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Gestão das Organizações Manual do Curso de Licenciatura de Gestão de Recursos Humanos ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contém reservado todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). A não observância do acima estipulado infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor no País. Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Direcção Académica Rua Dr. Almeida Lacerda, No212 Ponta - Gêa Beira - Moçambique Telefone: +258 23323501 Cel: +258 823055839 Fax:23323501 E-mail: isced@isced.ac.mz Agradecimentos Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância Coordenação do Programa das licenciaturas e os autores que elaboraram o presente manual, (Msc. Ruth Cremilde João Cherene Simoco) agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações i i Índice Visão Geral 1 Bem-vindo ao Módulo de Gestão das organizações ....................................................... 1 Objectivos do Módulo ..................................................................................................... 1 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1 Como está estruturado este módulo................................................................................ .1 Ícones de actividade ........................................................................................................ 3 Habilidades de estudo ..................................................................................................... 3 Precisa de apoio? ............................................................................................................ 5 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 6 Avaliação ....................................................................................................................... .6 TEMA – I: A Evolução do Conceito de Organização 9 Unidade Temática 1.1. Bases Históricas ........................................................................ 9 Introdução ...................................................................................................................... 9 1.1.1. Antecedentes históricos da Administração ................................................... …...9 a) Contribuição das Organizações................................................................................. 14 b) Contribuição da Revolução Industrial .......................................................................15 Sumario ......................................................................................................................... 17 Exercícios de Auto-Avaliação ...................................................................................... 17 Exercícios...................................................................................................................... 18 TEMA – II: Teorias Organizacionais 18 UNIDADE Temática 2.1. A Teoria Organizacional ...................................................... 18 Introdução ....................................................................................................... 18 Outras ideias de Taylor: 28 1. Conceito de Administração por Fayol: 31 3. Divisão do Trabalho e Especialização 34 Sumario ........................................................................................................................ .51 Exercícios de Auto-Avaliação ...................................................................................... 53 Exercícios...................................................................................................................... 53 ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações ii ii Tema III: As Organizações e o Meio Envolvente 54 UNIDADE Temática 3.1. A empresa e o seu ambiente ................................................ 54 Introdução ..........................................................................................................54 Sumário ......................................................................................................................... 66 Exercícios de auto – Avaliação ..................................................................................... 67 Exercícios....................................................................................................................... 67 Tema IV: Estratégias nas Organizações 68 UNIDADE Temática 4.1. Gestão Estratégica................................................................ 68 Introdução ............................................................................................................ 68 Sumário ..................................................................................................................... ...101 Exercícios de auto – avaliação ................................................................................... .103 Exercícios..................................................................................................................... 103 TEMA – V: A Estrutura das Organizações 103 UNIDADE Temática 5.1. O Desenvolvimento da Estrutura Organizacional ............. 103 Introdução .......................................................................................................... 104 Sumário ....................................................................................................................... 134 Exercícios de auto – Avaliação ................................................................................... 134 Exercícios..................................................................................................................... 135 TEMA – VI: Gestão dos Recursos Humanos 136 UNIDADE Temática 6.1. Estratégia de Gestão de Recursos Humanos ..................... 136 Introdução ............................................................................................................136 6.1.9.1. A Responsabilidade pela Avaliação do Desempenho .....................156 Sumário ......................................................................................................................... 161 Exercícios de auto- avaliação ..................................................................................... ..162 Exercícios de avaliação .................................................................................................163 TEMA – VII: A mudança organizacional – processa, actores e instrumentos 163 UNIDADE Temática 7.1. Clima e Cultura organizacional ........................................ 163 Introdução ........................................................................................................... 163 Sumário ..................................................................................................................... ...173 ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina:Gestão das organizações iii iii Exercícios de auto- avaliação ....................................................................................... 174 Exercícios de avaliação ............................................................................................. …174 UNIDADE Temática 7.2. Mudança e intervenção organizacional ................................175 Introdução ........................................................................................................... .175 7.2.5. Gestão de Mudanças ........................................................................................... 