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Programação do 1.o semestre ....................................................................................... 1 Subsídios teóricos........................................................................................................ 7 Orientações didáticas e metodológicas para o desenvolvimento dos trabalhos na área da Matemática ................................................................................................ 12 Orientações metodológicas para a execução das sequências didáticas ...................... 30 Projeto: O que a Matemática tem a ver com a preservação cultural e dos recursos da natureza? ............................................................................................... 108 Bibliografia ............................................................................................................... 136 Programa de avaliação contínua (PAC) ..................................................................... 138 ÍNDICE Autoras: Claudia Gebin Maciel Maria Fernanda Tedesco Scatena Meiri Aparecida Rezende C. Magalhães Vanessa Gervásio Martin – 1 PROGRAMAÇÃO ANUAL MATEMÁTICA Coordenadora: Prof.a Meiri Aparecida Rezende Costa Magalhães Propomos uma programação e uma metodologia que favorecem a oportunidade de pensar, por meio da resolução e elaboração de situações-problema advindas do cotidiano dos alunos, de jogos propostos, contextos históricos da área, meios tecnológicos e outros. Com isso, criamos condições para a discussão, troca de pontos de vista, criação de estratégias, argumentação e desen- volvimento do pensamento crítico, da criatividade, da comunicação e da cooperação. ANO N. o DE AULAS PROGRAMA 2.o 7 Unidade temática: Números 1 – Números naturais: conceitualização, categorização, composição / decomposição, representações, agrupamentos em bases variadas e sistema de numeração decimal 2 – Operações: • Significados • Sinais convencionais • Situações-problema de estrutura aditiva: problemas de relações simples entre o todo e suas partes, problemas inversos de relação entre parte e todo, problemas comparativos • Uso de reta numérica para representar dados de problemas aditivos / subtrativos • Situações-problema de estrutura multiplicativa: problemas diretos de multiplicação – correspondência de um para muitos –, problemas inversos de multiplicação – fatores ausentes –, problemas diretos de divisão – distribuição equitativa –, problemas inversos de divisão – relações ausentes entre as variáveis –, dobro, metade; triplo, terça, quarta, quinta e décima parte • Uso de tabelas e gráficos para representar dados de problemas multiplicativos / divisivos 3 – Estratégias de cálculo mental, estimativas e algoritmos Unidade temática: Álgebra 1 – Construção de sequências repetitivas e de sequências recursivas 2 – Identificação de regularidade Unidade temática: Geometria 1 – Compreensão, descrição e representação, de forma organizada, do mundo no qual se vive 2 – Situações-problema que envolvam identificações e descrições da localização e movimentação de pessoas e objetos no espaço, segundo pontos de referência e mudanças de direção e sentido 3 – Esboço de roteiros e de plantas 4 – Figuras geométricas espaciais e figuras geométricas planas: reconhecimento e características Unidade temática: Grandezas e medidas 1 – Comparação de grandezas de mesma natureza 2 – Medidas não convencionais e convencionais: de comprimento (metro, centímetro e milímetro), capacidade e massa (litro, mililitro, cm3, grama e miligrama) 3 – Confecção e uso de instrumentos de medir comprimentos onde estão marcados: a) apenas os metros b) décimos e centímetros 4 – Medidas e instrumentos não convencionais e convencionais de medir o tempo: intervalos, calendários, leitura de horas em relógios digitais e analógicos 5 – Medidas de valor: sistema monetário brasileiro – reconhecimento e equivalência de cédulas e moedas 6 – Situações-problema envolvendo quantidades contínuas Unidade temática: Probabilidade e estatística 1 – Análise da ideia de aleatoriedade em situações do cotidiano 2 – Pesquisa e coleta de dados 3 – Classificação e representação de dados em tabelas simples e de dupla entrada em gráficos pictóricos e de colunas 4 – Noção de combinatória e probabilidade Observação: o programa está organizado em unidades temáticas correlacionadas; todavia, os princípios da lógica, relacionados a seguir, fazem parte dos blocos de conteúdo: comparação, classifi- cação, discriminação, relação de pertinência de um ente a um grupo, relação de inclusão entre coleções, agrupamentos por categorias, inferência de critérios para agrupar, argumentação e síntese. 2 – ANO N. o DE AULAS PROGRAMA 3.o 7 Unidade temática: Números 1 – Números: conceitualização, categorização, representação, composição e decomposição de números naturais de até 4 ordens no sistema de numeração de base dez 2 – Operações: • Significados • Sinais convencionais (+, – , x, ÷, =) • Situações-problema de estrutura aditiva: problemas de relações simples entre o todo e suas partes, problemas inversos de relação entre parte e todo, problemas comparativos • Uso de reta numérica para representar dados de problemas aditivos / subtrativos • Situações-problema de estrutura multiplicativa: problemas diretos de multiplicação – correspondência de um para muitos –, problemas inversos de multiplicação – fatores ausentes –, operadores multiplicativos, proporcionalidade, configuração retangular, problemas diretos de divisão – dis- tribuição equitativa –, problemas inversos de divisão – relações ausentes entre as variáveis, relação entre os termos da divisão • Uso de tabelas e gráficos para representar dados de problemas multiplicativos / divisivos • Estratégias de cálculo mental, estimativas, cálculos aproximados e exatos • Algoritmos das quatro operações fundamentais Unidade temática: Álgebra 1 – Identificação e descrição de regularidades em sequências numéricas recursivas 2 – Relação de igualdade Unidade temática: Geometria 1 – Localização e movimentação de objetos e pontos de referência 2 – Situações-problema que envolvam: identificação, descrição, construção e representação de formas geométricas tridimensionais (cubo, bloco/retangular, pirâmide, cone, cilindro e esfera) e bidimensionais (características e planificações; faces poligonais: triângulo, quadrado, retângulo, trapézio, paralelogramo) 3 – Tecnologia digital para o reconhecimento de figuras congruentes 4 – Conexões entre a Matemática e outras áreas Unidade temática: Grandezas e medidas 1 – Significado de medida e de unidade de medida 2 – Comparação de grandezas de mesma natureza 3 – Medidas não convencionais e convencionais de comprimento, capacidade e massa – múltiplos e submúltiplos mais usuais 4 – Confecção e uso de instrumentos de medir comprimento, capacidade e massa 5 – Medidas de valor: sistema monetário brasileiro 6 – Medidas e instrumentos não convencionais ou convencionais de medir o tempo 7 – Situações-problema envolvendo quantidades contínuas Unidade temática: Probabilidade e estatística 1 – Análise da ideia de aleatoriedade em situações do cotidiano: espaço amostral 2 – Estimativa de resultados com maiores ou menores chances de ocorrência 3 – Pesquisa e coleta de dados Observação: o programa está organizado em unidades temáticas correlacionadas; todavia, os princípios da lógica, relacionados a seguir, fazem parte dos blocos de conteúdo: comparação, classifi- cação, discriminação, relação de pertinência de um ente a um grupo, relação de inclusão entre coleções, agrupamentos por categorias, inferência de critérios para agrupar, argumentação e síntese. – 3 ANO N. o DE AULAS PROGRAMA 4.o 7 Unidade temática: Números – Sistemas de numeração: • não decimal • decimal – ordenação, composição e decomposição de números naturais de até cinco ordens – Adição sem reserva e com reserva – Propriedades da adição: comutativa / associativa / elemento neutro – Subtração sem recurso e com recurso– Multiplicação com produto até 99 999 – Multiplicação com multiplicador formado por números de dois algarismos – Propriedades da multiplicação: comutativa, associativa, elemento neutro, distributiva com relação à adição – Conceituação do algoritmo da multiplicação com multiplicador formado por dois algarismos – Divisão exata e divisão com resto: algoritmo das subtrações sucessivas – Múltiplos e divisores – Números racionais: representação fracionária, comparação, equivalência, adição e subtração com denominadores iguais e diferentes – Representação com vírgula, adição e subtração – Sistema monetário brasileiro Unidade temática: Álgebra – Sequências numéricas recursivas: • formadas por múltiplos de um número • formadas por números que deixam o mesmo resto ao serem divididos por um mesmo número natural diferente de zero – Relações entre adição e subtração e entre multiplicação e divisão – Propriedades da relação de igualdade Unidade temática: Grandezas e medidas – Medidas de comprimento: múltiplos e submúltiplos do metro – Medidas de massa: múltiplos e submúltiplos mais usados – Medidas de capacidade: múltiplos e submúltiplos mais usados – Medidas de tempo – Medidas de temperatura (em graus Celsius) – Áreas de figuras inicialmente construídas em malhas quadriculadas Unidade temática: Geometria – Localização e movimentação – Paralelismo e perpendicularismo – Figuras geométricas espaciais: • prismas e pirâmides • poliedros e não poliedros • figuras planas (polígonos) – Vértices, ângulos retos e não retos, uso de dobraduras, esquadros e softwares – Simetria de reflexão Unidade temática: Probabilidade e estatística – Estatística: coleta de dados e tabelas de dupla entrada, gráficos pictóricos, de barras simples e agrupadas e setores – Diferenciação entre variáveis categóricas e numéricas – Representação de dados de pesquisa realizada – Probabilidade: análises de chances de eventos aleatórios Observação: os conteúdos serão desenvolvidos de acordo com a didática da resolução de situações-problema. 