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AÇÃO DECLARATORIA DE INEXISTENCIA

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA _ VARA CÍVEL DA COMARCA DE SOBRAL/CE.
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA EM CARÁTER INCIDENTAL
AUGUSTO DOS ANJOS, brasileiro, casado, aposentado, portador do RG de “n°…”, inscrito no CPF de “n°…”, “endereço eletrônico…”, residente e domiciliado na “Rua...”, “n°”, “CEP…”, Sobral/CE, por meio de seu advogado que este subscreve, conforme procuração em anexo, conforme Art. 105, §2º, do CPC, inscrito na OAB sob o “nº…”, com endereço profissional na “Rua…”, “Bairro…”, “CEP…”, Sobral/CE, vem à presença de Vossa Excelência propor a presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C TUTELA ANTECIPADA DE URGÊNCIA EM CARÁTER INCIDENTAL com fulcro nos artigos 19 e 300, ambos do Código de Processo Civil, em face do BANCO FAMA S/A , inscrito sob o CNPJ de “nº…”, com “endereço eletrônico …” , com sede na “Rua …”, “nº…”, “Bairro…”, “CEP …”, na Cidade de Belo Horizonte/MG, através do fatos e fundamentos a seguir expostos, vem ao final requerer.
1 DA PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO
O Autor requer Prioridade de Tramitação Processual, diante de sua idade ao momento, de 70 (setenta) anos de idade, conforme documento em anexo, requisito exigido pelo Artigo 71 do Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/03, onde possui direito garantido em Lei, diante de critérios de prestação jurisdicional, no qual o seu é diferenciado e priorizado quanto à ordem, assim como estabelece o artigo 1.048,[footnoteRef:1] inciso I, do Código de Processo Civil, que assegura prioridade de tramitação a pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. [1: Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais:
I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988;] 
Dessa forma, o requerente tem seu direito adquirido sob a égide do Estatuto do Idoso no qual estabelece e dá outras providências:
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.
Diante do exposto, levando em consideração que o requerente possui 70 (setenta) anos de idade e se enquadrada nos artigos referidos anteriormente, assim, necessita da prioridade na tramitação da presente ação.
2 DA NECESSIDADE DO BENEFÍCIO DE JUSTIÇA GRATUITA 
O Autor já devidamente qualificado na presente ação, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, através advogado devidamente constituído conforme procuração em anexo, pleitear o direito à concessão do benefício da assistência judiciária gratuita, conforme art. 5°, inciso LXXIV, da Constituição Federal e artigo 98, caput, do Código de Processo Civil, verbis:
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
Além do mais, o autor é aposentado e possui gastos excessivos referentes a cuidados com saúde, tais como plano de saúde, exames e medicamentos. O gasto é relativamente alto para o que recebe de benefício previdenciário. A cumulação dos gastos processuais traria prejuízo à sua vida econômica, conforme declaração de hipossuficiência em anexo. 
Diante do exposto e da necessidade do requerente, requer-se o amparo com base na legislação supracitada, a concessão do referido pedido de Gratuidade de Justiça.
3 DOS FATOS
O autor, Augusto dos Anjos, e sua esposa Maria Angélica dos Anjos, ambos aposentados, ele com 70 (setenta anos), ela com 65 (sessenta e cinco) anos, residentes e domiciliados na cidade de Sobral/CE. Em março de 2015, dirigiram-se a agência de turismo SESI Turismo Social na intenção de realizarem viagem para a Serra Gaúcha (Gramado e Canela), um sonho do requerente e sua esposa. 
O casal escolheu o pacote para a Serra Gaúcha, preenchendo todos os requisitos e documentos necessários para realizarem a viagem, o autor ainda optou pelo parcelamento dos custos em 5(cinco) vezes sem juros, conforme contrato em anexo.	
Ocorre que no momento de fechar o contrato, a agência de turismo SESI Turismo Social realizou consultoria junto aos órgãos de proteção ao crédito, SPC/SERASA, oportunidade em que o funcionário da agência de turismo informou ao Autor Augusto dos Anjos que constava restrição em seu nome em face de uma dívida no valor de R$18.950,00(dezoito mil, novecentos e cinquenta reais), referente a contrato de empréstimo realizado junto ao Banco FAMA S/A, localizado na cidade de Belo Horizonte/MG.