185 Sumário ..................................................................................................................... …186 Exercícios de auto – avaliação ................................................................................... …187 Exercícios.................................................................................................................. …188 TEMA – VIII: O Controlo de Resultados Organizacionais 188 UNIDADE Temática 8.1. Processo de Controlo ......................................................... 188 Introdução ............................................................................................................ 188 Sumário ...................................................................................................................... ...202 Exercícios de auto – avaliação ................................................................................... …203 Exercícios...................................................................................................................... 203 TEMA – IX: Organização em Evolução 204 UNIDADE Temática 8.1. Desenvolvimento Organizacional – D.O .......................... .204 Introdução ........................................................................................................ …204 9.1.5. Pressupostos Básicos do Desenvolvimento Organizacional ............. 208 9.1.6. Processos do D.O ............................................................................ 209 a) Para a organização ................................................................................... 210 b) Para as Pessoas ........................................................................................ 211 9.1.7. Gestão de Desempenho nas Organizações ....................................... 211 Sumário ......................................................................................................................... 214 Exercícios de auto – avaliação ................................................................................... …215 Exercícios ...................................................................................................................... 215 Bibliografia .................................................................................................................. .216 ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 1 Visão Geral Bem-vindo ao Módulo de Gestão das organizações Objectivos do Módulo Ao terminar o estudo deste módulo de gestão das organizações deverás ser capaz de: Contextualizar a organização face à sua envolvente com base nos diferentes paradigmas organizacionais e a Gestão de Recursos Humanos. Assim como: Apresentar princípios básicos da gestão das organizações desde os precursores, a organização, o ambiente organização, as estratégicas organizacionais na área empresaria nos seguintes sector: finanças, Recursos Humanos, Administração. ▪ Conhecer a história da evolução da organização com o tempo ▪ Compreender a teoria das organizações Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura Gestão de Recursos Humanos do ISCED e outros, etc. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bemvindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o manual. Como está estruturado este módulo Este módulo de Gestão das organizações, para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em Gestão de Recursos Humanos, à Objectivos Específicos ▪ Saber a relação entre a organização e o meio envolvente ▪ Distinguir os tipos de estruturas organizacionais. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 2 1 semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se segue: Páginas introdutórias ▪ Um índice completo. ▪ Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. ▪ Conteúdo desta Disciplina / módulo Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de unidades temáticas visualizadas por um sumário. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes exercícios de auto- avaliação, só depois é que aparecem os de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros exercícios teóricos, Problemas não resolvidos e actividades práticas algumas incluído estudo de casos. Outros Recursos A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED pensando em si, num cantinho, mesmo o recóndido deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 3 2 Auto-avaliação e Tarefas de avaliação Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de avaliação é uma grande vantagem. Comentários e sugestões Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza diadácticoPedagógica, etc deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações, o próximo módulo venha a ser melhorado. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidades de estudoO principal objectivo deste capítulo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 4 3 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se existirem. IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo. Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chamase descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimento, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 5 4 Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar; Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os seriços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 6 5 O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficar a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. Tarefas (avaliação e auto-avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, sem o citar é considerada plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). Avaliação Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e consistente. Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A 1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 7 avaliação do estudante consta detalhada do regulamentado de avaliação. 6 Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame). Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 8 7 ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 10 10 TEMA – I: A Evolução do Conceito de Organização UNIDADE Temática 1. 2 . Bases Históricas: antecedentes historicos, evolução historica, abordagens da administração Unidade Temática 1.1. Bases Históricas Introdução Vai-se iniciar o estudo da 1ª unidade da disciplina de Fundamentos de Administração. Nesta, conhecerá as bases históricas que marcaram o surgimento da administração. Os primeiros passos e influência que sofreu no seu percurso de formação. ▪ Descrever a influência de filósofos, sua contribuição da formação Objectivos do pensamento administrativo. ▪ Compreender a contribuição das organizações na formação e evolução da administração como ciência. ▪ Analisar a revolução industrial e sua contribuição para formação da administração científica. 2 .1.1. Antecedentes históricos da Administração A história da administração é recente. No decorre da toda historia da humanidade se desenvolveu com um lentidão impressionante. Somente a partir do Sec. XX é que ela surgiu e ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 11 11 explodiu em um desenvolvimento de notável pujança e inovação. Uma das razoes para tanto é que nos dias de hoje a sociedade típica dos países desenvolvido é uma sociedade pluralista de organizações na qual a maior parte das obrigações sociais (como a produção de bens ou serviço em geral) é confiada a organizações (como industrias, universidades e escolas, hospitais, etc) que precisam ser administradas para se tornarem mais eficientes e eficazes. As organizações eram poucas e pequenas, predominavam as pequenas oficinas, artesoes independentes, pequenas escolas, profissionais autónomos. 