4 – ANO N. o DE AULAS PROGRAMA 5.o 7 Unidade temática: Números 1. – Sistemas de numeração: • não decimal • decimal – ordenação, composição e decomposição de números naturais – Adição sem reserva e com reserva – Propriedades da adição: comutativa / associativa / elemento neutro – Subtração sem recurso e com recurso – Multiplicação com multiplicador e multiplicando formados por números de dois (ou mais) algarismos – Propriedades da multiplicação: comutativa, associativa, elemento neutro, distributiva com relação à adição (com representação em modelos visuais coloridos) – Conceituação do algoritmo da multiplicação com multiplicador e multiplicando formados por dois algarismos – Divisão exata e divisão com resto: algoritmo das subtrações sucessivas e comparação com o processo breve – Múltiplos e divisores 2. – Números racionais: representação fracionária, comparação, equivalência, adição e subtração com denominadores iguais e diferentes – Representação com vírgula, adição e subtração – Resolução de problemas com números naturais e racionais cuja representação decimal é finita – Problemas de contagem – Porcentagem Unidade temática: Álgebra – Sequências numéricas recursivas: • formadas por múltiplos de um número • formadas por números que deixam o mesmo resto ao serem divididos por um mesmo número natural diferente de zero – Sequência de Gauss, sequência de Fibonacci – Relações entre adição e subtração e entre multiplicação e divisão – Propriedades da relação de igualdade e noção de equivalência – Grandezas diretamente proporcionais – Partição de um todo em duas partes proporcionais Unidade temática: Grandezas e medidas – Medidas de comprimento: múltiplos e submúltiplos do metro – Medidas de massa: múltiplos e submúltiplos mais usados – Medidas de capacidade: múltiplos e submúltiplos mais usados – Medidas de tempo – Medidas de temperatura (em graus Celsius) – Áreas de figuras poligonais inicialmente construídas em malhas quadriculadas e algumas relações – Noções de volume Unidade temática: Geometria – Plano cartesiano: coordenadas no 1.o quadrante – Localização e movimentação (no plano cartesiano) – Paralelismo e perpendicularismo – Figuras geométricas espaciais: • prismas e pirâmides • poliedros e não poliedros – Poliedros regulares e semirregulares – Figuras planas (polígonos) e figuras com linhas curvas – Vértices, ângulos retos e não retos, uso de dobraduras, esquadros e softwares – Simetria de reflexão Unidade temática: Probabilidade e estatística – Estatística: leitura e coleta de dados e tabelas de dupla entrada, gráficos pictóricos, de barras simples e agrupadas, de setores e de linhas – Representação de dados de pesquisa realizada – Espaço amostral: análise de chances de eventos aleatórios – Cálculo de probabilidade de eventos equiprováveis Observação: os conteúdos serão desenvolvidos de acordo com a didática da resolução de situações-problema. – 5 MATEMÁTICA – 4.O ANO CAD. SEM. AULA PROGRAMA 1 1 1 Unidade 1: “Circuito de jogos” – Suas experiências 2 Com que cor eu vou? – Lição de casa 1 3 Com que cor eu vou? 4 Com que cor eu vou? – Lição de casa 2 5 Descobrir ou não descobrir, eis a questão! 6 Descobrir ou não descobrir, eis a questão! – Lição de casa 3 7 Descobrir ou não descobrir, eis a questão! 2 8 Descobrir ou não descobrir, eis a questão! – Lição de casa 4 9 Descobrir ou não descobrir, eis a questão! 10 Descobrir ou não descobrir, eis a questão! – Lição de casa 5 11 Unidade 2: “Um desafio real” – Contextualização 12 Contextualização e situação-problema – Lição de casa 6 13 Contextualização e situação-problema 14 Hora da brincadeira – Lição de casa 7 3 15 Registro – 2.o momento 16 Ampliação dos saberes 17 Leitura e escrita de números – Lição de casa 8 18 Leitura e escrita de números 19 Desafio final – Lição de casa 9 20 Jogo: As cartas do rei 21 Registro do jogo – Lição de casa 10 4 22 Unidade 3: “Nomear para comunicar” – Contextualização 23 Contextualização e situação-problema 24 Montagem e registro no Glossário Matemático 25 Hora de resolver problemas – Lição de casa 11 26 Hora de resolver problemas 27 Desafio final – Lição de casa 12 28 Desafio final CAD. SEM. AULA PROGRAMA 1 5 29 Unidade 4: “Multiplicar por divisão e outras propostas” – Contextualização 30 Contextualização e situação-problema – Lição de casa 13 31 Contextualização e situação-problema 32 Jogo 33 Jogo 34 Jogo 35 Registro do jogo 6 36 Descobrindo como descobrir 37 Hora de resolver problemas 38 Hora de resolver problemas 39 Hora da oficina 40 Hora da oficina 41 Hora da oficina 42 Hora de calcular – Lição de casa 14 7 43 Hora de calcular 44 Desafio final 45 Desafio final – Lição de casa 15 46 Unidade 5: “A História e a Matemática” – Contextualização 47 Contextualização e situação-problema 48 Planificação dos sólidos geométricos 49 Planificação dos sólidos geométricos 8 50 Hora de resolver problemas – Lição de casa 16 51 Hora de resolver problemas 52 Hora de resolver problemas 53 Desafio final 54 Desafio final – Lição de casa 17 55 Projeto 56 Projeto 6 – CAD. SEM. AULA PROGRAMA 2 9 57 Unidade 6: “Distribuidora de brindes” – Contexto inicial e situação-problema 58 Contexto inicial e situação-problema 59 Contexto inicial e situação-problema 60 Contexto inicial e situação-problema – Lição de casa 1 61 Contexto inicial e situação-problema 62 Contexto inicial e situação-problema 63 Hora do jogo: Quanto mais dividir, melhor será! – Lição de casa 2 10 64 Hora do jogo: Quanto mais dividir, melhor será! 65 Hora do jogo: Quanto mais dividir, melhor será! 66 Descobrindo como descobrir 67 Descobrindo como descobrir – Lição de casa 3 68 Hora de resolver problemas 69 Hora de resolver problemas 70 Hora de resolver problemas 11 71 Cálculo mental – Lição de casa 4 72 Desafio final – Trilha do resto 73 Desafio final – Trilha do resto – Lição de casa 574 Desafio final – Trilha do resto 75 Unidade 7: “Arte & Matemática – uma combinação interessante” – Contexto inicial e situação-problema 76 Contexto inicial e situação-problema 77 Hora da oficina – Lição de casa 6 12 78 Hora da oficina 79 Hora da oficina 80 Hora de resolver problemas 81 Desafio final – Pentaminós – Lição de casa 7 82 Desafio final – Pentaminós 83 Unidade 8: “A água no planeta Terra” – Contexto inicial e situação-problema 84 Contexto inicial e situação-problema CAD. SEM. AULA PROGRAMA 2 13 85 Contexto inicial e situação-problema 86 Contexto inicial e situação-problema – Lição de casa 8 87 Contexto inicial e situação-problema 88 Contexto inicial e situação-problema 89 Hora do jogo: Baralho das frações 90 Hora do jogo: Baralho das frações – Lição de casa 9 91 Hora de resolver problemas 14 92 Hora de resolver problemas 93 Leitura e escrita de números – Lição de casa 10 94 Leitura e escrita de números 95 Desafio final 96 Desafio final – Lição de casa 11 97 Unidade 9: “Produtos orgânicos da marca Verde que te quero verde!” – Contexto inicial e situação-problema 98 Contexto inicial e situação-problema – Lição de casa 12 15 99 Hora da oficina: Sacolão sustentável 100 Hora da oficina: Sacolão sustentável 101 Hora da oficina: Sacolão sustentável – Lição de casa 13 102 Hora da oficina: Sacolão sustentável 103 Hora de resolver problemas 104 Hora de resolver problemas – Lição de casa 14 105 Hora de calcular 16 106 Hora de calcular 107 Desafio final – Lição de casa 15 108 Desafio final 109 Projeto 110 Projeto 111 Projeto 112 Projeto Observação: em virtude da reformulação dos cadernos de Matemática do 4.o ano, a programação do 3.o e 4.o bimestres será enviada posteriormente, em tempo hábil. – 7 E salienta que tais competências “[...] inter-relacionam-se e desdobram-se no tratamento didático proposto para as três etapas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), articulando-se na construção de conhecimentos, no desenvolvi- mento de habilidades e na formação de atitudes e valores, nos termos da LDB.” Considerando esses pressupostos, a BNCC apresenta as dez competências gerais da educação básica para cujo desenvolvimento os diferentes compo- nentes do currículo devem concorrer. São elas: 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imagina- ção e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das lo- cais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da pro- dução artístico-cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e par- tilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes con- textos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comuni- cação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer pro- tagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciên- cia crítica e responsabilidade. APRESENTAÇÃO A coleção didática do Sistema Objetivo de Ensino para o Ensino Fundamental é o resultado de uma sólida experiência na elaboração de materiais didáticos e em sua efetiva utilização. Os Cadernos do aluno e Livros do professor são elabora- dos por coordenadores e professores de nossa equipe pedagógica, profissionais com comprovada experiência na área educacional e atuantes em sala de aula. Isso torna possível oferecer materiais didáticos com alto grau de aplicabilidade, na medida em que resultam de um profundo e intencional diálogo entre a teoria e a prática no desenvolvimento das aulas e