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1 2 3 Áreas de Atuação Consultoria Treinamento Auditoria Produtividade Desenvolvimento Humano e Organizacional Gestão Estratégica e Empresarial Qualificação da Cadeia de Fornecedores Inovação Sistemas de Gestão (Qualidade/Meio Ambiente/Saúde e Segurança) Lean Seis Sigma Métodos Ágeis Fundado em 1994 Atuação em mais de 20 países Mais de 2.800 clientes 3.000 Gilberto Strafacci - Diretor de Operações Diretor de Operações do Setec Consulting Group (www.setecnet.com.br). Engenheiro Mecânico pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Especialista em Análise de Desempenho de Empresas pela FGV, Master Black Belt, Certified Six Sigma Master Black Belt pela American Society for Quality (ASQ) e Certified Scrum Master pela Scrum Alliance e Facilitador Certificado LEGO® SERIOUS PLAY®. Sobre o autor Buenos Aires São Paulo Soluções integradas para a sua empresa 4 5 Visão Geral Este Guia de Bolso tem como objetivo apresentar uma breve análise sobre Lean Seis Sigma, histórico, ferramentas e abordagens. Para que possamos entender melhor a integração entre o Seis Sigma e o Lean é importante que entendamos as duas abordagens. Este guia de bolso está dividido em três partes, Parte 1 – Seis Sigma, Parte 2 – Lean, Parte 3 – Lean Seis Sigma. 6 7 TOC – Teoria das Restrições 5S – Cinco Sensos Gerenciamento Visual Poka Yoke Jidoka SMED – Troca Rápida de Ferramentas Just-in-time Sistema Empurrado (Tradicional) Sistema Puxado One-Piece-Flow Kanban TPM - Manutenção Produtiva Total Parte 3 Lean Seis Sigma Possíveis Abordagens Lean como Ferramenta do Seis Sigma Seis Sigma como Ferramenta do Lean Seis Sigma Lean Lean Seis Sigma Integrado Parte 4 Novas abordagens para o Lean Seis Sigma Métodos Ágeis Sinergia entre Lean e Agilidade 1) Hansei 2) Jishuken 3) Heijunka 4) Kaizen Design Thinking LEGO® SERIOUS PLAY Como funciona o LEGO® SERIOUS PLAY®? Conclusões ÍNDICE Parte 1 O que é Seis Sigma? Variabilidade no processo Origem do nome Histórico Diferencial Estrutura Champion Sponsor Master Black Belt (MBB) Black Belt (BB) Green Belt (GB) White Belts Etapas de um Projeto Metodologias DMAIC em detalhes DMADV em detalhes Consolidando o Seis Sigma O Seis Sigma é Complexo? Fatores Críticos de Sucesso Parte 2 O que é Lean? Princípios Lean Valor e Custo Filosofia Os Grandes Desperdícios Pensamento Lean X Tradicional Kaizen Conceito Sistemática do Kaizen Ferramentas VSM – Mapeamento do Fluxo de Valor 8 8 8 9 9 10 11 11 12 12 12 13 13 14 15 17 20 23 24 24 26 26 27 28 29 30 32 32 32 33 34 34 34 35 36 36 36 37 37 38 38 38 39 39 42 42 42 42 43 43 44 45 45 45 48 49 50 51 51 52 57 57 60 8 9 O que é Seis Sigma? Seis Sigma é uma estratégia gerencial disciplinada e altamente quantitativa, caracterizada por uma abordagem sistêmica. que tem como objetivo aumentar a lucratividade das empresas, por meio da otimização de produtos, processos e serviços buscando a satisfação de clientes e consumidores Variabilidade no processo Todos os processos, quaisquer que sejam, apresentam algum grau de variabilidade. Num processo de entrega, a mercadoria prometida pode chegar mais cedo ou mais tarde. O problema ocorre quando essa variabilidade é superior àquela esperada pelo cliente. Quando isso acontece, é sinal de que o processo gerou um defeito. Parte 1 Origem do nome Todos os processos, quaisquer que sejam, apresentam algum grau de variabilidade. Num processo de entrega, a mercadoria prometida pode chegar mais cedo ou mais tarde. O problema ocorre quando essa variabilidade é superior àquela esperada pelo cliente. Quando isso acontece, é sinal de que o processo gerou um defeito. Histórico As origens do Seis Sigma vem da Motorola que em meio uma crise de qualidade em 1979 toma uma postura de que a qualidade dos produtos não significaria mais custo e melhorias no processo. Alguns anos mais tarde, dados mostravam que as falhas identificadas em campo, de produtos com os clientes, eram diretamente proporcionais aos valores encontrados no processo produtivo e é neste momento em que uma equipe da Motorola define uma estratégia para melhorar a qualidade de seus produtos e processos. 10 11 Em 1988 a Motorola conquista o Malcolm Baldridge Quality Award, prêmio que causa grande exposição da companhia e promove o Seis Sigma como uma metodologia capaz de melhorar os processos. Dois anos depois, em 1990 a Motorola abre o Instituto de Pesquisa Seis Sigma, ensinando a estratégia a outras empresas como IBM, Texas, ABB, Kodak entre outras, mas é no ano de 1994, com o início da implementação do Seis Sigma na GE que o Seis Sigma ganha um contexto mais abrangente, passando a atuar em toda a organização, processo produtivos e transacionais, serviços ou produtos onde a meta é melhorar sempre. Diferencial Alguns podem dizer que a metodologia Seis Sigma não é uma metodologia revolucionária pois utiliza as ferramentas clássicas da qualidade e estatística e essa afirmação é uma meia verdade pois sim as ferramentas já existem a muitas décadas mas a grande diferença está em sua utilização. Com a metodologia as ferramentas estão estruturadas de forma a permitir o raciocínio lógico em torno do problema e conduzi-lo a uma melhoria significativa e muitas vezes maior que o desejado. Estrutura O Seis Sigma não necessariamente segue a mesma estrutura hierárquica organizacional da empresa, sua estrutura é baseado na responsabilidade e conhecimento de pessoa na metodologia. A estrutura montada deve ser uma estrutura matricial onde pessoas de diferentes áreas se unem para a resolução de um problema ou melhoria de um processo. Abaixo a classificação de cada um dentro do Seis Sigma: Champion • Representam a alta administração; • Difundem a estratégia por toda a empresa; • Garantem o comprometimento top-down na organização; • Eliminam as barreiras para o Seis Sigma; • Garantem o comprometimento de toda a empresa, demonstrando identidade e confiança na metodologia; • Priorizam os projetos, assegurando que estejam alinhados com as diretrizes estratégicas da empresa; • Definem o escopo dos projetos; • Selecionam os líderes e os membros das equipes (Black Belts, Green Belts e White Belts); • Provêm os recursos para a execução dos projetos. 