Contudo, o Autor ficou surpreso ao descobrir a existência de um contrato o qual nunca celebrou, pois é um homem sério e cumpridor de suas dívidas, assim como sentiu-se imensamente constrangido com a notícia da existência de restrição por conta de um empréstimo que não realizou, considerando ainda que o mesmo nunca teve qualquer conta bancária em tal banco e muito menos tinha ido ou conhecia a cidade de Belo Horizonte/MG, o que gerou humilhações desnecessárias ao Autor diante da inexistência de negócio jurídico que nunca fora celebrado entre as partes.
É importante frisar que o autor nunca teve nenhuma relação jurídica ou comercial com a promovida, sendo o negócio jurídico totalmente inexistente diante da ausência da manifestação de vontade, objeto e forma.
Ora, Excelência, o promovente sempre honrou com seus compromissos, comprando apenas o que poderia pagar, mantendo suas contas em dia como um bom pagador, e ter seu nome negativado por uma dívida que jamais adquiriu, não faz sentido.
		
Diante de tal abuso e má-fé cometidos pelo BANCO FAMA S/A, não resta outra alternativa ao requerente senão recorrer a este r. Juízo para ver seu direito respeitado e a Justiça aplicada, requerendo que Vossa Excelência se digne de declarar inexistente qualquer débito com a requerida, conforme narrado e posteriormente provado nestes autos, condenando-a a indenização por danos morais nos termos do Código Civil. Conceder os efeitos antecipatórios da tutela para imediata retirada do nome da empresa requerente dos Órgãos de Proteção ao Crédito, obstar a requerida de promover nova inclusão em demais órgãos de proteção ao crédito até o final da presente demanda, aplicando, ainda, a inversão do ônus da prova, conforme preceitua o Código de Defesa do Consumidor, pelos fundamento jurídicos abordados a seguir. 
4 DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
4.1- DA INEXISTÊNCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO
Segundo a doutrina dominante, o negócio jurídico para que seja válido e tornar-se efetivo, necessita de alguns elementos chamados de “essenciais”. Tais elementos são a existência, a validade e a eficácia. 
Flávio Tartuce explica que: 
“No plano da existência estão os pressupostos para um negócio jurídico, ou seja, os seus elementos mínimos, enquadrados por alguns autores dentro dos elementos essenciais do negócio jurídico. Constituem, portanto, o suporte fático do negócio jurídico (pressupostos de existência).
Nesse plano surgem apenas substantivos, sem qualquer qualificação, ou seja, substantivos sem adjetivos. Esses substantivos são:
- Partes (ou agentes);
- Vontade;
- Objeto;
- Forma.” [footnoteRef:2] [2: Manual de direito civil : volume único / Flávio Tartuce. – 8ed. rev, atual. e ampl. – Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO. 2018. Pág. 248] 
Dessa forma, entende-se que o negócio jurídico passa a existir quando está de acordo com os pressupostos de existência, ou seja, que são agente, objeto, forma e vontade, o que pode ser observado no presente caso, é a inexistência de tais pressupostos. Ou seja, não estando presente um dos itens, que são requisitos mínimos, básicos para queo negócio jurídico chegue ao segundo degrau da escada ponteana, a relação jurídica não pode ser considerada existente. 
Sobre a existência do negócio jurídico, versa o Código de Processo Civil:
Art. 19.  O interesse do autor pode limitar-se à declaração:
I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica;
Assim, tal compreensão relaciona-se com o caso em tela, visto que não houve nenhuma vontade do Autor em efetuar qualquer transação negocial para que gerasse a existência de débito. Portanto, o negócio jurídico é inexistente, uma vez que o Sr. Augusto dos Anjos não expressou qualquer interesse em firmar o empréstimo. Além disso, entende-se com o artigo supracitado do Código de Processo Civil, que é direito do Autor buscar a justiça afim de declarar a inexistência da relação jurídica. 
Acerca do negócio jurídico, expressa o Código Civil:
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. (grifos nossos)
De acordo com o artigo supracitado, entende-se que, um negócio jurídico firmado por uso de má-fé não tem utilidade e não deve ser considerado existente, pois acaba po ser lesivo a uma das partes. Na situação trazida na presente peça preambular, uma relação jurídica foi firmada sem o consentimento de uma das partes, trazendo danos e prejudicando o Sr. Augusto dos Anjos, que nem ao menos sabia do empréstimo que foi realizado em seu nome. 
Assim, como demonstrado inexistir qualquer elemento que comprove a celebração do contrato entre o Autor e a instituição financeira Banco Fama S/A, fica evidente que INEXISTE O NEGÓCIO JURÍDICO, bem como o débito ser cobrado. 
