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QUADRO DIREITO PENAL



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PONTIFÍCIA UNIVERDIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
BÁRBARA FRAGA DE OLIVEIRA
QUADRO DA TEORIA GERAL DO DELITO
Direito Penal 
PORTO ALEGRE – RS
2020
1. INTRODUÇÃO
Como nos foi apresentado em aula, o conceito de crime é o início para a compreensão do direito penal tanto quanto para definir o tipo de conduta que pode levar a uma reclusão, detenção ou um possível pagamento de multa como forma de punição. Para que se possa entender o conceito analítico de crime existem três parâmetros: o fato típico, a ilicitude e a culpabilidade.
2. FATO TÍPICO
Como conceitua Bittencourt em seu livro Tratado do direito penal, o fato típico segundo a teoria finalista (Teoria adota pelo Brasil), é a conduta produtora de um resultado reprovável dentro do âmbito do direito penal, então segundo essa teoria é necessário analisar – se o objetivo almejado pelo agente, como os meios utilizados pelo mesmo para alcançar a consumação, e as consequências dessa conduta. 
3. CONDUTA
A Conduta é o que dá início ao conceito analítico de crime e a partir do estudo da conduta, é onde irão se desdobrar os outros conceitos do mesmo. 
Para se entender melhor, é necessário pontuar que para explicar a conduta foram desenvolvidas várias teorias com conceitos diferentes do que seria este elemento, pois como dito antes, é o que dá início ao estudo de crime. 
A primeira teoria estudada é a causalista que é antecedida pela proposta de Hegel, o qual tentou explicar o que era ação (sem pensar no que era culpa), e a partir disso a mesma se subdivide em duas partes, são elas: Teoria causal naturalista e Teoria causal – valorativo, a naturalista segundo Bittencourt para Liszt, a ação consiste numa modificação causal do mundo exterior, perceptível pelos sentidos, e produzida por uma manifestação de vontade, por uma ação ou omissão voluntária, sendo a conduta formada por três elementos: Manifestação de vontade, resultado e relação de causalidade, sendo a vontade analisada em dois momentos, na conduta e culpabilidade e o crime seria dividido pelo conceito tripartido. Já a teoria causal – valorativa que foi proposta por Edmund Mezger, Max Mayer, Guilhermo Sauer e Reinhard Frank, contribuiu para a separação conceitual da ação e omissão, pois no primeiro momento a mesma propôs acrescentar ao modelo causal itens axiológicos dentro do tipo, já no segundo momento o conceito de conduta amplia – se e neste modelo, onde se avança no fato típico, a ilicitude deixa de ser pensada apenas como antijuridicidade valorando - se aquilo que produz um certo dano social. 
	Para avançarmos na segunda teoria, é necessário fazer – se entender o que constitui ação ou omissão. A ação se constitui do fato de agir, demanda do agente uma conduta constante no fato típico. A omissão diferentemente da ação é uma não atuação, deixar de fazer o que deveria (será visto mais a frente). 
	A segunda teoria é a finalista da ação, a qual seu maior exponente é Hans Welzel, o qual segundo Bittencourt, vai contra ao conceito causal da ação e para Welzel “a ação humana é exercido de atividade final. A ação é, portanto, um acontecer final e não puramente causal”, ou seja, todo comportamento humano possui uma finalidade, todo comportamento visa alcançar algum objetivo. Então a diferenciação entre os fatos típicos e atípicos não vai estar no resultado de uma ação, mas sim está na própria ação necessitando analisar qual foi a intenção do agente o querer interno (faz parte da conduta), então a conduta finalística compreende antecipação de um fim, mudando também o dolo e a culpa para a tipicidade e não na culpabilidade. Sendo a culpa, o resultado da inobservância de um dever de cuidado que é previsível, trazendo dolo, negligência e imperícia. Para o finalismo, a ilicitude não sofre alterações, mas a culpabilidade sim, pois passa a ser composta por imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa, sendo uma certa proibição sem analisar a intenção. Essa teoria teria sofrido uma crítica quanto aos crimes omissivos e culposos, pois ela supostamente deixaria uma certa vulnerabilidade sobre os mesmos e a resposta que Welzel teve diante este questionamento foi que a reprovação da conduta não recai sobre a finalidade que é ilícita, mas nos meios elegidos pelo agente, imprudente, negligente ou imperito e o delito culposo é aferido pela comparação entre a conduta tomada e a esperada
	A teoria finalista foi adotada pelo Brasil, pois é o que se entende pelo artigo vinte do código penal, pois mostra que o conteúdo da vontade foi valorado pelo legislador e quando inexistir dolo não se terá fato típico apenas se o delito se der por forma culposa e existindo tal previsão em lei e for demonstrado no caso concreto, então o pensamento do Welzel contribui no sentido de avaliar a intenção do agente. 
	A terceira teoria é a social da ação que se subdivide em dois exponentes sendo a primeira a concepção dada por Eberhardt Schmidt, Karl Engish e Werner Maihofer e basicamente essa teoria conceitua que o direito penal deve preocupar – se com condutas de fatos danosas ao “tecido social” e logo após, é aperfeiçoada com uma reunião das características do causalismo e finalismo mantendo o querer interno mas excluindo os crimes omissivos. Logo após, a outra concepção dada por outros juristas, conceitua que analisar a vontade ou a finalidade da conduta é insuficiente e que o exame dos seus efeitos na sociedade é de extrema importância pois a relevância do delito decorre da afetação social e da relação do agente com o seu meio.
	A quarta e última teoria é a funcional da ação, e se subdivide em dois, a moderada e a radical. A teoria funcional da ação moderada foi proposta por Claus Roxin e sustentava a ideia da responsabilidade que condicionam a punibilidade do agente à efetiva necessidade de aplicação da pena, trazendo a proteção subsidiaria de bens jurídicos e citando que o direito penal não cria delitos, mas apenas os reconhece. Sendo a ação uma manifestação da personalidade do homem que só ocorrem quando os pensamentos e impulsos se relacionam com o mundo exterior. Já a teoria funcional da ação radical proposta por Gunther Jakobs propõe a ideia de que a ação não é manifestação da personalidade, mas busca saber se a conduta é evitável. 
4. EXCLUDENTES DE CONDUTA 
Á luz da teoria finalista, que foi adotada pelo Brasil, existem algumas situações que a própria doutrina brasileira entende que não são condutas penalmente relevantes as chamadas excludentes de conduta que se denominam: Coação física irresistível, evento imprevisível, atos ou movimentos reflexos e estado de inconsciência. 
