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Sebenta de ICMDBE – Teórico-prática Elaborado com base nas aulas teórico-práticas. Professor Doutor João Dias Elaborado por: 2019-2020 Índice Power Point 1 – Introdução à metodologia do pensamento científico ...................................................... 3 Power Point 2 – Investigação em ciências biológicas .............................................................................. 15 Power Point 3 – Investigação Quantitativa e qualitativa ........................................................................ 22 Power Point 4 – Medicina Baseada na Evidência Parte 1 ........................................................................ 34 Power Point 5 – Pesquisas bibliográficas ................................................................................................ 43 Power Point 6 – Bases de dados e pesquisas bibliográficas ..................................................................... 47 Power Point 7 – Formas de apresentação de produção científica ............................................................ 51 Power Point 1 – Introdução à metodologia do pensamento científico Objetivos • Definir Ciência e sua utilidade. • Conhecer os passos da investigação científica na sua multiplicidade. • Saber formular um projeto de investigação científica. • Saber lidar com os aspetos da sua implementação, da obtenção e apresentação de dados. • Conhecer os mecanismos de articulação entre a investigação e a prática clínica. Metodologia e método • Metodologia deriva de “método”, do Latim “methodus” cujo significado é “caminho ou a via para a realização de algo”. o É o conjunto de métodos praticados numa determinada área que contribuem para obtenção do conhecimento. • Método: Modelo lógico, (ou seja, estruturalmente coerente) que é seguido na investigação científica. o processo de descoberta científica e a ele correspondem não somente orientar a selecção dos instrumentos e técnicas específicas de cada estudo, mas também, fixar os critérios de verificação ou demonstração do que se afirma na investigação. o O método tem como fm determinar as regras de investigação e a prova das verdades científicas. o Conjunto de práticas utilizadas e ratificadas pela comunidade científica como válidas para a exposição e confirmação de uma dada teoria. Metodologia vs método • A metodologia é frequentemente, e de forma errónea, confundida com método. Ainda que semelhantes, estas palavras têm significados distintos. • A metodologia consiste no estudo dos métodos, está mais associada ao estudo dos caminhos a seguir num determinado processo para chegar a um determinado fim. • Tem como objetivo captar e analisar as características dos vários métodos, avaliar as suas capacidades, potencialidades, limitações ou distorções e criticar os pressupostos ou as implicações de sua utilização. Etapas do método cientifico 1. Observação: é a captação pelos sentidos de um objecto a fim de ser estudado tal como se apresenta na realidade. esta observação pode levar a uma pergunta acerca do evento ou da característica (Klimovsky, 1997) 2. Indução: é a acção de extração de um princípio particular a partir de determinadas observações. 3. Hipótese: é a dúvida que se quer esclarecer. Tentando responder à pergunta o investigador formulará uma hipótese ou conjuntura a propósito da resposta à pergunta. 4. Experimentação: é a verificação ou não da hipótese. De todos os passos do método científico. É o que verdadeiramente separa a ciência de outras disciplinas. Etapas do método científico 1. Descoberta do problema 2. Definição do problema 3. Procura de conhecimentos ou instrumentos importantes para o problema, 4. Tentativa de solução do problema como auxílio dos meios identificados, 5. Produção de novos dados empíricos 6. Obtenção de uma solução 7. Investigação das consequências da solução obtida 8. Comprovação da solução 9. Correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados utilizados na obtenção da solução correta • O método, por sua vez, consiste na maneira de organizar a ação de acordo com certos princípios, está mais associado à ordem que se deve seguir, à técnica ou ao procedimento na “procura da verdade”, e na ciência, na procura de um determinado fim. • Método científico pode ser definido como a maneira ou o conjunto de regras básicas utilizadas numa investigação científica com o intuito de obter resultados o mais confiáveis quanto possível; • Geralmente o método científico engloba algumas etapas como: a observação, a formulação de uma hipótese, a experimentação, a interpretação dos resultados e, por fim, a conclusão; • Técnicas e procedimentos: Aspectos mais específicos e concretos do método que se usa em cada investigação. Investigação A palavra “investigar”, do latim investigare significa procura de conhecimentos ou de soluções para certos problemas. Também faz referência à realização de atividades intelectuais e experimentais de modo sistemático com o objetivo de ampliar os conhecimentos sobre uma determinada matéria. • Atividade básica da ciência, que procura questionar e analisar a realidade. • Alimenta a atividade de ensino e atualiza esta atividade perante a realidade do mundo. • Nada pode ser intelectualmente um problema, se não tiver sido, em primeiro lugar, um problema da vida prática. • As questões da investigação estão, portanto, relacionadas com interesses e circunstâncias socialmente condicionadas. • A metodologia científica é, portanto, um instrumento sem o qual a ciência, em si mesma, não poderia existir. Investigação vs pesquisa • A pesquisa é primordialmente associada ao trabalho científico e laboratorial, realizado por cientistas e os seus assistentes, ou académicos, frequentemente utilizando materiais especializados. • Ao passo que, a investigação, é em si um meio de pesquisa, normalmente desencadeado pelo interesse em arranjar solução para situações indesejadas da vida quotidiana ou não, por exemplo: “porque é que uma ponte cedeu?”; “porque é que o tabagismo está associado a determinados problemas de saúde?”. • Além disso, dada a complexidade e importância de muitas áreas de investigação, cada vez mais, esta é realizada por investigadores com grande experiência profissional e académica. • Nas investigações, é expectável que se produza um relatório que refira como a situação sob análise ocorreu, como alguns métodos científicos podem ser aplicados para solucionar ou para melhor compreender um dado fenómeno. Classificação • PURA - Básica Ou fundamental. É abstrata ou geral, preocupada em gerar novas teorias e conhecimento por causa do conhecimento. Ocorre em laboratório e permite ampliação do conhecimento científico graças à criação ou modificação de teorias. • APLICADA Responde a uma questão prática para ajudar as pessoas a desempenhar melhor o seu trabalho • EXPERIMENTAL Manipula uma variável para ver o seu o efeito noutra, controla outras e distribui sujeitos por grupos de forma aleatória • DESCRITIVA Descreve um grupo/situação/individuo/ para adquirir conhecimento e aplica-lo a outros como em estudos de caso ou análise de tendências • CLíNICA Feita no mundo real onde o controlo de variáveis é difícil • LABORATORIAL Realizado no irreal ou laboratorialmente onde tudo é estreitamente controlado A investigação também pode ser classificada consoante o nível de interação entre as disciplinas participantes: • Multidisciplinar; • Interdisciplinar; • Transdisciplinar. Metodologia de investigação? A metodologia de investigação científica permite ajudar o investigador a realizar as suas investigações sem incidentes, isto é, ajuda a chegar à solução de um problema, desde que este seja do âmbito científico.Sendo assim, podemos afirmar que os métodos de investigação são uma série de procedimentos utilizados para obter conhecimento e orientar uma investigação. Metodologia • Subdivisão da lógica que estuda os métodos técnicos e científicos; • Arte de dirigir o espírito na investigação da verdade; • Conjunto de regras para o ensino de uma ciência ou arte; Didática; Conhecimento Para ajudar o humano a compreender vários fenómenos que o rodeiam surgiram diferentes tipos de conhecimento. Levando em consideração os vários contextos, o conhecimento pode ser classificado: o Conhecimento científico o Conhecimento teológico o Conhecimento empírico o Conhecimento filosófico • Conhecimento significa compreensão ou perceção por meio da razão e/ou da experiência. • Resulta da relação entre o cognoscente e o cognoscível • É ter ideia ou noção de algo. • Está ligado a experiências, saberes e revelações. • Contudo, não há apenas um tipo de conhecimento. • Reconhecem-se quatro tipos de conhecimento que, combinados, formam os saberes que representam a humanidade: conhecimento empírico, conhecimento filosófico, conhecimento teológico e conhecimento científico. Níveis de conhecimento o Diferentes formas de apropriação do objeto de conhecimento por parte do cognoscente. o Estas formas fornecem níveis de conhecimentos 1. Empírico: É um conhecimento que se adquire a partir da interação do ser humano com o ambiente que o rodeia. Resulta do senso comum, podendo ser ou não baseado em experiências, sem necessidade de uma comprovação científica. É do tipo valorativo, ou seja, apoia-se nas experiências pessoais e das capacidades sensoriais. Não é um conhecimento exato e é falível, porém é facilmente verificável por se tratar de acontecimentos ligados ao dia a dia. É um conhecimento assistemático, por ser alicerçado nas experiências de um sujeito e não num estudo para observar o fenómeno. GALLIANO, G. A. O método científico: teoria e prática. 