Buscar

Avaliação-diagnóstica-PEI-e-intervenção-no-espectro-autista

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
1 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DO AUTISTA .................................. 3 
2 AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DO AUTISTA ..................................... 14 
2.1 Algumas Questões Importantes. ........................................................ 17 
3 PEI ................................................................................................... 30 
4 INTERVENÇÃO NO ESPECTRO AUTISTA .................................... 37 
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 50 
 
 
 
3 
1 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DO AUTISTA 
 
Fonte: www.professoraauxiliadora.com 
02 de abril é o dia mundial da conscientização do autismo. 
1908 – Eugen Bleuler, psiquiatra suíço usa pela primeira vez o termo “autismo” 
para descrever um grupo de sintomas que relaciona à esquizofrenia. A palavra tem 
raízes no grego “autos” (eu). 
– Leo Kanner, psiquiatra austríaco, radicado nos Estados Unidos e diretor de 
psiquiatria infantil do Johns Hopkins Hospital, publica a obra “Distúrbios Autísticos do 
Contato Afetivo”. Nela, descreveu casos de onze crianças que tinham em 
comum “um isolamento extremo desde o início da vida e um desejo obsessivo pela 
preservação da mesmice, denominando-as autistas” e usou o termo “autismo infantil 
precoce”, pois sintomas já apareciam na primeira infância. 
Ele observou que essas crianças respondiam de maneira incomum ao 
ambiente, incluíam maneirismos motores estereotipados, resistência à mudança ou 
insistência na monotonia, bem como aspectos não usuais das habilidades de 
comunicação, tais como a inversão dos pronomes e a tendência ao eco na linguagem 
– ecolalia. Leo Kanner contextualiza essas observações no desenvolvimento, assim 
como enfatiza a predominância dos déficits de relacionamento social e dos 
comportamentos incomuns. 
 
4 
 
Fonte: www.image.slidesharecdn.com 
– Hans Asperger, psiquiatra e pesquisador austríaco, quase ao mesmo tempo 
que Leo Kanner, escreve o artigo “A psicopatia autista na infância” que um ano depois 
é publicado. Ele observou que o padrão de comportamento e habilidades que 
descreveu, ocorria preferencialmente em meninos, que essas crianças apresentavam 
deficiências sociais graves – falta de empatia, baixa capacidade de fazer amizades, 
conversação unilateral, intenso foco em um assunto de interesse especial e 
movimentos descoordenados. 
Apesar da aparente precocidade verbal de seus assuntos, Asperger chamava 
as crianças que estudou de pequenos professores, devido à habilidade de discorrer 
sobre um tema de maneira detalhada. Em virtude de suas publicações terem sido 
publicadas em alemão e seu principal trabalho na época da guerra, seu relato recebeu 
reduzida atenção e só na década de 1980 seu nome foi reconhecido como um dos 
pioneiros no estudo do autismo. A Síndrome de Asperger deve seu nome a ele. 
1952 – DSM-I – A Associação Americana de Psiquiatria publica a primeira 
edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais. Esse manual fornece 
uma nomenclatura e critérios padrão para o diagnóstico de transtorno mental. Nesta 
primeira edição, sintomas autísticos semelhantes eram classificados como um 
subgrupo da esquizofrenia infantil. Autismo não era considerado como um diagnóstico 
separado. 
 
5 
 
Fonte: www.image.slidesharecdn.com 
1950/1960 – Durante os anos 50, houve muita confusão sobre a natureza do 
autismo e sua etimologia, e a crença mais comum era de que o autismo era causado 
por pais não emocionalmente responsivos a seus filhos – a hipótese da “mãe 
geladeira” – e atribuíam a causa à falta de calor maternal. Leo Kanner cunhou o termo, 
mas foi o psicanalista Bruno Bettelheim que o popularizou. Após a 2ª Guerra Mundial, 
havia vários trabalhos psicanalíticos sobre autismo, onde pesquisadores analisavam 
apenas o impacto na vida das pessoas. “Eles não consideraram o papel da biologia 
ou genética, que agora entendemos ser a causa principal” – Fred Volkmar. 
No início dos anos 60, um crescente corpo de evidências começou a se 
acumular, sugerindo que o autismo era um transtorno cerebral presente desde a 
infância e encontrado em todos os países e grupos socioeconômicos e étnico-raciais 
investigados. Leo Kanner posteriormente se disse mal compreendido e tentou se 
retratar no seu livro 
“Em Defesa das Mães”. Mais tarde a teoria mostrou-se totalmente infundada e 
na maior parte do mundo, tais noções foram abandonadas. 
1965 – Temple Grandin, jovem americana que nasceu com autismo (Síndrome 
de 
Asperger), cria a “Máquina do Abraço”, um aparelho para lhe pressionar como 
se estivesse sendo abraçada e que a acalmava, assim como a outras pessoas com 
autismo. 
 
6 
 
Fonte: www.3.bp.blogspot.com 
Ela revolucionou as práticas de abate para animais em fazendas e suas 
técnicas e projetos de instalação são usados no mundo todo. Além de prestar 
consultoria para a indústria pecuária em manejo, instalações e cuidado de animais, 
ela tornou-se uma profissional extremamente bem-sucedida. Temple Grandin também 
ministra palestras pelo mundo todo, explicando a importância em ajudar as crianças 
com autismo a desenvolverem suas potencialidades. 
1968 – DSM-II – É publicada a segunda edição do Manual Doenças Mentais, 
que refletia a predominância da psicodinâmica psiquiátrica. Sintomas não eram 
especificados com detalhes em determinadas desordens. Eram vistos como reflexos 
de grandes conflitos subjacentes ou reações de má adaptação aos problemas da vida, 
enraizados em uma distinção entre neurose e psicose. 
1978 – Michael Rutter – Classifica o autismo e propõe sua definição com base 
em quatro critérios: 
Atraso e desvio sociais não só como deficiência intelectual; 
Problemas de comunicação e novamente, não só em função de deficiência 
intelectual associada; 
Comportamentos incomuns, tais como movimentos estereotipados e 
maneirismos; 
Início antes dos 30 meses de idade. 
 
7 
 
Fonte: www.g1.globo.com 
Ao classificar o autismo, Michael Rutter cria um marco divisor na compreensão 
desse transtorno mental. 
– DSM-III – a definição de Rutter e a crescente produção de trabalhos sobre o 
autismo, influenciaram a definição desta condição no DSM-III, quando o autismo, pela 
primeira vez foi reconhecido e colocado em uma nova classe de transtornos: os 
Transtornos Invasivos do Desenvolvimento – TIDs. Esse termo foi escolhido para 
refletir o fato de que múltiplas áreas de funcionamento do cérebro eram afetadas no 
autismo e nas condições a ele relacionadas. – CID-10 – na época do DSM-III-R, o 
termo TID foi instaurado e utilizado também na décima revisão da Classificação 
Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – CID-10. 
– Lorna Wing, psiquiatra inglesa, desenvolve o conceito de autismo como um 
espectro de condições na década de 1970 e, posteriormente, cunhou o termo 
síndrome de Asperger, numa referência à pesquisa de Hans Asperger. Seu trabalho 
revolucionou a forma como o autismo era considerado, e sua influência foi sentida em 
todo o mundo. Como pesquisadora e clínica, bem como mãe de uma criança com 
autismo, ela sempre defendeu uma melhor compreensão e serviços para pessoas 
 
8 
com autismo e suas famílias. Fundou a National Autistic Society – NAS, juntamente 
com Judith Gold, e o Centro Lorna Wing. Foi uma das maiores e mais importantes 
figuras do mundo do autismo. 
 