12 13 Sponsor • Responsáveis pela condução dos projetos e alinhamento com as expectativas da direção; • Informar a liderança a respeito do progresso e lições aprendidas. • Responsável pelo progresso e resultado do projeto; • Eliminar barreiras; • Ajudar na responsabilidade de transição da Equipe do Projeto para o Responsável pelo processo durante a implementação Master Black Belt (MBB) • Auxiliam os líderes de projetos e avaliam o seu andamento; • Trabalham na interface com o Champion; • Multiplicam e difundem a metodologia; • Gerenciam o Seis Sigma na organização; Black Belt (BB) • Atuam como agentes de mudanças nos processos; • Possuem grande experiência na área e visão geral do processo; • São líderes de equipes 100% dedicados para condução de projetos de Seis Sigma; • Identificam oportunidades de aplicação de Seis Sigma na empresa; • Provém suporte para os Green Belts e outros membros da equipe; • Acompanham ativamente os projetos em desenvolvimento; • Realizam trabalho de coaching; • Sabem trabalhar com resistências; • Devem passar por treinamento metodológico e de liderança. Green Belt (GB) • Oferecem dedicação parcial aos projetos de Seis-Sigma; • Possuem maior grau de especialização em determinado processo; • Podem liderar projetos específicos; • Devem saber trabalhar em equipe; • Devem passar por treinamento teórico e prático. White Belts • Oferecem dedicação parcial aos projetos de Seis Sigma; • Possuem conhecimento específico do processo em estudo; • Podem realizar pequenos processos de melhoria; • Devem saber trabalharem equipe; • Devem ser treinados na metodologia Seis Sigma. 14 15 Etapas de um Projeto Dividimos o processo de condução de um projeto em 4 grandes etapas relacionadas abaixo: 1. Seleção do Projeto e da Equipe; 2. Abertura do Projeto; 3. Execução do DMAIC/DMADV a. Acompanhamento passo a passo; b. Eventos de Tollgate (apresentações Intermediárias) 4. Verificação dos resultados e fechamento do projeto A Etapa 1 trata-se da Seleção de Projeto e da Equipe, uma das etapas críticas e que pode comprometer o andamento de todo o trabalho. O projeto deve ser dimensionado adequadamente levando em consideração um escopo e metas bem definidas, uma equipe multifuncional, tempo e recursos bem definidos. A Etapa 2 trata-se da Abertura do Projeto a qual é promovida formalmente o início dos projetos e realizada sua divulgação. A Etapa 3 trata-se da execução dos Projetos com a utilização das metodologias DMAIC ou DMADV pelas equipes. Para a condução desta etapa é necessário um acompanhamento passo a passo do Sponsor, Black Belt e Master Black Belt afim de garantir que a equipe está seguindo as etapas e utilizando as ferramentas adequadas. Também deve ser realizado o Tollgate, que são apresentações para a direção onde são avaliadas as etapas e as equipes liberadas para seguir para as próximas etapas ou revisar a etapa atual. A Etapa 4 trata-se da verificação dos resultados onde são validados os resultados obtidos após as melhorias e desde que satisfatórios, ou seja, atingida ou ainda superada a meta tem o processo controlado continuamente. Metodologias Existem duas metodologias que são amplamente utilizadas no Seis Sigma, denominadas DMAIC e DMADV. A metodologia mais utilizada é o DMAIC que busca a resolução de problemas com o foco na eliminação ou redução das causas-raiz relacionadas às características críticas para qualidade e satisfação do cliente denominadas CTQ (Critical to Quality). A outra metodologia é o DMADV, uma metodologia que foca no (re-)projeto de um processo ou produto. O DMADV é também chamado de DFSS: Design for Six Sigma (Projetar para Seis Sigma). A aplicação de cada uma delas depende do grau de maturidade da companhia e da necessidade apresentada 16 17 pelo projeto, dessa forma empresas que estão começando o processo de implentação optam pela resolução de problemas através da utilização da metodologia DMAIC e a medida que adquirem mais conhecimento iniciam a utilização do DMADV para o projeto ou reprojeto de um produto ou processo. A metodologia utilizada pelo Seis Sigma é chamada de DMAIC. • D - Define (Definir): Definir com precisão o escopo do projeto. • M - Measure (Medir): Determinar a localização ou foco do problema. • A - Analyze (Analisar): Determinar as causas de cada problema prioritário. • l - Improve (Melhorar): Propor, avaliar e implementar soluções para cada problema prioritário. • C - Control (Controlar): Garantir que o alcance da meta seja mantido a longo prazo. DMAIC em detalhes A metodologia DMAIC é dividida em 5 etapas: D - Definir (Define); M - Medir (Measure); A - Analisar (Analyse); I - Melhorar (Improve); C - Controlar (Control). D – Definir Nesta Primeira etapa da metodologia o objetivo é definir claramente qual o “Efeito” indesejável de um processo que deve ser eliminado ou melhorado. É fundamental que haja uma relação clara com um requisito especificado pelo cliente e que o projeto seja economicamente vantajoso. Ferramentas utilizadas: • Dados Internos da empresa, objetivos, dados financeiros, metas; • Dados do Cliente; 18 19 • Análise custo-benefício • Priorização dos processos Críticos do negócio; • Desenho dos macro-processos prioritários; M – Medir Nesta Segunda etapa da metodologia o projeto coleta os dados relevantes aos indicadores definidos na primeira etapa. Aqui os indicadores são estratificados e os dados do processo analisados focando ainda mais o problema. Ferramentas utilizadas: • Matriz de Causa e Efeito; • Análise do Sistema de Medição; • Cálculo de capacidade do processo; • Indicadores do processo; • Ferramentas estatísticas básicas. A – Analisar Com os dados medidos e estratificados, neste momento são feitas as análises relevantes ao projeto em questão. São utilizadas ferramentas da qualidade e ferramentas estatísticas. As causas óbvias e não óbvias que interferem no resultado do processo devem ser determinadas. Ferramentas utilizadas: • FMEA; • Teste de hipótese; • ANOVA; • Testes não paramétricos; • Testes de Correlação • Análise de Regressão • Teste Chi-Quadrado; • DOE – Delineamento de Experimentos. I – Melhorar Neste momento já foram validadas as Causas-Raiz do problema estudado e a equipe deve modificar o processo