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FISIOLOGIA APLICADA A NUTRIÇÃO

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Brasília-DF. 
Fisiologia aplicada à Nutrição
Elaboração
Daniele Sá Vido
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................. 5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ..................................................................... 6
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO ........................................................................................... 9
CAPÍTULO 1 
ASPECTOS FISIOLÓGICOS FUNDAMENTAIS DO CORPO HUMANO .............................................. 9
CAPÍTULO 2
FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR .............................................................................................. 14
CAPÍTULO 3
FISIOLOGIA ENDÓCRINA ....................................................................................................... 25
CAPÍTULO 4
FISIOLOGIA RENAL ................................................................................................................ 32
CAPÍTULO 5
FISIOLOGIA DO APARELHO DIGESTÓRIO ................................................................................ 40
CAPÍTULO 6
NEUROFISIOLOGIA ................................................................................................................ 47
CAPÍTULO 7
TEMPERATURA CORPORAL E SUA REGULAÇÃO ....................................................................... 59
CAPÍTULO 8
APETITE E FOME .................................................................................................................... 68
UNIDADE II
TERMOMETABOLOGIA ........................................................................................................................ 75
CAPÍTULO 1
BALANÇO ENERGÉTICO ........................................................................................................ 75
CAPÍTULO 2
DENSIDADE ENERGÉTICA DOS ALIMENTOS ............................................................................. 86
CAPÍTULO 3
GASTO ENERGÉTICO ............................................................................................................. 91
CAPÍTULO 4
FATORES QUE AFETAM O GASTO DE ENERGIA ......................................................................... 95
PARA (NÃO) FINALIZAR ...................................................................................................................... 98
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 104
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem 
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela 
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade 
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos 
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma 
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para 
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar 
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a 
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de 
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões 
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao 
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e 
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos 
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
Introdução
A fisiologia tenta explicar os fatores físicos e químicos responsáveis pela origem, pelo desenvolvimento 
e pela progressão da vida. Cada tipo de vida, desde o mais simples vírus até a maior árvore ou 
o complexo ser humano, possui características funcionais próprias. Portanto, o vasto campo da 
fisiologia pode ser dividido cm fisiologia viral, fisiologia bacteriana, fisiologia celular, fisiologia 
vegetal, fisiologia humana, e em muitas outras áreas.
Na fisiologia humana, estamos interessados nas características e nos mecanismos específicos do 
corpo humano que o tornam um ser vivo. O simples fato de permanecermos vivos está quase além 
de nosso controle, pois a fome nos faz procurar alimento e o medo, a buscar abrigo. As sensações 
de frio nos levam a produzir calor e outras forças nos levam a procurar companhia e a reproduzir. 
Assim, o ser humano é, na verdade, um autômato, e o fato de sermos seres que sentem, que têm 
sentimentos e conhecimentos permite-nos viver sob condições extremamente variáveis que, de 
outra forma, impossibilitariam a vida.
Objetivos
 » Compreender a regulação do metabolismo e da funcionalidade celulares.
 » Analisar os mecanismos de funcionamento dos sistemas orgânicos, tendo uma visão 
da importância de cada um deles e do funcionamento integrado do organismo.
 » Analisar as inter-relações das vias metabólicas intracelulares de tecidos e órgãos.
9
UNIDADE I
FISIOLOGIA GERAL 
APLICADA À 
NUTRIÇÃO
CAPÍTULO 1 
Aspectos fisiológicos fundamentais do 
corpo humano
Se você viver 65 anos ou mais consumirá mais de 70 mil refeições e o seu notável 
corpo terá utilizado 50 toneladas de alimento. Os alimentos que você escolhe temefeitos acumulativos sobre seu corpo. Aos 65 anos de idade, você verá e sentirá 
esses efeitos.
Seu corpo renova suas estruturas continuamente e a cada dia constrói um pouco 
de músculo, osso, pele e sangue, substituindo tecidos velhos por novos. Acrescente 
também um pouco de gordura, se você consumir energia alimentar em excesso, 
ou subtraia um pouco, no caso de consumir menos do que precisa. Desse modo, o 
alimento que você ingere, hoje, torna-se parte de “você” amanhã. O melhor alimento, 
então, é o do tipo que dá suporte ao crescimento e à manutenção de músculos fortes, 
ossos firmes, pele sadia e sangue suficiente para limpar e nutrir todas as partes do seu 
corpo. Isso significa que você necessita de alimentos que não somente lhe forneçam 
energia, mas também nutrientes suficientes, ou seja, quantidades suficientes de 
água, carboidratos, gordura saudável, proteínas, vitaminas e sais minerais. E se os 
alimentos ingeridos fornecem muito pouco, ou demais, de um ou mais nutrientes 
todos os dias durante anos, então, quando você estiver velho, pode vir a sofrer seus 
efeitos, manifestados em uma doença grave. 
A questão é que uma variedade bem escolhida de alimentos supre a energia e a 
quantidade necessária de cada nutriente para prevenir a má nutrição. Má nutrição 
inclui deficiências, desequilíbrios e excessos de nutrientes e qualquer um deles pode 
cobrar um tributo da saúde ao longo do tempo. Portanto, é necessário compreender a 
fisiologia humana relacionando os sistemas biológicos com a nutrição.
Introdução 
As células do organismo metazoário associam-se e formam níveis diferentes de organização: tecidos, 
órgãos e sistemas de órgãos. Um tecido deve ser sempre interpretado como morfo-funcionalmente, 
10
UNIDADE I │ FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO
como o produto da interação entre grupos de células e de substâncias intercelulares que desempenham 
uma ou mais tarefas específicas. Um órgão é constituído por mais de um tipo de tecido em diferentes 
proporções e padrões. Um sistema de órgãos envolve mais de um órgão interagindo física, química e 
funcionalmente para que uma determinada tarefa seja efetuada.
Níveis de Organização de um Ser Vivo (Metazoario)
Cada célula realiza atividades metabólicas essenciais para a sua própria sobrevivência e, ao mesmo 
tempo, desempenha a função específica do tecido de cujo órgão faz parte. Todos os organismos 
vivos, independentemente de ter ou não organização metazoária, compartilham características e 
propriedades comuns.
1. Manutenção equilibrada do meio interno, operando dentro de condições toleráveis 
às extremas variações do meio ambiente.
2. Aquisição de nutrientes e outras substâncias do meio ambiente externo, garantindo 
sua distribuição pelo corpo.
3. Excreção de produtos finais do metabolismo e outras substâncias indesejáveis para 
o organismo.
4. Proteção contra injúrias.
5. Reprodução.
11
FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO │ UNIDADE I
A figura mostra os diferentes sistemas de órgãos do corpo humano. Para que o organismo funcione 
como uma unidade funcionalmente integrada, são necessários mecanismos de monitoramento 
dos acontecimentos ambientais externos e internos (de órgãos sensoriais), de processamento dos 
sinais e produção de comandos (do sistema nervoso e endócrino) e, finalmente, de execução 
coordenada das tarefas de ajustes (de um sistema muscular e glandular).
Homeostasia e sistemas de controle
Por mais que os seres vivos apresentem uma ampla capacidade de ajuste frente às variações que 
ocorrem no meio ambiente, todos estão sujeitos aos seus respectivos limites de tolerância.
O gráfico mostra que o peixe possui uma ampla zona de tolerância em relação à variação da 
temperatura ambiental.
Denominamos de temperatura crítica inferior (Tci) e superior (Tcs) os respectivos limites em que 
a taxa de sobrevivência desses animais é de 100%. Quando a temperatura diminui ou aumenta, 
aquém ou além das temperaturas críticas, a taxa de sobrevivência vai diminuindo até que nenhum 
animal suporte mais as variações. A zona de resistência corresponde à faixa de variações térmicas 
em que a sobrevivência dos animais fica comprometida. Cada espécie possui um perfil típico de 
tolerância e de resistência às variações da temperatura ambiental. Essa ideia pode ser aplicada a 
outras variáveis de importância biológica como tensão de oxigênio, osmolaridade, pH etc.
Os seres vivos sofrem desafios contínuos frente à instabilidade e à imprevisibilidade do meio 
ambiente externo. O ideal é se manter dentro da zona de tolerância e, se submetido às variações 
críticas (zona de resistência), esquivar-se dela. Para realizar esses ajustes, os organismos necessitam 
de mecanismos detectores das variações, mecanismos que proponham soluções corretivas e 
mecanismos que efetuam esses reajustem.
Denominamos homeostase a condição de estabilidade operacional do meio interno, inclui não 
só o controle de parâmetros térmicos como de vários outros parâmetros biológicos. Nos animais 
homeotérmicos, a homeostasia tem a ver com a regulação constante da temperatura corporal 
12
UNIDADE I │ FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO
nos limites estreitos, pois não toleram grandes oscilações da temperatura. O fato de os animais 
ectodérmicos serem termoconformadores (nos limites de tolerância) quer dizer que as condições 
de homeostase térmica são diferentes.
Nos animais homeotérmicos, os sensores térmicos (termorreceptores) monitoram constantemente 
as variações térmicas do corpo e essa informação é enviada para um termostato situado no sistema 
nervoso. A temperatura detectada é comparada com o ponto de ajuste e, se for necessário, são 
executados ajustes nos mecanismos produtores e trocadores de calor, no sentido de restabelecer 
a condição desejada. Qualquer que seja o mecanismo de ajuste da homeostase corporal são 
necessários, no mínimo, três componentes essenciais.
a. Órgãos sensoriais: altamente sensíveis à detecção de mudanças específicas dos 
meios interno ou externo.
b. Órgãos de processamento e de integração: local de recebimento e processamento 
da informação; está capacitado para analisá-la e elaborar comandos de ação.
c. Órgãos efetuadores: sistemas de órgãos que executam as tarefas necessárias para o 
restabelecimento do controle.
