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RELATÓRIO DO ESTÁGIO II Marli Raimondi Lorrenzzetti Orientador Local: Maria Rosângela Anacleto Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Curso de Bacharelado em Serviço Social (SES0506) – Estágio II 22/06/2020 1 INTRODUÇÃO O presente Relatório tem como objetivo salientar ações que se pretende desenvolver como forma de intervir e instigar para que haja transformações e mudanças na vida de tantas usuárias do Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS II – Bucarein que são vítimas de violência doméstica. O Estágio Supervisionado em Serviço Social está previsto na matriz curricular, sendo uma disciplina obrigatória do curso e realizadas em três semestres, ou seja, Estágio I, II e III, o que prepara o acadêmico à experiência da profissão. O Estágio I foi de forma presencial, onde foi possível através da observação e visitas domiciliares ter um direcionamento das demandas atendidas. No entanto, no Estágio II, diante da pandemia do coronavírus que se instaurou pelo país e também no mundo todo não foi possível dar continuidade ao estágio in loco, ficando à acadêmica realizar os trabalhos: Levantamento de Demandas, Projeto de Intervenção, totalmente on-line, com pesquisas a sites de forma virtual e com auxílio da tutora/orientadora pedagógica local. Diante disso, foi desenvolvido um plano de emergência proposto para esse tempo de pandemia e aprovado pela Câmara de Ensino e pelo Conselho Superior do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI com base no parecer do CNE/ CP N° 11.788, de 25 de setembro de 2008, que dispõe sobre o estágio de estudantes (UNIASSELVI, 2020). Cabe ao acadêmico apresentar todos os processos na elaboração do Relatório no Estágio II, ressaltando o processo do Levantamento de Demandas virtual e o Projeto de Intervenção, assim como, a elaboração dos quatro materiais digitais socioeducativos que se reporta aos quatros Direitos Sociais, de acordo com as orientações no Projeto de Extensão dos Direitos Sociais conforme o art. 6° da Constituição do Brasil de 1988. Com a elaboração do Levantamento de Demandas, Projeto de Intervenção e os quatro Direitos Sociais, que são: um folder, um informativo, uma cartilha e um e-book, todos conforme o art. 6° da Constituição Federal de 1988, a acadêmica deverá compor um espaço de socialização de informações que visam a construção e intervenção da mulher vítima de violência doméstica através da divulgação e conhecimento sobre a garantia dos direitos sociais elencados na CF 88. 2. RELATO E ANALISE DO PROCESSO DE TRABALHO As situações acompanhadas pelo CREAS são complexas, envolvem violações de direitos, e são permeadas por tensões familiares e comunitárias podendo acarretar fragilização ou até mesmo rupturas de vinculações. O desempenho do papel do CREAS exige, portanto, o desenvolvimento de intervenções mais complexas, as quais demandam conhecimentos e habilidades técnicas mais específicas por parte da equipe, além de ações integradas com a rede. (BRASIL,2011, p. 27). O CREAS tem como característica a gestão do processo de trabalho desenvolvido por equipe multidisciplinar, com profissionais que possuem diversas habilidades, que compartilham experiências profissionais na atuação e na consolidação de vínculo com as famílias atendidas, considerando a diversidade de abordagens e a concepção do trabalho da equipe. O Serviço de Proteção e Atendimento Especializado à Família e Indivíduos – PAEFI – a qual se reporta o estudo desse trabalho, é um serviço de apoio, orientação e acompanhamento a famílias com um ou mais de seus membros em situação de ameaça ou violação de direitos. Compreende de vínculos familiares, comunitários e sociais e para o fortalecimento da função protetiva das famílias diante do conjunto de condições que as vulnerabilizam e/ou as submetem a situações de risco pessoal e social, (MDS.,2009, p.29) atenções e orientações direcionadas para a promoção de direitos, a preservação e o fortalecimento das: Famílias e indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos de afetividade, pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; identidades estigmatizadas em termos étnicos, cultural e sexual; desvantagem pessoal resultante de deficiência; exclusão pela pobreza e/ou no acesso às demais políticas públicas; uso de substâncias psicoativas; diferentes formas de violência advinda do núcleo familiar, grupos e indivíduos; inserção precária ou não inserção no mercado de trabalho formal e informal; estratégias e alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem representar risco pessoal e social (BRASIL, 2004, p. 33). No cotidiano do trabalho do assistente social, são muitos os instrumentos utilizados pelo profissional de Serviço Social do PAEFI como: Acolhimento, Escuta qualificada, Busca ativa, Observação, Visita domiciliar, Orientação sociofamiliar, Acompanhamento sociofamiliar, Entrevista, Relatório, Estudo de caso e Registro. A partir do uso dos instrumentos, o assistente social identifica as demandas dos usuários por meio da atenção especializada, orienta-los sobre seus direitos e obrigações, encaminhando-os para outros serviços conforme necessidade do usuário. Essa instrumentalidade é entendida como: A capacidade de mobilização e articulação dos instrumentos necessários à consecução das respostas às demandas postas pela sociedade, composta por um conjunto de referências teóricas metodológicas, valores e princípios, instrumentos, técnicas e estratégias que dêem conta da totalidade da profissão e da realidade social, mesmo de forma parcial, mas com sucessivas aproximações. (COSTA, 2008 p.43). O PAEFI do CREAS II Do Bucarein atende a área do território da região sul de Joinville, tendo como intervenção os usuários dos bairros: Adhemar Garcia, Bucarein, Fátima, Guanabara, Jarivatuba, João Costa, Paraguanamirim, Parque Guarani e Ulisses Guimarães. 