depósito. • “Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais”. • Natureza Material, ou seja, tratado pelo direito civil, e ainda processual, ou seja, para que alguém deixe em depósito um pagamento (dinheiro, bem móvel ou imóvel), é preciso uma AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO DE PAGAMENTO. É um ato do devedor! • Objeto É somente uma modalidade da obrigação de dar. • Anuência do credor Do mesmo modo que o devedor tem o direito de se ver livre da obrigação, pagando os seus débitos, o credor tem o direito de não anuir, caso o devedor queira pagar valor que está em desacordo com o entendimento entre as partes. Daí nasce o pagamento em consignação para o devedor não incorrer em mora. • Hipóteses de pagamento em consignação Previstas no artigo 335 do código civil: “Art. 335. A consignação tem lugar: I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento • Levantamento em depósito Enquanto o credor não for citado para se manifestar em relação ao depósito ou não impugná-lo, o devedor pode se retratar sobre o valor que ele consignou. “Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para todas as consequências de direito”. • O depósito poderá ser: Extrajudicial – valor em espécie depositado no banco oficial que fica instalado no prédio do fórum. Art. 530, § 1º do NCPC – 10 dias para a recusa. Transcorrido o prazo sem maniestação, o devedor fica liberado da dívida Havendo recusa do depósito pelo credor, o devedor poderá mover, dentro de 1 mês, ação de consignação. Judicial – por meio de ação de consignação em pagamento. Art. 334 C.C • Despesas quanto ao depósito Art. 343. As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à conta do credor, e, no caso contrário, à contado devedor. • Aceite do depósito Aceitando o credor o depósito consignado, ocorrerá então o pagamento, exonerando o devedor da obrigação. Ex. Ex. João alugou sua casa para Antônio. Na data do recebimento do aluguel João recusou o recebimento por discordar do valor pago. Antônio, para não incorrer em mora e não sofrer ação de despejo por acumulação de prestações, poderá pagar em consignação. FIXAÇÃO CONSIGNAÇÃO 1- Nas consignações em pagamento, o ato de depósito efetuado pelo devedor faz cessar: A. Os riscos, mas os juros da dívida continuam a correr até a declaração de aceitação do credor. B. Os riscos e os juros da dívida, podendo o devedor requerer o levantamento do depósito mesmo após a aceitação do credor. C. Os juros da dívida e impede o levantamento do valor depositado pelo devedor até que seja aceito ou impugnado pelo credor. D. Os riscos e os juros da dívida; uma vez declarada a aceitação pelo credor, o depósito não mais pode ser levantado pelo devedor. IMPUTAÇÃO AO PAGAMENTO ARTS. 352 • Conceito Ocorre quando há mais de uma dívida, de igual natureza, entre os mesmos credores e devedores. Esse direito de imputar (especificar o pagamento) é do devedor. Ex. Joana deve ao Banco X. Ela de 2 mil reais de cheque especial; deve 2 mil reais de financiamento e deve também 2 mil reais de crédito consignado, totalizando 6 mil reais que serão cobrados todos no dia 15 de novembro. Joana percebe que só terá 2 mil reais para saldar suas dívidas. Pergunta-se: Qual das contas Joana irá pagar? Joana terá a faculdade de escolher qual conta irá pagar. Joana irá imputar o pagamento à dívida que mais lhe for vantajosa quitar. Nesse caso, será necessário que o devedor, ao oferecer a prestação em pagamento, identifique qual dívida está sendo paga naquele momento. Entretanto, se o devedor não exercer o seu direito de imputar, passará a ser do credor, que o exercerá por meio de declaração na quitação. E se o credor não escolher? Art. 335 “Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa”. FIXAÇÃO IMPUTAÇÃO AO PAGAMENTO 1- Entende-se por imputação do pagamento: A. o direito do terceiro que efetua pagamento em benefício do devedor. B. a liquidação de dívida realizada por meio de consignação extrajudicial. C. a substituição de dívida antiga por nova dívida. D. o pagamento realizado por um dos devedores solidários em benefício dos demais. E. a indicação, pelo devedor, acerca de qual débito está pagando. DAÇÃO EM PAGAMENTO ART. 356 • Conceito É quando o credor e o devedor acordam que a prestação do pagamento será aquela diferente do que foi pactuada quando da criação do negócio jurídico entre as partes A dação em pagamento é uma exceção ao que está disposto no artigo 313 do código civil, vejamos: “Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa”. • Efeito A dação em pagamento tem efeito liberatório em relação ao devedor, ou seja, extingue a obrigação igualmente na forma do pagamento direto. Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida • O que pode ser dado em pagamento? Qualquer bem ou serviço que seja equivalente ao valor da obrigação. Ex. João deve a quantia de 3 mil reais a Pedro para pagar no dia 10 de setembro de 2019. Na data combinada, João oferece sua moto como forma de pagamento. • Elementos para a constituição da dação em pagamento • Que exista uma dívida • O credor tem que dar a anuência ( de todas as formas) • Diversidade de prestação (objetos diferentes) • Defeito da coisa dada Havendo defeito da coisa dada em pagamento, a quitação ficará sem efeito nenhum. “Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros”. 1- Ocorre a dação em pagamento quando: A. o credor, com o consentimento do devedor, voluntariamente abre mão de seus direitos de crédito, extinguindo a relação obrigacional. B. o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior. C. novo devedor sucede o antigo, ficando este quite com o credor. D. outro credor, em virtude de obrigação nova, é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este. E. o credor consente em receber prestação diversa da que lhe é devida. ART. 356 DA NOVAÇÃO ART. 360 DO CÓDIGO CIVIL • Conceito • Criação de uma nova obrigação para extinguir uma outra obrigação anterior. • Efeitos • Cria uma nova obrigação • Extingue obrigação já existente • Natureza: Contratual. Depende da manifestação das partes – animus novandi. O credor adquiri um outro direito de crédito, mas não há a satisfação da obrigação, ou seja, o pagamento! • Espécies de novação • Objetiva: Há novação no objeto da obrigação. Ex. A realiza um negócio jurídico com B e firmam contrato no valor de 5 mil reais e a forma de pagamento nesse contrato primitivo é em espécie (dinheiro) para 90 dias. A não consegue vender sua motocicleta que é avaliada também em 5 mil reais e pede para B para realizarem um novo contrato com forma de pagamento diferente, por meio da motocicleta. B aceita e cria-se, então, uma nova obrigação (em relação ao objeto). • Subjetiva: Mudança das partes, podendo ser ativa ou passiva (cessão de crédito ou assunção de dívida). Realiza-se um novo contrato com partes diferentes Mista Quando ocorre novação tanto em relação ao objeto quanto em relação às partes. RESPONSABILIDADE CIVIL “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” • Conceito O dever que o causador de um malefício tem de reparar os danos provocados numa situação em que determinada pessoa sofreu prejuízos como consequência do ato praticado por terceiro, restaurando o equilíbrio presente antes, ou seja, reestabelecendo o status quo ante. • Função da Responsabilidade Civil É não deixar a vítima de atos ilícitos sem ressarcimento, isso quer dizer, sem reparação, de forma a restaurar seu equilíbrio moral ou patrimonial. • Distinção entre obrigação e responsabilidade A obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação. A obrigação nasce de diversas fontes e deve ser cumprida livre e espontaneamente. Já a responsabilidade é, pois, a consequência jurídica patrimonial do descumprimento da relação obrigacional. Obrigação “é sempre um dever jurídico originário; responsabilidade é um dever jurídico sucessivo, consequente à violação do primeiro Ex. Se alguém se compromete a prestar serviços profissionais a outrem, assume uma obrigação, um dever jurídico originário. Se não cumprir a obrigação (deixar de prestar os serviços), violará o dever jurídico originário, surgindo daí a responsabilidade, o dever de compor o prejuízo causado pelo não cumprimento da obrigação. • Culpa e responsabilidade O art. 186 do Código Civil pressupõe sempre a existência de culpa lato sensu, que abrange o dolo (pleno conhecimento do mal e perfeita intenção de praticá-lo), e a culpa stricto sensu ou aquiliana (violação de um dever que o agente podia conhecer e observar, segundo os padrões de comportamento médio). culpa Lato sensu - DOLO Stricto