Mecanismos homeostáticos 
Há dois mecanismos universais utilizados pelos sistemas vivos para se realizar a regulação dos 
parâmetros biológicos.
Controle por retroalimentação negativa (Feedback negativo) 
Quando uma determinada alteração é detectada pelos receptores sensoriais, esta é comunicada ao 
integrador, que compara a variação com o ponto de ajuste ideal e elabora comandos apropriados 
para que os órgãos efetuadores contrabalancem o efeito do estimulo, cancelando-o ou agindo 
contra ela.
Vamos reexaminar a regulação da temperatura corporal. Suponha que você esteja correndo num 
dia bem quente: a atividade muscular produz muito calor e o meio interno “esquenta”. O aumento 
da temperatura corporal estimula os receptores térmicos e estes informam ao sistema nervoso 
central sobre a nova situação térmica do meio interno. Imediatamente, comandos nervosos 
são enviados aos órgãos efetuadores no sentido de contrabalançar os efeitos do aumento de 
temperatura: você, então, para, deita-se à sombra, continua a suar profusamente e a ofegar (forma 
de perder calor por evaporação).
Esses e outros mecanismos contra o superaquecimento são desencadeados para refrear as 
atividades geradoras de calor e estimular as atividades que facilitam a perda de calor para o meio. 
Veremos, ao longo do curso de Fisiologia, vários exemplos sobre os mecanismos que operam 
regulando o meio interno por meio da retroalimentação negativa, como forma de restabelecer e 
manter a homeostasia.
13
FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO │ UNIDADE I
Controle por retoalimentação positiva (Feedback positivo) 
Algumas vezes, os sistemas de controle agem exacerbando uma mudança, porém por um determinado 
limitede tempo.
Uma vez iniciadas as atividades de interação sexual, sinais de receptividade sexual estimulam fortemente 
o parceiro. A reação positiva do parceiro excita a mulher mais ainda e, assim reciprocamente, até que 
a penetração ocorre e, eventualmente, a fertilização do óvulo. Note que a exacerbação da atividade 
sexual foi sendo retroalimentada progressivamente, mas até que o orgasmo fosse atingido.
O trabalho de parto inicia-se com o bebê exercendo pressão mecânica sobre a parede do útero. A 
distensão mecânica da parede uterina estimula a secreção da ocitocina, um hormônio hipotalâmico. 
A função da ocitocina é a de estimular a contração, causando aumento da pressão intrauterina num 
ciclo vicioso, até que finalmente o bebê é expulso.
Principais órgãos efetuadores do corpo
Podemos deduzir que os órgãos efetuadores do corpo são aquelas estruturas que executam tarefas 
determinadas por um certo comando. Podemos reconhecer os seguintes sistemas como executores 
de tarefas do corpo.
1. Sistema musculoesquelético: efetua os movimentos e as posturas do corpo e 
relaciona o organismo com o meio externo.
2. Sistema cardiocirculatório: efetua os ajustes do bombeamento sanguíneo, da 
pressão e do seu fluxo nos tecidos.
3. Sistema digestório: efetua a digestão e a absorção do alimento.
4. Sistema respiratório: efetua a captação de O2 e a eliminação de CO2.
5. Sistema renal: efetua a regulação hidroeletrolítica dos fluidos corporais Esses 
sistemas de órgãos efetuadores estão sob o controle do Sistema Nervoso e do 
Sistema Endócrino. 
Além do sistema nervoso, o sistema endócrino atua regulando a função celular dos mesmos órgãos 
efetuadores, porém fazendo ajustes que afetam o metabolismo celular. Ambos operam de maneira 
mais ou menos independente, mas o sistema nervoso controla o sistema endócrino. Enquanto 
o sistema nervoso exerce a sua influência rápida e localizadamente sobre os órgãos efetuadores 
por meio de impulsos elétricos, o sistema endócrino age mais lento, difusa e sustentadamente, 
através de mediadores químicos que chegam até os órgãos efetuadores através da circulação.
14
CAPÍTULO 2
Fisiologia cardiovascular
Introdução 
A função básica do sistema cardiovascular é a de levar material nutritivo e oxigênio às células. O 
sistema circulatório é um sistema fechado, sem comunicação com o exterior, constituído por tubos, 
que são chamados vasos, e por uma bomba percussora que tem como função impulsionar um líquido 
circulante de cor vermelha por toda a rede vascular. 
O sistema cardiovascular consiste no sangue, no coração e nos vasos sanguíneos. Para que o sangue 
possa atingir as células corporais e trocar materiais com elas, ele deve ser constantemente propelido 
ao longo dos vasos sanguíneos. O coração é a bomba que promove a circulação de sangue por cerca 
de 100 mil quilômetros de vasos sanguíneos.
Circulação pulmonar e sistêmica
Circulação pulmonar: leva sangue do ventrículo direito do coração para os pulmões e de volta 
ao átrio esquerdo do coração. Ela transporta o sangue pobre em oxigênio para os pulmões, onde ele 
libera o dióxido de carbono (CO2) e recebe oxigênio (O2). O sangue oxigenado, então, retorna ao lado 
esquerdo do coração para ser bombeado para a circulação sistêmica. 
Circulação sistêmica: é a maior circulação; ela fornece o suprimento sanguíneo para todo o 
organismo. A circulação sistêmica carrega oxigênio e outros nutrientes vitais para as células e capta 
dióxido de carbono e outros resíduos das células. 
Sangue
As células de nosso organismo precisam constantemente de nutrientes para manutenção do seu 
processo vital, os quais são levados até elas pelo sangue. 
Esses elementos nutritivos são constituídos por proteínas, hidratos de carbono e gordura, 
desdobrados em suas moléculas elementares (protídeos, lipídeos e glicídios) e, ainda, sais minerais, 
água e vitaminas. 
Ao sangue cabe também a função de transportar oxigênio para as células e servir de veículo para que 
elementos indesejáveis, como o gás carbônico, que deve ser expelido pelos pulmões, e a ureia, que 
deve ser eliminado pelos rins.
O sangue é composto por uma parte líquida, o plasma, constituído de substâncias nutritivas e 
elementos residuais das reações celulares. O plasma também possui uma parte organizada, os 
elementos figurados, que são os glóbulos sanguíneos e as plaquetas. 
15
FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO │ UNIDADE I
Os glóbulos dividem-se em vermelhos e brancos. Os glóbulos vermelhos são as hemácias, 
células sem núcleo contendo hemoglobina, um pigmento vermelho do sangue responsável pelo 
transporte de oxigênio e de gás carbônico. Os glóbulos brancos são os leucócitos, verdadeiras 
células nucleadas, incumbidas da defesa do organismo. São eles: neutrófilos, basófilos, eosinófilos, 
monócitos e linfócitos.
O sangue está contido num sistema fechado de canais (vasos sanguíneos), impulsionados pelo 
coração. Sai do coração pelas artérias que vão se ramificando em arteríolas e terminando em 
capilares que, por sua vez, se continuam em vênulas e veias, retornando ao coração. 
Em nível de capilares, o plasma é acompanhado de alguns linfócitos (raramente a hemácia pode 
extravasar para o espaço intersticial), constituindo a linfa, que, posteriormente, é reabsorvida pelos 
capilares linfáticos, passando aos vasos linfáticos e, então, às veias, sendo reintegrada à circulação. 
O coração é o ponto central da circulação. Partindo dele temos dois circuitos fechados distintos.
Circulação pulmonar ou direita ou pequena circulação: vai do coração aos pulmões e 
retorna ao coração. Destina-se à troca de gases (gás carbônico por oxigênio). 
Circulação sistêmica ou esquerda ou grande circulação: vai do coração para todo o 
organismo e retorna ao coração. Destina-se à nutrição sistêmica de todas as células. 
Coração
Apesar de toda a sua potência, o coração, em forma de cone, é relativamente pequeno, aproximadamente 
do tamanho do punho fechado, cerca de 10cm de comprimento, 9cm de largura em sua parte mais 
ampla e 6cm de espessura. Sua massa é, em média, de 250g, nas mulheres adultas, e 300g, nos 
homens adultos. 
O coração fica apoiado sobre o diafragma, perto da linha média da cavidade torácica, no mediastino, 
a massa de tecido que se estende do esterno à coluna vertebral e entre os revestimentos (pleuras) 
dos pulmões. Cerca de 2/3 de massa cardíaca ficam à esquerda da linha média do corpo. A posição 
do coração, no mediastino, é mais facilmente apreciada pelo exame de suas extremidades, suas 
superfícies e seus limites.
A extremidade pontuda do coração é o ápice, dirigida para frente, para baixo e para a esquerda. A 
porção mais larga do coração, oposta ao ápice, é a base, dirigida para trás, para cima e para a direita.
Limites do coração: A superfície anterior fica logo abaixo do esterno e das costelas. A superfície 
inferior é a parte do coração que, em sua maior parte, repousa sobre o diafragma, correspondendo 
à região entre o ápice e a borda direita. A borda direita está voltada para o pulmão direito e 
estende-se da superfície inferior à base; a borda esquerda, também chamada borda pulmonar, 
fica voltada para o pulmão esquerdo, estendendo-se da base ao ápice. Como limite superior, 
encontram-se os grandes vasos do coração e, posteriormente, a traqueia, o esôfago e a artéria 
aorta descendente.