a fim de obterem a meta estabelecida. Esta é uma fase crítica onde a equipe interage com as pessoas do processo que será afetado devido as melhorias propostas. Ferramentas utilizadas: • Planos de Ação; • Técnicas de Geração de Idéias: Brainstorming / Brainwriting; • Cálculo da nova Capacidade do processo; 20 21 C – Controlar Nesta última etapa deve ser estabelecido um sistema de medição e controle para medir continuamente o processo, de modo que se possa medir e validar e garantir que a capacidade do processo seja mantida. É importante monitorar os X’s críticos não só para manter o processo estável, mas para que também melhorias futuras possam ser indicadas. Ferramentas utilizadas: • Elaboração dos novos procedimentos; • CEP – Controle estatístico do Processo • Padronizando os procedimentos. DMADV em detalhes A metodologia DMADV é dividida em 5 etapas: D - Definir (Define); M - Medir (Measure); A - Analisar (Analyse); D – Projetar (Design) V – Validar (Validate) D – Definir Nesta Primeira etapa da metodologia o objetivo é identificar a oportunidade, estabelecer os objetivos e cronograma do projeto Ferramentas utilizadas: • Dados Internos da empresa, objetivos, dados financeiros, metas; • Defnição dos Clientes • Project Charter M – Medir Na segunda etapa o objetivo é coletar todas as necessidades e informações relevantes para o desenvolvimento do projeto, organizar estas idéias, priorizá-las e traduzi-las em especificações de desempenho. Ferramentas utilizadas: • Pesquisas, Planos de Coleta de Dados; • Diagrama de Afinidades; • Modelo de Kano; • QFD (Desdobramento da Função Qualidade) – Matriz 1 22 23 A-Analisar Na terceira etapa serão tratadas as necessidades dos clientes e desenvolvidas diferentes idéias capazes de contemplar as necessidades sendo a melhor selecionada ao final Ferramentas Utilizadas: • Benchmarking • Brainstorming • TRIZ – “Teoria da Solução Inventiva de Problema” • Matriz de Seleção e Análise de Pugh • QFD – Matriz 2 • FMEA de Projeto • DFM / DFA • AV/EV D – Projetar A partir do melhor conceito detalha-se o projeto que será utilizado em seus mínimos detalhes, prontos para a implementação. Ferramentas Utilizadas: • DOE (Projeto Robusto) • Simulações / Protótipos / DVP • R&M (Confiabilidade e Manutenabilidade) V – Validar Aqui será feita a prova de verificação se o produto ou processo atende as necessidades identificadas na segunda etapa. Ferramentas Utilizadas: • Mapa do Processo • QFD – Matriz 3 • FMEA de Processo • MSA – Análise do Sistema de Medição • QFD – Matriz 4 – Plano de Controle • Instruções de Trabalho e Procedimentos • Monitoramento do Processo. É fundamental que haja uma relação clara com um requisito especificado pelo cliente e que o projeto seja economicamente vantajoso. Consolidando o Seis Sigma Para garantir a consolidação do Seis Sigma na Companhia é necessário atender as seguintes necessidades: • Promoção contínua da expansão do Seis Sigma – envolvimento de todas as áreas da empresa, fornecedores 24 25 e clientes. • Aprofundamento e adequação do uso da metodologia à realidade vigente e à visão que se busca alcançar. • Ampla e freqüente divulgaçãodos resultados obtidos com o Seis sigma. • Promoção de treinamentos específicos para os especialistas do programa, para a aquisição de novos conhecimentos no âmbito do Seis Sigma. O Seis Sigma é Complexo? O conceito do Seis Sigma não é complexo. O sucesso do Seis Sigma está em gestão, metodologia e disciplina e não em um profundo conhecimento estatístico. Existem algumas ferramentas de aplicação mais complexas, as quais serão dominadas por um grupo de especialistas com o apoio de um software estatístico. Fatores Críticos de Sucesso • Comprometimento gerencial; • Seleção adequada dos projetos a serem desenvolvidos; • Boa seleção dos profissionais envolvidos; • Treinamento adequado; • Bom planejamento e acompanhamento das atividades. Benefícios na Implementação • Melhoria dos indicadores de qualidade e produtividade • Retorno financeiro superior aos investimentos realizados; • Mudança cultural significativa, pois as pessoas pensam nos seus processos de uma forma mais estruturada, buscando resultados mensuráveis e alinhados com a estratégia da empresa; • O Seis Sigma ajuda a empresa a focar em seus principais problemas e atuar de forma efetiva para eliminá-los. 26 27 O que é Lean? A origem do pensamento enxuto pode ser encontrada a partir dos chãos de fábrica das indústrias Japonesas, em particular, em inovações na Toyota Motor Co. Estas inovações resultantes de escassez de recursos e intensa competição entre o mercado automotivo japonês, podem incluir o Sistema de Produção Just-in time (JIT), o Kanban método de puxada de produção, respeito aos trabalhadores e um elevado nível de dispositivos a prova de erros. Este gerenciamento tem como foco a eliminação de desperdícios e excessos a partir do fluxo de material dos produtos, os quais segundo a Toyota foram chamados de os Sete Desperdícios, e representou um modelo alternativo ao modelo tradicional da época, a Produção em Massa (com seus grandes lotes e “desperdícios ocultos”). Muito do trabalho desenvolvido na Toyota pode considerado responsabilidade de Taiichi Ohno, onde teve seu trabalho focado na manufatura de motores na década de 1950, montagem de veículo na década de 1960 e na Parte 2 cadeia de valor na década de 1970. Foi depois deste momento, com a aproximação aos fornecedores que os “segredos” da produção enxuta foram compartilhados com outras companhias pela primeira vez. Com o livro “A máquina que mudou o mundo”, não só a Toyota como outros fabricantes automotivos que utilizavam técnicas de produção enxuta, tiveram um destaque com o termo “Produção Enxuta” ou “Manufatura enxuta” (Womack et al 1990). A exploração deste modelo empresarial, apoiado na infra-estrutura e práticas da produção enxuta, promoveram uma explicita tese de que as técnicas e habilidades utilizadas tratavam-se de problemas universais de gerenciamento. Princípios Lean Depois de 1990 houve uma abrangência no foco do Lean, indo muito além do chão de fábrica e sendo utilizado em diversos setores, os quais delinearam o que chamamos de princípios do pensamento enxuto. Estes princípios estão