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VISOGLOBALDACIRCULAO-191120-215054

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Visão global da circulação e da função 
cardíaca 
 
 
 
Visão global da circulação e da 
função cardíaca 
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cardíaca 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA 
CIRCULAÇÃO 
 
O coração é formado por duas bombas distintas: o coração direito, que bombeia o sangue para os 
pulmões, e o coração esquerdo, que bombeia o sangue para os órgãos periféricos. A circulação 
divide-se em circulação sistêmica e circulação pulmonar. Como a circulação sistêmica promove o 
fluxo sanguíneo para todos os tecidos corporais, exceto para os pulmões, é também chamada 
grande circulação ou circulação periférica. 
Cada parte da circulação tem um papel. 
• A função das artérias é a de transportar sangue sob alta pressão para os tecidos. Por esse 
motivo, têm fortes paredes vasculares, e nelas o sangue flui em alta velocidade. 
• As arteríolas são os pequenos ramos finais do sistema arterial; agem como condutos de 
controle pelos quais o sangue é liberado para os capilares. Elas têm forte parede muscular, 
capaz de ocluir completamente ou dilatar os vasos, sendo capazes, dessa forma, de alterar 
muito o fluxo sanguíneo em cada tecido. 
• A função dos capilares é a troca de líquidos, nutrientes, eletrólitos, hormônios e outras 
substâncias entre o sangue e o líquido intersticial. Suas paredes são muito finas e têm 
inúmeros minúsculos poros capilares altamente permeáveis. 
• As vênulas coletam o sangue dos capilares e de forma gradual coalescem, formando veias 
progressivamente maiores. 
• As veias funcionam como condutos para o transporte de sangue das vênulas de volta ao 
coração; além disso, atuam como importante reservatório (de pequeno ou grande volume) 
controlável de sangue extra. Como a pressão no sistema venoso é muito baixa, as paredes 
das veias são finas. 
Enumerando a porcentagem do volume sanguíneo total contida nos principais segmentos da 
circulação, cerca de 84% do volume sanguíneo corporal total estão contidos na circulação sistêmica, 
e 16%, no coração e nos pulmões. Dos 84% na circulação sistêmica, apenas 7% estão nas arteríolas 
e capilares sistêmicos. Embora o baixo volume sanguíneo, é neles que ocorre a função mais 
importante: a difusão de substâncias do sangue para os tecidos e vice-versa. 
 
 
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Como o mesmo fluxo de volume de sangue (F) deve passar por todo segmento da circulação a cada 
minuto, a velocidade do fluxo sanguíneo (v) é inversamente proporcional à área de secção 
transversa vascular (A): 
v= F/A 
Desse modo, em condições de repouso o sangue permanece nos capilares por apenas 1 a 3 
segundos. Esse curto tempo é surpreendente porque toda a difusão de nutrientes e eletrólitos que 
ocorre através das paredes capilares deve ocorrer nesse intervalo de tempo. 
Como o coração bombeia continuamente sangue para a aorta, a pressão média nesse vaso é alta, 
cerca de 100 mmHg. Além disso, como o bombeamento cardíaco é pulsátil, a pressão arterial 
alterna entre a pressão sistólica de 120 mmHg e a pressão diastólica de 80 mmHg. 
À medida que o sangue flui pela circulação sistêmica, sua pressão média cai progressivamente para 
cerca de 0 mmHg ao atingir o final das veias cavas, que deságuam no átrio direito do coração. 
 
PRINCÍPIOS BÁSICO DA FUNÇÃO 
CIRCULATÓRIA 
 
Embora os detalhes da circulação sejam complexos, existem três princípios básicos subjacentes a 
todas as suas funções. 
 