16
UNIDADE I │ FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO
Camadas da parede cardíaca
Pericárdio 
 
A membrana que reveste e protege o coração. Ele restringe o coração à sua posição no mediastino, 
embora permita suficiente liberdade de movimentação para contrações vigorosas e rápidas. O 
pericárdio consiste em duas partes principais: pericárdio fibroso e pericárdio seroso. 
O pericárdio fibroso superficial é um tecido conjuntivo irregular, denso, resistente e inelástico. 
Assemelha-se a um saco, que repousa sobre o diafragma e se prende a ele. 
O pericárdio seroso, mais profundo, é uma membrana mais fina e mais delicada que forma uma 
dupla camada, circundandoo coração. A camada parietal, mais externa, do pericárdio seroso está 
fundida ao pericárdio fibroso. A camada visceral, mais interna, do pericárdio seroso, também 
chamado epicárdio, adere fortemente à superfície do coração.
Epicárdio 
A camada externa do coração é uma delgada lâmina de tecido seroso. O epicárdio é contínuo, a partir 
da base do coração, com o revestimento interno do pericárdio, denominado camada visceral do 
pericárdio seroso.
Miocárdio 
É a camada média e a mais espessa do coração. É composto de músculo estriado cardíaco. É esse 
tipo de músculo que permite que o coração se contraia e, portanto, impulsione sangue, ou o force 
para o interior dos vasos sanguíneos.
Endocárdio 
É a camada mais interna do coração. É uma fina camada de tecido composto por epitélio pavimentoso 
simples sobre uma camada de tecido conjuntivo. A superfície lisa e brilhante permite que o sangue 
corra facilmente sobre ela. O endocárdio também reveste as valvas e é contínuo com o revestimento 
dos vasos sanguíneos, que entram e saem do coração.
17
FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO │ UNIDADE I
Configuração externa
 O coração apresenta três faces e quatro margens.
a. Face anterior (esterno costal): formada principalmente pelo ventrículo direito. 
b. Face diafragmática (inferior): formada principalmente pelo ventrículo 
esquerdo e parcialmente pelo ventrículo direito; ela está relacionada principalmente 
com o tendão central do diafragma. 
c. Face pulmonar (esquerda): formada principalmente pelo ventrículo esquerdo; 
ela ocupa a impressão cárdica do pulmão esquerdo.
d. Margem direita: formada pelo átrio direito e estendendo-se entre as veias cava 
superior e inferior. 
e. Margem inferior: formada principalmente pelo ventrículo direito e, ligeiramente, 
pelo ventrículo esquerdo. 
f. Margem esquerda: formada principalmente pelo ventrículo esquerdo e, 
ligeiramente, pela aurícula esquerda. 
g. Margem superior: formada pelos átrios e pelas aurículas direitas e esquerdas em 
uma vista anterior; a parte ascendente da aorta e o tronco pulmonar emergem da 
margem superior, e a veia cava superior entra no seu lado direito. Posterior à aorta 
e ao tronco pulmonar e anterior à veia cava superior, a margem superior forma o 
limite inferior do seio transverso do pericárdio.
Externamente os óstios atrioventriculares correspondem ao sulco coronário, ocupado por artérias 
e veias coronárias. Esse sulco circunda o coração e é interrompido anteriormente pela artéria aorta 
e pelo tronco pulmonar. 
O septo interventricular na face anterior corresponde ao sulco interventricular anterior e na face 
diafragmática ao sulco interventricular posterior. 
O sulco interventricular termina inferiormente a alguns centímetros do à direita do ápice do coração, 
em correspondência a incisura do ápice do coração.
18
UNIDADE I │ FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO
Configuração interna
O coração possui quatro câmaras: dois átrios e dois ventrículos. Os átrios (câmaras superiores) 
recebem sangue; os ventrículos (câmaras inferiores) bombeiam o sangue para fora do coração. 
Na face anterior de cada átrio, existe uma estrutura enrugada, em forma de saco, chamada aurícula 
(semelhante à orelha do cão). 
O átrio direito é separado do esquerdo por uma fina divisória chamada septo interatrial; o ventrículo 
direito é separado do esquerdo pelo septo interventricular.
Ciclo cardíaco
Um ciclo cardíaco único inclui todos os eventos associados a um batimento cardíaco. No ciclo 
cardíaco normal os dois átrios contraem-se, enquanto os dois ventrículos relaxam e vice versa. O 
termo sístole designa a fase de contração; a fase de relaxamento é designada como diástole.
Quando o coração bate, os átrios contraem-se primeiramente (sístole atrial), forçando o sangue 
para os ventrículos. Uma vez preenchidos, os dois ventrículos contraem-se (sístole ventricular) e 
forçam o sangue para fora do coração. 
19
FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO │ UNIDADE I
Para que o coração seja eficiente na sua ação de bombeamento, é necessário mais que a contração 
rítmica de suas fibras musculares. A direção do fluxo sanguíneo deve ser orientada e controlada, 
o que é obtido por quatro valvas, já citadas: duas localizadas entre o átrio e o ventrículo – 
atrioventriculares (valva tricúspide e bicúspide); e duas localizadas entre os ventrículos e as grandes 
artérias que transportam sangue para fora do coração – semilunares (valva pulmonar e aórtica). 
As valvas e válvulas impedem o refluxo, elas se fecham após a passagem do sangue.
 » Sístole é a contração do músculo cardíaco, temos a sístole atrial que 
impulsiona sangue para os ventrículos. Assim as valvas atrioventriculares 
estão abertas à passagem de sangue e a pulmonar e a aórtica estão 
fechadas. Na sístole ventricular, as valvas atrioventriculares estão fechadas 
e as semilunares abertas à passagem de sangue. 
 » Diástole é o relaxamento do músculo cardíaco, é quando os ventrículos 
se enchem de sangue. Nesse momento as valvas atrioventriculares estão 
abertas e as semilunares estão fechadas. 
Podemos dizer, então, que o ciclo cardíaco compreende: sístole atrial, sístole 
ventricular e diástole ventricular.
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UNIDADE I │ FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO
Vascularização
A irrigação do coração é assegurada pelas artérias coronárias e pelo seio coronário. 
As artérias coronárias são duas: uma direita e outra esquerda. Elas têm esse nome porque ambas 
percorrem o sulco coronário e são as duas originadas da artéria aorta. 
Essa artéria, logo depois da sua origem, dirige-se para o sulco coronário, percorrendo-o da direita 
para a esquerda, até se anastomosar com o ramo circunflexo, que é o ramo terminal da artéria 
coronária esquerda, que faz continuação desta, circundando o sulco coronário. 
A artéria coronária direita: da origem a duas artérias que vão irrigar a margem direita e a parte 
posterior do coração, são ela artéria marginal direita e artéria interventricular posterior. 
A artéria coronária esquerda: de início, passa por um ramo por trás do tronco pulmonar para 
atingir o sulco coronário, evidenciando-se nas proximidades do ápice da aurícula esquerda. 
Logo, em seguida, emite um ramo interventricular anterior e um ramo circunflexo que origina a 
artéria marginal esquerda. 
O sangue venoso é coletado por diversas veias que desembocam na veia magna do coração, que 
inicia em nível do ápice do coração, sobe o sulco interventricular anterior e segue o sulco coronário 
da esquerda para a direita, passando pela face diafragmática, para ir desembocar no átrio direito. 
A porção terminal desse vaso, representada por seus últimos 3cm forma uma dilatação que recebe 
o nome de seio coronário. 
O seio coronário recebe, ainda, a veia média do coração, que percorre de baixo para cima o sulco 
interventricular posterior, e a veia pequena do coração, que margeia a borda direita do coração. 
Há, ainda, veias mínimas, muito pequenas, as quais desembocam diretamente nas cavidades 
cardíacas. 
Inervação
A inervação do músculo cardíaco é formada de duas formas: extrínseca, que provém de nervos 
situados fora do coração, e intrínseca, que constitui um sistema só encontrado no coração e que 
se localiza no seu interior. 
A inervação extrínseca deriva do sistema nervoso autônomo, isto é, simpático e parassimpático. 
Do simpático, o coração recebe os nervos cardíacos simpáticos, sendo três cervicais e quatro ou 
cinco torácicos. As fibras parassimpáticas que vão ter ao coração seguem pelo nervo vago (X par 
craniano), do qual derivam nervos cardíacos parassimpáticos, sendo dois cervicais e um torácico. 
Fisiologicamente, o simpático acelera e o parassimpático retarda os batimentos cardíacos. 
A inervação intrínseca, ou sistema de condução do coração, é a razão dos batimentos contínuos 
do coração. É uma atividade elétrica, intrínseca e rítmica, que se origina em uma rede de fibras 
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FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO │ UNIDADE I
musculares cardíacas especializadas,chamadas células autorrítmicas (marca-passo cardíaco), por 
serem autoexcitáveis. 
A excitação cardíaca começa no nodo sino-atrial (SA), situado na parede atrial direita, inferior à 
abertura da veia cava superior. Propagando-se ao longo das fibras musculares atriais, o potencial 
de ação atinge o nodo atrioventricular (AV), situado no septo interatrial, anterior a abertura do 
seio coronário. Do nodo AV, o potencial de ação chega ao feixe atrioventricular (feixe de His), que 
é a única conexão elétrica entre os átrios e os ventrículos. Após ser conduzido ao longo do feixe 
AV, o potencial de ação entra nos ramos direito e esquerdo, que cruzam o septo interventricular, 
em direção ao ápice cardíaco. Finalmente, as miofibras condutoras (fibras de Purkinge) conduzem 
rapidamente o potencial de ação, primeiro para o ápice do ventrículo e, após, para o restante do 
miocárdio ventricular.
