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Prova de Filosofia e Ética - 1° Semestre/2020 - P2

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Prévia do material em texto

FILOSOFIA E ÉTICA - 1º Semestre / 2020 - P2 - TIPO 1 
Página 1 
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS 
Programa de Certificação de Qualidade 
Curso de Graduação em Administração 
 
PROVA DE FILOSOFIA E ÉTICA 
1º Semestre / 2020 - P2 - TIPO 1 
 
 DADOS DO ALUNO: 
Nome: 
 
 
 
_____________________ 
Assinatura 
 
INSTRUÇÕES: 
Você receberá do professor o seguinte material: 
1. Um caderno de prova com um conjunto de páginas numeradas sequencialmente, contendo 20 (vinte) questões. 
2. Um cartão-resposta, com seu nome e número de matrícula e demais informações da disciplina a que se refere esta prova. 
 
Atenção: 
 Confira o material recebido, verificando se a numeração das questões e a paginação estão corretas. 
 Confira se o seu nome no cartão-resposta está correto. 
 Leia atentamente cada questão e assinale no cartão uma única resposta para cada uma das 20 (vinte) questões. 
 Observe que o cartão-resposta deve ser preenchido até o número correspondente de questões da prova, ou seja, 20 
(vinte) questões. 
 O cartão-resposta não pode ser dobrado, amassado, rasurado ou conter qualquer registro fora dos locais destinados às 
respostas. Caso tenha necessidade de substituir o cartão-resposta, solicite um novo cartão em branco ao professor, e 
devolva juntos os dois cartões quando finalizar a prova. A não devolução de ambos os cartões acarretará a anulação de sua 
prova, gerando grau zero. 
 No cartão-resposta, a marcação das letras correspondentes às respostas deve ser feita cobrindo a letra e preenchendo 
todo o retângulo, com um traço contínuo e denso. 
Exemplo: A B C D E 
 Deve-se usar caneta azul ou preta. 
 Marcar apenas 1 (uma) alternativa por questão. 
 A leitora não registrará marcação de resposta onde houver falta de nitidez. 
 Se você precisar de algum esclarecimento, solicite-o ao professor. 
 Você dispõe de duas horas para fazer esta prova. 
 Após o término da prova, entregue ao professor o cartão-resposta e esta página devidamente preenchida e assinada. 
 Não se esqueça de assinar o cartão-resposta, assim como a lista de frequência. 
Fórmula de cálculo:  10Nota= nº de questões certas
nº de questões da prova

 
ATENÇÃO: 
Confira se o tipo de prova marcado em seu cartão-resposta corresponde 
ao tipo indicado nesta prova. 
 
 
FILOSOFIA E ÉTICA - 1º Semestre / 2020 - P2 - TIPO 1 
Página 2 
FILOSOFIA E ÉTICA 
 
 
1 
Texto 1: 
 
 
(Carlos Ruas) 
 
Texto 2: 
“Se Deus está morto, o que acontece depois? Essa é a questão que Nietzsche faz a si mesmo. Sua resposta é a de que ficamos 
sem uma base para a moral. Nossas ideias de certo, errado, bem e mal fazem sentido em um mundo onde há um Deus, e não 
em um mundo sem Deus. Quando tiramos Deus da jogada, tiramos com ele a possibilidade de diretrizes claras sobre como 
devemos viver e sobre o que devemos valorizar. É uma mensagem dura, algo que a maioria dos contemporâneos de Nietzsche 
não queria ouvir.” (WARBURTON, Nigel. Uma breve história da filosofia. Porto Alegre: L&PM, 2011, p. 148.) 
 
“Deus está morto”, uma das mais famosas frases do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, traz, em si, uma instigante provocação 
filosófica. De acordo com a leitura do texto 2, os principais questionamentos que suscita são de natureza: 
 
(A) mítica, pois refletem acerca da existência a partir de intervenções sobrenaturais. 
(B) metafísica, pois investigam as causas invisíveis e impalpáveis da existência. 
(C) ontológica, uma vez que se debruçam sobre a natureza de todos os seres, a partir de Deus. 
(D) ética, pois põem em questão as diretrizes morais de ação, para a humanidade. 
(E) teológica, uma vez que investigam a própria (in)existência da divindade. 
 
 
2 
“Descartes expõe a sua experiência de vida como uma experiência filosófica, que possa ser imitada por qualquer um no livre uso 
de sua faculdade de discriminar o verdadeiro do falso. Trata-se, portanto, de um uso público da razão, que tem como ponto de 
partida o reconhecimento de que a ignorância impera naquilo que se considera como conhecimento, isto é, na ciência e na 
filosofia, com todas as suas repercussões do ponto de vista da ação humana. Ao se instruir, nosso jovem filósofo teve que 
descartar todas as verdades recebidas, pois essas, sob exame, se mostravam meras crenças sem fundamentos.” (ROSENFIELD, 
Denis Lerrer. Vida e obra. In: DESCARTES, René. Discurso do método. Porto Alegre: L&PM, 2006, p. 19.) 
 
Essas “verdades recebidas”, baseadas em “meras crenças sem fundamentos”, compõem o conhecimento não refletido que 
orienta as ações cotidianas do homem comum. É o que se chama de: 
 
(A) contrassenso. 
(B) senso comum. 
(C) consenso. 
(D) senso filosófico. 
(E) bom senso. 
 