 
Fonte: www.i219.photobucket.com 
1988 – Ivar Lovaas, psicólogo da Universidade da Califórnia Los Angeles – 
UCLA, publica “um estudo pioneiro no qual demonstra como a intensidade da terapia 
comportamental pode ajudar crianças com autismo, dando uma nova esperança para 
os pais. Nesse estudo sobre análise do comportamento, 19 crianças entre 4 e 5 anos, 
diagnosticadas com autismo, foram submetidas a 40 horas de atendimento – 
intervenção precoce intensiva.Depois de dois anos, o Quociente de Inteligência (QI) 
dessas crianças havia aumentado 20 pontos em média. Crianças que não foram 
submetidas à terapia comportamental ABA, não apresentaram melhoras. O DSM 
substitui “autismo infantil” com uma definição mais ampla para “Transtorno de 
Autismo”, e inclui uma lista de critérios diagnósticos. 
Durante os anos 1980 e 1990, o papel da terapia comportamental e uso de 
ambientes de aprendizagem altamente controlados emergiram como os principais 
 
9 
tratamentos para muitas formas de autismo e condições relacionadas. Atualmente, os 
pilares da terapia do autismo são terapia comportamental e terapia fonoaudiológica. 
Outros tratamentos são adicionados conforme necessário” – Martha Hubner. 
 
 
Fonte: www.s219.photobucket.com 
1988 – Rain Man torna-se um dos primeiros filmes comerciais a caracterizar 
um personagem com autismo. Embora o filme tenha sido fundamental para aumentar 
a conscientização e sensibilizar a opinião pública sobre o transtorno, também 
contribuiu para o equívoco de que todas as pessoas com autismo tenham habilidades 
“savant”. 1994 – DSM-IV – novos critérios potenciais para o autismo, bem como as 
várias condições candidatas a serem incluídas na categoria TID, foram avaliados em 
um estudo internacional, multicêntrico, que incluiu mais de mil casos avaliados por 
mais de 100 avaliadores clínicos. Os sistemas de avaliação do DSM-IV e da CID-10 
tornaram-se equivalentes para evitar uma possível confusão entre pesquisadores e 
clínicos, que trabalhavam em diferentes partes do mundo guiados por um ou por outro 
sistema nosológico. A definição dos critérios foi decidida com base em dados 
empíricos revelados em trabalhos de campo. A Síndrome de Asperger é adicionada 
ao DSM, ampliando o espectro do autismo, que passa a incluir casos mais leves, em 
 
10 
que os indivíduos tendem a ser mais funcionais. O DSM-IV-TR foi acompanhado de 
textos atualizados sobre autismo, síndrome de Asperger e outros TIDs. Os critérios 
diagnósticos permaneceram os mesmos que os do DSM-IV. 
 
 
Fonte:www.i1.wp.com 
1998 – Vacina – A revista Lancet publicou um artigo do cientista inglês Andrew 
Wakefield, no qual ele afirmava que algumas vacinas, entre elas a tríplice (mmr – 
sarampo, catapora e rubéola), poderiam causar autismo. Esses estudos foram 
totalmente desacreditados por outros cientistas e descartados. Em maio deste ano 
(2014), o cientista perdeu seu registro de médico. A revista Lancet também se retratou 
e retirou o estudo de seus arquivos pela falta de comprovação dos resultados 
sugeridos pelo cientista. 
Nos últimos anos, mais de 20 estudos mostraram que, de fato, a associação da 
vacina ao autismo não tem fundamento. Recentemente, outro estudo publicado nos 
Estados Unidos, reforça estudos anteriores e demonstra que não existe evidência 
científica que comprove tal suspeita. 
2007 – 02 de ABRIL – “Dia Mundial da Conscientização do Autismo” 
Para chamar a atenção para esse transtorno e despertar o interesse da 
sociedade, em 2007 a ONU institui o dia 2 de abril – como o Dia Mundial da 
Conscientização do Autismo. “Esse ato, pelo seu simbolismo, abriu possibilidades 
para um maior diálogo entre as famílias, profissionais da área e os próprios indivíduos 
com autismo. Veio como um alerta necessário para que os Transtornos Invasivos do 
Desenvolvimento (TID), antes considerados raros, fossem vistos com maior 
responsabilidade. Pesquisas e interesse pelo TID, onde o autismo aparece como o 
 
11 
mais prevalente, têm aumentado ano a ano, produzindo mais conhecimento, 
desmitificando crenças e afastando o que não é científico.” – Ricardo Halpern 
 
 
Fonte: www.lh5.googleusercontent.com 
– DSM-V – Com o lançamento da 5ª edição do DSM, os subtipos dos 
transtornos do espectro do autismo são eliminados. Os indivíduos são agora 
diagnosticados em um único espectro com diferentes níveis de gravidade. O DSM-V 
passa a abrigar todas as subcategorias da condição em um único diagnóstico 
guardachuva denominado Transtorno do Espectro Autista – TEA. A Síndrome de 
Asperger não é mais considerada uma condição separada e o diagnóstico para 
autismo passa a ser definido em duas categorias: alteração da comunicação social e 
pela presença de comportamentos repetitivos e estereotipados. 
– Prevalência – Estima-se que o autismo atinja 1% da população, 70 milhões 
de pessoas no mundo, sendo 2 milhões no Brasil. 
O relatório de março de 2014 do Centro de Controle e Prevenção de Doenças 
– CDC, alertou para os novos dados sobre a prevalência de autismo nos Estados 
Unidos. Este estudo de vigilância identificou 1 em 68 crianças (1 em cada 42 meninos 
e 1 em cada 189 meninas) com Transtorno do Espectro Autista. “Os critérios 
diagnósticos se ampliaram e o olhar sobre o Autismo fez com que um número maior 
de casos fosse diagnosticado”, conforme Ricardo Halpern. No Brasil, não há estudos 
completos de prevalência. 
 
12 
 
 
Fonte:www.universoautista.com.br 
2014 – Causas – Um amplo estudo realizado na Suécia mostra que fatores 
ambientais são tão importantes quanto a genética como causa do autismo. Estes 
fatores – não analisados pelo estudo – poderiam incluir, segundo os autores, o nível 
socioeconômico da família, complicações no parto, infecções sofridas pela mãe e o 
uso de drogas antes e durante a gravidez. Os autores da pesquisa trabalham no King’s 
College de Londres e no Instituto Karolinska de Estocolmo. Eles se disseram 
surpresos ao descobrirem que a genética tem um peso de cerca de 50%, muito menor 
do que as estimativas anteriores, de 80% a 90%, segundo o artigo publicado no 
Journal of the American Medical Association – JAMA. O resultado partiu da análise de 
dados de mais de 2 milhões de pessoas na Suécia entre 1982 e 2006, e é o maior 
estudo já realizado sobre as origens genéticas do autismo. 
O autismo do termo foi usado primeiramente pelo psiquiatra Eugen Bleuler em 
1908. Usou-o para descrever um paciente esquizofrénico que se retirasse em seu 
próprio mundo. A palavra Grega “autós” significou que o auto e a palavra “autismo” 
estiveram usados por Bleuler para significar a auto-admiração mórbido e a retirada 
dentro do auto. 
 
13 
 
Fonte: www.4.bp.blogspot.com 
Os pioneiros na pesquisa no autismo eram Hans Asperger e Leão Kanner. 
Estavam trabalhando separada nos anos 40. Asperger descreveu crianças muito 
capazes quando Kanner descreveu as crianças que eram severamente afetadas. 
Suas opiniões permaneceram úteis para médicos para as próximas três décadas. 
Esta breve revisão histórica nos permitiu observar a evolução do conceito do 
Autismo Infantil, ao longo do tempo. O mesmo ocorreu com a definição da 
síndrome de Asperger. A busca por critérios diagnósticos mais precisos e consistentes 
também se evidenciou, demonstrando que o percurso para total compreensão destes 
distúrbios e de suas etiologias, ainda necessita de muito desbravamento por parte dos 
estudiosos. 
Entretanto, acreditamos que o conhecimento da história dos construtos destas 
alterações seja fundamental para os fonoaudiólogos fortalecerem suas práticas 
baseadas em evidências, tanto na clínica, na assessoria, quanto na pesquisa. 
A criança autista indiscutivelmente interroga. Não há dúvida que, no mundo 
atual, pleno de “performances” e “resultados”, que promete o “sucesso” e a 
“felicidade”, a criança portadora de autismo vem apontar o furo dessa promessa. A 
ideia da mudança rápida e do descartável é incompatível: não toleram nem o 
imprevisto e nem mudanças, e, se não podemos prestar atenção aos mínimos 
detalhes de seus movimentos em relação ao outro, não temos chances. O fenômeno 
do autismo nos faz pensar, falar, escrever... 
 
