Buscar

Dietoterapia nas Dislipidemias, IAM e ICC

Prévia do material em texto

Dietoterapia nas Doenças Cardiovasculares – cont.
Dislipidemias, ICC e IAM
Professora: Viviane Mukim de Moraes Mesquita
Disciplina: Nutrição Clínica II
DISLIPIDEMIAS
Conceito: Alterações no perfil de lipídios no sangue
Tipos: 
Hipercolesterolemia isolada
Hipertrigliceridemia isolada
Dislipidemia mista
HDL baixo
Diagnóstico: dosagem de colesterol e frações e lipoproteínas* no sangue em jejum de 12h
	*Lipoproteínas são carreadoras de gorduras e podem ser de 5 tipos principais cada uma grudada a um tipo de gordura:
	Qm - Após quebra pela lipase pancreática, os ácidos graxos são absorvidos pela mucosa intestinal e se ligam à lipoproteína Quilomícron - QM (liberada pela mucosa intestinal) e seguem para os tecidos sofrendo ação de lipases lipoprotéicas. Os que sobram desta hidrólise (ou seja, os remanesncentes) vão para o fígado.
	VLDL, IDL e LDL - No fígado, os QM remanescentes são enriquecidos por proteínas, ocorrendo a síntese da lipoproteína VLDL que tem sua maior parte grudada aos triglicerídios produzidos dentro do fígado a partir do excesso de glicose que chega para ele da corrente sanguínea. Ao sair do fígado, o VLDL também sofrerá hidrólise pela lipase lipoprotéica, promovendo a liberação dos ácidos graxos destes triglicerídios endógenos para os tecidos e depois de vazios (VLDL remanescentes) retornam ao fígado onde serão incorporados a novas apoproteínas, transformando-se em IDL e depois LDL que se agarra ao colesterol que está dentro do fígado e leva-os para os tecidos e o excesso acaba ficando depositado na parede das artérias da corrente sanguínea. Por esta razão, é designado como o mau colesterol. 
	HDL - promove nos tecidos o transporte reverso do colesterol, removendo o excesso em tecidos periféricos e redirecionando o colesterol para o fígado onde será excretado na forma de sais biliares. Devido à esta ação, é tido como o bom colesterol. Para a adequada saúde, deve-se manter bons níveis de lipídios circulantes.
DISLIPIDEMIAS
 CLASSIFICAÇÃO
 	
