o tambor que ao lado de outros instrumentos, como: o berimbau, o agogô e o reco-reco são utilizados nas danças e festas. Os africanos trazidos à força para as Américas encontraram aqui os instrumentos musicais europeus, como: o pandeiro, a viola e a rabeca e não tardaram em adotá-los. Absorveram também a música que agradava aos senhores e misturando-a com a sua, inventaram novos gêneros e estilos que mantiveram a essência africana. Nas congadas, maracatus, capoeiras e reisados, os ritmos musicais africanos estão na base do movimento corporal. Nos sambas de roda e de umbigada, nos jongos, no frevo e outras danças. Os passos são mais ou menos fi éis aos que eram realizados pelos primeiros africanos e afrodescendentes que dançaram em terras brasileiras. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 10 Cultura Africana FIGURA 5 – BATUQUES DE TERREIRO FONTE: Disponível em: <http://colecaoitan.org/festas.html.>. Acesso em: 9 jun. 2012. Entre as danças populares está o bumba meu boi, ou o boi-bumbá. Espécie de teatro dançado e cantado no qual é contada a história de um empregado negro que mata o boi preferido do patrão para satisfazer o desejo de sua mulher grávida de comer carne. Vendo-se numa enrascada, procura um feiticeiro para que, por meio de forças mágicas faça o boi ressuscitar. Esta prática deu origem a uma das maiores festas popular da Amazônia, o Boi de Parintins, na qual elementos indígenas ganham primeiro plano, sobrepondo-se à infl uência de culturas africanas, em muitas das quais o boi é um elementos central e cujos ritos mágico-religiosos estão presentes na ressurreição do boi. (SOUZA, 2007). FONTE: Adaptado de: <http://goncalopontesrj.blogspot.com.br/2011/08/cultura- africana-no-brasil.html>. Acesso em: 27 jun. 2012. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 11Africanos no Brasil FIGURA 6 – BOI-BUMBÁ FONTE: Disponível em: < http://colecaoitan.org/festas.html>. Acesso em: 9 jun. 2012. Outra dança de matriz africana, presente na sociedade contemporânea, é a capoeira que consiste na luta dançada, na qual dois antagonistas dão golpes de pernas e cabeças, usando as mãos como apoio, saltando de um lado para outro. A capoeira é uma das manifestações culturais afro-brasileiras mais difundidas no país e também no exterior. FIGURA 7 - BATIZADO DE CAPOEIRA ANGOLA FONTE: Disponível em: <http://comunicanazare.blogspot.com.br/2009/11/batizado-de- capoeira-angola-palmares.html>. Acesso em: 8 jun. 2012. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 12 Cultura Africana Até 1920, a prática da capoeira era proibida no Brasil. Nos anos de 30, tornou-se uma das marcas da identidade brasileira, ao lado do samba. Passou a ser ensinada por mestres capoeiristas sob duas vertentes de ensino: a capoeira Angola e a Regional. Os elementos africanos da capoeira são: os instrumentos musicais (tambor e berimbau), a formação da roda, a ginga, os ritmos, as letras dos pontos cantados e os passos da dança luta. A primeira academia de capoeira Angola aberta no Brasil, foi em 1935 pelo mestre Pastinha, em Salvador, na Bahia. Mestre Pastinha, contava ter aprendido a luta com um escravo vindo de Angola, chamado Benedito. A vertente angolana da luta defende a posição de que esta luta teria surgido em Angola. O primeiro divulgador da capoeira Regional, que defende a posição de que a capoeira é formada pela contribuição de diversas etnias africanas, foi o mestre Bimba. O jogo da capoeira na roda constitui-se num diálogo de corpos onde dois capoeiristas partem do berimbau e iniciam movimentos corporais de perguntas e respostas. Aos poucos toda a roda vai entrando no jogo-dança. A capoeira é um elemento defi nidor da identidade brasileira, mais do que uma atividade física. Ela agrega religiosidade, música, história, integração e movimento corporal. Na esfera material, a