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das obrigações - tde 1 2020

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OBRIGAÇÃO: É quando existe um vínculo jurídico entre pessoas (naturais ou jurídicas) mediante o qual uma pessoa é obrigada a realizar uma prestação (dever) em favor de outra pessoa.
Como qualquer outra relação, para que haja interação entre as partes é necessário que tenhamos o sujeito ativo e o passivo, que diz respeito, numa relação jurídica, ao credor e devedor sendo ambos encarregados de obrigações e deveres. Veja o exemplo abaixo:
Em um contrato de prestação de serviço, Pedro, sujeito ativo, pessoa física, contrata o serviço de uma empresa de jardinagem, a TERJARD COMÉRCIO CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS, para dar manutenção em seu imóvel, sendo descriminado no contrato os serviços de paisagismo, restauração das peças de decoração, cercas, arames, plantação de novas espécies de flores, arvores e plantas e revigoramento do solo com adubos, tornando essas as prestações a serem cumpridas pela contratada, sendo a empresa uma pessoa jurídica, passiva, encarregada de cumprir um dever, por ter recebido de Pedro de forma integral, através de deposito bancário, o valor de R$ 5.000,00 pelo serviço que será prestado.
Analisando o caso acima, podemos ver o quanto essa relação jurídica é comum em nosso dia-a-dia. Vejamos agora a relação do credor/devedor, sendo eles pessoas jurídicas ou naturais:
Credor: é o sujeito que tem o direito de receber uma prestação.
 
