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BRENDA RODRIGUES PARASITOLOGIA 3° SEMESTRE Toxoplasma gondii • A toxoplasmose é causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, um parasito de alta prevalência sorológica na população, e que infecta a corrente sanguínea (hemoparasito) Posição taxonômica Filo Apicomplexa Ordem Coccidiida Família Sarcocystidae Classe Sporozoa Subclasse Coccidiomorpha Gênero Toxoplasma Espécie Toxoplasma gondii Epidemiologia Distribuição Cosmopolita Fatores contribuintes Associado aos hábitos alimentares Muito frequente em países onde se consome carne malpassada, como na França Na América Central a alta prevalência foi relacionada a presença de grande quantidade de gatos abandonados em climas que favorecem a sobrevivência de oocistos Brasil Hospedeiros O Toxoplasma gondii é um parasita eurixeno [parasita distintas espécies de hospedeiros – especificidade parasitária ampla] Hospedeiros definitivos ou completos Felídeos Hospedeiros intermediários ou incompletos Homem e outros animais Morfologia Taquizoíto Forma encontrada em líquidos orgânicos de animais e humanos na fase aguda da infecção – é a forma livre/proliferativa/trofozoítica Forma parasitária de crescimento/multiplicação rápida [tachys = rápida] por endodiogenia, e móvel Apresenta uma forma de arco, com uma das extremidades mais afiladas e a outra arredondada, com o núcleo em posição aproximadamente central Na extremidade afilada encontram-se as estruturas conoide, roptrias e micronemas, que compõem o complexo apical, responsável pelo reconhecimento e penetração nas células do hospedeiro [característica do filo Apicomplexa] São pouco resistentes a ação do suco gástrico, no qual são rapidamente destruídos Bradizoíto Forma encontrada nos tecidos [musculares esquelético e cardíaco, nervoso, retina], geralmente durante a fase crônica da infecção Forma parasitária de crescimento/multiplicação lenta [bradys = lento] dentro do cisto por endodiogenia ou endopoliginia Encontrado envolvido por um vacúolo parasitóforo de uma célula, cuja membrana forma a cápsula do cisto tecidual, o qual contém uma parede resistente e elástica, isolando os As estruturas são semelhantes às dos taquizoítos, consistindo em uma célula em forma de arco/meia-lua com uma extremidade mais afilada e outra BRENDA RODRIGUES PARASITOLOGIA 3° SEMESTRE bradizoítos da ação do sistema imune do hospedeiro ‘’romba’’, núcleo único e uma única mitocôndria, além do complexo apical São mais resistentes à passagem pelo estômago do que os taquizoítos, podendo permanecer viáveis por anos nos tecidos Oocistos São as formas de resistência [possuem uma parede dupla resistente às condições do meio] produzidos nas células intestinais dos felinos não imunes e eliminados ainda imaturos junto com as fezes no meio ambiente Após a esporulação no meio ambiente, cada oocisto apresenta 2 esporocistos com 4 esporozoítos cada Os humanos são contaminados com a doença após ingerir oocistos maduros contendo esporozoítos, taquizoítos presentes no leite, saliva ou junto ao esperma, e bradizoítos presentes na carne crua Habitat Tecidos e células Com exceção das hemácias Líquidos orgânicos Saliva, leite, esperma, líquido peritoneal *Indivíduos imunocomprometidos ou imunossuprimidos O parasito pode buscar outro habitat, notadamente o sistema nervoso central Transmissão Ingestão Ingestão de oocistos presentes nas fezes dos felídeos Ingestão de carne malcozida de um animal que tenha ingerido o parasita de fezes Pessoa - pessoa Congênita Transplacentária Os riscos da doença durante a gravidez são maiores quando a mulher nunca teve contato com o parasita, aumentando as chances de transmissão da doença para o bebê Os riscos para a mãe e o bebê durante a gravidez são aborto espontâneo, parto prematuro, malformações do feto, baixo peso e morte ao nascer Outras vias de infecção do feto Rompimento de cistos no endométrio [útero] Taquizoítos livres no líquido amniótico BRENDA RODRIGUES PARASITOLOGIA 3° SEMESTRE Ciclo biológico O ciclo é do tipo heteroxênico (possui hospedeiro intermediário e definitivo) Fase assexuada Acontece nos tecidos dos hospedeiros intermediários Ingestão O hospedeiro intermediário (mamíferos e aves) ingere oocistos maduros contendo esporozoítos, geralmente encontrados em alimentos ou água contaminada, ou cistos com bradizoítos encontrados na carne crua, ou taquizoítos encontrados no leite Os taquizoítos são destruídos pelo suco gástrico, mas se penetrarem na mucosa oral poderão evoluir