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Turismo e Terceira Idade Motivações e Influências

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
LICENCIATURA EM TURISMO 
 
 
 
VERÔNICA EMANUELA FERREIRA RODRIGUES MUNIZ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TURISMO E TERCEIRA IDADE 
MOTIVAÇÕES E INFLUÊNCIAS 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2019 
VERÔNICA EMANUELA FERREIRA RODRIGUES MUNIZ 
 
 
 
 
 
 
 
 
TURISMO E TERCEIRA IDADE 
MOTIVAÇÕES E INFLUÊNCIAS 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
banca examinadora da Universidade Federal do 
Estado do Rio de Janeiro – Unirio, como requisito 
para obtenção do título de Licenciatura em 
Turismo, sob a orientação da professora Bruna 
Ranção Conti. 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2019 
VERÔNICA EMANUELA FERREIRA RODRIGUES MUNIZ 
 
 
 
TURISMO E TEREIRA IDADE 
MOTIVAÇÕES E INFLUÊNCIAS 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
banca examinadora da Universidade Federal do 
Estado do Rio de Janeiro – Unirio, como requisito 
para obtenção do título de Licenciatura em 
Turismo, sob a orientação da professora Bruna 
Ranção Conti. 
 
Rio de Janeiro 09 de julho de 2019. 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
_______________________________________________ 
Porfa. Bruna Conti 
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro 
 
 
_______________________________________________ 
Porfa. Carla Fraga 
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro 
 
 
______________________________________________ 
Joice Lavandoski 
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Acima de tudo agradeço a Deus por mais 
essa realização. Agradeço também ao meu 
marido que me apoiou e me deu forças para 
a conclusão de mais essa etapa em minha 
vida. 
 
Dedico a minha família, amigos e à 
professora Bruna Conti por toda 
colaboração e paciência durante o 
desenvolvimento do trabalho. 
RESUMO 
 
Estávamos acostumados a ouvir que o Brasil é um “país de jovens”, porém essa 
realidade está mudando rapidamente (VERAS, 2000). Até o ano 2042, segundo o 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2018), a população idosa no 
Brasil deverá dobrar. Nesse contexto, o turismo deve preparar-se para atender ao novo 
perfil populacional que se apresenta. O objetivo geral deste trabalho é o de identificar as 
motivações dos idosos para a prática do turismo, os possíveis benefícios associados a 
esta atividade, assim como os incentivos de políticas públicas para a realização dessas 
viagens. Para alcançar o objetivo da pesquisa, a metodologia do trabalho é quantitativa, 
baseada na aplicação de questionários. Estes questionários são compostos de perguntas 
fechadas, buscando identificar a motivação dos idosos, suas preferências de viagens, os 
benefícios que conseguem auferir, além dos auxílios e programas que esses idosos 
utilizam na realização de suas viagens. A maior parte dos inquiridos possui entre 66 e 
70 anos de idade, viajam duas ou mais vezes por ano, porém, poucos são os que 
utilizaram programas de incentivo ao turismo. Apesar da pouca utilização de programas 
de incentivo, o crescimento do turismo na terceira idade deve ser melhor investigado no 
âmbito de suas potencialidades, especificidades e necessidade de apoio governamental. 
A maior parte dos idosos inquiridos prefere adquirir seus pacotes de viagem em 
agências de viagens em detrimento da internet. Para a maioria dos participantes seu 
destino favorito são as estâncias termais discordando de pesquisa realizada pela 
PROVAR/FIA, onde esse destino aparece apenas na sexta posição o que pode indicar 
uma mudança na preferência e no gosto dos idosos. 
 
Palavras chaves: Turismo, Terceira Idade, Motivação, Políticas Públicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
We were accustomed to hearing that Brazil is a "country of young people", but this 
reality is changing rapidly (VERAS, 2000). By the year 2042, according to the Brazilian 
Institute of Geography and Statistics - IBGE (2018), the elderly population in Brazil is 
expected to double. In this context, tourism must prepare itself to meet the new 
population profile that presents itself. The general objective of this work is to identify 
the motivations of the elderly for the practice of tourism, the possible benefits 
associated with this activity, as well as the incentives of public policies to carry out 
these trips. To reach the research objective, the methodology of the work is quantitative, 
based on the application of questionnaires. These questionnaires are composed of closed 
questions, seeking to identify the motivation of the elderly, their travel preferences, the 
benefits they can receive, and the aids and programs that these elderly people use to 
make their trips. Most respondents are between 66 and 70 years of age, traveling two or 
more times a year, but few have used tourism incentive programs. Despite the low use 
of incentive programs, the growth of tourism in the elderly should be better investigated 
within the scope of their potentialities, specificities and need for government support. 
Most older people surveyed prefer to purchase their travel packages at travel agencies at 
the expense of the internet. For most participants their favorite destination is the spa 
resorts disagreeing with research conducted by PROVAR / FIA, where this destination 
appears only in the sixth position which may indicate a change in preference and taste 
of the elderly. 
 
Keywords: Tourism, Seniors, Motivation, Public Policy. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 – Ranking de destinos mais escolhidos 
Figura 2 – Movimentação da 1ª edição 
Figura 3 - Resumo Viaja Mais Melhor Idade 
Figura 4 – Gráfico idade dos participantes 
Figura 5 – Gráfico estado civil dos participantes 
Figura 6 – Gráfico filhos que residem com os pais 
Figura 7 – Gráfico filhos que dependem dos pais financeiramente 
Figura 8 – Gráfico tempo e renda dos aposentados 
Figura 9 – Gráfico tempo e renda não aposentados 
Figura 10 – Gráfico programas de incentivo 
Figura 11 – Gráfico quantas vezes viajam por ano 
Figura 12 – Gráfico o que incentiva ou incentivaria a viajar 
Figura 13 – Gráfico época do ano preferida para viajar 
Figura 14 – Gráfico motivação da viagem 
Figura 15 – Gráfico companhia para viajar 
Figura 16 – Gráfico destinos favoritos 
Figura 17 – Gráfico como compra passagens e pacotes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................9 
2. ENVELHECIMENTO POPULACIONAL.........................................................13 
2.1. Reconhecimento do idoso na sociedade...................................................15 
2.2. Tempo livre..............................................................................................17 
2.3. Aposentadoria, lazer e turismo.................................................................19 
2.4. Turismo e terceira idade...........................................................................22 
3. POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS DE TURISMO.................................31 
3.1. Histórico das políticas públicas brasileiras de turismo............................33 
3.2. Programa Viaja Mais Melhor Idade.........................................................43 
3.3. Estatuto do Idoso......................................................................................50 
4. FATORES MOTIVACIONAIS..........................................................................53 
4.1. O turismo para o idoso.............................................................................55 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................69 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................71 
7. APÊNDICE I.......................................................................................................769 
 
1. Introdução 
 
O envelhecimento da população é uma realidade crescente, o que causa transformações 
em nível econômico, político e cultural (VERAS, 2009). Uma vez que o turismo está 
envolvido neste contexto, evidentemente sentirá os impactos dessas transformações. 
De acordo com o Estatuto do Idoso (2003), é considerada idosa a pessoa acima de 60 
anos, porém a determinação dessa idade foi válida até o ano 2000 para países em 
desenvolvimento, enquanto que, para países desenvolvidos, a idade para que uma 
pessoa fosse considerada idosa era de 65 anos. Com o propósito de padronização dessa 
idade para melhor apuração de dados estatísticos, a ONU estabeleceu, em 2000, a idade 
de 60 anos para todos os países, o que foi adotado pelo Brasil. 
O termo idoso surgiu para substituir termos como “velho” e “velhote” que foram 
utilizados em documentos oficiais do Brasil como, por exemplo, o Decreto-Lei 2.848 do 
Código Penal de 1940. Este termo foi criado na França no ano de 1962 e se refere a 
todas as pessoas acima de 60 anos de idade (Portal do envelhecimento, 2014). 
Vale destacar que o termo terceira idade surgiu também na França, nesse mesmo ano, 
sendo utilizado ineditamente pelo gerontologista francês Huet. A revista Informations 
Socieales foi a primeira a publicá-lo, inclusive, fazendo uma homenagem aos 
aposentados com a dedicação de um número da edição a eles (LENDZIO apud SENA; 
GONZÁLEZ, ÁVILA, 2007). 
A ciência, a tecnologia, a medicina, dentre outros campos, têm evoluído nos últimos 
tempos como afirma James Gallagher no site da BBC News “O ano de 2015 foi de 
grandes avanços na Medicina, entre eles a edição genética, o crescimento da 
imunoterapia e os primeiros passos rumo a um medicamento que pode reduzir a 
progressão do Alzheimer” (GALLAGHER, 2015). E isto proporciona o aumento da 
expectativa de vida do ser humano, assim como uma possível melhoria em sua 
qualidade de vida, principalmente quando se tem uma idade mais avançada. Como 
afirmou o professor do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ e neurocientista 
Stevens Rehen, em entrevista ao site O Globo em 2011, 
Nos últimos 100 anos houve um aumento da expectativa de vida em mais de 
30 anos. Agora, os cálculos são que, nos próximos 30 anos, a cada ano que 
10 
 
você vive, vai conseguir viver mais um em virtude do que está sendo 
descoberto e aplicado pela medicina. Há um avanço muito grande que mostra 
que há formas de subverter ou manipular essa expectativa de vida entendendo 
melhor como funcionam as células e o organismo (REHEN, 20111). 
 