sensu - IMPRUDÊNCIA - IMPERÍCIA - NEGLIGÊNCIA Atenção! A culpa não se presume e deve ser apurada no exame de cada caso concreto. • Imputabilidade e responsabilidade Pressupõe o art. 186 do Código Civil o elemento imputabilidade, ou seja, a existência, no agente, da livre- determinação de vontade. Para que alguém pratique um ato ilícito e seja obrigado a reparar o dano causado,é necessário que tenha capacidade de discernimento • Espécies de responsabilidades Civil: Na responsabilidade civil, o interesse diretamente lesado é o privado. O prejudicado poderá pleitear ou não a reparação. Ex. Quando ocorre uma colisão de veículos, por exemplo, o fato pode acarretar a responsabilidade civil do culpado, que será obrigado a pagar as despesas com o conserto do outro veículo e todos os danos causados. Penal: No caso da responsabilidade penal, o agente infringe uma norma de direito público. O interesse lesado é o da sociedade! Ex. No exemplo da colisão do carro, se o agente causou ferimentos em alguém e se configurou o crime do art. 129, § 6º, ou o do art. 121, § 3º, do Código Penal • Responsabilidade contratual e extracontratual Contratual: Uma pessoa pode causar prejuízo a outrem por descumprir uma obrigação contratual. Exemplo: quem toma um ônibus tacitamente celebra um contrato, chamado contrato de adesão, com a empresa de transporte. A empresa, implicitamente, assume a obrigação de conduzir o passageiro ao seu destino, são e salvo. Se, no trajeto, ocorre um acidente e o passageiro fica ferido, dá-se o inadimplemento contratual, que acarreta a responsabilidade de indenizar as perdas e danos, nos termos do art. 389 do Código Civil. “Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.” Extracontratual: Quando a responsabilidade não deriva de contrato, diz-se que ela é extracontratual. Nesse caso, aplica-se o disposto no art. 186 do Código Civil. Sendo: Todo aquele que causa dano a outrem, por culpa em sentido estrito ou dolo, fica obrigado a repará-lo. É a responsabilidade derivada de ilícito extracontratual, também chamada aquiliana. • Responsabilidade Subjetiva e Objetiva Subjetiva: é o tipo de responsabilidade quando se esteia na ideia de culpa. A prova da culpa do agente passa a ser pressuposto necessário do dano indenizável. Nessa concepção, a responsabilidade do causador do dano somente se configura se agiu com dolo ou culpa. Objetiva: A lei impõe, entretanto, a certas pessoas, em determinadas situações, a reparação de um dano cometido, independentemente de culpa. Uma das teorias que procuram justificar a responsabilidade objetiva é a teoria do risco. Para essa teoria, toda pessoa que exerce alguma atividade cria um risco de dano para terceiros; e deve ser obrigada a repará-lo, ainda que sua conduta seja isenta de culpa. Ex. “Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.” • Pressupostos da responsabilidade civil A análise do artigo 186 do código civil evidencia que quatro são os elementos essenciais da responsabilidade civil: • ação ou omissão; • culpa ou dolo do agente; • relação de causalidade; • o dano experimentado pela vítima. • Ação ou omissão Inicialmente, refere-se a lei a qualquer pessoa que, por ação ou omissão, venha a causar dano a outrem. A responsabilidade pode derivar: a) de ato próprio; b) de ato de terceiro que esteja sob a guarda do agente; c) de danos causados por coisas e animais que lhe pertençam. • Ato próprio: O Código prevê a responsabilidade por ato próprio, nos casos de calúnia, difamação e injúria; de demanda de pagamento de dívida não vencida ou já paga; de abuso de direito. • Ato de terceiro: ocorre nos casos de danos causados pelos filhos, tutelados e curatelados, ficando responsáveis pela reparação os pais, tutores e curadores. • Danos causados por animais e coisas: A responsabilidade por danos causados por animais e coisas que estejam sob a guarda do agente é, em regra, objetiva: independe de prova de culpa. Isso se deve ao aumento do número de acidentes e de vítimas, que não devem ficar irressarcidas, decorrente do grande desenvolvimento da indústria de máquinas. • Culpa ou dolo do agente: O dolo consiste na vontade de cometer uma violação de direito, e a culpa, na falta de diligência. olo, portanto, é a violação deliberada, consciente, intencional do dever jurídico. Ao