como os oocistos e os bradizoítos Multiplicação intracelular As formas parasitárias ingeridas, ao chegarem no tubo digestivo, sofrerão intensa multiplicação intracelular Os esporozoítos e bradizoítos se transformam em taquizoítos dentro das células intestinais Invasão e formação de vacúolo parasitário Na forma de taquizoítos e após a passagem pelo epitélio intestinal, invadirão vários tipos de células do organismo hospedado Nas células formarão um vacúolo parasitóforo Fase proliferativa O vacúolo parasitóforo sofrerá divisões celulares por endodiogenia [formação de duas células filhas no interior de uma célula mãe que posteriormente se degenera], dando origem a novos taquizoítos Disseminação Ocorre através de taquizoítos livres na linfa e na corrente sanguínea, podendo acarretar em um quadro polissintomático, de gravidade variável, podendo levar o individuo a morte Fase aguda da doença Os novos taquizoítos irão romper a célula parasitada, sendo liberados para que possam invadir novas células Fase crônica da doença Acontece quando os parasitos evoluem para a formação de cistos que, juntamente com a diminuição da sintomatologia, caracterizam a fase crônica BRENDA RODRIGUES PARASITOLOGIA 3° SEMESTRE Pode permanecer por muito tempo sem manifestação alguma e, caso ocorra a diminuição da imunidade ou da resistência, alteração hormonal ou algum outro mecanismo não esclarecido, poderá haver reagudização, com sintomatologia semelhante à primeira infecção Fase sexuada (ou coccidiana) Ocorre nas células do epitélio intestinal dos jovens felinos Infecção O felídeo se infecta ingerindo oocistos, taquizoítos ou cistos tissulares [pode ser ingerido comendo um rato] Multiplicação celular Os esporozoítos, bradizoítos ou taquizoítos, ao penetrarem no epitélio intestinal do felídeo, se multiplicarão por endodiogenia e merogonia [desenvolvimento de um organismo a partir de um fragmento de ovo], dando origem a novos merozoítos Penetração e diferenciação celular Os merozoítos podem penetrar novas células epiteliais e se transformar em formas sexuadas masculinas e femininas, chamadas gametócitos, os quais formarão os gametas masculinos móveis [microgametas] e os gametas femininos imóveis [macrogametas] O macrogameta permanece dentro da célula epitelial, já os microgametas irão sair da sua célula e fecundar o macrogameta, formando o ovo ou o zigoto Diferenciação e transmissão O ovo ou zigoto evoluirá dentro do epitélio, formando uma parede externa dupla, resistente, dando origem ao oocisto A célula epitelial irá se romper, liberando os oocistos e através das fezes são levados ao meio ambiente Em aproximadamente 3 – 4 dias os oocistos tornam-se maduros com 4 esporozoítos cada O felídeo infectado pode eliminar oocistos por 1 mês aproximasdamente e, em condições ideiais de temperatura e umidade, o oocisto pode manter-se infectante por aproximadamente 1 ano e meio Patogenia e Sintomatologia Fatores ligados à patogenia Cepa do parasito Resistência do hospedeiro Modo pelo qual o hospedeiro se infectou Período de incubação 10 – 23 dias quando a infecção provém da ingestão de carne mal cozida 5 – 20 dias quando a infecção está associada a gatos Susceptibilidade e resistência Todos estão susceptíveis à infecção, porém a imunidadeé facilmente adquirida e muitas infecções são assintomáticas Os pacientes que são tratados por citotóxicos ou imunossupressores são mais susceptíveis à infecção Toxoplasmose congênita É a forma mais grave, e esta gravidade aumenta de acordo com o período da gestação em que a mãe apresenta a fase aguda Trimestre Riscos Os achados mais comuns são prematuridade, baixo peso, coriorretinite pós-maturidade, 1° trimestre Aborto 2° trimestre Aborto ou nascimento prematuro, podendo a criança nascer normal ou com anomalias típicas ou graves Síndrome de Sabin Coriorretinite [90% dos casos], calcificações cerebrais [69% dos casos], BRENDA RODRIGUES PARASITOLOGIA 3° SEMESTRE estrabismo, icterícia e hepatomegalia perturbações neurológicas [retardamento psicomotor [60% dos casos] e alterações do volume craniano [micro/macrocefalia – 50% dos casos] 3° trimestre A criança pode nascer normal ou apresentar evidências da doença alguns dias meses ou anos após o parto Pós-natal Varia de benigna ou assintomática [maio parte dos casos], até casos de morte [mais raramente] As situações dependem da localização do hospedeiro Ganglionar ou febril aguda [forma mais frequente, com comprometimento ganglionar e febre alta] Ocular [pode evoluir, levando o