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ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS AULA 05 Prof. Ivanildo Viana Moura CONVERSA INICIAL Olá estudante, tudo bem? Estamos iniciando nossa aula de número cinco, e vamos conhecer outro demonstrativo importante para os usuários tomadores de decisão. O objetivo desta aula, é fornecer o conhecimento acerca da obrigatoriedade, informações a serem evidenciadas e a elaboração da demonstração do valor adicionado. Para atingir a esse objetivo, iremos estudar os seguintes tópicos: Demonstração do valor adicionado Características das informações da DVA Informações apresentadas na DVA Elaboração e Estrutura da DVA Benefícios das informações da DVA Aproveite a leitura e pratique os conhecimentos adquiridos resolvendo os exercícios. Lembre-se, a melhor maneira de aprender, é praticando. CONTEXTUALIZANDO A contabilidade é uma ciência social aplicada que tem por objetivo fornecer informações úteis aos usuários da informação contábil, informações essas que são geradas a partir o patrimônio das entidades, sendo esse o objeto de estudo da contabilidade. A contabilidade é também conhecida como a linguagem dos negócios pois ela “mede os resultados das empresas, avalia o desempenho dos negócios, dando diretrizes para a tomada de decisões” (MARION, 2018, p. 04). Quando falamos sobre contabilidade, informações úteis e usuários dessas informações, geralmente pensamos em investimentos, acionistas, grandes empresas e seus gestores. No entanto, é importante que tenhamos conhecimento que as informações fornecidas pela contabilidade não são elaboradas somente para esse tipo de usuários, pois outros tomadores de decisão precisam de outros tipos de dados que lhe sejam úteis em seus processos decisórios. Quem são eles? Bem, na nossa aula de hoje vamos estudar um demonstrativo que tem como foco não a tomada de decisões de cunho financeiro, mas sim, evidenciar informações que apresentam um contexto mais voltado para o lado social, pois ele evidencia a riqueza criada por uma empresa 3 e os grupos que recebem parte dessa riqueza. Estamos falando da DVA, a qual é apresentada a seguir. TEMA 1 – DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO As demonstrações estudadas até o momento, evidenciam informações do contexto empresarial que podem ser muito úteis aos usuários tomadores de decisões em contextos diversos, mas que fornecem na grande maioria, subsídios para decisões de cunho financeiro. Essas informações fornecidas por esses demonstrativos, podem ser divididas em patrimoniais, financeiras e econômicas, e são de interesses de grupos específicos, os quais as tomam como subsídios para a tomada de decisão. Acontece que, esses mesmos grupos, podem dispor de outros tipos de informações que não somente aquelas pertinentes ao desempenho econômico, composição do patrimônio e geração de caixa, pois as atividades empresariais resultam em agregação de valores para os produtos/serviços gerados pelas entidades, e esses valores, são distribuídos de forma direta ou indireta para a sociedade, pois de um modo ou de outro, toda a gama de stakeholders tende a receber alguma parcela desse valor. Nesse contexto, pondera-se que as empresas geram riquezas com suas atividades, adicionando valor aos insumos utilizados nos processos operacionais e, posteriormente, distribuindo parte do valor agregado aos envolvidos nesse processo, de forma direta ou indireta. Como é que essa riqueza é distribuída? De que forma essa informação pode chegar aos interessados? Mas afinal, quem são os grupos beneficiados com a geração de valor pela empresa? 4 Muita calma nessa hora! Uma coisa de cada vez, não é mesmo? Vamos iniciar respondendo a última pergunta, ou seja, a forma como a informação pode chegar aos interessados. Aqui, novamente, temos um demonstrativo contábil que tem por objetivo “demonstrar a origem da riqueza gerada pela entidade, e como essa riqueza foi distribuída entre os diversos setores que contribuíram, direta ou indiretamente, para a sua geração” (RIBEIRO, 2017, p. 373). Esse demonstrativo é chamado de Demonstração do Valor Adicionado (DVA). Isso significa que todos os que tem interesse em saber como uma determinada empresa gera riqueza e como essas riquezas são distribuídas entre os setores, terá acesso a essas informações por meio da DVA, desde que essa empresa elabore e publique esse demonstrativo. Assim como ocorreu com a DFC, a DVA tornou-se obrigatória para as sociedades de capital aberto e as fechadas de grande porte por conta das alterações na lei 6.404/76 dadas por meio da lei 11.638/07. Nesse contexto, essas empresas são obrigadas a elaborar e divulgar esse demonstrativo em cada período, visando fazer com que a sociedade de um modo geral, possua informações acerca da criação e distribuição de riqueza que foi gerada no contexto de suas atividades. Também como aconteceu com os demonstrativos estudados anteriormente, temos a obrigatoriedade acerca da publicação da DVA dada pela lei, mas quem norteia as entidades na sua elaboração, é o CPC por meio do Pronunciamento Técnico CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado, “o qual foi aprovado pela Deliberação CVM no 557, de 12-11-2008, para as companhias abertas e pela Resolução CFC no 1.138/08 para os profissionais de contabilidade das entidades não sujeitas a alguma regulação contábil específica” (GELBECK et al., 2018, p. 647). O Pronunciamento Técnico PME – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas não contém disposições específicas sobre tal demonstração, e pela legislação brasileira ela não é exigida dessas entidades (GELBCKE et al. 2018, p. 656) Ok, tudo certo, mas quais empresas são obrigadas a elaborar a DVA? 5 Nesse contexto, o CPC 09 pontua que “a entidade deve elaborar a DVA e apresentá-la como parte integrante das suas demonstrações contábeis divulgadas ao final de cada exercício social”. Dessa forma, dentre o rol de demonstrativos contábeis obrigatórios, temos então a DVA como nosso último demonstrativo a ser estudado nesta disciplina, e as informações a serem apresentadas por ele, serão estudadas