14 
Atualmente é considerado portador de autismo aquela criança que tem 
dificuldades específicas de se comunicar e de se socializar, que apresenta interesses 
restritos e comportamentosestereotipados, tendo iniciado com essas dificuldades 
antes dos 3 anos e fixado até idade adulta. 
2 AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DO AUTISTA 
 
Fonte: www.entendendoautismo.com.br 
O diagnóstico de um transtorno do espectro do autismo é um passo 
fundamental para um bom plano de tratamento. Deve ser o resultado de uma 
avaliação minuciosa e cuidadosa, se possível, feita por equipe multiprofissional e com 
experiência nesse tipo de atividade. 
A variedade de apresentações do autismo é tão grande que não se encontram 
duas pessoas autistas com as mesmas dificuldades e habilidades. 
O momento do diagnóstico é, geralmente, muito importante para toda a família. 
As famílias de pessoas com autismo recordam-se, na maioria das vezes, com 
detalhes, do momento em que lhes foi revelado o problema do filho. Emoções 
conflitantes costumam tomar conta dos pais nesse momento. Alguns sentem alívio 
por finalmente possuir um caminho para seguir. 
 
15 
 
Fonte: www. images.slideplayer.com.br 
Outros transferem para o profissional que deu a notícia toda a revolta pelo fato 
do filho apresentar um problema tão difícil e desafiador. Mas de modo geral, não é 
sem dor que se recebe o diagnóstico de autismo. É preciso que aproveitemos esse 
momento para mobilizar nas famílias o que têm de melhor para ajudar a criança autista 
que está sendo diagnosticada. Devemos acrescentar, sempre, ao diagnóstico um 
plano de ação detalhado, para fazer frente as dificuldades específicas da criança. 
 
16 
 
Fonte: www.image.slidesharecdn.com 
Existem algumas características da equipe terapêutica que podem favorecer 
uma boa avaliação diagnóstica: 
Ter conhecimento dos marcos e processos do desenvolvimento infantil. 
Possuir familiaridade com pessoas com transtorno do espectro do autismo, de 
várias idades e graus de funcionamento. 
Ser multiprofissional, ou seja, ser formada por profissionais de várias 
especialidades, portanto, capacitada para avaliar os múltiplos aspectos do 
desenvolvimento infantil que costumam estar alterados no autismo. 
Estar aberta à interdisciplinaridade, de tal forma que os membros da equipe 
possam ajudar-se mutuamente durante a avaliação. 
 Como o autismo é um transtorno do desenvolvimento, é fundamental que os 
terapeutas estejam familiarizados com todas as etapas do desenvolvimento infantil 
que saibam como e quando devem emergir a linguagem, a comunicação, a interação 
entre uma criança e seu meio, entre ela e seus brinquedos. 
A necessidade da equipe multiprofissional é justificada pelos diversos aspectos 
do desenvolvimento afetados pelo autismo: comunicação verbal e não verbal, 
habilidade para relacionamento interpessoal, capacidade adaptativa, desempenho 
cognitivo, desmodulações sensoriais etc. Desnecessário dizer que, dificilmente, um 
único profissional terá acumulado conhecimento e prática suficientes para fazer uma 
 
17 
avaliação criteriosa de todos os aspectos comprometidos no desenvolvimento de uma 
criança com autismo. 
 
 
Fonte: www.4.bp.blogspot.com 
Na Casa da Esperança, a equipe de avaliação e diagnóstico é composta por 
pediatra, psiquiatra, psicólogo, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional. Dependendo 
da idade e dos resultados dessas avaliações, a criança é encaminhada ainda para 
avaliações com o neurologista, fisioterapeuta e geneticista. 
A afinidade da equipe avaliadora faz a diferença e possibilita um diagnóstico 
mais completo, possibilitando que a criança seja vista como um todo, avaliada em 
suas dificuldades e, principalmente, quanto a seus pontos fortes, que irão ajudá-la a 
afirmar-se na vida e servir de base num programa de intervenção. 
2.1 Algumas Questões Importantes. 
O contexto no qual a criança é observada e examinada pode influir muito no 
resultado da avaliação. 
 
18 
 
Fonte: www.3.bp.blogspot.com 
Todos sabemos que as crianças se comportam de maneira diferente quando 
estão sozinhas ou com os pais, em casa ou na escola, entre familiares e 
desconhecidos. Muitas vezes, quando avaliamos uma criança, parecemos ver uma 
outra, dependendo do contexto onde se encontra. A equipe precisa estar atenta a isso 
e observar a criança em contextos diferentes, antes de registrar se ela apresenta ou 
não determinada habilidade. 
Familiaridade, estruturação do ambiente, assertividade do terapeuta podem 
fazer surgir visões completamente diferentes da mesma criança. 
Durante a avaliação, o terapeuta deve se colocar, inicialmente, como mero 
observador, verificando as predisposições sociais da criança, suas preferências, sua 
forma de lidar com as pessoas e os objetos. Nesse momento, é importante estar 
atento às iniciativas espontâneas da criança, observar sua competência para iniciar o 
contato social, sua forma de olhar para o terapeuta, de pedir os objetos que deseja, 
suas tentativas de compartilhar coisas e experiências. 
Muitas vezes, quando deixada à vontade, a criança com autismo não vai buscar 
o contato social, preferindo observar e investigar os objetos da sala ou pode preferir 
ficar se auto estimulando ou, ainda, deleitando-se com alguma textura, barulho, luz ou 
sombra do ambiente. 
 
19 
 
Fonte: www.1.bp.blogspot.com 
Passado esse período de observação passiva, é importante que o terapeuta 
verifique como a criança reage a uma forma mais diretiva de relação. 
Quando solicitada, ela é capaz de concentrar-se em alguma tarefa? 
Engaja-se em alguma brincadeira? 
Sorri sem ser tocada, apenas respondendo a seu sorriso, mesmo que 
exagerado, ou precisa de cócegas para achar graça? Ela presta atenção à voz 
humana? 
O que faz quando a chamamos pelo nome? 
 
Avaliação. 
 
A avaliação de uma criança pequena costuma ser dividida em duas etapas: 
anamnese - entrevista com os pais e – observação da criança. 
 
Anamnese. 
 
20 
 
Fonte: www.i.ytimg.com 
Consiste de uma série de perguntas sobre o desenvolvimento da criança. 
Dependendo do profissional, a entrevista pode ser mais livre ou mais estruturada, mas 
deve ser sempre focada no objetivo que se tem em mente. 
No caso de uma consulta para diagnóstico de um provável transtorno do 
espectro do autismo, o foco será a detecção de possíveis desvios do desenvolvimento 
que constituam marcos ou pré-requisitos para a aquisição das habilidades, que 
costumam estar comprometidas nas crianças com autismo. 
Existem muitos instrumentos específicos para o diagnóstico do autismo. 
Pessoalmente, damos preferência ao ADI-R (Autism Diagnosis Intervew-
Revised). 
O ADI-R é uma entrevista semiestruturada para ser realizada com pais ou 
cuidadores de crianças com suspeita de autismo. Inclui cerca de cem perguntas sobre 
o desenvolvimento da comunicação, socialização e comportamento, fundamentais 
para o diagnóstico. O ADI-R fornece, ainda, um algoritmo de diagnóstico, utilizando 
para isso os critérios do DSM-IV. 
Durante a anamnese buscamos, sempre que possível, estabelecer prováveis 
causas para o problema: 
 
Causas genéticas - existem outras pessoas com transtornos autísticos ou 
quaisquer outros transtornos mentais na família? 
 