· Coação física irresistível (Vis absoluta): É uma força física que retira a voluntariedade do agente. Onde se retira fisicamente a capacidade do agente agir voluntariamente e segundo Caio césar é uma “a ação que não dá possibilidades para que a vítima saia da situação em que se encontra”. Um exemplo clássico é o do gerente bancário, que acaba por colocar suas digitais do cofre da agência, pois está sendo coagido fisicamente pelo assaltante. E sendo assim o gerente não responde pelo crime de roubo visto que ação não é voluntária.
· Evento imprevisível: São as situações inevitáveis e imprevisíveis, e se subdividem em dois, as situações de caso fortuito e de força maior. O caso fortuito consiste em uma situação provocada por fatos humanos interferindo na conduta de outro individuo e Segundo Sílvio Venosa: "é a situação que decorre de fato alheio à vontade da parte, mas proveniente de fatos humanos” sendo um bom exemplo as greves, guerras e etc. Já os de força maior se baseiam em um acontecimento relacionado a fatos externos, independentes da vontade humana, sendo os mais comuns os fatos da natureza como raios, terremotos, inundações e etc. Lembrando que estes dois casos de evento imprevisível não estão apenas presentes no direito penal brasileiro, mas se encontram muito dentro do direito civil também. 
· Atos reflexos ou movimentos reflexos: Segundo Jescheck, ocorrem atos reflexos quando “omovimento motor ou a falta dele são desencadeados de forma imediata por um estimulo diretamente dirigido ao sistema nervos” Podem ser provenientes de estímulos internos, como o espirro e a convulsão epilética, ou externos, como as picadas de insetos e etc. E de acordo com Bittencourt, “os movimentos reflexos são atos reflexos, puramente somáticos, aqueles em que o movimento corpóreo ou sua ausência é determinado por estímulos dirigidos diretamente ao sistema nervoso. Nestes casos, o estímulo exterior é recebido pelos centros sensores, que o transmitem diretamente aos centros motores, sem intervenção da vontade, como ocorre, por exemplo, em um ataque epilético. Com efeito, os atos reflexos não dependem da vontade". Não podendo estes atos ser confundidos com atos que geram certa intenção, mas que são condutas penalmente relevantes como ações em curto circuito, movimentos mecânicos repetitivos e os automatismos. 
· Estado de inconsciência: O sentido da palavra “consciência” utilizado pelo Direito é clínico, conforme ensinam Zaffaroni e Pierangeli (2011, p. 382) então a consciência, portanto, deve ser encarada como “o resultado da atividade das funções mentais”. Se a consciência está turbada não há ausência de conduta, porque a vontade do agente existe. Apenas quando a consciência desaparece é que se pode falar em ausência de conduta, independendo da vontade humana. São três as hipóteses citadas pela doutrina se tratando de ausência de conduta: A embriaguez letárgica que consiste em no “Coma alcoólico” a última fase da embriaguez e se divide em três partes, são elas a excitação onde o agente revela a verdadeira personalidade, a confusão onde há dificuldade em controlar a coordenação motora e há uma certa confusão psíquica, fazendo o agente ter dificuldade na fala e o estado de sono onde o agente perde totalmente a consciência. Não podendo o agente ter consciência, ou seja, por ato voluntário se embriagar para cometer um crime.
· Sonambulismo: definida por Del-Campo (2007, p. 311) como “transtornos caracterizados por eventos comportamentais ou fisiológicos anormais, ocorrendo em associação com o sono, estágios específicos do sono ou transição do sono para a vigília”. No entanto o individuo conserva a atividade motora. 
· Hipnose: Nucci (2011, p. 207) a define como “estado mental semelhante ao sono, provocado artificialmente por alguém” e é mais estudado na psicologia e pode ser utilizada para que o hipnotizador sugestione ao individuo hipnotizado a obedecer seus comandos como cometer um crime, então sendo assim exclui a conduta.
· Mal súbito: Perda repentina de consciência que decorre de muitos fatores como o AVC, desmaio e etc.
5. TIPICIDADE
Importante dizer que a tipicidade irá ser analisada à luz da teoria finalista. A conduta e a tipicidade fazem parte do fato típico podendo este ser doloso ou culposo. 
É necessário fazer – se entender primeiramente o que é a tipicidade, para que se possa avançar. Segundo Cezar Bitencourt a tipicidade é a conformidade do fato praticado pelo agente com a moldura abstratante descrita na lei penal. “Tipicidade é a correspondência entre o fato praticado pelo agente e a descrição de cada espécie de infração contida na lei penal incriminadora” sendo assim, a conduta praticada pelo agente deve subsumir – se na moldura da lei, isso se chama tipicidade formal, mas não basta apenas isso, é necessário que a conduta cause uma lesão ao bem jurídico protegido pela lei, ou traga perigo de lesão a denominada ofensividade e dentro da tipicidade é classificada como material. Podendo a conduta se dar por ação ou omissão e a conduta ativa, ou comissiva resulta de uma pratica violadora de uma norma penal proibitiva já a conduta omissiva não possui norma penal proibitiva mas sim mandamental, como já foi dito. 
A tipicidade e seu conceito possuem três fases históricas, são elas: Fase da independência, fase do caráter indiciário da ilicitude e a fase da ratio essendi da ilicitude, porém a predominante hoje em dia é a do caráter indiciário e é dela que vamos tratar, essa fase foi proposta por Mayer e o mesmo propõe que a tipicidade deixa de ser descritiva e passa a ser um indício de antijuridicidade onde o fato típico presume a mesma, podendo a tipicidade ser valorada com elementos normativos e subjetivos do tipo. 
5.1 TIPICIDADE OBJETIVA
A tipicidade objetiva é tudo que se concentra objetivamente ao fato, considerado fato delituoso e essa matéria se subdivide em quatro tópicos, são eles: Tipo penal, resultado, nexo de causalidade e sujeito ativo e sujeito passivo.
5.1.2 TIPO PENAL
O tipo segundo Bitencourt consiste no conjunto de elementos do fato punível descrito na lei penal, ou seja, é o instituto jurídico que descreve uma conduta delitiva a sua respectiva pena (Preceito primário e secundário). Além do tipo ser formado por preceitos, o mesmo também possui os seus títulos que dizem respeito á nomenclatura dada pelo legislador à determinada conduta considerada crime.