	TIPO	LIPOPROTEÍNA ALTERADA	TIPO DE GORDURA ELELVADA
	Tipo I	QM (Quilomicron)	TG da alimentação
	Tipo II a	LDL / Hipercolesterolemia	Colesterol 
	Tipo II b	LDL + VLDL
Dislipidemia mista	Colesterol e TG endógeno (produzido do excesso de glicose no sangue)
	Tipo III	IDL	Elevações simultâneas e proporcionais do CT e do TG, habitualmente superiores a 300 mg/dl
	Tipo IV	VLDL / Hipertrigliceridemia	TG endógeno (produzido do excesso de glicose no sangue)
	Tipo V	VLDL + Qm	TG exógenos e endógenos
DISLIPIDEMIAS
 TRATAMENTO
MEDICAMENTOSO: Vastatinas e Fibratos
	TIPO DE ALTERAÇÃO	TRATAMENTO NUTRICIONAL
	Tipo I ( Qm elevado)
Elevação de TG da alimentação	Dieta Hipolipídica - São retirados da dieta as gorduras de adição como manteiga, margarina, óleo e azeite, e também os alimentos ricos em gordura, como embutidos, queijos, abacate, frituras e gema de ovo. Leite e derivados devem ser de preferência do tipo desnatado e as carnes vermelhas devem ser magras, consumo de frango sem pele e consumo de peixes, mas sempre preferir a forma cozida ou assada. Consumir frutas de preferência com casca e bagaço e polvilhadas com aveia, linhaça ou outro grão pois as fibras, principalmente as solúveis ajudam a reduzir as gorduras elevadas no sangue e vegetais alaranjados, vermelhos e roxos por serem fontes de antioxidantes.
	TIPO DE ALTERAÇÃO	TRATAMENTO NUTRICIONAL
	Tipo IIa (LDL elevado)
Hipercolesterolemia isolada	Dieta restrita em colesterol – São retiradas as gorduras saturadas presentes em abundância nos produtos de origem animal como carnes, aves, porco, ovo, leite e derivados e também as gorduras TRANS presentes na margarina e em produtos com gordura hidrogenada como recheios de pães, bolos e biscoitos industrializados.
Consumir fontes de gorduras boas (PUFAS e MUFAS) fontes de ômega 3 – linolênico (ex: peixes, linhaça), 6- linoléico (óleos vegetais) e 9 – oléico - MUFAS (abacate, oleaginosas, óleo de coco, de cártamo), frutas de preferência com casca e bagaço e polvilhadas com aveia, linhaça ou outro grão pois as fibras, principalmente as solúveis ajudam a reduzir as gorduras elevadas no sangue, verduras e vegetais alaranjados, vermelhos e roxos (papel do resveratrol) por serem fontes de antioxidantes. O alho, a cúrcuma (açafrão), gengibre e cravo apresentam efeito lipolítico e os chás mate, preto, verde e de jasmim reduzem a absorção de gorduras por causa das catequinas.
Consumir cerca de 2g/dia de fitoesteróis: óleos vegetais, especialmente de milho (909 mg/100 mL), girassol (411 mg/100 mL), soja (320 mg/100 mL) e oliva (300 mg/100 mL); as frutas oleaginosas como amêndoas (183 mg/100 g); cereais como gérmen de trigo (344 mg/100 g) e farelo de trigo (200 mg/100 g); além de frutas e hortaliças, como maracujá (44 mg/100 g), laranja (24 mg/100 g) 
	TIPO DE ALTERAÇÃO	TRATAMENTO NUTRICIONAL
	Tipo IIb (LDL + VLDL)
Dislipidemia mista
Tipo III	Dieta restrita em colesterol e carboidratos simples – São retiradas as gorduras saturadas presentes em abundância nos produtos de origem animal como carnes, aves, porco, ovo, leite e derivados e também as gorduras TRANS presentes na margarina e em produtos com gordura hidrogenada como recheios de pães, bolos e biscoitos industrializados.
Consumir fontes de gorduras boas (PUFAS e MUFAS) fontes de ômega 3, 6 e 9, frutas de preferência com casca e bagaço e polvilhadas com aveia, linhaça ou outro grão pois as fibras, verduras e vegetais alaranjados, vermelhos e roxos (papel do resveratrol) por serem fontes de antioxidantes.
O consumo de cerca de 2g/dia de fitoesteróis também é útil para reduzir o excesso de colesterol sanguíneo. 
Restringir o consumo de bebida alcoólica, carboidratos muito refinados como arroz e pães brancos, açúcar, doces concentrados e em calda, refrigerantes.
	TIPO DE ALTERAÇÃO	TRATAMENTO NUTRICIONAL
	Tipo IV (VLDL elevado)
Hipertrigliceridemia isolada	Restringir o consumo de bebida alcoólica, carboidratos muito refinados como arroz e pães brancos, açúcar, doces concentrados e em calda, refrigerantes.
A cúrcuma (açafrão) também é excelente para pessoas com hipertrigliceridemia pois além de ser hipolipemiante e antioxidante, reduz níveis de glicose elevados no sangue.
	Tipo V (VLDL e QM elevados)	Restringir o consumo de bebida alcoólica, carboidratos muito refinados como arroz e pães brancos, açúcar, doces concentrados e em calda, refrigerantes.
 Dieta restrita em colesterol
Dar preferência fontes de gorduras boas (PUFAS e MUFAS) fontes de ômega 3, 6 e 9, frutas de preferência com casca e bagaço e polvilhadas com aveia, linhaça ou outro grão pois as fibras, verduras e vegetais alaranjados, vermelhos e roxos (papel do resveratrol) por serem fontes de antioxidantes.
IAM - Infarto Agudo do Miocárdio
Definição: É a necrose da célula miocárdica resultante da oferta inadequada de oxigênio ao músculo cardíaco
Etiologia: Pode ser secundário a Aterosclerose ou Espasmo coronariano.
Quadro Clínico:  Dor precordial, retroesternal, com duração superior a 30 minutos, irradiada para ombros ou membroso e não aliviada pelo repouso. 
Sintomas: Náuseas, Vômitos, Sudosere e Fraqueza muscular generalizada
         O IAM pode se assintomático em até 12% dos pacientes ou se apresentar com quadros atípicos de dor ou desconforto em braços, dorso, mandíbula.
IAM - Infarto Agudo do Miocárdio
Diagnóstico:
Eletrocardiograma 
Cateterismo cardíaco e o ecocardiograma: avalia a função do ventrículo e possível indicação de cirurgia para revascularização. 
Angiografia
Dados laboratoriais:
Leucocitose (alta no 2o dia, volta ao normal em 1 semana)
CPK (creatinina fosfoquinase) e TGO aumentadas
DL (deidrogenase lática) é a última a aumentar e permanece elevada de 5 a 7 dias.
IAM - Infarto Agudo do Miocárdio
Tratamento Clínico do IAM
 Internamento em U.C. com monitorização contínua e uso de anticoagulantes
Dietoterapia:
# Primeiro momento: Dieta Zero
 # Quando o paciente estiver condições de se alimentar: 
- Dieta Líquida nas primeiras 24 horas, seguida de pastosa e branda, hipossódica(2g de sal), hiperglicídica, pobre em alimentos fermentados, com volume dimunuído e fracionamento aumentado.
- Depois dieta pobre em colesterol e gorduras em geral (saturadas), estimulantes (café, chocolate, condimentos...), hipocalórica (obesos). 
- Usar laxativos se necessário, a fim de previnir a flatulência.
IAM - Infarto Agudo do Miocárdio
TRANSPLANTE CARDÍACO
 