das propostas de atividades. Além de oferecer as condições necessárias para a compreensão dos fenôme- nos envolvidos nas relações que se estabelecem durante a progressão dos processos de aprendizagem, nosso objetivo central é garantir que as ações pedagógicas fundadoras de nossa proposta teórico-metodológica ocorram em contextos verdadeiramente significativos. Partimos da concepção de que, nos dias atuais, não é mais possível conceber o processo de ensino-aprendizagem apenas como mera transferência de infor- mação. É preciso ir além, criando condições para que o aluno assuma um papel ativo na construção do conhecimento e seja também um produtor do “saber”; da mesma forma, é preciso garantir que o professor possa atuar como media- dor desse processo, com capacidades aprimoradas de empoderar os alunos em relação a aprender de maneira progressivamente autônoma, estimulando o pensamento reflexivo e a capacidade analítica dos objetos de conhecimento vinculados a seus contextos de uso real. Assumimos, assim, nosso respeito ao aluno, concebido como sujeito livre, competente, criativo e apto à realização de novas descobertas. Identificamos que tais princípios – seguramente comprometidos com a forma- ção integral do aluno e amparados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) – estão alinhados às competências gerais da Educação Básica defini- das pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular)*. Vale destacar que a noção de competência é definida pelo documento como sendo “[...] a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilida- des (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho.” * A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE). Subsídios teóricos 8 – 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioam- biental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, com- preendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos hu- manos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibili- dade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princí- pios éticos, democráticos, inclusivos,sustentáveis e solidários. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular – BNCC. Brasília, DF, 2017. Para assegurar o desenvolvimento dessas competências, o documento apre- senta um conjunto de habilidades específicas norteadoras para cada área de conhecimento, que devem ser interpretadas à luz dos contextos específicos em que serão utilizadas. Em nosso material serão fornecidos, progressivamente, os conteúdos neces- sários para o desenvolvimento de tais habilidades, apresentados por meio de estratégias pedagógicas que permitirão ao professor integrar valores cognitivos, socioemocionais, pragmáticos, culturais e éticos às suas práticas de sala de aula, observando o respeito às suas diferentes representações. Reconhecemos a importância do uso eficaz e consciente das tecnologias que sustentam o acesso à cultura digital e, alinhados às orientações expressas pela BNCC, reforçamos e expandimos o tratamento transversal dado às tecnologias digitais de informação e comunicação. Nossa expectativa é estimular o desen- volvimento do pensamento crítico e favorecer a aprendizagem continuada de habilidades numa perspectiva integrada e comprometida com a formação de cidadãos ativos. 1. Proposta didático-pedagógica A proposta didático-pedagógica desta coleção é dar suporte ao desenvolvi- mento de um processo de ensino-aprendizagem em que haja o predomínio da experimentação, da descoberta, do “fazer” e da coautoria na construção e produção do conhecimento. Procurou-se organizar, nas diferentes áreas de conhecimento, sequências di- dáticas que favoreçam a reflexão, que estimulem a socialização de conheci- mentos prévios, o levantamento de hipóteses, que mobilizem recursos cogni- tivos, saberes e informações a serem aplicados nas mais diversas situações de aprendizagem. Partimos do pressuposto de que enfrentar desafios é parte essencial no pro- cesso de aprendizagem. Assim, pensamos em situações didáticas que de- sestabilizem o saber, para que, diante de desafios, os alunos reconheçam que aprender vai além da simples reprodução sucessiva daquilo que já sabe- mos; aprender é uma constante sucessão de descobertas. Alguns pressupostos teóricos constituem os pilares dos processos de desen- volvimento e de aprendizagem e norteiam nossa prática pedagógica. São eles: a) Integração Consideramos que os aspectos biológicos e sociais são indissociáveis e exercem influência mútua nos processos de crescimento e aprendiza- gem das crianças e adolescentes. Assim, ao interagir com o meio social influenciamos e somos influenciados, vivenciamos experiências diversas, transformamos e somos transformados. Por essa razão, o desenvolvi- mento humano deve ser visto como uma ação conjunta e não individual, principalmente se a relação estabelecida for afetiva, efetiva e significativa. “(...) o homem é um ser essencialmente social, impossível, portanto, de ser pensado fora do contexto da sociedade em que nasce e vive. Em outras palavras, o homem não social, o homem considerado como molécula isola- da do resto de seus semelhantes, o homem visto como independente das influências dos diversos grupos que frequenta, o homem visto como imune aos legados da história e da tradição, este homem simplesmente não existe.” LA TAILLE, Yves de. O lugar da interação social na concepção de Jean Piaget. In: LA TAILLE, Yves de; OLIVEIRA, Marta Kohl de; DANTAS, Heloysa. Teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, p. 11. Nossa intenção é evidenciar a atuação do grupo como espaço de dis- cussão e troca de ideias, fomentando o desenvolvimento intelectual e a (re)organização de diferentes pontos de vista a partir da perspectiva do coletivo. b) Autonomia No processo de formação de um aluno autônomo, são fundamentais as vivências em situações de cooperação, liberdade de pesquisa, respeito mútuo e também experiência de vida. É a partir dessas trocas que a crian- ça desenvolve sua personalidade. Esse processo, no entanto, é longo: inicia-se antes mesmo de a criança completar um ano de idade, desde – 9 que lhe sejam oferecidas condições para tal desenvolvimento, e vai se constituindo mediante a necessidade de tomada de decisões ao longo de toda a vida. A conquista da autonomia ocorre, por exemplo, quando temos que esco- lher ou criar caminhos alternativos para a resolução de problemas, para a organização de ideias, para apreender e utilizar o jogo argumentativo nas situações do cotidiano, para justificar ao validar ou não descobertas. Sob essa perspectiva, os conflitos são, portanto, necessários e devem ser vistos como oportunidades educacionais fundamentais para a aquisição da autonomia. Queremos contribuir para que os nossos alunos se tornem gradativamen- te autônomos, com o propósito de que saibam interagir nas mais diversas situações de comunicação com base em suas escolhas, eleitas a partir de seus sentimentos, necessidades e perspectivas. c) Identidade Aprender a se conhecer é essencial para que o ser humano possa formar um conceito sobre si mesmo, tendo em vista a construção de imagens positivas, resultado de processos interligados e dependentes dos recur- sos afetivos, cognitivos e sociais presentes em um indivíduo e que podem ser ativados para favorecer relações mais saudáveis. A escola é um dos espaços que privilegiam tal condição, desde que estabeleça um contato de respeito com a criança, no lugar de uma relação autoritária ou mesmo permissiva; o respeito pela diversidade de hábitos, preferências, religiões e etnias, favorecendo a percepção e a vivência dessa heterogeneidade. Dessa forma, a escola será o meio eficaz para que se construa a noção de identidade pessoal e o sentimento de pertinência em suas relações sociais. É necessário, assim, que o educador, em sua prática pedagógica, esta- beleça sólidos vínculos afetivos com as crianças, observe, esteja atento ao mundo particular de cada uma delas, valorize e incentive a diversidade cultural, a livre expressão do pensamento, possibilitando que construam um conceito cada vez mais respeitoso, confiante e saudável de si mesmas e do outro. d) Independência Assim como queremos que as crianças argumentem e saibam justificar e validar suas ideias, coordenando diferentes pontos de vista no momento da tomada de decisão, também almejamos que nossos alunos materiali- zem suas ideias com progressiva independência. Ao fazer pelos alunos, o desafio proposto deixa de ser enfrentado, ao mesmo tempo em que se declara, implícita ou explicitamente, que eles não têm as condições para organizar, criar, explicar, revisar e avaliar, o que certamente pode comprometer a plena participação em situações diversas de aprendizagem, tão importantes para o seu desenvolvimento integral. e) Acesso à cultura É inquestionável que a escola tem como uma de suas mais importantes funções sociais aproximar as crianças da cultura – não transmissiva, mas sim democrática –, o que pressupõe participação, tendo em vista movi- mentos de cooperação em favor do desenvolvimento de processos de aprendizagem de forma real e significativa. 