1.1.2. Influência dos filósofos O pensamento administrativo foi fortemente influenciado pelos filósofos gregos, como Platão (429 a. C. – 347 a. C.) discípulo de Sócrates, e Aristóteles (384 a. C. – 322 a. C.), discípulo de Platão. (CHIAVENATO, 2003) Os três filósofos tiveram contribuições muito importantes para o pensamento administrativo do Século XX. O principal discípulo de Sócrates, Platão, preocupou-se com aspectos deficientes e problemáticos referentes à natureza política e socioculturais relacionados ao desenvolvimento da comunidade grega. Marcadamente questionador, foi corajoso em sua obra A República, onde propõe um movimento de democracia administrativa, inclusive das contas e impostos públicos. Por sua vez, Aristóteles, discípulo de Platão, teve papel importante na história do pensamento administrativo ao impulsionar o pensamento da Filosofia, Cosmologia, Nosologia, Metafísica, Lógica e Ciências Naturais (CHIAVENATO, 2003), possibilitando as perspectivas consideradas de vanguarda do conhecimento humano. Em sua principal obra Política estudou a organização do Estado, diferenciando as três formas de administração pública: ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 12 12 Durante os séculos que vão da antiguidade ao início da idade média, a filosofia voltou-se para um leque variado de questionamentos e problemas e, assim, afastados e do pensamento e problemas de ordem administrativa. Porém, outros filósofos, não menos importantes, legaram importantes contribuições para a formação do pensamento administrativo. Os principais serão relatados logo abaixo: Francis Bacon (1561 – 1626): filósofo e estadista inglês, considerado um dos pioneiros do pensamento científico moderno, fundador da Lógica Moderna baseada no método experimental e indutivo (do específico para o geral) CHIAVENATO (2003). Bacon ocupa-se em mostrar a prática da separação do método experimental e indutivo, demonstrando preocupação à importância da separação experimental do que é acidental ou acessório. Bacon foi pioneiro ao antecipar o princípio da Administração “prevalência do principal sobre o acessório”. René Descartes (1596 – 1650): filósofo, matemático e físico francês, considerado fundador da Filosofia contemporânea é responsável pela criação das coordenadas cartesianas, impulsionando a Matemática e a Geometria da época. Na esfera da filosofia, foi celebrizado pela sua obra “O Discurso do Método”, onde faz uma descrição minuciosa dos principais preceitos do seu método filosófico, hoje denominado “método cartesiano”. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 13 13 O método cartesiano teve influência decisiva na administração: a administração científica, as teorias clássicas e neoclássicas tiveram muitos de seus princípios baseados na metodologia cartesiana. (CHIAVENATO, 2003) Thomas Hobes (1588 – 1679): filósofo e teórico político inglês, demonstrou convicção ao defender um governo absoluto, isso, por causa de sua visão pessimista da humanidade. Hobes acreditava que, sem a presença do governo, o homem tende a viver em permanente guerra e em intermináveis situações de conflito, isso, apenas, para manter-se em uma situação de sobrevivência. Em sua mais famosa obra, Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil, Hobes parece querer denunciar uma atitude de descaso e até omissão por parte da sociedade em relação aos seus direitos naturais de um governo que, investido do poder a ele conferido, impõe a ordem, organiza a vida social e garante a paz (CHIAVENATO, 2003). De acordo com os escritos do Leviatã, o Estado firmou um pacto com a sociedade, pacto este que, ao crescer, alcança a condição de gigantes do capital, nas palavras do autor, “dimensões de um dinossauro”, dinossauro que é capaz de ultrapassar a barreira da ameaça Administração à liberdade dos cidadãos, este dinossauro é o Leviatã. Um outro importante teórico que tratou do tema é Jean-Jacques Rosseau (1927-1778), que, ao desenvolver a teoria do contrato social afirma: o Estado surge de um acordo de vontades. O Contrato Socialé um acordo entre os membros de uma sociedade pelo qual reconhecem a autoridade igual sobre todos de um regime político, governante ou de um conjunto de regras. Rosseau assevera que o homem é bom e afável por natureza e a vida em sociedade o deturpa. Dos representantes da filosofia mais celebrados pelos partidos vermelhos – partidos comunistas – estão Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895). Os filósofos, Historiadores, economistas e políticos, alemães, de acordo com Matos (1999), foram os criadores de uma importante corrente de pensamento que visava a transformação da sociedade, tendo a sua obra implicações no campo educativo. Grande ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 14 14 parte dos seus livros foi escrita em co - autoria. A designação “marxismo” acentua a importância de Karl Marx, no contexto desta corrente de pensamento em relação a Friedrich Engels. A contribuição de Marx e Engels para o pensamento administrativo teve como centro uma teoria da origem económica do Estado, onde o poder político e do Estado nada mais é do que o fruto da dominação económica do homem pelo homem. O Estado vem a ser uma ordem coactiva imposta por uma classe social exploradora. A principal obra de Marx e Engels foi o Manifesto comunista, onde afirmam que a história da humanidade é uma história de luta de classes (CHIAVENATO, 2003). Homens livres e escravos, patrícios e plebeus, nobres e servos, mestres e artesãos, em uma palavra, exploradores e explorados, sempre mantiveram uma luta, oculta e manifesta. Marx afirmou que os fenómenos históricos são o produto das relações económica de exploração homem pelo homem é a geradora do poder político do Estado, que vem a ser uma ordem coactiva imposta por uma classe social exploradora. O Marxismo foi a primeira ideologia a afirmar o estudo das leis objectivas do desenvolvimento económico da sociedade, em oposição aos ideais metafísicos. Abaixo, pode-se ler um importante trecho do Manifesto Comunista que aborda como o mercado pode ser volátil – tudo o que é sólido se desmancha no ar e, assim, direccionar o homem para o destino que estes atores hegemónicos almejam, desconsiderando qualquer que seja a opinião ou opção do maior envolvido nas relações de poder entre o Estado e a Sociedade – tudo o que era sagrado é profano. Nicolau Maquiavel (1469 – 1527): historiador e filósofo político italiano, seu livro mais famoso, O Príncipe (escrito em 1513 e publicado em 1532) refere-se à forma de como um governante deve se comportar. Maquiavel pode ser entendido “como um analista do poder e do comportamento dos dirigentes em organizações complexas”. Certos princípios simplificados que sofreram popularização estão associados a Maquiavel (observe-se o adjectivo maquiavélico). Como fonte de origem ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 15 15 da administração, várias foram as contribuições nos pensamentos e teorias aplicadas e utilizadas até hoje. A sociedade humana é feita de organizações e essas de pessoas com ideias, sentimentos, pensamentos, aspirações e de todo um conjunto de acções que viabilizam a existência da sociedade; por essa razão as contribuições foram e serão importantes na formação da sociedade moderna. A administração por reunir várias outras ciências, capaz de criar ferramentas e subsídios na modelagem da sociedade e essas, fornecem ás organizações, que, por sua vez, geram os meios de subsistência para as pessoas, como, por exemplo, a moeda de troca do trabalho, que é o salário, tão importante para subsidiar as necessidades do trabalhador e dos seus. Por sua vez, é essa fonte de renda gerada pelas organizações que será a base para manter uma estabilidade cíclica económica na sociedade. 