1. ed. São Paulo : Harbra, 1979. 199p. Não pode por si só ser utilizado como base do conhecimento científico. ü Certas plantas nos alimentam ou curam e que outras são venenosas, ü É mais seguro beber água fervida, ü Os filhos parecem-se com os pais, ü Algumas doenças são contagiosas, ü Do leite faz-se queijo, ü A terra treme, ü O Sol desaparece 2. Filosófico ü Surge das reflexões que o homem faz sobre as questões imateriais e subjetivas, desta forma é baseado na reflexão e construção de conceitos e ideias a partir do uso do raciocínio em busca do saber. (Ex.: ética). ü Este conhecimento surgiu a partir da capacidade do ser humano refletir, principalmente sobre questões pragmáticas. (Ex: A existência de Deus). É, tal como o conhecimento empírico, do tipo valorativo por lidar com hipóteses que não podem ser observados, sendo desta forma não verificável. ü Considera-se um conhecimento exato e infalível, que é sistemático visto que procura uma coerência com a realidade. 3. Teológico • Direcionado à compreensão total da realidade homem-mundo • Explicar o princípio e fim da génese e existência do cosmos de uma única forma • Estuda os princípios da vida • Existência divina e evidente e a evidência não se demonstra nem se experimenta • O método e reflexivo e lógico e a fonte de conhecimento está nos livros sagrados ü O conhecimento teológico, ou religioso, é baseado na fé religiosa, sendo esta a base da verdade absoluta, “possuindo” todas as explicações para os mistérios que ocupam a mente humana. ü Este tipo de conhecimento não é verificável, sendo valorativo, pois lida com hipóteses que não podem ser observadas. É considerado infalível e exato, pois trata-se de uma verdade sobrenatural, surgindo das reflexões do homem sobre questões imateriais e subjetivas. ü É sistemático, pois busca uma coerência com a realidade. ü Por exemplo: Foi Deus que criou o mundo • O que todas as pessoas adquirem na vida quotidiana, ao acaso, baseado apenas na experiência vivida ou transmitida por alguém. • Resulta de repetidas experiências casuais, da tentativa e erro, sem observação metodológica ou verificação sistemática, e por isso, carece de carácter científico. • Pode também resultar de uma transmissão de geração para geração ou fazer parte das tradições de uma sociedade. • Têm a tendência de refletir as necessidades humanas mais imediatas, ou seja, tem um carácter acentuadamente prático. 4. Científico • Procura conhecer além do fenómeno, as suas causas e leis. • Só há conhecimento quando sabemos a causa do fenómeno e o motivo, através da demonstração. • Surge de preocupações quotidianas e advem do bom senso(ponderado sem precipitação organizado e sistemático. • Promove a formação de paradigmas indo para além do vivo e observável. • Conhecimento superior • Exige utilização de métodos, processos, técnicas especiais de análise, compreensão e intervenção na realidade. • A ciência constitui-se através deste conhecimento. ü É um conhecimento factual, baseado em experiências comprovadas, verificável, falível e aproximadamente exato, pois novas ideias podem alterar teorias anteriormente aceites. ü Também é considerado sistemático, pois é um saber ordenado logicamente. ü Para isso, o objeto analisado deve ser submetido a várias experiências e análises que atestam ou refutam determinada teoria. ü O conhecimento científico está associado à lógica e ao pensamento crítico e analítico, e à demonstração objetiva, representando o oposto do conhecimento empírico e do senso comum. ü Por exemplo: O ponto de ebulição da água é 100ºC ü Busca estudar e interpretar os fenómenos que ocorrem no planeta e no universo, através de investigação metódica e sistemática, para comprovação imparcial de hipóteses. ü O modelo de pensamento/conhecimento científico tem como base etapas que levam o investigador de forma objetiva desde a observação, passando pela análise e chegando às conclusões e explicações. ü O conhecimento científico é a informação e o saber que parte do princípio das análises dos fatos reais e cientificamente comprovados. ü É uma aquisição intencional, consciente e sistemática. ü É um processo que chegou ao máximo do seu desenvolvimento com a aplicação consciente de um método. ü Resulta da investigação metódica e sistemática da realidade. ü Ele transcende os factos e os fenómenos em si mesmos, analisa-os para descobrir as suas causas e concluir as leis gerais que os regem. Objetividade Racionalidade Será que todo o conhecimento organizado e sistematizado tem carater científico? Os Astrónomos Babilónicos acumularam muita informação precisa e sistemática, contudo não chegaram propriamente a constituir uma ciência. Porquê? Afinal, que tipo de sistematização é característico das ciências? ü Corpo de conhecimento sistematizado que visa proporcionar explicações dos factos conhecidos. Na ciência não interessa saber apenas que há doenças contagiosas, mas sim, como e porque razão ocorrem a ü transmissão de microrganismos patogénicos ü Para isso é preciso propor teorias com um poder explicativo original. ü A procura de explicações racionais para aquilo que observamos começou com os filósofos gregos. ü No entanto, a ciência como a conhecemos hoje deve-se a desenvolvimentos que ocorreram a partir dos sec. XVII e XVIII. ü Foi só a partir época que se difundiu a procura de explicações assentes em teorias testadas rigorosamente através de experiências. Evolução do conhecimento científico Antes do conhecimento científico, havia um conhecimento que se baseava em: 1. Intuição : conhecimento imediato, não recorre no raciocínio e é útil na prática diária 2. Tradição : conhecimento que provém de crenças, costumes e cultura e por isso é obtida de forma espontânea. 3. Autoridade : conhecimento que provém de profissionais, religiosos e políticos.4. Experiência pessoal: conhecimento que provém das vivências de cada uma. 5. Tentativa e erro : conhecimento que provém de soluções imprevisíveis. 1. Intuição • Forma de conhecimento imediato que não recorre ao raciocínio. • Associa-se ao modo de sentir ou de adivinhar, tirando partido de conhecimentos anteriores. • É um conhecimento útil na vida prática diária, mas é pouco fiável e está sujeito a ilusão. • Pode servir de guia adjuvante à criatividade e pode ser útil à investigação. Significa obter um conhecimento que concorde com a realidade do objecto, que o descreva ou explique tal como é, e não como desejaríamos que fosse. Para poder lutar contra a subjectividade (ideias que nascem das crenças, dos costumes ou da tradição, as meras opiniões ou impressões do sujeito) é preciso que os nossos conhecimentos possam ser verificados por outros, que cada uma das hipóteses que formulamos sejam comprovadas e demonstradas na realidade, sem dar por aceite nada que possa influenciar este processo de verificação. “Hoje está mais calor do que ontem” (afirma sujeito A) e “Não é verdade” (contrapõe sujeito B) A ciência usa a razão como arma essencial para chegar aos resultados. Os investigadores trabalham o mais possível com conceitos, com a lógica e a razão e não com sensações, imagens ou impressões. Os enunciados que produzem são combinações lógicas desses elementos conceptuais baseados na coerência, evitando as contradições internas, as ambiguidades e as confusões que a lógica nos ensina a superar. A racionalidade afasta a ciência da religião, e de todos os sistemas onde aparecem elementos não-racionais ou onde se apela aos princípios explicativos sobrenaturais, subordinados aos sentimentos e sensações. 2. Tradição • Forma de conhecimento imediato que não recorre ao raciocínio. • Associa-se ao modo de sentir ou de adivinhar, tirando partido de conhecimentos anteriores. • É um conhecimento útil na vida prática diária, mas é pouco fiável e está sujeito a ilusão. • Pode servir de guia adjuvante à criatividade e pode ser útil à investigação. 3. Autoridade • Veiculado por profissionais, religiosos e políticos. • Considerados fontes de autoridade. • Pessoas com experiência e especializadas em determinadas matérias, homens “sábios” com predominância hierárquica e cuja consulta pode ser indispensável e por vezes mesmo obrigatória na tomada de decisões. • Esse saber não é infalível, e o seu conhecimento às vezes não é testado. • A menos que seja baseado na investigação, não pode representar um método científico de aquisição de conhecimento. 4. Experiência pessoal • Qualquer pessoa aprende pelas suas experiências, a partir de dados fornecidos pelas suas observações. • Este tipo de experiência apresenta dois tipos de limitações fundamentais: • A experiência de cada pessoa pode ser muito restrita para fazer generalizações acerca de situações novas • As experiências individuais têm valores e preconceitos subjetivos. 