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Ezequiel (N Comentario)

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EZEQUIEL 
 VOLTAR
 Introdução 
 Plano do livro 
 Capítulo 1 Capítulo 13 Capítulo 25 Capítulo 37 
 Capítulo 2 Capítulo 14 Capítulo 26 Capítulo 38 
 Capítulo 3 Capítulo 15 Capítulo 27 Capítulo 39 
 Capítulo 4 Capítulo 16 Capítulo 28 Capítulo 40 
 Capítulo 5 Capítulo 17 Capítulo 29 Capítulo 41 
 Capítulo 6 Capítulo 18 Capítulo 30 Capítulo 42 
 Capítulo 7 Capítulo 19 Capítulo 31 Capítulo 43 
 Capítulo 8 Capítulo 20 Capítulo 32 Capítulo 44 
 Capítulo 9 Capítulo 21 Capítulo 33 Capítulo 45 
 Capítulo 10 Capítulo 22 Capítulo 34 Capítulo 46 
 Capítulo 11 Capítulo 23 Capítulo 35 Capítulo 47 
 Capítulo 12 Capítulo 24 Capítulo 36 Capítulo 48 
 
INTRODUÇÃO 
 
I. AUTORIA, DATA E CIRCUNSTÂNCIAS 
 Esses três problemas estão ligados no que diz respeito a este livro. 
O livro foi composto principalmente na primeira pessoa e propõe ter sido 
escrito pelo profeta Ezequiel, que é identificado como um dos exilados 
judeus deportados em companhia do rei Joaquim, em 597 a.C. (1.1 e 
segs.). A narrativa é pontilhada por avanços progressivos de tempo, 
começando pelo quinto ano do cativeiro, 593 a.C. (1.2), e continuando 
até a vigésimo quinto ano do cativeiro, quando foram escritos os 
capítulos 40--48 (40.1; 29.17 e segs., escritos no ano vigésimo sétimo do 
cativeiro, foram mais tarde inseridos pelo profeta, nesse ponto, por uma 
razão especifica; ver notas no corpo do comentário). 
 Até tempos recentes a autenticidade deste livro era aceita em 
geral; porém, no século atual, ele tem provido oportunidade de muitos 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 2 
eruditos demonstrarem sua engenhos. Seus trabalhos, por outro lado, têm 
servido para apresentar claramente a natureza dos problemas exibidos 
por esse livro e têm capacitado seus sucessores a abordarem-no com 
mais inteligência. 
 Das duas principais dificuldades que aparecem no caminho da 
aceitação da autenticidade de Ezequiel, a primeira pode ser tratada de 
modo sumário. É afirmado que este profeta, como seus antecessores, foi 
pregador de condenação, e nada mais. Todos os profetas pré-exílicos se 
declararam contra a escatologia popular de seus dias e pronunciaram 
apenas julgamentos contra Israel. Como, é interrogado, poderia um 
profeta proclamar numa ocasião a vinda de julgamento contra os 
pecados, e na próxima falar de maravilhosas promessas a um povo 
pecaminoso? Alguns mantêm, além disso que a idéia de uma era 
abençoada se originou na Pérsia, pelo que todas as passagens que falam 
dessa era devem necessariamente datar de um período posterior ao 
exílio, quando os israelitas estiveram em contacto com aquela nação. 
Segundo esse ponto de vista uma considerável porção de Ezequiel tem 
que ser reputada como interpolação posterior, e tal é a posição de 
Hölscher. Seu discípulo, von Gall, aplicou o mesmo critério a todos os 
profetas; o processo postulado de edições graduais dos livros proféticos, 
nas quais eram feitos "acréscimos" sucessivos ao texto em gerações 
sucessivas, evoca grande admiração em vista da engenhosidade do 
esquema, mas é por demais complicado para ser real. A maioria dos 
eruditos rejeitam a noção de que a esperança de um reino de Deus era 
propriedade exclusiva da nação persa; essa esperança também era 
indígena em Israel. 
 É difícil de compreender por qual motivo os profetas não 
poderiam ter predito uma restauração após o julgamento; não se deve 
inferir que viam apenas o caos em vista de suas profecias de condenação, 
como também não se pode dizer que Jesus via apenas a ruína para o 
povo escolhido, quando predisse a destruição de Jerusalém (Mc 13.2). 
Partindo da evidência bíblica é difícil resistir ao ditado de Gressmann: 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 3 
"Renovação mundial necessariamente se segue à catástrofe mundial". O 
próprio Ezequiel provê a melhor resposta para essa questão: "Como pôde 
um profeta ligar ameaçar com promessas para que essa combinação 
surtisse algum efeito sobre os seus ouvintes?" À parte do 
desenvolvimento observável na tendência geral de sua profecia - 
primeiro o julgamento (1-32), e então a consolação (33-48) - ele mistura 
os dois elementos de tal maneira que cria um senso de vergonha no 
momento mesmo em que é apresentada a promessa. Ver especialmente 
Ez 20.42 e segs.: "E sabereis que eu sou o Senhor, quando eu vos fizer 
voltar à terra de Israel... E ali vos lembrareis de vossos caminhos, e de 
todos os vossos atos com que vos contaminastes, e tereis nojo de vós 
mesmos, por todas as vossas maldades que tendes cometido". (A 
passagem inteira de 20.33-44 deve ser cuidadosamente lida, pois aqui 
também se pode observar uma espécie de doutrina sobre a 
remanescente). Pode-se adicionar que essa posição geral está sendo 
adotada por um número cada vez maior de eruditos do Antigo 
Testamento; quanto a detalhes maiores, o estudante poderá examinar as 
obras padrões sobre a teologia e a escatologia do Antigo Testamento. 
 A segunda consideração principal é mais importante e tem 
ocasionado a maior parte das teorias mais recentes a respeito do livro de 
Ezequiel. Apesar de que o profeta vivia na Babilônia, dirigia-se 
constantemente aos judeus deixados em Jerusalém. Expedia profecias 
simbólicas para benefício deles, as quais não obstante, não podiam ver; 
conhecia perfeitamente a situação deles; descrevia acontecimentos que 
testemunhara suceder em Jerusalém e suas circunvizinhanças, como, por 
exemplo, as idolatrias dos anciães no templo (capítulo 8), a súbita morte 
de um deles (11.13), a tentativa de Zedequias para escapar de Jerusalém 
à noite (12.3-12), o fato de Nabucodonosor ter consultado sortes em 
encruzilhadas de estradas a caminho daquela cidade (21.18 e segs.) e o 
fato de mais tarde haver-se acampado fora de Jerusalém (24.2). Que um 
homem que vivia na Babilônia pudesse testemunhar acontecimentos 
dessa ordem em lugar tão remoto como Jerusalém parece falta de bom 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 4 
senso para uma época científica como a nossa; por conseguinte, alguns 
argumentam que deve ser procurada alguma outra solução. Ou Ezequiel 
realmente vivia em Jerusalém, e não na Babilônia, e seu livro incorpora 
suas profecias genuínas com as de um redator posterior que se dizia 
viver como exilado (conforme opinião de Herntrich); ou a situação 
inteira é fictícia e a obra é comparável aos escritos apocalípticos 
pseudônimos do judaísmo posterior, e pertenceria, em realidade, à época 
de Alexandre (segundo opinião de Torrey). Dessas duas alternativas 
dificilmente alguém leva a sério a segunda, mas a primeira merece 
considerável atenção e é aceita por Oesterley (Introduction to the Old 
Testament, págs. 324-325). Cooke, entretanto, é o porta-voz dos 
sentimentos de muitos críticos ao dizer que é tão difícil acreditar num 
redator altamente imaginário como aceitar as declarações contidas no 
texto (I. C. C., pág. 23). Conseqüentemente, ele aceita a autenticidade do 
livro nos seus aspectos principais; e o consenso da erudição moderna 
está de seu lado. Guillaume tem, além disso, relacionado esse 
extraordinário dom de segunda vista possuído por Ezequiel a outros 
fenômenos semelhantes do Antigo Testamento, e até mesmo no moderno 
mundo beduíno. Mediante suas pesquisas ele nos tem capacitado a 
compreender melhor um tipo de mente que tem pouco em comum com a 
moderna civilização ocidental (Prophecy and Divination; ver 
especialmente as págs. 155-158). Se essa controvérsia não tiver servido 
para outro propósito, portanto, do que de destacar o caráter 
verdadeiramente extraordinário de Ezequiel, mesmo assim não terá sido 
vã. 
 Ezequiel, pois, ministrou para sua nação, tanto paraaquela porção 
que estava no exílio como para aquela outra que permaneceu na pátria. 
Ele era contemporâneo mais jovem de Jeremias; e, a julgar pelos ecos do 
profeta mais idoso no livro de Ezequiel, aquele deve ter mantido 
considerável contacto com este. 
 