 
 
 
FILOSOFIA E ÉTICA - 1º Semestre / 2020 - P2 - TIPO 1 
Página 3 
3 
Texto 1: 
 
(Carlos Ruas) 
 
Texto 2: 
“Há quem goste dos deuses e de suas aventuras. Mas, num texto filosófico, não é o que mais importa. Trata-se de artifício 
didático. Como os exemplos dados em aula. Para aproximar a ideia filosófica abstrata do repertório presumido do auditório.” 
(BARROS FILHO, Clóvis; POMPEU, Júlio. A filosofia explica grandes questões da humanidade. 2 ed. São Paulo: Casa da Palavra; 
Casa do Saber, 2014, p. 46.) 
 
Este “artifício didático”, exposto no texto 2, se baseia em narrativas fantásticas, apresentando a origem das coisas através de 
explicações sobrenaturais. Tal artifício, diga-se de passagem, era muito utilizado pelo filósofo grego Platão. São narrativas que 
pertencem ao campo da: 
 
(A) mitologia. 
(B) epistemologia. 
(C) metafísica. 
(D) axiologia. 
(E) teologia. 
 
 
 
 
FILOSOFIA E ÉTICA - 1º Semestre / 2020 - P2 - TIPO 1 
Página 4 
4 
“Albert Camus (1913-1960), [...] usava o mito grego de Sísifo para explicar a absurdidade humana. A punição de Sísifo por ter 
enganado os deuses foi arrastar uma pedra gigantesca até o topo de uma montanha. Quando ele chegava ao topo, a pedra 
rolava para baixo e ele tinha de começar tudo desde o início. Na verdade, Sísifo teve de fazer isso eternamente. A vida humana é 
como a tarefa de Sísifo, pois é totalmente desprovida de significado. Não há sentido nela: não há respostas que expliquem tudo. 
É absurda. Mas Camus não achava que deveríamos perder as esperanças, nem cometer suicídio. Em vez disso, temos de admitir 
que Sísifo é feliz. Por quê? Porque há algo em relação a essa luta estúpida de subir a montanha com uma pedra que fazia a sua 
vida valer a pena. Ainda é preferível viver a morrer.” (WARBURTON, Nigel. Uma breve história da filosofia. Porto Alegre: L&PM, 
2011, p. 171-172.) 
 
Camus usa uma analogia para demonstrar que a vida humana não tem outro significado, senão aquele que lhe damos. Em 
companhia de Heidegger, Kierkegaard, Sartre e Simone de Beauvoir, o filósofo se alinha à corrente de pensamento chamada: 
 
(A) existencialismo. 
(B) empirismo. 
(C) estoicismo. 
(D) epicurismo. 
(E) hedonismo. 
 
 
 
 
FILOSOFIA E ÉTICA - 1º Semestre / 2020 - P2 - TIPO 1 
Página 5 
5 
Texto 1 
“Juízo de fato e de valor 
Se dissermos: ‘Está chovendo’, estaremos enunciando um acontecimento constatado por nós e o juízo proferido é um juízo de 
fato. Se, porém, falarmos: ‘A chuva é boa para as plantas’ ou ‘A chuva é bela’, estaremos interpretando e avaliando o 
acontecimento. Nesse caso, proferimos um juízo de valor. 
Juízos de fato são aqueles que dizem o que as coisas são, como são e por que são. Em nossa vida cotidiana, mas também na 
metafísica e nas ciências, os juízos de fato estão presentes. Diferentemente deles, os juízos de valor – avaliações sobre coisas, 
pessoas e situações – são proferidos na moral, nas artes, na política, na religião. 
Juízos de valor avaliam coisas, pessoas, ações, experiências, acontecimentos, sentimentos, estados de espírito, intenções e 
decisões como bons ou maus, desejáveis ou indesejáveis. 
Os juízos éticos de valor são também normativos, isto é, enunciam normas que determinam o deverser de nossos sentimentos, 
nossos atos, nossos comportamentos. São juízos que enunciam obrigações e avaliam intenções e ações segundo o critério do 
correto e do incorreto. 
Os juízos éticos de valor nos dizem o que são o bem, o mal, a felicidade. Os juízos éticos normativos nos dizem que sentimentos, 
intenções, atos e comportamentos devemos ter ou fazer para alcançarmos o bem e a felicidade. Enunciam também que atos, 
sentimentos, intenções e comportamentos são condenáveis ou incorretos do ponto de vista moral.” (CHAUÍ, Marilena. Convite à 
filosofia. São Paulo: Ática, 2000, p. 431.) 
 
Texto 2: 
“Que sou eu, afinal? Carne, fraco alento, e alma. Deixa os livros, não te disperses mais. O tempo já não te permite. E como 
homem prestes a morrer, despreza o corpo, amontoado de líquidos, ossos, frágil feixe, rede de nervos, de veias, de artérias. 
Reflita sobre o que é a respiração: vento, e nem ao menos sempre o mesmo, mas cada instante expirado, logo aspirado.” 
(MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Martin Claret, 2003, p. 21.) 
 