Vasos sanguíneos
Formam uma rede de tubos que transportam sangue do coração em direção aos tecidos do corpo e 
de volta ao coração. Os vasos sanguíneos podem ser divididos em sistema arterial e sistema venoso. 
Sistema arterial: constitui um conjunto de vasos que, partindo do coração, vão se ramificando, 
cada ramo em menor calibre, até atingirem os capilares. 
Sistema venoso: formam um conjunto de vasos que, partindo dos tecidos, vão se formando em 
ramos de maior calibre até atingirem o coração. 
Os vasos sanguíneos que conduzem o sangue para fora do coração são as artérias. Estas se ramificam 
muito, tornam-se progressivamente menores, e terminam em pequenos vasos determinados 
arteríolas. A partir desses vasos, o sangue é capaz de realizar suas funções de nutrição e de absorção 
atravessando uma rede de canais microscópicos, chamados capilares, os quais permitem ao sangue 
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UNIDADE I │ FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO
trocar substâncias com os tecidos. Dos capilares, o sangue é coletado em vênulas; em seguida, por 
meio das veias de diâmetro maior, alcança de novo o coração. Essa passagem de sangue através do 
coração e dos vasos sanguíneos é chamada de circulação sanguínea.
Sistema arterial
Conjunto de vasos que saem do coração e se ramificam sucessivamente, distribuindo-se para todo 
o organismo. Do coração saem o tronco pulmonar (relaciona-se com a pequena circulação, ou seja, 
leva sangue venoso para os pulmões através de sua ramificação – duas artérias pulmonares uma 
direita e outra esquerda) e a artéria aorta (carrega sangue arterial para todo o organismo através de 
suas ramificações). 
Artérias importantes do corpo humano
Sistema do tronco pulmonar: o tronco pulmonar sai do coração pelo 
ventrículo direito e bifurca-se em duas artérias pulmonares – uma direita 
e outra esquerda. Cada uma delas se ramifica a partir do hilo pulmonar 
em artérias segmentares pulmonares. 
Ao entrar nos pulmões, esses ramos se dividem e subdividem até 
formarem capilares, em torno alvéolos nos pulmões. O gás carbônico 
passa do sangue para o ar e é exalado. O oxigênio passa do ar, no interior 
dos pulmões, para o sangue. Esse mecanismo é denominado hematose. 
Sistema da artéria aorta (sangue oxigenado): é a maior artéria do corpo, com diâmetro de 2 
a 3cm. Suas quatro divisões principais são a aorta ascendente, o arco da aorta, a aorta torácica e a 
aorta abdominal. A aorta é o principal tronco das artérias sistêmicas. A parte da aorta que emerge 
do ventrículo esquerdo, posterior ao tronco pulmonar, é a aorta ascendente.
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FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO │ UNIDADE I
Sistema venoso
É constituído por tubos chamados de veias que têm como função conduzir o sangue dos capilares 
para o coração. As veias, também como as artérias, pertencem à grande e à pequena circulação. 
O circuito que termina no átrio esquerdo através das quatro veias pulmonares trazendo sangue 
arterial dos pulmões chama-se pequena circulação ou circulação pulmonar. E o circuito que 
termina no átrio direito através das veias cavas e do seio coronário retornando com sangue venoso 
chama-se grande circulação ou circulação sistêmica. 
Veias importantes do corpo humano
 » Veias da circulação pulmonar (ou pequena circulação): as veias que 
conduzem o sangue que retorna dos pulmões para o coração, após sofrer a hematose 
(oxigenação), recebem o nome de veias pulmonares. 
São quatro veias pulmonares, duas para cada pulmão, uma direita superior e uma 
direita inferior, uma esquerda superior e uma esquerda inferior. 
As quatro veias pulmonares vão desembocar no átrio esquerdo. Essas veias são formadas 
pelas veias segmentares que recolhem sangue venoso dos segmentos pulmonares. 
 » Veias da circulação sistêmica (ou da grande circulação): duas grandes 
veias desembocam no átrio direito trazendo sangue venoso para o coração. São elas: 
veia cava superior e veia cava inferior. Temos, também, o seio coronário, que é um 
amplo conduto venoso formado pelas veias que estão trazendo sangue venoso que 
circulou no próprio coração. 
 › Veia cava superior: a veia cava superior tem o comprimento de cerca de 
7cm e diâmetro de 2cm e origina-se dos dois troncos braquiocefálicos (ou veia 
braquiocefálica direita e esquerda). 
Cada veia braquiocefálica é constituída pela junção da veia subclávia (que recebe 
sangue do membro superior) com a veia jugular interna (que recebe sangue da 
cabeça e pescoço).
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UNIDADE I │ FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO
 › Veia cava inferior: a veia cava inferior é a maior veia do corpo, com diâmetro 
de cerca de 3cm e é formada pelas duas veias ilíacas comuns, que recolhem 
sangue da região pélvica e dos membros inferiores. 
 › Seio coronário e veias cardíacas: o seio coronário 
é a principal veia do coração. Ele recebe quase todo 
o sangue venoso do miocárdio. Fica situado no sulco 
coronário, abrindo-se no átrio direito. É um amplo 
canal venoso para onde drenam as veias. Recebe a veia 
cardíaca magma (sulco interventricular anterior) em 
sua extremidade esquerda, a veia cardíaca média (sulco 
interventricular posterior) e a veia cardíaca parva 
em sua extremidade direita. Diversas veias cardíacas 
anteriores drenam diretamente para o átrio direito.
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CAPÍTULO 3
Fisiologia endócrina
Introdução
Há, no organismo, algumas glândulas das quais a função é essencial para a vida. São conhecidas 
pelo nome de glândulas endócrinas ou de secreção interna, porque as substâncias por elas 
elaboradas passam diretamente para o sangue.
Essas glândulas não têm, portanto, um ducto excretor, mas são os próprios vasos sanguíneos que, 
capilarizando-se nelas, recolhem as secreções. As glândulas de secreção interna ou endócrinas 
distinguem-se, assim, nitidamente, das glândulas de secreção externa, ditas exócrinas; estas são, 
na verdade, dotadas de um ducto excretor e compreendem as glândulas do aparelho digestivo, 
como as glândulas salivares, o pâncreas, as glândulas do estômago e do intestino etc.
As glândulas endócrinas secretam substâncias particulares que provocam no organismo funções 
biológicas de alta importância: os hormônios. As principais glândulas endócrinas do organismo são 
o pâncreas, a tireoide, as paratireoides, as cápsulas suprarrenais, a hipófise, as gônadas.
As atividades das diferentes partes do corpo estão integradas pelo sistema nervoso e os hormônios 
do sistema endócrino. As glândulas do sistema endócrino secretam hormônios que difundem ou são 
transportados pela corrente circulatória a outras células do organismo, regulando suas necessidades. 
As glândulas de secreção interna desempenham papel primordial na manutenção da constância da 
concentração de glicose, sódio potássio, cálcio, fosfato, água no sangue e líquidos extracelulares. A 
secreção verifica-se mediante glândulas diferenciadas, as quais podem ser exócrinas (de secreção 
externa) ou endócrinas (de secreção interna).
Chamamos glândulas exócrinas as que são providas de um conduto pelo qual vertem ao exterior 
o produto de sua atividade secretora, tais como o fígado, as glândulas salivares e as sudoríparas.As glândulas endócrinas são aquelas que carecem de um conduto excretor e, portanto, vertem 
diretamente no sangue seu conteúdo, como, por exemplo, a tireoide, o timo etc. Existem, além 
disso, as mistas, que produzem secreções internas e externas, como ocorre com o pâncreas (que 
produz suco pancreático e insulina) e o fígado.
As glândulas endócrinas têm muita importância, pois são capazes de elaborar complexas 
substâncias com os ingredientes que extraem do sangue e da linfa. Esses compostos, os 
hormônios, possuem qualidades altamente específicas. Cada glândula endócrina fabrica seu(s) 
produto(s) ou produtos característico(s) dotado(s) de propriedades físicas, fisiológicas ou 
farmacológicas especiais.
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UNIDADE I │ FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO
Sistema endócrino
Hormônio
É uma substância secretada por células de uma parte do corpo que passa a outra parte, onde atua 
pouca concentração, regulando o crescimento ou a atividade das células. No sistema endócrino, 
distinguimos três partes: célula secretória, mecanismo de transporte e célula branca, cada uma 
caracterizada por sua maior ou menor especificação. Geralmente cada hormônio é sintetizado por 
um tipo específico de células.
Os hormônios podem ser assim divididos.
a. Glandulares: são elaborados pelas glândulas endócrinas e vertidos por estas 
diretamente ao sangue, que as distribui a todos os órgãos, onde logo exercem suas 
funções. Subdividem-se em dois grupos, conforme realizam uma ação excitante ou 
moderadora sobre a função dos órgãos sobre os quais influem.
b. Tissulares ou aglandulares: são formados em órgãos distintos e sem correlação 
nem interdependência entre eles: sua ação é exclusivamente local e a exercem no 
órgão em que se formam ou nos territórios vizinhos. Sob o aspecto químico, os 
hormônios podem dividir-se em duas grandes classes.
c. Hormônios esteroides: aos quais pertencem as corticossuprarrenais e sexuais.
d. Hormônios proteicos: (verdadeiras proteínas) ou aminoácidos (mais ou menos 
modificados), as quais pertencem os hormônios tireoides, hipofisárias, pancreáticas 
e paratireoides.