1.1.3. Outras contribuições importantes a) Contribuição das Organizações Duas instituições desempenharam um papel fundamental na história, tendo se tornado numa referência importante na evolução da história da Administração. Tais instituições são: a Igreja Católica Romana e a Organização Militar. i. A Igreja Católica Romana celebrizou-se por possuir uma organização formal simples, mas eficiente, tendo exercido uma grande influência para o surgimento da Administração Clássica. ii. A organização Militar deu uma valiosa contribuição à moderna Administração, destacando-se de entre várias, as seguintes acções: ▪ Organização linear, que sustenta o princípio da unidade de comando; ▪ Princípio da centralização de comando e descentralização da execução; ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 16 16 ▪ Criação do Estado-maior (Staff), para assessorar o comando com responsabilidade de linha; ▪ Princípio da direcção e disciplina; e ▪ Conceito do pensamento estratégico, segundo o qual, o Administrador deve estar preparado para lidar com incertezas, devendo por isso, planificar tendo em conta essa realidade. b) Contribuição da Revolução Industrial Chiavenato (2000) indica que como consequência da Revolução Industrial que se deu na Inglaterra nos finais do século XVIII, verificou- se: ▪ O crescimento acelerado e desorganizado das empresas, que exigiu uma Administração científica, capaz de substituir o empirismo e a improvisação; e ▪ A necessidade de maior eficiência e produtividade das empresas para fazer face à concorrência e competição no mercado. Foi assim que os proprietários das empresas passaram a empregar indivíduos hábeis, de forma a suprir as suas deficiências na planificação, operação e controlo da produção. Assim, surgiu o Administrador profissional, caracterizado por ser técnico e não necessariamente proprietário do capital investido. Chiavenato (2000) acrescenta que é neste ambiente que surge no século XX a moderna Administração quando dois engenheiros publicaram as suas experiências. Trata-se do americano Frederick Winslow Taylor (1856-1915), o criador da Teoria da Administração Científica e do francês Henri Fayol (1841-1925), o criador da Teoria Clássica da Administração. 1.1.4. Evolução histórica e as abordagens da administração ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 17 17 A teoria administrativa ou teoria geral da administração, de acordo com Chiavenato (2000) pode ser resumida em 7 abordagens, cada uma realçando e enfatizando um aspecto importante da administração, que são: • Abordagem clássica: preocupa-se com a organização das tarefas e com a estrutura organizacional da empresa. Encontramos nesta abordagem a teoria da administração científica e a teoria clássica da administração; • Abordagem humanista: preocupada com as pessoas, os grupos sociais e a organização informal. Encontramos nesta, a teoria das relações humanas. • Abordagem neoclássica: preocupa-se com a administração por objectivos. Encontramos a teoria Neoclássica da Administração. • Abordagem estruturalista: preocupa-se com os aspectos internos da organização e, recentemente, também com os aspectos externos. Encontramos nesta abordagem as teorias da burocracia e estruturalista; • Abordagem comportamental: preocupa-se com o comportamento global da empresa. Encontramos nesta abordagem a teoria comportamental da Administração e a teoria do desenvolvimento organizacional(DO). • Abordagem sistémica: aborda a empresa como um sistema aberto, em contínua interacção com o meio ambiente. Encontramos nesta abordagem a teoria Matemática da Administração, a tecnologia e Administração e a teoria dos sistemas. • Abordagem contingencial: aborda a empresa e a sua administração como variáveis dependentes do que ocorre no meio externo. Encontramos a teoria contingencial da administração. Sumario ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 18 18 A história da administração como ciência é recente (séc. XIX), mas a sua história como processo é tão antiga como o próprio homem, pois desde o seu surgimento, logrou alcançar objectivos através do trabalho dos outros. Como ciência, a evolução da administração coincidiu historicamente Na unidade que acabamos de analisar, aprendeu que a administração é uma prática bastante antiga, que surgiu desde que o homem começou a realizar actividade organizada e consciente, mas como ciência, ela é recente, tendo somente aparecido no século XX. Para o surgimento da ciência da administração e da sua consequente modernização, tiveram destaque as grandes contribuições de filósofos, da organização militar e da Igreja Católica; e da Revolução Industrial. A revolução Industrial permitiu que os donos das empresas contassem com indivíduos hábeis para os ajudar a gerir os seus negócios. São esses indivíduos que estiveram na origem da criação das primeiras teorias administrativas. Exercícios de Auto-Avaliação 1. Apresente as 3 formas de administração pública segundo Aristóteles. 2. Fale dos filósofos que influenciaram o advento da administração científica. 3. Enuncie a ideia de Francis Bacon, tendo em conta a contribuição de filósofos no advento da administração científica. 4. Identifique os conceitos que a administração buscou das práticas da igreja católica e da organização militar. 5. Explique as mudanças provocadas como resultado da eclosão da Revolução Industrial. 6. Fale de contribuição de Marx e Engels Exercícios ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 19 19 1. Pesquise sobre as praticas de administração nas grandes civilizações antigas, nomeadamente, a Suméria, a Mesopotâmia e o Egipto. 2. Pesquise sobre o contributo da Economia para a actual administração 3. Disserte a cerca do contributo da organização para a administração. 4. Enuncie as principais ideias de Nicolau Maquiavel 5. Fale do Bacon e a separação do método 6. Fale das 7 abordagens da administração TEMA – II: Teorias Organizacionais UNIDADE Temática 2.1. A Teoria Organizacional UNIDADE Temática 2.1. A Teoria Organizacional Introdução O quadro sócio-historico do objecto de observação, do qual decorreu a construção específica dos objectos científicos elaborado por Taylor, Fayol e Weber, primava por uma certa homogeneidade, pese embora a sua diversidade geográfica, politica a cultural. Nos finais do Sec. XIX a princípio do Sec. XX, se bem que subsistissem algumas diferenças específicas entre a realidade sócio económica, cultural e politica dos estados unidos da América e a dos Países capitalistas desenvolvidos da Europa Ocidental, o processo histórico da industrialização e urbanização das várias sociedades atingia um grau de estruturação muito semelhante. O desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação, a alteração da organização e dos métodos de trabalho, a personalização das relações laborais, a individualização das dinâmicas sociais, o crescimento exponencial do conhecimento disponível, o acesso facilitado e a custo ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 20 20 reduzido à informação, o surgimento de profissões inexistentes até há muito pouco tempo, são os factores que têm provocado a alteração de paradigmas na sociedade moderna. No alvor dum novo paradigma social, económico e político, todos os agrupamentos humanos sofrem mutações, mais ou menos significativas, na sua estruturação social, relacional, profissional e organizacional. Neste contexto, novas abordagens e fórmulas de representar e estudar as unidades económicas surgem para ajudar a compreender as novas realidades organizacionais. Estas abordagens visam conceber, adaptar e modernizar os instrumentos de gestão ao dispor da organização. Por outro lado, elas procuram também incorporar e avalizar os impactos das tecnologias de informação, de comunicação e de produção na organização, na gestão e nos seus processos de negócio. No campo de estudo da Organização e da Gestão, os desafios lançados inserem-se na procura de novas abordagens, ou na reformulação das abordagens existentes, no campo da teoria das organizações. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Descrever as características da estrutura das organizações nos Objectivos finais do Sec. XIX e princípios do Sec. XX. Compreender as razões que levaram a análise das organizações numa base científica e racional Perceber a função da perspectiva científica do factor trabalho Compreender as razões da eficiência organizacional circunscritas a autoridade hierárquica ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 21 21 2.1.1 Conceito de Teoria Podemos definir teoria como sendo um conjunto coerente de pressupostos elaborados para explicar as relações entre duas e mais variáveis. As teorias conduzem-nos a modelos, os quais nos permitem fazer previsões. (Ferreira, 2001) O estudo da gestão tem um método formal e um campo autónomo, pelo que constitui uma área do saber. É independente, e também não é uma especialização da microeconómia aplicada. A gestão e a microeconomia são duas áreas do saber que se diferenciam quando a quatro aspectos fundamentais: unidade de análise, objectivos, conceitos e métodos. 2.1.2. Fases da Evolução da Gestão O interesse pela gestão foi acompanhado pelo evoluir dos conhecimentos desta área do saber, podendo-se identificar quatro fases distintas a saber, o primado da experiencia, aprender com os outros, definição de princípios gerais e estudo cientifico da gestão. a) O primado da experiência No início havia a ideia de que a gestão não se ensinava, praticava-se. Como consequência, era necessário identificar pessoas de elevando potencial e pô-las a gerir o tempo e a experiencia fariam o resto. Este modelo de gestão não resultou. Como efeito, primeiro erra-se, depois aprende-se. (Sotomayor, 2003) Como exemplo podemos referir a situação ocorrida com o marechal De Saxe quando foi criticado por alguns colegas por escrever um livro sobre estratégia militar, uma vez, que segundo os seus colegas a estratégia não se ensinava através de livros mais aprendias com a experiencias. No entanto De Saxe argumentou que tinha uma mula de carga que já tinha feito com ele dez campanhas militares e que, apesar disso ainda não aprendera nada sobre estratégia. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 22 22 a) Aprender com os outros Nesta fase procura-se aprender com as experiências dos outros: os gestores de sucesso esta experiência eratransmitidas, às sucessivas gerações através de biografias. Só que a experiencia é específica de determinado contexto e determinada situação. Basta alterar algumas (por vezes, poucas) variáveis para uma situação que se tivesse mostrado valida num caso já não o seja noutro contexto. b) Definição de Princípios Gerais A definição de princípios gerais (raciocínio dedutivo) é a fase dos princípios gerais puramente teóricos, sem ter havido a preocupação de o testar. Como exemplos refiram-se o princípio da unidade de comando e a necessidade de especialização dos gestores de primeira linha de tão amplo e universais que era, os princípios não podiam ser aplicados, porque necessitavam de serem adaptados a uma realidade concreta. Além de mais, eram por vezes contraditórios. c) Estudo Científico da Gestão Esta parece ser a fase actual recorre-se ao estudo da realidade que, através do método indutivo produzem teorias, as quais dão origem a modelos que nos permitem fazer previsões e testa-las com a realidade factual pela observação da realidade (indução) formulamos um conjunto coerente de pressupostos para explicar as relações entre duas ou mais variáveis (teorias). Estas teorias levam- na representação simplificada da realidade para poderemos entenderem aquelas relações (modelos). Os modelos fornecem- nos previsões as quais comparamos com a realidade, no intuito de validaremos as teorias. Em termos cronológicos apresentam-se as diferentes abordagens da gestão, divididas entre clássicas e contemporâneas. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 23 23 2.1.3. Escolas Cientificas de gestão Diferentes metodologias têm sido apresentadas para analisar a unidade organizacional e capturar os sistemas representativos e explicativos do seu modelo funcional. Nas ciências da gestão, a análise de sistemas em diferentes perspectivas de abordagem (não confundir com a análise sistémica) e a análise comportamental, têm sido as grandes abordagens usadas e aplicadas para se proceder a esta leitura. As diferentes metodologias procuram responder às seguintes perguntas: o que faz a organização, como o faz, para que faz, faz com que meios e em que contexto o faz? Compreender a unidade organizacional é o primeiro passo para inovar e identificar as ferramentas mais adequadas para isso. A abordagem à teoria das organizações agrega o conjunto de ideias, factos e histórias que vêm emergindo no campo da gestão, enquanto ciência do conhecimento da organização. Com o evoluir dos tempos, têm surgido novas abordagens ao conceito de organização, de estruturação, de coordenação, de planeamento e de controlo, que nalguns casos são aplicações velhas a novas realidades e noutras são aplicações novas a velhas realidades ou novas aplicações a novas realidades. Se por teoria entendermos o conjunto organizado de ideias, de conceitos abstractos orientados para um objecto num domínio particular do conhecimento, que procuram descrever e explicitar esse conhecimento, ou seja, o conhecimento sistematizado, então, quando estudamos a organização estamos a procurar encontrar um corpo teórico de conhecimento para a descrever e a explicar. Neste sentido, o estudo das organizações tem assentado num conjunto de variáveis que lhes são determinantes: como se estrutura, como se coordenam, como se afectam os recursos e como são “geridas” as pessoas. Em torno destas variáveis vão surgindo diferentes abordagens da organização, que se justificam pelo grau e escalonamento de importância dessas diferentes variáveis em função do contexto geográfico-social- ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 24 24 político-temporal em que incidem as diferentes análises que se realizam. Contudo, a finalidade primordial na análise destas variáveis “gira” em torno dos potenciais resultados que a melhor “gestão” das mesmas permite alcançar, ou seja, da identificação dos aspectos que permitem melhorar os resultados (rendibilidade e produtividade) da organização. Neste sentido, podemos identificar um conjunto variado de representações que nos permitem verificar a evolução que a teoria das organizações teve ao longo dos tempos. Este campo de estudo tem as suas raízes no princípio do Século XX quando surgem as primeiras publicações e as primeiras escolas directamente relacionadas com a temática da gestão/administração dos bens patrimoniais, materiais e imateriais, das organizações. Podemos identificar, com algum rigor três momentos cronológicos no campo da teoria das organizações. O primeiro momento, surge com as crescentes inovações no final do século XIX e início do século XX que começam a criar uma consciência social de posse de bens, por um lado, e de criação de capacidades científicas novas, em especial na organização do trabalho, por outro lado. Assim, nesse momento surgem as primeiras noções sobre uma nova ciência que começa a afirmar-se, a Ciências das Organizações. Este novo campo doutrinário tem como objecto de estudo a organização e as suas funções implícitas (Henri Fayol), com a organização científica do trabalho (Frederick Taylor), as tarefas dos gestores e do «executivo» (Chester Barnard), a sua estruturação formal- burocrática (Max Weber) e é finalizado pela abordagem da gestão e dos seus conceitos base propostos por Peter Drucker. O segundo momento surge