5. Tentativa e erro • A aprendizagem por tentativa e erro não é sistemática nem infalível. • O facto de se multiplicarem as tentativas, até à obtenção de uma resposta às nossas perguntas, não constitui por si só um método muito eficaz de aquisição de conhecimentos. • Este método tende a ser desorganizado, e as soluções são em muitos casos imprevisíveis. Ciência: como apareceu? • A ciência é um conjunto de conhecimentos empíricos, teóricos e práticos sobre a natureza. O homem, na busca do saber, utilizou diferentes tipos de conhecimentos. Inicialmente, o conhecimento adquirido era passado por gerações através da palavra, originando o que hoje se conhece por senso comum. Na Grécia antiga, procurou-se saber mais para além daquilo que era observável, surgindo assim as questões existenciais. • Ainda nesta época, surgiu o pensamento matemático e o sociológico, mas só na idade média surgiu a ideia de ciência. • Deste modo, os quatro tipos de conhecimento estão intimamente relacionados com o aparecimento da ciência, visto serem estes a base de estudo do mundo Origem da ciência • Numa perspectiva cronológica a ciência nasceu como uma tentativa de se achar respostas para as interrogações dos Homens, tais como "o que há lá fora?", "do que é o mundo feito?", "qual é o segredo da vida?" e "como chegamos até aqui?" • Mais do que capaz de satisfazer a curiosidade, mostrou-se gradualmente como uma verdadeira ocupação, inspirando trabalhos de vidas inteiras. • Percebeu-se que, por meio da observação e experimentação (método científico) era possível não só compreender o mundo que nos rodeia mas também, a nós mesmos, de forma a impelir o desenvolvimento de novas tecnlogias e, assim, melhorar a qualidade de vida das pessoas. • Nesse sentido, a ciência não existe por si só mas sim como uma produção humana, a ciência é, de longe, a ferramenta mais indispensável à manutenção do progresso. Definição lata de ciência: A palavra ciência possui vários sentidos, abrangendo principalmente três acepções: 1. Saber, conhecimento de certas coisas que servem à condução da vida ou á dos negócios. 2. Conjunto dos conhecimentos adquiridos pelo estudo ou pela prática. 3. Hierarquização, organização e síntese dos conhecimentos através de modelos e princípios gerais (teorias, leis, etc.). Definição estrita de ciência: É o conhecimento claro e evidente de algo, fundado quer sobre princípios evidentes e demonstrações, quer sobre raciocínios experimentais, ou ainda sobre a análise das sociedades e dos fatos humanos. A palavra ciência, no seu sentido estrito, opõe-se a: opinião (doxa em grego), dogma, afirmações de natureza arbitrárias, O discurso científico opõe-se a: superstição e ao obscurantismo. • O "pensamento científico" surgiu na Grécia Antiga com os pensadores pré-socráticos que foram chamados de Filósofos da Natureza e também Pré-cientistas. • Os filósofos pré-socráticos discutiam se iriam atingir a verdade através das palavras ou dos números. Os sofistas defendiam que iriam atingir a verdade através das palavras. Os pitagóricos, seguidores de Pitágoras, defendiam que atingiriam a verdade através dos números. • Aristóteles formalizou o pensamento lógico dedutivo. • Na Idade Média, o pensamento lógico dedutivo foi usado em abundância pelos filósofos escolásticos e o resultado foi um total vazio científico durante essa época. • Francis Bacon, na Renascença, afirmava que A lógica de Aristóteles é ótima para criar brigas e contendas, mas totalmente incapaz de produzir algo de útil para a humanidade. • Sócrates, Platão e Demócrito defendiam que somente a matemática traz clareza ao pensamento. Ciência ü Tem origem na palavra do latim scientia significa conhecimento ou sabedoria ü Em sentido estrito, ciência refere-se ao sistema de adquirir conhecimento baseado no método científico bem como ao corpo organizado de conhecimento conseguido através de tais pesquisas. ü A ciência é descritiva, explicativa, investiga como são as coisas, como actuam, como se relacionam, quando, como, onde e porquê. ü Conjunto unificado de conhecimentos e investigações, de carácter objectivo, acerca das relações entre os factos, que se descobrem gradualmente e que se confirmam por métodos de verificação bem definidos. ü Sendo tão vasto o conjunto de fenómenos que nos rodeiam, tão poli-facetados e tão diversos, e tendo em conta que a actividade científica tende por diversas razões a especializar-se, pois cada problema requer o emprego de métodos e técnicas específicos e o investigador individualmente não pode dominar bem uma gama muito ampla de temas, é compreensível que se tenham constituído, ao longo da história, diferentes disciplinas cientificas. ü Estas ciências particulares, que se caracterizam por tratar conjuntos mais ou menos homogéneos de fenómenos e por abordá-los através de técnicasde investigação próprias, podem classificar-se de diversas maneiras para uma melhor organização e compreensão. ü O combustível no qual a ciência funciona é a ignorância. ü A ciência é como uma fornalha com fome que deve ser alimentada a partir dos toros das florestas de ignorância que nos rodeiam. Neste processo, a clareira a que chamamos de conhecimento expande-se, e quanto mais ela se expande, maior é o seu perímetro e mais ignorância se torna visível. ü Um verdadeiro cientista está entediado com o conhecimento, é o assalto a ignorância que o motiva - os mistérios que as descobertas anteriores revelaram. ü A floresta é mais interessante do que a clareira. 11 Ciências formais 1. Operam dedutivamente (matemáticas e lógica). 2. Como não têm relação com algo encontrado na realidade, não podem valer-se do contacto com essa realidade para validar as suas fórmulas, utilizando a lógica para demonstrar rigorosamente os seus teoremas. 3. Os resultados alcançados por estas ciências demonstram ou provam hipóteses. Demonstração é completa e final. Ciências factuais 1. Ocupam-se do mundo físico, em qualquer das suas manifestações (física, química e biologia) ou dos seres humanos, da sua conduta e as suas acções (psicologia, história, sociologia e economia). 2. Encarregam-se do estudo dos factos, dividindo-se em naturais e sociais. 3. Referem-se a factos que ocorrem no mundo, e, por isso, recorrem às observações e às experimentações para comprovar ou refutar as suas hipóteses que na sua maioria são provisórias A verificação é incompleta e, por este motivo, ela é temporária. Definição filosófica de ciência Embora para um cientista a definição de ciência que vale é a estrita, há considerável discussão sobre o que é ciência no meio filosófico, e neste meio acham-se várias definições de ciência, e várias considerações sobre a sua abrangência. Ciência e religião A ciência é frequentemente considerada como contrária às religiões. Esta interpretação é mais comum do que se pensa, sendo frequentemente usada em ambos os lados, embora com maior frequência por cientistas do que por religiosos. • Objetivo (concorda com o objecto, permite a verificação de hipóteses); • Analítico (permite a decomposição e análise parcial); • Claro e preciso (problemas formulados com clareza); • Comunicável (propriedade da Humanidade); • Verificável (formulado de forma a ser verificado por outros); • Dependente de investigação metódica; • Sistemático e racional (sistema de ideias logicamente correlacionadas); • Falível (não é definitivo, absoluto ou final); • Explicativo/preditivo; • Aberto (não dogmático): • Útil (ao serviço da Humanidade). 12 Pressupostos do conhecimento científico | Raciocínio lógico e método científico • Raciocínio lógico - É útil para formular hipóteses. É um processo falível se não for testado. • Método científico – É o método mais eficaz e mais sofisticado de aquisição de conhecimentos e embora falível é mais fiável que os anteriores. Sujeito e Objeto Estudado • Relação, de singular complexidade entre dois elementos; • Dinâmica e variável; • Sujeito se situe frente ao objecto como algo exterior a ele; • Despojar-se completamente de si mesmo de toda a sua carga de valores, desejo e interesses; • Encerrado no limite dos seus conceitos prévios e não teria possibilidade de elaborar um conhecimento novo Abstração e conceptualização • Abstração resulta da capacidade de afastamento/separação de um objectivo relativamente ao conjunto em que está integrado o que é imprescindível acontecer. Metodologia cientifica • Para chegarmos a um conhecimento científico, ou seja para produzir ciência, é preciso seguir um conjunto de procedimentos que nos permitam alcançar o fim que procuramos. Não é possível obter um conhecimento racional, sistemático e organizado, actuando de qualquer modo, é necessário seguir um método, um caminho concreto que nos aproxime desta meta. Fase conceptual Fase metodológica Fase empírica • Escolher e formular um problema de investigação • Rever literatura pertinente • Elaborar um quadro de referência • Enunciar o objectivo, as questões de investigação ou as hipóteses • Escolher um desenho de investigação segundo princípios éticos • Definir a população e a amostra • Definir variáveis • Escolher os métodos de colheita e de análise dos dados • Colher dados; • Analisar dados; • Interpretar dados; • Comunicar resultados 13 Método cientifico É um método rigoroso e aceitável, uma vez que assenta num processo racional. Um aspeto importante que o distingue dos outros métodos é o facto de poder ser testado e corrigido conforme a sua progressão e recolocar em questão tudo o que ele propõe – não há verdades absolutas. O método científico é dotado de um poder descritivo explicativo dos factos, dos conhecimentos e dos fenómenos. Raciocínio lógico dedutivo O raciocínio dedutivo faz do conhecimento geral (postulado e axioma) um conhecimento específico. No raciocínio dedutivo, as premissas sofrem interferências das generalizações, pois os fatos são analisados de maneira minuciosa. • Caso chova, haverá nuvens no céu / o céu está limpo, sem nuvens / não está chovendo • Animais vertebrados são aqueles que possuem vértebras / todos os gatos possuem vértebras / logo, todos os gatos são animais vertebrados Raciocínio lógico indutivo: O raciocínio indutivo é um tipo de