 
21 
 
Fonte: www.1.bp.blogspot.com 
Como o autismo é um transtorno de grande herdabilidade, é comum que 
encontremos algum outro membro da família com características do autismo, alguns 
nunca diagnosticados, mas apresentando dificuldade para se relacionar, outros 
possuem um histórico de atrasos ou desvios no desenvolvimento. 
É muito comum, também, a presença de TDAH (transtorno de déficit de atenção 
e hiperatividade), depressão e outros transtornos mentais em parentes próximos. Em 
alguns casos, já conseguimos neste momento do diagnóstico, detectar irmãos, 
também autistas, que ainda não haviam sido identificados. 
 
Causas ambientais - Houveram problemas durante a gravidez e o parto? 
A mãe teve alguma infecção quando estava grávida? 
Houve ameaças de aborto? 
Comofoi o parto? 
O bebê foi prematuro, apresentou dificuldades respiratórias ou teve que ficar 
na UTI neonatal? 
Muitas pesquisas mostram que há uma incidência bem maior de complicações 
pré e perinatais envolvendo o nascimento de crianças autistas do que na população 
em geral. Infecções, anóxia e exposição a agentes teratogênicos estão entre os 
fatores mais comumente relacionados ao autismo. 
 
 
22 
 
Fonte: wwww.metramed.com.br 
Em nossa prática, temos deparado com uma frequência importante, nos últimos 
anos, de casos em mães que fizeram uso do abortivo misoprostrol, comercializado 
com o nome de Citotec. Algumas dessas crianças desenvolveram autismo e outras, 
síndrome de Moebius com características autísticas. A síndrome de Moebius é uma 
doença caracterizada por paralisia facial, quando são afetados os movimentos faciais 
responsáveis pela expressão das emoções e dos movimentos dos olhos (estrabismo). 
 
 
Fonte: www.3.bp.blogspot.com 
 
23 
 Problemas associados - cerca de 30% das pessoas com autismo apresentam 
Epilepsia e 70% algum grau de deficiência intelectual, além disso é relativamente 
comum que o autismo esteja associado a outras síndromes genéticas ou metabólicas. 
 
Observação direta. 
 
A observação da criança, é fundamental, pois, embora os pais sejam a mais 
importante fonte de informação, nem sempre possuem a objetividade necessária para 
responder a todas as dúvidas do avaliador sobre o desenvolvimento da criança. Seus 
medos, suas crenças ou até mesmo seu desconhecimento podem fazer com que 
informações importantes não sejam fornecidas. 
Existe um bom instrumento padronizado que pode ser muito útil na observação 
direta da criança com risco de autismo. Trata-se do ADOS (Autismo Diagnostica 
Observai-o Schedule). O ADOS consiste numa série de apelos lúdicos que objetivam 
criar situações nas quais as crianças podem demonstrar suas habilidades sociais e 
comunicativas, assim como sua maneira de se relacionar com os brinquedos. 
 
 
Fonte: www.neurosaber.com.br 
 Achamos importante destacar, ainda, pelo menos três aspectos da avaliação 
clínica que consideramos imprescindíveis para o diagnóstico e para a elaboração de 
um bom programa de intervenção: 
 
24 
 
 Avaliação do desenvolvimento Cognitivo e das funções Adaptativas - 
necessária para verificar atrasos ou desvios no desenvolvimento das funções 
psicológicas, tais como: teoria da mente, funções executivas, atenção, capacidade 
de auto eficiência pessoal, socialização e habilidades motoras. 
 
• Avaliação da comunicação e linguagem nos seguintes aspectos: 
a) Atenção compartilhada – a capacidade da criança de 
seguir o foco de atenção do parceiro, de olhar para o que lhe está 
sendo mostrado e, num nível mais avançado, de chamar a atenção do 
parceiro para um objeto ou evento. 
b) Competência comunicacional - habilidade da criança de 
usar os recursos linguísticos já adquiridos para perguntar, responder a 
perguntas, fazer relatos, iniciar e manter uma conversa. 
c) Comunicação não-verbal - capacidade de expressão 
facial e habilidade de usar 
gestos para modular a interação. 
d) Capacidade de compreensão e expressão da linguagem 
escrita. 
e) Avaliação dos aspectos semânticos e pragmáticos da 
linguagem — Aspectos 
esses mais universalmente comprometidos nas pessoas com autismo. 
f) Avaliação da linguagem receptiva — É relativamente 
comum termos crianças ou adultos com autismo que são capazes de 
ler e decorar textos complexos, sem compreender lhes, 
completamente, o significado. 
 
criança autista, normalmente, apresenta sérias limitações no uso de gestos 
convencionais (p. exemplo mostrar, acenar, apontar). Quase universal em crianças 
autistas não verbais é o hábito de usar pessoas como ferramenta para conseguir seus 
objetivos. Geralmente a criança segura na mão ou no braço do adulto e o leva até 
onde se encontra o objeto de seu desejo ou lhe indica a ação que deseja realizar. Na 
impossibilidade de usar gestos simbólicos, muitas crianças com autismo podem ainda 
 
25 
desenvolver padrões não adaptativos de comunicação tais como gritos e agressões. 
É possível, ainda, que manifestem uma linguagem idiossincrática e ininteligível. 
Outro comportamento verbal não convencional, bastante comum em crianças 
com autismo, é a utilização de ecolalia imediata ou tardia. 
Finalmente, a criança autista pode fazer uso não funcional de objetos e 
brinquedos. A dificuldade de brincar de forma simbólica ou inclusive é uma das 
características das crianças autistas nos anos pré-escolares. 
 
 
Fonte: www.oquequeha.com.br 
Avaliação sensorial - visa principalmente avaliar a presença da 
desmodulações sensoriais que possam interferir na funcionalidade da criança. Muitos 
autistas relatam uma super- ou sub-reatividade sensorial que pode levar a uma 
indisponibilidade afetiva (GRANDIN, 1995; WILLIAMS, 1996). Podem ser notados 
problemas de processamento auditivo, tátil, gustativo e proprioceptivos, ocorrendo 
hipo- ou hiper-respostas na mesma criança, assim como respostas sensoriais 
anormais a estímulos socialmente relevantes. 
A desmodulação sensorial pode influir na capacidade da criança para 
desenvolver e manter a atenção, o afeto, a regulação emocional e a capacidade para 
interagir socialmente. É comum que crianças hiperativas deixem de participar de 
eventos com medo de sobrecargas sensoriais ou que as que apresentam hiporreação 
 
26 
a alguns estímulos desenvolvam comportamentos desafiadores ou estereotipias, 
como forma de auto estimulação. 
 
Exame Físico. 
 
 
Fonte: www.4.bp.blogspot.com 
É importante avaliar possível presença de dimorfismos faciais, sinais 
neurológicos anormais ou de síndromes neurocutâneas. É relativamente comum a 
associação do autismo com síndromes congênitas e distúrbios neurocutâneos. 
Síndromes neurocutâneas são caracterizadas por comprometimentos da pele 
e do Sistema Nervoso Central e outros órgãos. Estas síndromes apresentam 
heterogeneidade genética e grande variabilidade de apresentações fenotípicas. Há 
uma importante associação entre autismo e estas condições. Desnecessário dizer que 
a detecção destas associações, deve ser, sempre, seguida dos encaminhamentos 
necessários, aos especialistas. 
 Condições Associadas. 
 
Citaremos algumas associações que são comumente encontradas na clínica 
do autismo: 
Síndrome de X-frágil – é transmitida através do cromossomo X. Afeta homens 
e mulheres. As características da síndrome são extremamente variáveis, mas, 
geralmente, incluem prejuízos cognitivos, hiperatividade, anormalidades na fala, 
 
27 
transtorno de déficit de atenção e autismo. O autismo pode estar presente em até 60% 
dos casos. Na síndrome do X frágil são comuns características físicas como rosto 
longo, orelhas proeminentes, mandíbula larga, articulações muito flexíveis, testículos 
grandes após a puberdade e retardo mental. 
 