O tipo penal possui três funções relevantes, a primeira é a selecionadora que segundo Bitencourt o tipo circunscreve e delimita a conduta penalmente ilícita, sendo assim é escolhido qual o comportamento humano que devem ser inseridos como conteúdos nas normas penais incriminadoras de um bem jurídico já protegido. A segunda função é de garantia pois concretiza o princípio da legalidade, onde há busca de segurança jurídica passando a ideia de que o estado não pode passar de seus “limites”. A terceira função é a motivadora geral que é onde busca – se motivar os cidadãos a se comportarem de acordo com a norma. 
Existem duas espécies de tipo penal, a objetiva que corresponde ao comportamento descrito no preceito primário da norma incriminadora se subdividindo em dois também, os descritivos que são descrições de aspectos materiais da conduta sendo perceptíveis pelos sentidos e compreendidos independente de qualquer juízo de valor e os valorativos que exigem do intérprete um juízo de valor. A outra espécie é a subjetiva que compõe a atitude psíquica interna que cada tipo deve ter, assim como agente, como por exemplo crime de prevaricação (art. 319, CP), no qual deve o agente ter a intenção de satisfazer interesse ou sentimento pessoal. E ainda os tipos penais podem ser definidos como fechados e abertos. 
5.1.3 RESULTADO
O resultado é a consequência podendo ser almejada ou não na infração penal, ou seja, é a consequência de uma causa. No direito penal o resultado se manifesta de duas formas, sendo o primeiro o naturalístico que consiste na modificação sensível do mundo exterior e o segundo é o normativo que segundo o código penal comentando é a modificação gerada no mundo jurídico, seja na forma de dano efetivo ou na de dano potencial, ferindo interesse protegido pela norma penal.
5.1.4 NEXO DE CAUSALIDADE 
O nexo de causalidade é o vínculo existente entre a conduta do agente e o resultado por ela produzido; examinar o nexo de causalidade é descobrir quais condutas, positivas ou negativas, deram causa ao resultado previsto em lei, então pode – se dizer que o nexo é o liame que une a causa ao resultado. Existem duas grandes teorias que visam definir o que é nexo de causalidade, são elas: Teorias da condição simples e teorias da condição qualificada ou individualizadora. A teoria da condição simples não estabelecem nenhum nível de importância entre os fatores que antecedem o resultado, ou seja as causas também conhecida como teoria da cine quo non – equivalência dos antecedentes – presente no artigo 13 do código penal que sustenta “O resultado , de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera – se causa a ação ou omissão, sem a qual o resultado não teria ocorrido” e segundo Bitencourt é uma teoria que não distingue como prevalente ou preponderante nenhum dos diversos antecedentes causais de determinado resultado, sendo a soma de todas condições, consideradas no seu conjunto, produtoras de resultado. Para verificar se determinado antecedente é causa do resultado deve se fazer o juízo hipotéticode eliminação que consiste na indagação de que se o comportamento em pauta não ocorreu, e procura – se verificar se o resultado teria surgido mesmo assim, ou se, o resultado desapareceria em consequência da inexistência do comportamento suprimido (BITTENCOURT, 1997). A grande crítica situada nesta teoria é a questão do exagero dos antecedentes, elevando ao infinito. Já a teoria da condição qualificada ou individualizadora destaca apenas o antecedente que de fato contribuiu para a produção do resultado, ou seja essa teoria é determinado pelo dolo e pela culpa onde só se pode imputar o resultado do crime a alguém quando a ação ou omissão ocorre com algum destes aspectos.
5.1.5 ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO
Sujeito ativo: É o indivíduo que que pratica a conduta descrita no tipo penal, ou seja, é aquele que comete o crime. Não podendo animais serem sujeitos ativos de uma infração visto que, há falta de vontade consciente. 
· Pessoas jurídicas podem ser sujeito ativo de um crime? Existem duas correntes que debatem sobre o tema, uma corrente nega que poderia haver essa hipótese justificando que seria um “Ente ficcional” que não possui vontades então excluindo dolo ou culpa e a outra corrente afirma que para alguns crimes a pessoa jurídica pode sim responder como sujeito passivo e sendo reconhecida sua devida responsabilidade pela Constituição Federal. 
Sujeito passivo: É a vítima titular do bem jurídico protegido pelo tipo penal e que foi lesada, ou seja, aquele que sofreu a infração penal cometida pelo sujeito ativo. Essa categoria se subdivide em dois, sendo o primeiro sujeito passivo formal o qual o Estado é prejudicado quando há infração, ou seja, é o titular do interesse jurídico e o segundo é o sujeito passivo material, onde o titular do bem jurídico é prejudicado quando há a infração. Não pertencendo a esse grupo, animais, coisas ou pessoas mortas, não podendo o sujeito ser o lesado do crime e ao mesmo tempo quem comete o mesmo, chamado de concomitante, mas havendo uma exceção no Brasil.
Objeto jurídico: É o bem que sofre as consequências da conduta delitiva, possuindo duas espécies: Objeto material, que consiste na pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa, ou seja, aquilo que a ação delituosa atinge (não apenas). Objeto Jurídico que é o bem protegido pela lei penal como por exemplo a vida, ou patrimônio.
5.1.6 CRIMES OMISSIVOS 
 Os Crimes omissivos consistem naqueles que são praticados em decorrência de um não agir, de um não fazer, no intuito de que alguém deveria ter feito algo porém não o fez já os comissivos são aqueles praticados por uma ação como matar ou subtrair. 
 O nexo de causalidade é aquilo que vincula a conduta ao resultado já o resultado é considerado uma consequência da conduta, podendo o resultado ser naturalístico ou normativo (já visto). Todo crime terá um resultado que provém da norma.
Conduta ativa é ação e ação para o direito penal configurando como comissão. A doutrina do direito penal diz que a omissão se divide em duas espécies: omissão própria e a imprópria, sendo penalmente relevante. A omissão própria é a que configura os delitos omissivos próprios (infrações penais previstas em lei em que o legislador espera que a pessoa faça alguma coisa e a pessoa acaba praticando a conduta de não fazer, a conduta do sujeito ativo deve envolver o não fazer típico que pode ou não dar causa ao resultado – Sempree devendo -se analisar o verbo do crime, que nessa categoria sempre acompanha o não fazer, exemplo: artigo 135 do código penal, omissão de socorro); já a omissão imprópria inexiste um tipo penal específico, havendo apenas uma regra geral no código penal. Essa modalidade de crime envolve o não fazer que implica na falta de um dever legal de agir, tendo como consequência o resultado; portanto nesta omissão não existe tipo penal específico sendo chamado de tipicidade penal por extensão, exemplo: Policial que assiste a um roubo e mesmo podendo agir ele deixa de agir pois a vítima é um inimigo, o policial responde por crime de roubo também. 
