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Ensino Hibrido- Introdução



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Ensino Híbrido: uma 
introdução ao tema 
 
Introdução 
 
 
Profa. Joyce E. Mateus Celestino 
 
Ensino Híbrido: uma introdução ao tema1 
 
Introdução. 
O ensino híbrido (EH) pode ser considerado uma forma de personalizar a construção do 
conhecimento e inserir a tecnologia na educação. Com a evolução no acesso à informação e à 
tecnologia tem-se percebido as mudanças na forma de ensinar e aprender nos dias atuais. Em virtude 
disso, a educação tem aprimorado sua maneira de atuar na relação professor-aluno mediante as 
inovações tecnológicas. Isto favorece a personalização do conhecimento e a busca por um ensino-
aprendizagem mais eficiente. 
 Neste curso propõe-se a compreensão de como o ensino híbrido passou a inovar a 
personalização do ensino, a sua configuração como metodologia de ensino, os benefícios dessa 
aplicação, bem como, apontam-se algumas das principais estratégias para a sua aplicação. 
 
1. Ensino Híbrido e Inovações para o ensino. 
 Híbrido (blended em inglês) no sentido estrito da palavra significa o que tem elementos 
diferentes em sua composição. Ao trazer para a educação, Moran (2013; 2015) afirma existir uma 
mistura de diferentes tipos de blended, a partir da combinação de vários espaços, tempos, atividades, 
metodologias, públicos. Ao mesmo tempo, fala-se em tecnologias blended que integram as atividades 
de ensino presenciais com as digitais. “Na verdade, o termo híbrido pode relacionar-se a um currículo 
mais flexível com o conteúdo básico e fundamental a todos, e que possibilite ainda caminhos 
personalizados para as necessidades de cada aluno” (MORAN, 2013, p. 28). Desse modo, o ensino 
híbrido propõe a interação de processos tradicionais de ensino, nos quais há predomínio da sala de aula 
física, aos processos não tradicionais, no qual a educação online sobressai. 
O surgimento do ensino híbrido (EH) se deu a partir de programas de educação formal, 
predominantemente presencial, combinados ao ensino online (CHRISTENSEN; HORN; STAKER, 2013). Os 
referidos autores discutem ainda que os estudantes no EH contam com a orientação de 
professores/tutores, de modo presencial ou via chat. Nesse sentido, cabe conhecer uma definição 
desses autores para o EH: 
 O ensino híbrido é um programa de educação formal no qual um aluno aprende, pelo 
menos em parte, por meio do ensino online, com algum elemento de controle do estudante 
 
1 Doutoranda em Ciências da Engenharia Ambiental pela EESC USP, MSc. em Engenharia de Produção pela UFRN. Licenciada 
em Ciências Biológicas (UFRN) e Tecnóloga em Gestão Ambiental (IFRN). Com experiência no ensino superior e projetos de 
pesquisa em desenvolvimento tecnológico e industrial pelo CNPq. Foi pesquisadora visitante na Universidade de Strathclyde, 
Escócia. 
 
sobre o tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo, e pelo menos em parte em uma localidade 
física supervisionada, fora de sua residência. (CHRISTENSEN; HORN; STAKER, 2013, p. 7) 
 
A partir da definição apresentada acima, percebe-se a interação entre dois ambientes de 
aprendizagem: o presencial, a partir da sala de aula na escola/faculdade, e o espaço virtual possibilitado 
em decorrência do uso de tecnologias digitais, conforme evidencia-se na figura 1. 
 
Figura 1. Ensino Híbrido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Adaptado de Christensen; Horn e Staker (2013). 
 