O imperador Marco Aurélio escrevera as reflexões presentes no texto 2 quando já passava dos 50 anos de idade, sendo 
considerado um ancião, para a época, em virtude da baixa expectativa de vida e do fato de se tratar, também, de um guerreiro 
experimentado em campos de batalha. Considerando o texto 1, é correto afirmar que o imperador romano Marco Aurélio: 
 
(A) 
disserta, como homem esclarecido de seu tempo, acerca da essência material das coisas, desde seu corpo ao ar que respira, 
num exercício meramente retórico. 
(B) 
tece juízos de valor a partir de juízos de fato, ao constatar a fragilidade de seu corpo mortal e o pouco tempo de que ainda 
dispõe para viver e de que modo deveria fazê-lo. 
(C) 
admite ser um homem hedonista e sequioso pelos prazeres que o dispersam de suas obrigações como chefe de Estado, 
lamentando o pouco tempo que lhe resta para seus lazeres. 
(D) 
se rende a suas inclinações platônicas, quando contrapõe seu corpo frágil e transitório à sua alma e confessa que se rende ao 
cultivo desta com mais afinco que aos cuidados daquele. 
(E) 
elabora juízos de fato sem atrelar aos mesmos sua opinião, o que esvaziaria suas reflexões de qualquer conteúdo ético, já 
que não se percebem juízos de valor para ampará-lo. 
 
 
 
 
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“Para Hobbes, a natureza humana é egoísta, amedrontada e traiçoeira porque a vida, quando em desordem, traz à tona sua 
precariedade essencial. Por isso, ele dizia que o homem é mau, e a sociedade o faz menos mau. Para Rousseau, o homem nasce 
bom, e a sociedade é que o estraga. Daí ele propor que devemos fazer uma sociedade em que os pobres mandem, porque eles 
tiveram menos sucesso com a sociedade corrompida existente. A chave da análise de Rousseau está na suposição de que nossa 
natureza ‘pura’ só deseja o que é necessário. Os ricos puderam desejar além do necessário e foram corrompidos, os pobres não. 
Um governo dos pobres seria, então, menos corrompido.” (PONDÉ, Luiz Felipe. Guia politicamente incorreto da filosofia. Rio de 
Janeiro: Leya, 2012, p. 137.) 
 
O filósofo Luiz Felipe Pondé contrapõe os pensamentos de Thomas Hobbes e Jean-Jacques Rousseau, acerca da natureza 
humana. Contudo, em sua explanação acerca da visão de governo social de Rousseau, Pondé sugere que os pobres, por terem 
acesso a pouco, são mais “puros” e desejam apenas o necessário, diferentemente dos ricos, que podem desejar mais coisas. 
Disso, podemos concluir que a causa da corrupção, em sua interpretação do pensamento de Rousseau, não é necessariamente a 
sociedade, mas, sim: 
 
(A) a opulência, que acaba gerando desejos “impuros”, que vão além do necessário. 
(B) o sucesso social, que leva o homem a se tornar prepotente e arrogante. 
(C) o desejo pelo poder de mandar, que sufoca a “pureza” típica da natureza humana. 
(D) o insucesso na sociedade, que leva o homem a invejar aquilo que não tem. 
(E) a escassez, que desperta no homem o desejo por tudo aquilo que lhe falta. 
 
 
 
 
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De acordo com o dicionário Michaelis, uma das definições de mito é “relato que, sob forma alegórica, deixa entrever um fato 
natural, histórico ou filosófico”. Acima, há dois quadrinhos de uma história da personagem Piteco, o homem das cavernas do 
famoso quadrinista brasileiro Maurício de Sousa, que aludem ao mito platônico da caverna. Perceba-se que, assim como seus 
congêneres pré-históricos, os homens contemporâneos contemplam “o fantástico show da vida” através de imagens 
bidimensionais, projetadas em uma superfície. 
 
A engenhosa história de Piteco se utiliza de uma analogia que: 
 
(A) ridiculariza a alegoria platônica da caverna, ao compará-la ao ato de entretenimento ocioso que é fruir programas de TV. 
(B) 
foge à discussão central do mito da caverna, que é refletir sobre a importância da busca pela verdade para libertar os 
homens. 
(C) 
distorce o mito platônico, tratando-o como pretexto para uma crítica superficial à TV, chegando a nomear um conhecido 
programa em sua sátira. 
(D) retifica o mito da caverna, mostrando que é possível observar os reflexos do “fantástico show da vida” e aprender com eles. 
(E) atualiza o mito platônico, aclimatando-o aos dias de hoje, apresentando a TV como a nova “parede da caverna”. 
 
 
 
 
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“Coronavírus: Médicos podem ter de fazer ‘escolha de Sofia’ por quem vai viver na Itália 
Em questão de dias, a Itália tornou-se o segundo país mais afetado pela pandemia do novo coronavírus — e a situação continua 
a se agravar. O total de casos confirmados ultrapassou 15 mil, e já foram registradas mais de mil mortes. 
 
O crescimento exponencial de casos levou um grande número de pessoas a buscar atendimento nos hospitais, que já dão sinais 
de estarem sobrecarregados na região da Lombardia, a mais afetada, e também a mais rica, do país, onde vive um sexto dos 
seus 60 milhões de habitantes. 
Em meio a esta situação, o Colégio Italiano de Anestesia, Analgesia, Ressuscitação e Cuidado Intensivo (SIAARTI, na sigla em 
italiano) divulgou um documento em que prevê que a falta de recursos suficientes para tratar todos os pacientes graves pode 
fazer com que médicos e enfermeiros tenham de escolher quem será admitido nas unidades de tratamento intensivo (UTI) de 
acordo com suas chances de sobreviver. 
O SIAARTI afirma no documento que previsões feitas com base no que ocorre atualmente em algumas regiões italianas apontam 
para um aumento dos casos de insuficiência respiratória aguda nas próximas semanas. 
De acordo com a entidade, 10% dos pacientes diagnosticados com covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, precisam 
de equipamentos de respiração assistida. Apesar de esta condição poder ser curada, sua fase aguda pode durar ‘muitos dias’. 
Isso levará a um ‘grande desequilíbrio’ entre os recursos disponíveis para tratar os pacientes que precisam ser internados nas 
UTIs e a demanda por esse tipo de serviço. 
Por isso, a entidade publicou recomendações que os médicos e enfermeiros devem seguir em um cenário de ‘medicina de 
catástrofe’.” (BBC Brasil, 13/03/2020) 
 