Conforme mencionado, com o avanço da ciência foi possível compreender melhor o 
funcionamento do organismo e interferir nas características do envelhecimento, tendo 
em vista que, a partir do progresso da ciência, futuramente sua qualidade de vida será 
superior à de agora. E a tendência de que isso se ratifique com o passar do tempo é cada 
vez mais forte. 
Neste sentido, vale destacar que boas condições de vida e saúde favorecem a prática do 
turismo na terceira idade (SOUZA; FILHO; SOUZA, 2006). Assim, juntamente com a 
aposentadoria, que faz com que parte dos idosos tenham disponibilidade de tempo e 
dinheiro para viagens durante qualquer época do ano, uma boa qualidade de vida é 
também aspecto crucial para a motivação dos idosos na realização de viagens a turismo. 
“Além de ser importante na área econômica, o turismo também apresenta grande valor 
sociocultural e psicossocial, pois lida com sonhos, realizações, conhecimento e troca de 
experiências culturais” (NASCIMENTO; SANTOS, 2016, p.3). Pode se estabelecer, 
portanto, como atividade capaz de preencher lacunas na vida do idoso, agora inserido 
em um tempo do não trabalho, além de possibilitar novas socializações. 
Desta forma, levando em consideração o contexto apresentado, o objetivo geral deste 
trabalho é o de identificar as motivações dos idosos para a prática do turismo, os 
possíveis benefícios associados a esta atividade, assim como os incentivos de políticas 
públicas para a realização dessas viagens. Os objetivos específicos contemplam, 
portanto: 1) revisão bibliográfica sobre o turismo na terceira idade, buscando discutir o 
processo de envelhecimento em associação ao tempo livre, ao lazer e ao turismo. 2) 
revisão documental sobre as políticas públicas brasileiras que incentivam a realização 
do turismo na terceira idade. 3) análise das motivações e benefícios para o público idoso 
que é adepto à prática do turismo. 4) análise da influência das políticas públicas nos 
processos de viagem a turismo dos idosos em questão. 
 
1 Disponível em <https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/avancos-da-medicina-aumentam-
expectativa-de-vida-para-quem-esta-na-faixa-dos-40-anos-2720967>. Acesso em: 06 de fev. de 2019. 
https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/avancos-da-medicina-aumentam-expectativa-de-vida-para-quem-esta-na-faixa-dos-40-anos-2720967
https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/avancos-da-medicina-aumentam-expectativa-de-vida-para-quem-esta-na-faixa-dos-40-anos-2720967
11 
 
A estrutura deste trabalho contempla três capítulos além desta introdução. Na seção 
seguinte será apresentado o caminho metodológico da pesquisa. No capítulo dois são 
discutidos os temas do envelhecimento, da aposentadoria, do tempo livre e do turismo 
na terceira idade, e no capítulo três são apresentados os principais programas e projetos 
voltados ao turismo na terceira idade. No capítulo quatro serão expostos os resultados 
da pesquisa de campo realizada por ocasião do presente trabalho. E, por fim, são 
apresentadas as considerações finais desta pesquisa. 
Para alcançar o objetivo da pesquisa, a metodologia do trabalho é quantitativa, baseada 
na aplicação de questionários. Estes questionários são compostos de perguntas fechadas, 
buscando identificar a motivação dos idosos, suas preferências de viagens, os benefícios 
que conseguem auferir, além dos auxílios e programas que esses idosos utilizam na 
realização de suas viagens. Os questionários foram aplicados por um período de três 
meses, entre 7 de fevereiro e 7 de abril de 2019, em quatro dias da semana (de quinta a 
domingo) na cidade do Rio de Janeiro. Esses idosos foram abordados nos seguintes 
locais: aeroportos Santos Dumont e Tom Jobim/Galeão, rodoviária Novo Rio, atrações e 
pontos turísticos como o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, o Jardim Botânico, a Vista 
Chinesa, a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Museu Histórico Nacional, a praia de 
Copacabana, os Arcos da Lapa, o Museu do Amanhã e o Santuário Nossa Senhora da 
Penha. Participaram da pesquisa apenas aqueles que realizavam viagem a turismo. No 
caso de grupos, apenas um pôde responder ao questionário. Os idosos inquiridos 
tiveram suas identidades preservadas. A tabulação dos dados foi realizada em Excel a 
fim de se gerar gráficos que ilustrem e subsidiem a análise desses dados. 
Além da realização da etapa descrita anteriormente, foram utilizados dados estatísticos 
que relacionam o crescimento, estagnação ou diminuição do turismo na terceira idade, a 
fim de contextualizar a análise pretendida. 
O trabalho dedica atenção, portanto, ao público da terceira idade, não levando em 
consideração outras faixas etárias. Além disso, foram levados em conta idosos que 
viajam frequentemente – duas ou mais vezes por ano – que viajam esporadicamente – 
uma vez por ano – e que não viajam, com o objetivo de saber suas motivações para a 
prática ou “não prática” do turismo bem como suas preferências. 
12 
 
Foram ainda contempladas perguntas para identificar os benefícios que o turismo traz à 
vida dos idosos, o que eles percebem de melhoria em sua saúde física e mental, além 
dos possíveis benefícios com relação à integração familiar e com os demais membros da 
sociedade. E, por fim, foram identificados os incentivos e políticas públicas que 
influenciam a ampliaçãodo turismo na terceira idade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
2. Envelhecimento Populacional 
Estávamos acostumados a ouvir que o Brasil é um “país de jovens”, porém essa 
realidade está mudando rapidamente (VERAS, 2000). E não apenas no Brasil, em 
muitos países da América Latina essa mudança pode ser observada (CELADE, 2012 
Apud SILVA e DAL PRÁ, 2014). 
Até o ano 2042, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE 
(2018), a população idosa no Brasil deverá dobrar. Atualmente a população idosa no 
Brasil representa 13,5% do total da população brasileira. As estimativas do IBGE 
apontam que essa porcentagem aumentará para 24,5% em apenas 25 anos. 
Segundo a Organização das Nações Unidas – ONU (2016), em 2050, o número de 
idosos no Brasil será o dobro do atual. E alguns dos fatores que colaboram para isso são 
“O avanço da ciência, o uso de medicamentos, a maior qualidade e expectativa de vida e 
a mudança dos costumes” (SENFFT, 2004). Outros autores como Veras (2003) e Nunes 
(2011) também discutiram sobre o aumento do envelhecimento populacional: 
O envelhecimento populacional crescerá em decorrência dos avanços nos 
conhecimentos da engenharia genética e da biotecnologia, da descoberta de 
novas medicações, das políticas de vacinação em massa, do controle de 
muitas doenças infectocontagiosas e potencialmente fatais, sobretudo a partir 
da descoberta dos antibióticos, e dos imunobiológicos; da diminuição das 
taxas de fecundidade; da queda da mortalidade infantil graças à ampliação de 
redes de abastecimento de água e esgoto, alterando, em um futuro próximo, 
não apenas indicadores demográficos como a expectativa de vida, mas 
principalmente o próprio limite do tempo de vida, ou relógio biológico 
humano (Veras, 2003; Nunes, 2011, p. 7-8). 
 
Segundo Matos (2011), a expectativa de vida dos brasileiros está em ascensão e 
avançando da seguinte forma: em 1960, a expectativa de vida era 48 anos; em 2012 
subiu para 74,6 anos; e, no ano seguinte, 2013, 74,9 anos, havendo uma diferença de 7,3 
anos quanto ao sexo – os homens alcançando uma expectativa de vida de 71,3 anos, 
enquanto que as mulheres alcançaram 78,6 anos de expectativa de vida. Segundo o 
IBGE (2018), atualmente, o Brasil atingiu a maior marca de expectativa de vida de toda 
sua história, 76 anos. 
As pessoas estão vivendo mais e melhor em consequência, por exemplo, do avanço da 
ciência, da melhoria em sua alimentação e da proteção que as vacinas hoje oferecem 
contra vários tipos de doenças (VERAS, 2000). 
14 
 
A velhice só começou a ser analisada cientificamente no século XVI. Dois cientistas, a 
saber, Bacon e Descartes, analisavam as perspectivas do envelhecimento (JUNIOR, 
2004). Porém, 
(...) o médico francês Jean Marie Charcot, em 1867, foi o primeiro a 
apresentar um trabalho científico sobre a terceira idade. Seu Estudo clínico 
sobre a senilidade e doenças crônicas procurava destacar a relevância dos 
estudos sobre o envelhecimento, centrando-se em suas causas e 
conseqüências para o organismo humano (Junior, 2004, p.1-2). 
 
Segundo Matos (2011), o ciclo vital humano se divide em quatro fases: Primeira Idade, 
que vai de 0 a 20 anos; Segunda Idade, dos 21 aos 49 anos; Terceira Idade, de 50 a 77 
anos; e, por fim, a Quarta Idade, que vai dos 78 aos 105 anos. Junior (2004) descreve 
em poucas palavras a Primeira e a Segunda Idade: “Regressivamente, a segunda idade 
seria aquela fase do pleno desenvolvimento, em que o indivíduo está integrado às 
atividades sociais, e a primeira seria a infância (JUNIOR, 2004, p.2)”. Já na terceira 
idade, o nosso corpo passa por várias transformações durante o processo de 
envelhecimento, não apenas por fora, como também por dentro. Essas transformações 
podem abarcar a flacidez da pele, os cabelos brancos ou mesmo a queda excessiva 
deles, a perda da visão e audição, dificuldades na locomoção e patologias típicas da 
velhice. Muitas vezes essa imagem é negada e ninguém quer se reconhecer nela 
(GUIMARÃES, 2007). 
Os padrões de beleza de hoje não envolvem essas características tão comuns à terceira 
idade. Diante disso, surge a corrida contra o tempo, contra o envelhecimento recorrendo 
a estratégias para que se possa ficar jovem por mais tempo. E, hoje, isso é possível, até 
certo ponto, graças à medicina antienvelhecimento surgida nos Estados Unidos fazendo 
com que se retardem os efeitos do envelhecimento no corpo humano (CORREA, 2009, 
p.90). 
“A ideia de prevenção do envelhecimento acusa que essa fase da vida pressupõe 
doenças, efeitos indesejáveis no corpo e até o limiar da morte, configurado no objetivo 
de reduzir a aceleração do relógio biológico” (CORREA, 2009, p.90). 
Mas o que é velhice e como ela ocorre? O que é essa fase tão indesejada para a maioria 
das pessoas? Neri (1991) explica que, em sua concepção, uma pessoa é considera velha 
a partir de dois fatores díspares: o primeiro fator é a questão cronológica que se inicia 
15 
 
com o nascimento, nas palavras da autora, “idades funcionam como ‘relógios sociais’”. 
Para o segundo fator, a autora expõe a velhice também como um estado de espírito, 
sugestionado a inúmeros fatores. 
Junior (2004), citando Minayo e Coimbra (2002), discute que 
Todavia, o envelhecimento também não pode ser considerado como um 
processo homogêneo, pois “[...] cada pessoa vivencia essa fase da vida de 
uma forma, considerando sua história particular e todos os aspectos 
estruturais (classe, gênero e etnia) a ela relacionados, como saúde, educação e 
condições econômicas (MINAYO; COIMBRA JR, 2002, p.14). 
 