Obrigação: é o vínculo jurídico dessa relação.
Devedor: é o sujeito que tem a obrigação de realizar uma prestação.
 A obrigação é o “Objeto” dessa relação, que pode ser positiva (ação) de dar, fazer ou negativa (omissão), de não fazer. 
O Objeto pode ser:
DIRETO (IMEDIATO): quando a própria prestação do devedor é de dar ou fazer ou não fazer algo.
INDIRETO (MEDIATO): quando o objeto da prestação é um bem em sí.
Em caso de descumprimento do acordo entre credor e devedor, no exemplo acima citado, se a empresa de jardinagem não cumprir com a obrigação de realizar a prestação, de fazer algo, que contraiu ao receber o dinheiro pelo serviço, cabe ao credor ajuizar uma ação contra o devedor para que o mesmo realize o que ora foi acordado. Pois é direito subjetivo do contratante, buscar junto ao poder judiciário um meio eficaz para o pagamento da prestação que lhe é devida, afim de não gerar-lhe prejuízo, sendo este direito movido por uma relação de conteúdo econômico.
Ainda no caso supracitado esclareceremos aqui os elementos que integram a relação entre Pedro e a TERJARD.
ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO, que podem ser:
· Elemento subjetivo ou pessoal, que no caso em questão trata-se dos sujeitos ativo e passivo, Pedro e a TERJARD, o credor tem o direito de receber a prestação e o devedor a obrigação de realizar, sendo estes também sujeitos determinados por se tratar de pessoas que facilmente são reconhecidas como credor/devedor.
· Elemento objetivo ou material, que corresponde a prestação e objeto da prestação, como a TERJARD deve realizar a manutenção do jardim do imóvel de Pedro. O objeto da obrigação se caracteriza por ser uma conduta ou ato humano, sendo chamado de prestação, podendo ser positiva (dar e fazer) ou negativa (não fazer), logo a prestação é o objeto imediato da obrigação. A prestação consiste, em regra, numa atividade ou numa ação do devedor (entregar uma coisa, realizar uma obra, patrocinar alguém numa causa, transportar alguns móveis, transmitir um crédito, dar certo número de lições, etc.). Mas também pode consistir numa abstenção, permissão ou omissão (obrigação de não abrir estabelecimentos de certo ramo do comércio na mesma rua ou na mesma localidade; obrigação de não usar a coisa recebida em depósito; obrigação de não fazer escavações que provoquem o desmoronamento do prédio vizinho).
· Elemento ideal ou imaterial, que nada mais é que o vínculo jurídico, que sujeita o devedor a realizar determinada prestação em favor do credor.
Fontes obrigacionais
São considerados como fontes os fatos que dão origens aos institutos, no direito das obrigações suas fontes são os fatos jurídicos que resultam em relações obrigacionais. As fontes do direito obrigacional são:
· Lei – as leis são base do direito, no entanto alguns autores divergem pois afirmam que apenas a lei não conseguiria estabelecer vínculos jurídicos sendo necessário para alguns o fato jurídico, e para outros esse vínculo tem a necessidade de uma autonomia da vontade, porém observamos que a lei pode ser sim fonte isolada de relação obrigacional, como na prestação de alimento, mas na maioria das vezes a lei é acompanhada do fato jurídico, ou da autonomia do indivíduo.
· Contratos – caracterizados por um acordo de vontades, são considerados fonte principal do direito obrigacional. Além das figuras já configuradas no Código Civil, como a compra e venda, doação, mútuo, etc., os contratos também possuem figuras atípicas que não estão previstas em lei.
· Os atos ilícitos e o abuso de direito – definidos pelos artigos 186 e 187 do Código Civil, são atos que geram o dever de indenizar, logo são fontes de relações jurídicas.
· Os atos unilaterais – a obrigação é gerada pelo ato de vontade de uma parte, não sendo necessário o acordo de vontades, como observamos nos contratos. Esses atos estão estabelecidos no Código Civil e são:
1. Promessa de recompensa: previsto no art. 854 “aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar a quem preencha certa condição ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido”, tem como requisitos a capacidade da pessoa que emite a declaração de vontade, a licitude e possibilidade do objeto, o ato de publicidade.
2. Gestão de negócios: De acordo com a doutrina de Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona, gestão de negócios seria “a atuação de um indivíduo, sem autorização do interessado, na administração de negócio alheio, segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, assumindo a responsabilidade civil perante este e as pessoas com que tratar” (Novo curso..., 2003, v. II, p. 361).
3. Pagamento indevido: É previsto no art. 876 do Código Civil, que “todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição”.
4. Enriquecimento sem causa: O art. 884 do Código Civil prevê que “aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários”.