compulsar o artigo 186 do código civil, pode-se extrair os seguintes elementos ou pressupostos gerais da responsabilidade civil: a) conduta humana (positiva ou negativa); b) b) dano ou prejuízo; c) c) o nexo de causalidade. A conduta humana: primeiro elemento da responsabilidade civil A ação (ou omissão) humana voluntária é pressuposto necessário para a configuração da responsabilidade civil. Trata-se, em outras palavras, da conduta humana, positiva ou negativa (omissão), guiada pela vontade do agente, que desemboca no dano ou prejuízo. O núcleo fundamental, portanto, da noção de conduta humana é a voluntariedade, que resulta exatamente da liberdade de escolha do agente imputável, com discernimento necessário para ter consciência daquilo que faz. Ex. Um sujeito que, apreciando um raríssimo pergaminho do século III, sofre uma micro-hemorragia nasal e, involuntariamente, espirra, danificando seriamente o manuscrito. Vê-se, portanto, que sem o condão da voluntariedade não há que se falar em ação humana, e, muito menos, em responsabilidade civil. • Classificação da conduta humana A depender da forma pela qual a ação humana voluntária se manifesta, poderemos classificá-la em: a) positiva; b) b) negativa. Dano ou prejuízo Indispensável a existência de dano ou prejuízo para a configuração da responsabilidade civil. Mesmo em se tratando de responsabilidade contratual, o comportamento da parte inadimplente que deixa de cumprir a obrigação convencionada carrega em si a presunção de dano Poderíamos afirmar que, seja qual for a espécie de responsabilidade sob exame (contratual ou extracontratual, objetiva ou subjetiva), o dano é requisito indispensável para a sua configuração, qual seja, sua pedra de toque. • Requisitos do dano indenizável Para que o dano seja efetivamente reparável (indenizável — hipótese mais frequente e, por isso, usada normalmente como gênero — ou compensável), é necessária a conjugação dos seguintes requisitos mínimos: a) a violação de um interesse jurídico patrimonial ou extrapatrimonial de uma pessoa física ou jurídica; b) certeza do dano a) nexo de causalidade Espécies de dano: • Patrimonial • Moral • estético • Dano patrimonial O dano patrimonial traduz lesão aos bens e direitos economicamente apreciáveis do seu titular. Ainda, porém, no que tange especificamente ao dano patrimonial ou material, convém o analisarmos sob dois aspectos: a) o dano emergente b) os lucros cessantes Exemplo: Um indivíduo, guiando imprudentemente o seu veículo, abalroa um táxi que estava corretamente estacionado. Em tal hipótese, o causador do dano, por sua atuação ilícita, será obrigado ao indenizar a vítima, pagando-lhe as perdas e danos, que compreenderão, conforme já vimos, o dano emergente (correspondente ao efetivo prejuízo material do veículo — carroceria danificada, espelhos laterais quebrados, danos à pintura etc.), e os lucros cessantes (referentes aos valores a que faria jus o taxista durante todo o tempo em que o seu veículo ficou parado, em conserto na oficina)” Sendo assim, claro está que o dano emergente e os lucros cessantes devem ser devidamente comprovados na ação indenizatória ajuizada contra o agente causador do dano. Nesse sentido, firmou entendimento a 1.ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, em sede de Recurso Especial, julgado em 23-5-1994, RSTJ, 63/251, em acórdão da lavra do ilustre Min. Demócrito Reinaldo: “Para viabilizar a procedência da ação de ressarcimento de prejuízos, a prova da existência do dano efetivamente configurado é pressuposto essencial e indispensável. Ainda mesmo que se comprove a violação de um dever jurídico, e que tenha existido culpa ou dolo por parte do infrator, nenhuma indenização será devida, desde que, dela, não tenha decorrido prejuízo. A satisfação pela via judicial,de prejuízo inexistente, implicaria, em relação à parte adversa, em enriquecimento sem causa. O pressuposto da reparação civil está, não só na configuração da conduta ‘contra jus’, mas, também, na prova efetiva do ônus, já que se não repõe dano hipotético”. Ainda sobre os lucros cessantes, a recente jurisprudência do STJ continua sendo rígida quanto à necessidade de o julgador utilizar o bom senso para aferir a sua configuração, consoante se pode perceber da leitura deste trecho de acórdão