nos nossos próximos temas. TEMA 2 – CARACTERÍSTICAS DAS INFORMAÇÕES DA DVA De acordo com o CPC 09, na elaboração DVA deve-se levar em conta os critérios para a elaboração das demonstrações contábeis definidos pelo pronunciamento técnico CPC 00 (vide disciplina Estrutura da Contabilidade Brasileira), e o pronunciamento pontua também que os dados da DVA, em sua grande maioria, são obtidos principalmente a partir da Demonstração do Resultado. A menção a DRE feita pelo CPC é justamente porque a DVA evidencia em sua grande maioria, informações acerca de ingressos (receitas) e despesas (gastos) incorridos no decorrer de um determinado exercício, mas apresentados de forma mais detalhada, separados por grupos, visto que a essa separação possibilita a identificação da geração de riqueza e a quais setores foi distribuída. Para a elaboração do demonstrativo, o CPC apresenta uma série de termos, os quais são apresentados a seguir para que se tenha um melhor entendimento acerca do demonstrativo, conforme segue: Os termos abaixo são utilizados neste Pronunciamento com os seguintes significados: Valor adicionado representa a riqueza criada pela empresa, de forma geral medida pela diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros. [...] Receita de venda de mercadorias, produtos e serviços representa os valores reconhecidos na contabilidade a esse título pelo regime de competência e incluídos na demonstração do resultado do período. Outras receitas representam os valores que sejam oriundos, principalmente, de baixas por alienação de ativos não-circulantes, tais como resultados na venda de imobilizado, de investimentos, e outras transaçõesincluídas na demonstração do resultado do exercício que não configuram reconhecimento de transferência à entidade de riqueza criada por outras entidades. [...] Insumo adquirido de terceiros representa os valores relativos às aquisições de matérias- primas, mercadorias, materiais, energia, serviços, etc. que tenham sido transformados em despesas do período. [...] Depreciação, amortização e exaustão representam os valores reconhecidos no período e normalmente utilizados para conciliação entre o fluxo de caixa das atividades operacionais e o resultado líquido do exercício. Valor adicionado recebido em transferência representa a riqueza que não tenha sido criada pela própria entidade, e sim por terceiros, e que a ela é transferida, como por exemplo receitas financeiras, de equivalência patrimonial, dividendos, aluguel, royalties, etc. [...] 6 No texto do CPC, é possível perceber as principais características de cada um dos termos utilizados para quando se fala em DVA. Chama-se a atenção para a forma como o CPC aponta a configuração do valor adicionado, visto que que esse termo está representando a diferença entre valor de vendas e insumos adquiridos de terceiros. Esse contexto leva a conclusão que empresas mais eficientes em processos operacionais, conseguem gerar mais valor. Na receita de venda de mercadorias (também de serviços para as empresas desse ramo de atividade), deve-se levar em conta que aqui, o CPC fala unicamente das receitas geradas a partir da atividade principal da empresa, aquela pela qual a entidade foi constituída. Outro ponto a ser observado, diz respeito ao regime de competência na elaboração desse demonstrativo. Conforme já estudado anteriormente, a lei das SA determina que todos os demonstrativos sejam elaborados conforme escrituração dos fatos contábeis pelo regime de competência, com exceção apenas para a DFC, a qual deve ser elaborada pelo regime de caixa. O item “outras receitas” deve apresentar as receitas que não são oriundas da atividade principal da entidade. O CPC não deixa claro o motivo dessa segregação, mas acredita-se que, assim como na DRE, o motivo pode ser para que fique mais fácil perceber a capacidade da empresa em manter suas operações a partir de suas atividades principais, o que fornece informações mais detalhadas e precisas aos usuários. Outro ponto é que o CPC menciona que também podem ser considerados em outras receitas, alguns itens que não são considerados na DRE, como é o caso de ativos construídos para uso próprio e juros pagos incorporados aos valores de ativos de longo prazo. Os insumos adquiridos de terceiros representam todos os gastos incorridos nas atividades operacionais da entidade, aqui sendo considerados tanto custos quanto despesas, os quais são destacados na DRE sendo deduzidos das receitas para a apuração do resultado do período. Depreciação, amortização e exaustão dizem respeito a despesas reconhecidas na DRE para mensurar a perda de valor de ativos fixos como máquinas, equipamentos, instalações, etc. (depreciação), ativos intangíveis como marcas, patentes, fundo de comércio, etc. (amortização) e ativos de exploração de recursos naturais ou minerais (exaustão). Por fim, o CPC caracteriza o valor adicionado recebido, o qual diz respeito a riquezas transferidas de terceiros. O ponto principal aqui, é que o CPC 7 recomenda que se tenha cuidado para não fazer dupla contagem nas agregações, o que significa que um item que foi classificado em valor adicionado, por engano poderia também estar constando novamente no item valor adicionado recebido. É importante que se tenha conhecimento acerca desses termos e se faça distinção entre os mesmos para uma correta classificação dos itens que devem ser classificados para compor a DVA, pois esse demonstrativo possibilita que o usuário tenha conhecimento de quanto a entidade contribui para a formação do PIB, conforme o CPC 09: Conforme já comentado anteriormente, a DVA apresenta as informações de forma segregada, o que possibilita saber onde a riqueza gerada foi distribuída, e conforme o CPC, a elaboração desse demonstrativo por segmento pode representar informações ainda mais valiosas no auxílio da formulação de predições. As informações apresentadas pela DVA estão no nosso próximo tema. TEMA 3 – INFORMAÇÕES APRESENTADAS NA DVA Já tomamos conhecimentos de vários termos que estão relacionados a DVA, mas ainda não ficou claro o que é a riqueza gerada e nem como essa riqueza é