paciente a cegueira total ou parcial] Cutânea [forma lesões generalizadas na pele; raramente encontrada] Cérebro-espinhal ou meningoencefálica [pouco frequente em indivíduos imunocompetentes, aumenta a frequência com o advento da AIDS] A reativação de formas císticas encontrada nos indivíduos imunodeficientes, provoca lesões múltiplas no cérebro, que levam a sintomas que variam desde a cefaléia até confusão mental, convulsões, coma e morte Generalizada [mais comum em indivíduos imunodeficientes, provoca um comprometimento meningoencefálico, miocárdico, pulmonar, ocular, digestivo e até testicular] Pacientes imunodeficientes São os mais acometidos pela infecção Podem apresentar cerebrite, corioretinite, pneumonia, envolvimento músculo- esquelético generalizado, miocardite e/ou morte Toxoplasmose febril aguda Na maioria das vezes, a infecção inicial é assintomática, porém em muitos casos pode generalizar-se e ser acompanhada de exantema Às vezes, sintomas de acometimento pulmonar, miocárdico, hepático ou cerebral são evidentes As lesões resultam da proliferação rápida dos organismos nas células hospedeiras e, quando há manifestações clínicas, essas têm evolução benigna Há casos em que ocorrem pneumonia difusa, miocardite, miosite, hepatite, encefalite e exantema maculopapular Linfadenite toxoplásmica Normalmente se caracteriza por linfadenopatia localizada, especialmente em mulheres e, em geral, envolvendo os nódulos linfáticos cervicais posteriores ou, mais raramente, linfadenopatia generalizada BRENDA RODRIGUES PARASITOLOGIA 3° SEMESTRE Esse quadro é capaz de persistir por 1 semana – 1 mês e pode assemelhar-se à mononucleose infecciosa, acompanhada por linfócitos atípicos no sangue periférico Imunidade Fase aguda Alta parasitemia [liberação de muitos taquizoítos no sangue] Os macrófagos atacam os taquizoítos enquanto ocorre liberação de citocinas, como a IL-2 e o IFN-y, além de células NK Fase crônica Os parasitos ficam retidos no tecido do hospedeiro; diminuição da parasitemia [não existe eliminação dos parasitos] Imunidade humoral Produção de IgM seguida de IgG dentro de 8 – 12 dias após a infecção Na toxoplasmose congênita não utiliza-se o IgG no diagnóstico, já que não atravessa a placenta; os anticorpos podem ser da mãe IgM Fase aguda IgM alta e IgG ascendente Fase aguda IgM em declínio e IgG em platô Fase de transição IgG e IgM em declinio Fase crônica Diagnóstico Clínico Avaliam-se os dados clínicos do paciente, apesar de serem similares a outra doenças ou assintomáticos Laboratorial Exames laboratoriais Durante a fase aguda Amostra de líquido amniótico Amostra de sangue Parasitológico A forma parasitológica encontrada é o taquizoíto, que se releva de forma mais fácil após a centrifugação É feito o esfregaço do material centrifugado e corado com Giemsa Durante a fase crônica Biópsia de diversos tecidos Parasitológico A forma parasitária encontrada são os cistos [bradizoítos] A forma encontrada pode ser inoculada em camundogos ou usado para exame histopatológico A dificuldade frequente é a diferenciação com outros parasitos que formam cistos, como Sarcocystis e Histoplasma Testes sorológicos Reação de imunofluorescênci a indireta [RIF] São os mais indicados por detectarem tanto na fase aguda [pesquisa de anticorpos IgM] como na fase crônica [pesquisa de anticorpos IgG] ELISA [pode apresentar falsos- positivos] Hemoaglutinação [inadequado no BRENDA RODRIGUES PARASITOLOGIA 3° SEMESTRE diagnóstico precoce] Tratamento O tratamento só é eficaz na fase aguda, indicados para tratamento em pessoas imunocompetentes com doença ativa e progressiva, gestantes de risco, transplantados e indivíduos com AIDS Medicamentos Primetamina* Os medicamentos na fase crônica só agem como uma medida profilática, por agir somente nas formas proliferativas e não nos cistos Sulfadianiza Sulfadoxina Clindamicina Usado em adição aos outros agentes no tratamento da toxoplasmose ocular Espiramicina Usada em gestantes para prevenir a infecção placentária Profilaxia Medidas individuais Evitar se alimentar de carne crua ou malcozida de qualquer animal ou leite cru Gestantes devem fazer o exame pré-natal para toxoplasmose Tratar os gatos com ração de boa qualidade e mantê-los dentro de casa. Incinerar as fezes dos gatos e trocar a areia das caixas pelo menos uma vez por dia, para evitar a maturação dos oocistos Medidas profiláticas Desenvolvimento de uma vacina BRENDA RODRIGUES PARASITOLOGIA 3° SEMESTRE
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