A terrível pandemia de coronavírus impôs ao governo italiano um assustador dilema ético: dispor atendimento médico para 
alguns cidadãos, mas negá-lo para outros, com base no elevado número de casos, na escassez de recursos e na possibilidade real 
de socorro de cada paciente. Do ponto de vista filosófico, as autoridades médicas estão agindo de acordo com a ética: 
 
(A) positivista, uma vez que abraçam princípios iminentemente científicos como guia. 
(B) utilitarista, pois prevê a ação mais útil ao maior número possível de pessoas. 
(C) marxista, haja vista que enfoca aqueles que mais necessitam de atendimento. 
(D) empirista, já que a observação individual de cada caso é o que define o atendimento. 
(E) existencialista,porque toma por base a experiência médica na seleção de pacientes. 
 
 
9 
“Mais comumente a Filosofia é tida como uma contemplação da Ciência e da elaboração cognitiva em geral; como seu 
coroamento e síntese. Esse conceito da Filosofia se encontra, aliás, mais ou menos expressamente formulado em boa parte das 
definições e explicações que dela se dão, e partida dos mais afastados e mesmo antagônicos quadrantes. Até mesmo o séc. XVIII, 
e talvez o seguinte, a Filosofia ainda se confundia com Ciência; e das filosofias particulares (como, por exemplo, a ‘filosofia 
química’, que não é senão a nossa Química, simplesmente) passa-se imperceptivelmente para assuntos mais gerais que se 
enquadrariam melhor naquilo que hoje entenderíamos mas especificamente como ‘Filosofia’. 
Que a Filosofia é Conhecimento, e que de certa forma se ocupa dos mesmos objetos que as ciências em geral, não há dúvida. 
Mas tudo está nessa restrição ‘de certa forma’. Isso porque a Filosofia não é e não pode ser, [...] prolongamento da Ciência, uma 
‘superciência’ que a ela se sobrepõe e que a completa. Não há lugar para esse simples prolongamento. Ou melhor, qualquer 
legítimo prolongamento da Ciência é e sempre será, tudo indica, Ciência, e não outra coisa.” (PRADO JÚNIOR, Caio. O que é 
filosofia. São Paulo: Abril Cultural/Brasiliense, 1984, p. 9.) 
 
O texto procura uma distinção entre Filosofia e Ciência, ramos do conhecimento que até séculos recentes, de acordo com o 
texto, estiveram fortemente entrelaçados, embora hoje se nos apresentem com contornos mais nítidos e não se confundam 
mais. Considerando-se o texto, é correto afirmar que, com base na exposição de Caio Prado Jr., a Filosofia tem natureza distinta 
da Ciência porque: 
 
(A) ela se ocuparia de “assuntos mais gerais”, “como uma contemplação da Ciência”. 
(B) se trata do “coroamento e síntese” do senso comum, enquanto a Ciência é “elaboração cognitiva em geral”. 
(C) como “superciência”, ela “se sobrepõe” à Ciência e “a completa”. 
(D) Ciência e Filosofia estão em “antagônicos quadrantes”, opondo-se mutuamente. 
(E) a Ciência é mera secção da Filosofia, “como, por exemplo, a ‘filosofia química’”. 
 
 
 
 
FILOSOFIA E ÉTICA - 1º Semestre / 2020 - P2 - TIPO 1 
Página 9 
10 
“Sócrates foi um racionalista, ou seja, acreditava firmemente na razão humana. Foi ele o pai da ideia de que o pensamento 
correto produz a ação correta. Aquele que sabe o que é o bem será bom, e só quem é bom poderá ser um ser humano contente. 
Sócrates afirmava que quando fazemos o mal, é porque não conhecemos nada melhor do que isso. Assim, é importante ampliar 
nossos conhecimentos. 
Ele acreditava que possuía um deus dentro de si, o qual lhe dizia o que era certo e o que era errado. Para saber o que é certo ou 
errado, é crucial nossa convicção interna, e não obedecer a mandamentos ou regras herdadas. Sua resolução indômita de 
encarar a morte em nome do que acreditava que era certo demonstrou igualmente que ele prezava a verdade acima da própria 
vida. ‘Obedecerei aos deuses mais do que a vós’, disse ele a seus juízes.” (GAARDER, Jostein; HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry. 
O livro das religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 245-246.) 
 
O filósofo brasileiro Luiz Felipe Pondé, em seu Guia politicamente incorreto da filosofia, contrapõe os pensamentos de Hobbes e 
Rousseau acerca da natureza humana – para este, o homem era naturalmente bom, e a vida em sociedade o corrompia; para 
aquele, o homem seria mau e mesquinho, encontrando limites apenas na vida em sociedade. De acordo com o texto acima, 
podemos inferir que Sócrates deslocava a questão da bondade ou da maldade humana para: 
 
(A) o conhecimento adquirido, haja vista que o homem que pratica o mal só o faz em virtude de uma estreiteza de visão. 
(B) 
a existência ou não de uma divindade interior que lhe oriente as ações: aquele que tem um deus dentro de si jamais faz o 
mal. 
(C) a observância aos costumes, pois são as regras que herdamos de nossos antepassados que definem o que é bom ou mau. 
(D) a religião, uma vez que só é bom o homem que se submete, inconteste, à vontade dos deuses, ainda que lhe custe a vida. 
(E) o campo da convicção. Uma ação é boa ou ruim conforme depositamos nela muito ou pouco de nossa crença de que é certa. 
 
