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Planos Na aula anterior estudamos as retas e suas caracterı́sticas. Em particular vimos que estas representam soluções de sistemas lineares com uma variável livre. Agora passamos a estudar os planos. Veremos que estes são representações de soluções de sistemas lineares de três incógnitas com duas variáveis livres. Planos O plano euclidiano pode ser visto como o conjunto de pontos P tais que o vetor que mede o deslocamento de P com respeito a um ponto O pode ser escrito como uma combinação linear de dois vetores fixos que são linearmente independentes {~e1 = (1,0), ~e2 = (0,1)}. Isto é, P = (x , y) então −→ OP = x~e1 + y~e2. Então, podemos generalizar esta construção para o espaço. Este é o conteúdo da seguinte definição. Planos: Definição O plano π que passa por um ponto Q e é paralelo aos vetores linearmente independentes ~v , ~w é o conjunto de pontos P tais que −→ QP = λ1~v + λ2~w . Observações I Um ponto P está no plano π se −→ QP é combinação linear de {~v , ~w}. Em particular, Q ∈ π pois −−→ QQ = 0~v + 0~w I Existem pontos P1,P2 ∈ π tais que −−→ QP1 = ~v e −−→ QP1 = ~w . Demonstração: De fato, na equação do plano, −→ QP = λ1~v + λ2~w . Se λ1 = 1 e λ2 = 0 sabemos que existe P1 tal que −−→ QP1 = 1~v + 0~w = ~v Se λ1 = 0 e λ2 = 1 existe P2 tal que −−→ QP2 = 0~v + 1~w = ~w . Exemplo Seja Q = (0,−1,2), ~v = (1,−2,1) e ~w = (−1,0,3). Então, um ponto P = (x , y , z) está no plano π que passa por Q e é paralelo a ~v e ~w se (x , y + 1, z − 2) = λ1(1,−2,1) + λ2(−1,0,3) λ1, λ2 ∈ R. Planos: Equação paramétrica A equação do plano pode ser escrita em termos de coordenadas como segue: O plano π que passa por um ponto Q = (x0, y0, z0) e é paralelo aos vetores linearmente independentes ~v = (v1, v2, v3) e ~w = (w1,w2,w3) é o conjunto de pontos P = (x , y , z) tais que (x − x0, y − y0, z − z0) = λ1(v1, v2, v3) + λ2(w1,w2,w3), de onde segue que π : x = x0 + λ1v1 + λ2w1 y = y0 + λ1v2 + λ2w2 z = z0 + λ1v3 + λ2w3 λ1, λ2 ∈ R. Esta equação é conhecida como equação paramétrica do plano. Exemplo Seja Q = (0,−1,2), ~v = (1,−2,1) e ~w = (−1,0,3). Então, um ponto P = (x , y , z) está no plano π que passa por Q e é paralelo a ~v e ~w se π : x = 0 + λ1 − λ2 y = −1− 2λ1 z = 2 + λ1 + 3λ2 λ1, λ2 ∈ R. Definição Um vetor ~v é dito paralelo ao plano π se para qualquer P ∈ π existe um Q ∈ π tal que −→ PQ = ~v . Um vetor ~η é dito normal ao plano se ~η · −→ PQ = 0 para quaisquer P,Q ∈ π. Com esta definição obtemos outra forma de descrever o plano π. Seja π o plano que passa por um ponto Q e é paralelo aos vetores linearmente independentes ~v , ~w . Defina ~η = ~v × ~w então, claramente η · ~v = η · ~w = 0. Da definição tiramos que o plano π que passa por Q e é paralelo aos vetores ~v , ~w é o conjunto de pontos P tais que −→ QP · ~η = 0. De fato se P ∈ π então existem λ1, λ2 ∈ R tal que −→ QP = λ1~v + λ2~w , de onde −→ QP · ~η = 0. Por outro lado, assuma que −→ QP · ~η = 0. Utilizando que {~η, ~v , ~w} são linearmente independentes no espaço, temos −→ QP = λ1~η + λ2~v + λ3~w Como 0 = −→ QP · ~η = λ1 ‖~η‖2 ⇒ λ1 = 0 de onde −→ QP = λ2~v + λ3~w portanto P ∈ π. Neste caso o vetor ~η recebe o nome de vetor normal ao plano π pois, para todo par de pontos P e Q no plano π temos que,−→ QP é ortogonal a ~η. Equação geral do plano Temos assim que o plano π que passa por Q e tem ~η como vetor normal é o conjunto de pontos P que satisfaz π : {P ∈ R3, −→ QP · ~η = 0}. Se P = (x , y , z), Q = (x0, y0, z0) e ~η = (a,b, c) então a equação acima pode ser escrita como (x − x0, y − y0, z − z0) · (a,b, c) = 0, ou ax + by + cz = (ax0 + by0 + cz0) := d , que é a equação geral do plano. Proposição O plano é a representação gráfica do conjunto solução um sistema linear com duas variáveis livres. Demonstração. Segue do slide anterior. Observação Para estudar o comportamento de uma função f : R2 → R ao redor de um ponto (x0, y0), podemos calcular o polinômio de Taylor de primeiro grau ao redor do ponto: f (x , y) = z ' f (x0, y0)+ ∂x f (x0, y0)(x − x0)+ ∂y f (x0, y0)(y − y0). Temos assim que f pode ser descrita, ao redor de (x0, y0) pela equação de um plano. Este plano recebe o nome de plano Tangente a z = f (x , y) em (x0, y0, f (x0, y0)). Exemplo Seja Q = (0,−1,2), ~v = (1,−2,1) e ~w = (−1,0,3). Observamos que ~η = ~v × ~w = det e1 e2 e31 −2 1 −1 0 3 = ( −6,−4,−2 ) . Então, um ponto P = (x , y , z) está no plano se −6x − 4y − 2z = (0 + 4− 4) = 0 ⇒ 3x + 2y + z = 0. Exemplo Vamos achar condições para determinar se três pontos P1,P2,P3 estão no mesmo plano. Se eles estão no mesmo plano temos que −−−→ P1P2 e −−−→ P1P3 são paralelos ao plano, portanto −−−→ P1P2 × −−−→ P1P3 deve ser normal ao plano. De onde tiramos que −−−→ P2P3 · ( −−−→ P1P2 × −−−→ P1P3) = 0. Análogamente, se temos três pontos P1,P2,P3 no plano podemos determinar a equação deste considerando o vetor normal ~η = −−−→ P1P2 × −−−→ P1P3 e um ponto qualquer, por exemplo P1, e substituir na equação do plano π : {P ∈ R3, −−→ P1P · ~η = 0}. Resumo Para obter a equação de um plano são necessários um ponto no plano Q = (x0, y0, z0) e dois vetores linearmente independentes e paralelos ao plano ~v = (v1, v2, v3), ~w = (w1,w2,w3). Com esta informação, a equação do plano fica (x−x0, y−y0, z−z0) = λ1(v1, v2, v3)+λ2(w1,w2,w3) λ1, λ2 ∈ R, na forma vetorial, ou π : x = x0 + λ1v1 + λ2w1 y = y0 + λ1v2 + λ2w2 z = z0 + λ1v3 + λ2w3 λ1, λ2 ∈ R, na forma paramétrica. Resumo Também podemos descrever um plano a partir de um ponto no plano Q = (x0, y0, z0) e um vetor normal ~η = (a,b, c). Neste caso, temos uma equação para descrevé-lo, chamada de equação geral do plano, e que pode ser obtida a partir do vetor normal e do ponto ao fazer ax + by + cz = (ax0 + by0 + dz0). Resumo A relação entre as duas formas de descrever o plano é a seguinte: I Os vetores paralelos ~v e ~w fornecem um vetor normal no plano ~η = ~v × ~w . I O vetor normal fornece dois vetores paralelos ao plano ~v e ~w que são vetores linearmente independentes e que ressolvem a equação ~η · ~u = 0.
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