Qual a natureza jurídica da omissão própria? Existem duas correntes na doutrina, a primeira corrente defende que a omissão própria tem como natureza jurídica a questão normativa (a sua existência se justifica normativamente) onde sujeito será punido porque nada fez por exemplo, e onde a responsabilidade do agente decorre do que está na lei; a segunda corrente defende que a omissão própria tem existência física porque ainda que não consiga - se perceber qualquer tipo de alteração no mundo exterior essa existência se dá pelo fato de que a conduta pode ser praticada de duas maneiras: ou por ação ou omissão e essa omissão é significativamente relevante.
O que o código penal adotou? Adota uma posição eclética entre a existência normativa e a física pois o artigo 13 do CP traz as duas teorias. O que se entende por omissão penalmente relevante? O artigo 13 parágrafo segundo trata disso, dizendo que o agente tinha o dever de agir e podendo agir não o fez.
 Para chamada omissão imprópria, 3 requisitos são indispensáveis: Não haver um tipo penal específico, o segundo requisito é o dever legal de agir que decorre das situações previstas nos parâmetros do artigo 13, e o terceiro requisito é o poder de agir, mas não o ato de virar “herói”. Quais são as situações que há dever legal de agir? o código penal estabelece no parágrafo segundo do artigo 13. 
Como fica o nexo de causalidade? Depende da posição que se adota e sob ao aspecto naturalístico não existe tal nexo, a causalidade na omissão será sempre jurídica ou normativa, haverá causa na omissão quando a conduta esperada provavelmente evitaria o resultado. Nos crimes omissivos o agente é punido não por não fazer nada, mas sim porque não fez o que deveria ter feito. 
5.2 TIPICIDADE SUBJETIVA
Também chamada de elemento subjetivo do crime, a tipicidade subjetiva se divide em dois grandes institutos: Dolo e culpa.
5.2.1 DOLO
Segundo Bitencourt o dolo consiste na consciência e na vontade da realização da conduta descrita no tipo penal, sendo uma conduta intencional, voluntária e com o objetivo de atingir certo resultado ilícito e segundo a teoria finalista adotada pelo Brasil, é a vontade de praticar e de produzir resultado independente da consciência do ilícito (dolo natural). 
Existem espécies de dolo, a primeira é a do dolo genérico que expõe a ideia de que a consciência e vontade de concretizar os requisitos objetivos do tipo, ou a vontade de praticar a conduta sem finalidade especial; a segunda consiste no dolo específico que é a vontade de realizar um fato com um fim específico; a terceira e muito importante para o direito penal brasileiro é o dolo direto que configura – se quando o a gente prevê um resultado e dirige sua conduta em busca de realizar o mesmo, dividindo – se em dolo de primeiro grau que é a intenção do agente, incluindo os meios e dirigindo – se a um resultado único então aqui o agente tem ciência de suas intenções e qual o bem jurídico quer atingir, já o dolo de segundo grau é onde o agente sabe e tem consciência de que para atingir um resultado previamente pretendido, o mesmo terá de atingir resultados que não lhe eram previamente pretendido, um exemplo é um infrator que arma uma bomba para matar uma pessoa e então acaba por matar outras. Outro tipo de dolo muito utilizado é o direto ou eventual que segundo a legislação brasileira que é quando o agente, mesmo sem querer efetivamente o resultado assume o risco de o produzir podendo ser muito confundido com a culpa consciente também. Já o dolo alternativo consiste em onde pode haver mais de um resultado e o agente, consciente, produz sua conduta em busca de realizar qualquer um deles. O dolo cumulativo é o qual, o agente pretende alcançar dois resultados e presente no código penal brasileiro. E por fim o dolo geral que consiste na ideia do agente de supor que já alcançou o resultado pratica uma nova ação que por fim há então a consumação do mesmo.
O dolo possui algumas características, como a abrangência que deve envolvertodos os elementos descritos na lei; a atualidade onde deve estar presente no momento exato da ação e a possibilidade de influência no resultado onde o agente tem de ser capaz de produzir o resultado.
5.2.2 CULPA
O código penal brasileiro classifica como crime culposo aquele qual o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligencia ou imperícia citando também que a culpa é baseada na falta de cuidado do agente ao praticar alguma conduta que produziu resultado não desejado, porém sendo previsível que acontecesse. Sendo assim, existem duas espécies de culpa:
· Culpa consciente: É quando o agente conhece a chamada periculosidade, de sua conduta compreendendo que a produção de certo resultado é possível, é a culpa com previsão.
· Culpa inconsciente: Ocorre quando o agente age sem a previsão de um resultado previsível. 
A culpa possui elementos que a diferenciam do dolo, como: Concentração na analise da conduta voluntaria do agente, ausência do dever de cuidado objetivo, resultado danoso involuntário, previsibilidade, ausência de previsão de resultado, tipicidade e nexo causal.
O código penal divide a culpa em: 
· Imprudência: É uma forma ativa de culpa, uma ação precipitada sem a devida cautela. Exemplo: Dirigir em alta velocidade em zona escolar.
· Negligência: É uma ausência ou indiferença com o ato praticado, agindo sem precaução, sendo uma ação negativa ou forma passiva de culpa. Exemplo: Deixar arma de fogo ao alcance de um menor.
· Imperícia: Falta de aptidão para o exercício de profissão, existindo incapacidade, inaptidão, insuficiência ou falta de conhecimento necessário para o exercício da atividade. Exemplo: Operar um paciente não sendo médico. 
Então sendo assim, o dolo direto prevê o resultado e quer o mesmo; o dolo eventual prevê o resultado e não querendo o resultado o agente assume o risco; a culpa consciente prevê o resultado, não quer, não assume o mesmo e pensa que pode ser evitado e a culpa inconsciente não prevê o resultado, que embora sendo previsível, o agente não aceita e não quer o mesmo. 
5.3 TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA (TIPICIDADE NORMATIVA)
A teoria da imputação objetiva é inserida de forma atual, como elemento normativo do fato típico.