2. A proposta pedagógica – Base metodológica Um dos principais aspectos que mobiliza o aluno e o conduz à aprendiza- gem é a superação de obstáculos epistemológicos, provocada pelo desejo de saber, de conhecer, de investigar para então expandir o conhecimento já estruturado. Esse movimento se dá em múltiplos contextos e se materializa mediante interesses e/ou necessidades que se articulam para produzir e criar o novo. Tal princípio se traduz nas propostas oferecidas em nosso material didático: valoriza-se o saber prévio do aluno como alicerce para a construção do co- nhecimento; nesse contínuo, as novas informações e descobertas se articulam com o conhecimento preexistente e provocam a desestabilização, o que pos- sibilita a construção de novos saberes, constituindo, progressivamente, uma rede significativa e integrada de conhecimentos. Trata-se de adotar estratégias para as quais é necessário econveniente recorrer a procedimentos múltiplos, assumindo, progressivamente, a complexidade das questões em estudo. Atentos a essa perspectiva, optamos por uma concepção de educação que fomente a reflexão, a livre expressão e a produção de novos saberes por meio de atividades contextualizadas, vinculadas a competências e habilida- des necessárias para formar indivíduos capazes de compreender o mundo que os cerca e nele se situarem de forma crítica e responsável, sendo agen- tes de sua transformação. 3. Didática A didática organiza e orienta a prática educativa, em favor do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem como um todo. Desse modo, é preciso considerar os aspectos descritos a seguir. a) Organização do tempo didático O professor tem diferentes formas de organizar seu tempo didático. Isso envolve o ato de planejar a modalidade mais adequada para que ocorra determinada situação de aprendizagem. Quando a organização do tempo 10 – prevê períodos mais curtos ou de periodicidade constante, pode-se orga- nizar o trabalho didático prevendo, por exemplo: • atividades permanentes: são desenvolvidas semanal ou quinzenal- mente, com o propósito de criar hábitos de leitura e pesquisa, propor jogos educativos etc.; • atividades ocasionais: ocorrem quando o professor, ou mesmo um aluno, leva para a sala de aula algo que julgou interessante socializar com o grupo (uma notícia, impressão sobre filmes, livros etc.). Tais atividades também podem ocorrer quando o professor, por exemplo, considere valioso compartilhar um livro com os alunos ou levar um convidado especial para conversar com a turma, mesmo que não tenha relação direta com o conteúdo que está sendo trabalhado; • sequência didática: procedimento com as etapas encadeadas, visa a tornar mais eficiente o processo de aprendizagem. Tem como principal característica o desenvolvimento de um trabalho organizado de maneira sistemática, com o propósito de facilitar a compreensão gradativa de um conceito, um gênero textual ou outro objeto, desvinculado da simples memorização ou fixação por meio de exercícios repetitivos. No conjunto dessas propostas estão previstas atividades de antecipação ou levantamento de conhecimentos prévios, leituras diversas, compreensão, interpretação, análise, síntese, sistematização e generalização, contemplando eixos que estruturam os planos de aula nas diferentes áreas do conhecimento; • projeto: prevê um período mais longo de trabalho e oferece aos alunos inúmeras oportunidades de estabelecerem relações de ordem prática e/ou conceitual. Ao pensarmos em projeto, a participação dos alunos na escolha do objeto de estudo é fundamental. Essa estratégia contribui para envolvê-los no tema e na busca efetiva pelas respostas ao questionamento que originou a proposta. Este é um recurso didático que mobiliza a turma e sugere uma disposição para o trabalho em grupo que só se constrói sobre uma intensa e produtiva interação entre todos. Os temas transversais podem ser aqui amplamente contemplados. b) Organização do espaço A organização do espaço, para todas as faixas etárias, deve propiciar a in- tegração dos alunos por meio de espaços alternativos em sala de aula ou fora dela, tendo como objetivo instigar a curiosidade, possibilitar a cons- trução e a desconstrução de ideias ou produtos, o desenvolvimento da independência, a conquista da autonomia e da identidade, com foco em relações mais saudáveis. Para tanto, ela deve prever a disponibilidade democrática do conhecimento, facilitando o acesso a materiais diversos selecionados e atrativamente distribuídos. c) Organização social dos grupos Podemos organizar o grupo de alunos de diferentes formas, sempre tendo como objetivo facilitar a troca de experiências e do conhecimento, enri- quecendo os processos de aprendizagem e/ou facilitando a superação de dificuldades. Para a definição das modalidades de agrupamento é fundamental a ob- servação atenta do professor para, a partir daí, construir critérios para a escolha de uma delas, sem desvinculá-la da atividade que será proposta. Assim, o agrupamento dos alunos pode compreender diversas modalida- des, como a grande roda, a meia-lua ou U, duplas, trios, quartetos, grupos fixos ou móveis. Quando a questão é superar obstáculos cognitivos, não há nada mais eficaz que combinar as atividades com propostas de agrupamento vol- tadas para envolver, fazer emergir conhecimentos e favorecer a troca de experiências para confirmá-los, refutá-los e reconstruí-los tendo em vista criar para ampliar a cultura. 4. Avaliação A avaliação é vista como importante ferramenta institucional. Por meio dela é possível identificar avanços e/ou resultados nos vários processos de aprendizagem, como também fazer um levantamento de novas necessidades, planejar e executar ações, elevando o padrão de qualidade do atendimento aos alunos. Um processo de avaliação deve apresentar-se organizado, intencional e absolutamente coerente com os princípios eleitos que fundamentam o projeto educacional, buscando, contínua e permanentemente, a participação ativa de todos na tentativa de estabelecer uma estreita ligação entre ele e suas implicações na determinação de novas metodologias de trabalho. Para alcançarmos esse objetivo, a avaliação não pode ser um ato mecânico, mas sim uma ação reflexiva, voltada para identificar níveis de aprendizagem dos conteúdos desenvolvidos durante o bimestre. Assim, defendemos o emprego da avaliação formativa ou processual como uma das possibilidades mais indicadas, uma vez que ela leva em conta o processo de construção do conhecimento e de formação do sujeito. Faz-se necessário, então, criar estratégias diferenciadas para avaliar os alunos periodicamente, além de ter em mãos instrumentos que possam acolher dados passíveis de reflexão pelos professores, de forma que eles tenham condições de reconhecer e destacar os avanços, retrocessos e resultados apresentados pela turma no decorrer do cotidiano escolar. Esse modelo de avaliação dá aos professores e alunos o lugar de protagonistas que ousam negociar no processo de construção de conhecimento por meio da necessária interação discursiva que pode ser estabelecida nesse momento. – 11 5. O papel do professor Ao docente cabe mediar os processos de aprendizagem, gestando o conflito que se instaura quando um conteúdo é problematizado, acompanhando como os alunos enfrentam, discutem, decidem, procedem e justificam suas descobertas. Nessa interação de ideias e saberes, o professor é definitivamente um personagem insubstituível, porque é ele quem vai instigar o processo de descoberta, provocar a expressão do pensamento, relacionando-o ao assunto em foco. Nesse contexto, a problematização, concebida como procedimento metodológico, e a didática da situação-problema são duas estratégias fundamentais para que o professor possa desempenhar o papel de mediador e, assim, contribuir efetivamente para que a escola desempenhe sua função social, que é, e será ainda por muito tempo, a de oferecer condições para que os alunos aprendam de forma processual, significativa e real. 6. Estrutura da coleção Apresentamos a seguir as seções estruturantes nas quais as atividades do Caderno do aluno estão organizadas. Cabe salientar que destacamos neste momento apenas as seções centrais, que orientam essa organização em todas as áreas do conhecimento. Cer- tamente, os desdobramentos específicos que atendem às necessidades de cada disciplina serão abordados, de forma específica, nas próximas páginas. Assim, temos: Suas experiências O objetivo desta seção é apresentar atividades que intencionalmente pro- vocam antecipações e levantam conhecimentos prévios dos alunos sobre o assunto que será abordado. O foco é estimular o confronto e a socialização de ideias entre os participantes do grupo. Por meio das previsões e hipóteses expressas e compartilhadas, criam-se também a expectativa e o interesse para a apresentação de conteúdosdiversos. Exploração e descoberta Esta seção propõe investigações que ajudam os alunos a descobrir novos aspectos do conteúdo em foco. O diálogo entre o conhecimento prévio dos alunos e as novas informações que a eles forem apresentadas em diferentes suportes (textos, experiências, leitura de mapas, desafios diversos) geram a construção de novos saberes. Por meio dessa exploração, os alunos têm a oportunidade de (res)significar conceitos, estabelecer outras relações com o objeto de estudo, como resul- tado imediato da desacomodação das informações prévias, presentes nos sistemas de representação interna que previamente possuem. Ampliação dos saberes Garantindo o espaço da discussão e organização de novos saberes, as ati- vidades desta seção propõem aos alunos o uso efetivo – em novos e diver- sos contextos – das descobertas feitas anteriormente. Aqui entram em jogo habilidades complexas como análise, aplicação, síntese e sistematização, fundamentais para que se amplie significativamente a apreensão do conteú- do proposto. Produção de texto As situações de produção de texto expressas nesta coleção foram elaboradas a partir das possibilidades sugeridas pelas diversas áreas do conhecimento. As propostas oferecem oportunidades para que os alunos reconheçam a expressão escrita como forma legítima de comunicação, de interlocução, despertando o interesse para seu uso e desenvolvendo as habilidades de uso adequado da modalidade escrita, considerando sua legibilidade e função social. Sua criação (Desafio final) As propostas desta seção orientam os alunos a criar novas soluções para uma determinada situação-problema. Eles são estimulados a comunicar suas ideias diante do desafio proposto, a sugerir novos encaminhamentos que vão além da compreensão ou aplicabilidade de algo já dado, mobilizando, nesse movimento, seus novos conhecimentos, habilidades e atitudes. 