Assim, alguns idosos podem considerar o envelhecimento como um fator positivo, 
como sinônimo de respeito e sabedoria, enquanto outros podem enxergá-lo de forma 
negativa, considerando-o como uma fase de restrições e dependência e, até mesmo, 
como a parte final de suas vidas. A próxima seção deste capítulo traz a discussão sobre 
o reconhecimento do idoso na sociedade através de um olhar histórico. 
 
2.1. Reconhecimento do Idoso na Sociedade 
Houve, na década de 1970, uma preocupação inédita com relação às consequências do 
envelhecimento no tocante a integração dos idosos na sociedade, expressa através de 
estudos que trataram de aspectos físicos e mentais, mas também das mudanças ocorridas 
na sociedade como resultado desse envelhecimento (JUNIOR, 2004). 
Porém, a pessoa idosa, na maioria das vezes, não recebe o valor que deve e merece na 
sociedade contemporânea. O idoso teve seu auge nas sociedades antigas, onde ser 
ancião era sinônimo de sabedoria, honra, experiência e respeito (TRIBUNA, 2003). 
Nessas sociedades, a imagem do idoso era tida como tendo uma aura sobrenaturalmente 
privilegiada que lhe conferia vida longa e, por isso, era lhe dado o lugar de honra, pois 
sua longevidade outorgava-lhe sabedoria e experiência. 
Os idosos eram tidos como objeto de veneração aos mais jovens que buscavam seus 
conselhos e, inclusive, até seus negócios eram confiados a eles. Nas sociedades antigas, 
quem conseguia alcançar a velhice era tido como um sábio. Essa etapa da vida era 
classificada como dignificante. Tamanha era a sabedoria conferida aos anciãos, que, 
16 
 
quando chegavam a essa fase da vida, sua atuação na política era intensificada, 
confiando-lhes os rumos que os grupos sociais tomariam, pois era lhes dado o poder de 
tomar as decisões mais importantes desses grupos (TRIBUNA, 2003). 
Contudo, esse cenário começa a se modificar com a Revolução Industrial. A partir daí, 
as pessoas eram percebidas pela sua força de produção e não mais pela sua experiência 
e sabedoria. Como resultado desta inversão de valores, os idosos começaram a ser 
esquecidos e marginalizados (TRIBUNA, 2003), pois não havia condição de igualdade 
em uma competição produtiva entre os mais idosos e os mais jovens. 
Esse padrão persiste até os dias atuais, onde o mercado detrabalho parece preferir 
funcionários mais jovens aos mais velhos, principalmente quando a força empregada 
para a realização do cargo é a braçal (TRIBUNA, 2003). 
Atualmente pode-se perceber claramente a exclusão e marginalização do idoso na 
sociedade. Os mais jovens o consideram antiquado, ultrapassado. No lugar de garantir 
que suas experiências vivam através dos mais jovens, a sociedade os deixa de lado 
“vivendo no passado” (GUIMARÃES, 2007). 
Muito longe de oferecer ao indivíduo um recurso contra seu destino 
biológico, assegurando-lhe um futuro póstumo, a sociedade de hoje o 
rechaça, ainda vivo, para um passado ultrapassado. [...] Outrora, imaginava-
se que em cada um, ao longo dos anos, acumulava um tesouro: a experiência 
(BEAUVOIR, 1970, p. 468 apud GUIMARÃES, 2007, p. 21). 
 
Em suma, não se reconhece o idoso como parte integrante da sociedade. Ele é visto, 
muitas vezes, como um intruso, como alguém estranho que não deveria estar ali. Porém, 
mesmo estranho, diferente, ele é necessário para a sociedade, mesmo que essa não 
reconheça este fato (SOUZA; GALLO, 2002). 
Contudo há de se considerar que os idosos estão amparados por uma política 
já estabelecida, contendo determinações oportunas a serem efetivadas. Mas é 
primordial que haja uma transformação na percepção do idoso na sociedade, 
um maior aprofundamento no que se refere ao conhecimento sobre a velhice, 
pois caso contrário, continuarão ocorrendo os mesmos problemas de 
injustiça, desrespeitos, marginalização e sofrimentos desse grupo (JÚNIOR, 
2005, p.99). 
 
A maior parte dos idosos, ao se aposentar, dispõe de maior tempo livre e, boa parte 
deles, não quer ficar em casa apenas assistindo televisão. Uma parcela de idosos deseja, 
17 
 
agora que sua etapa de labor terminou, passear e conhecer o mundo. Talvez, até visitar 
lugares onde ser idoso ainda lhe confira um status de honra e respeito. 
 
2.2. Tempo livre 
Com a aposentadoria, a terceira idade passou a dispor de um tempo livre, antes 
inexistente, um tempo que outrora era preenchido por atividades laborais como o 
trabalho (SANTOS, BERTOLDI, 2012). 
O tempo livre, segundo Munné (1980), está caracterizado como uma das quatro 
tipologias do tempo social, que são: tempo psicobiológico, tempo socioeconômico, 
tempo sociocultural e, por fim, o tempo livre. Não é objetivo deste trabalho discutir ou 
mesmo definir as três primeiras tipologias de tempo. Para alcançar o objetivo proposto 
aqui, me aterei apenas à quarta tipologia: o tempo livre. 
Aquino e Martins (2007) descrevem rapidamente a tipologia do tempo livre: 
[...]o tempo livre, que se refere às ações humanas, realizadas sem que ocorra 
uma necessidade externa. Neste caso, o sujeito atua com percepção de fazer 
uso desse tempo com total liberdade e de maneira criativa, dependendo de 
sua consciência de valor sobre seu tempo (AQUINO; MARTINS, 2007, 
p.482). 
 
Em nossa sociedade o tempo é superestimado. Atribui-se muito valor a ele, chegando-se 
a dizer que o tempo livre, sem ocupação, o tempo ocioso nos traz perdas inclusive 
monetárias, como diz o famoso jargão “tempo é dinheiro”. Entende-se que esse tempo 
livre deve ser preenchido e que a velhice, por ser o idoso já aposentado, dispõe de muito 
desse tempo livre (CORREA, 2007). 
Em nossa relação com a dimensão temporal, outras consequências colocam-
se à nossa frente. Vivendo em um mundo no qual o tempo é um valor, 
cultivamos a ideia de que a ociosidade é, na realidade, “perda de tempo”. Há 
que se ganhar dele, trapaceá-lo, ultrapassá-lo, para que ao final se possa 
conquistá-lo, vencê-lo. O tempo livre coloca-se como um tempo oco, vazio, 
que deve ser preenchido. Nesse caso, a velhice encontra-se intimamente 
ligada a essa questão, porque dispõe de muito “tempo vago” no seu cotidiano, 
por acreditar-se que a aposentadoria significa o fim de atividades laborativas, 
ou seja, o idoso deixa de produzir mais-vali (HADDAD apud CORREA, 
2007, p. 91 – 92). 
 
18 
 
Segundo Correa (2007), é necessário que haja uma melhoria no tempo livre dos 
aposentados, inserindo nesse tempo atividades que tragam certo valor a ele, pois “a 
ideia de ter tempo livre foi associada à produção de doenças” (CORREA, 2007, p.92). 
O tempo livre é considerado o principal fator de evolução de lazer; mas não é 
o único. O tempo livre não decorre somente de menos tempo de trabalho, em 
função da jornada reduzida, semana mais curta e férias (...). A longevidade, 
por exemplo, aumenta também o tempo livre (...) (SENFFT, 2004, p.71). 
 
Hoje se vive mais e melhor graças ao avanço da ciência e da melhoria da qualidade de 
vida, que traz como consequência a longevidade, associada ao tempo livre a mais que 
ela proporciona (SENFFT, 2004). 
Com a aposentadoria, o idoso ganha uma quantidade significativa de tempo livre. Pode 
ser difícil para uma pessoa antes ativa profissionalmente, agora se ver sem função. A 
aposentadoria tão esperada, sonhada e merecida, agora se transforma em algo negativo 
(GUIMARÃES, 2007). 
A aposentadoria aparece nesse contexto como uma faca de dois gumes. Por 
um lado, alguns a encaram como uma recompensa merecida; por outro lado, 
ela é entendida, muitas vezes, como um passo definitivo para a exclusão 
social. Independente de como se entenda a aposentadoria, fato é que, na 
maioria das vezes, os aposentados são excluídos da vida social. Não poucos 
sofrem de depressão e sentem falta do trabalho que antes lhes parecia penoso. 
Nada lhes é oferecido em substituição às atividades de outrora 
(GUIMARÃES, 2007, p. 16). 
 
Júnior (2005) também alerta para o perigo que a aposentadoria sem o devido 
planejamento, pode representar: 
Em algumas situações a aposentadoria é maléfica, uma vez que ela extermina 
os indivíduos, alcança pessoas em pleno vigor físico e intelectual, com uma 
vasta experiência comprovada. Somando a isso, alguns indivíduos mais 
jovens absorvem todos os serviços no local de trabalho (empresas, indústrias, 
bancos, etc.), deixando para os idosos as tarefas mais penosas, sendo estes 
obrigados a moderarem suas pretensões a respeito de salários, natureza e 
condições de trabalho. Não conseguem, por vezes, conformar-se 
imediatamente com isto, de modo que, quando chegam a aceitar a situação, 
encontram-se econômica, social e moralmente destruídos (JÚNIOR, 2005, 
p.98). 
 