O conceito de imputação objetiva foi desenvolvido primeiramente pela área civil do direito por Karl Larenz que deu seu ponto de partida baseados nas ideias de Hegel, e após muitas críticas Claus Roxin escreve um texto, o qual elabora a teoria da imputação objetiva baseando – se no princípio do risco, incrementando -a com ideia de risco, de perigo e de critérios de exclusão de imputação. 
A imputação objetiva dá uma amplitude para a tipicidade, pois traz outros requisitos no exame de causalidade de modo que que a atribuição de um resultado a uma conduta não seja um procedimento lógico mas sim justo, então o ato de atribuir o resultado e suas consequências a alguém deve ser feito de modo justo, e Callegari (2001, pg. 17) refere que “segundo Roxin, a dogmática antiga partia da base de que com a causalidade da conduta do autor, a respeito do resultado, cumpria-se o tipo objetivo. E nos casos em que parecia inadequada a punição, tentava-se excluir a pena nos delitos comissivos dolosos, negando-se o dolo”.
Essa teoria passou a ser vista como complemento necessário após o prévio exame da causalidade material, sendo assim a imputação objetiva viria depois da comprovação da causalidade natural e antes do exame do dolo e da culpa então ela é verificada depois da adequação formal e material do fato à norma. Constatada a causalidade natural deve – se verificar, ainda na tipicidade, a imputação deve ser analisada em três níveis, em quesito ao resultado: 
Produção de um risco relevante e proibido: Segundo Roxin, o que importa ao direito penal é a produção de um risco relevante e proibido, então os riscos irrelevantes ou não proibidos, tornam o fato atípico. Roxin (2002, p. 12) traz o seguinte exemplo: “A” deseja provocar a morte de “B”. Então o “A” aconselha a fazer uma viagem para Flórida, pois leu lá, ultimamente, vários turistas têm sido assassinados. “A” planeja que “B” também tenha este destino. “B”, que nada ouviu sobre os casos de assassinatos na Flórida, faz a viagem de férias, e de fato é vítima de um delito de homicídio. O resultado não pode ser atribuído ao incentivador.
Repercussão do risco no resultado: Cumpre – se verificar se o risco produzido se refletiu no resultado, se constata se o resultado é produção do risco, não podendo imputar o sujeito se o resultado for produto de outros fatores. 
Resultado dentro do alcance do tipo: É exigido que o resultado esteja dentro do alcance do tipo, se encontrando na esfera de proteção penal.
Essa teoria entra dentro do nexo de causalidade junto com a Conditio sine quo non, e a causalidade adequada.
5.4 DESENVOLVIMENTO DA CONDUTA CRIMINOSA 
O que é desenvolvimento da conduta criminosa? É o caminho do crime é percurso pelo qual o agente transcorre até chegar a consumação do delito. O desenvolvimento da conduta criminosa se divide em duas espécies, que são: fase interna e externa, e dentro destas fases existem etapas que a doutrina divide; A fase interna é aquela inicia na idealização do delito(o agente projeta interesse na prática do crime) e depois desenvolve aspectos prós e contras na pratica desta infração penal, entrando a resolução, onde o agente está convicto de que irá praticar o delito (são fases que não são puníveis no direito penal); a fase externa é quando sai da fase interna e se inicia a exteriorização que vai se dar por meio da manifestação em que o sujeito já está decidido que irá praticar o delito e manifesta este interesse, seja por atos, falas etc e após essa manifestação entra a preparação (Não são puníveis pelo direito penal, pois o mesmo se preocupa com atos executórios – a execução é uma etapa que antecede a consumação – onde há a confirmação do crime ). Quando não se confirma a consumação o agente pode ser punido pela tentativa.
A execução do crime se confirma quando há a consumação, então é importante destacar a classificação dos crimes pois alguns há crimes com relação ao momento da consumação, e sendo assim a doutrina divide em crimes materiais, formais e de mera conduta; Crimes materiais: são aqueles que preveem um resultado no próprio tipo penal e a ocorrência desse resultado é condição sine quo non para que haja consumação, ex: o crime de furto, para que haja consumação é necessário que haja a supração da coisa com ânimo de se tornar dono de tal coisa; Crimes formais: A consumação do crime se dá com o emprego de violência ou grave ameaça, independentemente do alcance do resultado, presente no artigo 158 do código penal, ex: crime de extorsão, onde há vantagem econômica. 
Os fundamentos legais desse assunto está presente no artigo 14 Código penal.
Existem teorias que visam tratar da punição da tentativa, no Brasil e se admite que não é um tipo penal autônomo, mas sim uma regra de exceção, por isso existe uma norma de extensão (presente no artigo 14 inciso II).
Quais os critérios que irão -se adotar para verificar a passagem dos atos preparatórios para os atos executórios? É necessário definir o que são os atos preparatórios e os que não são, tanto quanto qual a regra de passagem para se admitir que alguém possa ser responsabilizado pelo início da execução dos crimes. Existem duas teorias na doutrina, que são: teoria subjetiva e objetiva. Para teoria subjetiva não existe passagem entre atos preparatórios e atos executórios, pois o que importa é o que passa na mente do agente, portanto se ele já começou a praticar atos com intuito de alcançar um resultado já se está diante de atos executórios, portanto o critério adotado nessa teoria é o da vontade criminosa onde permite a punição do agente. Já a teoria objetiva( adotada pelo código penal brasileiro) define que não se deve avaliar o querer do agente para o mesmo ser responsabilizado, é importante que se analise os atos já praticados que viole o bem jurídico. Dentro dessa teoria existem três eixos teóricos, o primeirosendo Teoria objetiva formal que é adotado pelo brasil e que consiste na ideia de que ato executório é aquele que é praticado quando envolve diretamente o bem jurídico tutelado pela norma penal, portanto ato executório é aquele que ataca o bem jurídico, a segunda teoria é objetiva material na qual vai se considerar ato executório não apenas aquele ato que atinge diretamente o bem jurídico tutelado, mas também atos que PODEM vir a atacar o mesmo ou que são necessários para que o bem jurídico seja atacado, a terceira teoria é a objetiva individual onde se analisa os atos que atacam ao bem jurídico mas não apenas eles, os atos imediatamente anteriores e que tem a prova no plano concreto do autor, ou seja, analisa – se os atos que fazem parte do plano concreto idealizado pelo autor desde a fase ideológica. 