· Títulos de crédito – são documentos que trazem efeitos obrigacionais, e abordam negociações futuras, de acordo com o art. 887 do Código Civil devem preencher os requisitos previstos em lei.
Classificações das obrigações
Quanto aos vínculos
· Obrigação moral: baseada nos fundamentos morais, cabe ao indivíduo fazê-la ou não, mediante os seus princípios, não podendo ele sofrer nenhum tipo de sanção caso não cumpra esta obrigação
· Obrigação civil: é a que permite que seu cumprimento seja exigido pelo próprio credor, mediante ação judicial.
· Obrigação natural: neste tipo de obrigação existe a dívida, mas não existe a responsabilidade de pagamento. Ou seja, permite que o devedor não cumpra a obrigação e não dá direito ao credor de exigir sua prestação. Entretanto, se o devedor realizar o pagamento da obrigação, não terá o direito de requerê-la novamente, pois não cabe o pedido de restituição. Caso o devedor seja coagido a pagar a prestação, este poderá requerer de volta o quantitativo pago.
Quanto a natureza de seu objeto
· Obrigação de dar: Pode ser coisa certa ou incerta. No primeiro caso, o devedor não pode trocar a coisa contratada por outra; no segundo caso a coisa é determinada pelo gênero e quantidade, cabendo a escolha ao devedor, se o contrário não decorrer do contrato. Quando realizada a escolha, passa a ser tratada como uma obrigação de dar coisa certa.
· Dar a coisa certa - A coisa certa é perfeitamente identificada e individualizada em suas características. É quando em sua identificação houver indicação da quantidade do gênero e de sua individualização que a torne única.
· Dara coisa incerta - Quando a especificação da coisa não é dada de um primeiro momento, porém gênero e quantidade são determinados (por exemplo: entrega de 20 cavalos. Não se determinou a raça específica, mas o gênero - cavalos - e quantidade - 20).
· Restituir - É a devolução da posse da coisa emprestada[3].
· Obrigação de fazer: O devedor tem a obrigação de fazer um ato que a ele foi imposto. Porém esse tipo de obrigação se divide em duas partes:
· Obrigação de fazer fungível ou substituível: Neste tipo, a obrigação pode ser feita por qualquer pessoa que possua a mesma habilidade da pessoa devedora. (ex: pintar uma casa).
· Obrigação de fazer não fungível ou personalíssima: Essa obrigação só poderá ser feita por uma pessoa específica, não podendo outra pessoa substituí-la.
Observação: Se em cada um desses casos, o devedor não puder realizar a obrigação por motivos culposos (sem culpa), ele ficará isento e a obrigação será dada como resolvida. Porém se ele não cumprir a obrigação por vontade própria, ele responderá por perdas e danos[4].
· Obrigação de não fazer: Neste tipo de obrigação, o objeto da prestação é uma abstenção, uma proibição. O devedor se abstém de um direito ou ação que poderia exercer (ex: uma pessoa com lote praiano que assina contrato com um hotel para ceder o espaço como estacionamento. A pessoa tinha todo direito/ação de construir uma casa no lote, mas se obriga a NÃO fazer em razão do contrato com o hotel).
Quanto ao modo de execução 
· Simples - Tem por objeto a entrega de uma só coisa ou execução de apenas um ato.
· Cumulativa - Obrigação conjuntiva de duas ou mais prestações cumulativamente exigíveis, o devedor exonera-se com o prestar das prestações de forma conjunta (regra do "E" = por exemplo, um contrato de aluguel onde ao término o devedor se obriga a entregar o imóvel reformado E pintado E com piso novo. Somente todas as cláusulas em conjunto satisfazem a obrigação).
· Facultativa - Obrigações com faculdade alternativa de cumprimento dá ao devedor possibilidade de substituir o objeto prestado por outro de caráter subsidiário, já estabelecido na relação obrigacional.
· Alternativa - Caracteriza-se pela multiplicidade dos objetos devidos. Mas, diferentemente da obrigação cumulativa, na qual também há multiplicidade de objetos devidos e o devedor só se exonera da obrigação entregando todos. (regra do "OU" = por exemplo, contrato de aluguel onde ao término o devedor se obriga a entregar o imóvel reformado OU pintado OU piso novo. A execução de qualquer uma das cláusulas satisfaz a obrigação)
Quanto ao tempo de adimplemento 
· Instantânea - Se consuma num só ato em certo momento, como, por exemplo, a entrega de uma mercadoria; nela há uma completa exaustão da prestação logo no primeiro momento de seu adimplemento.
· Execução continuada - se protrai no tempo, continuada, caracterizando-se pela prática ou abstenção de atos reiterados, solvendo-se num espaço mais ou menos longo de tempo - por exemplo, a obrigação do locador de ceder ao inquilino, por certo tempo, o uso e o gozo de um bem infungível, e a obrigação do locatário de pagar o aluguel convencionado.
· Execução diferida - exigem o seu cumprimento em um só ato, mas diferentemente da instantânea, sua execução deverá ser realizada em momento futuro.
Quanto ao fim
 