É perceptível a importância dada ao aluno no processo de aprendizagem, visto que cada um 
possui uma maneira própria de apreender e construir novos saberes. Desse modo, as interações entre 
diferentes conteúdos de um curso ou disciplina podem favorecer conexões e/ou reorganizações, 
conforme os conhecimentos e visões construídos pelos alunos, fato que poderá proporcionar uma 
educação integrada. 
A configuração blended ou híbrida, como método de ensino possibilitou customizar, ou seja, 
tornar mais pessoal a maneira de atingir aos educandos (sejam crianças, adolescentes, jovens ou 
adultos) com a inserção de tecnologias e métodos que aproximam a abordagem dos conteúdos à vida 
cotidiana do aluno. Nesse sentido destacam-se as tecnologias em rede que, segundo Moran (2015), 
permitem aproximar o mundo inteiro, em tempo real, ampliam as possibilidades de pesquisa online, de 
trazer materiais importantes e atualizados para o grupo, de comunicar com outros professores, alunos e 
pessoas interessadas, muito além das fronteiras físicas da escola/faculdade. 
Diferentes modos de 
absorver conhecimentos 
 
Escola 
 
Com o intuito de tornar mais pessoal a construção de conhecimentos, e consequentemente, a 
aquisição de novos saberes, algumas dimensões vêm sendo incorporadas e esclarecidas na educação 
formal, conforme Moran (2015, p. 27): "1) o modelo blended (ou híbrido) como já discutido é 
semipresencial, no qual há reuniões – física e virtual – em grupos e em momentos diferentes, de acordo 
com a necessidade, com muita flexibilidade (...)", ressaltam-se ainda: "2) metodologias ativas: (...) 
através de práticas, atividades, jogos, projetos relevantes aprende-se melhor, combinando colaboração 
(aprender juntos) e personalização (incentivar e gerenciar os percursos individuais) (...)" e “3) o modelo 
online consiste em uma mistura de cooperação e customização.” 
No modelo online os alunos são estimulados a construírem suas próprias direções de 
aprendizagem e a trabalharem em conjunto, através da resolução de exercícios, de reuniões para 
discutir trabalhos ou conceitos etc. (MORAN, 2015). O acompanhamento desses alunos ocorre através 
de sistemas virtuais "por professores e tutores especialistas, que orientarão os alunos nas questões mais 
difíceis e profundas (...)" (MORAN, 2015, p. 27). 
Nessa perspectiva de ensino híbrido, as formas de ensino presencial (espaço físico) e ensino 
virtual – ao longo do caminho de aprendizado de cada estudante em um curso/disciplina – são 
conectadas para que possa oferecer uma educação integrada. Nesse sentido cabe uma discussão de 
Bacich, Tanzi Neto e Trevisani, (2013, p. 53): 
As propostas híbridas como concepções possíveis para o uso integrado das tecnologias digitais na 
cultura escolar contemporânea, enfatizando que não é necessário abandonar o que se conhece 
até o momento para promover a inserção de novas tecnologias em sala de aula; pode-se 
aproveitar “o melhor dos dois mundos”. 
 
A prática em sala de aula do ensino híbrido pode também explorar a abordagem baseada: 
em problemas e concepções num modelo formal com disciplinas estruturadas e em modelos 
informais; com modelos mais abertos – de desenvolvimento participativo e gradual – e com 
padrões mais esquematizados, elaborados antecipadamente, porém realizados com versatilidade 
e ênfase no acompanhamento do ritmo de cada aluno e do envolvimento deste nas atividades 
em grupo (MORAN, 2015, p. 25). 
 
Como benefícios da aplicação, Vaughan (2010) aponta que no coração do redesenho do ensino, a 
partir do modelo híbrido, está o objetivo de engajar alunos à reflexão e ao discurso crítico. Assim sendo, 
o referido autor ressalta que o ensino híbrido pode ser uma oportunidade para fundamentalmente 
redesenhar as abordagens de aprendizagem e ensino em caminhos que alcançam efetividade, 
conveniência e eficiência aumentadas. 
Bacich; Tanzi Neto e Trevisani (2013) ao discutirem a obra de Bray e McClaskey, afirmam: 
Em um ambiente de aprendizagem personalizado, o aprendizado começa com o aluno. O 
aprendiz informa como aprende melhor para que organize seus objetivos de forma ativa, junto 
com o professor. Em um ambiente de aprendizado individualizado, a aprendizagem é passiva. Os 
professores fornecem instruções individualmente. O aluno não tem voz em seu projeto de 
aprendizagem. Em uma sala de aula diferenciada, os estudantes podem ser participantes ativos 
 