raciocínio que começa com uma ou mais premissas e tenta generalizar a partir delas o que é verdade em alguns casos, o que é provável que seja verdade em geral. Tem 3 etapas: observação dos fenómenos; descoberta das relações entre eles; generalização da relação. Exemplo: “Tenho visto muitos cisnes e eles eram todos brancos. Portanto, todos os cisnes são brancos.” Neste caso, o raciocínio é correto porque a premissa apoia a conclusão, mas a conclusão é falsa, uma vez que existem cisnes negros. “Um indivíduo nota que surgiram rugas em seu rosto / esse indivíduo não tinha rugas quando era jovem / ele lembra-se que os seus pais tinham rugas quando começaram a envelhecer / logo, todas as pessoas mais velhas adquirem rugas enquanto envelhecem” “O ferro é metal e conduz eletricidade / o ouro é metal e conduz eletricidade / o cobre é metal e conduz eletricidade / logo, os metais conduzem eletricidade” • Determina a regra; • Aprende-se a regra a partir de vários exemplos nos quais se verificou a ocorrência da conclusão, no seguimento de uma premissa; o Exemplo: a relva fica molhada sempre que chove. Então se chover amanhã, a relva ficará molhada. É comum associar este estilo de raciocínio ao das ciências naturais. • Exemplo 1: – O corvo 1 é negro. – O corvo 2 é negro. – O corvo 3 é negro. – O corvo n é negro. (Todo) corvo é negro. Raciocínio lógico dedutivo: O raciocínio dedutivo faz do conhecimento geral (postulado e axioma) um conhecimento específico. É um tipo de raciocínio que começa com uma ou várias reivindicações e conclui com uma afirmação diferente cuja verdade é garantida pela validade do processo de raciocínio. • Compreende a determinação da conclusão; • Utiliza-se premissas para chegar a uma conclusão; o Exemplo: quando chove a relva fica molhada. Choveu hoje, logo a relva esta molhada. • É comum associar este tipo de raciocínio às ciências exatas • Exemplo 1: Todos os homens são mortais. Sócrates é um homem. Portanto, Sócrates é mortal…” A conclusão ( “Sócrates é mortal”) é derivada das duas premissas ( “Todos os homens são mortais” e “Sócrates é um homem”). • Exemplo 2: “Caso chova, haverá nuvens no céu / o céu está limpo, sem nuvens / não está chovendo” • Exemplo 3: “Animais vertebrados são aquelesque possuem vértebras / todos os gatos possuem vértebras / logo, todos os gatos são animais vertebrados” • Exemplo 2: – Cobre conduz energia. – Zinco conduz energia. – Cobalto conduz energia. – Ora, cobre, zinco e cobalto são metais. Logo, (todo) metal conduz energia Aceita-se ou acredita-se num determinado princípio geral e posteriormente aplica-se esse princípio a um caso particular. 14 • Axioma 1: Duas coisas iguais a uma terceira, são iguais entre si. • Axioma 2: Se parcelas iguais forem adicionadas a quantias iguais, os resultados continuarão sendo iguais. • Axioma 3: Se quantias iguais forem subtraídas das mesmas quantias, os restos serão iguais. • Axioma 4: O todo é maior que a parte. • Postulado 1: Uma reta pode ser traçada de um ponto para outro qualquer. • Postulado 2: Qualquer segmento finito de reta pode ser prolongado indefinidamente no sentido da reta. • Postulado 3: Dados um ponto qualquer e uma distância qualquer, pode-se traçar um círculo de centro naquele ponto e raio igual à dada distância. • Postulado 4: Todos os ângulos retos são iguais entre si. O problema com o raciocínio dedutivo é o de que embora o princípio seja habitualmente verdadeiro, podem sempre existir excepções; Raciocínio lógico indutivo • Pautado por premissas particulares que são direcionadas para concluir algo de maneira universal. No raciocínio indutivo, a conclusão é maior que as premissas pois os fatos podem ser explicados a partir de observações simples. • Um indivíduo nota que surgiram rugas em seu rosto / esse indivíduo não tinha rugas quando era jovem / ele lembra-se que os seus pais tinham rugas quando começaram a envelhecer / logo, todas as pessoas mais velhas adquirem rugas enquanto envelhecem • O ferro é metal e conduz eletricidade / o ouro é metal e conduz eletricidade / o cobre é metal e conduz eletricidade / logo, os metais conduzem eletricidade O problema do raciocínio indutivo é o de que o indivíduo onde se baseou o princípio pode ser a excepção, e por conseguinte o princípio poderá não se adaptar a todos os outros casos que se seguem. Objetividade • Significa obter um conhecimento que concorde com a realidade do objeto, que o descreva ou explique tal como é, e não como desejaríamos que fosse. • Para poder lutar contra a subjetividade (ideias que nascem das crenças, dos costumes ou da tradição, as meras opiniões ou impressões do sujeito) é preciso que os nossos conhecimentos possam ser verificados por outros, que cada uma das hipóteses que formulamos sejam comprovadas e demonstradas na realidade, sem dar por aceite nada que possa influenciar este processo de verificação. “Hoje está mais calor do que ontem” (afirma sujeito A) e “Não é verdade” (contrapõe sujeito B) Racionalidade • A ciência usa a razão como arma essencial para chegar aos resultados. Os investigadores trabalham o mais possível com conceitos, com a lógica e a razão e não com sensações, imagens ou impressões. • Os enunciados que produzem são combinações lógicas desses elementos conceptuais baseados na coerência, evitando as contradições internas, as ambiguidades e as confusões que a lógica nos ensina a superar. Conduz a generalizações a partir de observações específicas. Tendo por base a informação da anatomofisiologia, no que respeita à teoria do desgaste articular face ao desporto, um terapeuta poderá acreditar que um paciente com arterite poderá beneficiar da realização de pequenas sessões de tratamento realizadas tão frequentemente quanto possível. Em resultado desta forma de pensar, o terapeuta tratará o seu paciente com arterite 5 dias na semana em sessões de 15 a 20 minutos. 15 • A racionalidade afasta a ciência da religião, e de todos os sistemas onde aparecem elementos não-racionais ou onde se apela aos princípios explicativos sobrenaturais, subordinados aos sentimentos e sensações. Será que todo o conhecimento organizado e sistematizado têm carácter científico? • Corpo de conhecimento sistematizado que visa proporcionar explicações dos factos conhecidos. • Na ciência não interessa saber apenas que há doenças contagiosas, mas sim, como e porque razão ocorrem a transmissão de microrganismos patogénicos • Para isso é preciso propor teorias com um poder explicativo original • A procura de explicações racionais para aquilo que observamos começou com os filósofos gregos. • No entanto, a ciência como a conhecemos hoje deve-se a desenvolvimentos que ocorreram a partir dos sec. XVII e XVIII. • Foi só a partir época que se difundiu a procura de explicações assentes em teorias testadas rigorosamente através de experiências. Sistematizações • A ciência é sistemática, organizada na sua procura e nos seus resultados. • Preocupa-se em organizar as suas ideias coerentemente e incluir todo o conhecimento parcial em conjuntos cada vez mais amplos. • O investigador segue um conjunto de procedimentos planeados segundo uma ordem e um método. Generalidade • A preocupação da ciência não é apenas aprofundar e completar o conhecimento de um só objeto individual, mas também proporcionar que cada conhecimento parcial sirva como ponte para alcançar uma maior compreensão. • Trata-se de chegar ao geral e não se deter exclusivamente no particular. • A ciência é universal porque é válida para todas as pessoas, sem reconhecer fronteiras sem determinações de nenhum tipo, não variando com as diferentes culturas. Falibilidade • A ciência é um dos poucos sistemas, elaborados pelo homem, onde se reconhece explicitamente a própria possibilidade de equívocos e da ocorrência de erros. • Graças a isto, os conhecimentos vão-se renovando constantemente e progredindo, melhorando as explicações que damos dos factos. • Ao reconhecer-se a falibilidade de todo o conhecimento científico, abandona-se a pretensão de querer chegar a verdades absolutas e finais, concluindo-se pelo contrário, que são provisoriamente definitivas. • Assim, qualquer teoria ou lei estão sujeitas, a todo o momento, à revisão e discussão, o que permite aperfeiçoá-las e modifica-las para torna-las cada vez mais objetivas, racionais, sistemáticas e gerais. Power Point 2 – Investigação em ciências biológicas Importância da investigação para a evolução do conhecimento • A investigação contribui para a inovação da ciência através de novos estudos e experiências, permitindo assim adquirir novos conhecimentos. • Os avanços na área do conhecimento permitem criar novas políticas públicas direcionadas ao bem-estar social. Investigação científica Método de trabalho que permite dar respostas consistentes e válidas aos problemas de modo a solucioná-los, aprofundar conceitos e/ou construir conhecimento. Ciências Biológicas Ciência que estuda a origem e as características dos seres vivos, tais como as suas interações com o meio ambiente. 