 
5.5 CONCURSO DE AGENTES 
O concurso de agente (crime praticado por mais de um agente) é muito valorado normativamente, em tipos penais específicos. Estando qualificado na parte geral do Código, na parte especial e excepcional, como uma marjorante por exemplo. 
Existem teorias que visam explicar a valoração do concurso de agentes, sendo a primeira, a unitária (adotada pela reforma penal de 84), a segunda é a teoria pluralista e a terceira sendo a dualista; A teoria unitária diz que todos os agentes ainda que haver diversidade de condutas mas visando apenas um resultado responderão pelo mesmo crime, o que irá se avaliar é a pena cominada para cada um na medida de sua culpabilidade; A teoria pluralista exige a pluralidade de agentes com diversas condutas visando apenas um resultado, cada agente responde por um delito de acordo com sua conduta; A teoria dualista diz que quando estiver diante da pluralidade de agentes será fundamental analisar se essas condutas praticadas visam um único resultado. 
Na reforma do código em 1984 foi adotada a teoria restritiva do autor, que na época, se entendia como sendo autor apenas aquele sujeito que realizasse o núcleo essencial do tipo. Eventualmente pode haver mais de uma pessoa que realiza o núcleo essencial, e quando isso acontecer, se dará como fenômeno da co-autoria. O participe seria aquele que presta auxílio secundário, o indivíduo que contribui para que o crime seja praticado. Após essa reforma houveram debates sobre o alcance do sujeito participe, para definir então o autor, Hoje há discussões sobre duas vertentes teóricas, que são: teoria formal e teoria normativa. A teoria formal consiste na ideia de que autor do crime é aquele que realiza o núcleo do tipo e o participe, é aquele que fica fora dos atos que configuram a realização do núcleo do tipo, entretanto esta teoria é criticada pois não consegue fazer distinção entre autoria imediata, mediata e participação. A teoria normativa acrescenta a realização do núcleo do tipo outro fenômeno que é o controle da ação típica que significa, que não apenas os que constituem o núcleo fazem parte mas sim os que idealizam tal ação penal, então sendo possível distinguir os autores e os mentores intelectuais (autor mediato, pois tem o domínio da ação) sendo o participe, o que contribui para o delito alheio, mas que não possui o domínio das ações concretas, essa teoria delimita a autoria mediata e imediata. 
Requisitos essenciais para concurso de agentes: Existência de dois ou mais agentes; Relação de causalidade material entre as condutas desenvolvidas por cada participante do crime e o resultado; Vinculo psicológico ligando as partes envolvidas, mesmo que não haja combinação entre os mesmos; Fato punível. 
Está presente no artigo 30 do código penal: Circunstâncias de caráter pessoal, não se comunicam ao agente do concurso.
6. EXCLUDENTES DE TIPICIDADE 
Quando é possível considerar que um fato ainda que previsto em lei penal seja atípico? De modo seria um fato não valorado como tipo penoso, sendo assim para estas situações a legislação desenvolveu institutos que são os chamados excludentes de tipicidade os quais atingem diretamente a ação do indivíduo ou omissão. A doutrina divide este instituto em excludentes legais e supralegais. Excludentes legais: são aquelas que possuem uma previsão expressa na lei penal, determinadas situações que venham a acontecer, são reconhecidas como situações que excluem a tipicidade, sendo bem específicas no código como por exemplo o artigo 107, inciso sexto, do código penal. Já as excludentes supralegais: são aquelas que estão implicitamente previstas no ordenamento jurídico a qual, o legislador embora não expresse legalmente, ela existe por causa da jurisprudência e da doutrina, como por exemplo a adequação social e princípio da insignificância.
6.1 ADEQUAÇÃO SOCIAL 
Conceito: Determinadas situações quando são admitidas pela sociedade podem afastar a incidência da norma pena ou seja em determinados casos, mesmo que tenha uma conduta prevista em lei como sendo criminosa, essa infração terá a sua incidência normativa afastada em razão da conduta ser tolerada pelo meio social, muito embora esteja prevista em lei como sendo infração penal pois o fato praticado está em consonância com a ordem social, o que acaba tornando o fato concreto materialmente atípico (não é significante, pois a norma valora o bem que é de interesse da sociedade e se não há esse interesse, não há sentido da norma penal incidir). Como por exemplo algumas questões culturais. 
6.2 INSIGNIFICÂNCIA
Idealizado por Roxin, após a segunda guerra mundial, onde havia muita pobreza e devido a tal fato, instituíram – se os chamados “pequenos delitos” e em função disso a doutrina passou a questionar se o direito penal deveria intervir em condutas que a rigor não trariam uma expressiva lesão ao bem jurídico tutelado, então este princípio trabalha na tipicidade material pois ele exclui a tipicidade quando a conduta se tornar inofensiva para o bem jurídico tutelado, ainda que seja implícito, decorre de outros princípios elementares como o da fragmentariedade e o da última ratio, afastando a ofensividade da conduta. 
Fatores para princípio: é necessário que haja mínima ofensividade ao bem jurídico tutelado, nenhuma periculosidade social da ação, reduzido grau de comportamento reprobatório, inexpressiva lesão ao bem jurídico tutelado. 
 
6.3 CRIME IMPOSSÍVEL 
O que é? Tem previsão na parte geral do código penal no artigo 17, trazendo duas situações que não será considerado fato delituoso, são elas: Ineficácia absoluta do meio e absoluta impropriedade do objeto, a primeira cita a fase interna do crime, então os atos preparatórios não serão puníveis, portanto o crime impossível é considerado uma ficção jurídica, ele é uma construção da doutrina e por questão de política criminal se entende que condutas desta magnitude não devem ser consideradas infrações penais, a doutrina intitula o crime impossível como “tentativa não-punível”
Qual o fundamento para a não punição? O fundamento consiste no fato de que aqueles atos praticados, não irão atingir com periculosidade o bem jurídico tutelado, então só será possível punir o sujeito quando ele estiver diante a uma situação de tentativa que mesmo que seja ineficaz o meio, ainda atinja assim o bem jurídico. O fundamento da não punição no Brasil, é fruto da teoria objetiva temperada, pois se admite a punição e tentativa quando o objeto for relativamente ineficaz ou o meio for relativamente impróprio. 
Quais são os elementos que configuram o crime impossível? A ineficácia absoluta do meio que ocorre quando o meio eleito pelo agente é absolutamente ineficaz de produzir resultado e a absoluta impropriedade do objeto que ocorre quando o objeto que o agente quer atingir não é tutelado pela norma penal ou não existe, como por exemplo tentar matar uma pessoa que já está morta vide artigo 212 do código penal. 