da lavra do culto Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, no REsp 320417/RJ, DJ de 20-5-2002: “A expressão ‘o que razoavelmente deixou de lucrar’, constante do art. 1.059 do Código Civil, deve ser interpretada no sentido de que, até prova em contrário, se admite que o credor haveria de lucrar aquilo que o bom senso diz que obteria, existindo a presunção de que os fatos se desenrolariam dentro do seu curso normal, tendo em vista os antecedentes”. • Dano moral O dano moral consiste na lesão de direitos cujo conteúdo não é pecuniário, nem comercialmente redutível a dinheiro. O dano moral se subdivide em: • Direto • Indireto • Reparação do dano moral A reparação, no caso de dano moral, reside no pagamento de uma soma pecuniária, arbitrada judicialmente, com o objetivo de possibilitar ao lesado uma satisfação compensatória pelo dano sofrido, atenuando, em parte, as consequências da lesão. É o que disciplina o artigo 944 do código civil: “A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização” (grifos nossos). • Dano estético O dano estético agride a pessoa em sua autoestima e também pode ter reflexos em sua saúde e integridade física. Porém é importante ressaltar que, para essa modalidade de responsabilização, as lesões verificadas na aparência da vítima devem ser permanentes. • Da cumulação de reparações (patrimonial, moral e estético) Um único fato pode gerar diversas consequências lesivas, tanto no patrimônio materializado do indivíduo quanto na sua esfera extrapatrimonial de interesses. A autonomia de tal modalidade de dano foi consagrada jurisprudencialmente pela Súmula 387 do STJ, que explicitou: “É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral” NEXO DE CAUSALIDADE Trata-se, pois, do elo etiológico, do liame, que une a conduta do agente (positiva ou negativa) ao dano. Por óbvio, somente se poderá responsabilizar alguém cujo comportamento houvesse dado causa ao prejuízo. • Teorias explicativas do nexo de causalidade Fundamentalmente, são três as principais teorias que tentam explicar o nexo de causalidade: • a) teoria da equivalência de condições - “conditio sine qua non”; • b) a teoria da causalidade adequada; • c) a teoria da causalidade direta ou imediata (interrupção do nexo causal). • teoria da equivalência de condições - “conditio sine qua non” Elaborada pelo jurista alemão VON BURI na segunda metade do século XIX, esta teoria não diferencia os antecedentes do resultado danoso, de forma que tudo aquilo que concorra para o evento será considerado causa. Ex. Imagine um sujeito que arremessa, bêbado, uma garrafa contra um transeunte, causando-lhe a morte. Se nós abstrairmos a conduta antecedente (arremesso da garrafa), a morte desaparecerá. Arremesso da garrafa = Causa Morte = Resultado Em virtude, talvez, de todos esses inconvenientes e imprecisões, os cultores do Direito Civil não abraçaram esta teoria. TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA Esta teoria foi desenvolvida a partir das ideias do filósofo alemão VON KRIES. Para os adeptos desta teoria, não se poderia considerar causa “toda e qualquer condição que haja contribuído para a efetivação do resultado. Logo, nem todas as condições serão causa, mas apenas aquela que for mais apropriada para produzir o evento. TEORIA DA CAUSALIDADE DIRETA OU IMEDIATA Esta última vertente doutrinária, também denominada teoria da interrupção do nexo causal ou teoria da causalidade necessária, menos radical do que as anteriores, foi desenvolvida, no Brasil, pelo ilustrado Professor AGOSTINHO ALVIM, em sua clássica obra Da Inexecução das Obrigações e suas Consequências. Causa, para esta teoria, seria apenas o antecedente fático que, ligado por um vínculo de necessariedade ao resultado danoso, determinasse este último como uma consequência sua, direta e imediata. Ex. Caio é ferido por Tício (lesão corporal), em uma discussão após a final do campeonato de futebol. Caio, então, é socorrido por seu amigo Pedro, que dirige, velozmente, para o hospital da cidade. No trajeto, o veículo capota e Caio falece. Pela morte da vítima, apenas poderá responder Pedro, se não for reconhecida alguma excludente em seu favor. Tício, por sua vez, não responderia pelo evento fatídico, uma vez que o seu comportamento determinou, como efeito direto