12 – exemplos que representam algumas ferramentas conjunturais facilitadoras no processo de construção de novos saberes. 3. Caminho didático e metodológico Sabemos da complexidade que há em compreender o sistema numérico falado e escrito e que realizar mecanicamente atividades desse conteúdo, cuja proposta seja apenas a percepção/memorização, pouco contribuirá para se alcançar os resultados esperados. Então, atividades que tenham como principal objetivo copiar numerais (ou armar e efetuar operações ou realizar exercícios de fixação) são representações de um saber que facil- mente poderá ser levado ao fracasso, diante de modificações mínimas das variáveis da situação. As pesquisas para as mudanças no campo didático e metodológico da Ma- temática, iniciadas na França, entre os anos de 1970 e 1980, deram ao desenvolvimento do processo de aprendizagem nessa área um novo enfo- que, graças às descobertas de especialistas como Gérard Vergnaud e Guy Brousseau. Conforme estudos, a progressão do processo de aprendizagem somen- te ocorrerá de forma efetiva se o objeto de conhecimento fizer sentido às crianças. A partir dessa premissa devem ser priorizadas estratégias formativas que possibilitem aos alunos, de forma autônoma e independente, frente a um problema posto, confrontar saberes: trocando pontos de vista, discutindo argumentos, decidindo novos registros e hipóteses e justificando o pensa- mento. Sabe-se que as noções numéricas são construídas antes mesmo de a criança entrar na escola. A progressão desses processos é resultado das sucessivas abstrações analíticas que ela faz, ao entrar em contato consigo mesma e com os ambientes familiar, social e cultural. Os resultados do processo para a compreensão do sistema numérico serão gradativos, com certa instabilidade e diferentes entre si, todavia poderão ser facilitados se as propostas forem contextualizadas e muito desafiado- ras. Estamos nos referindo à proposta de trabalhar com situações-problema que, segundo Guy Brousseau, é a única forma de aprender os conteúdos da área da Matemática. Nesse sentido, para a progressão do processo de aprendizagem na área da Matemática, prevê-se a familiarização com o sistema de numeração falado e escrito, para incorporá-lo à linguagem coloquial e, de forma integrada, Orientações didáticas e metodológicas para o desenvolvimento dos trabalhos na área da Matemática 1. Nossas concepções e a Matemática A proposta para o desenvolvimento de trabalhos voltados à construção dos conceitos definidores dos conteúdos da área, gradativamente, tem como propósito maior envolver e desafiar cada criança: para a resolução de pro- blemas e para o pleno exercício do pensamento matemático. Nesse sentido, acolhemos a didática que tem como principal premissa a situação-problema por possibilitar a busca de solução aos desafios pro- postos, permitir que a criança percorra diferentes caminhos, favorecer um contato íntimo com a lógica interna dos conceitos envolvidos e, consequen- temente, construir estratégias próprias buscando compreender o objeto de estudo em questão. Como educadores que somos, temos o papel fundamental de propor desa- fios, assim como mediar e instigar a troca intelectual, manter o mistério e alimentar o desejo de saber das crianças, para que todas possam aprender, como também transformar, produzir e criar novos modelos – que ampliem a cultura e não tão somente a reproduzam. 2. O trabalho educacional na área da Matemática É possível aprender Matemática? Aprender é possível, sim, desde que o professor consiga fazer do seu saber matemático um mistério, o mesmo que usar como principais instrumentos a pergunta instigante e as situações-problema, possibilitando a busca de saídas para compreender conceitos em discussão ou em elaboração, assim como o registro de hipóteses e respectivas operacionalizações. Frente a essas premissas, cabe a nós, enquanto educadores, organizar situações de aprendizagem que ofereçam as condições para que o desejo adquira um tom de emergência – determinado e articulado ao conhecimento “já existente” – contribuindo para a construção de novas estruturas mentais, no caso, estratégias de resolução de problemas. Ativar um dispositivo mental a partir de um desafio que leve o aluno a refletir e/ou explicitar o que sabe, ou mesmo, escolher entre uma coisa ou outra, ou excluir ou incluir, ou ainda, relacionar, comparar, operacionalizar, planificar, confirmar e posicionar-se frente a uma necessidade interna ou externa, são ENSINO FUNDAMENTAL o1. bimestre o4. ANO – 13 buscar soluções para os problemas postos. Nesse contato íntimo com o objeto de estudo, ao compreendê-lo e interpretá-lo, as crianças aprendem, gradativamente, o invisível do campo numérico e suas variáveis, ou mesmo, as regularidades das operações matemáticas e possíveis aplicações. Contextualizar as situações propostas é o que permite aos alunos recorre- rem aos conhecimentos extraescolares como apoio para analisar os resul- tados e controlá-los, ao mesmo tempo em que será fonte de outros proble- mas. É o início da sistematização e/ou compreensão do nosso sistema de numeração. Pode-se afirmar com convicção que é preciso, portanto, oferecer às crian- ças trânsito livre, sem restrições, ao sistema de numeração, sob perspec- tivas inéditas e interessantes, para que possam pensar no que e em como fazer, como também, em como explicar o que fizeram e por que fizeram. a) As situações-problema Quando analisamos o processo de construção do conhecimento mate- mático concluímos que ele é dinâmico, visto que os resultados da apren- dizagem são obtidos por meio de atividades que possibilitam a investiga- ção, ou ainda, sob a luz de hipóteses. Se não forem essas as respostas dos alunos frente ao que está sendo proposto, impediremos o exercício pleno do pensamento, alimentado pela dúvida ou pela curiosidade e con- textualizado em uma situação-problema. Assim, percebemos que a Matemática não está pronta, acabada, mas se transforma ao enfrentarmos os desafios para desvendá-la, principal- mente quando nos movimentamosem busca de saídas com base no que já conhecemos, ou não. Essa descrição confere as condições para a construção de estratégias de resolução de problemas. Segundo Polya (1978), “uma grande descoberta resolve um grande pro- blema, mas há sempre uma pitada de descoberta na resolução de qual- quer problema. O problema pode ser modesto, mas se ele desafiar a curiosidade e puser em jogo as faculdades inventivas, quem o resolver por seus próprios meios experimentará a tensão e gozará o triunfo da descoberta. Experiências tais, numa idade susceptível, poderão gerar gosto pelo trabalho mental e deixar, por toda a vida, a sua marca na mente e no caráter.” Para ser considerada uma situação-problema, ela deverá apresentar as propriedades abaixo: 9 Girar em torno da resolução de um obstáculo, ou seja, de um enigma. 9 Permitir formulações por parte dos alunos; 9 Possibilitar aos alunos apropriarem-se de instrumentos intelectuais; 9 Operar em uma zona próxima, propícia ao desafio intelectual (nem muito fácil e nem impossível de ser resolvida); 9 Dar oportunidade para que os alunos assumam riscos quando anteci- pam os resultados (suas hipóteses); 9 Possibilitar a sua validação por meio do próprio modo de estruturar-se. Uma situação-problema sugere a superação de um obstáculo. Inicial- mente, precisa ser compreendida e interpretada para que a aprendiza- gem faça sentido. Após o envolvimento dos alunos, todo um processo de busca se desenvolve por meio do exercício pleno do pensamento, até chegarem à resolução, que será registrada, como produto da materiali- zação da criatividade. O erro, ao optarmos por uma didática com base em situações-proble- ma, é construtivo. Em outras palavras, transforma-se rapidamente em um novo obstáculo a ser superado, em favor da melhoria dos proces- sos que envolvem estratégias de resolução já acomodadas em nosso sistema mental. b) Organização do espaço e aprendizagem cooperativa A formação do ser social envolve necessariamente propostas de agru- pamento, por ser essa a maneira de criar condições eficientes para as trocas intelectuais entre os alunos, ocorrendo a construção de conhe- cimento. Agrupar os alunos é, também, dar oportunidade para que as crianças aprendam a lidar com as diferenças para, então, conviver com elas com mais naturalidade. Nesse sentido o respeito tem espaço para as deci- sões, para a autovalorização e para a iniciativa com responsabilidade. No campo educacional, a forma como o espaço está organizado pode dar dicas da concepção de educação adotada no processo, assim como das estratégias docentes mais utilizadas para a aprendizagem. Organizar os alunos de diferentes formas, levando em consideração a estreita relação entre a atividade proposta e a melhor organização do espaço para desenvolvê-la é o que dá movimento e vida para a proposta pedagógica. Essas diferentes formas representam e orientam a liber- dade para a investigação e exploração de possibilidades, nos muitos desafios propostos aos alunos. Não planejar essas condições é perder oportunidades múltiplas para que todos possam aprender, com mais sentido e significado, inclusive o professor. Com o foco na organização espacial, podemos dispor as carteiras da sala em algumas posições: na grande roda, em pequenos grupos ou individualmente. A maneira como isto acontece e a frequência da mu- dança de formato fornece elementos sobre como o processo de ensino está acontecendo. 