relacionados a seguir: • Princípio 1 – Especificar precisamente o valor de um processo em particular 28 29 • Princípio 2 – Identificar o fluxo de valor do processo • Princípio 3 – Permitir que o valor flua sem interrupções • Princípio 4 – Deixar que o cliente “puxe” valor do processo • Princípio 5 – Perseguir continuamente a perfeição reduzindo a zero os desperdícios. Valor e Custo Um ponto crítico do pensamento enxuto é o foco no valor. Entretanto, algumas vezes criação de valor é visto igual a redução de custo. Em 1996, Womack e Jones definiram Valor como o primeiro princípio do pensamento enxuto. Tal como o Lean deixou de apenas eliminar desperdícios no chão de fábrica, passando para outros setores, a aproximação do Lean passa agora a aumentar o valor percebido pelos clientes sobre seus produtos ou serviços e removendo os desperdícios das atividades. A relação de equilíbrio de custo e valor representa exatamente o que o produto proporciona de valor e o cliente está disposto a pagar pelo produto ou serviço. A mudança de uma simples redução de desperdício cria oportunidade para a criação de valor de duas formas: • Valor é criado se desperdícios internos são reduzidos, como atividades que não agregam valor ou redução de custo, aumentando, portanto a percepção de valor pelo cliente. • Valor também é criado com o incremento de atributos adicionais ou serviços oferecidos que são valorizados pelo cliente. Isto pode ser um tempo de entrega mais rápido, um tempo de ciclo menor, lotes menores que não adicionem custos adicionais ainda que adicionem valor ao cliente. Filosofia Dentro da filosofia Lean desperdícios e problemas são oportunidades e a identificação é o primeiro passo para o seu desenvolvimento. Precisamos compreender que nem todo desperdício pode ser eliminado imediatamente, mas cada um deve ser analisado para a criação de melhorias e consequentemente resultados. O objetivo é nunca interromper a melhoria. Empresas tradicionais dizem: “na média estamos bem” o contrário de empresas Lean que se perguntam sempre: “Como podemos fazer melhor?” 30 31 O Lean envolve todos da organização, cruza todas as fronteiras departamentais e é um componente chave para a estratégia da empresa. O pensamento é: “Toda melhoria mesmo que seja pequena vale a pena.” A comunicação está em todo lugar, ela é compartilhada livremente com todos e os operadores têm as informações de que precisam para melhorar seu serviço. Todos se comprometem a implementar o lean na planta pois acreditam que o Lean funciona e veio para ficar e só com o trabalho em equipe podem conseguir os resultados que desejam. As pessoas compartilham suas idéias livremente e respeitam as opiniões alheias, se animam com as mudanças que o Lean trará para o local de trabalho e buscam a melhoria continuamente. Os Grandes Desperdícios Chamamos de Desperdício todas as atividades que consomem tempo, recursos e/ou espaço, mas não contribuem com a satisfação das necessidades do cliente, gerando apenas custos para a empresa. Os Oito Grandes Desperdícios são os seguintes: 1. Produção em Excesso (Superprodução) a. Peças e produtos produzidos em excesso antes do necessário 2. Defeitos a. Produzir um produto que é descartado ou que precisa de retrabalho 3. Estoque Excessivo a. Manter ou comprar matérias-prima desnecessárias, work in process, produtos acabados 4. Processamento Desnecessário a. Passos do processo ou elementos/ procedimentos de trabalho desnecessários (sem valor agregado) 5. Transporte Excessivo a. Manuseio excessivo, atraso com o manuseio de material, manuseio desnecessário 6. Espera a. Atrasos ou Ociosidade 7. Movimentos Desnecessários a. Ações de pessoas ou equipamentos que não agregam valor ao produto 32 33 8. Não uso dos Talentos e Conhecimento Humano a. Não utilizar as habilidades e o conhecimento da força de trabalho Pensamento Lean X Tradicional Kaizen Conceito O Kaizen foi desenvolvido no período pós-guerra pelas empresas japonesas, que necessitavam de uma reconstrução, com a crença de uma melhora contínua capaz de elminar os grandes desperdícios e melhorar a competitividade. A eliminação do desperdício através da melhoria contínua deve-se tornar um modo de vida tendo principalmente foco em: • Segurança • Eficiência • Custo • Qualidade • Entrega O kaizen deve ser realizado por todos, independente do processo e área e deve ser a melhoria dos processos atuais, através da identificação dos desperdícios de sua eliminação e padronização do processo, garantindo assim que a situação melhorada permaneça ao longo do tempo. Sistemática do Kaizen Entretanto, diferente de que alguns pensam não basta apenas sair fazendo, não podemos esquecer o oitavo desperdício que é o aproveitamento do conhecimento humano, que aqui tem um papel muitoimportante nas etapas de desenvolvimento do Kaizen. Podemos estruturá- lo em 7 etapas sendo: 1. Observar 2. Analisar 3. Desenvolver Soluções 34 35 4. Planejar 5. Implementar e Avaliar 6. Padronizar 7. Ver Novas Oportunidades Com a realização do KAIZEN poderemos garantir a Estabilidade Operacional, ou seja, garantir que os padrões de trabalho são sempre avaliados, melhorados e padronizados. Ferramentas São várias as ferramentas utilizadas no Lean, a seguir uma breve apresentação de cada uma: VSM – Mapeamento do Fluxo de Valor O Mapeamento do Fluxo de Valor é uma representação visual completa do fluxo de valor do processo, incluindo o fluxo dos materiais, produto e da informação do processo. Seu Objetivo é identificar os desperdícios no processo e identificar melhorias no fluxo de valor. TOC – Teoria das Restrições Trata-se de uma filosofia de gerenciamento com a premissa básica de que a otimização de todas as etapas dos processos não necessariamente geram melhorias para o sistema como um todo. Deve-se trabalhar no sentido de identificar, minimizar ou eliminar os problemas principais, chamados restrições ou gargalos. Os gargalos (restrições dos processos) limitam a capacidade do sistema em atingir um melhor desempenho, assim, o gargalo é o problema prioritário a ser melhorado. 