como consequência do processo de crescimento económico induzido pelo término da Segunda Grande Guerra e pelas necessidades das populações, especialmente europeias e japonesas, em recuperarem rapidamente os seus níveis de qualidade de vida. Neste contexto surgem novas visões sobre o papel das organizações e sobre a forma como elas se relacionam com o seu ambiente, como se estrutura o processo de tomada de decisõe, a procura de uma maior “humanização” das organizações, o surgimento de novas ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 25 25 “técnicas”/funcionalidades organizacionais, como o marketing (Levitt, Kotler) e a qualidade. Esta nova forma de olhar a organização permitiu o desenvolvimento de uma perspectiva integradora da visão (pensamento dominante ao longo das décadas de 50 e 60 do século passado) com a estratégia empresarial, as estruturas e os processos/tarefas. Por último, o terceiro momento é induzido pelas crescentes crises que começam a surgir na segunda metade da década de 60 (século XX) e que se aprofundam durante a década de 70, e é impulsionado pelo “maravilhoso novo mundo” que a informática começa a realçar. Desta forma, começou a surgir o “culto do futuro, a racionalização de recursos e a contingencialidade do contexto organizacional. O surgimento de novas visões sobre os gestores e sobre o desenvolvimento estratégico e novas formas de olhar para as organizações numa perspectiva cultural, sociológica e organizacional são o resultado deste momento. Nesta estrutura de pensamento podemos também incluir (contudo, assumindo que possamos estar no início de uma nova era de visão sobre o papel das organizações) a noção de informação e de conhecimento e as alterações dos paradigmas sociais em que se baseia a sociedade, das quais surgem novas estruturas de pensamento sobre a organização, como consequência da abertura de “novas fronteiras” sócio-económicas (livre comércio – GATT, internet, redes e alianças comerciais e empresariais, entre outros). Neste quadro, é possível identificar novas visões sobreo contexto organizacional, novos papéis para as pessoas, “conhecimentoempowerment-aprendizagem” organizações. De uma forma simplificada podemos afirmar que existem cinco tipos de organizações (Cunha 1995): a racional, a orgânica, a política, a cognitiva e a humana; que reflectem todas as formas de abordar as organizações, tanto de uma perspectiva mais micro ou macro, como também pela estruturação das suas formas de relacionamento/posicionamento. ( Chiavenato, 2004) 2.1.4. Teorias clássicas de gestão ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 26 26 A abordagem clássica da gestão é constituída por três correntes: a) A organização cientifica do trabalho, que se preocupa em aumentar a eficiência (produtividade) das organizações através da racionalização do trabalho dos operários. Coloca a enfase nas tarefas. Sotomayor (2003) b) A teoria clássica das organizações, que se centra no aumento da eficiência das organizações, através da aplicação de princípios gerais de gestão. Coloca enfase nas estruturas. c) Escola das relações humanas que reflecte uma forte preocupação com os indivíduos no seio da organização. O seu tema central coloca enfase nas pessoas. Passamos de seguida a análise de cada um destas correntes do pensamento: a) Taylorismo A Escola da Administração Científica foi iniciada no começo deste século pelo engenheiro americano Frederick W. Taylor, considerado o fundador da moderna TGA. Taylor teve inúmeros seguidores, como Ford e Emerson, e provocou uma verdadeira revolução no pensamento administrativo e no mundo industrial de sua época. Figura 1: Taylor Fonte: Chiavenato, 2003 ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 27 27 Segundo Sotomayor (2003), Taylorismo designa-se a teoria e praticas que pretendem racionalizar e organizar a produção, desenvolvidas pelo movimento conhecido por organização científica do trabalho. Este movimento desenvolveu-se no início do seculo XX, com a publicação do livro de Frederick Taylor intitulado princípio da gestão científica, tendo vindo a atingir grande difusão entre as duas guerras mundiais. O taylorismo baseia-se nos princípios seguintes: 1. Planeamento: consiste em substituir o critério empírico individual e a improvisação por um sistema de previsão, baseado nos procedimentos pré – estabelecidos e no calculo de tempos de execução, 2. Preparação do trabalho: consiste em procurar a melhor adaptação do homem ao posto de trabalho e vice - versa, mediante a selecção, formação e preparação do trabalhador, tendo por finalidade uma maior productividade; 3. Execução: consiste em estabelecer um sistema de disciplina no trabalho, de tal modo que haja uma distribuição concreta de atribuições e responsabilidade 4. Controlo: consiste em certificar-se que o trabalho esta a ser executado de acordo com as normas definidas e segundo a previsão do plano. Taylor verificou que os operários aprendiam a maneira de executar as tarefas do trabalho por meio da observação dos companheiros vizinhos. Notou que isso levava a diferentes métodos para fazer a mesma tarefa e uma grande variedade de instrumentos e ferramentas diferentes em cada operação. Com a Administração Científica ocorre uma repartição da responsabilidade: a administração (gerência) fica com o planeamento (estudo do trabalho do operário e o estabelecimento do método de ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 28 28 trabalho) e a supervisão (assistência contínua ao trabalhador durante a produção) enquanto o trabalhador fica somente com a execução do trabalho. A organização racional do trabalho se fundamenta em: 1. Análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos; 2. Estudo da fadiga humana; 3. Divisão do trabalho e especialização do operário; 4. Desenho de cargos e de tarefas; 5. Incentivos salariais e prémios de produção; 6. Condições ambientais de trabalho, como iluminação, confortam etc.; 7. Padronização de métodos e de máquinas; 8. Supervisão funcional. Outras ideias de Taylor: Além dos quatro princípios explícitos que vimos agora, Taylor divulgou e defendeu diversas outras ideias muito importantes, e muitas praticadas até hoje: 1. Estudar o trabalho dos operários, decompondo em seus movimentos elementares e cronometrando para, após uma análise cuidadosa, eliminar ou reduzir os movimentos inúteis e racionalizar os movimentos úteis; 2. Estudar cada trabalho antes de fixar o modo como deverá ser executado; 3. Seleccionar cientificamente os trabalhadores de acordo com as tarefas que serão atribuídas; 4. Dar aos trabalhadores instruções técnicas sobre o modo de trabalhar, ou seja, treiná-los adequadamente; 5. Separar as funções de preparo e as de execução, com atribuições precisas e delimitadas; ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 29 29 6. Especializar e treinar os trabalhadores, tanto no preparo e no controle do trabalho quanto em sua execução; 7. Preparar a produção, ou seja, planejá-la e estabelecer prémios e incentivos para quando forem atingidos os padrões estabelecidos e prémios e incentivos maiores para quando os padrões forem ultrapassados; 8. Padronizar utensílios, materiais, maquinário, equipamento e métodos e processos de trabalho a serem utilizados; 9. Dividir proporcionalmente (entre a empresa, accionistas, trabalhadores e consumidores) as vantagens resultantes do aumento da produção proporcionado pela racionalização; 10. Controlar a execução do trabalho, para mantê-lo nos níveis desejados, aperfeiçoá-lo, corrigi-lo e premiá-lo; 11. Classificar de forma prática e simples os equipamentos, processos e materiais a serem empregados ou produzidos, de forma a facilitar seu uso. Com estes princípios, Taylor introduziu as 4 funções da administração, a saber: o planeamento, a organização, a direcção e o controlo. Aspectos negativos da teoria da administração científica 1. Mecanicismo da administração científica: deu pouca atenção ao elemento humano; concebeu a organização como um arranjo rígido e estático de peças (teoria da máquina); abordou o homem como um instrumento passivo, capaz de executar o trabalho e receber ordens, mas sem poder de iniciativa; considerou que o empregado age motivado pelo interesse do quadro material e financeiro (homo económicus), sem levar em consideração outros factores motivacionais. 