em sua aprendizagem. Os professores modificam a forma de ensinar por meiode estações ou 
aula invertida, apresentando o mesmo conteúdo para diferentes tipos de alunos, mas que ainda 
recebem informações de forma passiva. Quando os estudantes personalizam a sua 
aprendizagem, eles participam ativamente, dirigindo seu processo e escolhendo uma forma de 
aprender melhor (BACICH; TANZI NETO; TREVISANI, 2013, p. 53). 
 
 Nesse sentido, destacam-se na maior parte dos programas de ensino híbrido, os modelos 
propostos por Clayton Christensen Institute: o modelo de Rotação, o modelo Flex, o modelo A La Carte e 
o modelo Virtual Enriquecido. Estes serão apresentados nas próximas partes. 
 
2. Considerações. 
A prática de sala de aula pode ser dinamizada e tornar-se inovadora com a implementação do 
ensino híbrido. Um dos objetivos deste curso é trazer elementos que possam contribuir para inovar o 
processo de ensino-aprendizagem e, por conseguinte, contribuir para o desenvolvimento de um 
processo de construção de conhecimento mais autônomo. O modelo híbrido ao integrar tecnologias de 
ensino online ao ensino formal, predominantemente presencial, traz consigo a importância de 
considerar o conhecimento de mundo e as vivências reais do aluno para tornar a construção de saberes 
cada vez mais prazerosa, esteja ele dentro ou fora da sala de aula. 
 
Referências. 
BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. M. Ensino Híbrido: Personalização e tecnologia na educação. 
In: BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. M. (Org.). Ensino híbrido: personalização e tecnologia na 
educação. Porto Alegre: Penso, 2013. 
CHRISTENSEN, C.; HORN, M.; STAKER, H. Ensino híbrido: uma inovação disruptiva? Uma introdução à 
teoria dos híbridos. 2013. Disponível em: <https://www.pucpr.br/wp-content/uploads/2017/10/ensino-
hibrido_uma-inovacao-disruptiva.pdf>. Acesso em: 27 set. 2018. 
MORAN, J. M. Educação híbrida: Um conceito-chave para a educação hoje. In: BACICH, L.; TANZI NETO, 
A.; TREVISANI, F. M. (Org.). Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: 
Penso, 2013. 
MORAN, J. M. Mudando a educação com metodologias ativas. In: DE SOUZA, C. A; MORALES, O. E. T. 
Convergências Midiáticas, Educação e Cidadania? Aproximações jovens. Ponta Grossa: UEPG/PROEX, 
2015. (Mídias Contemporâneas, 2). Disponível em: <http://www.youblisher.com/p/1121724-Colecao-
Midias-Contemporaneas-Convergencias-Midiaticas-Educacao-e-Cidadania-aproximacoes-jovens-
Volume-II/> Acesso em: 27 set. 2018. 
https://www.pucpr.br/wp-content/uploads/2017/10/ensino-hibrido_uma-inovacao-disruptiva.pdf
https://www.pucpr.br/wp-content/uploads/2017/10/ensino-hibrido_uma-inovacao-disruptiva.pdf
http://www.youblisher.com/p/1121724-Colecao-Midias-Contemporaneas-Convergencias-Midiaticas-Educacao-e-Cidadania-aproximacoes-jovens-Volume-II/
http://www.youblisher.com/p/1121724-Colecao-Midias-Contemporaneas-Convergencias-Midiaticas-Educacao-e-Cidadania-aproximacoes-jovens-Volume-II/
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VAUGHAN, N. D. A blended community of inquiry approach: linking student engagement and course 
redesign. The Internet and Higher Education, Amsterdã, n. 13, p. 60-65, jan. 2010. Disponível em: 
<https://pdfs.semanticscholar.org/e116/04494863a27bf3bdb9f108397bc5e58a71e2.pdf>. Acesso em: 
27 set. 2018. 
 
 
 
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