5S – Cinco Sensos O 5S também chamado de Cinco Sensos trata-se de uma sistemática com o objetivo de melhorar o ambiente de trabalho. Os 5 Sensos são: • Senso de Utilização - Livre-se daquilo que não é necessário • Senso de Organização - Cada coisa em seu devido lugar • Senso de Limpeza - Limpe sempre seu local de trabalho • Senso de Saúde - Mantenha sempre o ambiente de trabalho favorável à saúde e higiene • Senso de Auto-Disciplina - Mantenha todos os Sensos e busque sempre melhorias. 36 37 Gerenciamento Visual Gerenciamento visual é uma ferramenta baseada na rápida absorção da informação para a tomada de decisões eficientes. Fornece o controle visual para o reconhecimento das anomalias / desperdícios facilitando assim uma resposta imediata. “Uma imagem vale mais que mil palavras” Poka Yoke É uma técnica que previne a ocorrência de falhas ou identifica/elimina defeitos, evitando sua propagação. Existem dois tipos de Poka Yokes: os de Prevenção e os de detecção Os Poka Yokes de Prevenção identificam a causa e previnem a ocorrência da falha já os Poka Yokes de detecção eliminam o defeito no ponto de ocorrência evitando que se propaguem, ou seja, um atua na causa do problema e outro no efeito. Jidoka É também conhecido por autonomação, que significa automação com inteligência humana. Isso porque dá aos equipamentos/ máquinas a habilidade de distinguir as peças boas das peças ruins autonomamente, sem precisar de monitoramento do operador. Elimina-se assim a necessidade dos operadores ficarem observando continuamente e acarretando em um grande aumento de produtividade SMED – Troca Rápida de Ferramentas SMED é a sigla para “Single Minute Exchange os Dies” que significa troca rápida de ferramentas em somente um dígito de minuto. O objetivo de SMED é fazer com que os tempos de troca de máquinas, que trata-se de um tempo perdido no processo, seja o menor possível. A aplicação do SMED consiste nos seguintes passos: 1. Coletar Dados (Observação – filmagem) 2. Estabelecimento de Metas de melhoria 3. Separação de Atividades Internas e Externas Explicar 4. Converter atividades internas em externas 5. Otimizar as atividades internas 6. Otimizar as atividades externas 7. Validar os procedimentos / resultado Just-in-time Just-in-Time: Siginifica produzir e expedir as peças/itens certos, na quantia certa e, precisamente, na hora certa. Produção Just-in-Time requer um comprometimento de todos, desde a base até o topo da organização, todos devem se dedicar à eliminação de desperdícios por meio da melhoria contínua. 38 39 Sistema Empurrado (Tradicional) Quando o processo A é concluído, o produto é “empurrado” ao processo B, onde é armazenado em estoque até que seja requerido. Sistema Puxado Processo B é responsável por coletar as peças e os fornecedores do Processo A quando eles forem necessários. Não há estoque intermediário (armazenamento). One-Piece-Flow Inicia-se com a aquisição de matéria prima com os fornecedores, passa por cada etapa do processo e termina quando os produtos acabados chegam ao cliente. Kanban É um dispositivo sinalizador que autoriza e dá instruções para a produção ou para a retirada de itens em sistema puxado. A presença dessa ferramenta em um ambiente lean proporciona o controle das informações e a movimentação de materiais entre os processos de produção TPM - Manutenção Produtiva Total A manutenção produtiva Total é uma ferramenta que ajuda a reduzir as perdas ocasionadas por falhas nos equipamentos por meio da “quebra zero” garantindo que todas as máquinas do processo estejam sempre aptas a realizar as suas tarefas. Imagine-se em à algumas horas de uma reunião muito importante e você está imprimindo um relatório e de repente a impressora quebra, não adianta colocar a culpa no destino, até por que a impressora é um equipamento como qualquer outro e necessita de manutenção como limpezas, troca de cartuchos, folhas e outras mais. Para garantir que tudo tenha quebra zero as próprias pessoas são envolvidas na manutenção de seus equipamentos, assim conseguem garantir o seu máximo aproveitamento. 40 41 O TPM está dividido em 5 elementos sendo: 1. Treinamento em Operação e Manutenção 2. Condução da Manutenção Planejada 3. Gerenciamento do Ciclo de Vida do Equipamento 4. Melhoria da Eficácia Global do Equipamento 5. Segurança Indicadores São vários os Indicadores existentes no Lean abaixo relacionamos os principais: Dock-to-dock (DTD) Eficiência Global do Equipamento (OEE) First Time Through (FTT) Build-to-Schedule (BTS) Tempo de Ciclo de Manufatura (MCT) Takt Time Qualquer que seja o processo, seja o processo dedicado ou não, há um Takt Time que deve ser calculado. Este valor será referência para o processo seguinte de balanceamento de linhas. Alguns fatores que podem afetar o Takt Time são: • Intervalos (downtime mais longo) • Tempos de Setup muito elevados • Interrupções no processo • Início de Produção atrasado • Atrasos de matéria prima ou pessoas • Refugos e Retrabalhos 42 43 Parte 3 Lean Seis Sigma A integração entre o Lean e o Seis Sigma está ficando cada vez mais evidente e é crescente o número de empresas que estão seguindo esse movimento. Os benefícios do uso dessas metodologias são inúmeros, sendo que General Electric e Toyota são empresas ícones e podem ser consideradas importantes referências. Em termos conceituais, a idéia é tratar o Lean focando principalmente na eliminação dos desperdícios e no aumento da velocidade dos processos e o Seis Sigma, abordando a redução de variabilidade e, consequentemente, dos defeitos. Entretanto podem ser vistas hoje diferentes abordagens para o Lean Seis Sigma, as quais trataremos a seguir. Possíveis Abordagens Lean como Ferramenta do Seis Sigma O problema está principalmente associado à principal estratégia empresarial. Se a diretriz fundamental da empresa é a implementação do Seis Sigma, é muito comum utilizar ferramentas Lean (mapeamento do fluxo de valor, troca rápida, gerenciamento visual, etc.) na aplicação das metodologias DMAIC e DMADV (Design for Six Sigma). Essa abordagem não garante que a empresa terá o Lean como filosofia organizacional. Seis Sigma como Ferramenta do Lean Por outro lado, se a orientação estratégica é a Filosofia Lean, é natural entender o Seis Sigma como um importante método de resolução de problemas complexos, que foram identificados na gestão Lean. Nestas