	
6.4 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
Está legitimada no artigo 15 do código penal citando que o agente que voluntariamente desiste de prosseguir na execução (Desistência voluntária) ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos praticados (Arrependimentoeficaz).
Quando ocorre a desistência voluntária? Ocorre quando o agente desiste e essa desistência tem de ser de modo voluntário, então o agente interrompe os atos executórios, se não for voluntária como por circunstâncias alheias à vontade dele, estaremos diante de uma tentativa. 
O que se entende por arrependimento eficaz? Não há interrupção nos atos de execução, pois os mesmos já foram concluídos, entretanto após a conclusão do crime ele se arrepende e procura reduzir danos. Podendo confundir – se com a tentativa. 
6.5 ARREPENDIMENTO POSTERIOR 
O que diz a lei sobre esse instituto? O Artigo 16 do código penal cita que não é excludente de tipicidade, mas uma diminuição de pena, tendo uma série de requisitos para poder ser aplicado (Não é em todos os crimes). Diferentemente do arrependimento eficaz, esse se dá no momento posterior a consumação do delito e o sujeito arrepende – se de tal ato, então o agente arrependendo – se voluntariamente repara o dano ou restitui a coisa subtraída, não extingue – se a ação penal por arrependimento posterior, apenas é valorado como comportamento positivo do agente, tendo que se dar antes de ação penal; 
Exceção: Crimes fiscais, extinguindo punibilidade ou suspendendo a ação penal.
Quais são os requisitos para aplicação do arrependimento posterior? Ocorrência de crime sem violência ou grave ameaça; Reparação do dano ou restituição da coisa; Voluntariedade; limitação temporal. 
Critérios para diminuição: espontaneidade do agente.
7. ILICITUDE
A ilicitude se encontra como segundo elemento na teoria do crime, visto que o primeiro é o fato típico, então o mesmo será ilícito quando a conduta for contrária ao direito, causando lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado; Assim determinadas condutas mesmo que típicas, podem não ser ilícitas seja porque lhe falta o requisito da contrariedade ao direito ou porque não provocam lesão ao bem jurídico tutelado; 
Excludentes de ilicitude: No brasil existem causas legais e supralegais de excludentes. 
Previstas na Parte Geral do Código Penal: válidas para todas as condutas tipificadas na parte especial do Código Penal, assim como em leis penais especiais. Exemplos: estado de necessidade (artigos 23, inciso I, e 24); legítima defesa (artigos 23, inciso II, e 25); estrito cumprimento do dever legal (artigo 23, inciso III); e exercício regular do direito (art. 23, inciso III).
Previstas na parte especial do Código Penal: válidas tão somente para alguns delitos. Exemplo: aborto necessário (art. 128, inciso I, CP) e aborto no caso de gravidez resultante de estupro (inciso II).
Consentimento do ofendido: trata-se de excludente não prevista expressamente na legislação (supralegal).
Elemento subjetivo nas excludentes: Existem duas teorias sobre esse aspecto, objetiva e a subjetiva, a objetiva entende que as excludentes de ilicitude são objetivas, não dependem da consciência do agente, basta que aquela excludente se encaixe naquele fato praticado, apreciação do fato apenas; A teoria subjetiva conta com o fim subjetivo do autor, e não o da ação, só incidirá a excludente se o agente de fato quis agir amparado de uma. 
7.1 EXCLUDENTES 
Estado de necessidade: Um fato necessário para salvar de perigo atual e involuntário que é gerado a um bem jurídico ou interesse juridicamente protegido, ainda que para isso o agente precise sacrificar outro bem jurídico ou interesse igualmente protegido, desde que esse perigo seja inevitável e a conduta não seja exigível existindo requisitos para se aplicar essa excludente.
Legitima defesa: Sendo a mais conhecida consiste na defesa necessária contra agressão injusta, atual ou eminente, contra direito próprio ou terceiro, devendo ter moderação e valendo – se o agente os meios necessários.
Estrito cumprimento do dever legal: O garante precisa estar atuando em razão de uma obrigação que lhe é imposta em lei; e ainda que esta atuação prejudique um bem jurídico, se afasta a ilicitude.
Exercício regular do direito: Desempenho de atividade permitida pela lei.
Consentimento do ofendido: Concordância do titular do bem jurídico para que aquele bem possa vir a ser lesado por terceiro.
7.2 EXCESSO NAS EXCLUDENTES 
Como visto, é possível haver excessos nas excludentes de ilicitude citadas, então verifica – se quando a mesma será punível ou não.
Excesso no estado de necessidade: O excesso aqui se encontra no agir de outro modo para evitar o resultado, onde o agente vale – se de meios dispensáveis.
Excesso na legitima defesa: Falta de emprego dos meios necessários e moderados para evitar agressão injusta então quando o meio for desnecessário constitui o excesso. Exemplo: Vítima de assalto que podendo, dispara muitos tiros contra o infrator.
Excesso no estrito cumprimento do dever legal: Ocorre se o agente foge aos parâmetros legais estabelecidos.
Excesso no exercício regular de direito: O excesso se encontra no irregular que prejudica terceiros,
Excesso no consentimento do ofendido: Quando se ultrapassam as fronteiras estabelecidas pelo titular. 
8. CULPABILIDADE
A culpabilidade é o terceiro elemento do crime segundo o critério analítico que segue o conceito tripartido, além do fato típico e da ilicitude já estudados aqui. Segundo Bitencout “A culpabilidade, como fundamento da pena, refere-se ao fato de ser possível ou não a aplicação de uma pena ao autor de um fato típico e antijurídico, isto é, proibido pela lei penal. Para isso, exige-se a presença de uma série de requisitos – capacidade de culpabilidade, consciência da ilicitude e exigibilidade da conduta – que constituem os elementos positivos específicos do conceito dogmático de culpabilidade. A ausência de qualquer desses elementos é suficiente para impedir a aplicação de uma sanção penal”, ou seja, um juízo de reprovação social que se faz sobre a conduta, então a conduta praticada pelo agente é reprovada em sociedade. Existem três elementos que constituem a culpabilidade, então o agente só irá sofrer uma pena quando existir estes três elementos, são eles: Imputabilidade, potencial conhecimento da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. 