distribuída. Bom, vamos agora então entender o que é essa riqueza e como ela é formada. Também iremos saber como essa riqueza é distribuída, pois essas são as informações apresentadas pela DVA. Iniciamos então com a determinação da lei 6.404/76 acerca dessas informações: Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e V do caput do art. 176 desta Lei indicarão, no mínimo: (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) II – demonstração do valor adicionado – o valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída. (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) Muito bem, a lei das SA determina que a riqueza gerada pelas entidades seja evidenciada pela DVA, assim como foi feita a sua distribuição entre os A DVA está fundamentada em conceitos macroeconômicos, buscando apresentar, eliminados os valores que representam dupla-contagem, a parcela de contribuição que a entidade tem na formação do Produto Interno Bruto (PIB). Essa demonstração apresenta o quanto a entidade agrega de valor aos insumos adquiridos de terceiros e que são vendidos ou consumidos durante determinado período. 8 elementos, no caso, diversos stakeholders (empregados, financiadores, acionistas, governo, dentre outros). Bom, a riqueza gerada pela entidade, é representada pelo valor adicionado, conforme já comentado anteriormente. Por sua vez, o valor adicionado é medido pela diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros. A riqueza deve ser apresentada de forma detalhada na primeira parte da DVA, conforme a estrutura determinada pelo CPC 09. Desse modo, para evidenciar a riqueza criada pela própria entidade (valor adicionado) o pronunciamento apresenta os principais componentes da riqueza, conforme segue: Receitas: Conforme o CPC 09, a formação de riqueza é evidenciada a partir das receitas auferidas pela entidade, considerando como receitas: Venda de mercadorias, produtos e serviços: diz respeito aos ingressos de recursos relativos à venda dos bens e serviços da empresa, ou seja, advém da atividade principal da entidade. Nesse item, são considerados os tributos incidentes sobre essas receitas. Outras receitas: são aquelas oriundas de atividades que não a principal da empresa, por exemplo, venda de ativos imobilizados. Aqueles ingressos relativos a vendas de itens que não os da atividade principal da entidade, se encaixam aqui. Aqui também deve-se considerar os tributos incidentes. Provisão para créditos de liquidação duvidosa (PCLD) – reversão/ (constituição): nesse item, deve-se tomar muito cuidado, pois temos duas Para exemplificar, consideremos que uma determinada unidade de mercadoria adquirida do fornecedor por $ 20, tenha sido vendida pela empresa comercial por $ 30. Nesse caso, o valor adicionado pela empresa comercial corresponde a $ 10 (30 - 20). Observe bem: embora a Receita Bruta de vendas dessa empresa comercial tenha sido de $ 30, ela agregou à economia do país apenas $ 10, uma vez que os outros $ 20 representam riquezas já geradas por empresas integrantes da cadeia produtiva, porém em outras etapas da produção (agricultura, indústria, comércio atacadista e serviços). O valor adicionado de $ 10, portanto,corresponde à remuneração dos esforços que a empresa despendeu no desenvolvimento de suas atividades. Entre esses esforços incluem-se os empregados (fonte de mão de obra), os investidores (fonte de Capital Próprio), os financiadores (fonte de Capitais de Terceiros) e o Governo, que será remunerado por meio dos impostos como contrapartida dos benefícios sociais que oferece a toda sociedade, inclusive às empresas. Assim, o valor adicionado gerado em cada empresa em um determinado período representa o quanto essa empresa contribuiu para a formação do Produto Interno Bruto (PIB*) do país no referido período (RIBEIRO, 2017, p. 374). 9 possibilidades para essa conta. Na primeira, temos a reversão da provisão. Quando ocorre essa reversão, automaticamente o valor referente a mesma volta para a conta de origem, no caso, “clientes”, no ativo circulante. Essa reversão leva a um aumento nas receitas da entidade, pois aumenta o patrimônio. Por outro lado, se fosse a constituição da reserva, então seria o contrário, pois estaríamos diminuindo a conta de clientes, e, portanto, o patrimônio (perceba que o termo “constituição” está entre parênteses, indicando valor negativo). Dessa forma, quando se fala em DVA, a PCLD aumenta as receitas, quando da sua reversão, ou diminui as receitas, quando é constituída. As receitas são itens positivos, e assim como acontece com a DRE, a partir dela começam a ser deduzidos os itens que não representam o valor adicionado pela empresa, itens esses que foram recebidos de outras empresas, ou que vieram por transferência. Insumos adquiridos de terceiros: Quando uma sociedade efetua a produção ela cria riqueza, sendo essa representada pela diferença entre o valor da venda e o valor pago a terceiros a título de insumos para a obtenção dos produtos, mercadorias ou serviços. No entano, os fornecedores de insumos também geraram riquezas quando os produziram, e por essa razão eles são diminuídos na parte inicial da DVA (VICECONTI; NEVES, 2018). Assim, esses valores que são deduzidos da receita bruta por não terem sido adicionados pela entidade, sendo eles descritos a seguir (texto dado pelo CPC 09): A PCLD é uma provisão. As provisões são estimativas feitas pela empresa acerca de eventos que podem diminuir o ativo ou aumentar o passivo. No caso da PCLD, as provisões são estimativas que a empresa tem sobre perdas futuras na conta clientes, ou seja, vendas a prazo realizadas pela empresa e que não são recebidas. [...] para o caso dos Créditos de Liquidação Duvidosa “a partir de certas previsões, constitui-se, contabilmente, a Provisão. Não dá para confundir. A empresa pode, inclusive, prever perdas, e não contabilizar a Provisão se fizer uma Contabilidade incorreta” (GELBECK, et al., 2018, p. 12). Para se ter um exemplo mais prático, pense da seguinte forma: uma determinada empresa possui uma média de vendas mensais a prazo no valor de R$1.000.000,00 (um milhão de reais). No entanto, com