16 Estudos In Vitro Vantagens Desvantagens ü Não levanta problemas na área da ética; ü Menos dispendioso; ü Permite isolar determinadas células que possuem determinados genes (considerados bons) para que aquando da sua multiplicação seja possível originar células uniformes com boas características genéticas (maior produtividade); ü Permite multiplicar assexuadamente partes de plantas (células, tecidos, órgãos). ü Em Medicina Dentária, os testes In Vitro são efetuados com o propósito de testar produtos utilizados na saúde oral, ajudando a acelerar o desenvolvimento dos mesmos e ajudar a comprovar a sua eficácia e segurança (ex. avaliação da eficácia antimicrobiana de antissépticos orais; testes de biocompatibilidade e toxicidade de materiais dentários). û Quando algo é testado in vitro e resulta, não pode ser de imediato aplicado em organismos vivos; û Não se consegue introduzir em laboratório todas as variáveis reais existentes; û As célulaspossuem um período de vida relativamente curto; û Não permite interações com outras células de tecidos diferentes, o que conduz a respostas diferentes das que ocorreriam num indivíduo; û Risco de estreitamento da base genética dos organismos. Estudos Ex Vivo ü In vitro ("em vidro") é uma expressão latina que designa todos os processos biológicos que são realizados fora do organismo, isto é, em meio artificial num ambiente controlado e fechado de um laboratório e que normalmente são feitos em tubos de vidro. ü Esta técnica permite estudar um determinado método, ou um determinado fator numa experiência sem que haja intervenção de fatores externos. ü Amostras a serem testadas são obtidas a partir de um banco de células. ü Exemplo: Caso de células cancerígenas de uma estirpe que produza resultados favoráveis e que, em seguida, são cultivadas para produzir uma amostra de controlo e o número de amostras necessário para o número de testes. ü Foi popularizada pelas técnicas de reprodução medicamente assistidas (fertilização in vitro). Técnica que consiste na coleta dos gametas masculino e feminino, de modo a que a fecundação (impossível de ocorrer da forma natural) seja feita em laboratório e posteriormente ocorra transferência dos embriões formados in vitro de volta para o útero materno. • Em ciência, ex vivo refere-se a experimentação ou medições feitas em ou sobre tecidos de um organismo em um ambiente externo com alteração mínima de condições naturais. 17 Vantagens Desvantagens ü As experiências são feitas em tecido morto, fora do “Vivo” o que evita conflitos éticos e morais. ü Permite obter modelos realistas para o desenvolvimento de procedimentos cirúrgicos. ü É possível usar o método ex vivo para encontrar agentes de tratamento do cancro que sejam eficazes contra as células cancerígenas do organismo. ü Uma vantagem principal do uso de tecidos ex vivo é a capacidade de realizar testes ou medições que de outra forma não seriam possíveis ou éticas em sujeitos vivos. Os tecidos podem ser removidos de várias maneiras, inclusive em parte, como órgãos inteiros ou como sistemas orgânicos maiores. û Este método exige condições muito específicas/rigorosas para ser feito com sucesso. û O processo é dispendioso porque requer muitos cuidados e custos laboratoriais. Diferenças entre ex vivo e in vitro • Ex vivo e in vitro não são sinónimos, embora o teste em ambos seja efetuado "dentro do vidro". • Ex vivo significa que as amostras a serem testadas foram extraídas do organismo (p.ex. através de coleta de sangue) enquanto que in vitro as amostras testadas foram retiradas de um banco de células (p.ex células cancerígenas de uma estirpe que produza resultados favoráveis). • Os resultados de estudos ex vivo aplicam-se apenas ao organismo que fornece a célula, enquanto que os resultados in vitro se aplicam apenas à linha celular utilizada. • Os procedimentos ex vivo (no que concerne biologia celular) envolvem frequentemente células e tecidos retirados de um organismo vivo e cultivados em laboratório, normalmente sob condições de esterilidade sem que (por norma) ocorram alterações até 24 horas, de modo a que sejam obtidas células suficientes para a realização das diferentes experiências. • As experiências começam geralmente após 24 horas de incubação, utilizando células vivas ou de tecidos a partir do mesmo organismo e neste caso ainda são considerados como ex vivo. Estudos In Vivo ü Estudos In Vivo designa o conjunto de estudos efetuados dentro de/num tecido vivo de um ser vivo. ü Os maiores avanços da medicina, mais particularmente utilizando técnicas In Vivo, ocorreram durante a Segunda Guerra Mundial, onde presos terão sido submetidos a testes e experiências, muitas delas, profundamente dolorosas. Tal facto é uma atrocidade e um desrespeito aos direitos humanos, mas o avanço prova que existe, de facto, uma relação direta entre os testes em seres vivos e o avanço tecnológico. ü Utilizados em estudos toxicológicos, onde são determinados os efeitos de substâncias tóxicas e os seus limites de segurança. Ainda que a realização dos estudos esteja sujeita a discussões de ética, são uma etapa necessária antes da realização de testes em seres humanos. ü Exemplo: Comportamento fisiológico resultante da ativação do recetor. Estudos Ex Vivo Estudos In Vitro 18 Vantagens Desvantagens ü Vantajosos para o próprio animal com a descoberta de novas rações, vacinas e medicamentos veterinários; ü Prevenir que o Homem seja submetido a substâncias potencialmente perigosas; ü Apesar de bastante dispendiosos, continuam a ser os estudos mais rentáveis para a indústria farmacêutica e cosmética; ü Desenvolvimento de simulações computadorizadas e experimentações em tecidos humanos isolados. ü Observação e avaliação das interações morfofisiológicas que ocorrem no organismo. û Muitos dos testes causam sofrimento aos seres vivos (problemas éticos); û Há exploração dos seres vivos (muitas vezes submetidos a situações tortuosas) em benefício do homem; û Problemas de informação e aplicação dos dados uma vez que fazer experiências e estudos em animais não é o mesmo que fazê-los em humanos (diferenças fisiológicas); û Desvantagem económica da pesquisa animal, pois é mais cara e demorada. Terapia genética (genoterapia) – Uso terapêutico do ADN • Pode direcionar-se tanto para as doenças hereditárias como as patologias adquiridas; • A maioria dos ensaios de terapia genética propostos destinam-se a fornecer o gene útil em falta num determinado tipo de células selecionado, por forma a compensar a falta ou defeito no gene ou simplesmente adicionar um novo recurso; • Muitas terapias contra o cancro tentam induzir as células cancerígenas a produzirem substâncias que as eliminem, desencadeiem uma forte resposta imunológica contra elas ou retirem o suprimento de sangue necessário para o crescimento dos tumores; • Os problemas técnicos que enfrenta a aplicação da terapia genética são importantes e impedem que os resultados sejam os desejados. Perspetiva histórica dos estudos animais • 2 Sec. aC primeiras referências aos testes em animais em escritos dos gregos; Aristóteles e Erasístrato estavam entre os primeiros a realizar experiências com animais vivos. • Séc.2dC. Galeno, um médico é conhecido como o "pai da vivissecção” (dissecação de porcos e cabras) • Séc.12dC, Avenzoar, um árabe médico, praticava a dissecação e introduziu a experimentação animal como um método experimental de testar os procedimentos cirúrgicos antes de aplicá-los a pacientes humanos. • 1880, Louis Pasteur demonstrou de forma convincente a teoria dos germes através da indução de anthrax em ovelhas. As células são removidas de um tecido selecionado do paciente, e expostas em laboratório ao vetor transportador do gene (ex vivo) e , em seguida, voltam a colocar as células com o gene corrigido. O vetor que transporta o gene de correção é inserido diretamente no corpo (in vivo), geralmente no tecido a ser tratado. 19 • 1890, Ivan Pavlov usaram cães para descrever o condicionamento clássico. • 1992, a insulina foi isolado pela primeira vez a partir de cães e revolucionou o tratamento de diabetes. • 1957, um cão Soviética, Laika , tornou-se o primeiro de muitos animais a orbitar a terra. • 1970, tratamentos com antibióticos e vacinas para lepra foram desenvolvidos utilizando tatus, • 1974, Rudolf Jaenisch foi capaz de produzir o primeiro mamífero transgénico, por meio da integração do ADN do vírus SV40 no genoma dos ratinhos • 1996, Dolly, a ovelha foi carregado, o primeiro mamífero a ser clonado a partir de uma célula adulta . Testes de toxicologia tornou-se importante no século 20 . No século 19 , as leis que regulamas drogas eram mais relaxadas. • 1937, o Congresso dos EUA aprovou leis que exigiam testes de segurança de medicamentos em animais antes de serem comercializados (Elixir Sulfanilamida) • 1960, em reação à tragédia da Talidomida , novas leis foram aprovadas exigindo testes de segurança em animais grávidas antes de uma droga pode ser vendida Estudos em animais Experiências realizadas em animais não-humanos, designados de cobaias, com o objetivo de produzir conhecimento científico aos seres humanos, como as medidas a ter em conta na elaboração de novos fármacos, métodos cirúrgicos, vacinas, etc... De notar que algumas pesquisas não apresentam experimentação direta, envolvendo apenas análise de comportamentos naturais ou observação pura (p.ex. rato a correr num labirinto). Teoria dos 3R’s: • Replacement (substituição): estabelecer métodos alternativos que não envolvam animais; • Reduction (redução): ↓ n° animais utilizados; • Refinement (refinamento): ↓ sofrimento dos animais utilizados, melhorando a sua qualidade de vida. Métodos Alternativos: ü Técnicas in vitro (cultivo de células e tecidos); ü Técnicas imunológicas; ü Testes de diagnóstico (ex: ELISA); ü Utilização de “organismos inferiores“ (Bactérias, Leveduras, Insetos, Moluscos); ü Modelização matemática dos processos fisiológicos (software, teste in silico); ü Modelos humanos; ü Objeções éticas; Escolha do animal: • Depende das características anatómicas, fisiológicas e comportamentais; requeridas pela experiência científica; • Presença/ausência de certos tecidos ou órgãos; • Informação disponível acerca do animal; • Custo dos animais. 