14 – A partir da organização espacial (física), o professor tem a oportunidade de saber como os alunos também se organizam e estabelecem situa- ções de troca. Abaixo, as diferentes formas de agrupar as crianças, na sala de aula ou fora dela, em favor da progressão e do desenvolvimento de processos (emocionais e cognitivos). Grupos móveis: formados livremente de acordo com as afinidades dos alunos, se a atividade não tiver como objetivo a aprendizagem de algum conteúdo. Agrupamentos produtivos: este é um nome usual na Língua Portugue- sa, porém o objetivo do agrupamento é a troca intelectual, é a construção de conhecimentos. Assim, se a aprendizagem de um conteúdo estiver em foco, caberá ao professor definir quem ficará com quem pela aproximação de saberes, tendo em vista a circulação máxima de informações. Cabem aqui propostas para resolver problemas de quaisquer naturezas, como jo- gar, escrever, ler, fazer provas, revisar e editar produtos diversos. Grande roda: esta é a melhor organização para favorecer a coordenação do grupo de crianças como um todo pelo professor e para que todos pos- sam se ver e se ouvir. É indicada, portanto, para contar histórias, construir combinados, conversar, fazer leituras intencionais, assistir a um vídeo etc. Para viabilizar um momento assim e, ao mesmo tempo, contribuir para a progressão do processo de aprendizagem da vida em grupo, organize as carteiras em “u”, para que, assim que os alunos chegarem à sala de aula, possam ocupar os lugares de forma espontânea. Numa organização como essa, não há lugar fixo. Está proposto, portanto, o exercício da escolha, condição para que as crianças conquistem a autonomia gradativamente. Individual: a organização em que as crianças possam desenvolver individu- almente algumas de suas tarefas deve fazer parte de um bom planejamento. Esse é o momento para acomodar o conhecimento, para resgatar o cami- nho percorrido, lembrando ou refletindo sobre ele, é o momento da apren- dizagem. As tarefas mais indicadas para esse modo de organização são: fazer uma prova, produzir uma obra de arte, escrever, contar os objetos de uma coleção, registrar suas observações, criar um roteiro para realizar algo e, por que não dizer, pensar. c) Discussão em sala de aula Na organização didática a partir da metodologia por resolução de proble- mas, uma condição essencial para a progressão contínua da construção de conhecimento é o momento de discussão posterior às atividades rea- lizadas pelos grupos e/ou pelos alunos. Durante a realização das diferentes propostas os alunos formulam hipóte- ses, argumentam, descrevem seus procedimentos nos pequenos grupos ou entre as duplas. Esse é um movimento saudável de troca intelectual que precisa ser compartilhado entre todos os alunos. Assim, este material valoriza a socialização e a apreciação das produções dos diferentes gru- pos. Um espaço temporal está previsto para que os alunos apresentem seus materiais e/ou pensamentos argumentando o caminho percorrido. O professor, nesta etapa, tem papel fundamental, uma vez que, a partir da sua observação e intervenção durante a realização da proposta, insti- ga os alunos a argumentar, buscando as razões do que está sendo apre- sentado, gerando confrontação e reflexão por parte deles. “Tudo isso não se realiza espontaneamente, a intervenção do professor é decisiva e, justamente, organizar com êxito o momento do confronto é uma das maiores dificuldades do professor.” (Saiz, 1995) Com isso, há uma grande circulação de conhecimento na classe, por meio da qual alguns grupos têm a possibilidade de avançar em seus pensamentos, redirecionar rotas, rever procedimentos e outros, que já se encontram em estágio mais avançado, vão progressivamente se aproximando da notação convencional e do conhecimento já construí- do pela sociedade. É um momento riquíssimo tanto no campo emocional quanto no cognitivo. Patricia Sadovsky, em seu livro O ensino da Matemática hoje: enfoques, sentidos e desafios (2007), confirma a importância desse momento de socialização e confronto de ideias matemáticas de forma intencionalizada no trecho: “toda a discussão que acontece na aula informa ao aluno que há uma maneira de se dar conta que ele não compreende, mas poderia compreender. E para ele esse talvez seja o aprendizado mais importante de todo o conjunto de aulas em que se abordou o problema. Nesse sen- tido, um tipo de interação sustentada para o conjunto pode ajudar os que ainda não entraram num certo jogo matemático de construir uma posição de busca de razões,necessárias para produzir conhecimento”. d) Organização didática via sequência didática Didaticamente, a organização do tempo escolar segundo as modalida- des organizativas, sequência didática, projeto e atividade permanente, é a estrutura mais adequada ao processo de aprendizagem. Descrevere- mos brevemente como uma sequência didática está organizada e como pode favorecer a construção do conhecimento. Para começar, levantar conhecimentos prévios é a condição necessária para que o “novo conteúdo” possa se transformar efetivamente em co- nhecimento. Para esse momento, sugere-se que o professor não faça intervenções, mas observe o nível de participação dos alunos e a troca de informações entre eles, ao buscar as soluções para o problema posto. Em seguida, o projeto volta-se para as propostas que permitem o con- – 15 tato íntimo com o objeto de estudo e novos desafios são apresentados às crianças, por exemplo: situações de jogos, problemas de diferentes naturezas, cálculo mental, estimativa e propostas de leitura e escrita de números adequados à faixa etária das crianças que frequentam as salas do 4.o ano. Porém, nessa segunda parte os alunos devem ser acompa- nhados em todos os seus movimentos de resolução, ao mesmo tempo em que são instigados a buscar mais conhecimento sobre o que foi pro- posto, tendo em vista o desenvolvimento pleno de suas potencialidades. Como terceiro momento, sugere-se uma última situação-problema com o nome de Desafio Final, uma atividade que tem como propósito siste- matizar, ou ainda, organizar o pensamento com base na reflexão sobre os caminhos vivenciados. Assim, a sequência didática é uma ferramenta que oferece aos alunos a condição de perguntar-se, ordenar, classificar, refletir para criar um novo modelo social e único na cultura universal. Nesse processo de interpreta- ção contínua, é possível que saltem aos olhos os saberes iniciais, muitas reformulações e construções criativas do próprio pensamento ao longo de cada uma das situações didáticas propostas. 4. Organização do espaço e tempo didático Organização do espaço Apresentamos, num primeiro momento, sugestões de como organizar o es- paço como estratégia facilitadora para o desenvolvimento do trabalho edu- cativo. Segundo Katia Smole (2000), “O ambiente deve encorajar os alunos a propor soluções, explorar possibilidades, levantar hipóteses, justificar seu raciocínio e validar suas próprias conclusões”. Propomos duas possibilida- des: o “ambiente matematizador” e os cantos de interesse ou de atividade. a) Ambiente matematizador – O lugar do material estruturado O uso de recursos didáticos é de fundamental importância para os alunos, principalmente para aqueles que ainda não representam suas hipóteses de forma convencional. Significa que ao estabelecer relações de quanti- dade, somar ou subtrair, por exemplo, as crianças podem lançar mão do material disponível na sala de aula e usá-lo para justificar a tomada de decisão por este ou aquele caminho ao resolver o problema proposto. O professor, por sua vez, com base no objetivo proposto, escolhe os recursos mais indicados e coloca-os à disposição com destaque para o desenvolvimento de uma das atividades propostas na sequência didática. Exemplo: colocar à disposição das crianças jogos, material dourado e cuisenaire, como suporte de resolução de problemas. Os recursos materiais não devem ser confundidos com objetos de conhecimento ou entendidos e utilizados em suas representações, até porque eles vão muito além do que os olhos podem ver. Assim, sob a lógica de como o conhecimento é construído, a necessidade e o contato são autônomos, e a decisão é do aluno em querer ou não utilizá-los durante a realização da proposta. Ao pensarmos sobre o que dispor às crianças é importante lembrar que todos os materiais devem ser de qualidade, seguros, em quantidade su- ficiente para permitir a escolha entre eles e, principalmente, adequados à faixa etária atendida. Além disso, é preciso pensar também em como todo esse material será colocado à disposição, pois espaços alternativos como esse devem ser totalmente acessíveis. Assim, a altura de qualquer suporte que acomo- dará cada material deve ser compatível com a altura das crianças. Os materiais utilizados para compor o “ambiente matematizador” classifi- cam-se da seguinte maneira: CONTAGEM ESTRUTURADOS INSTRUMENTOS DE MEDIDA TEMPO GRÁFICOS PAPELARIA Pedrinhas Palitos Cédulas Moedas Embalagens Grãos Brinquedos em miniatura Botões Pedacinhos de madeira Material dourado Cuisenaire Blocos lógicos Jogos de mesa Tabuleiro Copos Compassos Fitas métricas Réguas