8.1 IMPUTABILIDADE
Se trata da capacidade psíquica do agente em compreender o caráter ilícito de determinado comportamento e as condições para que seja passível a punição. Damásio E. de Jesus expõe que: “imputabilidade penal é o conjunto de condições pessoais que dão ao agente capacidade para lhe ser juridicamente imputada a prática de um fato punível.” O Agente nesse aspecto é chamado de imputável, ou seja, é uma pessoa mentalmente sadia que entende o que faz. O código penal não traz o conceito de imputabilidade, mas traz a exceção a esta regra, que são considerados excludentes de culpabilidade ou causa de diminuição da pena nestes casos, o primeiro é a chamada inimputabilidade e o segundo é os semi – imputáveis.
 8.1.2 INIMPUTABILIDADE 
Segundo o código penal e o site JusBrasil a inimputabilidade consiste em “Ausência no agente de condições de autodeterminação ou entendimento do caráter delituoso do fato no momento de executá-lo. O Direito Penal brasileiro exige os seguintes requisitos causais: doença mental, ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, e embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior; cronológico, os efeitos do requisito causal devem se manifestar no momento da ação ou da omissão; consequencial, os efeitos do requisito causal, cronologicamente considerados, devem suprimir a capacidade de autodeterminação ou o entendimento do caráter criminoso do fato.” Sendo imposto ao doente mental a chamada medida de segurança
Vejamos o artigo que rege este tema: Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Se o agente for totalmente incapaz, será considerado inimputável e se não for inteiramente, poderá ser consideradosemi ou imputável.
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Menores de dezoito anos
Pode – se notar que menores de 18 anos são considerados inimputáveis também, segundo o artigo 27 do código penal, impondo – se então uma medida sócio educativa segundo o estatuto da criança e do adolescente.
8.1.3 SEMI IMPUTABILIDADE
Nesse instituto vamos nos referir sobre o parágrafo único do artigo 26 do código penal brasileiro que cita “Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)”
Como vimos o inimputável é inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, já o semi-imputável é parcialmente capaz de compreender esses elementos, visto isso, o juiz irá seguir a regra prevista no artigo 98 do código penal, que cita “Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)”
	 8.2 POTENCIAL CONHECIMENTO DA ILICITUDE 
	Possibilidade de o agente entender que sua conduta é considerada reprovável perante ao ordenamento, e como causa capaz de afastar esse instituto, se tem o erro de proibição e as descriminantes putativas. 
	8.2.1 Erro de proibição
	Previsto no artigo 21 do código penal, cita “Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)” Devendo o agente para afastar este instituto, demonstrar que agiu em erro em relação a conduta que praticou, precisando apresentar provas evidenciando de que não era possível atingir consciência sobre a ilicitude do fato, provocando então a isenção de pena, podendo haver apenas diminuição da mesma se o juiz analisar que o indivíduo tinha parcial conhecimento de que o fato seria punível. A doutrina refere – se a expressão “Juízo de profano” em relação ao individuo que age de determinada maneira, quando poderia ser mais atento ao fato, e praticando assim condutas que determina serem corretas. A doutrina classifica o erro de proibição em algumas classificações, mas o importante a ser frisado é o indireto que traz as chamadas descriminantes putativas, importantes no direito penal. O erro de proibição indireto diz respeito a ao individuo que vive numa situação onde o mesmo pensa que está autorizado em agir, interpretando então de forma equivocada que o fato é juridicamente visto como proibitivo, entrando então as descriminantes putativas que é uma “Modalidade resultante de erro de fato, de modo a dar ao agente a impressão falsa da realidade fática e fazê-lo supor a existência de situação de fato que tornaria a ação legítima. Exclui a culpabilidade e, por isso, a criminalidade.” Existindo alguns tipos de descriminantes, como o estado de necessidade putativo ocorre um erro justificável com a suposição de que exista certo perigo; outro tipo de descriminante é a legitima defesa putativa que se refere a ocorrência de um erro justificável quando há suposição de agressão humana e iminente; o terceiro diz respeito ao estrito cumprimento do dever legal putativo quando existe a suposição de situação de dever legal (policial e etc); Já o quarto e último é o exercício regular ao direito legal que ocorre quando há suposição de poder de exercício de direito.
 8.3 EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
A exigibilidade de conduta diversa ou exigibilidade de obediência ao direito é conceituada pela doutrina como a possibilidade de o agente, na situação concreta, agir de acordo com o ordenamento jurídico (de maneira lícita) ao invés de praticar o injusto penal (fato típico e antijurídico). Na análise desse elemento, leva-se em conta a situação em que o agente se encontrava no momento da prática delitiva com o objetivo de averiguar se, dadas as circunstâncias, era exigível que ele agisse diferentemente (BITENCOURT, 1997).
O código penal prevê no artigo 22, duas causas para a exclusão da culpabilidade: A coação moral irresistível e obediência hierárquica, vejamos: Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
Diante da coação moral irresistível o sujeito que, mantendo o controle da sua vontade sobre a ação, pratica a conduta que lhe foi exigida pelo coator, mesmo não querendo pratica – la. 
Já a obediência hierárquica se trata da manifestação de vontade do titular de uma função pública a um funcionário que lhe é subordinado. Existindo cinco requisitos para alegar este instituto, são eles: a) Possuir relação de direito público entre o superior e o subordinado; b) O executor da ordem não pode ultrapassar os limites da ordem que lhe foi endereçada; c) Conter três protagonistas, o mandante da ordem, o executor da ordem e o vítima do crime praticado; d) que a ordem tenha sido dada por autoridade competente; e) Que a ordem não seja manifestamente legal.
Outro excludente de conduta previsto no artigo 24 do código penal, é o chamado estado de necessidade exculpante que o próprio artigo traz o conceito, vejamos: "Considera-se em estado de necessidade que pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se". Sendo esses os chamados excludentes de culpabilidade.
 REFERENCIAS
BITENCOURT, Cezar roberto. Tratado de direito penal. 11º. ed. aum. São paulo: Saraiva, 2007. v. 1.
BITENCOURT, Cezar roberto. Teoria geral do delito: uma visão panorâmica da dogmática penal brasileira. 1. ed. aum. São paulo: Saraiva, 2007. 504 p. v. 1.
ZAFFARONI, Eugenio Raúl e PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro. Parte geral. 11. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. Parte geral. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. v. I.
CALLEGARI, André Luís. Teoria geral do delito e da imputação objetiva. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Disponível em < https://www.jusbrasil.com.br/home > Acesso em 20/06 e 21/06