 
Fonte: www.image.slidesharecdn.com 
• Esclerose tuberosa - desordem genética, que constitui uma das síndromes 
neurocutâneas. É caracterizada por lesões cutâneas que incluem placas em forma de 
folhas, hipopigmentadas, desde o nascimento, assim como erupções cutâneas 
(adenomas sebáceos), fibromas periungueais e retardo mental. Na esclerose tuberosa 
podem ainda ocorrer malformações em um ou vários órgãos, sendo que os mais 
comumente afetados são o sistema nervoso central, a pele, os rins e o coração. 
Estudos mostram que a associação entre esclerose tuberosa e o autismo é da 
ordem de 17% a 68%, ou seja, esse é o percentual de indivíduos com esclerose 
tuberosa que desenvolve sinais de autismo. Um percentual significativo, cerca de 0,4 
a 4%, de pessoas com autismo por sua vez apresentam esclerose tuberosa. O 
desenvolvimento do autismo em pessoas com esclerose tuberosa parece ser 
consequente às lesões no sistema nervoso central, játendo sido encontrados, em 
indivíduos afetados, túberos no lobo temporal, região importante do que hoje 
denominamos cérebro social. 
 
28 
Neurofibromatose – o sinal característico da neurofibromatose são as placas 
cor de café com leite, que aumentam em tamanho e número com a idade. A presença 
de mais de cinco com mais de 1,5 centímetro é sugestiva do problema. Sardas nas 
axilas e nódulos cutâneos e subcutâneos também aparecem, geralmente, no final da 
infância. 
Síndrome fetal alcoólica - as crianças afetadas apresentam redução no peso, 
altura e na circunferência da cabeça, desde o nascimento. São características, ainda, 
fissuras palpebrais curtas e hiperatividade. 
 
 
Fonte: www.3.bp.blogspot.com 
Na Casa da Esperança, onde atendemos 400 pacientes com autismo 
em regime de quatro ou oito horas por dia existem casos de autismo 
associados a síndrome de Down, síndrome de X-frágil, esclerose tuberosa, 
deficiência auditiva, deficiência visual, síndrome de rubéola congênita, 
infecção pré-natal por citomegalovírus, paralisia cerebral, miopatias, 
microcefalia, síndrome de Moebius, síndrome de Angelman , síndrome de 
Willian, síndrome de West, Cri-du-chat, Cornélia de Lange, Prader-Willi e 
distrofia muscular de Duschene. 
 
 
29 
 
Fonte:www.image.slidesharecdn.com 
Na nossa prática clínica temos, ainda, comprovado o que indicam todos os 
estudos de autismo, a maioria das pessoas com autismo apresentam algum grau de 
deficiência intelectual. 
Existe ainda uma associação importante entre autismo e alguns transtornos 
mentais, principalmente TOC (transtorno obsessivo compulsivo), TDAH (transtorno de 
déficit de atenção com hiperatividade) e transtornos de humor. Embora a associação 
com transtorno de humor seja frequente em indivíduos de todo o espectro autista, a 
maioria de nossos pacientes que apresentam TOC, TDAH e depressão unipolar são 
crianças e jovens com síndrome de Asperger ou autismo de alto grau de 
funcionalidade. 
O diagnóstico de autismo, além de um rótulo, deve fornecer aos pais as 
informações necessárias para um bom programa de intervenção. É importante que o 
profissional esteja ciente da importância desse momento na vida de toda a família. 
É um momento em que deve ser explicada a gravidade do problema, mas 
também as possibilidades de compensar os déficits do autismo, assim como os 
perigos dos tratamentos que prometem curas milagrosas e que, via de regra, são 
prejudiciais à criança. Mesmo difícil, o momento do diagnostico não deve ser adiado. 
Retardar o diagnóstico é evitar um plano de ação que pode mudar a vida de uma 
criança. 
 
30 
A gravidade e a seriedade do diagnóstico devem ser proporcionais ao apelo 
para mobilizar nos pais suas mais nobres qualidades e sentimentos, pois estes serão, 
sem sombra de dúvida, os mais importantes componentes do plano de tratamento da 
criança. 
3 PEI 
 
Fonte: www.diariodonordeste.verdesmares.com.br 
O PEI (Plano de Ensino Individualizado) é uma possibilidade onde o conteúdo 
a ser trabalhado passa por um processo de personalização, considerando o que é 
relevante para cada aluno. A escola e a família podem trabalhar juntos desde a 
escolha desse conteúdo e habilidades, até a forma de trabalhar. 
O PEI deve reunir as metas imediatas e as de longo prazo, prever estratégias 
pedagógicas que favoreça o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno em questão. 
Não deve se ater apenas as áreas não acadêmicas, mas também focar nas 
habilidades sociais que envolvem desde a comunicação funcional ao comportamento 
adequando em cada ambiente, visando sempre sua faixa etária e seu 
comprometimento cognitivo. 
Também deve ser um plano de acompanhamento onde sejam registrados os 
objetivos atingidos em cada período. O ideal é que esse objetivo seja fracionado e a 
cada etapa determinada seja reavaliado. 
 
31 
Uma forma de registrar esse acompanhamento é: 
Marcar a habilidade/conteúdo trabalhado 
Identificar os dias e estratégias utilizados para esse trabalho 
Criar uma legenda onde aponte os níveis de resposta. Por exemplo: realiza 
com ajuda, sem ajuda, não realiza ou não foi trabalhado. Aqui no Projeto Amplitude 
nossa legenda é: Não aplicado (NA) / plenamente atingido (PLE) / parcialmente 
atingido (PAR) / em processo de aquisição (EP). 
 Infelizmente poucas escolas utilizam o PEI na avaliação e acompanhamento 
dos estudantes. Sinto informar que nesses anos de Projeto Amplitude apenas uma 
criança tinha esse recurso em uso na escola e mesmo assim sem a participação da 
família ou terapeutas. É uma grande pena porque essa ferramenta é de grande valia 
para que a conclusão saia do papel e do discurso e vire prática. 
 
 
Fonte: www.images.slideplayer.com.br 
Apesar dos muitos esforços de profissionais e estudiosos da educação em 
disseminar e efetivar nas escolas uma prática de avaliação mais formativa e inclusiva, 
é notável a demora e os inúmeros impasses dessa tentativa. Em Guaporé (RS), no 
ano de 2009, foi implantado o Plano Educacional Individualizado (PEI) – instrumento 
que propõe planejar e acompanhar o desenvolvimento de estudantes com deficiência, 
transtornos do espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação por meio de 
seis áreas de habilidades: acadêmicas, da vida diária, motoras/atividade física, 
sociais, recreação/lazer e pré-profissionais/profissionais. A apropriação desse 
 
32 
documento na prática pedagógica dos professores teve como objetivo auxiliá-los no 
processo de avaliação do progresso educacional dos alunos público-alvo da educação 
especial matriculados em classes regulares do ensino fundamental. 
 
Avaliação processual. 
 
Realmente, a avaliação é um processo, e, conforme refere Jussara Hoffmann 
em sua obra “O jogo do contrário em avaliação”: “Não se pode transformar um cenário 
educativo rico de situações práticas em um cenário avaliativo de teste teórico. Da 
mesma forma que não se pode observar se um aluno produz um texto imaginativo por 
meio de uma prova de gramática. Cada aprendizagem se dá em contexto próprio que 
é, portanto, o cenário próprio da avaliação. Desarticular esses cenários é não avaliar 
aprendizagens”. Assim sendo, o plano educacional individualizado é uma excelente 
ferramenta de apoio aos professores que têm, em suas classes, crianças e 
adolescentes com deficiência, transtornos do espectro autista (TEA) e altas 
habilidades/superdotação. 
E, partindo do princípio que “cada aprendizagem se dá em contexto próprio”, 
não seria adequado e necessário que todos os nossos estudantes – e não só os que 
são público-alvo da educação especial – fossem avaliados e acompanhados em suas 
trajetórias escolares por meio de um PEI? 
Estudos sobre o autismo têm sido produzidos desde a década de 1940 nas 
mais diversas áreas do conhecimento. Na atualidade, coexistem muitas hipóteses 
sobre as causas dessa condição, hoje denominada de Transtorno do Espectro do 
Autismo (TEA). O TEA é, portanto, diagnosticado por critérios clínicos e compreendido 
como um transtorno do neurodesenvolvimento, relacionado a etiologias variadas. 
Essa complexa síndrome tem como principal marca, o prejuízo sócio comunicativos e 
comportamentais. 
 