As características físico-químicas dos hormônios são: facilidade de solubilidade nos líquidos 
orgânicos, difusibilidade nos tecidos e resistência ao calor. A modalidade da secreção hormonal por 
parte das glândulas endócrinas não é, todavia bem conhecida, já que falta saber, com exatidão, se 
produz de maneira contínua ou é armazenada na glândula e derramada na circulação no momento 
de sua utilização, ou se produz unicamente quando é necessária, ou se uma pequena parte é posta 
continuamente em circulação.
Glândulas 
Hipotálamo
Localiza-se na base do encéfalo, sob uma região encefálica denominada tálamo. A função endócrina 
do hipotálamo está a cargo das células neurossecretoras, que são neurônios especializados na 
produção e na liberação de hormônios.
A hipófise é dividida em três partes, denominadas lobos anterior, posterior e intermédio. Esse 
último pouco desenvolvido no homem. O lobo anterior (maior) é designado adeno-hipófise e o lobo 
posterior, neuro-hipófise.
27
FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO │ UNIDADE I
 » Hormônios produzidos no lobo anterior da hipófise
 › Samatotrofina (GH) – Hormônio do crescimento.
 › Hormônio tireotrófico (TSH) – Estimula a glândula tireoide.
 › Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) – Age sobre o córtex das glândulas 
suprarrenais.
 › Hormônio folículo-estimulante (FSH) – Age sobre a maturação dos folículos 
ovarianos e dos espermatozoides.
 › Hormônio luteinizante (LH) – Estimula as células intersticiais do ovário e do 
testículo; provoca a ovulação e a formação do corpo amarelo.
 › Hormônio lactogênico (LTH) ou prolactina – Interfere no desenvolvimento das 
mamas, na mulher, e na produção de leite.
Os hormônios designados pelas siglas FSH e LH podem ser reunidos sob a 
designação geral de gonadotrofinas.
 » Hormônios produzidos pelo lobo posterior da hipófise
 › Oxitocina – age particularmente na musculatura lisa da parede do útero, 
facilitando, assim, a expulsão do feto e da placenta.
 › Hormônio antidiurético (ADH) ou vasopressina – constitui-se em um mecanismo 
importante para a regulação do equilíbrio hídrico do organismo.
Tireoide
Situada na porção anterior do pescoço, a tireoide consta dos lobos direito, esquerdo e piramidal. Os 
lobos direito e esquerdo são unidos na linha mediana por uma porção estreitada – o istmo.
A tireoide é regulada pelo hormônio tireotrófico (TSH) da adeno-hipófise. Seus hormônios – tiroxina 
e triiodotironina – requerem iodo para sua elaboração.
Paratireoide
Constituídas geralmente por quatro massas celulares, as paratireoides medem, em média, cerca 
de 6mm de altura por 3mm a 4mm de largura e apresentam o aspecto de discos ovais achatados. 
Localizam-se junto à tireoide. Seu hormônio – o paratormônio – é necessário para o metabolismo 
do cálcio.
Suprarrenal ou adrenal
Em cada glândula suprarrenal, há duas partes distintas: o córtex e a medula. Cada parte tem função 
diferente.
28
UNIDADE I │ FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO
Os vários hormônios produzidos pelo córtex – as corticosteronas – controlam o metabolismo do 
sódio e do potássio e o aproveitamento de açúcares, lipídios, sais e águas, entre outras funções.
A medula produz adrenalina (epinefrina) e noradrenalina (norepinefrina). Esses hormônios são 
importantes na ativação dos mecanismos de defesa do organismo diante de condições de emergência, 
tais como emoções fortes, stress, choque entre outros; preparam o organismo para a fuga ou luta.
Pâncreas
O pâncreas produz o hormônio insulina, que regula o nível de glicose no sangue.
Em certas condições, por exemplo, quando se ingere muito açúcar, o nível de glicose no sangue 
aumenta muito, então o pâncreas libera insulina no sangue.
Esse hormônio aumenta a absorção de glicose nas células. O excesso de glicose é retirado do sangue 
e o nível desse açúcar volta ao normal. Quando o pâncreas produz uma quantidade insuficiente de 
insulina, surge uma doença conhecida como “diabetes”. Nesse caso, o excesso de glicose permanece no 
sangue: é a hiperglicemia, constatada pela presença de glicose na urina. A incapacidade das células em 
absorver adequadamente a glicose do sangue provoca alguns sintomas, como a sensação de fraqueza 
muscular e fome.
O pâncreas não é somente uma glândula endócrina, pois este órgão constitui uma glândula de 
secreção externa; produz, na verdade, o suco pancreático, que serve para digerir os alimentos e que 
é lançado no duodeno por um ducto que percorre o pâncreas em toda a sua extensão. Em um corte 
do pâncreas, contudo, notam-se “ilhas” de substância formada de células diversas das do resto da 
glândula: são as ilhotas de Langerhans, que são dotadas, justamente, de uma função endócrina.
As ilhotas de Langerhans produzem um hormônio, a insulina, da qual a função é permitir a 
utilização dos açúcares por parte dos tecidos e, em particular, dos músculos, para cuja atividade o 
açúcar é fundamental. Quando acontece faltar a insulina, os açúcares não podem ser utilizados pelos 
músculos e ficam no sangue: é a diabete. Essa moléstia é causada, na verdade, pela hiperglicemia, isto 
é, pela presença no sangue dos açúcares em proporção superior à normal, um por mil. Aumentando 
o açúcar no sangue, a certo ponto, o rim não consegue mais reter esse açúcar, que passa, em grande 
quantidade através dos glomérulos e aparece na urina.
Ovários
Na puberdade, a adeno-hipófise passa a produzir quantidades crescentes do hormônio folículo-
estimulante (FSH). Sob a ação do FSH, os folículos imaturos do ovário continuam seu desenvolvimento, 
o mesmo acontecendo com os óvulos neles contidos. O folículo em desenvolvimento secreta 
hormônios denominados estrógenos, responsáveis pelo aparecimento das características sexuais 
secundárias femininas.
Outro hormônio produzido pela adeno-hipófise – hormônio luteinizante (LH) – atua sobre o ovário, 
determinando o rompimento do folículo maduro, coma expulsão do óvulo (ovulação).
O corpo amarelo (corpo lúteo) continua a produzir estrógenos e inicia a produção de outro hormônio 
– a progesterona – que atuará sobre o útero, preparando-o para receber o embrião, caso tenha 
ocorrido a fecundação.
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FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO │ UNIDADE I
Testículos (células de Leydig)
Entre os túbulos seminíferos se encontra um tecido intersticial, constituído principalmente 
pelas células de Leydig, onde se dá a formação dos hormônios andrógenos (hormônios sexuais 
masculinos), em especial a testosterona.
Os hormônios andrógenos desenvolvem e mantém os caracteres sexuais masculinos.
Disfunções do sistema endócrino
a. Distúrbios hormonais
Se uma glândula endócrina produzir uma quantidade muito grande ou muito pequena 
de um determinado hormônio, podem ocorrer doenças. Podem ser prescritos 
remédios para alterar a produção desse hormônio pelo organismo ou uma versão 
sintética dele. Os sintomas de disfunção hormonal são variados porque o sistema 
endócrino controla inúmeras funções orgânicas.
b. Disfunções da pituitária
A falta do hormônio do crescimento impede que a criança cresça normalmente 
(nanismo); a produção excessiva faz com que cresça demais (gigantismo). Se o 
tratamento começar logo, a criança alcançará uma altura normal.
c. Disfunções da tireoide
A produção insuficiente de hormônios pela tireoide causa hipotiroidismo. Os 
sintomas são apatia, aumento de peso e ressecamento da pele. A maioria das pessoas 
com excesso de peso não tem problemas de tireoide.
d. Sintomas de distúrbio hormonal
Os sintomas associados a distúrbios hormonais são variados e refletem as 
diferentes funções orgânicas controladas pelos hormônios. Caso haja suspeita 
de alguma disfunção endócrina, um simples teste de sangue pode esclarecer o 
diagnóstico. Os sintomas mais comuns incluem: fadiga, sede, produção excessiva 
de urina, desenvolvimento sexual lento ou prematuro, excesso de pelos no corpo, 
ganho ou perda de peso, mudança na distribuição de gordura no corpo, ansiedade 
e mudanças na pele. Caso o indivíduo apresente algum destes sintomas, deverá 
consultar o seu médico.
Insulina e glucagon
O tecido pancreático é constituído por numerosos ácinos (ácinos pancreáticos), que são responsáveis 
pela produção das diversas enzimas secretadas através do ducto pancreático no tubo digestório. 
Tais enzimas constituem um tipo de secreção denominada secreção exócrina.
Além dessa função exócrina, o tecido pancreático secreta também hormônios diretamente à corrente 
sanguínea. A secreção endócrina do pâncreas é feita através de milhares de grupamentos celulares 
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UNIDADE I │ FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO
denominados Ilhotas de Langerhans, distribuídas por todo o tecido pancreático. Cada Ilhota de 
Langerhans é constituída por diversos tipos de células. Destacam-se as células alfa, que produzem 
o hormônio glucagon e as células beta, que produzem a insulina.
Ambos os hormônios, insulina e glucagon, são bastante importantes devido aos seus efeitos no 
metabolismo dos carboidratos, das proteínas e das gorduras.
Insulina
Produzida pelas células beta das ilhotas de Langerhans, atua no metabolismo dos carboidratos, das 
proteínas e das gorduras.