2.1 PROCESSO DE INSERÇÃO E ATIVIDADES REALIZADAS No atual momento, devido a pandemia do coronavírus, a acadêmica tem realizado suas atividades de forma virtual, através de leituras, pesquisas a sites e artigos relacionados a profissão, ficando impossibilitada de exercer o estágio in loco. Sendo assim, houve orientação da instituição de ensino para que todo material usado seja feito na segurança de nosso lar, possibilitando que assim, pudesse dar continuidade aos trabalhos acadêmicos. 2.2 AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE SUPERVISÃO 2.2.1 Auto-Avaliação O Serviço Social tem na questão social a base de sua fundação enquanto especialização do trabalho. O profissional se coloca frente a frente com as expressões sociais, não é algo distante e abrangente, mas essencialmente muito próximo e específico, pois os usuários do serviço social são aquelas pessoas e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e/ou risco social, desprovidos essencialmente de uma vida digna. Percebemos que estivemos e ainda estamos inseridos num sistema que propicia a desigualdade social, pois o capitalismo não luta pela igualdade, mas essencialmente pela desintegração social e humana em detrimento do próprio sistema de produção, exploração, acumulação e lucro, por isso existem muitas situações de vulnerabilidade e risco social. (MONTIBELLER, 2017, p.208). Percebemos que na atualidade uma questão social é sobretudo uma questão político-social, visto que não é algo isolado do sistema no qual vivemos. Nesse sentido, podemos nos referir à reprodução das relações sociais na sociedade capitalista, que pode ser compreendida em suas contradições de desigualdade econômica, visto que o crescimento do capital corresponde à crescente pauperização relativa da população, dependente do trabalho, do capital, do sistema. (MONTIBELLER, 2017, p. 48). IAMAMOTO, (1997, p. 14), define o objeto do Serviço Social nos seguintes termos: “Os assistentes sociais trabalham com aquestão social nas suas mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social pública, etc. Questão social que sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a ela resistem, se opõem. É nesta tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movido por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade. [...] ... a questão social, cujas múltiplas expressões são o objeto do trabalho cotidiano do assistente social”. Embora o estágio tenha sido de forma diferenciada, foi possível perceber as demandas e seus impactos que a questão social afeta na vida das famílias e as consequências. É o momento de articular as dimensões teórico-metodológicas, ético-política e técnico-operativa, identificando as demandas coletivas, podendo também visualizar o que aprendeu na teoria e perceber como se comporta se formos buscar fontes de como se dá na prática. Com a compreensão da unidade teoria – prática no estágio, é possível refletir sobre o concreto/real e analisar criticamente. No entanto, cabe ao acadêmico munir-se de material, livros, sites de pesquisas que reportem ao Serviço Social e suas demandas e estar dando continuidade ao processo de formação acadêmica, possibilitando a mesma a obter o olhar crítico que a profissão lhe conduz. 2.2.2 Avaliação das Condições Institucionais O CREAS oferece condições necessárias para a realização do estágio. Por ser um imóvel antigo de proporção grande, suas repartições são amplas, proporcionando que sejam realizados atendimentos em dois serviços: no PAEFI e no Serviço Medidas Socioeducativas, disponibilizando que os usuários possam contar com discrição e sigilo nos atendimentos. Constituem espaços essenciais que todo CREAS deve dispor, conforme o Caderno de Orientações do MDS: Espaço para recepção; Salas específicas para uso da coordenação, equipe técnica ou administração; Salas de atendimento, individual, familiar e em grupo, em quantitativo condizente com serviços ofertados e capacidade de atendimento da unidade (Recomendável: municípios de grande porte, metrópole e DF: pelo menos 4 salas de atendimento; municípios de pequeno porte I e II e médio porte: pelo menos 3 salas de atendimento); No mínimo dois banheiros coletivos, com adaptação para pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida; Copa e/ou cozinha. A infraestrutura física do CREAS deve ser compatível com o (s) serviço (s) ofertado (s), recursos humanos disponíveis e capacidade de atendimento instalada. Os espaços do CREAS devem, portanto, dispor de quantidade e dimensões suficientes, sendo a infraestrutura ampliada sempre que necessário Além dos espaços essenciais, as Unidades CREAS poderão contar com outros espaços, dependendo das possibilidades