Para ocupar esse tempo livre evitando, assim que ele se torne o causador de males 
físicos, mentais e emocionais, parte dos idosos busca como alternativa a prática do lazer 
através do turismo, buscando conhecer novas pessoas e lugares diferentes. 
19 
 
2.3. Aposentadoria, Lazer e Turismo 
Segundo Dumazedier (2001), 
(...) o lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se 
de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e 
entreter-se ou, ainda para desenvolver sua informação ou formação 
desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade 
criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, 
familiares e sociais (DUMAZEDIR, 2001, p.34). 
 
Já o sociólogo Renato Requixa define lazer 
(...) como uma ocupação não obrigatória, de livre escolha do indivíduo que a 
vive, e cujos valores propiciam condições de recuperação psicossomática e 
de desenvolvimento pessoal e social (REQUIXA, 1976, p.21). 
 
Pode-se observar que as duas definições trazem o conceito de não obrigatoriedade e de 
desenvolvimento pessoal e social, dando a entender que as atividades consideradas 
obrigatórias já foram cumpridas e que neste momento o indivíduo dispõe de tempo para 
dedicar-se às demais atividades, para ele, prazerosas. 
Aquino e Martins (2007) mostram que Camargo (1989) também traz sua definição de 
lazer embasada em Dumazedier e cita em sua definição algumas características que, sob 
o seu ponto de vista, são integradas ao lazer, como gratuidade, voluntariedade, prazer e 
liberdade. Aquinoe Martins (2007) apontam, ainda, que segundo essa definição, as 
atividades de lazer devem ser realizadas durante o tempo livre das obrigações 
relacionadas ao trabalho e às atividades domésticas, ele deve ter enfoque em atividades 
físicas, manuais, associativos, artísticos e culturais. 
Inúmeras definições surgiram para o turismo desde que ele começou a ser estudado. 
Barreto (1995) afirma que a primeira definição em relação ao turismo foi feita pelo 
austríaco e economista Hermann Von Schullern, em 1911. Ele definia o turismo como 
“o conceito que compreende todos os processos, especialmente os econômicos, que se 
manifestam na chegada, na permanência e na saída do turista de um determinado 
município, país ou estado” (SOUZA, 2010, p. 6 apud BARRETO, 1995, p.9). 
Ligando o turismo ao lazer pode-se mencionar Cunha, pois compreende o turismo como 
uma consequência produzida pelo lazer e, também como uma maneira para ocupar o 
tempo livre (SOUZA, 2010). 
20 
 
Wahab (1972 apud TRIGO, 1998, p.8) reúne em sua definição de turismo perspectivas 
econômicas e sociais, conceituando o turismo “como uma atividade fundamental para o 
bem-estar da população, destaca também que a atividade turística é responsável pela 
realização de desejos, para a “satisfação de outras necessidades””. Segundo o autor a 
prática do turismo implica em um translado temporário de pessoas visitando outros 
países e regiões com o objetivo de satisfazer necessidades que não sejam as ligadas ao 
trabalho remunerado. Ela é praticada intencionalmente e ocasiona a troca entre 
sociedades distintas. 
As necessidades e desejos satisfeitos pelo turismo na terceira idade podem ser a busca 
por companhia, diversão, o reencontro do sentido da vida e o tratamento ou prevenção 
da solidão, da depressão e outros tipos de enfermidades tão comuns nesta etapa da vida. 
Como já mencionado anteriormente, com a aposentadoria os idosos ganham mais tempo 
que podem dedicar ao lazer e ao turismo. Porém, há um grande problema quando o 
idoso não consegue enxergar novos horizontes e possibilidades a sua frente pensando 
apenas que sua vida útil acabou com a chegada da aposentadoria, como menciona 
Júnior. 
Em algumas situações a aposentadoria é maléfica, uma vez que ela extermina 
os indivíduos, alcança pessoas em pleno vigor físico e intelectual, com uma 
vasta experiência comprovada. Somando a isso, alguns indivíduos mais 
jovens absorvem todos os serviços no local de trabalho (empresas, indústrias, 
bancos, etc.), deixando para os idosos as tarefas mais penosas, sendo estes 
obrigados a moderarem suas pretensões a respeito de salários, natureza e 
condições de trabalho. Não conseguem, por vezes, conformar-se 
imediatamente com isto, de modo que, quando chegam a aceitar a situação, 
encontram-se econômica, social e moralmente destruídos (JÚNIOR, 2005, 
p.98). 
 
A aposentadoria é tema de intenso debate na sociedade desde que passou a existir 
oficialmente. Ela cria grandes expectativas para quem está se aposentando (JÚNIOR, 
2005), e essas expectativas podem exceder a realidade de um modo positivo ou de um 
modo negativo. Podemos confirmar isso nas palavras de Beauvoir (1970): 
É muito difundida a imagem da aposentadoria-milagre que tornará finalmente 
possível a realização de velhos desejos: mas existe como contrapeso, uma 
imagem da aposentadoria-catástrofe. Por encararem a aposentadoria com 
muita apreensão, muitos trabalhadores evitam pensar nela (BEAUVOIR, 
1970, p.298). 
 
21 
 
Ela traz consigo uma dualidade, como relata Júnior (2005): por um lado há a vantagem 
de ter esse tempo a mais para atividades prazerosas e lúdicas, porém por outro lado, ela 
pode representar sinônimo de desvalorização dependendo de como é vista. 
Para JÚNIOR (2005), a maioria das pessoas veem a aposentadoria negativamente 
acreditando que ela ocasiona alguma espécie de menos valia no que diz respeito ao seu 
status e padrão de vida. O aposentado se vê diante de uma brusca interrupção no curso 
da sua vida profissional, é necessário que ele deixe o passado para que consiga se 
adaptar a um novo estilo de vida que, dependendo de como é encarado, pode lhe trazer 
vantagens ou desvantagens. 
Com tantas mudanças acontecendo na vida do idoso como, além da aposentadoria, as 
transformações físicas, sociais e psíquicas, como a mobilidade reduzida, perda da 
audição, da visão, desvalorização na sociedade, sentimento de perda, medo da morte 
dentre tantos outros fatores (BEAUVOIR, 1970; CORREA, 2006; LUSTRI; 
MORELLI, 2007), há que se cuidar para que essa nova fase da vida e a ilusão ou 
despreparo de alguns não acarrete em outras patologias como a depressão. 
Figueiredo (2007) acredita que o problema mais comum no idoso seja a depressão. Ela é 
considerada por Ruipérez & Llorente (1998, p.226) “uma manifestação frequente de 
alteração psíquica na idade pré-senil e senil, independentemente dos estados de 
melancolia que, habitualmente, ocorrem neste grupo etário”. 
Retomando Figueiredo (2007), o idoso é acometido por perdas sucessivas de ordem 
física como a dificuldade na locomoção, de ordem social como o desamparo familiar e 
da sociedade, de ordem profissional e econômica uma vez que sua contribuição 
profissional remunerada já não é mais necessária e, com relação a sua saúde estando o 
idoso mais propenso a diversas patologias nesta etapa da vida. 
Uma das alternativas para a prevenção e o tratamento da depressão pode ser apresentada 
através do lazer e do turismo, como discutido por Souza (2007): 
O lazer positivo tem uma função educativa importante e se caracteriza por 
um conjunto de atividades que pode nos levar à distração, recreação e ao 
entretenimento, a qual, todos nós, em um determinado tempo de nossa vida, 
nos dedicamos, aproveitando o tempo livre. Por vez, o turismo também faz 
parte dele, do qual podemos nos dedicar plenamente para promoção da nossa 
saúde física e mental. Deveras, o idoso carece de atenção especial neste 
sentido, por tratar-se de uma faixa populacional em crescimento, podendo 
22 
 
encontrar nestas atividades um mecanismo para obtenção da saúde mental, ao 
entregarem-se a elas, já que essas podem proporcionar interatividade e ser 
uma válvula de escape para os obstáculos e ou elementos estressores da vida 
cotidiana (SOUZA, 2007, p.8). 
 
Senfft (2004) afirma que para que o idoso consiga alcançar a longevidade de forma 
plena, faz-se necessário a introdução de atividades prazerosas ao lado de pessoas 
queridas para ele. E o turismo pode ser uma dessas atividades que, segundo Senfft, 
possui um elo direto com o lazer. 
Mas conquistar a longevidade em nossa sociedade não é tarefa fácil. É 
preciso ocupar o idoso, oferecendo-lhe momentos agradáveis em companhia 
de amigos e familiares. É neste momento que entra o turismo e o esporte, 
atividades intimamente ligadas ao lazer, que proporcionam atividades 
compartilhadas, ampliando e diversificando o ambiente social, contribuindo 
para uma longevidade saudável (SENFFT, 2004, p.71). 
 
2.4. Turismo e terceira idade 
A atividade turística vem crescendo no Brasil e no mundo. A quantidade de turistas 
espalhados pelo mundo aumentou e, com isso, benefícios e malefícios são gerados na 
sociedade e na economia. A diversidade de destinos e o fácil acesso que hoje se tem à 
informação são alguns dos responsáveis por esse crescimento, como discutido a seguir. 
O turismo se transformou em um dos assuntos principais quando se trata sobre a atual 
evolução da sociedade. É possível observar que o número de turistas tem aumentado e, 
assim, também, os benefícios econômicos que esse aumento provoca. E o que provoca 
todo este aumento é, dentre outras coisas, a maior facilidade na hora da compra de 
passagens, novas rotas aéreas criadas, maior acesso a informações sobre os destinos a 
serem visitados e opções variadas de entretenimento. Diante disso, “economistas, 
políticos e gestores dos setoresvinculados ao turismo se dedicam a direcionar seu foco 
de atuação e investimento em áreas que tem ligação com a atividade turística” 
(FAGUNDES; ASHTON, 2010, p.1). 
O crescimento do setor turístico está deixando pra trás setores considerados fortes 
como, por exemplo, o setor da agricultura e o setor da indústria. Isso se deve ao “efeito 
multiplicador do turismo” e ter dentre suas características mais marcantes “a 
necessidade de agregar diversas áreas para o seu desenvolvimento” (FAGUNDES; 
ASHTON, 2010, p.2). 
23 
 