1959: Russell and Burch pretendiam trazer maior humanismo às técnicas de experimentação animal 20 PEQUENOS ANIMAIS: os mais utilizados Murganho, Rato, Cobaia • Fáceis de manusear • Baixo custo MÉDIOS E GRANDES ANIMAIS: Cão, gato, coelho, macaco, vitelos, ovelhas, suínos • ↑ V sangue Vantagens Desvantagens ü Auxiliam na prevenção e na descoberta de novas funções e características envolvidas com problemas que afetam a saúde do ser humano; ü Evita a utilização de seres humanos voluntários num medicamento ou terapia de ação desconhecida que poderá ter ação potencialmente perigosa; ü Determina os efeitos de substâncias tóxicas e seus limites de segurança no ser humano de forma quase direta; ü Etapa fundamental antes da aplicação em testes em humanos. û É sempre necessário passar pelos estudos clínicos de forma a comprovar os resultados; û Existência de vários ideais de algum tipo de sofrimento por parte dos animais; û As diferenças fisiológicas entre as cobaias de laboratório e os seres humanos fazem com que muitas vezes a resposta do organismo seja completamente diferente, pelo que esses estudos não são conclusivos. Investigação em humanos ü São os mais confiáveis na avaliação de um medicamento ou terapia; ü Tem-se maior controle sobre s variáveis que podem afetar os resultados; ü Permite estudar com maior precisão cada fator envolvido. Estudos epidemiológicos Estudos clínicos Investigação em humanos • São pesquisas nas quais indivíduos se voluntariam e permitem que médicos ou cientistas estudem maneiras de prevenir ou tratar determinada doença ou ainda investigar mecanismos biológicos que determinem a contração de uma doença. • Um dos grandes exemplos de estudos clínicos realizados em humanos é o estudo do cancro. • Estes ensaios são extremamente bem organizados e o seu planeamento é revisto atempadamente, sendo que poderão alterar significativamente a vida de uma pessoa. As clínicas, que utilizam o ser humano como método de pesquisa, sujeitam-se sempre a aprovação por um grupo de especialistas, cujo trabalho é analisar a exposição ao risco de cada voluntário. Este é denominado de Institucional Review Board (nos EUA), e classifica-se como um grupo independente de médicos, estatísticos, e membros dos conselhos de ética. 21 Estudos clínicos ü Cada estudo encontra-se condicionado pelas diferenças imunobiológicas de cada participante, sendo que a eficácia do método ou do medicamento experimental se reverte em probabilidades. Deste modo, são tiradas conclusões tendo por base, um grupo de controlo. ü O grupo de controlo consiste em elementos que materializem as mesmas características do grupo experimental. Assim, possibilita-se o estudo de apenas uma variável, parte essencial do método científico. No grupo de controlo o fator de teste não é aplicado ou é administrado um placebo para que não haja viés. ü Atualmente a administração de um placebo ao grupo de controle só é considerada justificada na ausência de algum tratamento comprovado. ü Os resultados dos dois grupos são então comparados, determinando se o medicamento em teste apresenta realmente um efeito significativo. ü São normalmente realizados numa progressão, cada vez com um número maior de pacientes. ü A FDA (Food and Drug Administration), por exemplo, usa um sistema de três fases: • Fase 1 - Utiliza de 20 a 100 pacientes ao longo de alguns meses, visando principalmente garantir a segurança do medicamento; • Fase 2 - Utiliza centenas de pacientes durante até dois anos, visando confirmar mais uma vez a segurança do medicamento, mas principalmente estudar a sua eficácia; • Fase 3 - Pode empregar até milhares de pacientes durante até quatro anos, visando determinar, além da eficácia e segurança do medicamento, a sua dosagem adequada. Segurança dos pacientes • Antes de qualquer substância ser testada em humanos, é sujeita a testes clínicos em animais de modo a que se saiba se o composto, ou método, é biologicamente seguro. • Os resultados dos testes em animais dessas substâncias são, naturalmente, estudados por forma a tomar a decisão sobre a continuação do estudo em humanos, sendo que os resultados e metodologia devem ser defendidos perante uma comissão (IRB). Exemplos: • Experiência na Universidade do Minnesota- Esquizofrenia. • Estudo para combater a ansiedade relacionada com cancro e Síndrome de Parkinson – França. • Talidomida - Doenças respiratórias e ansiedade - Alemanha . • Terapia Génica para a OTC - EUA – Uso de vetores adenovirais. • Tratamento para o cancro - com graves efeitos secundários – EUA. • Tratamento à visão – EUA. • Tratamento ao Cancro com recurso a modificação imunológica – EUA. • Estudo ao efeito da poluição nos pulmões- Nova Iorque. • Estudo aos mecanismos indutores de asma - Johns Hopkins- uso de drogas não aprovadas. • Novo Procedimento para tratar o cancro - Londres (diferenças entre o método nos animais e nos humanos). 22 Método de investigação: conjunto de procedimentos que se utilizam para chegar a um conhecimento cientifico. Metodologia de investigação: escolha de um método com os seus instrumentos e técnicas de recolha e análise de dados, bem como a forma de registo e divulgação de resultados. Disciplina proveniente da lógica e tem como objecto o estudo do método científico (Tarski, 1977), ou seja, deve ser considerada como o estudo da análise dos métodos. O porquê de falar de uma metodologia de investigação: falar de metodologias de investigação implica falar de caminhos ou vias que permitem estudar um determinado assunto. Implica realizar um estudo e processo racional, a fim de produzir conhecimento cientifico. Vantagens Desvantagens û Acesso a possíveis maneiras mais recentes, eficazes e seguras, com menores efeitos secundários ou probabilidades de complicações. û Ajudar na obtenção de dados científicos, com apoio financeiro e em cuidados de saúde; û Muitas vezes não é necessário seguro de saúde (comum nos EUA). û Contribuir para a investigação clínica û Falta de informação, tanto em relação ao objeto de estudo. como a efeitos secundários. û Ser-se sujeito a umplacebo ao invés de melhorar o diagnóstico. û Muitas vezes os comités de ética são impeditivos de alguns estudos Power Point 3 – Investigação Quantitativa e qualitativa Metodologia Qualitativa Quantitativa Recolha de dados Levantamento de questões Busca de padrões Construção de teorias Teoria a testar Problemas e hipóteses derivados da teoria Conceitos e variáveis relacionados com a teoria Recolha de dados que confirmem a teoria 23 • Usado largamente nas ciências sociais; • Usado sobretudo em saúde colectiva. • Métodos de recolha de dados não estruturados • Amostra pequena e não representativa • Caracter exploratório e subjectivo • Ciências sociais, saúde e negócios • Locais de trabalho e ambientes educacionais • Identificar hipóteses para um problema e descobrir as percepções e expectativas dos consumidores • Flexibilidade na recolha da informação o Reformulação de questões o Esclarecimento de respostas ambíguas por parte do entrevistado - Alteração dos guiões no decorrer do estudo • Entrevistados dão a sua opinião sobre assuntos relacionados com o objeto de estudo Modelo de investigação qualitativo Objetivo: Entender o porquê de determinados comportamentos, atitudes e motivações em vez de se concentrar apenas nos detalhes “do quê, onde e quando” Técnicas de Recolha De dados Modelo de investigação qualitativa Modelo de investigação quantitativa • Método bastante conclusivo e objetivo; • Usado tradicionalmente na área da saúde; • Destaque aos dados numéricos; • Ponto de vista do investigador excluído; • Amostra é muito maior que no método qualitativo. Descobrir as perceções e expetativas dos consumidores Caráter exploratório e subjetivo Métodos de recolha de dados não estruturados Amostra pequena e não representativa Flexibilidade na recolha de informação Conceitos e variáveis relevantes não são conhecidas 1. Questionários: Consiste em várias questões a respeito de ideias, percepções e pensamentos; 2. Entrevistas: Método bastante flexível e estruturado, podendo ser individuais ou em grupo; 3. Grupos focais: Grupos de discussão que permitem obter os pontos de vista dos participantes sobre o objeto de estudo através de debates; 4. Observação participante: Imersão do pesquisador na comunidade ou na situação em analise; 5. Observação direta: Imersão dos pesquisadores no mundo dos sujeitos observados, tentando entender o comportamento real dos informantes; 6. Análise documental: analise de documentos audiovisuais, fotográficos e escritos que já existam. 24 1. Questionários • Forma bastante prática para colher dados (regista e análise posterior); • Prescinde da presença do investigador na recolha dos dados (correio ou a internet); • Questões abertas (questionado tem a liberdade de escrever o que entender). • Permitir recolher dados além daquilo que o pesquisador já conhece ou pressupõe. • Dificulta a análise posterior devido à grande variedade de respostas encontradas • Questões fechadas (quem é questionado escolhe entre algumas alternativas prévias); • Questões mistas 2. Entrevistas • Individuais ou em grupo; • Estruturadas (perguntas previamente formuladas não permitindo variações); • Semi-Estruturadas (para além de perguntas fixas permite a inclusão de outras ou a reformulação das primeiras, conforme o contexto); • Informais (as questões são construídas ao longo da entrevista; o investigador conhece pouco sobre o objecto de estudo) - risco de divagação. 