e imediato, apenas a lesão corporal. TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO Para Pablo Stolze, em conformidade com a análise do artigo 403 do código civil, a teoria adotada pelo legislador brasileiro, foi a da causalidade direta ou imediata, na vertente da causalidade necessária. “Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual”. CARLOS ROBERTO GONÇALVES, seguindo a mesma linha de pensamento, é contundente ao afirmar que: “Das várias teorias sobre o nexo causal, o nosso Código adotou, indiscutivelmente, a do dano direto e imediato, como está expresso no art. 403; e das várias escolas que explicam o dano direto e imediato, a mais autorizada é a que se reporta à consequência necessária. DAS CAUSAS CONCORRENTES Quando a atuação da vítima também favorece a ocorrência do dano, somando- se ao comportamento causal do agente, fala-se em “concorrência de causas ou de culpas”, caso em que a indenização deverá ser reduzida, na proporção da contribuição da vítima. O vigente Código Civil brasileiro adotou, expressamente, a culpa concorrente como um critério de quantificação da proporcionalidade da indenização, conforme se verifica do seu art. 945, in verbis: “Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano”. Causas Excludentes de Responsabilidade Civil e Cláusula de não Indenizar Trata-se de matéria com importantes efeitos práticos, uma vez que, com frequência, é arguida como matéria de defesa pelo réu (agente causador do dano) no bojo da ação indenizatória proposta pela vítima. Cuidaremos, pois, das seguintes excludentes: • Estado de necessidade; • legítima defesa; • exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal; • caso fortuito e força maior; • culpa exclusiva da vítima; • fato de terceiro. • Estado de necessidade O estado de necessidade tem assento legal no art. 188 do CC/2002, no seu inc. II, conforme se vê abaixo: “Art. 188. Não constituem atos ilícitos: - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; - - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo”. Ex. É o caso do sujeito que desvia o seu carro de uma criança, para não atropelá- la, e atinge o muro da casa, causando danos materiais. Atuou, nesse caso, em estado de necessidade. • Legítima defesa Também excludente de responsabilidade civil, a legítima defesa tem fundamento no mesmo art. 188 do Código Civil, inciso I, primeira parte: “Art. 188. Não constituem atos ilícitos: — os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direitoreconhecido; — a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo”. A legítima defesa real (art. 188, I, primeira parte, do CC/2002) pressupõe a reação proporcional a uma injusta agressão, atual ou iminente, utilizando-se moderadamente dos meios de defesa postos à disposição do ofendido. Na legítima defesa putativa o agente que, em face de uma suposta ou imaginária agressão, repele-a, utilizando moderadamente dos meios- necessários para a defesa do seu direito ameaçado. Ex. Caio encontra o seu desafeto Tício. Este, então, leva a mão ao bolso para tirar um lenço. Caio, incontinenti, imaginando que o seu inimigo vai sacar uma arma, atira primeiro. Poderá, pois, em tese, alegar a legítima defesa putativa. • Exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal Não poderá haver responsabilidade civil se o agente atuar no exercício regular de um direito reconhecido (art. 188, I, segunda parte). Ex. Alguém recebe autorização do Poder Público para o desmatamento controlado de determinada área rural para o plantio de cereais. Atua-se, no caso, no exercício regular de um direito. • Caso fortuito e força maior Dentre as causas excludentes de responsabilidade civil, poucas podem ser elencadas como tão polêmicas quanto a alegação de caso fortuito ou força maior. • Culpa exclusiva da vítima A exclusiva atuação culposa da vítima tem também o condão de quebrar o nexo de causalidade, eximindo o agente da responsabilidade civil. Ex. Imagine a hipótese do sujeito que, guiando o seu veículo segundo as regras de trânsito, depara-se com alguém que, visando suicidar-se, arremessa-se sob as suas rodas. Nesse caso, o evento fatídico, obviamente, não poderá ser atribuído ao motorista (agente), mas sim, e tão somente, ao suicida (vítima).
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