base em dados históricos, é possível estimar que 5% desse valor não é recebido, ou seja, os clientes que compraram a prazo dessa empresa, deixam de pagar um valor aproximado de R$50.000,00. Diante disso, a empresa deve realizar a provisão (conta redutora da conta clientes, no ativo circulante) para reconhecimento da perda na demonstração de resultado, levando a uma diminuição do ativo. Caso essa previsão de perda não se confirme, a empresa deverá fazer a reversão dessa provisão, retornando os valores para a respectiva conta. Você sabe o que é PCLD? 10 Custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos - inclui os valores das matérias-primas adquiridas junto a terceiros e contidas no custo do produto vendido, das mercadorias e dos serviços vendidos adquiridos de terceiros; não inclui gastos com pessoal próprio. Materiais, energia, serviços de terceiros e outros - inclui valores relativos às despesas originadas da utilização desses bens, utilidades e serviços adquiridos junto a terceiros. Assim como acontece nas receitas, o CPC pontua que sejam também considerados os tributos incluídos nos custos dos produtos e mercadorias vendidas, e todos os demais insumos que estejam incluídos nesses itens, independentemente desses tributos serem recuperáveis ou não. A seguir, outros itens são classificados nessa categoria pelo CPC 09: Perda e recuperação de valores ativos - inclui valores relativos a ajustes por avaliação a valor de mercado de estoques, imobilizados, investimentos, etc. Também devem ser incluídos os valores reconhecidos no resultado do período, tanto na constituição quanto na reversão de provisão para perdas por desvalorização de ativos [...]. Os valores referentes a perda e constituição de provisão devem ser diminuídos, mas quando se trata de reversão de provisão, o valor será somado. Ao chegar nesse item, evidencia-se a seguir o valor adicionado bruto gerado pela entidade. Em seguida, têm-se outras deduções a serem feitas, conforme abaixo: Depreciação, amortização e exaustão: inclui a despesa ou o custos contabilizados no período. Após essas deduções, evidencia-se então o valor adicionado líquido produzido pela entidade. Esse valor implica no resultado apurado a partir das atividades operacionais da empresa, as atividades principais realizadas pela entidade. A lógica dedutiva da DVA, a partir do valor adicionado líquido, passa então a incorporar ou deduzir outros itens conforme segue (texto do CPC 09): Valor adicionado recebido em transferência. Resultado de equivalência patrimonial - o resultado da equivalência pode representar receita ou despesa; se despesa, deve ser considerado como redução ou valor negativo. 11 Receitas financeiras - inclui todas as receitas financeiras, inclusive as variações cambiais ativas, independentemente de sua origem. Outras receitas - inclui os dividendos relativos a investimentos avaliados ao custo, aluguéis, direitos de franquia, etc. Após realizadas essas operações de deduções e adições, por fim, evidencia-se o valor adicionado total a distribuir. Desse ponto em diante, a DVA mostra os grupos a quem esses valores foram distribuídos. Distribuição da riqueza: mostra de forma detalhada como a riqueza gerada foi distribuída, segregadas conforme segue (texto do CPC 09): Pessoal – valores apropriados ao custo e ao resultado do exercício na forma de: Remuneração direta - representada pelos valores relativos a salários, 13º salário, honorários da administração (inclusive os pagamentos baseados em ações), férias, comissões, horas extras, participação de empregados nos resultados, etc. Benefícios - representados pelos valores relativos a assistência médica, alimentação, transporte, planos de aposentadoria etc. FGTS – representado pelos valores depositados em conta vinculada dos empregados. A distribuição da riqueza inicia-se pelo grupo de pessoal, implica em todos os pagamentos e encargos sociais trabalhistas destinados aos funcionários da empresa. É a alteração do valor contábil das participações societárias registradas no Ativo Não Circulante – Investimentos, pela investidora, conforme o aumento ou a diminuição do Patrimônio Líquido (PL) da investida (VICECONTI; NEVES, 2018, p. 119). Significa que um investimento de uma empresa em outra, é reconhecido inicialmente pelo valor do custo (valor que a empresa investiu na outra), mas a partir daí, esse valor é ajustado conforme ocorrem mutações no patrimônio da investida (o valor pode aumentar ou diminuir). Por exemplo, quando a empresa investida vai obtendo lucros em períodos subsequentes, o resultado de equivalência patrimonial é positivo, mas caso essa empresa tenha resultados negativos (prejuízos) a equivalência também será negativo. Equivalência Patrimonial 12 Ficou surpreso? Pois é, é exatamente isso que significa a distribuição de riqueza. Os recursos pagospela empresa em contrapartida ao capital fornecido por determinados grupos, incluindo aqui o capital humano, que diz respeito aos funcionários da empresa. Assim, os outros grupos são apresentados a seguir (texto do CPC 09): Impostos, taxas e contribuições - valores relativos ao imposto de renda, contribuição social sobre o lucro, contribuições aos INSS (incluídos aqui os valores do Seguro de Acidentes do Trabalho) que sejam ônus do empregador, bem como os demais impostos e contribuições a que a empresa esteja sujeita. Para os impostos compensáveis, tais como ICMS, IPI, PIS e COFINS, devem ser considerados apenas os valores devidos ou já recolhidos, e representam a diferença entre os impostos e contribuições incidentes sobre as receitas e os respectivos valores incidentes sobre os itens considerados como “insumos adquiridos de terceiros”. Federais – inclui os tributos devidos à União, inclusive aqueles que são repassados no todo ou em parte aos Estados, Municípios, Autarquias etc., tais como: IRPJ, CSSL, IPI, CIDE, PIS, COFINS. Inclui também a contribuição sindical patronal. O quê? Então isso é a distribuição de riqueza? Achei que a empresa distribuía dinheiro... 