circunstâncias, o Seis Sigma deixa de ter relevância estratégica para a organização e tem-se uma visão restrita de sua utilização. SeisSigma Lean Uma terceira visão é a orientação para aceleração dos projetos Seis Sigma. Muitas empresas argumentam que alguns projetos levam mais tempo do que o esperado, e que não necessariamente é necessário fazer investigações mais elaboradas, sendo que a maioria dos problemas pode ser eliminada em uma análise mais acelerada. Usando essa abordagem, as empresas correm o risco de não eliminar a verdadeira causa dos seus problemas, focando principalmente nos efeitos. O objetivo principal é acelerar 44 45 os projetos, fazendo um número maior de projetos com menor complexidade. Lean Seis Sigma Integrado O Lean Seis Sigma integrado trata-se da utilização completa de Lean e Seis Sigma, garantindo que a empresa atuará paralelamente em projetos de melhoria e no gerenciamento efetivo dos seus diversos processos, buscando ao mesmo tempo a redução da variabilidade e a eliminação dos desperdícios. Parte 4 Novas abordagens para o Lean Seis Sigma Mais recentemente, temos integrado novas abordagens e metodologias ao Lean Seis Sigma de tal forma a garantirmos uma abordagem mais inovadora, criativa e ágil. Dessa forma, precisamos comentar sobre três grandes temas: Métodos Ágeis, Design Thinking e a metodologia LEGO® SERIOUS PLAY®. Métodos Ágeis Desde o crescimento do movimento corporativo à cerca da Agilidade, temos recebido uma série de questionamentos de como podemos integrar os Métodos Ágeis à Excelência Operacional e especialmente à abordagem Lean Seis Sigma. Vale lembrar que os Métodos Ágeis são uma alternativa à gestão tradicional de projetos, e nasceram nos braços do desenvolvimento de software, mas hoje podem ser aplicados a qualquer tipo de projeto (inclusive os que não 46 47 remetem ao desenvolvimento de software). Já o conceito de Excelência Operacional vem do início da década de 1980, desde que Tom Peters e Robert H. Waterman, Jr. publicaram seu livro In Search of Excellence. O livro voltou o olhar das empresas para a importância de dividir o poder de decisão entre todos os níveis hierárquicos de uma corporação, utilizando apenas os processos indispensáveis para solucionar problemas. Ou seja, a Excelência Operacional atinge-se através da integração e coordenação das diversas funções e processos de negócio, buscando a eficácia, para que a tomada de decisões seja o mais célere possível. O objetivo máximo é a melhoria contínua para se atingir a qualidade na prestação do serviço e nos produtos. Dessa forma, a primeira conclusão importante é que não existe dicotomia entre os Métodos Ágeis e a Excelência Operacional. A primeira descreve como coordenar projetos de forma mais eficiente comparativamente ao modelo tradicional, e a segunda descreve uma série de práticas organizacionais com foco na melhoria contínua. Vale ressaltar que a Excelência Operacional é uma definição mais conceitual e estratégica, descrevendo todas as boas práticas de uma organização em torno da Qualidade, enquanto os Métodos Ágeis descrevem formas e boas práticas para gestão dos projetos, sendo assim uma visão mais operacional ou tática. A partir disso, podemos considerar que os Métodos Ágeis estão contidos dentro das práticas de Excelência Operacional, e não o contrário. Existem diversas metodologias para alcançarmos a Excelência Operacional, entre elas o TQM, o TPM, o Lean, o Seis Sigma e o Lean Seis Sigma (entre outras). Cada uma delas com suas particularidades em termos de foco, condicionantes, recursos e forma de condução. Os Métodos Ágeis, considerando o foco na capacidade de adaptação, na janela de tempo pré-definida e na priorização pelo incremento de valor, servem de base para revisitarmos principalmente os recursos e forma de condução dos projetos de melhoria contínua. Dessa forma, o desafio é avaliarmos como conduzimos a rotina de projetos do ponto de vista de pessoas, duração e forma de disposição dos facilitadores e partícipes. Focando prioritariamente no Lean Seis Sigma, podemos perceber que as duas principais abordagens são diametralmente opostas: O DMAIC, tipicamente utilizado para projetos mais complexos e transformacionais, possui duração elevada (06 meses a 12 meses em média) e dispõe de recursos não dedicados (em torno de 4 horas por semana para a equipe de trabalho. Já o Kaizen, tipicamente utilizado para temas mais operacionais, possui uma curta duração (tipicamente 5 dias) e dispõe de recursos totalmente dedicados (8 horas por dia durante todo o evento). 48 49 Não é difícil concluir então que o Kaizen, por definição, é mais Ágil que o DMAIC. Mas por quê, então, não consideramos o próprio Kaizen como a melhor forma de condução Ágil para a Melhoria Contínua? A resposta está nas suas limitações no que tange a complexidade dos temas tipicamente conduzidos por essa metodologia, a capacidade de manutenção dos resultados posteriores e a atual necessidade das organizações. A demanda atual das empresas é, no mínimo, antagônica: Como conduzir projetos da relevância e complexidade do DMAIC com a velocidade do Kaizen sem abrir mão do grau de análise e tão pouco da capacidade de sustentação de resultados? É aí que os Métodos Ágeis podem e devem servir de referência para garantir uma abordagem que otimiza as entregas, os recursos e os prazos. Sinergia entre Lean e Agilidade Seguir no caminho da transformação parte da coragem de desbravar e ter o pleno entendimento que estamos tratando de uma mudança cultural. Nesse sentido, é importante e recomendado resgatar algumas premissas da jornada Lean. John Shook, que aprendeu essa nova forma de pensar - ou metodologia - na Toyota quando a montadora abriu sua primeira planta nos EUA, diz que a maneira mais efetiva de mudar uma cultura é mudar primeiro o comportamento das pessoas. O modelo de transformação cultural proposto por Shook não tenta modificar a maneira como as pessoas pensam, mas como elas agem. Para isso, faz uso de processos bem- estruturados capazes de facilitar as tarefas do dia a dia e permitir que todos aprendam e se desenvolvam. É aí que o nível gerencial encontra o seu porto seguro porque, no Lean, o líder é aquele que entende