http://diversa.org.br/tag/avaliacao
http://diversa.org.br/tag/avaliacao
http://diversa.org.br/tag/ensino-fundamental
http://diversa.org.br/tag/ensino-fundamental
 
33 
 
Fonte: www.4.bp.blogspot.com 
No Brasil, a presença de educandos com TEA em contextos regulares de 
ensino tem aumentado de forma expressiva nas últimas décadas. Ancorado no 
Paradigma da Educação Inclusiva, o país produziu um vasto arcabouço legal no que 
tange as políticas de escolarização de alunos com esse diagnóstico, assim como de 
outros educandos que evidenciam necessidades educacionais especiais. 
Esses dispositivos, de uma forma geral, garantem o acesso dessa população 
aos sistemas regulares de ensino, porém,não subsidiam a permanência, com 
sucesso, no que se refere ao desenvolvimento de habilidades sociais e acadêmicas 
nesses espaços. 
A precariedade da formação dos professores e demais agentes educacionais 
para lidar com esses educandos é apontada como um dos principais desafios. De 
forma específica, a literatura revela que, ao trabalhar diretamente com os alunos com 
TEA no cotidiano da escola, os docentes são tipicamente invadidos por sentimentos 
que vão da indiferença à frustração, da exaustão à impotência. Não sabem o que 
fazer, nem como ensinar a esses estudantes. 
 
 
34 
 
Fonte: www.universoautista.com.br 
É imperativo, portanto, a reformulação do sistema escolar, desde a reconstrução 
dos seus currículos até a busca por práticas que respeitem as particularidades de cada 
sujeito. Nessa perspectiva, a individualização do ensino é compreendida como a 
primeira condição para se efetivar a educação inclusiva. 
Essa proposta envolve a estruturação de objetivos, conteúdos, metodologias e 
avaliações que consideram as especificidades de cada aluno, de forma a garantir o 
acesso ao currículo e à aprendizagem de conteúdos acadêmicos. 
O Plano Educacional Individualizado (PEI) pode ser uma forma de 
operacionalizar a individualização do ensino. Ele é definido como um recurso 
pedagógico, centrado no aluno, estabelecendo metas acadêmicas e funcionais aos 
educandos com deficiência. Ele contempla respostas educacionais fundamentais para 
o sucesso das ações dos docentes nas salas de aula, e ainda se caracteriza como 
instrumento norteador do ensino e aprendizagem do aluno. 
O PEI ainda não é uma prática com um no Brasil e por isso é necessário, mais 
estudos que possam avaliar sua efetividade nas escolas. É primordial, ainda, que as 
políticas públicas ofereçam condições para que sua prática seja bem difundida pelos 
docentes, evitando que seja concebido como um mero instrumento burocrático de 
inclusão. Assim, a formação em serviço, em uma perspectiva colaborativa, torna-se 
uma ação promissora nesse contexto. 
 
35 
 
Fonte: www.images.slideplayer.com.br 
Em face da relevância desses aspectos, o trabalho teve como objetivo central 
analisar as contribuições do processo de construção e execução de um Plano 
Educacional Individualizado para um aluno com diagnóstico de autismo regularmente 
matriculado em uma escola regular. De forma específica, o estudo visou elaborar e 
desenvolver, em colaboração com os professores, um PEI para um aluno com 
diagnóstico de autismo, além de analisar seus efeitos na participação do discente nas 
tarefas acadêmicas e ainda consideraras percepções dos professores quanto aos 
efeitos do Plano. 
Sendo a inclusão afirmada como um direito civil e responsável pela promoção 
de um desenvolvimento social mais apropriado, e defendendo-se que o aluno com 
autismo pode beneficiar da participação em classes inclusivas, modelos alternativos 
ao da inclusão total na classe regular têm sido, também, evocados. 
Temos alguns os progressos revelados ao longo das duas últimas décadas no 
que diz respeito à investigação sobre os contextos inclusivos na educação de 
indivíduos com perturbações do espetro do autismo, representando uma fonte 
representativa de opções de intervenção e resposta educativa. 
Entretanto, autores, investigadores, especialistas, docentes, técnicos e pais 
convergem na convicção sobre a importância de futuras direções da investigação 
relativas às oportunidades disponibilizadas por ambientes escolares inclusivos 
apropriados ao sucesso do aluno com autismo. 
 
36 
 
Fonte: www.slideplayer.com.br 
Os resultados apontam um conjunto de fatores fragilizadores do modelo 
inclusivo, tal como vem sendo praticado, designadamente no que se refere ao modelo 
de atendimento adotado face às características, capacidades e necessidades do 
aluno com PEA, à disponibilidade dos recursos humanos e materiais necessários, à 
formação dos agentes educativos na área das NEE/PEA, à articulação entre os 
Docentes do ensino regular e os Docentes de Educação Especial, aos apoios 
prestados por outros serviços, nomeadamente Psicologia, Terapia Ocupacional, 
Terapia da Fala, ou outros; à participação e colaboração dos Pais/Encarregados de 
Educação na Escola; ao desenvolvimento do potencial biopsicossocial do aluno com 
PEA, à inclusão pós-escolar e na comunidade. 
Os resultados apontados, entre outros, permitem concluir pela identificação de 
respostas, no sentido de uma educação bem-sucedida dos alunos com Perturbações 
do Espetro do Autismo. 
 
37 
4 INTERVENÇÃO NO ESPECTRO AUTISTA 
 
Fonte: www.iped.com.br 
O brincar é a principal forma utiliza da pela criança para comunicar-se, 
expressarse, relacionar-se e aprender. Contribui de maneira singular para o 
atendimento a crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), 
trazendo formas espontâneas de intervenção nas demandas, déficit, dificuldades 
apresentadas por elas. 
O brincar em suas propostas lúdicas vem contemplar o grande número de 
manifestações do espectro, buscando atender cada criança, em suas particularidades, 
através do jogo coletivo e individual. 
O brincar como intervenção terapêutica, direcionada e formulada por meio de 
um Projeto Terapêutico Singular – PTS, correlacionando sua relevância dentro do 
neurodesenvolvimento, sai do lugar que muitas vezes ocupa, apenas relacionado ao 
entretenimento e ao lazer, para ocupar um lugar de destaque na intervenção direta 
junto à criança em atendimento, assumindo o poder transformador e terapêutico que 
ele tem. Sabemos que as manifestações lúdicas se apresentam igualmente como 
possibilidade de aprofundamento de vínculos entre equipe terapêutica e a criança e 
desta com a família, pois configura-se como uma prática enriquecedora em todos os 
 
38 
seus contextos de vida, sendo foco, também, nas orientações aos pais e a instituições 
educacionais. 
 
 
Fonte: www.image.slidesharecdn.com 
Temos o objetivo trazer reflexões acerca do brincar como intervenção lúdica no 
atendimento a crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). 
Outro aspecto importante deste trabalho é apresentar as correlações do brincar 
e os processos do neurodesenvolvimento da criança, considerando os conceitos de 
neuroplasticidade e seus efeitos em um ambiente rico em estímulos, extremamente 
significativo para a vida futura da criança e todos os seus processos de 
desenvolvimento neuropsicomotor e socioafetivo. 
 
 
39 
 
Fonte: www.image.slidesharecdn.com 
Os termos “brincadeira”, “jogo” e “brinquedo”, bem como “universo lúdico” e 
“brincar”, discutidos por Almeida (2014, p. 50), serão utilizados nessa reflexão, sendo 
o universo lúdico um termo mais amplo, que engloba o brincar, e este, por sua vez, 
contemplando a brincadeira e o jogo, amparados pelo brinquedo (estruturado e não 
estruturado), objeto que desempenha função de suporte para ambos na ação 
brincante da criança. 
Assim, pretendemos apresentar a variedade de possibilidades que o brincar 
tem, dentro do universo lúdico, trazendo para as crianças formas interativas e 
interessantes de intervenção terapêutica por intermédio de brincadeiras, do jogo e do 
brinquedo, partindo de um plano que busca atender e trabalhar suas demandas. 
No atendimento a crianças que apresentam alguma necessidade de 
Estimulação Precoce, o brincar se apresenta como recurso terapêutico, relacional, 
lúdico e com foco no investimento de todo o seu potencial de desenvolvimento, 
respeitando sua idade (cronológica e corrigida) e suas escolhas, bem como 
estabelecendo um ambiente acolhedor para estas e suas famílias. 
Quando nascemos, vários processos neuronais acontecem a partir da 
formação das sinapses e do desenvolvimento do Sistema Nervoso, que originará toda 
a complexidade do Sistema Nervoso Central. 
 