Oliveira (2007) explica o crescimento do turismo por ele ser uma atividade econômica 
que tem ligação com outros setores da economia que estão presos, unidos entre eles 
como, por exemplo, o setor de aviação, de transportes turísticos em geral, o setor de 
venda de souvenirs, o setor gastronômico, de aluguel de veículos e etc. 
Segundo a OMT (2018), o turismo mundial deve crescer em 2019 de 3% a 4%. Em 
2018, o turismo mundial cresceu 3,9% e obteve a marca recorde de US$ 8,8 trilhões, o 
que representa um total de 10,4% do PIB mundial e gerou 319 vagas de emprego. 
O turismo é muito antigo, ainda que de maneira diferente da que conhecemos hoje, ele 
sempre esteve presente na vida do ser humano. Barreto (1995) afirma que alguns 
autores acreditam que o turismo tenha se iniciado na Grécia, no século VII a.C., para a 
realização dos Jogos Olímpicos. Ainda segundo a autora, a primeira civilização a viajar 
por prazer foi a civilização romana. Além da busca pelo prazer, essa civilização também 
realizava viagens buscando cura. 
A autora acredita que civilizações anteriores à greco-romana já realizavam a prática do 
turismo, chegando, assim à conclusão de que o ser humano, seja por quaisquer que 
tenham sido os motivos, sempre viajou, definitiva ou temporariamente. Para embasar 
sua teoria, Barreto (1995) afirma que através de pesquisas arqueológicas pode-se 
afirmar que habitantes da Caverna de Madasiu já há 13 mil anos atrás, realizavam 
viagens de ida e volta para Omar. 
Júnior (2005) concorda com a autora ao afirmar que há muito tempo vários motivos 
levam o homem a viajar como “ultrapassar as fronteiras, desafiar os mares, desbravar 
florestas, atravessar montanhas e conquistar nações” (JÚNIOR, 2005, p.17). 
A definição oficial de turismo, segundo a EMBRATUR (1992), é: 
O Turismo é uma atividade econômica representada pelo conjunto de 
transações - compra e venda de serviços turísticos - efetuadas entre os 
agentes econômicos do turismo. É gerado pelo deslocamento voluntário e 
temporário de pessoas para fora dos limites da área ou região em que têm 
residência fixa, por qualquer motivo, executando-se o de exercer alguma 
atividade remunerada no local de visita (EMBRATUR, 1992). 
Já para a OMT: 
O Turismo compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas 
viagens e estadas a lugares diferentes a seu entorno habitual, por um período 
24 
 
consecutivo inferior a um ano, com a finalidade de lazer, negócio e outras 
(OMT, 2001, p.38). 
 
Em 2003, a OMT dá nova explicação sobre turismo, ratificando a primeira, colocando 
em sua explicação aspectos como estar fora do local de residência, os deslocamentos, as 
atividades que realizam os turistas durante as viagens e a relação que existe entre o 
turista, o residente e o meio. 
O turismo inclui tanto o deslocamento e as atividades realizadas pelas 
pessoas durante suas viagens e estadas, bem como, as relações que surgem 
entre eles, em lugares distintos de seu ambiente natural, por um período de 
tempo consecutivo inferior a um ano e mínimo de 24 horas (pernoite no 
destino), principalmente com fins de lazer, negócio e outros (OMT, 2003, 
apud VIEIRA, p.3). 
 
Barreto (1995) ainda cita a OMT em mais uma explicação sobre o turismo e afirma que 
este é a “soma de relações e de serviços resultantes de um câmbio de residência 
temporário e voluntário motivado por razões alheias a negócios ou profissionais” (OMT 
apud Barreto 1995, p.19). 
De La Torre (1992), também apresenta sua definição de turismo: 
O turismo é fenômenos social que consiste no deslocamento voluntário e 
temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente, por 
motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde saem do seu local de 
residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade 
lucrativa nem remuneração, gerando múltiplas inter-relações de importância 
social, econômica e cultural (DE LA TORRE, 1992, p.19). 
 
Pode-se notar que em todas as definições de turismo há a perspectiva de deslocamentos 
temporários para fora do local de residência, troca cultural e monetária entre a sociedade 
visitada e a que visita, porém sem lucro aos visitantes (JÚNIOR, 2005). 
Para a população da terceira idade, os aspectos constantes nas várias definições de 
turismo apresentadas podem ser percebidos, pois essa faixa etária busca, na maioria das 
vezes, descanso, lazer, recreação, cultura, saúde e novos lugares, além de não exercerem 
nenhuma espécie de atividade remunerada durante a viagem. 
Seguindo o foco deste trabalho, cabe aqui também citar a definição de turismo da 
terceira idade. Desta forma, Machado (2007) discute que o turismo da terceira idade “é 
o tipo de turismo realizado para pessoas com idade superior aos 60 anos”. O autor 
destaca ainda algumas peculiaridades que este segmento representa: “Normalmente 
25 
 
trata-se de pessoas com maior disponibilidade de tempo e dinheiro, e com preferências e 
gastos distintos, por outro lado esses turistas estão mais propensos a problemas de 
saúde” (MACHADO, 2007, p.18). 
Pires (2011) afirma que uma velhice tranquila deriva da união de tudo o que faz bem ao 
organismo, ou seja, cuidados com a alimentação, com a saúde física, praticar o lazer, 
relacionamento saudável com a família. A qualidade de vida é imprescindível. Santos e 
Bertoldi (2012) concordam com Pires neste sentido ao afirmarem que a prática de 
atividades prazerosas tem uma função benéfica muito importante para a terceira idade 
Nesse sentido, percebemos que a atividade física, lúdica e recreacional têm 
uma função especial para a terceira idade: a de dar novas condutas, qualidade 
de vida e ações a estes indivíduos. Nota-se que, para a maior parte destes, a 
prática física, lúdica e recreacional apresenta-se enquanto o mecanismo, a 
“válvula de escape”, necessário para satisfazer necessidades peculiares a essa 
nova etapa de vida, bem como agregar valores a sua rotina, trazendo 
benefícios importantes para o dia a dia destes (SANTOS; BERTOLDI; 2012, 
p.1). 
 
Esses autores citam Matsudo e Matsudo (1992), ao afirmarem a importância e os 
benefícios que a prática regular de atividade física pode fazer durante o processo de 
envelhecimento. 
A prática da atividade física na terceira ocasiona benefícios para o processo de 
envelhecimento, resulta em uma melhoria na qualidade de vida além do aumento da 
expectativa de vida desta parte da população. Ademais, auxilia tanto no tratamento 
quanto na prevenção de doenças como a diabetes, problemas do coração e respiratórios, 
distúrbios mentais, artrite e dor crônica, dentre outros problemas. Além disso, auxilia o 
idoso a conquistar uma maior independência pessoal (MATSUDO, MATSUDO, 1992 
Apud SANTOS, BERTOLDI, 2002). 
Eles ainda citam Krasevec e Grimes; Powers e Howley (2000) para alertar sobre alguns 
acontecimentos ocorridos durante o processo de envelhecimento que são inevitáveis, 
mas que podem ser minimizados com a prática de atividades saudáveis e prazerosas 
durante esse processo e as possíveis consequências de não realizá-las: 
(...) as capacidades físicas, as modificações anatomo-fisiológicos, as 
alterações psicossociais e cognitivas, são regredidas e depreciadas ao 
decorrer do processo de envelhecimento, restando a tais indivíduos, desde 
que estes não tenham uma boa qualidade de vida (social, cultural, saúde, 
etc.), conseqüências negativas taiscomo: a diminuição da sociabilidade, a 
26 
 
depressão, mudanças no controle emocional, isolamento social e baixa auto-
estima, ocasionadas pela aposentadoria, pela dificuldade auditiva, visual e 
motora, pela síndrome do ninho vazio (saída dos filhos, de casa), pela 
impotência sexual, entre outras (KRASEVEC e GRIMES; POWERS e 
HOWLEY, 2000 Apud SANTOS; BERTOLDI, 2012, p.4). 
 
Portanto, é de extrema importância que se provoquem situações que previnam o 
aparecimento desses sintomas, bem como, ajudem o idoso a lidar da melhor maneira 
possível com o envelhecimento e as transformações ocorridas durante esse processo 
com o objetivo de lhe garantir sua autonomia (SANTOS; BERTOLDI, 2012). 
É necessário que haja um preparo cuidadoso da estrutura física dos equipamentos 
turísticos para a terceira idade, com acessibilidade adequada e também dos funcionários 
que irão trabalhar diretamente com eles. 
Júnior (2005) afirma que “O profissional que trabalha com os idosos deve munir-se de 
fundamentos teóricos para conseguir bons resultados. Por outro lado, esse profissional 
deve analisar de uma forma mais consciente e refletir a respeito de sua visão de velhice” 
(JÚNIOR, 2005, p.101). 
Os profissionais que irão trabalhar com o público da terceira idade, devem tomar alguns 
cuidados na hora do atendimento e da comunicação. O local que irá receber o turista 
idoso também deve estar preparado com a acessibilidade estrutural adequada. 
Por apresentarem muitas vezes necessidades diferentes das de outras faixas etárias 
como, por exemplo, mobilidade reduzida, dificuldades para enxergar e ouvir, 
coordenação motora, flexibilidade e percepção deficientes, a terceira idade deve contar 
com adequações espaciais especiais. A acessibilidade é um direito não apenas do idoso, 
mas de toda a sociedade. 
As pessoas idosas podem apresentar alguma dificuldade de movimentação, 
dada sua redução de mobilidade, flexibilidade, coordenação motora ou 
percepção. Acessibilidade é uma característica do ambiente que garante a 
melhoria da qualidade de vida das pessoas. Deve estar presente nos espaços, 
no meio físico, no transporte, na informação e na comunicação, inclusive em 
sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como em serviços 
e instalações abertos ao público ou de uso público, tanto na cidade como no 
campo. 
A acessibilidade é um direito universal (não apenas da pessoa idosa ou 
pessoa com deficiência) e deve ser considerada em qualquer destino ou 
empreendimento turístico. Ela gera resultados sociais positivos e contribui 
para o desenvolvimento inclusivo. Sua implementação é fundamental, 
27 
 
dependendo, porém, de mudanças de cultura e atitudes (Cartilha do Idoso, 
2017, p.11). 
 