4.2 DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
Inicialmente, importante frisar que a suposta relação jurídica, trata-se de relação de consumo tendo o Autor como consumidor e a instituição financeira BANCO FAMA S/A como fornecedora de serviços, tendo perfeito enquadramento pelo Código de Defesa do Consumidor, nos termos dos artigos 2º e 3º, senão vejamos: 
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se o consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
A suposta relação consumerista entre as partes é evidente, tornando-se o Código de Defesa do Consumidor alicerce para análise da vulnerabilidade do Autor Augusto dos Anjos em detrimento da ré, como defende a jurisprudência pátria do Superior Tribunal de Justiça, a plena configuração de relação consumerista entre consumidor e instituição financeira:
Súmula 297 –STJ:O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.
A Súmula nº 297 do STJ é conclusiva quando diz que “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras”, dito isto, vejamos entendimento jurisprudencial acerca do tema: 
APELAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E REPETIÇÃO DE INDÉBITO. CONTRATO BANCÁRIO. APLICAÇÃO DO CDC. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO EM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. COMPROVAÇÃO DA LEGITIMIDADE DA CONTRATAÇÃO. AUSÊNCIA DE FRAUDE. DEVER INDENIZATÓRIO INEXISTENTE. RECURSO IMPROVIDO. 1. As relações negociais celebradas entre consumidor e instituições financeiras devem ser examinadas à luz da lei consumerista, conforme entendimento pacificado no STJ através do Enunciado sumular 297. 2. In casu, contesta a requerente a contratação de empréstimo consignado (contrato nº 231821646), eis que reputa fruto de fraude, firmado a sua revelia. (...) 6. Recurso conhecido e improvido. [footnoteRef:3] [3: (TJ-TO - AC: 00224868820198270000, Relator: ANGELA MARIA RIBEIRO PRUDENTE)] 
(Grifo nosso)
	O Ministro Ruy Rosado, afirmou no que tange aos bancos, no julgamento do REsp:57974 RS 1994/0038615-0, conforme transcrito: 
"está submetido às disposições do CDC, não por ser fornecedor de um produto, mas porque presta um serviço consumido pelo cliente, que é o consumidor final desses serviços. (...) nas relações bancárias há difusa utilização de contratos de massa e onde, com mais evidência, surge a desigualdade de forças e a vulnerabilidade do usuário ".
Dessa forma, considerando a relação discutida, requer a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor, nos termos da Súmula 297 STJ. 
a) DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA
A partir do demonstrado, observa-se ainda que a proteção que a Constituição Federal estende ao consumidor em seu art. 5º, XXXII é satisfeita pelo presente Código de Defesa do Consumidor (CDC), o qual estabelece ser de responsabilidade OBJETIVA do fornecedor a segurança do produto ou serviço, estendendo ao fornecedor o risco da atividade econômica, conforme se observa na seguinte jurisprudência:
“EMPRÉSTIMO POR CONSIGNAÇÃO NÃO CONTRATADO. ALEGAÇÃO DE FRAUDE. DESCONTOS INDEVIDOS. DEVER DE RESTITUIR EM DOBRO. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. (...) o banco ao facilitar tais contratações e ao não tomar as cautelas necessárias, assume o risco de contratos fraudulentos. Descontos no benefício previdenciário indevidos, vez que não justificados. Dever de restituir em dobro. Danos morais configurados, dada a condição de pessoa idosa que aufere parco rendimento mensal. Logo, o desconto implicou abalo e preocupação com a própria mantença. Sentença confirmada por seus próprios fundamentos. RECURSO NÃO PROVIDO.”[footnoteRef:4] [4: (Recurso Cível Nº 71002459121, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Heleno Tregnago Saraiva, Julgado em 08/04/2010).] 
Ainda que a instituição possa alegar boa fé e apontar que realmente houve fraude, mas esta foi praticada por terceiros, sujeitos alheios ao banco, não há como as instituições bancárias se eximirem da responsabilidade, tendo em vista que há falhas, desde o começo, na prestação de serviços, e tal lapso protege o consumidor, pois encontra amparo no artigo 14, parágrafo 1º, inciso I, do Código de Defesa do Consumidor. 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
Nesse contexto, tem-se o entendimento pátrio a respeito da responsabilidade das instituições financeiras, como aborda a Súmula 479 do STJ, vejamos: 
Súmula 479 STJ - As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.
Nesse contexto, a responsabilidade do banco réu é objetiva, ou seja, independentemente da existência de culpa, motivo pelo qual deverá responder pelos danos causados ao Autor.