40 
 
Fonte: www.image.slidesharecdn.comAo nascermos, esse conjunto de estruturas não está completamente pronto. À 
medida que apresentamos estruturas mais maduras, vamos inibindo comportamentos 
mais primitivos. A criança desenvolve suas habilidades ou comportamentos 
aprendidos em direção a atos práxicos mais complexos (praxias ideomotoras e 
ideatórias). 
No entanto, essa etapa do desenvolvimento não depende apenas do substrato 
biológico, depende, igualmente, das experiências e vivências que ela venha a ter, 
diferente das demais etapas ligadas à ontogênese. 
O desenvolvimento do Sistema Nervoso não finaliza com o nascimento, pois as 
interações do indivíduo com o meio ambiente acionam sistemas bioquímicos nos 
neurônios que, por sua vez, podem ocasionar transformações na organização do 
Sistema Nervoso, resultando no fenômeno chamado neuroplasticidade. 
Esse fenômeno, consiste na transformação das funções de células nervosas 
em resposta à ação do meio ambiente. Sua ação é maior ao longo do 
desenvolvimento, durante os períodos receptivos, o que facilita a aquisição de 
comportamentos que estão relacionados a funções específicas de certas regiões do 
córtex cerebral. 
Este, por sua vez, “produz e regula atividades mentais como sensação, 
percepção, planejamento de estratégias de comportamento e motricidade, linguagem, 
 
41 
raciocínio lógico-matemático, atenção, raciocínio abstrato, julgamento crítico, 
emoções e memória”. 
 
 
Fonte: www.image.slidesharecdn.com 
Especificando o primeiro critério diagnóstico do transtorno, nele se encontram 
dificuldades de ordem social, de interação e comunicação, caracterizados por 
abordagem social comprometida, com falha no diálogo normal, podendo chegar a um 
compartilhamento reduzido de interesses, emoção ou afeto, até falha em iniciar ou 
responder à interação social. 
Déficit em comportamentos comunicativos não verbais usados para a interação 
social e déficit no desenvolvimento, manutenção e compreensão dos 
relacionamentos. 
 
42 
 
Fonte: www.atividadesparaprofessores.com.br 
O segundo critério aponta para comprometimentos no uso de padrões 
repetitivos de comportamento, como movimentos motores, uso de objetos ou fala 
estereotipados e repetitivos, invariabilidade, adesão inflexível à rotina ou padrão 
ritualizado de comportamentos verbais ou não verbais, interesses fixos e altamente 
restritos e hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse não usual em 
aspectos sensoriais do ambiente. 
As crianças que se encontram dentro do TEA, podem apresentar 
comportamento característico de rigidez, repetição de movimentos e escolhas, baixa 
atividade exploratória (brincar empobrecido), baixo potencial imaginativo nas 
atividades ligadas ao brincar, com déficit no comportamento social. 
Esses comportamentos não favorecem uma maior vivência da experiência e da 
exploração do brincar, visto que se limitam, muitas vezes, a repetições ritualísticas, 
ao brincar isolado e disfuncional, não permitindo a interferência e participação de 
outras crianças e/ou adultos nesse momento. 
 
43 
 
 
Fonte: www.static.wixstatic.com 
Há um crescente reconhecimento sobre a importância do tratamento do 
autismo envolver tanto as necessidades da criança como as da família. No entanto, 
há controvérsias sobre qual intervenção seria a mais apropriada. Neste artigo, 
revisaremos a literatura recente sobre as diferentes intervenções que têm sido 
utilizadas no tratamento do autismo, com ênfase naquelas que possuem base 
empírica. 
Concluímos que não há uma abordagem única que seja totalmente eficaz para 
todas as crianças durante todo o tempo. Ao contrário, argumentamos que as famílias 
modificam suas expectativas e valores com relação ao tratamento de seus filhos de 
acordo com a fase de desenvolvimento da criança e do contexto familiar. Em outras 
palavras, um tipo específico de intervenção pode funcionar bem por certo período e 
não funcionar tão bem nos anos subsequentes. Finalmente, enfatiza-se a importância 
do diagnóstico e tratamento precoces do autismo. 
 
44 
 
Fonte: www.slideplayer.com.br 
Alguns autores afirmam que o planejamento do tratamento deve ser estruturado 
de acordo com as etapas de vida do paciente. 
Portanto, com crianças pequenas, a prioridade deveria ser terapia da fala, da 
interação social/linguagem, educação especial e suporte familiar. Já com adolescentes, 
os alvos seriam os grupos de habilidades sociais, terapia ocupacional e sexualidade. 
Com adultos, questões como as opções de moradia e tutela deveriam ser focadas. 
Infelizmente, há poucas opções de moradia em nosso país – uma área que tem sido 
grandemente negligenciada, causando preocupações para os pais. 
Tem-se chamado a atenção para a variedade de serviços disponíveis, desde 
aqueles com abordagens individuais realizadas por profissionais intensamente 
treinados em uma área específica, até aqueles compostos por clínicas 
multidisciplinares. 
Enfatizou-se que a eficácia do tratamento depende da experiência e do 
conhecimento dos profissionais sobre o autismo e, principalmente, de sua habilidade 
de trabalhar em equipe e com a família. Uma das situações mais estressantes para 
os pais, ao lidarem com os profissionais, é a controvérsia que envolve o processo 
diagnóstico. Há autores que chamam a atenção para as contradições dentro da equipe 
tanto em relação ao diagnóstico em si quanto ao encaminhamento para tratamento. 
Esses autores também salientam quatro alvos básicos de qualquer tratamento: 
Estimular o desenvolvimento social e comunicativo; 
 
45 
Aprimorar o aprendizado e a capacidade de solucionar problemas; 
Diminuir comportamentos que interferem com o aprendizado e com o acesso 
às oportunidades de experiências do cotidiano; 
Ajudar as famílias a lidarem com o autismo, os quais serão abordados a seguir. 
 
 
Fonte: www.image.isu.pub 
O diagnóstico durante os anos pré-escolares é ainda muito raro, apesar das 
afirmações de que a intervenção precoce é o melhor procedimento para o 
desenvolvimento da criança. 
Isso se deve, em parte, à falta de conhecimento sobre o desenvolvimento 
normal de uma criança, em particular na área da comunicação não-verbal, sendo o 
prejuízo nas habilidades de atenção compartilhada (e.g. gestos e comentários 
espontâneos com o intuito de compartilhar curiosidade sobre os eventos ao redor) o 
marcador mais significativo. A situação mais comum é que as preocupações dos pais 
e dos profissionais recaem mais no atraso na fala da criança do que nos aspectos 
sociais do comportamento. 
 
 
46 
 
Fonte: www.pedagogiafaculdadecamposeliseos.files.wordpress.com 
O diagnóstico preciso não é uma tarefa fácil para o profissional, já que pode 
haver problemas para distinguir entre crianças com autismo e crianças não-verbais 
com déficits de aprendizado ou prejuízo da linguagem. No entanto, aos três anos 
deidade, as crianças tendem a preencher os critérios de autismo em uma variedade 
de medidas diagnósticas. 
De fato, têm ocorrido esforços de pesquisa para o desenvolvimento e a 
validação de instrumentos de rastreamento específicos para o autismo em crianças 
pequenas. 
 