 
11 
Texto 1: 
“A máscara da direita cai de uma vez quando seu núcleo mais rancoroso advoga que o trabalho infantil não degrada, mas educa 
e disciplina. Nessa hora, a concepção de infância que adota está longe da moderna, que deve sua melhor formulação ao 
romantismo e ao filósofo genebrino Jean-Jacques Rousseau. A infância precisa ser preservada, entendida como uma fase em 
que, se alongada, não teremos perdas, e sim ganhos para que se possa forjar um adulto melhor.” (GHIRALDELLI, Paulo. A 
filosofia explica Bolsonaro. São Paulo: Leya, 2019, p. 92.) 
 
Texto 2: 
“Ao fazer a crítica dos costumes da aristocracia, Rousseau preconiza uma educação afastada do artificialismo das convenções 
sociais, que busque a espontaneidade original, livre da escravidão aos hábitos exteriores, a fim de que o indivíduo seja dono de 
si mesmo, agindo por interesses naturais, e não por constrangimento exterior e artificial. A educação natural consiste também 
na recusa ao intelectualismo, reforçado no ensino tradicional muito formal e livresco.” (ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. 
Filosofia da educação. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2009, p. 209.) 
 
O filósofo Paulo Ghiraldelli sugere que o trabalho infantil é contraproducente na forja de um “adulto melhor”. Tomando por 
base a educação preconizada por Rousseau (texto 2) e sua crença na bondade natural do homem, isso se justifica porque: 
 
(A) 
o mercado de trabalho impõe aos homens modos de interação que vão de encontro às suas tendências naturais, 
normalmente, baseadas na intelectualidade. 
(B) 
embora a escola tradicional seja responsável por cultivar no homem sua espontaneidade e bondade, o mercado de trabalho 
força o intelectualismo livresco. 
(C) 
conduzir as crianças precocemente ao mercado de trabalho as subtrai cedo demais da escola, onde o ensino tradicional forja 
homens livres de hábitos exteriores. 
(D) 
prolongar a infância é preservar e cultivar a bondade natural do homem, ainda não maculada pelas exigências da vida em 
sociedade e do mercado de trabalho. 
(E) 
o mercado de trabalho, ao contrário do ensino livresco, cultiva uma hierarquização entre os homens obediente à 
artificialidade, negando-lhes a espontaneidade que lhes é inata. 
 
 
 
 
FILOSOFIA E ÉTICA - 1º Semestre / 2020 - P2 - TIPO 1 
Página 10 
12 
“A existência de Homero costuma ser atribuída à segunda metade do século VIII antes da Era Comum, e sabe-se que, em termos 
de excelência poética, ele foi desafiado por Hesíodo, no início do século VII. A oposição mais contumaz – da parte de Platão – 
surge com o advento de Sócrates (469-399 a.C.) e culmina com seu ‘filho’, o visionário da República e do Banquete. Platão (429-
347 a.C.) é derrotado por Homero, a julgar por critérios estritamente literários, mas a batalha mental do filósofo não é tanto 
com o poeta, senão com o papel de Homero como mestre dos gregos. Homero tornara-se o livro-texto de todas as matérias. 
Nesse particular, Platão também é derrotado, mas os quase dois milênios que passaram desde então fizeram de Platão mestre 
da filosofia, e de Homero o fundador da poesia.” (BLOOM, Harold. Onde encontrar a sabedoria? Rio de Janeiro: Objetiva, 2005, 
p. 44-45.) 
 
O crítico literário estadunidense Harold Bloom, ao narrar o metafórico “embate” entre Homero e Platão para que se decidisse 
quem era o “mestre dos gregos”, nos expõe, também, à passagem de um estado de consciência que vai do: 
 
(A) filosófico ao mítico. 
(B) mítico ao filosófico. 
(C) mítico ao poético. 
(D) poético ao científico. 
(E) filosófico ao poético. 
 
 
13 
“Toda sociedade, em todas as épocas, tem seus mitos, suas lendas e seus heróis, que expressam a maneira como os homens se 
relacionam entre si ecom o mundo. Os mitos e heróis contemporâneos são fugazes, midiáticos, celebridades bem humanas que 
despontam e se apagam ao sabor da novidade, no fluxo incessante de notícias e informações que nos bombardeiam a cada dia, 
num ritmo sempre crescente. Nossos verdadeiros mitos deslocam-se para o futuro, para objetivos a serem alcançados: 
desenvolvimento sustentável, diminuição das desigualdades, fim da fome, paz mundial etc. São, na verdade, promessas, 
esperanças de um mundo melhor. Dão sentido a nossa existência cotidiana, projetando nossas ações para além da realidade 
presente, algo melhor, algo superior, como uma ninfa grega que perseguíssemos pelos bosques da modernidade, sem nunca 
alcançá-la. 
Os mitos de nossos antepassados culturais, os gregos, também se inscreviam em uma busca de sentido para o mundo e para a 
existência humana. [...] Sem os recursos da ciência moderna, defrontavam-se com uma natureza cercada de mistérios, com 
efeitos cujas causas desconheciam, com territórios que só podiam visitar pelas asas da imaginação, com um passado que, sendo 
causa do presente, lhes era vedado conhecer, pois não possuíam os instrumentos que só a ciência histórica desenvolveu a partir 
do século XIX. 
Para os gregos, assim, o mito era uma história antes da história. Dava sentido ao tempo e permitia narrá-lo como algo 
conhecido, antes mesmo do conhecível, anterior ao que estava ao alcance do conhecimento humano.” (GUARINELLO, Norberto 
Luiz. Nós e os mitos. In: BULFINCH, Thomas. Mitologia. V. 1. São Paulo: Duetto, 2001, p. 6) 
 