Colheres Recipientes graduados Embalagens Relógio Ampulheta Calendários Tabelas numeradas Reportagens com dados numéricos e gráficos de diferentes modelos Papéis de diferentes tipos e tamanhos para realizar registros Cola Tesoura Pincéis Tintas coloridas 16 – A seguir, apresentamos algumas imagens que podem favorecer o entendi- mento da proposta para compor o “ambiente matematizador”: Material dourado, dados, materiais de colagem... Mapas Palitos, pedrinhas, canudos Instrumentos de medida b) Como organizar os cantos de interesse Cantos de atividade ou de interesse são espaços organizados especificamente para dispor diferentes atividades com total acessibilidade às crianças. Permitem a escolha de um parceiro para jogar, ou ainda, a realização de atividades individuais como ler um livro, ou mesmo, registrar conquistas, sem a mediação do professor. Contemplam, portanto, todos os princípios educacionais eleitos: a integração entre iguais, a tomada de decisão em favor da conquista da autonomia, e pegar, usar e guardar de forma independente. Essa condição é altamente favorável para o desenvolvimento do trabalho educativo. Planeja-se e estrutura-se um canto de atividades para ser atrativo e construtivo, ou seja, os materiais selecionados devem ser sugestivos, instigadores e passíveis de ser transformados. Para enriquecer o local, deve se valer de propostas como sudoku, jogos de tabuleiro e alguns desafios lógicos. O aluno pode utilizar esse espaço na chegada à classe, antes da aula iniciar, no término de uma atividade ou no final do período. Para que o espaço assuma sua função é importante o planejamento do docente so- bre ele, modificando as propostas semanalmente. Organização do tempo didático A rotina de uma instituição educativa é extremamente importante para situ- ar a criança no tempo e no espaço da sala de aula, conforme as áreas de conhecimento presentes no currículo da escola. Quadro numérico – 17 A organização prevista pela escola deve ser compartilhada com o grupo de professores, discutida e estudada por eles. Segundo Delia Lerner, são três as formas de organizar o tempo na escola: INTENCIONALIDADE EDUCATIVA MODALIDADE SUGESTÕES DE ATIVIDADES Desenvolver hábitos e atitudes favoráveis para o desenvolvimento de capacidades e habilidades na área de Matemática. Atividades permanentes: são propostas realiza- das com determinada frequência (diária, semanal ou quinzenal), desvinculadas das sequências didáti- cas e que favorecem a aproximação das crianças a um conteúdo específico que se planeja alcançar. Ao planejar esse tipo de atividade, deve-se ter clareza em relação ao objetivo a ser alcançado e em relação aos materiais necessários para a sua condução. As propostas para desenvolver as atividades per- manentes estão apresentadas mais à frente. Orga- nizar o tempo para o desenvolvimento dos conteú- dos circulares da área. Organizar o tempo para o desenvolvimento dos conteúdos curriculares da área. Sequências didáticas: planejamento que apresenta objetivo específico com base em um conceito e níveis variados de aprofundamento. Organizam-se a partir das unidades temáticas correlacionadas: – Números – Geometria – Grandezas e medidas – Probabilidade e Estatística Solucionar um problema que deve ser comparti- lhado com as crianças e apresentar visibilidadeem relação ao produto final. Projetos: os projetos são conjuntos de atividades organizadas em etapas, voltadas para a resolu- ção de um determinado problema. São entendidos como uma sucessão de etapas, que abrangem: – a organização da pesquisa – a sistematização – a socialização dos conhecimentos ao longo de um tempo previsto entre os alunos e o professor. Uma vantagem de trabalhar com projetos é possibi- litar que os alunos estabeleçam múltiplas relações entre áreas de conhecimento distintas, permitindo que façam generalizações de ordens diversas. Anualmente, propomos a realização de um projeto, o qual posteriormente será detalhado. 18 – 5. O papel do professor Como profissional da educação, o professor deve ter muita clareza de sua principal competência, ou seja, saber organizar e mediar situações de aprendizagem, como diz Perrenoud (2000), por uma perspectiva de escola diferenciada, levando em conta as características, os ritmos e as motiva- ções dos alunos. Nesse sentido, o professor tem um papel fundamental no processo de en- sino e aprendizagem. Sua postura, seu olhar, sua atuação nesse processo explicita a proposta educacional em que ele acredita e que adota em sua prática. Ressaltamos que, na proposta de construção do pensamento cria- tivo, o professor deve levar em conta o que as crianças já sabem e como sabem, deve valorizar a fala e as suas produções e planejar situações- -problema que favoreçam a progressão do conhecimento – acompanhando e registrando cada avanço de seu grupo de crianças. Assim como afirma Oliveira et al (1992), “O essencial no uso do espaço da sala de aula é que se descentralize a figura da educadora, que passa a atuar como facilitadora da interação das crianças em atividades e brincadeiras sem depender tanto da mediação do adulto. Este fica mais disponível para estabelecer relações, de forma mais efetiva com alguma criança ou grupo de crianças que o procure e/ou precise de uma atenção especial. Além deste contato direto, a obser- vação do professor torna-se fundamental para o processo de planejamento e avaliação”. Para o desenvolvimento de uma proposta como essa, o pro- fessor precisa intencionalizar a prática educativa para que ela não caia no espontaneísmo ou, ainda, numa avalanche de informações, muitas vezes desconectadas da realidade presente. Seguem algumas dicas: • Estudar os conteúdos que serão desenvolvidos para poder elaborar per- guntas e atividades contextualizadas e desafiadoras à peculiaridade de seu grupo de alunos. • Trabalhar a partir dos conhecimentos prévios dos alunos ou, ainda, das suas representações, convencionais ou não. • Aproveitar o erro como ponto de partida para instigar seus alunos, incenti- vando-os à descoberta, a expor com segurança suas dificuldades, a bus- car novos caminhos de resolução, à análise e à verificação da solução. • Ter clareza de que o mais importante é valorizar o processo, e não o tem- po usado para resolver o problema, nem a resposta final. • Permitir que os alunos que desejarem concretizar suas hipóteses, ao construir estratégias de resolução de problemas, tenham a oportunidade de utilizar material estruturante. Segundo Guy Brousseau, são duas, em especial, as condições motivadoras que favorecem a progressão dos processos de aprendizagem: sem a inter- venção direta dos professores (adidáticas) e com essa intervenção (didáti- cas). Tanto uma quanto a outra, por serem provocativas, colocam em xeque o conhecimento já construído pelos alunos, possibilitam novas relações, novas formas de interpretar a realidade e o mundo dos números, assim como favorecem a materialização do resultado de suas ações. Cabe ao professor intervir, socializando as estratégias de resolução utiliza- das pelos alunos, compartilhando conhecimentos e chamando a atenção para as representações que realmente mostram que houve aquisição de conhecimento por parte deles. Assim, o educando poderá evoluir das repre- sentações pictográficas para as representações matemáticas. Vale dizer que o professor deverá, também, observar os esquemas de ação das crianças, bem como as construções mentais que fazem durante a atua- ção nas atividades, para evidenciá-los, proporcionando o desenvolvimento do pensamento crítico/criativo/abstrato e a decisão de não mais se valerem de recursos materiais. 6. Proposta para viabilizar o processo de avaliação Introdução A avaliação tem sido um problema constante tanto para o aluno como para o professor. O maior dos problemas enfrentados frente a uma avaliação é que, muitas vezes, ela se torna um fim em si mesma, comprometendo, dessa forma, uma nova oportunidade para se adquirir conhecimento. O ato de avaliar já ocorre antes mesmo de se iniciar o ano letivo, quando o professor pressupõe concepções acerca de um planejamento adequado à faixa etária dos alunos e às possibilidades cognitivas que são esperadas para um determinado ano escolar. A partir dessa reflexão inicial, é possível compor o “cenário educativo”, como afirma Hoffmann (2009). A partir daí, ele enfrenta uma série de hipóteses a serem conferidas e ajustadas no decorrer do processo, pois encara, ao mes- mo tempo, a diversidade dos alunos, a complexidade do objeto de conheci- mento e as múltiplas opções de experiências educativas. – 19 Para acompanhar a progressão do processo de aprendizagem dos alunos de intenção formativa é fundamental a observação, sob a luz dos objetivos pro- postos, dos critérios construídos ou com base nas atitudes e/ou nos conteúdos, do diálogo entre professor e aluno, nas muitas situações didáticas propostas. Segundo Jussara Hoffmann (2009), “a avaliação enquanto relação dialógi- ca vai conceber o conhecimento como apropriação do saber pelo aluno e pelo professor, como ação-reflexão-ação que se passa na sala de aula em direção a um saber aprimorado, enriquecido, carregado de significados, de compreensão. Dessa forma, a avaliação passa a exigir do professor uma relação epistemológica com o aluno. Uma conexão entendida como uma reflexão aprofundada sobre as formas como se dá a compreensão do edu- cando sobre o objeto do conhecimento”. Em vez de um professor que transmite “comunicados” sobre um objeto e de um aluno que passivamente recebe essas informações acreditando ter aprendido, a educação problematizadora traz, desde logo, o professor