profundamente o trabalho e, assim, consegue não apenas assumir compromissos pelo time, mas também desenvolvê-lo e desafiá-lo em direção ao crescimento contínuo. Dessa forma, destaquei quatro aspectos da mentalidade Lean que são importantes para moldarmos comportamentos a partir de processos mais eficientes, eficazes e seguros: 1) Hansei Hansei (“auto-reflexão”) é uma ideia central na cultura japonesa e na mentalidade Lean. Seu significado prático é admitir o próprio erro e garantir a melhoria. Diz respeito a conduzir reuniões para avaliação das oportunidades 50 51 de melhoria e reflexão sobre as opções realizadas e como elas podem ser aperfeiçoadas. Hansei também significa sucesso com humildade, ou seja, ninguém deve se tornar totalmente convencido de sua superioridade no que tange a necessidade de aprendizado e a melhoria contínua. Na mentalidade Ágil, o Hansei pode ser traduzido nas sistemáticas de retrospectiva, na responsabilidade compartilhada, na transparência e assertividade na comunicação e principalmente no aprendizado constante com as falhas. 2) Jishuken Jishuken (“auto-aprendizado”) são workshops colaborativos “hands-on” onde os colaboradores aperfeiçoam suas habilidades com base na repetição e erro. É uma das formas de desenvolvimento do Shuhari (ler artigo aqui). O Jishuken pode levar de uma semana a vários meses. Na mentalidade Ágil, o Jishuken pode ser traduzido nas práticas de construção colaborativa com equipes multifuncionais de forma prioritariamente visual e prática. Aparece também no direcionamento constante para construção do MVP (Minimum Viable Product) para posteriores ciclos de melhoria e refinamento com base no aprendizado. 3) Heijunka Heijunka (“nivelamento da produção”) é o planejamento, gestão e controle do tipo e quantidadede produção durante um período de tempo fixo. Isso permite que a produção (ou entrega de produtos) satisfaça as demandas dos clientes, evitando o processamento por lotes muito grandes, resultando assim em estoques ou entregas menores. O Heijunka garante redução dos custos de capital, mão de obra e tempo de execução da produção através de todo o fluxo de valor. Na mentalidade Ágil, o Heijunka pode ser traduzido na elaboração das entregas com base no tempo e não no escopo, ou seja, as entregas devem ocorrer com maior freqüência sempre em períodos de duas ou quatro semanas (Sprint do Scrum). Deve-se fragmentar o produto ou processo a ser construído em pedaços (temas, épicos ou historias) menores que deverão ser priorizados conforme o maior incremento de valor percebido pelo cliente de tal forma a garantir as melhores entregas no menor tempo possível. 4) Kaizen Kaizen (“mudança para melhor”), refere-se a filosofia ou práticas que incidem sobre a melhoria contínua dos processos. Descrito pela frase “Hoje melhor do que 52 53 ontem, amanhã melhor do que hoje”, o Kaizen estabelece que é sempre possível fazer melhor e que nenhum dia deve passar sem que alguma melhoria tenha sido implantada, seja ela na estrutura da empresa ou no indivíduo. Na mentalidade Ágil, o Kaizen pode ser traduzido pela práticas constantes de avaliação, análise crítica e melhoria do produto e do processo de desenvolvimento. É muito visível no foco dado em se coletar a percepção e a experiência do cliente, aumentando o número de interações, gerando entregas focadas no maior incremento de valor e não num escopo fechado. Design Thinking Nos últimos anos os princípios e práticas do Design vêm sendo aplicadas à solução de desafios e problemas complexos, seja na criação de um negócio, no desenvolvimento um novo produto, serviço ou processo. O Design Thinking é um conjunto de métodos e processos para abordar desafios com foco prioritário na experiência do cliente ou do usuário. É uma abordagem estruturada que privilegia a empatia, criatividade e na usabilidade. Durante décadas, empresas como a Cisco Systems até Bank of America (entre outras) trabalharam para incorporar as técnicas do Lean Seis Sigma, uma abordagem de negócios que se baseia em medições e análises estatísticas para tornar as suas operações mais eficientes. Mais recentemente, nos últimos 5 a 10 anos, essas empresas começaram a dominar um novo conjunto de habilidades conhecidas como “design thinking” que tem por objetivo de promover a inovação com um foco intenso na compreensão de problemas reais que os clientes enfrentam em seu dia-a-dia. Essa mudança de abordagem metodológica representa uma dicotomia entre as duas abordagens ou o insucesso do Lean Seis Sigma? Para muitos especialistas e responsáveis pela aplicação dos métodos, os dois conjuntos de habilidades não se encaixam bem e, em função disso, a empresa precisa escolher uma das duas abordagens. É a retomada da discussão da envelhecida disputa entre Inovação e Excelência Operacional. Cabe então entender e reforçar que as ferramentas não devem ser analisadas de forma excludente e sim de forma integrada e conjunta. Pensadores do design thinking são como físicos teóricos, capazes de considerar um mundo no qual qualquer coisa é possível. Por exemplo, viajar à velocidade da luz. Os defensores do Lean Seis Sigma, por outro lado, pensam como físicos práticos e são focados nas medições e análises em três dimensões bem definidas. 54 55 O Lean Seis Sigma começa com uma especificação (a suposição sobre o que é bom) e constrói um mapa mental para se alcançar o resultado com base nos processos existentes. O Design Thinking, enquanto isso, pergunta: o que é bom? E a partir disso redefine o design do produto ou do processo Joy Ulickey, um consultor de qualidade em São Francisco, aplicou os conceitos de Lean Seis Sigma os em 2008 para ajudar uma vinícola de médio porte em Sonoma a descobrir porque ele estava tendo tantas fermentações com falhas. Através de uma análise detalhada de possíveis fatores que afetam a fermentação, como o tipo de levedura, a temperatura e a taxa de ciclagem de vinho através dos tanques, Ulickey identificou o problema primário como controle de temperatura. Em seguida, ela sugeriu várias “contramedidas”, incluindo a contratação de trabalhadores para monitorar a temperatura ou investir em novos tanques de fermentação. Seu trabalho permitiu que a adega salvasse