Do ponto de vista filosófico, o texto apresenta interpretações distintas para o mito, na antiguidade clássica e na 
contemporaneidade, porque: 
 
(A) 
os mitos de outrora eram “fugazes”, enquanto os mitos contemporâneos se reafirmam em nosso imaginário, 
constantemente, pois “nos bombardeiam a cada dia, num ritmo sempre crescente”. 
(B) 
no passado, o mito “dava sentido ao tempo e permitia narrá-lo como algo conhecido”, enquanto hoje ele, o mito, é uma 
narrativa “cercada de mistérios”, cuja origem está fora do “alcance do conhecimento humano”. 
(C) 
hoje, o mito reafirma narrativas pessimistas “no fluxo incessante de notícias e informações”, e os mitos clássicos “se 
inscreviam em uma busca de sentido para o mundo”, num passado utópico. 
(D) 
na antiguidade, os mitos funcionavam como “a ciência histórica”, dando “sentido ao tempo”, enquanto os “mitos e heróis 
contemporâneos” reafirmam tão somente valores “midiáticos”. 
(E) 
o mito clássico recria, “pelas asas da imaginação”, uma “história antes da história”, enquanto o mito contemporâneo projeta 
utopias no futuro, “esperanças de um mundo melhor”. 
 
 
 
 
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Texto 1: 
 
(Bill Waterson, 1985. Disponível em: <https://www.deusnogibi.com.br/textos-de-apoio/o-evangelho-segundo-calvin/>) 
 
Texto 2: 
“Em O ser e o nada, Sartre caracteriza o homem como o ser que se define por uma consciência em que existir e refletir são o 
mesmo, que se define, portanto, por sua autoconsciência. O ideal dessa consciência é atingir a plena identidade consigo mesma. 
É nesse sentido que, em suas palavras, ‘o homem é o ser cuja existência precede a essência’. O homem não tem, portanto, uma 
essência determinada, mas ele se faz em sua existência. Entretanto, o homem é também um ser marcado pela morte e pela 
finitude e, por isso, ao buscar essa identidade absoluta, está condenado ao fracasso. Ao contrário do de Kierkegaard, 
profundamente religioso, o existencialismo de Sartre é ateu, sustentando que, embora o homem creia que Deus o criou, é na 
verdade ele quem ‘cria’ Deus; no entanto, ao contrário da paixão de Cristo, o homem ‘é uma paixão inútil’, porque jamais 
chegará a ser como Deus, a atingir o absoluto. Resta ao homem assumir sua condição, sua liberdade, portanto, e, considerando-
se sempre em situação, construir o sentido de sua existência, de uma existência autêntica.” (MARCONDES, Danilo. Iniciação à 
história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 13 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 292.) 
 
Calvin e seu amigo imaginário, o tigre Haroldo, em sua eterna cruzada contra o tédio, costumam buscar distrações que não 
raramente terminam em grandes encrencas, como sugere o desfecho do texto 2, com nossos heróis em seu “passeio” num 
carrinho de segurança questionável. Mas nossos protagonistas não são apenas homens de ação, são também profundos 
pensadores. Durante sua conversa acerca da existência ou não de um destino, Haroldo se mostra aterrado com a possibilidade 
de que suas ações são inevitáveis e sua vida é predestinada. Além da divertida ironia de que o tigre acharia assustador se 
submeter às loucuras que faz deliberadamente, Haroldo se mostra, com sua declaração, um autêntico existencialista sartreano. 
O trecho do texto 2 que traduz corretamente sua postura é: 
 
(A) “[...] o homem [...] jamais chegará a ser como Deus, a atingir o absoluto.” 
(B) “Resta ao homem assumir sua condição, sua liberdade [...]”. 
(C) “[...] o homem ‘é uma paixão inútil’ [...]”. 
(D) “[...] embora o homem creia que Deus o criou, é na verdade ele quem ‘cria’ Deus [...]”. 
(E) “[...] o homem é também um ser marcado pela morte e pela finitude [...]”. 
 
Caso 1 
O enunciado abaixo será utilizado pelas questões 15 e 16. 
 
“O grande erro que observei na educação dos filhos é que não se cuida o suficiente desse aspecto na época devida; que a mente 
não é tornada obediente à disciplina e dócil à razão quando, no início, era mais tenra, mais facilmente dobrada. Os pais, 
recebendo, sabiamente, a ordem da natureza no sentido de amarem seus filhos, têm grande tendência, se a razão não observar 
sua afeição natural muito atentamente – têm, como eu dizia, grande tendência a deixar a afeição tomar conta de tudo. Amam 
seus filhos, e este é seu dever; mas, com frequência, amam seus erros também. Naturalmente, os filhos não devem ser irritados; 
deve-se-lhes permitir que ajam segundo sua vontade em tudo; e como, na infância, as crianças não são capazes de grandes 
faltas, seus pais acham que podem, com bastante segurança, perdoar suas pequenas irregularidades e divertir-se com aquela 
perversidade engraçadinha que os pais acham muito adequada àquela idade inocente. Mas Sólon respondeu muito bem a um 
pai amoroso, que não desejava que seu filho fosse corrigido por uma brincadeira perversa, alegando que era assunto sem 
importância: ‘Sim, mas o hábito tem grande importância.’” (LOCKE, John. O autocontrole é um elemento vital na educação. In: 
GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas. 8 ed. São Paulo: Ática, 2011, p. 85-86.) 
 