para a posição do aluno e o aluno para a posição do professor; o objeto passa a ser o fator de mediação deixando de ser “o” objetivo da educação, pois não há educador tão sábio que nada possa aprender, nem educando tão ignorante que nada possa ensinar. Surge, daí, a concepção dialógica da educação problematizadora. (HOFFMANN, 2009) Em favor do desenvolvimento pleno da proposta de educação problematiza- dora e acompanhamento formal, segue em paralelo a avaliação formativa, que se estabelece com base no diálogo entre professor e aluno, ou mesmo, quando a busca é pelas soluções frente aos desafios encontrados. Para tanto, o professor deve orientar-se respaldado por parâmetros claros em relação ao desencadeamento do pensamento científico dos alunos, du- rante as suas descobertas, de maneira que sejam esses os responsáveis diretos pelos resultados a serem alcançados. Esses parâmetros devem prever certas respostas dos alunos, considerando tudo o que eles têm de melhor: suas aquisições, sua maneira de aprender, sua relação com o saber, suas angústias, eventuais bloqueios diante de cer- to tipo de tarefa, seus interesses, projetos e sua autoimagem como sujeito capaz ou não de aprender. Segundo Perrenoud (2000), não devemos separar avaliação do processo de aprendizagem, mas, sim, considerar cada situação de aprendizagem como fonte de informações ou de hipóteses preciosas para delimitar melhor os conhecimentos e a atuação dos alunos, para então saber o que fazer a seguir. É preciso encarar a avaliação como um instrumento de trabalho do profes- sor, por ter como principal função subsidiar a prática docente para, se for o caso, ajustarcursos de ação. Além disso, é também de grande valia para que os alunos possam orientar o olhar para as dificuldades, mas também e, principalmente, para a aprendizagem adquirida. A situação-problema como instrumento de avaliação Uma situação-problema desafia os alunos a mobilizarem recursos próprios. Assim, sentem-se desafiados ao analisar para compreender, interpretar, to- mar decisões e aplicar os saberes adquiridos. Porém, essa didática não está somente a serviço desse processo, pois é possível fazer dela um ins- trumento de avaliação. Em uma perspectiva construtivista, a situação-problema deve compor um sistema fechado (ou seja, avaliando um ciclo percorrido) e aberto no sentido de propor trocas, reflexões que transcendem os simples limites, pois inclui o espírito da cooperação, da autonomia e da expressão do pensamento criativo. Philippe Meirieu (1998), em seu livro Aprender... Sim, mas como?, afirma: “o sujeito orienta-se pela tarefa e o professor pelo obstáculo”. Signi- fica trabalhar e intencionalizar sua ação com base diagnóstica para ter claro aonde quer chegar e ao final, se alcançou ou não o proposto. Nesse contexto, para avaliar com propriedade é fundamental compreender o que deve fazer antes, durante e depois do desenvolvimento da proposta, tendo como disparador uma situação-problema sob a perspectiva da ava- liação formativa: Antes: ter claros quais são os critérios (o obstáculo) que balizarão o olhar para o desenvolvimento e os resultados da estratégia avaliativa, tanto aqueles que dizem respeito às atitudes quanto os que dizem respeito ao conteúdo. Durante: utilizar os indicadores observáveis para acompanhar os passos de resolução do problema proposto, tendo em vista a participa- ção, tanto individual quanto coletiva, de cada grupo organizado na sala de aula. Depois: analisar, com base nos critérios selecionados, os resultados da experiência e refletir sobre eles, até porque, continua sendo condição de aprendizagem finalizar colocando a proposta à disposição para instigar novamente os alunos no reconhecimento do que se fez, mas também do que poderia ser feito. Este é um momento especial para aproximar os alunos do convencional- mente já construído pela humanidade. 20 – Momentos imprescindíveis de avaliação Há dois momentos imprescindíveis para a avaliação: o inicial e o final. Os processos são semelhantes, porém com intenções distintas, uma vez que na avaliação inicial – e neste momento nos referimos ao período do início do ano letivo – a intencionalidade do professor é conhecer a capa- cidade cognitiva do grupo e detectar os pontos já construídos e aqueles que precisam ser retomados para se fazer novos investimentos durante o bimestre e o ano. Assim, com a base diagnóstica construída, o professor tem a condição de ajustar o necessário para atingir seu grupo, tendo em vista a aprendizagem significativa. Na avaliação final, aqui entendida como a de final de curso/ano, o foco não está somente no resultado obtido pelo aluno, no seu desempenho acadêmi- co, mas em tudo o que foi feito durante o ano: nos documentos criados, nos registros produzidos, nos recursos utilizados para chegar ao aprendizado que conquistou. Orientações para o professor: • Utilizar uma ou duas aulas para a contextualização e a resolução da situ- ação-problema; • Apresentar a situação-problema aos alunos, de acordo com as orienta- ções metodológicas; • Formar os agrupamentos produtivos; • Acompanhar todo o processo de resolução, anotando as hipóteses dos alunos, os procedimentos utilizados, os argumentos levantados pelos in- tegrantes; • Quando todos terminarem, organizar a sala para apreciar o que todos fizeram. • Sistematizar o pensamento dos alunos, apresentando o que já sabem fazer e o que vão aprender. Acompanhamento do processo de construção de conhecimento Avaliar o processo de aprendizagem, em suas pequenas manifestações, é ainda um grande problema para o professor porque, por anos, nosso olhar esteve centrado no resultado certo ou errado. Olhar para os detalhes da produção de um aluno significa reconhecer o estágio de seu conhecimen- to e consiste em uma excelente oportunidade para uma eficaz interação. O primeiro passo é compreender que vivemos em constante movimen- to de transformação, em processo, e que se ele existe, é preciso saber acompanhá-lo. Para tanto, faz-se necessário investigá-lo, traduzi-lo pelas dicas que estão tanto no explícito quanto no implícito. Dessa forma, fatalmente, teremos que ampliar o olhar para ir além da resposta certa ou errada e viver a segurança e a insegurança ao interpretá-lo em suas muitas diferenças. Para auxiliar no processo de acompanhamento e avaliação das atitudes e aprendizagens adquiridas, ou ainda, no nível de envolvimento, reações e ações à medida que enfrentam os desafios propostos, apresentamos, ao fi- nal deste manual, os indicadores observáveis pelo PAC – Programa de Ava- liação Continuada – que tem essa intenção de acompanhamento. Trata-se de um modelo de planilha, organizada a partir de cada eixo da Matemática, de cada sequência, para auxiliar o professor nesse desafio. As planilhas e seus resultados precisam ser interpretados. Cabe, também, a análise comparativa do processo de aprendizagem de cada aluno, que deve ser comparado consigo mesmo, mas jamais com os demais alunos. Para colaborar com esse processo de alta complexidade, com a proximida- de ética esperada, o professor deverá se perguntar ao final de cada sequên- cia didática desenvolvida: O objetivo foi alcançado? O que os alunos com- preenderam? O que não compreenderam? Por que não compreenderam? Se os resultados forem aquém do esperado, o professor deverá analisar como foi desenvolvida a prática educativa, refletir e mudar as estratégias, se necessário. 7. Matemática – vista como estrutura de pensamento, à luz de competências O Ensino Fundamental deve ter compromisso com o desenvolvimento do letramento matemático, definido como as competências e habilidades de raciocinar, representar, comunicar e argumentar matematicamente, de modo a favorecer o estabelecimento de conjecturas, a formulação e a reso- lução de problemas em uma variedade de contextos, utilizando conceitos, procedimentos, fatos e ferramentas matemáticas. É também o letramento matemático que assegura aos alunos reconhecer que os conhecimentos matemáticos são fundamentais para a compreensão e a atuação no mundo e perceber o caráter de jogo intelectual da matemática, como aspecto que favorece o desenvolvimento do raciocínio lógico e crítico, estimula a investi- gação e pode ser prazeroso (fruição). (BRASIL, Base Nacional Comum Curricular – homologação em 20 de dezembro de 2017) – 21 Com o compromisso de favorecer o letramento matemático – desta que é con- siderada a ciência dos padrões, das regularidades e da ordem lógica –, des- tacamos e adotamos as competências elencadas pelo documento regulador: Competências específicas de Matemática para o Ensino Fundamental 1. Reconhecer que a Matemática é uma ciência humana, fruto das necessi- dades de preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos históricos, e é uma ciência viva, que contribui para solucionar problemas científicos e tecnológicos e para alicerçar descobertas e construções, inclusive com impactos no mundo do trabalho. 2. Desenvolver o raciocínio lógico, o espírito de investigação e a capacida- de de produzir argumentos convincentes, recorrendo aos conhecimen- tos matemáticos para compreender e atuar no mundo. 3. Compreender as relações entre conceitos e procedimentos dos diferen- tes campos da Matemática (Aritmética, Álgebra, Geometria, Estatística e Probabilidade) e de outras áreas do conhecimento, sentindo seguran- ça quanto à própria capacidade de construir e aplicar conhecimentos matemáticos, desenvolvendo a autoestima e a perseverança na busca de soluções. 4. Fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos presentes nas
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