2. Super especialização do operário: a especialização do operário por meio da divisão e da subdivisão de todas as operações privou os operários de satisfação do trabalho e violou a dignidade humana. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 30 30 3. Visão microscópica do homem: — Limitou-se às características físicas do corpo humano em trabalhos rotineiros com ênfase nos estudos dos movimentos e da fadiga, abordando seu trabalho como um processo acessório da máquina (teoria fisiológica da organização) 4. Ausência de comprovação cientifica, Os Tayloristas Utilizaram pouca pesquisa e experimentação científica para comprovara as suas teses; 5. Abordagem incompleta da organização: limitou-se apenasaos aspectos formais da organização, omitindo a organização informal e os aspectos humanos da organização. Também ignorou a vida social interna dos participantes da organização. 6. A limitação do campo de aplicação: restringiu-se aos problemas de produção na fábrica, não considerando os demais aspectos da vida da organização, como financeiros, comerciais, logísticos, etc. 7. Abordagem prescritiva e normativa: preocupação em prescrever princípios normativos que devem ser aplicados como receita em todas as situações. Abordagem de sistema fechado: visualiza somente aquilo que acontece dentro da organização, sem levar em conta o meio em que está situada. b) Teoria clássica da organização/ gestão Ainda na perspectiva de Chiavenato (2003), a teoria Clássica da Administração foi fundada com as ideias de Henri Fayol, que se preocupou basicamente com as funções organizacionais e a produtividade nas indústrias, isto é, com a eficiência das organizações através da sua estrutura (disposição dos órgãos componentes da ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 31 31 organização). Ele desenvolveu a sua teoria numa perspectiva global (teoria geral), sendo os seus princípios destinados à organização como um todo. Figura 2: Henri Fayol Fonte: Chiavenato, 2003 Henri Fayol (1841-1925), o fundador da Teoria Clássica, nasceu em Constantinopla e faleceu em Paris, vivendo as consequências da Revolução Industrial e, mais tarde, da Primeira Guerra Mundial. Formou-se em engenharia de minas e entrou para a empresa metalúrgica e carbonífera onde fez sua carreira. Fayol expôs sua Teoria de Administração no livro Administration Industrielle et Générale, publicado em 1916. Seu trabalho, antes da tradução para inglês, foi divulgado por Urwick e Gulick, dois autores clássicos. 1. Conceito de Administração por Fayol: Fayol define o ato de administrar como: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. As funções administrativas envolvem os elementos da Administração, isto é, as funções do administrador, a saber: I. Prever: Visualizar o futuro e traçar o programa de ação. II. Organizar: Constituir o duplo organismo material e social da empresa. III. Comandar: Dirigir e orientar o pessoal. IV. Coordenar: Ligar, unir, harmonizar todos os actos e todos os esforços colectivos. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 32 32 V. Controlar: Verificar que tudo ocorra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas. Estes são os elementos da Administração que constituem o chamado processo administrativo: são localizáveis no trabalho do administrador em qualquer nível ou área de actividade da empresa. Em outros termos, tanto o director, o gerente, o chefe, como o supervisor – cada qual em seu respectivo nível – desempenham de actividades de previsão, organização, comando, coordenação e controle, como actividades administrativas essenciais. Assim, as funções universais da Administração são: ✓ Previsão: Envolve a avaliação do futuro e o aprovisionamento em função dele. ✓ Organização: Proporciona todas as coisas úteis o funcionamento da empresa e pode ser dividida em organização material e organização social. ✓ Comando: Leva a organização a funcionar. Seu objectivo é alcançar o máximo retorno de todos os empregados no interesse dos aspectos globais. ✓ Coordenação: Harmoniza todas as actividades do negócio, facilitando seu trabalho e sucesso. Ela sincroniza coisas e acções em suas proporções certas e adapta os meios aos fins. ✓ Controle: Consiste na verificação para certificar se todas as coisas ocorrem em conformidade com o plano adoptado, as instruções transmitidas e os princípios estabelecidos. O objectivo é localizar as fraquezas e os erros no sentido de rectificá-los e prevenir a recorrência. Fayol salienta que toda empresa apresenta seis funções, a saber: a) Funções técnicas: relacionadas com a produção de bens ou de serviços da empresa. b) Funções comerciais: relacionadas com a compra, venda e permutação. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 33 33 c) Funções financeiras: relacionadas com a procura e gerência de capitais. d) Funções de segurança: relacionadas com a protecção e preservação dos bens e das pessoas. e) Funções contábeis: relacionadas com inventários, registos, balanços, custos e estatísticas. f) Funções administrativas: relacionadas com a integração de cúpula das outras cinco funções. As funções administrativas coordenam e sincronizam as demais funções da empresa, pairando sempre acima delas. Com o anúncio destas funções, Fayol pretende mostrar que de todas as seis funções, as administrativas devem ter um tratamento especial, pois são elas que fazem que as demais funções sejam viabilizadas. 2. Princípio s da Administração Clássica Para os autores clássicos, o administrador deve obedecer a certas normas ou regras de comportamento, isto é, a princípios gerais que lhe permitam desempenhar bem as suas funções de planificar, organizar, dirigir, coordenar e controlar. Daí surgirem os chamados princípios gerais de administração ou simplesmente princípios de administração, desenvolvidos por quase todos autores clássicos, como normas ou leis capazes de resolver os problemas organizacionais. Por enquanto, nos interessam os 14 princípios de Fayol, que são os seguintes ▪ Divisão do trabalho: Consiste na especialização das tarefas e das pessoas para aumentar a eficiência. ▪ Autoridade e responsabilidade: Autoridade é o direito de dar ordens e o poder de esperar obediência. A responsabilidade é uma consequência natural da autoridade e significa o dever de prestar contas. Ambas devem estar equilibradas entre si. ▪ Unidade de comando: Cada empregado deve receber ordens de apenas um superior. É o princípio da autoridade única. ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 34 34 ▪ Unidade de direcção: Uma cabeça e um plano para cada conjunto de actividades que tenham o mesmo objectivo. ▪ Disciplina: Depende da obediência, aplicação, energia, comportamento e respeito aos acordos estabelecidos. ▪ Subordinação dos interesses individuais aos gerais: Os interesses gerais da empresa devem sobrepor-se aos interesses particulares das pessoas. ▪ Remuneração: Deve haver justa e garantida satisfação para os empregados e para a organização em termos de retribuição. ▪ Centralização: Refere-se à concentração da autoridade no topo da hierarquia da organização. ▪ Cadeia escalar: É a linha de autoridade que vai do escalão mais alto ao mais baixo em função do princípio do comando. ▪ Ordem: Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar. É a ordem material e humana. ▪ Equidade: Amabilidade e justiça para alcançar a lealdade do pessoal. ▪ Estabilidade dos funcionários: A rotatividade do pessoal é prejudicial para a eficiência da organização. Quanto mais tempo uma pessoa permanecer no cargo, tanto melhor para a empresa. ▪ Iniciativa: A capacidade de visualizar um plano e assegurar pessoalmente o seu sucesso. ▪ Espírito de equipa: A harmonia e união entre as pessoas são grandes forças para a organização. 