13 Estaduais – inclui os tributos devidos aos Estados, inclusive aqueles que são repassados no todo ou em parte aos Municípios, Autarquias etc., tais como o ICMS e o IPVA. Municipais – inclui os tributos devidos aos Municípios, inclusive aqueles que são repassados no todo ou em parte às Autarquias, ou quaisquer outras entidades, tais como o ISS e o IPTU. Aqui nesse item, conforme podemos observar, o governo é o beneficiário da riqueza distribuída pela empresa. Todos os valores pagos referentes a impostos, taxas e contribuições que são pagos pelo governo, representam a parcela de riqueza que a mesma distribui e que cujo beneficiário é o governo. Perceba que, de forma indireta, a sociedade também está se beneficiando dessa parcela distribuída a esse grupo, pois esses valores se convertem em benefícios para a população, seja como investimentos na educação, na saúde, em transporte, etc. Remuneração de capitais de terceiros - valores pagos ou creditados aos financiadores externos de capital. Juros - inclui as despesas financeiras, inclusive as variações cambiais passivas, relativas a quaisquer tipos de empréstimos e financiamentos junto a instituições financeiras, empresas do grupo ou outras formas de obtenção de recursos. Inclui os valores que tenham sido capitalizados no período. Aluguéis - inclui os aluguéis (inclusive as despesas com arrendamento operacional) pagos ou creditados a terceiros, inclusive os acrescidos aos ativos. Outras - inclui outras remunerações que configurem transferência de riqueza a terceiros, mesmo que originadas em capital intelectual, tais como royalties, franquia, direitos autorais, etc. Aqui neste item, entram os credores, fornecedores de capital que não tem vínculo com a empresa, mas que fornecem recursos a ela. Esse grupo recebe sua parcela da riqueza gerada pela entidade na forma de pagamento de despesas, pois essas não configuram os custos de bens ou serviços. Remuneração de capitais próprios - valores relativos à remuneração atribuída aos sócios e acionistas. Juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos - inclui os valores pagos ou creditados aos sócios e acionistas por conta do resultado do período, 14 ressalvando-se os valores dos JCP transferidos para conta de reserva de lucros. Devem ser incluídos apenas os valores distribuídos com base no resultado do próprio exercício, desconsiderando-se os dividendos distribuídos com base em lucros acumulados de exercícios anteriores, uma vez que já foram tratados como “lucros retidos” no exercício em que foram gerados. Lucros retidos e prejuízos do exercício - inclui os valores relativos ao lucro do exercício destinados às reservas, inclusive os JCP quando tiverem esse tratamento; nos casos de prejuízo, esse valor deve ser incluído com sinal negativo. As quantias destinadas aos sócios e acionistas na forma de Juros sobre o Capital Próprio – JCP, independentemente de serem registradas como passivo (JCP a pagar) ou como reserva de lucros, devem ter o mesmo tratamento dado aos dividendos no que diz respeito ao exercício a que devem ser imputados. Com base nas informações apresentadas anteriormente, pode-se verificar “o valor da riqueza econômica gerada pelas atividades da empresa como resultante de um esforço coletivo e sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a sua criação” (GELBECK, et al., 2018, p. 647). “Assim, podem ser identificadas as entidades que mais distribuem aos acionistas, aquelas que distribuem parte relevante aos funcionários, aquelas que entregam parte significativa ao governo e, também, aos financiadores” (BORINELLI; PIMENTEL, 2018, p. 289). Assim, a DVA apresenta informações acerca da parcela de riqueza gerada que foi destinada a cada grupo, tornando-se um demonstrativo com potencial para tomada de decisões não somente econômicas e financeiras, mas também de cunho social, pois possibilita aos grupos que contribuem para a geração de riqueza de determinas empresas, saberem quanto dessa riqueza está retornando para si. As informações apresentadas neste tema, apresentam de forma detalhada a estrutura da DVA, estrutura essa que será apresentada a seguir. TEMA 4 – ELABORAÇÃO E ESTRUTURA DA DVA Conforme estudado no tema anterior, a DVA utiliza-se em sua grande maioria, de contas extraídas da DRE, mas também apresenta contas que compõe o balanço patrimonial, pois a evidenciação da riqueza gerada e a 15 distribuição da mesma são demonstradas por meio da dinâmica apresentada anteriormente, compreendendo contas patrimoniais e de resultado. As Contas de Resultado que serão consultadas para a elaboração da DVA são todas aquelas que representam as Despesas, os Custos e as Receitas, observado o Regime de competência. As Contas Patrimoniais das quais serão extraídas informações para a elaboração da DVA são aquelas representativas das Participações de Terceiros (tributos sobre o Lucro Líquido, debenturistas, empregados, administradores etc.), bem como aquelas representativas da remuneração dos acionistas pelo Capital investido (Juros e Dividendos) (RIBEIRO, 2017, p. 374). Conforme já mencionado anteriormente, a elaboração da DVA deve ser realizada com base nas diretrizes do CPC 09, o qual, assim como a lei das sociedades por ações, determina que “a entidade deve elaborar a DVA e apresentá-la como parte integrante das suas demonstrações contábeis divulgadas ao final de cada exercício social”. Nesse contexto, Gelbeck et al. (2018, p. 648) pontuam alguns itens que devem ser considerados para que a elaboração e divulgação da DVA atenda aos requisitos estabelecidos no Pronunciamento Técnico CPC 09 e pela legislação societária: ser feita com base no princípio contábil da competência; ser apresentada de forma comparativa (período atual e anterior); ser feita com base nas demonstrações consolidadas, e não pelo somatório das Demonstrações do Valor Adicionado individuais, no caso da divulgação da DVA consolidada; incluir a participação dos acionistas não controladores no componente relativo à distribuição do valor adicionado, no caso da divulgação da DVA consolidada; ser consistente com a demonstração do resultado e conciliada em registros auxiliares mantidos pela entidade; e ser objeto de revisão ou auditoria se a