 
 
 
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John Locke (1632-1704) foi um filósofo inglês, também muito dedicado à educação. Para ele, a razão é o que conduz o homem, 
mas sem ideias preexistentes; todo conhecimento humano provém da experiência sensível – daí sua grande preocupação com a 
forma como as crianças, principalmente na mais tenra infância, são educadas. Destarte, a corrente filosófica a que se pode afiliar 
o pensamento de Locke é: 
 
(A) a educação natural, uma vez que Locke invoca uma “ordem natural” que leva os pais a amarem seus filhos. 
(B) o estoicismo, uma vez que Locke apela para o dever dos pais para com a educação de seus filhos. 
(C) o racionalismo, pois é através da razão que os homens vão se guiando a partir de certas ideias inatas. 
(D) o epicurismo, haja vista que as crianças devem buscar o prazer na diversão, sem serem irritadas. 
(E) o empirismo, uma vez que o filósofo valoriza a compreensão do mundo a partir da experiência individual. 
 
 
16 
No texto, Locke enfoca um aspecto muito importante na educação das crianças, de modo que se tornem obedientes à disciplina 
e dóceis à razão, ao longo de suas experiências. O excerto compatível com a ideia defendida por Locke é: 
 
(A) 
“O que a gente deseja mesmo é que as crianças estejam se divertindo e possam vir a ser umpouquinho mais felizes...” (Alves 
apud Gadotti, 2011) 
(B) 
“No ensino, como em outras coisas, a liberdade deve ser questão de grau. Há liberdades que não podem ser toleradas.” 
(Russel apud Platão & Fiorin, 2006) 
(C) 
“‘Os homens são como nozes, só revelam o seu melhor quando são esmagados’. O valor da vida se arranca das pedras.” 
(Pondé, 2012) 
(D) 
“A escola precisa distinguir o que vem do passado e deve ser protegido daquilo que precisa ser deixado para trás porque é 
arcaico.” (Pacheco, 2018) 
(E) 
“A autoestima começa a se desenvolver numa pessoa quando ela ainda é um bebê. Os cuidados e carinhos vão mostrando à 
criança que ela é amada e cuidada.” (Tiba, 2002) 
 
Caso 2 
O enunciado abaixo será utilizado pelas questões 17,18 e 19. 
 
“O que o mundo pós-moderno preserva dos estoicos é a ideia de aceitação resignada – o que faz total sentido se o mundo de 
fato funciona como descrevem suas ideias. Se o destino rege o mundo, e praticamente nada do que acontece está em nossas 
mãos, então a realpolitik seria aceitar ‘que tudo aconteça como de fato acontece’, nas palavras imortais de Epíteto. 
Portanto, não faz o menor sentido nos preocuparmos com coisas que não podemos mudar. E não faz sentido nos apegarmos a 
coisas que um dia poderemos perder (mas tentem vender essa ideia aos Mestres do Universo do capitalismo financeiro). 
Então, o Caminho, segundo os estoicos, é possuir apenas o essencial, é viajar com pouca bagagem. Lao Tzu* aprovaria. Afinal, 
qualquer coisa que podemos perder já está mais ou menos perdida – e assim nos protegemos de antemão contra os piores 
golpes da vida. 
Talvez o segredo supremo dos estoicos seja a distinção feita por Epíteto entre as coisas que estão sob nosso controle – nossos 
pensamentos e desejos – e as que não estão: nossos corpos, nossas famílias, nossos bens, nosso quinhão na vida, todas as coisas 
que a expansão do Covid-19 está agora pondo em cheque. 
O que Epíteto nos diz é que direcionemos nossas emoções para focar aquilo que está em nosso poder e ignoremos o resto. 
Então, ‘ninguém jamais será capaz de compeli-lo ao que quer que seja, ninguém o estorvará – e não haverá mal que possa tocá-
lo’. 
[...] 
Os estoicos ensinavam que a riqueza, o status e o poder são, em última análise, irrelevantes. Aqui, também, Lao Tzu 
concordaria. A única coisa que pode elevar um homem acima dos demais é a virtude superior – da qual todos são capazes, pelo 
menos em princípio. Assim, os estoicos acreditavam que somos todos irmãos e irmãs. Sêneca diz: ‘A Natureza nos fez parentes 
ao nos criar a partir dos mesmos materiais e para o mesmo destino’. 
Imaginem um sistema construído sobre uma devoção altruísta ao bem-estar dos demais, e contrária a toda vaidade. Certamente 
que não é disso que trata o turbocapitalismo financeiro causador de desigualdade. 
Epíteto: ‘O que devemos então dizer a cada adversidade que se abate sobre nós? Eu estava praticando para isso, era para isso 
que eu estava treinando.’ Será que o Covid-19 mostrará a uma onda global de praticantes neoestoicos que existe um outro 
caminho?” (ESCOBAR, Pepe. Somos todos estoicos agora. Disponível em: <https://www.brasil247.com/blog/somos-todos-
estoicos-agora>.) 
 