1. A intensidade (ou velocidade) do fluxo sanguíneo para cada tecido corporal é quase 
sempre controlada precisamente em relação às necessidades teciduais. 
Quando os tecidos estão ativos (os músculos durante a atividade física, por exemplo), precisam de 
grande incremento do suprimento de nutrientes e, portanto, de fluxo sanguíneo muito maior. O 
coração nas condições normais não pode aumentar seu débito por mais que 4 a 7 vezes que os 
valores de repouso, e consequentemente, aumentar o fluxo sanguíneo em todas as partes do corpo 
quando um tecido particular demanda fluxo aumentado. Sendo assim, os microvasos em cada 
tecido monitoram as necessidades teciduais, tais como a disponibilidade de nutrientes e o acúmulo 
de produtos do metabolismo; estes agem sobre os vasos sanguíneos locais, dilatando-os ou 
contraindo-os, para controle do fluxo sanguíneo. Além disso, o controle pelo sistema nervoso 
central e os hormônios, age como mais um mecanismo para a regulação do fluxo sanguíneo tecidual. 
 
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2. O débito cardíaco é controlado principalmente pela soma de todos os fluxos teciduais 
locais. 
Depois de fluir por um tecido, o sangue retorna de imediato pelas veias para o coração. Este 
responde de forma automática ao aumento da chegada de sangue, bombeando-o imediatamente 
de volta para as artérias. Assim, o coração age como autômato, respondendo às demandas dos 
tecidos. 
 
3. A regulação da pressão arterial é geralmente independente do fluxo sanguíneo local ou 
do débito cardíaco. 
O sistema circulatório tem sistema extensivo de controle da pressão sanguínea arterial. Os sinais 
nervosos agem especialmente (a) aumentando a força do bombeamento cardíaco, (b) causando 
constrição dos grandes reservatórios venosos, levando mais sangue para o coração, e (c) causando 
constrição generalizada da maioria das arteríolas do corpo, acumulando maior quantidade de 
sangue nas grandes artérias, aumentando a pressão arterial. Então, ao longo de períodos mais 
prolongados os rins desempenham papel adicional fundamental no controle pressórico, tanto pela 
secreção de hormônios controladores da pressão como pela regulação do volume sanguíneo. 
 
INTERRELAÇÕES DE PRESSÃO, FLUXO E 
RESISTÊNCIA 
 
O fluxo sanguíneo (F) por um vaso é determinado por dois fatores: (1) a diferença de 
pressão sanguínea entre as duas extremidades do vaso, também por vezes referida como 
"gradiente de pressão" ao longo do vaso (∆𝑃), que é a força que impulsiona o sangue pelo vaso, e 
(2) o impedimento ao fluxo sanguíneo pelo vaso, ou resistência vascular (R). 
O fluxo pelo vaso pode ser calculado pela seguinte fórmula, que é chamada de lei de Ohm: 
𝐹 =
∆𝑃
𝑅
 
Fluxo sanguíneo significa a quantidade de sangue que passa por determinado ponto da circulação 
durante certo intervalo de tempo. O fluxo sanguíneo total na circulação de adulto em repouso é de 
cerca de 5.000 mL/min. Isso é referido como débito cardíaco, por ser a quantidade de sangue 
bombeada pelo coração para a aorta, a cada minuto. 
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Quando o sangue flui de forma estável por vaso sanguíneo longo e uniforme, ele se organiza 
em linhas de corrente, com camadas de sangue equidistantes da parede do vaso. Esse tipo de fluxo 
é chamado laminar e é o oposto do fluxo turbulento, que consiste em sangue correndo em todas as 
direções do vaso e se misturando continuamente em seu interior. 
Quando ocorre fluxo laminar, a velocidade do fluxo pelo centro do vaso é muito maior que 
próximo às paredes. Esse efeito é chamado "perfil parabólico da velocidade do fluxo sanguíneo”. 
Ele ocorre porque as moléculas de líquido que tocam a parede se movem lentamente em virtude da 
aderência com o endotélio. A camada seguinte de moléculas desliza sobre a primeira, a terceira 
camada desliza sobre a segunda, e assim por diante. 
Portanto, o líquido no meio do vaso pode se mover rapidamente porque existem muitas 
camadas de moléculas deslizantes entre o meio do vaso e a parede; assim, cada camada em direção 
ao centro flui progressivamente mais rápido que as camadas externas. 
Quando a intensidade do fluxo sanguíneo é muito elevada, ou quando o sangue passa por 
obstrução no vaso, o fluxo pode ficar turbulento ou desordenado em vez de laminar. Fluxo 
turbulento significa que o sangue flui na direção longitudinal e na direção perpendicular, geralmente 
formando redemoinhos semelhantes aos vistos em um rio.Quando ocorrem redemoinhos, a resistência ao fluxo de sangue é muito maior que no fluxo 
laminar por provocarem grande aumento do atrito total do fluxo no vaso. A tendência à ocorrência 
de fluxo turbulento é diretamente proporcional à velocidade do fluxo sanguíneo, ao diâmetro do 
vaso e à densidade do sangue, e inversamente proporcional à viscosidade do sangue, o que é 
representado pela seguinte equação: 
𝑹𝒆 =
𝑽 . 𝒅 . 𝝆
𝒏
 