· De meio - o sujeito passivo da obrigação utiliza os seus conhecimentos, meios e técnicas para alcançar o resultado pretendido sem, entretanto, se responsabilizar caso este não se produza. Como ocorre nos casos de contratos com advogados, os quais devem utilizar todos os meios para conseguir obter a sentença desejada por seu cliente, mas em nenhum momento será responsabilizado se não atingir este objetivo.
· De resultado - o sujeito passivo não somente utiliza todos os seus meios, técnicas e conhecimentos necessários para a obtenção do resultado como também se responsabiliza caso este seja diverso do esperado. Sendo assim, o devedor (sujeito passivo) só ficará isento da obrigação quando alcançar o resultado almejado. Como exemplo para este caso temos os contratos de empresas de transportes, que têm por fim entregar tal material para o credor (sujeito ativo) e se, embora utilizado todos os meios, a transportadora não efetuar a entrega (obter o resultado), não estará exonerada da obrigação.
· De garantia - tem por conteúdo a eliminação de um risco, que pesa sobre o credor; visa reparar as consequências de realização do risco; embora este não se verifique, o simples fato do devedor assumi-lo representará o adimplemento da prestação.
Quanto aos elementos acidentais.
 
· Incidental - são estipulações ou cláusulas acessórias que as partes podem adicionar em seu negócio para modificar uma ou algumas de suas consequências naturais (condição, modo, encargo ou termo).
· Condicional - são aquelas que se subordinam a ocorrência de um evento futuro e incerto para atingir seus efeitos.
· Modal - o encargo não suspende a "aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva", de acordo com o artigo 136 do Código Civil.
· A termo - submetem seus efeitos a acontecimentos futuros e certos, em data pé estabelecida. O termo pode ser final ou inicial, dependendo do acordo produzido.
Quanto aos sujeitos
 
· Divisível - é aquela suscetível de cumprimento parcial, sem prejuízo de sua substância e de seu valor; trata-se de divisibilidade econômica e não material ou técnica; havendo multiplicidade de devedores ou de credores em obrigação divisível, este presumir-se-á dividida em tantas obrigações, iguais e distintas. Ver Art. 257 CC
· Indivisível - é aquela cuja prestação só poder ser cumprida por inteiro, não comportando sua cisão em várias obrigações parceladas distintas, pois, uma vez cumprida parcialmente a prestação, o credor não obtém nenhuma utilidade ou obtém a que não representa parte exata da que resultaria do adimplemento integral; pode ser física (obrigação restituir coisa alugada, findo o contrato), legal (relativa às ações de sociedade anônima em relação à pessoa jurídica), convencional ou contratual (contrato de conta corrente), e judicial (indenizar acidentes de trabalho).
· Solidária - é aquela em que, havendo multiplicidade de credores ou de devedores, ou uns e outros, cada credor terá direito à totalidade da prestação, como se fosse o único credor, ou cada devedor estará obrigado pelo débito todo, como se fosse o único devedor; se caracteriza pela coincidência de interesses, para satisfação dos quais se correlacionam os vínculos constituídos. Art. 265. Ex: lei de locação
· Obrigação solidária ativa: Quando existe 2 ou mais credores e apenas 1 devedor. Nela cada um os credores tem o direito de exigir do devedor o pagamento da dívida. Ou seja, apenas um dos credores pode exigir o pagamento em nome dos demais. O devedor pode pagar a dívida em partes iguais para todos os credores, quitando-se a dívida. Caso ele pague a dívida apenas a um dos credores, sua dívida também será quitada. Caberá agora aos demais credores cobrarem do credor que recebeu a dívida, a parte do débito correspondente a eles.
· 
· Obrigação solidária passiva: Quando existe 2 ou mais devedores e apenas um credor. O credor em questão tem o direito de receber a dívida de todos por igual ou cobrar a dívida a apenas um ou alguns dos devedores. Caso um devedor pague a dívida por inteiro, esta será quitada, cabendo agora a este devedor cobrar dos demais devedores a parte a mais que ele pagou[5].
Quanto a liquidez
 
· Líquida - é aquela determinada quanto ao objeto e certa quanto à sua existência. Expressa por um algarismo ou algo que determine um número certo.
· Ilíquida - depende de prévia apuração, já que o montante da prestação se apresenta incerto. conforme art. 947 cc/02
Requisitos de validade 
· Licitude;
· Possibilidade Jurídica;
· Possibilidade Física;
· Determinalidade;
· Patrimonialidade;
· Valor Econômico.
Extinção das obrigações 
As obrigações são extintas pelo pagamento ou adimplemento, os quais caracterizamo cumprimento voluntário da obrigação. Também podem ser extintas por Execução Judicial que é o pagamento forçado em virtude de decisão judicial, e Prescrição, o direito de exigir torna-se mais fraco, passando a ser um direito de pretender. A prescrição faz com que o cumprimento da obrigação seja uma obrigação natural cujo cumprimento não pode ser exigido. Também são extintas as obrigações por compensação, quando ambos os sujeitos da obrigação são, ao mesmo tempo, reciprocamente credor e devedor por obrigações exigíveis, extinguindo-se ambas as obrigações até o valor em que se compensarem.

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