*Lao Tzu (Lao Tse) foi um filósofo nascido no norte da China, fundador do taoismo, uma das religiões mais antigas e importantes 
da China. A ele é atribuída a autoria do “Tao Te King”, o chamado Livro da razão suprema, o equivalente taoista da bíblia. Sua 
doutrina defendia a existência de um princípio supremo, o Tao, que regeria o curso do universo. Todas as coisas têm origem no 
 
 
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Tao, obedecem ao Tao e finalmente retornam ao Tao, que pode ser descrito como o absoluto, a ordem do mundo e, enfim, a 
natureza moral do homem bom. 
 
 
17 
De acordo com o texto de Pepe Escobar, as características compartilhadas entre o taoismo e o estoicismo seriam: 
 
(A) um desapego em relação aos bens materiais e indiferença ao poder e renome mundanos. 
(B) a busca pelo poder, sem almejar as ilusões do status social, e seu uso para o bem comum. 
(C) certa indiferença à riqueza e total passividade, aceitando quaisquer mazelas como “destino”. 
(D) uma boa dose de indiferença à vida e seus percalços e mesmo um sutil desejo de morte. 
(E) força moral para afirmar a virtude, em meio ao vício, e coragem para divergir do destino. 
 
 
18 
No texto, afirma-se que: 
“O que o mundo pós-moderno preserva dos estoicos é a ideia de aceitação resignada – o que faz total sentido se o mundo de 
fato funciona como descrevem suas ideias.” 
As ideias estoicas que legaram ao mundo pós-moderno a postura de “aceitação resignada” são: 
 
(A) 
o ardente desejo de cumprimento do dever, finalidade última da vida, e uma reunião ávida de recursos financeiros e 
políticos para fazê-lo. 
(B) 
a crença de que os acontecimentos estão subordinados a um destino que nos escapa e ao qual, portanto, devemos nos 
submeter, já que não podemos modificar. 
(C) 
a convicção de que todos os golpes recebidos da vida são merecidos e que, no fim, todos os seres têm a mesma origem e o 
mesmo destino. 
(D) 
a noção de altivez da mente, que poderia manter-se imperturbável diante dos infortúnios, e o desprezo pela vida material, 
que se subordinava à vida moral. 
(E) 
a indiferença aos acontecimentos da vida, sejam bons ou maus, e a preservação de uma atitude de moderação, ao fruir os 
prazeres do mundo. 
 
 
19 
“Imaginem um sistema construído sobre uma devoção altruísta ao bem-estar dos demais, e contrária a toda vaidade. 
Certamente que não é disso que trata o turbocapitalismo financeiro causador de desigualdade.” 
Há no texto de Escobar, do ponto de vista filosófico, uma justificativa para tal devoção altruísta, de acordo com a filosofia 
estoica. Tal justificativa é: 
 
(A) 
a aparente indiferença pela vida material, que faz com que o estoico (e o neoestoico, por extensão) se dedique com afinco à 
sua vida moral. 
(B) 
o laço de solidariedade que se estabelece entre cada pessoa que abdica dos prazeres passageiros da vida em busca de uma 
filosofia que exalta a reta virtude. 
(C) 
o exercício do controle sobre os pensamentos e emoções, para exercitar a virtude da solidariedade e evitar os vícios da 
ganância e da vaidade. 
(D) 
a irmandade entre todos os homens, pelo fato de terem sido criados pela natureza a partir de uma mesma essência, para 
compartilhar de uma mesma trajetória. 
(E) 
o apreço pelo diligente cumprimento do dever moral, o que inclui os cuidados com o bem-estar da comunidade da qual 
fazemos parte. 
 
 
 
 
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“Pegadas na areia da praia 
Desde criança, aluno dos jesuítas, me perguntava. 
Se Deus é perfeito, e fez o mundo, por que o mundo não é perfeito? 
Nunca se tratou de precocidade intelectual. Talento filosófico prematuro. Sabedoria da tenra infância. Gosto antecipado pela 
dúvida. Nunca. Nada disso. Era sofrimento mesmo. Tristeza. Solidão. Dor. Angústia. E, sobretudo, medo. Só isso. Que todo 
mundo tem. Em todas as idades. 
Afinal, se Deus assegurasse a perfeição do mundo, as injustiças de que me julgava vítima desapareceriam. Portanto, sabedoria 
alguma. Interesse puro de ser medroso. 
Fiquei sem resposta por muito tempo. Até ler Simone Weil. Explicando antiga tradição judaica. 
Se Deus ficasse em cima, de butuca, como se diz, controlando a perfeição do mundo, tudo seria mesmo perfeito. Mas, nesse 
caso, nós não seríamos como somos. E se não fôssemos como somos, nós simplesmente não seríamos. E ponto-final.” (BARROS 
FILHO, Clóvis de. A felicidade é inútil. Porto Alegre: Citadel, 2019, p. 249-250.) 
 
Em suas inquietações de infância, o não precoce, mas sagaz, professor Clóvis de Barros Filho, diante do que julgava injustiças do 
mundo, se perguntava: se Deus, que é perfeito, fez o mundo, por que o mundo não é perfeito como Deus? No campo da 
filosofia, toda a explanação que ele desenvolve para respondera esta pergunta é de natureza: 
 
(A) axiológica, porque discute, em essência, valores, ao falar de perfeição e imperfeição. 
(B) mitológica, pois aborda a criação do mundo através de uma explicação mágica. 
(C) ontológica, uma vez que se debruça sobre a natureza das coisas como elas são. 
(D) teológica, já que sua discussão adentra o próprio ser da divindade criadora do mundo. 
(E) gnosiológica, haja vista que desloca a discussão para a ótica do conhecimento.

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