3. Grupos focais • Grupos de discussão que permitem obter os pontos de vista dos participantes sobre o objeto de estudo através de debates; 4.5. Observação • Instrumento mais usado por se tratar de algo corrente no quotidiano das pessoas; • Quando usada cientificamente deve ser realizada segundo propósitos bem claros e seguindo um roteiro prévio que permita inclusive a repetição do procedimento em outras circunstâncias; • É muito útil que se faça um formulário ou uma lista dos itens a serem observados para que nada escape ao pesquisador. 6. Análise documental • Analise de documentos audiovisuais, fotográficos e escritos que já existam Vantagens Desvantagens ü Não se limita a variáveis pré-definidas de “sim” e “não” ü Melhor compreensão sobre as opiniões dos entrevistados ü Realidade mais assertiva do estudo ü Produção de conhecimento científico û O investigador pode induzir a um certo tipo de resposta; û Os participantes escolhidos podem não representar a população em geral; û Os dados podem ser muito subjetivos; û Pode ser difícil para o entrevistador alcançar os pontos de vista û Os entrevistados tendem a responder de forma a agradar ao pesquisador. Cuidados a ter na elaboração de questionários: • Instruções de preenchimento; • Eliminar questões fora do âmbito do estudo; • Perguntas claras e sucintas; • Permitir apenas uma interpretação ; • Não induzir respostas. Análise de dados: Quando todas as informações necessárias estiverem reunidas, é o momento de analisá-las e sintetizar respostas e teorias para a pergunta de pesquisa Análise textual: verbal ou escrita. 25 Modelo de investigação quantitativo Objetivo: A procura as causas dos fenómenos sociais, prestando escassa atenção aos aspetos subjetivos dos indivíduos. Técnicas de Recolha De dados Vantagens Desvantagens ü Metodologia mais especifica ü Melhor forma de traduzir números em opiniões/informações ü Confiabilidade dos dados visto que as respostas são ü limitadas ü Resultados eficazes, precisos e padronizados ü Aplicação simples ü Fácil interpretação û Não há explicação do porquê dos resultados observados û Exige a formulação de uma hipótese prévia û Dificuldade na formação adequada das perguntas û Desconhece emoções e sentimentos Objetivo Dados numéricos Pesquisa epidemiológica Investigação experimental Formulação de hipóteses explicativas desses fenómenos Conclusivo e objetivo Observação de fenómenos Recorrência a dados numéricos Seleção aleatória dos sujeitos de investigação Controlo de variáveis • A pesquisa quantitativa usa modelos padronizados de investigação, como questionários estruturados com perguntas fechadas , em que os participantes selecionam entre uma lista de opções possíveis • Escolha múltipla, dicotômica, ranking, matriz Análise de dados: • A análise começa com ideias preconcebidas, baseadas nas hipóteses formuladas. • Uma vez recolhidos os dados numéricos, estes são transferidos para uma matriz, que é analisada mediante procedimentos estatísticos. • As conclusões são expressas em diagramas, tabelas ou gráficos. 26 Os principais estudos quantitativos utilizados na investigação de questões relacionadas com a área da saúde são: 1. Estudo de caso (case report) • É o tipo mais básico de estudo descritivo de indivíduos; • Consiste num relato cuidadoso e detalhado da história médica de um doente, levado a cabo por um ou mais clínicos; • Descreve um evento num tempo definido; • Usado para a avaliação inicial de problemas ainda mal conhecidos e cujas características ainda não foram suficientemente detalhadas; • Entre os tipos de estudos mais comuns em artigos na área da saúde. “ A senhora B é uma secretária de 54 anos de idade que desenvolveu um quadro de angina de peito...” Vantagens Limitações ü Facilidade de realização ü Baixo custo ü Pode restringir-se a uma simples descrição ou sugerir explicações sobre os elementos pouco conhecidos na etiologia e evolução das doenças; ü Possibilita a observação intensa de um caso. û Número reduzidode indivíduos estudados; û Subjetividade na apreciação dos factos; û Falta de indivíduos-controle. 2. Investigação experimental em laboratório • São geralmente realizados em animais embora possam ser levados a cabo em humanos; • É o tipo de estudo com duração mais curta (algumas horas ou dias); • Realizados em laboratório permitindo um controlo rigoroso da situação e maior precisão em todas as etapas; • Grau de subjetividade na aferição dos dados é reduzido; • Útil quando por questões éticas (quando impossível em humanos); • Principal limitação é a dificuldade em extrapolar para os humanos (diferenças entre espécies podem invalidar generalizações). • Estudos in vitro – procuram simular condições biológicas reais em laboratório (testar novos materiais ou procedimentos terapêuticos ou preventivos e novas técnicas cirúrgicas). “Estudo comparativo da resistência a tensão de corte em restaurações a amálgama, utilizando três procedimentos retentivos....." 3. Investigação epidemiológica • Descrever as condições de saúde da população; • Investigar os fatores determinantes para a situação da saúde; • Avaliar o impacto das ações para alterar a situação da saúde. ü Genética ü Ambiental ü Biológica ü Social ü Psicológica Estudos Quantitativos 1. Estudo de caso (case report) 2. Investigação experimental em laboratório 3. Investigação epidemiológica a. Analíticos i. Observacionais 1. Caso-controle 2. Coorte a. Retrospetivos b. Prospetivos ii. Experimentais 1. Aleatórios a. Ensaio clínico b. Ensaio de campo c. Ensaio de comunidade ou população 2. Não aleatórios b. Descritivos i. Ecológico/incidência Fator (exposição /causa) Doença (efeito) A observação de que uma doença estatisticamente associada a um agente suspeito não é prova de que este agente provoque a doença. 27 Conceito Um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a deteção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças. À Unidade de Investigação Epidemiológica compete: Segundo o Objetivo da investigação epidemiológica: • Identificar a fonte de infecção, o modo de transmissão, os grupos expostos a maior risco e os factores de risco, bem como confirmar o diagnóstico e determinar as principais características epidemiológicas. • O seu propósito final é orientar medidas de controle para impedir a ocorrÊncia de novos casos. Epidemiologia Sobre Povo Estudo Serviço Nacional de Saúde ü Identificar as necessidades de investigação em epidemiologia, estabelecendo as respetivas prioridades de acordo com as orientações estratégicas nacionais e internacionais; ü Promover e realizar investigação epidemiológica, incluindo em epidemiologia clínica e de saúde pública, considerando as prioridades definidas pelos programas nacionais e internacionais; ü Desenvolvermétodosdestinadosàelaboraçãode previsões, projeções e cenários sobre o estado de saúde e doença da população no futuro, assim como sobre situações ou eventos que possam vir a afetar de forma potencialmente grave a saúde da população; ü Promover a criação e validação,de novas redes e instrumentos de vigilância epidemiológica e observação em saúde de modo a garantir a colheita de dados para fins de monitorização, investigação, vigilância epidemiológica e de previsão de eventos e seus efeitos. Doença Não ocorrem por acaso Causas e preveníveis Identificação dos fatores Fatores Investigação sistemática Novos casos de uma doença Controle inadequado Detetado o fator/causa População em risco Falhas na assistência à saúde e/ou medidas de prevenção Controlo da doença 28 ü A gravidade do evento representa um factor que condiciona a urgência no curso da investigação epidemiológica e na implementação de medidas de controlo. ü Em determinadas situações, especialmente quando a fonte e o modo de transmissão já são evidentes, as acções de controlo devem ser implementadas durante ou até mesmo antes da realização da investigação. ü Informam sobre a distribuição de um evento, na população, em termos quantitativos. Eles podem ser de incidência ou prevalência; ü Identificar grupos de risco (permite informar sobre as necessidades e características de um grupo que poderá beneficiar se alguma medida for tomada); ü Possibilitar a avaliação das tendências no estado de saúde e comparações entre países; ü Oferecer uma base para o planeamento, fornecimento e avaliação dos serviços de saúde; ü Identificar problemas a serem estudados através de métodos analíticos; ü Sugerir exlicações para as variações de frequência, o que serve de base ao proseguimento de investigações sobre o assunto através dos estudos analíticos; ü Sugerir áreas de interesse para investigação. Recolha de dados Descritivos Focados na descrição da distribuição de uma doença, incluindo: • Quais as populações ou subgrupos desenvolvem ou não a doença; • Localidades geográficas onde esta é mais ou menos comum; • Como a frequência da ocorrência varia com o tempo. Estudos descritivos: Recolha e análise dos dados Estudos analíticos para testar hipótese A análise dos resultados sugere outros estudos descritivos e novas hipóteses Construção do modelo e formulação de hipóteses Variáveis Indivíduo Local Tempo • Idade • Género • Raça/etnia • N. Sócio-económico • Estado civil • Área geográfica • Sub-divisão política • Fatores ambientais • Z. urbana ou rural • Comparações internacionais • Migração • • Tendências seculares • Mudanças cíclicas • Variações a curto prazo Registos de dados recolhidos por rotina (organismos e informações oficiais - ex: prevalência de cancro oral em 2004 a partir de dados recolhidos nos hospitais de um país). Inquéritos (survey) realizados num determinado momento especificamente para a obtenção de determinadas informações que se pretende recolher. (através de: questionários, entrevistas, etc.) Exemplo: Levantamento sobre cárie num determinado município. Fontes dados secundários Fontes dados primários 29 Limitações Estudo ecológico/incidência/correlacional Estudo transversal/Prevalência/seccional û Como usam os dados sobre populações inteiras ou grupos não é possível conhecer os dados individuais, ou seja, apenas se conhece os totais entre os expostos e não expostos e entre doentes e sadios. û Viés ecológico - Atribuir a um indivíduo o que se observou a partir de estatísticas û A observação de uma associação de eventos, a um determinado nível na população, não significa, necessariamente, que haja a mesma associação a nível do indivíduo. û Nem sempre é possível distinguir se a exposição precede o desenvolvimento da doença ou se a sua presença de doença afecta o nível de exposição do indivíduo; û Exposição e doença são avaliados no mesmo momento Estudos descritivos Ecológico/incidência/Correlacional Transversal/Prevalência/Seccional Comparam as frequências de uma doença entre diferentes grupos (populações inteiras ou grupos de pessoas - turma de uma escola) durante um período de tempo ou na mesma população em diferentes períodos no tempo. Transversal Longitudinal Medem a prevalência de uma doença num determinado momento. Utilizados frequentemente em saúde publica com fins de planeamento e como etapa inicial de estudos analíticos (caso-controle e coorte) ou estudos experimentais, e para avaliar programas de controle de doenças. Relacionam a frequência com que um efeito de interesse ocorre numa determinada população ou área geográfica num determinado momento.Medem a tendência das taxas de uma doença ao longo de muitos anos numa determinada população ou área geográfica. Causa/exposição Obesidade à Fumar à Toxoplasmose à Vacina à Medicamento à Efeito Diabetes Cancro pulmão Anomalia congénita Proteção à doença Cura Analíticos • Estão habitualmente subordinados com uma ou mais questões científicas chamadas hipóteses; • As hipóteses relacionam eventos: uma suposta “causa/exposição” está relacionada com um determinado “efeito/doença”; • Procuram esclarecer uma dada associação entre uma exposição em particular e um efeito específico. 30 Caso-controlo • De uma população seleciona-se um grupo de pessoas que têm uma determinada doença de interesse (caso) e um grupo sem a doença (grupo controle/comparação); • Comparam-se os grupos e avalia-se a proporção de indivíduos que estiveram expostos ao factor de interesse e que manifestaram a doença; • Se a proporção de pessoas expostas entre os casos for maior do que entre os controlos pode dizer-se que á associação entre a exposição e a doença. Vantagens Desvantagens ü Rápido e barato em comparação com outro estudos analíticos ü Apropriado para estudo de doenças com períodos de latência longos ü Melhor tipo de estudo para estudo de doenças raras ü Permite examinar factores etiológicos multiplos para uma única doença û Ineficiente para a investigação de exposições raras a menos que o potencial de risco seja alto û Não permite registar as taxas de incidência da doença em indivíduos expostos e não expostos a menos que o estudo seja baseado na população û A relação temporal entre exposição e doença pode ser dificil de estabelecer û Particularmente sujeito a viés comparado com outros tipos de estudos analíticos (especialmente viés de seleção) Estudos analÍticos Observacionais Experimentais Observa-se a ocorrência da doença em pessoas que já estão divididas em grupos com base em alguma exposição. (ex:fumadores e não fumadores). Caso-controle Coorte Observações conduzidas sob circunstâncias controladas, nas quais o cientista manipula as condições para investigar o efeito de tal manipulação nas observações. Retrospetivos Prospetivos Aleatórios Não aleatórios População Casos Pessoas com doença Casos Pessoas sem doença Expostos Não expostos Expostos Não expostos Direção da investigação Tempo 31 Coorte • A partir de uma população seleciona-se um grupo de indivíduos que esteve e outro que não esteve exposto a determinado factor. Estes são acompanhados por um período específico de tempo para avaliar o desenvolvimento da doença em cada grupo; • Permite descrever a incidência de determinadas doenças num intervalo de tempo; • Permite analisar associações entre factores de risco e doenças; • Escolhem-se indivíduos expostos e não expostos ao fator de risco. • Retrospetivos: A investigação começa depois da exposição à doença; à Causa • Prospetivos: A investigação começa antes da exposição ao fator de risco. à Efeito Exemplo: acompanhamento de fumadores para avaliar o desenvolvimento ou não de cancro oral. No que respeita à relação temporal entre o início do estudo e a ocorrência da doença o estudo pode ser classificado em retrospectivo ou prospectivo. Coorte Prospetivo Coorte Retrospetivo ü A doença ainda não ocorreu quando o estudo tem inicio; ü investigador deve conduzir um follow-up durante um intervalo de tempo apropriado para determinar se a exposição provoca a doença; ü Os indivíduos são selecionados segundo o status de exposição (Expostos e Não Expostos); ü Estudo longitudinal (10 anos) realizado entre moradores de Estocolmo (349 moradores), com o objectivo de avaliar a associação entre o hábito de fumar e a doença periodontal avaliada radiograficamente através da perda ossea alveolar marginal. A maior taxa de perda óssea ocorreu em pessoas que eram fumadores em 1980 enquanto que a menor taxa ocorreu entre aqueles que não eram fumadores em 1970. ü A investigação é iniciada depois da exposição e doença ocorrerem; ü Investigação sobre o passado; ü Os membros do coorte são identificados a partir de registos a uma exposição prévia (arquivos e anamnese); ü Estudo sobre a relação entre a presença e posição dos terceiros molares inferiores (exposição) e fraturas do ângulo da mandibula (efeito). Neste estudo as fontes de dados foram os as prescrições médicas e radiografias dos doentes atendidos com fracturas da mandibula entre Janeiro de 1993 e Abril de 1998, num hospital universitário de Atlanta. Os doentes com presença do 3o molar apresentavam uma probabilidade 1,9 vezes maior de ter fractura do ângulo da mandíbula, comparados com pacientes com ausência do 3o molar. População Casos Pessoas com doença Casos Pessoas sem doença Expostos Não expostos Expostos Não expostos Direção da investigação Tempo 32 Vantagens Desvantagens ü Grande valor quando a exposição é rara; ü Permite examinar efeito múltiplos de uma unica exposição ; ü Permite a relação temporal entre exposição e doença; ü No estudo prospectivo minimiza o viés da determinação da exposição ; ü A seleção dos controlos é relativamente mais fácil que no caso- controlo ; ü Permite medir directamente a incidência da doença nos grupo exposto e não exposto ; ü Não apresenta problemas éticos quanto à exposição dos participantes a factores de risco ou tratamento, como ocorre nos experimentais . û Ineficiente para a investigação de exposições raras a menos que o potencial de risco seja alto û Se o estudo for prospectivo, pode ser caro e demorado û Se o estudo for retrospectivo, requer a disponibilidade de registos adequados. Estudos analíticos experimentais • Associado frequentemente à pesquisa em laboratório contudo o termo “experimental” refere-se ao método e não ao local onde se realiza o trabalho. • Considerado o tipo de estudo epidemiológico que oferece a evidência mais confiável, devido ao seu poder impar de aleatorização como meio de determinar o efeito da exposição num ensaio clínico. • Podem ser mais difíceis de planear e conduzir do que os estudos observacionais devido a problemas éticos, práticos e financeiros. • Devido ao processo de selecção aleatória o estudo pode ser considerado anti-ético (um dos grupos não recebe o tratamento experimental do qual poderiam resultar benefícios para a sua doença) ü Ensaios preventivos primários: Avaliam se um agente ou procedimento reduz o risco de desenvolver uma doença entre pessoas livres da doença no início do estudo. ü Ensaios terapêuticos: Conduzidos entre pacientes com uma determinada doença com a finalidade de avaliar como um agente ou procedimento actua para diminuir sintomas, prevenir recorrência ou reduzir o risco de morte pela doença. • Os sujeitos do estudo são doentes colocados “aleatoriamente” em grupos (estudo e o de controle), com o objectivo de formar grupos com características semelhantes. • principal objectivo é testar o possível efeito (eficácia) de uma intervenção terapêutica ou preventiva sobre a doença ou outra condição. • Um grupo é submetido a um tratamento experimental e o grupo controle não recebe nenhum tratamento/tratamento placebo/tratamento habitual em condições não experimentais. • Após o período de seguimento, a alteração em relação à doença ou outro efeito de interesse é avaliada para cada indivíduo e os dois grupos são comparados em relação aos valores estimados para o resultado pretendido. Aleatórios Quando a manipulação artificial do fator de estudo é feita de forma aleatória. • Ensaio clínico; • Ensaio de campo • Ensaio de comunidade 33 Processo
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