A Cartilha do Idoso (2017) traz algumas recomendações sobre como atender bem aos 
turistas da terceira idade. Quanto aos prestadores de serviço, as recomendações são: a) 
Identificar as necessidades específicas de cada pessoa idosa. b) Buscar ferramentas para 
tratar as pessoas idosas com dignidade e respeito. c) Sentir-se seguro com as pessoas 
idosas, escutá-las e aprender com elas. d) Fazer com que elas tenham prazer em viajar, 
participem das atividades de recreação, sintam-se confortáveis e à vontade em todos os 
momentos, o que aumentará sua sensação de bem-estar físico. e) Tratá-las com 
consideração, respeito, compreensão e amabilidade para que se sintam acolhidas, 
animadas e alegres. f) Proporcionar entretenimento e oportunidades de novas amizades. 
g) Haja naturalmente e não se sinta mal em perguntar se a pessoa precisa de ajuda e 
como deve ajudá-la. h) Observe as normas e padrões de acessibilidade de forma a 
oferecer mais conforto ao público idoso. i) Invista na qualificação do atendimento 
dirigido às pessoas idosas. j) Reserve assentos preferenciais. k) Apresente 
placas/sinalizações de fácil visualização e com cores fortes. l) Ofereça filas 
preferenciais. m) Não subestime ninguém física, cultural ou intelectualmente 
(CARTILHA DO IDOSO, 2017, p.25-27). 
E quanto à comunicação, são elas: a) Não gritar. b) Sempre fazer contato visual. c) Falar 
pausadamente. d) Assegurar que a pessoa tenha compreendido o que foi dito. e) Dar 
tempo para que a pessoa responda a cada pergunta. f) Não responder por outras pessoas 
(CARTILHA DO IDOSO, 2017, p.29). 
Além dessas recomendações relacionadas aos profissionais que irão trabalhar com o 
idoso, também é possível encontrar na Cartilha do Idoso (2017), recomendações quanto 
à acessibilidade no espaço físico onde acontecerá o turismo. 
A cartilha disponibiliza recomendações quanto aos empreendimentos e atrativos 
turísticos como a atenção que deve ser dada ao piso, às escadas e rampas, às portas, aos 
banheiros, às áreas de circulação, aos restaurantes, ao estacionamento, às unidades 
habitacionais etc. Por exemplo, o piso deve ser antiderrapante; no caso de escadas os 
degraus não podem ser muito altos; é necessário ter corrimão nas escadas e declives; 
maçanetas tipo alavancas nas portas; instalação de barras horizontais nos banheiros para 
28 
 
facilitar a locomoção por eles; as calçadas e passeios dos atrativos devem ser planos e 
nivelados. Sendo que toda acessibilidade existente deve estar de acordo com os 
requisitos da NBR 9050-2015 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT 
(CARTILHA DO IDOSO, 2017). 
Ainda de acordo com esta publicação, “A Lei Brasileira da Inclusão prevê que no 
mínimo 10% das unidades habitacionais de cada meio de hospedagem seja acessível, 
sendo obrigatória a existência de pelo menos uma unidade por estabelecimento” 
(CARTILHA DO IDOSO, 2017, p.37). 
Assim, segundo Machado (2007), para um melhor atendimento ao idoso devemos 
compreender suas necessidades. De acordo com a autora, é necessária uma análise do 
meio que cerca o idoso e que está ligado às suas atividades. Para ela, dois itens 
compõem essas atividades: deslocamento e uso. 
O deslocamento se refere a poder transitar em um espaço livre de obstáculos para que se 
possa realizar as ações necessárias, e o uso diz respeito a colocar a ação em prática 
usufruindo das coisas ao seu redor (MACHADO, 2007). A autora cita Hunt (1991) para 
explicar as necessidades da terceira idade. Segundo Hunt elas se dividem em 
necessidades físicas, informativas e sociais. As necessidades físicas são as que 
“asseguram a manutenção da saúde física e níveis de conforto”. As necessidades 
informativas são a combinação da percepção com a cognição, sendo a percepção 
relacionada à “obtenção e recepção do ambiente” e a cognição relacionada com “como a 
pessoa organiza e memoriza a informação do ambiente”. E as necessidades sociais 
dizem respeito “a realização do desejo de interação social, o idoso controla sua vida 
com o mundo exterior” (HUNT, 1991 apud MACHADO, 2007, p.23). 
Machado (2007) cita alguns autores que discutem quanto a acessibilidade e conforto em 
hotéis, incluindo as especificações sobre as exigências requeridas para as instalações 
para a terceira idade, que são de extrema importância para o fator hospitalidade. 
Quanto ao acesso, as rampas devem ter inclinação máxima de 5% e largura 
mínima de 1,50 m, dotada de corrimão; piso revestido de material 
antiderrapante, que permita livre rolamento de cadeiras de rodas. A exigência 
é que deve haver no mínimo dois acessos independentes, sendo um deles para 
os idosos e o outro para os serviços. 
As portas do sanitário devem abrir para fora, e devem ser instaladas de forma 
a deixar vãos livres de 0,20 m na arte inferior. As maçanetas das portas não 
29 
 
deverão ser do tipo arredondado ou de qualquer outra que dificulte a abertura 
das mesmas. 
Os corredores deverão ter largura mínima de 1,50 m. Exige-se que todas as 
instituições já existentes ou que venha a ser criadas equipem os corredores 
com corrimão em ambos os lados instalados a 0,60 m do piso e distantes a 
0,05 m da parede (MACHADO, 2007, p.23). 
 
Aautora ainda cita Ribas e Ely (2001) ao especificar outros equipamentos necessários 
para a acessibilidade da terceira idade ao banheiro, como barras de apoio chuveiro 
manual, banco de apoio para o banho e descarga do tipo alavanca. Segundo Utamura 
(2000), o maior número de acidentes em hotéis acontece em escadas. Neste sentido, 
Ribas e Ely (2001) sugerem escadas em lances retos, com corrimão dos dois lados, e 
que os últimos degraus sejam de cor amarelo e continuamente com luz de vigília. 
Quanto à cama, ela deve ser em formato arredondado e mais alta e larga que as comuns, 
afim de que se evitem acidentes. Recomenda-se altura de 0,55 a 0,65m já com o colchão 
para que haja a possibilidade do idoso encostar os pés no chão quando estiver sentado 
na cama. A cabeceira também é importante para que o idoso possa se recostar 
(MACHADO, 2007). 
Assim, quando o turista da terceira idade chega em um hotel em que todas essas 
especificações foram seguidas e implantadas, cria-se nele a motivação de continuar a 
praticar turismo, pois ele se sente seguro e bem recebido. 
O turismo é, algumas vezes, a melhor opção para a manutenção da vida daqueles idosos 
que possuem condições para realizá-lo. Mas há também idosos que não gozam do 
mesmo privilégio. 
Segundo Verbist e Babinski (2006), há idosos que são asilados pela ausência de suas 
famílias, por fatores socioeconômicos e, até mesmo, pelo abandono. A família não tem 
o dinheiro necessário para comprar os remédios que o idoso precisa que podem vir a ser 
muitos e muito caro; na vida moderna, com tantos afazeres como estudos e trabalho a 
família não dispõe de tempo para se dedicar ao idoso e, com isso, “o asilo é o lugar que 
restou para abrigar o idoso e recebê-lo” (CORTELLETTI et al, 2004 apud VERBIST e 
BABINSK, 2006, p.3). 
Se vendo sem opções, então, “o asilado se conforma e aceita essa situação, 
aparentemente sem contestar limitando as possibilidades de querer mais” 
30 
 
(CORTELLETTI et al, 2004 apud VERBIST e BABINSK, 2006, p.3). E, com isso, o 
idoso “perde a visibilidade do mundo, das pessoas neste mundo e, como consequência, 
as mobilidades social, física e intelectual que o mundo requer” (CORTELLETTI et al, 
2004 apud VERBIST e BABINSK, 2006, p.3). 
Em grande parte das vezes, esses idosos não possuem de condições para a prática do 
turismo, pois não há quem o administre e financie por eles, já que em muitos casos, todo 
o dinheiro de sua aposentaria se destina a compra de medicamentos e ao mais básico 
para sua sobrevivência. 
Outro fator que pode vir a ser um obstáculo para a prática do turismo na terceira idade 
são os seus gastos com a saúde. Esses gastos são prioritários e, desta forma, não podem 
ser cortados. Existem casos em que idosos gastam mais da metade de seus salários com 
despesas médicas, incluindo consultas, exames e medicamentos. Esses gastos chegam a 
57% do valor de suas aposentadorias. Situação que piora para o idoso que não consegue 
o teto de sua aposentadoria. 
Existem ainda os idosos que ajudam seus filhos adultos financeiramente. O número de 
lares que sobrevivem com mais da metade da renda vinda dos idosos aumentou de 
16,3% para 18,5% em 2017. Pode-se dizer, de acordo com Chiara; Brandão e Oscar 
(2018), que esse fenômeno se deu como consequência do aumento de benefícios como a 
aposentadoria e o Programa Bolsa Família durante os governos do Partido dos 
Trabalhadores. O aumento desses benefícios foi além do aumento das rendas dos 
trabalhadores e, com isso, as famílias passaram a contar com a aposentadoria de seus 
idosos para complementar a renda familiar. 
O capítulo seguinte mostra um breve histórico das políticas públicas voltadas para a 
terceira idade e discute o programa Viaja Mais Melhor Idade de incentivo ao turismo 
para os idosos. 
 