3. Divisão do Trabalho e Especialização A organização se caracteriza por uma divisãodo trabalho claramente definida. “A divisão do trabalho constitui a base da organização; na verdade, é a própria razão da organização.” A divisão do trabalho conduz à especialização e à diferenciação das tarefas, ou seja, à heterogeneidade. A ideia básica era a de que as organizações com maior divisão do trabalho seriam mais eficientes do que aquelas com pouca divisão do ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 35 35 trabalho. Enquanto a Administração Científica se preocupava com a divisão do trabalho no nível operário, fragmentando tarefas, a Teoria Clássica se preocupava com a divisão no nível dos órgãos que compõem a organização, isso é, com os departamentos, divisões, secções, unidades etc. Para a Teoria Clássica, a divisão do trabalho pode dar-se em duas direcções, a saber: I. Verticalmente: Segundo os níveis de autoridade e responsabilidade, definindo os diferentes escalões da organização que detêm diferentes níveis de autoridade. Esta aumenta à medida que se sobe na hierarquia da organização. II. É a hierarquia que define a graduação das responsabilidades, conforme os diferentes graus de autoridade. Em toda organização deve haver uma escala hierárquica de autoridade (princípio escalar); III. Horizontalmente: Segundo os diferentes tipos de actividades da organização. Em um mesmo nível hierárquico, cada departamento ou secção passa a ser responsável por uma actividade específica e própria. A divisão do trabalho no sentido horizontal que assegura união e equilíbrio é chamada departamentalização: refere-se à especialização horizontal da organização. A homogeneidade na organização é obtida quando são reunidos, na mesma unidade, todos os que estiverem executando o mesmo trabalho, pelo mesmo processo, para a mesma clientela, no mesmo lugar. Qualquer um desses quatro fatores – função, processo, clientela, localização – proporciona respectivamente departamentalização por função, por processo, por clientela ou por localização geográfica. 4. Apreciaç ão crítica da teoria clássica Méritos: - A moderna teoria administrativa se deveu em grande medida à Teoria Clássica da Administração; ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 36 36 - É excelente para uso no treinamento do pessoal novo por ser sistemática e ordenada; - Facilita a realização de trabalho rotineiro e permite ao administrador geri-lo com confiança. Limitações: - Abordagem da organização formal de forma simplificada, sem considerar o seu conteúdo psicológico; - Ausência da experimentação; - Insistiu na divisão mecanicista do trabalho -Abordagem incompleta da organização -Abordagem de sistema fechado c) Escola das Relações Humanas A Teoria das Relações Humanas surgiu nos EUA e teve origem em quatro factores, a saber: ▪ A necessidade de humanizar a Administração, libertando-a dos conceitos rígidos e mecanicistas das Teorias Clássicas; ▪ O Desenvolvimento das ciências humanas, com destaque para a Psicologia e a Sociologia; ▪ As ideias pragmáticas de Jonh Dewey e da Psicologia de Dinâmica de Kurt Lewin; e ▪ As conclusões da experiência de Howthorne desenvolvida por Elton Mayo e seus colaboradores. Figura 3: Elton Mayo ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 37 37 Fonte: Chiavenato, 2004 A teoria de Relações Humanas transfere a ênfase, antes colocada nas tarefas do operário e na estrutura pelas escolas científica e clássica respectivamente, pela ênfase nas pessoas e nos grupos sociais, graças: ▪ Aos resultados da experiência de Hawthorne, cujo grupo foi liderado por Elton Mayo; ▪ As experiências da dinâmica dos grupos por Kurt Lewin. (Sotomayor, 2003) As experiências de Howthorne concluíram que havia tendência dos trabalhadores constituírem-se em grupos informais, com suas normas próprias e o desempenho de papéis próprios, sendo mais identificados por líderes e outros, seus seguidores, com alta produtividade nas organizações. Enquanto isso, as experiências de Lewin concluíram que as decisões tomadas em grupo tinham mais consistência do que as tomadas individualmente. Decorrência da Teoria das Relações Humanas Com a teoria das Relações Humanas surgiu uma nova concepção sobre a natureza do Homem: o homem social, cujas concepções são as seguintes: ▪ Os trabalhadores são seres sociais complexos, dotados de sentimentos, desejos e ternuras, por isso, o seu comportamento é consequência de muitos factores motivacionais; ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 38 38 ▪ As pessoas são motivadas por necessidades humanas e alcançam a sua satisfação por meio dos grupos sociais com que interagem; ▪ O comportamento dos grupos sociais é influenciado pelo estilo de supervisão e liderança; e ▪ As normas sociais do grupo funcionam como mecanismos reguladores do comportamento dos membros. É daí que: ▪ Surgem as teorias motivacionais (hierarquia das necessidades de Maslow e teoria dos dois factores de Hezberg); ▪ Surgem as teorias sobre a liderança (dos traços, estilos de liderança, etc.); ▪ A comunicação passa a ser tida como actividade administrativa que proporciona informação e promove a motivação, a cooperação e a satisfação nos cargos; ▪ A organização informal é tida como a mais importante que a formal; e ▪ A Dinâmica do grupo, que é resultado da interacção dinâmica entre pessoas que se percebem psicologicamente como membros de um grupo é enfatizada Apreciação crítica da Teoria das Relações Humanas Aspectos positivos: ▪ A equação humana que diz “o sucesso das organizações depende directamente das pessoas”, hoje é um campo bastante explorado da administração dos Recursos Humanos nas organizações; ▪ A ênfase nas pessoas trouxe uma visão humanística da Administração, que inclui a participação dos escalões inferiores na solução dos problemas da administração das organizações. Aspectos negativos: ▪ Inadequada visualização dos problemas de relações industriais; ▪ Concepção ingénua e romântica do operário (imaginar o trabalhador feliz, produtivo e integrado no ambiente de trabalho); ISCED CURSO: Gestão de Recursos Humanos; Disciplina: Gestão das organizações 39 39 ▪ Limitação do campo experimental, apenas à fábrica; Parcialidade das suas conclusões, restringindo-se à organização informal. d) Teoria Burocrática 1. Origem Uma das primeiras aplicações do termo Burocracia data do século XVIII , onde o termo era carregado de forte conotação negativa, designando aspectos de poder dos funcionários de uma administração estatal aos quais eram atribuídas funções especializadas, sob uma monarquia absoluta. Há uma influência recíproca entre capitalismo e burocracia. Sem a organização burocrática, a produção capitalista nunca teria sido realizada. Por outro lado, a base económica capitalista é essencial para o desenvolvimento da administração burocrática. Portanto, a palavra "burocracia" tem, no nosso dia-a-dia, um sentido pejorativo. Chamamos de burocracia o exagero de normas e regulamentos, a ineficiência administrativa, o desperdício de recursos. No entanto,
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