Dieta pré-transplante
 IMC normal Baixo IMC
2g de sódio/dia restrição de sódio e líquidos 
30 kcal/Kg/dia 35 a 40kcal/Kg
1 a 2g de PTN/Kg/dia 1,5 a 2,0g de PTN/Kg/dia
 Suplementação de cálcio e vitamina D
Dieta pós-transplante
Hipercalórica (30 a 35kcal/kg/dia, ou FI de 1,3 a 1,5)
Proteínas (1,5 a 2,0g/Kg/dia no 1º mês e depois 1g/Kg/dia)
Sódio 1 a 2g/dia no 1º mês
Dieta neutropênica nos 4 a 6 primeiros meses pós-transplante.
ICC – Insuficiência Cardíaca Congestiva
Definição: Anormalidade do bombeamento de sangue pelo coração para os pulmões e para as veias periféricas.
Etiologia: Pode ser secundário a Aterosclerose, IAM, Obesidade, Desnutrição, Hipertensão Arterial, Estresse, Infecções, Hipertireoidismo, uso de calmantes.
Quadro Clínico:  Dispnéia, Fadiga, Fraqueza, Flatulência, Náuseas, Anorexia, Confusão Mental, Insônia, Dor de cabeça, Tonteira.
Complicações: Edema pulmonar ( pressão capilar pulmonar), Hipertensão arterial, Edema, Hepatoesplenomegalia e Choque ( Débito cardíaco)
Mecanismos compensatórios: Taquicardia, Dilatação, Hipertrofia
ICC – Insuficiência Cardíaca Congestiva
Tratamento Clínico da ICC
 Remoção da causa desencadeante
 Repouso
 Uso de medicamentos: Diuréticos e Digitálicos*
* Digoxina: potencializa a contração cardíaca melhorando a taquicardia
INTOXICAÇÃO DIGITÁLICA: inibição da ATPase do músculo cardíaco
Fatores desencadeadores: 
Hipocalemia
Hipomagnesemia
Hipercalcemia
Sinais e sintomas: anorexia, náuseas, vômitos, confusão mental, distúrbios visuais, diarréia, plenitude pós-prandial, alteração de ritmo cardíaco
Tratamento: 
suspensão do digitálico
suplementação com cloreto de potássio
ICC – Insuficiência Cardíaca Congestiva
DIETOTERAPIA:
- Normocalórica ou hipo (obesos), hiperprotéica (1,5 a 2,0g/Kg/dia), normo ou hipolipídica.
- Líquidos: RH = 1000ml/dia ou volume urinário das 24 hs + 500ml, pois ocorre retenção hídrica
Minerais: Pobre em sódio (1 a 2g/dia) e cálcio e rica em potássio, magnésio e zinco
Vitaminas: aumentar a oferta de vitaminas hidrossolúveis, principalmente tiamina.

Continue navegando