infl uência africana se dá, sobretudo, na culinária. A presença mais signifi cativa encontra-se no estado da Bahia, onde o uso da pimenta e do azeite de dendê é presença constante na cozinha baiana. Pratos como o acarajé, vatapá, caruru, aluá, ximxim de galinha, mugunzá são destaques das matrizes africanas na culinária brasileira. Estes pratos mantêm receitas parecidas com as feitas na África. Além dos pratos, os africanos introduziram no Brasil um bom número de vegetais como, por exemplo: o quiabo, o maxixe, o jiló, o inhame, o cará, feijões, várias espécies de banana, diversos tipos de abóbora. O africano difundiu em terras brasileiras o cultivo do arroz e o seu uso como prato diário. A feijoada, um dos pratos mais famosos da culinária brasileira, foi incorporada ao cotidiano dos africanos escravizados que no geral, alimentavam-se de cereais como milho e também de feijão. O prato consiste na mistura de partes menos nobres do porco, como: orelha, pés, rabos que geralmente não eram consumidas pelos senhores. Estas partes eram cozidas, em um mesmo recipiente, com feijão preto, sal, pimenta. Aos poucos a feijoada foi identifi cada como infl uência africana. Todavia, é relevante destacar que a presença do feijão no Brasil, é anterior à presença africana. Outro aspecto material da presença africana na cultura brasileira são as técnicas de produção e confecção de objetos. Entre os escravos trazidos da Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 13Africanos no Brasil África, encontravam-se ferreiros, mineiros, oleiros, tecelões e escultores que disseminaram não só as técnicas de confecção como também seus padrões estéticos, presentes nas formas, nas decorações, nas cores, entre outros. De acordo com Souza (2007), várias técnicas de tecer cestas, utilizadas entre as populações rurais brasileiras, se assemelham mais às africanas do que as indígenas, que também praticavam a cestaria. FONTE: Adaptado de: <artistoria.wordpress.com/tag/cultura-afro-brasileira/>. Acesso em: 27 jun. 2012. A arte de esculpir está presente em todas as sociedades humanas desde as mais remotas épocas, e confi gura uma das primeiras manifestações do trabalho humano. Na Idade da Pedra, por exemplo, quando os homens modelavam o barro ou poliam pedaços de rocha, colocando neles suas visões de mundo, beleza, mitos e divindades, já estavam organizando expressões simbólicas que representavam objetos e situações cotidianas. Entre os povos africanos, a confecção de esculturas e máscaras representa uma das expressões artísticas mais signifi cativas. Algumas sociedades como os Dogon, no Mali, os Iorubás, os Nok, no norte da Nigéria se destacaram cultural e religiosamente, por meio da confecção destes objetos. Caro(a) estudante, é importante destacar que a religião foi constantemente revelada por meio da arte e que as esculturas eram compreendidas, como elementos que permitiam ao homem manter contato com o sobrenatural. FIGURA 8 - ESTATUETA “AKUA-BA” (arte ashanti, Gana, acervo MAE-USP) FONTE: Disponível em: <http://cordilheirasdoconhecimento.blogspot.com. br/2010_05_01_archive.htm>. Acesso em: 13 jun. 2012 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 14 Cultura Africana IMPORTANTE: O povo Ashanti que vivem na região de Gana, quase não esculpem em madeiras com exceção dos talismãs da fertilidade. Para os povos africanos, as esculturas eram objetos de rituais, de comunicação com os deuses e uma maneira de se mostrar e distinguir-se das demais sociedades. Não podemos esquecer, caro(a) estudante, que a África é habitada por várias etnias, que apresentam diferenças culturais, estéticas e religiosas de uma região para outra. Ou até mesmo em uma mesma região. Nesse aspecto, a arte africana não pode ser vista como homogênea, pois cada comunidade possui seu próprio estilo. FIGURA 9 - RAINHA