 
47 
 
Fonte: www.s-media-cache-ak0.pinimg.com 
Atualmente, existem vários instrumentos que podem ser utilizados em crianças 
em diferentes estágios da vida, tais como: Checklist for Autism in Toddlers (CHAT); 
Pervasive Developmental Disorders Screening Test (PDDST); Screening Tool for 
Autism in two year old, Checklist for Autism in Toddlers-23 (CHAT-23) e Modified 
Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT). 
Atrasos desnecessários no diagnóstico têm implicações práticas importantes, 
já que o desenvolvimento de estratégias de comunicação efetivas, ainda que simples, 
em um estágio precoce da vida auxiliam a prevenir o comportamento diruptivo. 
Mencionou-se antes que os melhores preditores do desenvolvimento 
subsequentesão tanto o nível de comunicação quanto as habilidades cognitivas 
durante os anos pré-escolares. 
Desta forma, há razões suficientes para aumentar os esforços na identificação 
e intervenção para crianças com autismo, o mais precocemente possível. As diretrizes 
práticas para os profissionais de saúde na comunidade alcançarem este objetivo tem 
sido foco de atenção de alguns estudos. 
Ao enfrentar um diagnóstico de transtorno invasivo do desenvolvimento, todas 
as famílias especulam sobre qual tipo de intervenção psicoeducacional é a mais 
efetiva. A resposta não é tão simples como parece, em contraste com a grande 
quantidade de tratamentos que têm sido anunciados. Ao revisar a literatura atual sobre 
 
48 
as diferentes intervenções que têm sido utilizadas no tratamento do autismo, 
concluímos que poucas tiveram embasamento empírico. 
 
 
Fonte: www.blog.isocial.com.br 
Ainda que algum tipo de melhora possa ser demonstrado em diferentes 
estudos, os resultados devem ser interpretados com cautela uma vez que estudos 
metodologicamente bem controlados são muito raros. 
Aparentemente, não existe uma única abordagem que seja totalmente eficaz 
para todas as crianças, em todas as diferentes etapas da vida. Ou seja, uma 
intervenção específica que pode ter um bom resultado em certo período de tempo 
(e.g. anos préescolares) pode apresentar eficácia diferente nos anos seguintes (e.g. 
adolescência). 
Isso ocorre, em parte, porque as famílias alteram suas expectativas e valores 
com relação ao tratamento das crianças de acordo com o desenvolvimento delas e do 
contexto familiar. Por outro lado, um ponto de consenso na literatura é a importância 
da identificação e intervenção precoce do autismo e seu relacionamento com o 
desenvolvimento subsequente. Finalmente, outra questão que se deve ter em mente 
é a necessidade de focar-se em toda a família e não somente no indivíduo com 
transtorno invasivo do desenvolvimento. 
 
49 
 
Fonte: www.gazetadopovo.com.br 
 
 
50 
BIBLIOGRAFIA 
BONETTI, Adriangela. O Plano Educacional Individualizado (PEI) e o Sistema 
Escolar de Avaliação Classificatória. Disponível em 
<http://diversa.org.br/artigos/oplano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-
escolar-de-avaliacao-classificatoria/> Acesso em 11/04/2017. 
BOSA, Cleonice Alves. Autismo: Intervenções Psicoeducacionais. Disponível em 
<http://www.scielo.br/pdf/rbp/v28s1/a07v28s1.pdf> Acesso em 12/04/2017. 
CIPRIANO, M. S., ALMEIDA, M. T. P. de. O Brincar Como Intervenção no 
Transtorno do Espectro do Autismo. Disponível em 
<http://www.revistaprex.ufc.br/index.php/EXTA/article/viewFile/320/174> Acesso em 
12/04/2017. 
DOURADO, Dra. Fátima. O Diagnóstico do Autismo. Disponível em 
<http://autismobrasil.org/autismo/diagnostico.html> Acesso em 11/04/2017. 
FERNANDES, Claudia Mascarenhas. A história do autismo. Disponível em < 
http://vivainfancia.org.br/A%20hist%C3%B3ria%20do%20autismo.pdf> Acesso em 
10/04/2017. 
FRUCHI, Patrícia. O que é o PEI? – Plano de Ensino Individualizado. Disponível 
em <http://www.projetoamplitude.org/blogpedagogia/pei/> Acesso em 10/04/2017. 
HUBNER, Martha, HALPERN, Ricardo. História do Autismo. Disponível em < 
http://autismoerealidade.org/informe-se/sobre-o-autismo/historia-do-autismo/> 
Acesso em 10/04/2017. 
MACHADO, Maria Cristina Neves. A Inclusão do Aluno com Perturbações do 
Espetro do Autismo na Escola Regular Quatro Estudos de Caso. Disponível em 
<https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/29099/1/Maria%20Cristina%20
Ne ves%20Machado.pdf> Acesso em 12/04/2017. 
MANDAL, Ananya, DM. História do Autismo. Disponível em 
<http://www.newsmedical.net/health/Autism-History-(Portuguese).aspx> Acesso em 
10/04/2017. 
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://diversa.org.br/artigos/o-plano-educacional-individualizado-pei-e-o-sistema-escolar-de-avaliacao-classificatoria/
http://autismobrasil.org/autismo/diagnostico.html
http://autismobrasil.org/autismo/diagnostico.html
http://autismobrasil.org/autismo/diagnostico.html
http://vivainfancia.org.br/A%20hist%C3%B3ria%20do%20autismo.pdf
http://vivainfancia.org.br/A%20hist%C3%B3ria%20do%20autismo.pdf
http://autismoerealidade.org/informe-se/sobre-o-autismo/historia-do-autismo/
http://autismoerealidade.org/informe-se/sobre-o-autismo/historia-do-autismo/
http://autismoerealidade.org/informe-se/sobre-o-autismo/historia-do-autismo/
http://autismoerealidade.org/informe-se/sobre-o-autismo/historia-do-autismo/
http://autismoerealidade.org/informe-se/sobre-o-autismo/historia-do-autismo/
http://autismoerealidade.org/informe-se/sobre-o-autismo/historia-do-autismo/
http://autismoerealidade.org/informe-se/sobre-o-autismo/historia-do-autismo/
http://autismoerealidade.org/informe-se/sobre-o-autismo/historia-do-autismo/
http://autismoerealidade.org/informe-se/sobre-o-autismo/historia-do-autismo/
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/29099/1/Maria%20Cristina%20Neves%20Machado.pdf
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/29099/1/Maria%20Cristina%20Neves%20Machado.pdf
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/29099/1/Maria%20Cristina%20Neves%20Machado.pdf
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/29099/1/Maria%20Cristina%20Neves%20Machado.pdf
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/29099/1/Maria%20Cristina%20Neves%20Machado.pdf
http://www.news-medical.net/health/Autism-History-(Portuguese).aspx
http://www.news-medical.net/health/Autism-History-(Portuguese).aspx
http://www.news-medical.net/health/Autism-History-(Portuguese).aspxhttp://www.news-medical.net/health/Autism-History-(Portuguese).aspx
http://www.news-medical.net/health/Autism-History-(Portuguese).aspx
http://www.news-medical.net/health/Autism-History-(Portuguese).aspx
http://www.news-medical.net/health/Autism-History-(Portuguese).aspx
http://www.news-medical.net/health/Autism-History-(Portuguese).aspx
 
51 
PEREIRA, Débora Mara. Análise dos Efeitos de Um Plano Educacional 
Individualizado no Desenvolvimento Acadêmico e Funcional de um Aluno Com 
Transtorno do Espectro do Autismo. Disponível em 
<https://repositorio.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/14582/1/deboramp_dissert.pdf
> Acesso em 11/04/2017. 
TAMANAHA, Ana Carina, PERISSINOTO, Jacy, CHIARI, Brasilia Maria. Uma Breve 
Revisão Histórica Sobre a Construção dos Conceitos do Autismo Infantil e da 
Síndrome de Asperger. Disponível em 
<http://www.scielo.br/pdf/rsbf/v13n3/a15v13n3.pdf> Acesso em 10/04/2017. 
http://www.scielo.br/pdf/rsbf/v13n3/a15v13n3.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rsbf/v13n3/a15v13n3.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rsbf/v13n3/a15v13n3.pdf

Outros materiais