 
 
 
 
31 
 
3. Políticas Públicas brasileiras de turismo 
É importante que as necessidades da população, em vários níveis, sejam atendidas de 
forma satisfatória, incluindo o lazer e o turismo. E, para que isso ocorra, é de extrema 
importância que as esferas federal, municipal e estadual criem políticas públicas, 
envolvendo a população desde o planejamento até a sua execução, objetivando 
beneficiar as pessoas que não dispõem dos recursos necessários para acessar esses bens 
de forma privada (RUA et al, 2015). 
Antes de discutir o conceito de políticas públicas é necessário primeiro verificar o 
conceito de política. Algumas das definições de política, segundo o dicionário Aurélio 
são: “Direção de um Estado e determinação das formas de sua Organização”; 
“Mecanismo de orientação administrativa de Estados”; “Boa capacidade para se 
relacionar com outras pessoas” (DICIONÁRIO AURÉLIO). 
Para Aristóteles, a política se divide em ética quando se trata da felicidade exclusiva do 
homem na cidade-estado ou polis; e a política propriamente dita, que é mais abrangente, 
englobando a felicidade coletiva. Conclui-se, então, segundo o filósofo, que a política é 
a ciência que busca a felicidade do homem. E se classifica como ciência prática, onde o 
conhecimento é adquirido através da ação (MOREIRA, 2008). 
Outra definição que pode ser citada é de Rua (1998) que diz que política “pode ser 
caracterizada por uma série de procedimentos, formais e informais, que exprimem 
relações de poder e que são destinados a solucionar, pacificamente, os conflitos 
relacionados aos bens públicos” (SILVA et al, 2013, p.3). 
Segundo Castro e Falcão, a política “compreende um conjunto de esforços 
empreendidos pelas pessoas que objetivam participar do poder ou influenciar a 
distribuição do poder” (CASTRO & FALCÃO, 2004, apud SANTOS e GOMES, 2007, 
p.3). 
Após apresentação dos conceitos de política supracitados, pode-se então discutir os 
conceitos de políticas públicas. Conforme Dias (2003), as Políticas Públicas se 
configuram como “um conjunto de ações executadas pelo Estado, enquanto sujeito, 
dirigidas a atender às necessidades de toda a sociedade (...) buscam satisfazer ao 
32 
 
interesse público e têm que estar direcionados ao bem comum” (DIAS, 2003, apud 
SILVA et al, 2013, p.3). 
Almeida (2010) cita ainda breves definições de políticas públicas de autores como 
Celina Souza (2006) e Maria das Graças Rua (1998). Para Celina Souza, políticas 
públicas são “o campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o 
governo em ação” e/ou analisar essa ação” (SOUZA, 2006 apud ALMEIDA, 2010, 
p.222). Para Rua (1998), “políticas públicas são os produtos da política, isto é, 
“decisões e ações relativas à alocação imperativa de valores” (RUA, 1998, apud 
ALMEIDA, 2010, p.222). 
De forma mais simples, as políticas públicas podem ser entendidas como as atitudes 
tomadas ou não pelo governo e os impactos dessas ações e omissões, ou seja, tudo 
aquilo que o governo faz e também o que ele não faz em prol da sociedade, incluindo 
suas consequências. 
Quando as políticas públicas são executadas eticamente, realizadas de forma correta, 
bem acompanhadas e avaliadas, ocasionam o desenvolvimento na esfera econômica e 
social tanto das populações como dos setores econômicos a que estão ligadas. 
As políticas públicas de turismo nada mais são que as ações ou omissões do governo 
voltadas para a área do turismo. Antes da implementação das políticas públicas de 
turismo, deve-se realizar a discussão e o planejamento dessas políticas, levando em 
consideração os atores interessados e todos os resultados positivos e negativos que 
podem derivar das ações implementadas. Desta forma, “planejamento e implementação 
de políticas públicas são fatores fundamentais no desenvolvimento de um turismo 
inclusivo, sustentável e rentável” (RUA et al, 2015). Para Ignarra (2003, p.81) “(...) o 
planejamento da atividade turística se mostra, portanto, como um poderoso instrumento 
de fomento ao desenvolvimento socioeconômico de uma comunidade”. 
Em relação ao turismo, a principal função que as políticaspúblicas assumem 
é democratizar a prática desta atividade, permitindo assim que o maior 
número possível de pessoas possam viajar. Além disso, é seu papel também 
controlar a qualidade dos bens e serviços oferecidos, prover a utilização 
sustentável dos atrativos turísticos naturais e culturais, incentivar o 
estabelecimento de parcerias entre os empresários turísticos e outros 
comerciantes locais, ampliar as possibilidades de capacitação dos atores 
envolvidos; intervir na realização de obras de infra-estrutura que contribuam 
para o turismo (SOUZA, 2006, p.4). 
33 
 
 
É preciso levar em conta, no entanto, que o planejamento da atividade turística não é o 
mesmo para todos os públicos, pois existem turistas que necessitam de tratamento e 
instalações diferenciadas, como o turista da terceira idade. Para os idosos, o governo 
criou o Programa Viaja Mais Melhor Idade, efetivou leis que reservam lugares 
preferenciais para a terceira idade, gratuidades e descontos. 
Nos próximos tópicos serão especificados o histórico das Políticas Públicas de Turismo 
no Brasil, o Programa Viaja Mais Melhor Idade e o Estatuto do Idoso. 
 
3.1. Histórico das Políticas Públicas brasileiras de Turismo 
Os anos 1930 foram marcados pelo início do desenvolvimento do turismo no Brasil. 
Nessa época, muitas e importantes conquistas foram alcançadas para o turismo como, 
por exemplo, a instituição do salário mínimo, a conquista das férias remuneradas e do 
descanso semanal, a carteira de trabalho, a conquista do direito a aposentadoria. Essas 
conquistas beneficiaram não apenas a população brasileira, como também o setor 
turístico, pois daí surgiriam as políticas públicas voltadas para o turismo no Brasil 
(GALDINO e COSTA, 2011). 
Surge, então, a primeira ação pública votada para o turismo no Brasil, o Decreto-Lei nº 
406, de 1938, com a autorização do governo para a prática de venda de passagens 
aéreas, rodoviárias ou marítimas para a realização de viagens utilizando qualquer desses 
meios. Em seguida surge o Decreto-Lei nº 1.915, de 1939 – que cria a Divisão do 
Turismo, com o objetivo de “superintender, organizar e fiscalizar os serviços de turismo 
interno e externo” (DIAS, 2003, p.128). 
Além disso, o Departamento de Imprensa e Propaganda – DIP, existente há época, teve 
papel importante para o turismo, o de “divulgar e promover o Brasil no exterior, por 
meio de boletins informativos elaborados em diversos idiomas e distribuídos em hotéis, 
navios e órgãos públicos internacionais” (GALDINO e COSTA, 2011, p.6). 
34 
 
Em seguida, o Decreto-Lei nº 2.440, de 23 de julho de 1940, chega com o intuito de 
organizar como as empresas e agências de viagem e turismo funcionariam e como elas 
atuariam frente ao mercado (GALDINO e COSTA, 2011). 
Contudo, segundo Galdino e Costa (2011), há autores que concebem que a história do 
planejamento e das políticas públicas em turismo só se inicia após o desenvolvimento 
do turismo de massa e da malha rodoviária, isto é, na década de 1950. 
Em 1946 a Divisão do Turismo é extinta e, firmada pelo Decreto nº 44.863, de 21 de 
novembro de 1958, é criada a Comissão Brasileira de Turismo – Combratur. Sem 
conseguir alcançar seus objetivos, em 1962, a Combratur também se extingue e no ano 
de 1966 são criados o Conselho Nacional de Turismo – CNTur e a Empresa Brasileira 
de Turismo – Embratur, pelo Decreto-Lei nº 55. O CNTur ficou responsável pela 
formulação da política nacional de turismo e a Embratur pelo cumprimento da política 
que o Conselho formulou. Este era o Sistema Nacional de Turismo (BENI, 2006). 
Para financiar o turismo no Brasil, em 1971, é criado o Fundo Geral de Turismo – 
Fungetur “considerado o primeiro plano governamental de caráter econômico do 
turismo” (DIAS, 2003, p.128). Após sua criação, nasceram algumas iniciativas que o 
complementavam, regidas pelo Decreto-Lei nº 1.376, de 1976, como, por exemplo, o 
Fundo de Investimento do Nordeste – Finor, Fundo de Investimento da Amazônia – 
Finam e o Fundo Setorial – Fiset. 
além do estabelecimento das zonas prioritárias para o desenvolvimento do 
turismo, respaldadas pelo Decreto n.o 71.791, de 1973, a definição da 
prestação de serviços específicos do setor turístico das agências de transporte, 
sob a Resolução n.o 641 do CNTur, e a Portaria lançada pelo Departamento 
de Aviação Civil (DAC), autorizando os Voos de Turismo Doméstico (VTD), 
posteriormente substituídas pelos planos Brasil Turístico Individual (BTI) e 
Brasil Turístico em Grupo (BTG), com redução das tarifas (BARRETO, 1991 
apud GALDINO e COSTA 2011, p.7). 
 
Em 1977, as excursões do Programa Turístico Doméstico Rodoviário – TDR foram 
regulamentadas e foi divulgado o teor da Política Nacional de Turismo com as normas 
para proteger o patrimônio natural, divulgar e promover a cultura, estimular a prática do 
turismo interno e internacional, além das políticas relacionadas aos recursos humanos, 
ao apoio às agências de viagem, à hotelaria como também à entrada de divisas 
(BARRETO, 1991). 
35 
 
Na sequência histórica, foi criado, em 1986, o Passaporte Brasil que, segundo a 
Embratur (2016) era um programa de turismo interno que oferecia descontos em 
viagens realizadas dentro do Brasil. De acordo com Barreto (1991), seus objetivos eram 
promover o turismo interno e impulsionar a abertura de albergues da juventude. 
Quatro anos depois, no governo do presidente Fernando Collor de Mello, em 1990, a 
Embratur, que tinha sua sede no Rio de Janeiro, não era mais a Empresa Brasileira de 
Turismo, passou a se chamar Instituto Brasileiro de Turismo e a ser considerada uma 
autarquia, agora com sede em Brasília. 
Ao se tornar uma autarquia, a Embratur passa a dispor de mais flexibilidade e 
autonomia na execução de suas funções. Isso pode ser explicado ao observar algumas 
das definições de autarquia do Dicionário Aurélio: 
[Política] Tipo de governo em que uma pessoa ou um grupo de pessoas 
detém o poder completo sobre uma nação; autocracia. 
[Brasil] Entidade pública cuja administração é completamente autônoma, 
bem como seu patrimônio e/ou suas receitas. 
[Filosofia] De acordo com a filosofia grega, condição de satisfação 
intrínseca, estado em que o indivíduo se encontra plenamente satisfeito, 
independentemente, dos fatores externos que o rodeiam; autarcia 
(DICIONÁRIO AURÉLIO). 
 
