Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Manuella Soussa Braga 2018/2 - 4º período PREVENÇÃO E CONTROLE DA DOR A dor é uma experiência sensorial, emocional e desagradável. Assim, a depender de várias circunstâncias, o limiar da dor pode ser maior ou menor, contribuindo ou desfavorecendo para o sintoma. Sabe-se que mulheres na TPM ou em período menstrual, homens e pacientes com depressão, por exemplo, possuem um baixo limiar da dor. A medicação pré-anestésica (MPA) é a melhor forma de prevenir uma dor de um procedimento ainda não realizado, pois, assim, aumenta-se o limiar de dor do paciente. A dor é controlada pelos anti-inflamatórios esteroidais e não esteroidais, além dos analgésicos de ação periférica e ação central. DOR = AVISO ASSOCIADO A UMA INJÚRIA TECIDUAL 99% da dor na odontologia tem caráter inflamatório agudo . Por isso, divide-se os pacientes em duas partes: (1) aqueles que já chegam com a dor instalada, então, nesse caso, o medicamento é coadjuvante (minimiza a dor), pois deve fazer uma intervenção para eliminar a origem do sintoma e (2) aqueles que passam a sentir dor causada pelo profissional e sua intervenção, então, nesses casos, prescreve-se uma medicação pré-operatória para ajudar a controlar a dor do pós-operatório. 1 MEDIADORES LIBERADOS NA INFLAMAÇÃO Histamina Bradicinina Prostaglandinas Leucotrienos potente vasodilatador e pode causar dor potente causador de dor sensibilizam os receptores da dor são responsáveis pela inflamação dos brônquios (deve-se ter cautela com pacientes asmáticos) Esses mediadores causam vasodilatação, dor, hiperemia, dentre outros. Quando a injúria tecidual é muito grande, a inflamação ocorre de forma exagerada, levando a liberação de mediadores que causam dor e edema. ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS (AINES) São subclassificados em: não seletivos seletivos específicos 1 AINES NÃO SELETIVOS Diclofenacos, AAS, Ibuprofeno, Naproxeno e o Cetorolaco (Deocil® ) Inibem COX1 e COX2 No momento do procedimento, células são lesionadas levando à ativação da enzima Fosfolipase A2 que atua nos fosfolipídios de membrana lesionados que, por sua vez, liberam ácido araquidônico. Quando liberado, esse ácido é rapidamente metabolizado por duas enzimas: cicloxigenase, que produz prostaglandinas e tromboxanos - responsáveis pela agregação plaquetária, e lipoxigenase, que produz leucotrienos. Os AINES inibem a cicloxigenase e, consequentemente, a síntese de prostaglandinas, aumentando o limiar de dor do paciente. Se a prescrição desse medicamento for realizada após o procedimento, a cascata da dor já terá ocorrido: prostaglandinas liberadas e receptores de dor sensibilizados. Contudo, se for realizada a terapia preemptiva, esses AINES inibem a COX concomitantemente ao decorrer da cascata, tendo uma grande Manuella Soussa Braga 2018/2 - 4º período diminuição na síntese de prostaglandinas, além do aumento de leucotrienos, porque a cascada é desviada para a via da lipoxigenase, podendo levar a uma crise asmática. EVITE PRESCREVER AINES EM PACIENTES ASMÁTICOS! explicação: qualquer aumento de leucotrienos pode desencadear uma crise asmática. Os pacientes que já estão tomando AINES por mais de sete dias apresentam mais chances de apresentarem hemorragia no procedimento, pois, como foi dito, ao inibir a COX, os AINES inibem a produção de prostaglandinas e também de tromboxanos, que são responsáveis pela agregação plaquetária. - EFEITOS ADVERSOS: PGE FISIOLÓGICAS Dor epigástrica : as prostaglandinas fisiológicas estão envolvidas na produção de muco e bicarbonato no estômago, quando inibidas pela COX, levam à desproteção da mucosa gástrica, podendo causar dor, além de dispepsia (má digestão), úlceras e sangramento. Aumento do tempo de sangramento : ao inibir a COX, os AINES impedem a produção de tromboxanos e, consequentemente, reduzem a agregação plaquetária, aumentando o tempo de sangramento. Outros: a inibição de prostaglandinas também leva à alteração das enzimas hepáticas e diminuição da filtração glomerular . COX 1 → PGE fisiológicas → protege a mucosa gástrica, regula a função do rim e plaquetas COX 2 → PGE patológicas → inflamação AINES seletivos 2 AINES SELETIVOS Nimesulida e Meloxicam Apresentam uma seletividade maior por COX2 3 AINES ESPECÍFICOS PARA COX 2 Etoricoxib e Celecoxib Os AINES específicos só podem ser receitados no receituário C1 (de antibióticos), enquanto o restante são em receitas comuns. A grande diferença para os seletivos e não seletivos é que os específicos apresentam uma meia vida mais longas, podendo ser receitada uma ou duas vezes ao dia. Além disso, não sofrem interferência de alimentos, apresentam baixa interação medicamentosa e produzem menos efeitos colaterais, pois só inibem a COX 2 (PGE patológicas). - RECEITUÁRIO USO INTERNO Celecoxib 200 mg --------- 2 cápsulas Tomar 1 (uma) cápsula 1 hora antes da consulta e 1 (uma) cápsula 24 horas após. A COX 1 é chamada de constitutiva, pois gera PGE de processos biológicos, sendo conhecida como “COX biológica”. Quando inibida, tem-se muitos efeitos adversos. Já a COX 2 é chamada de induzida, pois produzem PGE inflamatórias, sendo conhecida como “COX patológica”. Quando inibida, tem-se um efeito anti-inflamatório. Manuella Soussa Braga 2018/2 - 4º período - CONTRA-INDICAÇÃO Pacientes asmáticos (os específicos também aumenta a produção de leucotrienos) Pacientes que estejam tomando outro AINES Pacientes com hipersensibilidade a qualquer AINES Cetorolaco (Deocil® ), apesar de sublingual, também causa dor gástrica, pois também age na COX 1 do mesmo jeito. - TEMPO DE USO Pico de inflamação: 36 a 48h Pico da dor: 24h Pico do edema: 48h Para prevenção, prescreve-se por 3 dias, sendo a primeira dose uma horaantes do procedimento. Como coadjuvante, se o paciente já está com dor e edema, prescreve-se de 3 a 5 dias. - PRECAUÇÕES Não ingerir bebidas alcoólicas. Não beber com leite.
Compartilhar