entidade possuir auditores externos independentes que revisem ou auditem suas Demonstrações Contábeis. Uma vez que esses itens sejam seguidos quando da elaboração da DVA, entende-se que a entidade que reporta a informação estará atendendo todos os requisitos estabelecidos, mas o CPC ainda determina qual a estrutura deve ter o demonstrativo.Importante ressaltar que os requisitos mínimos para o demonstrativo são dados pela Lei 6.404/76 em seu artigo 188, conforme elencado no tema 03, mas o CPC coloca as mesmas informações de forma mais detalhada, conforme visto anteriormente. Assim, para que se possa realizar a elaboração do demonstrativo de forma mais padronizada, o CPC 09 traz um modelo de DVA que pode ser 16 seguido pelas empresas na elaboração do demonstrativo, o qual apresenta todas as informações que vimos no tema anterior. Figura 1 - Demonstração do Valor Adicionado – EMPRESAS EM GERAL Fonte: Pronunciamento Técnico Contábil - CPC 09 Esse modelo dado pelo pronunciamento deve ser utilizado pelas empresas de um modo geral, mas o CPC 09 também apresenta outros dois modelos de DVA, no entanto, para entidades específicas, que não podem utilizar o modelo aqui apresentado. Talvez você tenha percebido certa semelhança entre DRE e DVA, não é mesmo? Importante ressaltar que esses dois demonstrativos apresentam objetivos complementares. Enquanto a prioridade da DRE é enfatizar o lucro liquido do exercício, a DVA prima por demonstrar a riqueza gerada pela empresa Em Em milhares de reais milhares de reais 20X1 20X0 1 – RECEITAS 1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços 1.2) Outras receitas 1.3) Receitas relativas à construção de ativos próprios 1.4) Provisão para créditos de liquidação duvidosa – Reversão / (Constituição) 2 - INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (inclui os valores dos impostos – ICMS, IPI, PIS e COFINS) 2.1) Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos 2.2) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros 2.3) Perda / Recuperação de valores ativos 2.4) Outras (especificar) 3 - VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2) 4 - DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO 5 - VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4) 6 - VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA 6.1) Resultado de equivalência patrimonial 6.2) Receitas financeiras 6.3) Outras 7 - VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6) 8 - DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (*) 8.1) Pessoal 8.1.1 – Remuneração direta 8.1.2 – Benefícios 8.1.3 – F.G.T.S 8.2) Impostos, taxas e contribuições 8.2.1 – Federais 8.2.2 – Estaduais 8.2.3 – Municipais 8.3) Remuneração de capitais de terceiros 8.3.1 – Juros 8.3.2 – Aluguéis 8.3.3 – Outras 8.4) Remuneração de Capitais Próprios 8.4.1 – Juros sobre o Capital Próprio 8.4.2 – Dividendos 8.4.3 – Lucros retidos / Prejuízo do exercício 8.4.4 – Participação dos não-controladores nos lucros retidos (só p/ consolidação) (*) O total do item 8 deve ser exatamente igual ao item 7. DESCRIÇÃO 17 e sua distribuição entre os elementos que contribuem para a geração dessa riqueza, sendo então o lucro líquido a parcela da riqueza destinada aos detentores do capital ou retida pela entidade (GELBECK et al., 2018). Assim como os demais demonstrativos, a elaboração da DVA é realizada por força da lei porque esse relatório possui benefícios que outras demonstrações não apresentam, os quais são apresentados a seguir. TEMA 05: BENEFÍCIOS DAS INFORMAÇÕES DA DVA Falamos tanto da DVA até o momento, mas talvez você ainda não tenha conseguido identificar uma finalidade para as informações fornecidas por esse relatório, não é verdade? Bom, se for assim, agora você vai conseguir enxergar onde o demonstrativo pode ser utilizado e quais os benefícios fornecidos por ele. Para iniciar, é importante que saibamos o tipo de informação fornecida por esse demonstrativo. Seria informação financeira? Vamos ver: Para os investidores e outros usuários, essa demonstração proporciona o conhecimento de informações de natureza econômica e social e oferece a possibilidade de melhor avaliação das atividades da entidade dentro da sociedade na qual está inserida. A decisão de recebimento por uma comunidade (Município, Estado e a própria Federação) de investimento pode ter nessa demonstração um instrumento de extrema utilidade e com informações que, por exemplo, a demonstração de resultados por si só não é capaz de oferecer (CPC 09). Opa, agora já sabemos que a DVA fornece informações de natureza social e econômica, e nesse ponto, ela diferencia-se da DRE, pois a estrutura da DVA com as informações evidenciadas pelo demonstrativo, permite que sejam “identificadas as entidades que mais distribuem aos acionistas, aquelas que distribuem parte relevante aos funcionários, aquelas que entregam parte significativa ao governo e, também, aos financiadores” (BORINELLI; PIMENTEL, 2018, p. 289). No mesmo contexto, Gelbeck et al. (2018) pontuam que a riqueza gerada é mostrada então sendo distribuída entre o capital, o trabalho e o governo, mas quando calculada de forma agregada para o país, a parte que vai para o governo se distribui da mesma forma, excedendo-se o próprio governo. Significa dizer que a riqueza é distribuída em diferentes grupos, mas a parte que vai para o governo, também é distribuída novamente para a sociedade, pois o governo deve investir esses tributos recolhidos em educação, saúde, moradia, etc. Os autores ainda concluem que com base nesse contexto, quando 18 se olha a economia como um todo o valor agregado geral do país (PIB) é distribuído entre juros, lucros e salários. Perceba como a DVA é importante para determinados grupos. Mesmo que a princípio possa parecer um demonstrativo sem muita utilidade, a medida em que conhecemos o potencial das informações fornecidas por esse demonstrativo, faz mais sentido a obrigatoriedade da elaboração e divulgação do mesmo. Observa-se nos contextos anteriores que a DVA vai muito além de buscar fornecer informações apenas para fins econômicos e financeiros, o que conseguimos observar nitidamente nos relatórios estudados anteriormente. Dessa forma, o relatório também serve de base para as empresas medirem o seu impacto na sociedade onde está inserida, saber como ela contribui, ou melhor, retribui o acolhimento que a sociedade lhe dá, e como poderia melhorar no sentido de buscar distribuir sua riqueza de forma mais justa, não se preocupando apenas em remunerar o capital próprio por meio da distribuição de dividendos. Dessa forma, espera-se uma mudança de atitude por parte das organizações e seus gestores no sentido de que busquem não apenas o lucro a qualquer preço, mas também que atuem de forma responsável do ponto de vista socioambiental [...]