4.3 DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
Diante do caso em tela, observa-se que o autor passou por um enorme constrangimento ao ser avisado que o seu nome estava no cadastro de maus pagadores, sem nenhum aviso prévio de cobrança, e muito menos a existência de uma dívida que sequer consentiu em adquirir. Soube apenas no instante em que se dirigiu a uma empresa de Turismo, onde o agente a SESI Turismo informou que o Sr. Augusto dos Anjos (autor)estaria impossibilitado de adquirir os serviços de viagem por conta de seu cadastro no banco de maus pagadores, SPC/SERASA, após ter se programado durante muito tempo, tanto socialmente quanto economicamente, tendo em vista ser aposentado e de idade onde requer maiores cuidados, e um gasto como esse faz-se necessário um bom planejamento econômico. 
Entre os direitos básicos do consumidor, está a efetiva reparação de danos morais causados pelo serviço prestado ao consumidor, conforme elenca o art. 6º, inciso VI, do Código de defesa do Consumidor.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
VI - A efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
(Grifo nosso)
A reparação do dano moral aqui pleiteada tem como objetivo proporcionar ao autor um conforto e uma sensação de conformação diante do enorme constrangimento que o Banco FAMA S/A o fez passar. Conforme o conceito dado pelo renomado doutrinador Sílvio de Salvo Venosa, dano moral é aquele que causa um desconforto comportamental na vida da vítima, o qual a sua reparação deve ser quantificada economicamente. 
“Será moral o dano que ocasiona um distúrbio anormal na vida do indivíduo; uma inconveniência de comportamento ou, como definimos, um desconforto comportamental a ser examinado em cada caso. Ao se analisar o dano moral, o juiz se volta para a sintomatologia do sofrimento, a qual, se não pode ser valorada por terceiro, deve, no caso, ser quantificada economicamente.” [footnoteRef:5] [5: (VENOSA, Sílvio de Salvo; Direito Civil: responsabilidade civil; Vol. 04; 14ª Edição; São Paulo; Editora Atlas, 2014; página 51.).] 
Nessa esteira, Pontes de Miranda preconiza que o “dano patrimonial é o dano que atinge o patrimônio do ofendido; dano não patrimonial é o que, só atingindo o devedor como ser humano, não lhe atinge o patrimônio”. [footnoteRef:6] [6: PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti: Tratado de direito privado. 4. ed. São Paulo: RT, 1974, t. III, p. 27. 
] 
O dano moral também encontra respaldo no Código Civil, em seus artigos 186 e 927, os referidos artigos tratam do dano moral como ato ilícito e, além disso, visto que o Banco FAMA S/A agiu de forma precipitada e sem cautela, vejamos: 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
Assim, no caso em tela, é evidente a ofensa a direitos extrapatrimoniais, haja vista a maneira constrangedora que ele descobriu que seu nome estava com restrição nos órgãos de proteção ao crédito SPC/SERASA. O autor teve sua moral atingida, sendo constrangido e passando por a humilhação de não poder adquirir um pacote de viagem diante da negativação indevida, o que frustrou não só o autor da ação como também sua esposa.
 Corroborando o quanto exposto, a jurisprudência dos nossos tribunais tem comungado do mesmo entendimento ora mencionado, é o que se conclui da ementa abaixo:
RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ENERGIA ELÉTRICA. RÉ QUE NÃO LOGROU COMPROVAR A ORIGEM DO DÉBITO QUE ENSEJOU A INSCRIÇÃO DO NOME DA AUTORA NOS CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. INSCRIÇÃO INDEVIDA. REDUÇÃO DO CONSUMO DE ENERGIA QUE TEVE COMO CAUSA A MUDANÇA DO CONSUMIDOR PARA OUTRA CIDADE E NÃO DA AVARIA VERIFICADA NO MEDIDOR PELA CONCESSIONÁRIA RÉ. DANO MORAL IN RE IPSA. QUANTUM FIXADO EM R$ 8.000,00 QUE NÃO COMPORTA REDUÇÃO, PORQUANTO DE ACORDO COM OS PARÂMETROS ADOTADOS PELAS TURMAS RECURSAIS EM CASOS ANÁLOGOS. JUROS DE MORA INCIDENTES A PARTIR DO EVENTO DANOSO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO DESPROVIDO.[footnoteRef:7] [7: TJ-RS, Recurso Cível Nº 71007751506, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator:
Silvia Maria Pires Tedesco, Julgado em 27/02/2019] 
Dano moral in re ipsa trata-se de um dano moral presumido. Em regra, para a configuração do dano moral é necessário provar a conduta, o dano e o nexo causal. Diferentemente, o dano moral in re ipsa é presumido. Ou seja, este independe da comprovação do grande abalo psicológico sofrido pela vítima. Um exemplo desse tipo dano moral é o decorrente da inscrição indevida em cadastro de inadimplentes, pois esta presumidamente afeta a dignidade da pessoa humana, tanto em sua honra subjetiva, como perante a sociedade.