 » Efeitos da insulina no metabolismo dos carboidratos
 › Aumento no transporte de glicose através da membrana celular
 › Aumento na disponibilidade de glicose no líquido intracelular
 › Aumento na utilização de glicose pelas células
 › Aumento na glicogênese (polimerização de glicose, formando glicogênio), 
principalmente no fígado e nos músculos
 › Aumento na transformação de glicose em gordura
 » Efeitos da insulina no metabolismo das proteínas
 › Aumento no transporte de aminoácidos através da membrana celular
 › Maior disponibilidade de aminoácidos no líquido intracelular
 › Aumento na quantidade de RNA no líquido intracelular
 › Aumento na atividade dos ribossomos no interior das células
 › Aumento na síntese proteica
 › Redução na lise proteica
 › Aumento no crescimento
 » Efeitos da insulina no metabolismo das gorduras
 › Aumento na transformação de glicose em gordura
 › Redução na mobilização de ácidos graxos dos tecidos adiposos
 › Redução na utilização de ácidos graxos pelas células glucagon
Secretado pelas células alfa das ilhotas de Langerhans, é muito importante principalmente para 
evitar que ocorra uma hipoglicemia acentuada no organismo de uma pessoa. Quando a concentração 
31
FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO │ UNIDADE I
de glicose no sangue atinge valores baixos, as células alfa das ilhotas de Langerhans liberam uma 
maior quantidade de glucagon. O glucagon, então, faz com que a glicose sanguínea aumente e 
retorne aos valores aceitáveis como normal.
Os principais mecanismos através dos quais o glucagon faz aumentar a glicemia são estes.
a. Aumento na glicogenólise (despolimerização do glicogênio armazenado nos tecidos, 
liberando glicose para a circulação)
b. Aumento na gliconeogênese, por meio da qual elementos que não são carboidratos 
(proteínas e glicerol) transformam-se em glicose.
32
CAPÍTULO 4
Fisiologia renal
Introdução
A circulação extracorpórea é um agente capaz de produzir alterações nas funções do sistema renal e 
no equilíbrio dos líquidos e dos eletrólitos do organismo. Os rins são fundamentais na regulação do 
meio interno, onde estão imersas as células de todos os órgãos.
Os rins desempenham duas funções primordiais no organismo: 1. eliminação de produtos terminais 
do metabolismo orgânico, como ureia, creatinina e ácido úrico, entre outros; 2. controle da 
concentração da água e da maioria dos constituintes dos líquidos do organismo, tais como sódio, 
potássio, cloro, bicarbonato e fosfatos.
Os rins exercem suas funções, principalmente, por meio da filtração glomerular, da reabsorção 
tubular e da secreção tubular de diversas substâncias.
O sistema urinário, encarregado da produção, da coleta e da eliminação da urina está localizado 
no espaço retroperitonial, de cada lado da coluna vertebral dorsolombar. É constituído pelos rins 
direito e esquerdo, a pelve renal, que recebe os coletores de urina do parênquima renal, os uretéres, 
a bexiga e a uretra.
Os rins são envolvidos por uma cápsula fibrosa que, em nível do hilo renal, se deixa atravessar 
pela artéria renal, a veia renal e a pelve coletora que continua com o ureter. O parênquima renal 
apresenta duas regiões bastante distintas: a região periférica, cortical ou córtex renal e a 
região central, medular ou medula renal.
À semelhança do alvéolo pulmonar na fisiologia respiratória, o rim é constituído de unidades 
funcionais completas, chamadas néfron. O néfron representa a menor unidade do rim; cada néfron 
é capaz de filtrar e formar a urina independentemente dos demais. A função renal pode, portanto, 
33
FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO │ UNIDADE I
ser compreendida estudando-se a função de um único néfron. Existem aproximadamente 1.200.000 
néfrons em cada rim, que funcionam alternadamente, conforme as necessidades do organismo 
a cada momento. O néfron é constituído basicamente por um glomérulo e um longo túbulo que 
desemboca nos tubos coletores de urina.
O glomérulo é uma rede ou um novelo de capilares recobertos por células epiteliais. Um glomérulo 
pode ter até 50 capilares. O sangue penetra no glomérulo pela arteríola aferente e sai através da 
arteríola eferente.
A camada cortical do rim, a mais externa, é constituída principalmente por néfrons corticais, que 
tem os túbulos coletores menores que os néfrons localizados mais próximos da região medular, 
chamados néfron justamedulares.
A camada medular é constituída, principalmente, pelos longos túbulos coletores de urina, que se 
juntam em túbulos maiores até se constituírem na pelve renal.
O glomérulo tem a função de filtrar o sangue enquanto o sistema de túbulos coletores absorve 
parte do líquido filtrado nos glomérulos. Os túbulos também podem secretar diversas substâncias, 
conforme as necessidadesdo organismo.
Envolvendo cada glomérulo existe uma cápsula, chamada cápsula de Bowman que continua com o 
túbulo proximal. A pressão do sangue nos glomérulos produz a filtração de líquido para o interior da 
cápsula de Bowman, de onde escoa para o túbulo proximal. Do túbulo proximal, o líquido penetra 
na alça de Henle, que tem uma porção com parede muito fina, chamada segmento fino da alça 
de Henle. Da alça de Henle, o líquido penetra no túbulo distal que se insere num canal coletor, 
juntamente com os túbulos distais de diversos outros glomérulos. O canal coletor acumula a urina 
proveniente de vários néfrons e lança-se na pelve renal. O líquido filtrado no glomérulo, chamado 
filtrado glomerular, é transformado em urina à medida que passa pelos túbulos proximal e distal.
As artérias renais são ramos da aorta abdominal. Ao penetrar no hilo do rim, a artéria renal dá 
origem a diversos ramos, chamados ramos interlobares, que mergulham na profundidade do 
parênquima renal.
Desses ramos interlobares, emergem as artérias arqueadas das quais se originam as arteríolas 
aferentes. Cada arteríola aferente produz um tufo ou novelo de capilares que constituem o glomérulo; 
no extremo oposto, os capilares reúnem-se novamente, formando a via de saída do glomérulo, a 
arteríola eferente.
A arteríola eferente ramifica-se em diversos outros capilares, formando a rede capilar peritubular, 
que se emaranha com os túbulos proximais e distais do sistema coletor. Outros vasos emergem da 
arteríola eferente e se dirigem às regiões que circundam as alças tubulares, e são conhecidos como 
vasos retos, que após formarem as alças na medula renal, se lançam nas veias.
Função do néfron
A função essencial do néfron consiste em depurar o plasma sanguíneo das substâncias que devem 
ser eliminadas do organismo.
34
UNIDADE I │ FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO
O néfron filtra uma grande proporção do plasma sanguíneo através da membrana glomerular. 
Cerca de 1/5 do volume que atravessa o glomérulo é filtrado para a cápsula de Bowman que coleta 
o filtrado glomerular. Em seguida, à medida que o filtrado glomerular atravessa os túbulos, as 
substâncias necessárias, como a água e grande parte dos eletrólitos, são reabsorvidas, enquanto as 
demais substâncias, como ureia, creatinina e outras, não são reabsorvidas.
A água e as substâncias reabsorvidas nos túbulos voltam aos capilares peritubulares para a 
circulação venosa de retorno, sendo lançadas nas veias arqueadas e, finalmente, na veia renal. 
Uma parte dos produtos eliminados pela urina é constituída de substâncias que são secretadas 
pelas paredes dos túbulos e lançadas no líquido tubular. A urina formada nos túbulos é constituída 
por substâncias filtradas do plasma e pequenas quantidades de substâncias secretadas pelas 
paredes tubulares.
O fluxo sanguíneo através dos rins corresponde, em média, à aproximadamente 20% do débito 
cardíaco, podendo variar, mesmo em condições normais.
Em um adulto de 60kg de peso, o débito cardíaco corresponde a 4.800ml/min.; a fração renal 
do débito cardíaco será de 960ml. O fluxo sanguíneo renal é muito maior que o necessário para 
o simples suprimento de oxigênio. Cerca de 90% do fluxo sanguíneo renal são distribuídos pela 
camada cortical, onde abundam os glomérulos e apenas 10% se distribuem pela região medular.
Os rins possuem um eficiente mecanismo de autorregulação que permite regular o fluxo de sangue 
e, através dele, regular a filtração glomerular. Esse mecanismo é capaz de manter um fluxo renal 
relativamente constante com pressões arteriais que variam entre 80 e 180mmHg. Sob determinadas 
condições, como, por exemplo, na depleção líquida ou no baixo débito cardíaco, quando o 
fluxo renal não pode ser mantido, o mecanismo autorregulador preserva a filtração glomerular, 
produzindo vasoconstrição da arteríola eferente, que mantém o gradiente transglomerular de 
pressão. A resistência vascular renal ajusta-se automaticamente às variações na pressão de perfusão 
renal. As arteríolas, aferente e eferente, são influenciadas por muitos dos estímulos nervosos e 
hormonais vasculares, embora sua resposta dependa das necessidades renais e seja moderada pelos 
mecanismos autorregulatórios.
A membrana glomerular possui três camadas principais: uma camada endotelial, do próprio 
capilar, uma camada ou membrana basal e uma camada de células epiteliais na face correspondente 
à cápsula de Bowman. Apesar da presença das três camadas, a permeabilidade da membrana 
glomerular é cerca de 100 a 1.000 vezes maior do que a permeabilidade do capilar comum. A 
fração de filtração glomerular é de, aproximadamente, 125ml/minuto. Em 24 horas são filtrados, 
aproximadamente, 180 litros de líquido por todos os glomérulos (filtrado glomerular), para formar 
de 1l a 1,5l de urina, o que demonstra a enorme capacidade de reabsorção dos túbulos renais. O 
líquido reabsorvido nos túbulos passa para os espaços intersticiais renais e daí para os capilares 
peritubulares. Para atender à essa enorme necessidade de reabsorção, os capilares peritubulares 
são extremamente porosos.