Deste modo, é possível depreender uma elevação de status bem como uma série de 
benéficos que a Embratur passaria possuir ao se tornar uma autarquia. 
A partir desse momento sua função era “formular, coordenar, executar e fazer executar 
a Política Nacional de Turismo” (DIAS, 2003, p.133). Nesse contexto, querendo 
desenvolver o turismo regional, buscou-se estabelecer o Plano Nacional de Turismo, 
que aconteceria através de sete programas, a saber, Programa Ecoturismo, Programa 
Turismo Interno, Programa Polos Turísticos, Programa de Formação dos Recurso 
Humanos para o Turismo, Programa Qualidade e Produtividade do Setor Turístico, 
Programa Marketing Internacional e, Programa Mercosul (DIAS, 2003). 
Dando sequência à linha cronológica, Itamar Franco no final de seu governo, em 1994, 
criou o Programa Nacional de Municipalização do Turismo – PNMT, que se estabilizou 
entre dezembro de 1994 e abril de 1998 (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2002). De 
acordo com a Embratur (2002), o PNMT foi um programa federal que promoveu o 
36 
 
desenvolvimento do turismo de forma descentralizada. A Embratur coordenou o 
programa objetivando a implementação de um novo modelo para a administração da 
atividade turística de maneira mais simples e uniforme, abrangendo os estados e os 
municípios de forma integrada, no intuito de alcançar maior eficiência e eficácia na 
gestão do turismo de maneira participativa. 
Brusadin (2005) relata as análises realizadas a cerca do PNMT de acordo com a visão 
de seus gestores. De acordo com o autor, a análise do PNMT realizada pelos seus 
gestoresdá maior relevância aos aspectos quantitativos do programa do que aos 
qualitativos que seria “imprescindível para uma compreensão efetiva dos efeitos 
positivos e negativos do programa” (BRUSADIN, 2005, p.10). 
Segundo o relatório Retratos de uma caminhada: PNMT 8 anos (2002), o PNMT obteve 
êxito no emprego “de uma premissa não paternalista na relação entre Governo Federal e 
Município”. A razão disso seria a oferta de “estímulo, atenção às respostas locais, apoio 
às iniciativas, conceitos apropriados, metodologias eficazes” (BRUSADIN, 2005, p.10). 
Através do PNMT os municípios perceberam que o crescimento da atividade turística 
poderia trazer-lhes benefícios econômicos por meio da efetivação de um método 
voltado para o desenvolvimento turístico endógeno, cuja atenção estaria nas 
características e potencialidades locais, mas, ao mesmo tempo, sem bloquear agentes e 
projetos externos (TRENTIN e FRATUCCI, 2011). Para os autores é possível dizer que 
esse desenvolvimento favoreceu uma nova leitura de turismo para a população em geral 
e “os representantes políticos locais, que passaram a tratar o setor com uma visão mais 
profissional e menos deturpada” (p. 844). 
Em linhas ferais, o PNMT proporcionou, mesmo que com algumas 
limitações, o início de um processo de profissionalização da gestão pública 
do turismo e também das empresas e dos trabalhadores do setor. 
(...) 
Outra contribuição que podemos indicar do PNMT foi a “descoberta” de 
novos destinos turísticos pelo interior brasileiro, estimulados pela política 
nacional e pela possibilidade de inserir-se nas redes de turismo (TRENTIN e 
FRATUCCI, 2011, p.845-846). 
 
Segundo Dias (2003), objetivando a entrada de maior número de turistas estrangeiros no 
Brasil, o aumento de injeção de divisas estrangeiras, além do reconhecimento mundial 
do país, surge o documento da Política Nacional de Turismo – PNT (1996). Este 
37 
 
documento diz respeito a diretrizes e programas criados entre 1996 e 1999, envolvendo 
“programas importantes, como o Programa de Ação para o Desenvolvimento do 
Turismo no Nordeste – Prodetur - NE, o Programa Nacional de Ecoturismo, incluindo o 
Programa de Formação Profissional no Setor Turístico – Proecotur e o Plano Anual de 
Publicidade e Promoção” (GALDINO e COSTA, 2001, p.8-9). 
O PNT foi criado a partir da ideia de descentralização utilizando a participação cidadã 
como previsto na Constituição de 1988. “A PNT abarcou ainda, o discurso da 
sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável, influenciada pela ECO-92 que fora 
realizada no Rio de Janeiro” (TRENTIN e FRATUCCI, 2001, p.841). 
O Prodetur – NE teve como executores o Banco do Nordeste do Brasil – BNB e contou 
com a parceria do Governo Federal, dos Governos Estaduais e do Banco Interamericano 
de Desenvolvimento – BID e foi criado para desenvolver o turismo na região Nordeste 
do Brasil. Como principais resultados do Programa pode-se destacar “a) fortalecimento 
das instituições estaduais; b) proteção do meio ambiente e do patrimônio histórico; c) 
implantação e melhoria da infraestrutura local; d) atração de investimentos privados no 
setor de turismo; e) aumento da oferta de emprego; f) aumento da oferta e demanda 
turística” (COELHO et al, 2008, p.9). 
De acordo com o MTur (2019), o número de chegadas de turistas ao Brasil subiu de 
6,59 milhões em 2017 para 6,62 milhões em 2018. A participação do turismo no PIB 
nacional também obteve uma elevação representando mais de 8% da economia 
brasileira e gerando cerca de 7 milhões de vagas de trabalho. De acordo com dados de 
um estudo do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), elaborado pela 
consultoria britânica Oxford Economics, em 2018 o PIB aumentou 3,1% o que totaliza 
US$ 125,5 bilhões, 8,1% do PIB. O mesmo estudo realizado no ano anterior registrou 
que o turismo representava 7,9% do PIB, US$ 163 bilhões. 
Em 2003, Luiz Inácio Lula da Silva é eleito presidente do Brasil e, durante seu governo 
é criado, em 2003, o Ministério do Turismo, formado pela Embratur, Secretaria de 
Políticas de Turismo e Secretaria de Programas de Desenvolvimento do Turismo. Além 
disso, foi criada a primeira edição do Plano Nacional de Turismo – PNT que regia as 
diretrizes, metas e programas lançados para os anos de 2003 a 2007 (DIAS, 2003). 
Posteriormente houve também a criação da segunda edição do PNT que considerava o 
38 
 
período de 2007 a 2010 e estava relacionado à inclusão no turismo, tendo como tema 
“uma viagem de inclusão”. 
A criação do Ministério do Turismo reconhece a “importância do turismo como um 
setor estratégico da economia brasileira” (PARENTE, 2006, p.34). Após criado o 
Ministério do Turismo, a Embratur passa a se dedicar ao marketing, promoção e apoio 
na “comercialização dos produtos, serviços e destinos turísticos brasileiros no exterior” 
(EMBRATUR, 2010, p.83). Assim, de forma inédita, o Brasil possui um ministério que 
se dedica exclusivamente ao turismo. 
Dentre os principais programas criados após o Ministério do Turismo está a Política de 
Qualificação Nacional do Turismo que é uma parceria entre o Ministério do Turismo e o 
Ministério do Trabalho com objetivo de qualificar adultos e jovens maiores de 16 anos 
que queiram trabalhar com o turismo através de cursos de qualificação e 
aperfeiçoamento profissional em áreas de turismo. Outro programa que se destaca é a 
continuação do PRODETUR que busca tornar possível a realização de projetos voltados 
para a estruturação turística através de financiamentos dos setores públicos e privados 
(MINISTÉRIO DO TURISMO, 2016). 
É possível destacar também o Programa de Regionalização do Turismo que, segundo o 
Ministério do Turismo (2017), foi criado em 2004 tendo por base a recomendação da 
Organização Mundial do Turismo. Esse programa se concentra no desenvolvimento 
regional permitindo maior participação aos Estados brasileiros. Seu principal objetivo é 
apoiar a estruturação dos destinos, a gestão e a promoção do turismo no país. Em 2013 
o programa passou por uma reformulação e, através dela, foram estabelecidos oito eixos 
que auxiliam no alcance de seu objetivo. Os eixos são: gestão descentralizada; 
planejamento e posicionamento de mercado; qualificação pessoal, dos serviços e da 
produção associada; empreendedorismo, capacitação e promoção de investimentos; 
infraestrutura turística; informação turística; promoção e apoio à comercialização e; 
monitoramento. 
Algumas estratégias foram criadas nessa nova fase do programa, a saber: mapeamento – 
para definição do território a ser trabalhado; categorização – divide os municípios 
conforme suas economias do turismo; formação – capacitação de gestores públicos e 
publicação de cartilhas sobre o desenvolvimento turístico; fomento à regionalização – 
39 
 
apoio financeiro do Ministério do Turismo aos municípios, estados e regiões para a 
realização dos seus projetos; comunicação – facilitar o diálogo das ações através da 
criação de uma rede nacional de interlocutores envolvidos no programa e; 
monitoramento – avalia a evolução do programa e corrige o que for necessário 
(MINISTÉRIO DO TURISMO, 2017). 
Cabe aqui discutir um pouco mais sobre o PNT 2003-2007 e PNT 2007-2010. De 
acordo com o Ministério do Turismo (2003), o Plano Nacional de Turismo tem a 
intenção de “explicar o pensamento do governo e setor produtivo e orientar as ações 
necessárias para consolidar o desenvolvimento do setor do Turismo” (p.15). 
Conforme o Ministério do Turismo (2003), cada objetivo do PNT 2003-2007 está ligado 
a uma área específica que representam os resultados esperados. Seus objetivos gerais 
são desenvolver o produto turístico brasileiro com qualidade, atentando para a 
pluralidade regional, cultural e natural e “estimular e facilitar o consumo do produto 
turístico brasileiro nos mercados nacional e internacional” (p.22). 
Foram estabelecidas cinco metas para o turismo no período de 2003

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