Considerando o caso em tela, a Constituição Federal, nos termos do artigo 5º, inciso X, garante o direito da indenização pelo dano moral sofrido pelo autor, conforme transcrição do diploma legal, vejamos:
Art. 5º- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
X- São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
Observado o embaraço que o Autor viveu, não só na agência de turismo, momento que foi informado de que não poderia realizar a compra do pacote de viagem por conta da adição de seu nome no Cadastro de Inadimplentes de forma indevida, mas também pelo fato de se sentir constrangido pelo ocorrido, já que nunca aceitou proposta de empréstimo, assim como não tem qualquer tipo de relação com a instituição financeira, o Sr. Augusto merece ser indenizado, uma vez que caracteriza-se dano moral o que vivenciou.
Ademais, a simples negativação e o protesto indevidos ensejam dano moral e direito à indenização, independentemente de qualquer outra prova, porque neste caso é presumida a ofensa à honra e ao bom nome do cidadão.
Como elucidado anteriormente, o Banco Fama S/A cometeu um ato ilícito ao causar dano ao Autor, dessa maneira, fica obrigado a repará-lo como forma de tentar amenizar os danos sofridos por ele, dessa forma requer-se R$10.000,00 (dez mil reais) a título de danos morais.
4.4 DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Na relação de consumo o consumidor se encontra no polo mais frágil, razão pela qual o Direito do Consumidor ampara o mesmo, intervindo para balancear essa desigualdade existente por meio de mecanismos no CDC (Código de Defesa do Consumidor). Umas das ferramentas mais substanciais dos Direitos Básicos do consumidor, é o Princípio da Inversão do Ônus da Prova, que vem a suprir no caso em questão a vulnerabilidade do autor frente à parte requerida, com base na hipossuficiência e verossimilhança, incumbindo esta última de apresentar as devidas provas. O CDC traz o princípio em seu bojo no Artigo 6º, VIII:
"Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
(…)
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências".
Não obstante, versa o inciso VIII acerca da inversão do ônus da prova, que é imposto ao fornecedor do serviço ou do produto, quando verificadas as verossimilhanças das alegações dispostas, bem como se fizer configurada a hipossuficiência do consumidor em relação ao requerido.
É necessário não perder de vista a posição que a jurisprudência pátria assume diante da matéria sub examine, conforme se depreende da ementa abaixo transcrita:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO - FATO NEGATIVO - INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA - ÔNUS DA PROVA - RÉU - ART. 373, II, NCPC - NEGATIVAÇÃO INDEVIDA. Negando a parte autora a existência de negócio jurídico entre as partes, compete à parte ré, nos termos do art. 373,II, do NCPC, provar a existência tanto do negócio jurídico quanto do débito cobrado, dele originado, que deu ensejo à negativação do nome daquela, de modo a legitimar a sua conduta.[footnoteRef:8] [8: (TJ-MG - AC: 10347150018781001 MG, Relator: José de Carvalho Barbosa, Data de Julgamento: 13/02/2020, Data de Publicação: 21/02/2020)] 
Resta clara, então, a total aplicabilidade do dispositivo legal. Não bastando todas as provas carreadas aos autos, que tornam fundamentadas as alegações autorais, é o promovente bastante frágil, econômica e socialmente, frente ao poderio patrimonial da promovida. Assim, deve ser invertido o ônus da prova, apesar de estarem os autos fartamente comprovados dos fatos aqui narrados, segundo a melhor interpretação da legislação aplicada ao caso concreto.
4.5 DO PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA EM CARÁTER INCIDENTAL
A Tutela de Urgência pleiteada na presente demanda deverá ser concedida antecipada, posto haver elementos que evidenciam a probabilidade do direito e do perigo de dano, conforme esclarece os requisitos do artigo 300 do Código de Processo Civil, senão vejamos: 
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
A probabilidade do direito como fartamente explanado, é calçado na inexistência da justa causa que ampare a negativação dos dados do promovente nos órgãos de proteção ao crédito, considerando que o requerente não teve qualquer relação jurídica com a instituição financeira, consequentemente está sendo cobrado uma dívida inexistente e também pela evidente má-fé da promovida, uma vez que esta sabe que não teve nenhuma relação que pudesse resultar na negativação de crédito. 