A grande permeabilidade da membrana glomerular é dependente da estrutura daquela membrana 
e das numerosas fendas e poros existentes, cujo diâmetro permite a livre passagem das pequenas 
moléculas e impede a filtração das moléculas maiores, como as proteínas.
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FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO │ UNIDADE I
O filtrado glomerular possui, aproximadamente, a mesma composição do plasma, exceto em relação 
às proteínas. Existem, no filtrado glomerular, diminutas quantidades de proteínas, principalmente 
as de baixo peso molecular, como a albumina.
Função renal
A experiência tem demonstrado que o comprometimento da função renal pré-operatória aumenta, 
consideravelmente, as chances de desenvolvimento de insuficiência renal aguda após a circulação 
extracorpórea.
A avaliação da função renal antes da perfusão é fundamental, para a prevenção de injúria renal 
induzida pela perfusão.
Certas cardiopatias cianóticas de longa duração podem ser associadas a graus leves de insuficiência 
renal, bem como a aterosclerose, o diabetes e a hipertensão arterial. A história clínica e o exame 
do paciente poderão mostrar a existência de edema, alterações do volume urinário e a presença de 
infecção urinária.
A insuficiência renal aguda é uma alteração grave, com mortalidade e morbidade elevadas, em que 
ocorre deterioração súbita da função renal, causando profunda desordem no equilíbrio do organismo.
Há extrema redução da excreção dos produtos nitrogenados, ureia e creatinina; alterações da 
regulação do volume e da composição dos líquidos do organismo e alterações da síntese de 
determinados hormônios essenciais. O marco clínico da síndrome é a acumulação rápida de produtos 
finais nitrogenados, levando à uremia progressiva e à marcada redução da diurese. Ocasionalmente 
a insuficiência renal aguda pode se acompanhar de diurese abundante.
A urina eliminada, porém, tem densidade baixa porque os túbulos perdem a capacidade de 
reabsorver água e, em consequência, de concentrar a urina.
A avaliação pré-operatória da função renal inclui a determinação dos níveis da ureia e da creatinina no 
plasma sanguíneo e o exame sumário da urina, para a detecção da presença de elementos anormais.
Sistema da Angiotensina
Angiotensinogênio
Renina
Angiotensina I
Angiotensina II
Aldosterona
Retenção de água 
e sódio
Aumento da 
resistência vascular 
sistêmica
Vasoconstrição
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UNIDADE I │ FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO
A ureia plasmática oscila entre 20mg% e 60mg% enquanto a creatinina oscila entre 1mg% e 2 mg% 
nos adultos. Nas crianças, os valores normais variam com a idade, sendo, em geral, menores. O 
exame da urina não deve revelar proteinúria ou hematúria. A normalidade dos valores da ureia e da 
creatinina equivale à presença de função renal adequada.
Quando os valores de ureia ou da creatinina estão elevados ou quando há proteinúria ou hematúria 
no exame da urina,torna-se necessária uma avaliação mais completa da função renal, na tentativa 
de quantificar o grau de função renal existente.
Ação dos diuréticos
Os diuréticos são substâncias que aumentam a formação de urina e sua principal aplicação é reduzir 
a quantidade total de líquidos no organismo. Durante a circulação extracorpórea, alguns diuréticos 
podem ser utilizados, com esse objetivo.
As diversas substâncias com efeitos diuréticos têm mecanismos de ação diferentes. Ao se administrar 
um diurético, ocorre a eliminação associada de sódio e água.
Se o diurético eliminasse apenas a água dos líquidos orgânicos, haveria um aumento da concentração 
de sódio nos líquidos, que se tornariam hipertônicos e provocariam uma resposta dos receptores 
osmóticos, seguida de aumento da secreção do hormônio antidiurético. O excesso desse hormônio 
promoveria a reabsorção de grande quantidade de água nos túbulos, anulando os efeitos do diurético. 
Quando o sódio é eliminado junto com a água, a concentração iônica dos líquidos mantém-se e não 
há estimulação antidiurética.
Diuréticos osmóticos
O manitol é uma substância que, quando injetada na circulação, pode atravessar facilmente os poros 
da membrana glomerular, sendo inteiramente filtrada pelos glomérulos. Suas moléculas, contudo, 
não são reabsorvidas nos túbulos renais e a sua presença no líquido dos túbulos gera uma sobrecarga 
osmótica importante. Essa pressão osmótica elevada no interior dos túbulos impede a reabsorção da 
água, fazendo com que grandes quantidades de filtrado glomerular atravessem os túbulos e sejam 
eliminados como urina.
Níveis muito elevados de glicose no sangue produzem uma diurese osmótica semelhante à do manitol.
Diuréticos de alça
São substâncias capazes de reduzir os sistemas transportadores nas células tubulares, diminuindo a 
reabsorção ativa dos solutos tubulares e, portanto, aumentando a pressão osmótica no interior dos 
túbulos e propiciando grande aumento da eliminação de urina. Os principais diuréticos desse tipo 
são a furosemida, a bumetanida e o ácido etacrínico.
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FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO │ UNIDADE I
A furosemida bloqueia a reabsorção ativa do íon cloro na porção ascendente da alça de Henle e 
no segmento restante do túbulo distal. Como os íons cloro não são reabsorvidos, os íons positivos 
absorvidos em conjunto, principalmente o sódio, também não são absorvidos. O bloqueio da 
reabsorção de cloro e sódio determina a diurese porque permite que grandes quantidades de solutos 
sejam levadas até os túbulos distais onde atuam como agentes osmóticos e impedem a reabsorção 
da água.
Além disso, a incapacidade de reabsorver íons cloro e sódio pela alça de Henle para o interstício 
medular diminui a concentração desses íons no líquido intersticial medular e a capacidade de 
concentrar urina fica muito reduzida. Esses dois mecanismos tornam a furosemida um diurético 
muito eficiente. A bumetanida age do mesmo modo que a furosemida. O ácido etacrínico pode 
ser usado em pacientes que não respondem a furosemida. Entretanto, seu uso prolongado pode 
produzir distúrbios auditivos.
Existem outros diuréticos que atuam por mecanismos diferentes, mas não são aplicados nas 
situações agudas, como na circulação extracorpórea.
Os rins na circulação extracorpórea
Diversas alterações funcionais e orgânicas dos rins têm sido detectadas em relação à circulação 
extracorpórea e podem afetar adversamente a função renal por diversos mecanismos.
 » Variações do tônus vascular, produzindo vasodilatação e hipotensão sistêmica.
 » Exacerbação da atividade simpática, com produção e liberação excessiva de 
catecolaminas na circulação.
 » Exacerbação da atividade hormonal, com produção e liberação excessiva de 
vasopressina e outros hormônios.
 » Traumatismo aos elementos figurados do sangue, com liberação de substâncias 
vasoconstritoras, como o tromboxano A2 das plaquetas.
 » Redistribuição irregular do fluxo arterial sistêmico, reduzindo a fração renal do 
débito.
 » Redução do fluxo sanguíneo renal.
 » Alterações do volume e da composição eletrolítica do líquido extracelular.
 » Aumento da eliminação renal de sódio e potássio.
 » Hemólise e hemoglobinúria.
 » Produção de microembolia na circulação renal.
A hipotensão é bastante comum no início e após os primeiros momentos da circulação extracorpórea. 
É causada por uma multiplicidade de fatores que agem em sincronia, como a redução do fluxo de 
perfusão em relação ao débito cardíaco do paciente, a hemodiluição com redução da viscosidade 
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UNIDADE I │ FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO
do sangue e diluição das catecolaminas circulantes, e a redução da remoção de bradicinina pelos 
pulmões, na fase de bypass total. 
A hipotensão estimula a atividade simpática e aumenta a produção de catecolaminas, renina, 
angiotensina, aldosterona e hormônio antidiurético.
Ocasionalmente, a hipotensão produzida pela circulação extracorpórea requer a administração de 
drogas adrenérgicas ou vasoconstritoras.
Os rins participam dos mecanismos de redistribuição protetora do fluxo sanguíneo, na medida em 
que sacrificam o seu próprio fluxo sanguíneo com a constrição das arteríolas aferentes, para aumentar 
o afluxo sanguíneo de outros órgãos, como o cérebro e o miocárdio, durante períodos de hipotensão 
e hipovolemia.
O período inicial de hipotensão da circulação extracorpórea é seguido por um período de elevação 
progressiva da pressão arterial causado pela resposta regulatória do próprio organismo que, com 
frequência, resulta em hipertensão. A vasoconstrição produzida pela hipotermia, a elevação da 
resistência vascular sistêmica e a ausência de pulsatilidade na circulação, são também contributivos 
na gênese da resposta hipertensiva. Os mecanismos dessa resposta hipertensiva produzem 
vasoconstrição renal, que reduz o fluxo sanguíneo renal, predispondo os rins à isquemia e à injúria.
A redução do fluxo sanguíneo renal reduz a energia disponível para os mecanismos da atividade renal 
normal, inclusive a autorregulação. Algumas das alterações renais durante a circulação extracorpórea 
podem ser atribuídas à essa redução do suprimento de energia, particularmente a depressão das 
funções de reabsorção ativa, da secreção renal e da regulação da concentração e diluição.
A autorregulação e o balanço tubular dependem da integridade dos mecanismos de reabsorção 
de sódio. A eliminação excessiva de sódio (natriurese), que ocorre durante a perfusão, estimula a 
resposta regulatória do aparelho justa-glomerular, que aumenta a produção de renina, angiotensina 
e aldosterona, acentuando a vasoconstrição renal. A aldosterona aumenta a eliminação de potássio e 
reduz a de sódio. Essa diurese eletrolítica pode causar desequilíbrio eletrolítico durante a circulação 
extracorpórea.