e necessidades (almoxarifado ou similar, espaço externo etc.). (BRASIL, 2011, p.82). O equipamento conta com salas amplas, porém nem todas são climatizadas, assim como, nem todas as salas possuem computadores, muitas vezes é preciso se deslocar de sala para o acesso do mesmo. O ambiente é provido de mobiliário, telefone, impressora e acesso à internet. No local há um espaço lúdico para o trabalho com as crianças, material para desenvolvimento de atividades individuais, com famílias e em grupos (pedagógicos, culturais e esportivos), ex.: brinquedos, jogos, lápis colorido, fantoches, revistas, cola, tesouras, etc. Contém arquivos, armários e outros, para guarda de prontuários em condições de segurança e sigilo. Na instituição também tem um acervo bibliográfico, mural com informações de interesses aos usuários. Assim que o indivíduo chega ao CREAS, o acolhimento já acontece na recepção, sendo o local onde se dá o primeiro contato das famílias com a equipe da unidade. Nesse espaço, tem mobiliários, onde o usuário aguarda o atendimento, tendo à sua disposição: café, água, bolachas. A recepção também dispõe de um mural, onde são afixadas informações sobre os serviços ofertados pelo CREAS e horário de atendimento, assim como informativos sobre atividades, seminários, cursos, campanhas que estejam acontecendo na atualidade. Na fachada frontal da instituição tem uma placa, disponibilizado pelo MDS, conforme modelo padrão requisitado, com a identificação de CREAS II – Bucarein. Para que a segurança de acolhida seja garantida na execução dos serviços ofertados pelo CREAS, a Tipificação define que é preciso afiançar as seguintes provisões para o usuário(a): Ser acolhido em condições de dignidade em ambiente favorecedor da expressão e do diálogo; ser estimulado a expressar necessidades e interesses; ter reparados ou minimizados os danos por vivências de violações e riscos sociais; ter sua identidade, integridade e história de vida preservadas; ser orientado e ter garantida efetividade nos encaminhamentos (CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, 2009, p. 20-21). 2.2.3 Avaliação da Dinâmica De Supervisão Conforme a situação atual em que o estágio ocorreu de forma virtual, não foi possível estar a campo com a supervisora, já que o método adotado pela Universidade foi o Plano de Emergência para o período de pandemia. Com certeza seria de profundo aprendizado estar a campo, já que a supervisora de campo é uma profissional comprometida e qualificada com seu trabalho, que poderia contribuir e muito com a supervisão à estagiária se assim fosse possível. 3 CONCLUSÃO O atual momento, no qual o estágio sofreu modificações e não pôde ser realizado in loco, recursos diferentes levaram a compreensão da estagiária, houve um aprofundamento da disciplina, buscas por fontes, orientações da tutora da instituição, formas diferentes que agregaram e muito para o conhecimento e com certeza ficarão marcados para a acadêmica, já que para a execução do trabalho foram muitas leituras, autores que enriqueceram o conhecimento e propiciou um leque de informações. Assim, o Estágio II em Serviço Social, foi realizado diante da demanda desenvolvida pela estagiária, que teve em seu Projeto de Intervenção o tema: Violência Doméstica contra a Mulher, sabendo que com o isolamento social vem aumentando consideravelmente. Dessa forma, é urgente a intervenção do profissional de Serviço Social, buscando ações que visem a proteção e a garantia de direitos e a busca pelos acessos dos usuários se torna mais eficiente e eficaz. O período atual de pandemia e isolamento criou desafios e dificuldades, principalmente nesse momento tão esperado pelo acadêmico, que desde que tem seu ingresso na universidade, cria expectativas acerca do estágio e como se dará sua atuação. Vivenciar essa etapa, prepara o estudante a atuar quando estiver na prática, proporcionando mais segurança e autonomia diante da profissão. Todavia, cabe ao acadêmico se apropriar das fontes oferecidas a ele (ela) enquanto durar o isolamento, se entregar aos estudos, pesquisas, trabalhos, como fonte de conhecimento e oportunidade, afinal temos arquivos ricos disponíveis na internet que possibilitam aprendizagem e enriquecimento a profissão de Serviço Social. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS. Brasília: Gráfica e Editora Brasil Ltda. 2011. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política Nacional de Assistência Social (PNAS). Brasília: MDS\SNAS, 2004. CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. Resolução nº 109 de 11 de novembro de 2009. Aprova a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais. COSTA, Francilene S. d. M. Instrumentalidadedo Serviço social: dimensão teórico- metodológica, ético-político e técnico-operativa e exercício profissional. Dissertação (Mestrado), 2008. IAMAMOTO, Marilda Vilela. O Serviço Social na contemporaneidade: dimensões históricas, teóricas e ético-políticas. Fortaleza, CRESS –CE, Debate n. 6, 1997 MONTIBELLER, Cristiana. A filosofia da linguagem de Wittgenstein: um pensar cultural sobre os “jogos de linguagem”. 2011. 99f. Dissertação (Mestrado em Patrimônio Cultural e Sociedade) – Universidade da Região de Joinville: UNIVILLE, Santa Catarina.
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