em que Re é o número de Reynolds, que é a medida da tendência para a ocorrência de 
turbilhonamento; v é a velocidade média do fluxo sanguíneo (em centímetros/segundo); d é o 
diâmetro do vaso (em centímetros); 𝝆 é a densidade; e 𝒏 a viscosidade (em poise). Quando o número 
de Reynolds se encontra entre 200 e 400, ocorre fluxo turbulento em alguns ramos dos vasos, que 
se extingue em suas porções mais lisas. Entretanto, quando o número de Reynolds está acima de 
2.000, ocorre turbulência mesmo em vasos retos e lisos. 
O número de Reynolds para o fluxo no sistema vascular normalmente sobe para 200 a 400 
nas grandes artérias; por isso, quase sempre ocorre algum fluxo turbulento nos ramos desses vasos. 
Entretanto, em vasos pequenos, o número de Reynolds quase nunca é alto o suficiente para causar 
turbulência. 
 
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A pressão sanguínea é quase sempre medida em milímetros de mercúrio (mmHg) porque o 
manômetro de mercúrio tem sido usado como referência padrão para a medida da pressão, desde 
sua invenção em 1846 por Poiseuille. Na verdade, a pressão sanguínea representa a força exercida 
pelo sangue contra qualquer unidade de área da parede vascular. 
A condutância é a medida do fluxo sanguíneo por um vaso sob dada diferença de pressão. 
Ela é, em geral, expressa em mililitros por segundo por milímetro de mercúrio de pressão, mas pode 
ser expressa em quaisquer outras unidades de fluxo sanguíneo e pressão. É evidente que a 
condutância é a recíproca exata da resistência, de acordo com a seguinte equação: 
𝐶𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 =
1
𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎
 
Pequenas variações do diâmetro do vaso provocam grandes alterações em sua capacidade 
de conduzir sangue quando o fluxo sanguíneo é laminar. A condutância do vaso aumenta em 
proporção direta à quarta potência do diâmetro, de acordo com a seguinte fórmula: 
𝐶𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 ∝ 𝐷𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜4 
Pela lei da quarta potência, pode-se ver que o aumento de quatro vezes no diâmetro do 
vaso pode aumentar o fluxo por 256 vezes. Portanto, a lei da quarta potência possibilita que as 
arteríolas, respondendo a sinais nervosos ou a sinais químicos teciduais locais, com apenas 
pequenas alterações de seu diâmetro, interrompam de modo quase total o fluxo sanguíneo ou, no 
outro extremo, o aumentem enormemente. 
Nota-se também, de modo particular, que outro fator importante na equação de Poiseuille 
é a viscosidade do sangue. Quanto maior a viscosidade, menor é o fluxo pelo vaso, se todos os 
demais fatores permanecerem constantes. Além disso, a viscosidade do sangue normal é cerca de 
três vezes maior que a da água. 
O sangue torna-se tão viscoso devido ao grande número de eritrócitos em suspensão, cada 
um exercendo forças friccionais contra células adjacentes e contra a parede do vaso sanguíneo. 
Outros fatores que afetam a viscosidade do sangue são a concentração e os tipos de proteínas no 
plasma; contudo, por provocarem efeitos menos potentes, são desconsiderados na maioria dos 
estudos hemodinâmicos. 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
 
1. HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton & Hall tratado de fisiologia médica. 
13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 
 
 
 
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