. Essa preocupação pode ser determinante na sobrevivência da organização dentro de um novo paradigma da sociedade em que os resultados econômicos de uma organização passam a estar atrelados ao seu desempenho social. Até porque é esperado que as ações de uma entidade em prol da promoção do bem-estar da coletividade revertam-se em benefícios para a própria entidade (BORINELLI; PIMENTEL, 2018, p. 289). Esse contexto demonstra a importância de uma entidade em buscar distribuir a sua riqueza gerada de forma não deixar de atender nenhum grupo de stakeholders, pois todos eles são importantes no contexto empresarial. Os funcionários com sua força de trabalho e capital intelectual, o governo com incentivos, regulações e normatizações que auxiliam a empresa a continuar atuante, a sociedade que permite que as operações da entidade possam ser realizadas em seus arredores, os fornecedores que colocam seu capital a disposição da organização, e os investidores que investem recursos na empresa com o objetivo de terem um retorno desse investimento. Todos esses grupos contribuem para a formação de riqueza da entidade, e por conta disso, esperam que haja justiça na distribuição dessa riqueza. 19 Com base nas características apresentadas aqui sobre as informações produzidas pela DVA, observa-se que esse demonstrativo é muito útil para o contextosocial, demonstrando que a contabilidade não se limita apenas aos negócios, mas também a decisões que envolvem outros contextos, pois ela não faz distinção sobre quem deve utilizar seus demonstrativos. Assim, Rios e Marion (2019, p. 339) pontuam que “a Contabilidade deve desempenhar cada vez mais um de seus papéis mais relevantes, que é o de ser útil à sociedade, fornecendo informações mais abrangentes e que envolvam também informes sociais e ambientais”. Esse contexto pode ser fundamentado ou justificado pela obrigatoriedade da elaboração da DVA, pelas empresas, levando a sociedade a ter acesso a informações de seu interesse. Os autores então concluem que “as boas práticas contábeis, representadas por demonstrativos confiáveis, podem mudar os rumos de uma entidade e também da economia de maneira geral”. Muito bem, agora que já estamos a par da DVA, que tal um exemplo prático de elaboração do demonstrativo? Vamos utilizar aqui um exemplo adaptado de Viceconti e Neves (2018; p. 308). Analise a DRE a seguir: Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) Receita Operacional Bruta......................................... R$ 1.450.000,00 (–) Deduções da Receita Bruta: Devoluções e Abatimentos...................................... R$ 50.000,00 Impostos Incidentes sobre Vendas......................... R$ 300.000,00 (=) Receita Operacional Líquida............................... R$ 1.100.000,00 Custo das Mercadorias Vendidas (CMV)................ R$ 350.000,00 (=) Lucro Operacional Bruto..................................... R$ 750.000,00 (–) Despesas Operacionais: Vendas e Administração......................................... R$ 250.000,00 (±) Outras Receitas e Despesas Vendas de Imobilizado............................................ R$ 50.000,00 (–) Custo do Imobilizado Vendido................................. R$ 20.000,00 (=) Resultado Antes das Receitas e Despesas Financeiras R$ 530.000,00 (–) Despesas Financeiras............................................ R$ 20.000,00 (+) Receitas Financeiras.............................................. R$ 40.000,00 (=) Resultado Antes das Antes dos Tributos Sobre o Lucro R$ 550.000,00 (–) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). R$ 50.000,00 (–) Provisão para o Imposto de Renda......................... R$ 70.000,00 (=) Resultado Após os Tributos Sobre o Lucro................... R$ 430.000,00 (–) Participações nos Lucros: Debêntures.............................................................. R$ 43.000,00 20 Empregados............................................................ R$ 37.000,00 (=) Lucro Líquido do Exercício R$ 350.000,00 Dados adicionais: 1o) As Despesas Operacionais estão subdivididas nas seguintes contas: Ordenados e Salários........................................... R$ 100.000,00 Encargos Sociais.................................................. R$ 30.000,00 Serviços de Terceiros Utilizados .......................... R$ 20.000,00 Materiais de Escritório e de Consumo .................. R$ 10.000,00 Propaganda e Publicidade .................................... R$ 40.000,00 Imposto Predial ......................................................R$ 15.000,00 Luz, Água, Telefone................................................R$ 15.000,00 Depreciação e Amortização................................... R$ 20.000,00 (=) Total ................................................................ .R$250.000,00; 2o) as despesas financeiras referem-se a juros sobre empréstimo e financiamento de bens do ativo, obtidos junto a estabelecimentos bancários; 3o) as receitas financeiras foram obtidas através de aplicações no mercado financeiro, juros recebidos pelo atraso no recebimento de créditos e descontos obtidos no pagamento de obrigações. 4o) continuaremos supondo que não há incidência de impostos indiretos sobre a compra de mercadorias (para saber o porquê, consulte o intem 11.10 a seguir) Com base nos dados fornecidos elabore a Demonstração do Valor Adicionado. Demonstração do Valor Adicionado (DVA) Geração do Valor Adicionado Receita de Vendas (1.450.000,00 – 50.000,00).................................... R$ 1.400.000,00 (+) Receita da Venda do Imobilizado................................................... R$ 50.000,00 (–) Custo das Mercadorias Vendidas................................................... R$ 350.000,00 (–) Custo do Imobilizado Vendido........................................................ R$ 20.000,00 (–) Serviços Adquiridos de Terceiros................................................... R$ 20.000,00 (–) Materiais Consumidos.................................................................... R$ 10.000,00 (–) Propaganda e Publicidade............................................................. R$ 40.000,00 (–) Água, luz e Telefone...................................................................... R$ 15.000,00 (=) Valor Adicionado Bruto............................................................... R$ 995.000,00 (–) Depreciação e Amortização........................................................... R$ 20.000,00 (=) Valor Adicionado Líquido............................................................ R$ 975.000,00 (+) Valores Recebidos de Terceiros (Receita Financeira)................... R$ 40.000,00 (=) Valor Adicionado à disposição da entidade............................... R$ 1.015.000,00 Distribuição do Valor Adicionado Remuneração do Trabalho (100.000,00 + 37.000,00) .......................... R$ 137.000,00 Encargos Sociais................................................................................... R$ 30.000,00 Governo (300.000,00 + 15.000,00 + 50.000,00 + 70.000,00) .............. R$ 435.000,00 Juros e outros valores de terceiros (20.000,00 + 43.000,00) .............. R$ 63.000,00 Lucro Líquido do Exercício................................................................ R$ 350.000,00 Total ..................................................................................................... R$ 1.015.000,00 21 Finalizando a nossa aula, é importante que tenhamos uma visão real do que foi visto, e por isso, temos a seguir uma DVA real da empresa Natura, do ano de 2018 para que possamos verificar a forma de criação e distribuição de riqueza dessa empresa. 22 TROCANDO IDEIAS Depois da aula de hoje, você já deve estar com aquela curiosidade básica sobre a forma como alguma empresa de seu interesse faz a distribuição da riqueza gerada, não é verdade? Bom, chegou a hora então de matar a curiosidade. Procure uma empresa da qual você possua algum tipo de interesse, seja por ser funcionário, por ser cliente, por estar presente na sua cidade ou algo assim. Em seguida consulte a DVA dessa empresa, caso ela elabore e divulgue o demonstrativo, e verifique como a riqueza é distribuída. Coloque no fórum os resultados que você encontrou e troque dados com seus colegas. Vamos tentar descobrir como as empresas distribuem suas riquezas, quem são os grupos mais beneficiados por elas. Entre no fórum e interaja com seus colegas. NA PRÁTICA Sobre o balanço patrimonial, analise as asserções a seguir e a relação entre elas: I. Na evidenciação da riqueza gerada, empresas industriais devem deduzir da receita o valor relativo a matéria prima adquirida de terceiros para a fabricação de seus produtos. Porque II. Os fornecedores de insumos também geraram riquezas quando os produziram, e por essa razão eles são diminuídos na parte inicial da DVA. Assinale a alternativa correta: a) As asserções I e II são proposições falsas. b)A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. c) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. d) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. e) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. 23 Assinale a alternativa que não corresponde a uma receita considerada pela DVA: a) Venda de mercadorias. b) Venda de ativos imobilizados. c) Constituição de provisão para créditos de liquidação duvidosa (PCLD). d) Venda de produtos. e) Ingressos de recursos relativos a prestação de serviços. Sobre a DVA, analise as asserções a seguir: i. Tem por objetivo demonstrar a origem da riqueza gerada pela entidade, e como essa riqueza foi distribuída. ii. No contexto brasileiro, esse demonstrativo é obrigatório para pequenas e médias empresas. III. As diretrizes para sua elaboração são dadas pelo pronunciamento técnico CPC 09 Assinale a alternativa correta. a) Está correto o que se afirma em I apenas b) Está correto o que se afirma em I e III apenas c) Está correto o que se afirma em II apenas d) Está correto o que se afirma em II e III apenas e) Está correto o que se afirma em I, II e III FINALIZANDO Pois é, estamos finalizando nossa aula de número cinco. Nessa aula, conhecemos uma demonstração diferente das vistas anteriormente, a Demonstração do Valor Adicionado. Os temas tratados nesta aula foram: Demonstração do valor adicionado Características das informações da DVA Informações apresentadas na DVA 24 Elaboração da demonstração Objetivo e benefícios das informações da DVA Na próxima aula não vamos conhecer nenhum demonstrativo novo, mas vamos estudar as notas explicativas e o relatório da administração. Bons estudos e até a próxima aula! REFERÊNCIAS BORINELLI, Márcio Luiz; PIMENTEL, Renê Coppe. Contabilidade para gestores, analistas e outros profissionais: de acordo com os pronunciamentos do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) e IFRS (Normas Internacionais de Contabilidade. 12 ed. São Paulo: Atlas, 2018. GELBCKE, Ernesto Rubens, et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades: de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial : instrumentos de análise, gerência e decisão. 18 ed. rev. atual. e modernizada São Paulo: Atlas, 2018. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade básica. 30 ed.-São Paulo: Saraiva, 2017. RIOS, Ricardo Pereira; MARION, José Carlos. Contabilidade avançada: de acordo com as normas brasileiras de contabilidade (NBC) e normas internacionais de contabilidade (IFRS). 1. ed. São Paulo: Atlas, 2019. VICECONTI, Paulo; NEVES, Silvério das. Contabilidade Avançada - 18 ed. São Paulo: Saraiva, 2018. Gabarito 1. D 2. C 3. B
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