O perigo de dano está respaldado em função da perda de seu crédito, que em consequência acarretou a idoneidade comercial e o equilíbrio moral que a sustentava, ante sua inclusão no cadastro do SPC/SERASA, visto que o mesmo ainda se encontra na lista de inadimplência de maneira indevida, o que impossibilitou o Autor de realizar a viagem com sua esposa. A delonga aumenta ainda mais os constrangimentos que o promovente vem sofrendo em decorrência da injusta restrição de seus dados cadastrais, repercutindo tal fato em sua vida social, profissional e familiar, pois o mesmo encontra-se, injustamente, impossibilitado de realizar qualquer tipo de operação de crédito. 
Assim, pugna-se pela exclusão imediata dos dados do promovente dos cadastros de restrição ao crédito, notadamente a SERASA e SPC, bem como o cancelamento do protesto indevido. Tal pleito é arrimado na jurisprudência:
	 
4.6 DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
O autor opta pela audiência de conciliação, considerando ser esta a melhor opção para a resolução do conflito em tela. Conforme o disposto no artigo 319, inciso VII, do Código de Processo Civil, a opção do autor pela realização de audiência de conciliação deverá ser indicada na petição inicial.
Art. 319. A petição inicial indicará:
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
Sendo assim, cita-se a parte promovida para que possa comparecer a audiência de conciliação a ser designada pelo douto Juiz. 
5- DOS PEDIDOS
Ante todo o exposto, requer que Vossa Excelência se digne para:
a) Que seja concedido os benefícios da Justiça Gratuita, com base nos artigos 5º, LXXIV da Constituição Federal e 98 do Código de Processo Civil;
b) Que seja concedida a Prioridade Especial de Tramitação, visto que o Autor ostenta 70(setenta) anos de idade, como comprova RG anexado aos autos, nos termos do Artigo 71 do Estatuto do Idoso, Lei nº10.741/03. 
c) LIMINARMENTE, a concessão da TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA, nos termos do artigo 300 CPC, para que seja determinada, via ofício, à entidade provedora e mantedora de banco de dados e crédito de consumo, SCPC e SERASA, a exclusão dos dados do promovente dos cadastros de restrição ao crédito, sob pena de aplicação de multa diária conforme artigo 537, do Código de Processo Civil. 
d) Citação do BANCO FAMA S/A, via correios com AR, para comparecer a audiência de conciliação, com base no artigo 319, VII do Código de Processo Civil, a ser marcada por este Juízo, sob pena de multa, nos termos do artigo 334, §8º do Código de Processo Civil.
e) Julgar a total procedência da presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C DANOS MORAIS C/C TUTELA ANTECIPADA EM CARÁTER INCIDENTAL, para que declare a inexistência do negócio jurídico nos termos do artigo 19 do Código de Processo Civil, bem como a condenação da instituição financeira em pagar indenização por danos morais no importe de R$10.000,00 (dez mil reais), nos termos dos artigos 186 e 927 do CPC; artigo 5º, inciso X, Constituição Federal e artigo 6º, inciso VI do CDC. Assim, requer, a ratificação da Tutela de Urgência Antecipada em Caráter Incidental, nos termos do artigo 300 do Código de Processo Civil, para retirar o nome do requerente do cadastro de maus pagadores.
f) Nos termos da Súmula 297 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), requer a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor. 
g) Conceder a inversão do ônus da prova, nos moldes do artigo 6º, VIII, do CDC.
h) Condenação da parte ré no ônus sucumbencial, em especial às custas processuais e honorários advocatícios sucumbenciais, a serem arbitrados em 20% do valor da condenação, conforme Artigo 85, §2º, do CPC
Protesta a requerente provar o alegado, por todos os meios pelo Direito admitidos, especialmente pela produção de prova documental, testemunhal, pericial e posterior juntada de documentos.
Por derradeiro, informa-se que todos os documentos estão anexos.
Dá-se à causa o valor de R$ 28.950,00 (vinte e oito mil e novecentos e cinquenta reais), conforme art. 292, II, do Código de Processo Civil.
Nestes termos, pede deferimento.
Sobral/Ce, “Data..”
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Assinatura do Advogado
“OAB/UF…”

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