A redistribuição do fluxo sanguíneo, durante a circulação extracorpórea, é uma resposta que objetiva 
a preservação do cérebro e do coração, à custa dos demais leitos vasculares, inclusive o renal. A 
redistribuição é o resultado do aumento da atividade simpática; os órgãos mais afetados são os que 
têm preponderância de inervação simpática e muitos receptores simpáticos, como os rins.
A hipotermia também contribui para a vasoconstrição renal e a redistribuição do fluxo sanguíneo 
renal. O fluxo renal reduzido é redistribuído para a periferia da camada cortical. O mecanismo 
concentrador dos rins (mecanismos de contracorrente), devido à redução de fluxo na camada 
medular, é deprimido.
A proteção da hipotermia é menos eficaz para os rins, em relação aos demais órgãos. A vasoconstrição 
renal é precoce e ocorre antes que o órgão esteja uniformemente resfriado. 
Além da vasoconstrição, a hipotermia produz o aumento da viscosidade do sangue, que favorece a 
aglutinação intravascular que, contudo, pode ser minimizada pelo uso criterioso da hemodiluição.
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FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO │ UNIDADE I
A hemodiluição com soluções cristaloides, quando em excesso, predispõe o pacienteà formação 
de edema, devido à redução da pressão coloido-osmótica do plasma e diminui a reabsorção nos 
capilares peritubulares, que resulta em uma diurese aquosa e rica em eletrólitos.
Além de contribuir na formação de microêmbolos de restos celulares, a hemólise produz 
vasoconstrição pela liberação de produtos vasoativos do interior das células lesadas. A hemoglobina 
livre é captada pela haptoglobina do plasma e subsequentemente metabolizada no fígado.
Quando são atingidos níveis excessivos de hemoglobina livre, ela é filtrada nos glomérulos e 
excretada na urina. Por ser uma molécula grande, com peso molecular de 68.000, a hemoglobina 
é filtrada com dificuldade e pode cristalizar nos túbulos renais, causando obstrução e necrose 
tubular. Uma prática frequente para prevenir essa ocorrência, consiste em alcalinizar a urina e 
estimular a diurese. A alcalinização da urina dificulta a cristalização da hemoglobina e obtém-se 
pela administração de bicarbonato de sódio. A diurese é estimulada pela administração de manitol, 
que acelera a eliminação da hemoglobina livre.
Há numerosas evidências de que os efeitos deletérios da circulação extracorpórea sobre os rins, 
incluindo a produção de insuficiência renal aguda, estão relacionados à duração da perfusão. Isso 
torna imperativa a criteriosa monotorização da função renal, principalmente nas perfusões que se 
prolongam por mais de três a quatro horas.
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CAPÍTULO 5
Fisiologia do aparelho digestório
Introdução
Digestão é o conjunto de transformações físico-químicas que os alimentos sofrem para se 
converterem em compostos menores hidrossolúveis e absorvíveis.
A digestão química ocorre devido à ação das enzimas secretadas em várias partes do aparelho digestivo. 
Essas enzimas promovem a hidrólise enzimática das macromoléculas ingeridas, na presença da 
água, de forma que estas são transformadas em unidades capazes de serem absorvidas pelas células 
da mucosa gastrointestinal (nos animais que apresentam tubo digestivo). 
As enzimas secretadas pelas diversas partes do aparelho digestório, sua localização, os substratos em 
que atuam e os produtos que formam estão indicados mais adiante. Vale ressaltar que as vitaminas, 
os sais minerais e a água são absorvidos diretamente (não necessitam de digestão prévia).
Tipos de digestão
O processo digestivo varia de acordo com o local da ocorrência. Digestão Intracelular: ocorre 
totalmente dentro das células (protozoários e poríferos) e é realizada pelos lisossomos que são 
pequenos vacúolos citoplasmáticos que apresentam membrana lipoproteica e, no seu interior, enzimas 
digestivas responsáveis pela digestão de vários tipos de compostos orgânicos como os listados a seguir.
Enzimas composto digerido
Desoxirribonuclease (DNA-ase) DNA
Ribonuclease (RNA-ase) RNA
Catepsina Proteínas
Fosfatases Ésteres do ác. fosfórico
Colagenase Colágeno
Glicosidase Glicogênio
Se a membrana do lisossomo for fragmentada, as enzimas são lançadas no citoplasma e a célula 
morre por “autodigestão”.
As partículas que penetram nas células por endocitose originam um vacúolo com alimento 
(pinossomo ou fagossomo). O lisossomo une-se ao vacúolo originando o vacúolo digestivo. Após 
a absorção das partes úteis, origina-se o corpo residual que defeca por clasmocitose. Quando o 
lisossomo digere componentes estruturais da própria célula, forma-se o vacúolo autofágico. As 
esponjas (poríferos) apresentam coanócitos que são células responsáveis pela digestão intracelular.
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FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO │ UNIDADE I
Digestão extracelular
Ocorre no interior do tubo digestivo do animal, em invertebrados, protocordados e vertebrados. Em 
relação à alimentação, pode-se afirmar que o homem apresenta especialmente digestão extracelular, 
enquanto os lisossomos realizam a digestão de componentes celulares velho, que devem ser 
renovados (autofagia ou digestão intracelular). Nessa digestão, as enzimas são produzidas pelos 
ribossomos por comando genético, que catalisam as reações químicas celulares. Geralmente essas 
enzimas são específicas para cada substrato e apresentam a terminação ASE, como glicídios/
glicosidases, proteínas/proteinases, DNA/DNA-ase, RNA/RNA-ase, lipídeos/lipases.
Digestão extracorpórea
Esta é uma forma menos comum de digestão, observada em pequeno número de espécies. Na 
digestão extracorpórea, o organismo lança para fora, no meio externo, as suas enzimas digestivas, 
que vão fazer a hidrólise das macromoléculas extraorganicamente. Os fungos costumam difundir 
suas enzimas hidrolisastes sobre os substratos (substâncias orgânicas encontradas na madeira, 
na terra) em meio aos quais se desenvolvem. Só depois da fragmentação das macromoléculas em 
moléculas pequenas é feita a absorção dos nutrientes. 
As aranhas comumente injetam na presa uma quantidade de sucos digestivos juntamente com o 
veneno. Esses sucos vão proceder na vítima o amolecimento dos tecidos e a decomposição rápida de 
proteínas, lipídeos e polissacarídeos. Após esse evento, as aranhas promovem a ingestão, sugando 
a matéria liquefeita do interior do corpo da presa que, por fim, resta seco e oco. A estrela-do-mar 
ejeta o estômago, englobando o alimento no meio externo. Após o amolecimento das substâncias 
pela ação do suco gástrico, o estômago é recolhido novamente ao interior do organismo, onde ocorre 
o resto da digestão (assimilação).
Aparelho digestório humano
A evolução constante dos seres vivos permitiu, através de transformações sucessivas, que 
chegássemos à organização anatômico/fisiológica sofisticada dos animais superiores. Se por 
um lado, vimos a complexidade atingida por órgãos e sistemas do corpo humano, considerado a 
máquina mais perfeita do mundo, ela necessita de muita energia para que possa estar em 
perfeito funcionamento. Essa energia é obtida pela nutrição.
Assim, a mais perfeita máquina do mundo precisa ser alimentada porque é um ser heterotrófico, 
isto é, totalmente dependente dos seres autotróficos e também de outros seres heterotróficos. 
Convêm recordar que somente os seres autotróficos conseguem obter energia a partir de minerais 
e gases. Portanto os seres mais evoluídos do mundo são totalmente dependentes dos seres mais 
independentes do mundo, pois esses últimos se nutrem e se desenvolvem por si mesmo, daí serem 
chamados de autotróficos. Os vegetais, como exemplo maior de seres autotróficos, são capazes 
de transformar CO2 + H2O + energia luminosa, captada por pigmentos fotossensíveis (clorofila, por 
ex.), em compostos orgânicos, ou seja, em compostos que servirão para o seu desenvolvimento e que 
também são essenciais para o desenvolvimento dos seres heterotróficos.
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UNIDADE I │ FISIOLOGIA GERAL APLICADA À NUTRIÇÃO
Está claro, então, que os seres mais evoluídos e mais dependentes do mundo, os heterotróficos, 
necessitam nutrir-se. A nutrição como um todo inclui o seguinte.
 » Alimentação
 » Digestão
 » Assimilação
 » Defecação
A digestão humana é extracelular, pois ocorre no interior do tubo digestivo. Compreende processos 
físicos (mecânicos), como a mastigação, a deglutição e os movimentos peristálticos. É também um 
processo químico, graças à ação das enzimas secretadas por glândulas anexas. O processo digestivo 
inicia-se na boca pela ação trituradora dos dentes.
Os dentes são formados do epitélio e do tecido conjuntivo das gengivas, que se modificam. Os 
dentes são dispostos em duas curvas, arcadas dentárias, articulados nos ossos maxilares e 
mandibular. Cada dente é formado por uma porção que se projeta além da gengiva, a coroa, e uma 
ou mais raízes dentro do alvéolo do osso. O ponto de transição entre coroa e raiz é chamado colo.
O dente tem uma cavidade central, a cavidade pulpar, cuja forma lembra o próprio dente. Dentro 
das raízes essa cavidade é alongada e termina por um orifício denominado forame apical, pelo qual 
passam vasos e nervos. Em volta das raízes, há uma estrutura fibrosa, o ligamento ou membrana 
periodontal, que fixa a raiz ao seu alvéolo.
Mastigação

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