centenas de milhares de dólares por ano e melhorasse o seu vinho. Este é um caso clássico onde a metodologia Lean Seis Sigma cumpre seu papel e as técnicas de Design Thinking seriam pouco aplicáveis: a discussão não é sobre como repensar a fermentação das uvas, mas sim como melhorar a eficiência do processo atual entendendo as variáveis que impactam no resultado. Não há uma abordagem necessariamente disruptiva nessa frente. Porém ela pode repensar, numa abordagem de Design Thinking, sua forma de entrega (por exemplo, via drones) e sua forma de venda (por exemplo,via clube surpresa do vinho) para que sejam totalmente inovadoras e focadas na experiência do cliente. Numa escala muito maior, é inimaginável que a Intel pudesse produzir um único de seus chips de semicondutores altamente complexos ou que a Procter & Gamble poderia fornecer detergente de qualidade em escala global sem pensar na eficiência operacional de sua cadeia logística. O Lean Seis Sigma parte do processo atual para fazer o máximo com as variáveis e mecanismos existentes. Já o Design Thinking repensa a estrutura do processo e do produto. Ou seja, são escolhas que não são absolutamente excludentes para a empresa e tão pouco para o escopo do projeto. Além da escolha em melhorar ou repensar o processo, é possível integrar ambos os métodos de tal forma a potencializar os resultados. Como por exemplo, no desafio do lápis no qual precisamos melhorar o desempenho desse item quanto a quebra da ponta de grafite. Nós 56 57 podemos escolher entender as variáveis que aumentam a probabilidade de quebra com base nas especificações da madeira, do grafite e das medidas do próprio lápis que variam (um pouco) ao longo do tempo e encontrar um ótimo de operação ou podemos escolher projetar uma caneta que nunca terá um problema de quebra do grafite. Ambas abordagens tem o mesmo objetivo: melhorar o desempenho e melhorar a satisfação. Mesmo na solução onde projetamos uma caneta (a solução de Design), inevitavelmente teremos que lidar com novos problemas: Por exemplo a carga de tinta estourando em bolsos de camisas caras e teremos que lançar mão das ferramentas Lean Seis Sigma para encontrar o ótimo de operação para esse novo design. Ou seja, são escolhas que irão depender do nível de desempenho, do mercado e dos custos associados à melhoria ou inovação. Ambas igualmente importantes. Em uma época de digitalização, é natural que as soluções estejam focadas na criação de novos processos digitais e não na melhoria dos processos físicos. Dessa maneira é natural que o Vale do Silício e diversas Startups pelo mundo escolham com mais frequência a abordagem de Design Thinking. Isso não significa que ela é a melhor solução para todos os desafios. LEGO® SERIOUS PLAY Em 1996, os professores Johan Roos, Bart Victor e David Owens, além do executivo da LEGO, Robert Rasmussen, desenvolveram a metodologia LEGO® SERIOUS PLAY®, que visava ampliar a criatividade, melhorar a comunicação e possibilitar uma nova forma de aprendizagem em um ambiente seguro. O método está baseado em quatro etapas que irão conduzir os participantes a uma jornada para resolução de problemas complexos e adaptativos em ambientes corporativos. Como funciona o LEGO® SERIOUS PLAY®? 1ª Etapa: A primeira etapa é a fase de apresentar a Pergunta à equipe (o tema do Workshop). O problema ou o desafio não deve possuir solução óbvia ou até mesmo uma única resposta correta. 2ª Etapa: Asegunda etapa consiste em construir um modelo. Essa é a fase onde os participantes começam a se conectar com o problema, vasculham na memória todo o background de conhecimento e iniciam as conexões neurais para trazer 58 59 soluções. A equipe faz isso por meio da construção de um modelo usando as peças do LEGO®. Essa é a fase de manipular com as mãos, ativar a memória e estimular a comunicação segura e criativa. 3ª Etapa: Na sequência, é hora de compartilhar. Durante a terceira etapa, as histórias são contadas para todo o grupo. No processo, quando compartilham as histórias em voz alta, os próprios participantes começam a ter outros insights e incrementam a história no processo de narração. As interações e questionamentos também enriquecem o discurso e acrescentam novas ideias. 4ª Etapa: Para finalizar, a quarta etapa é uma reflexão sobre a narrativa anterior. Como forma de internalizar e memorizar, estimula-se a reflexão sobre o que foi ouvido, falado e compartilhado. Nesse momento são gerados os compromissos e ações para o desafio inicialmente proposto. O LEGO® SERIOUS PLAY® é uma ferramenta poderosa, capaz de elucidar a cultura empresarial, fazendo com que as peças e cenários sejam metáforas para a identidade organizacional de cada indivíduo dentro da empresa, realmente narrando a vivência e descrevendo o problema ou desafio de forma mais profunda e criativa. A jornada conduzida pelo método busca direcionar os participantes a refletirem sobre a pergunta-problema com foco total na resolução criativa. Dessa forma, a dificuldade é vista como um desafio e não como problema. O método pode ser utilizado por consultores e facilitadores certificados pelo método LEGO® SERIOUS PLAY® em qualquer tipo de empresa ou equipe. O Setec Consulting Group possui uma equipe capacitada e certificada para condução e facilitação de eventos com equipes de diversos tamanhos e perfis. Essa metodologia pode ser utilizada para gerar engajamento da equipe de projeto, definir perfil e valores dos Green Belts e Black Belts além se ser extremamente poderosa para diagnóstico do cenário atual em busca de oportunidades e construção de soluções inovadoras e criativas. 60 61 Conclusões Dessa forma, passamos pelo histórico do Lean, do Seis Sigma até a integração das metodologias. Falamos das principais ferramentas e das novas abordagens que podem se somar ao método. Esperamos assim, que tenha uma boa jornada em seu programa e no desenvolvimento do projeto. 62 63 Setec Consulting Group www.setecnet.com.br São Paulo – 55 (11) 5051 3933 – setec@setecnet.com.br Desenvolvido por: Setec Consulting Group Gilberto Strafacci Neto Marcio Abraham José Goldfreind Diagramação: Setec Consulting Group 2ª Edição – Março/2018
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