 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 5 
II. CONTEÚDO 
 Conforme demonstra o esboço do conteúdo (ver adiante), o livro 
foi construído segundo um plano claramente definido, e o escritor aderiu 
firmemente aos assentos de cada seção. Após a visão introdutória dos 
capítulos 1--3, Ezequiel se concentra quase exclusivamente em desnudar 
a iniqüidade de seu povo. Sem dó arrasta seus pecados para debaixo da 
luz e pronuncia contra eles o julgamento de Deus. Por meio de ações 
simbólicas, parábolas, oratória inflamada e declarações lógicas ele 
reitera seu tema que versa sobre a iniqüidade da nação e sobre sua 
inevitável destruição. A repetição da denúncia e da ameaça de 
condenação é tão constante a ponto de fazer o leitor recuar horrorizado, 
especialmente em vista do fato que, enquanto que outras obras proféticas 
iluminam suas ameaças com promessas, este elemento falta quase 
inteiramente na primeira seção do livro de Ezequiel. E quando ele 
permite que brilhe algum raio de esperança, este usualmente se torna 
vermelho como fogo, pelo que a restauração referida se torna algo 
vergonhoso e não algo que causasse alegria (ver, por exemplo, 16.53-58; 
20.43-44). Nisso, como também em outros aspectos, Ezequiel mostra 
afinidades com o autor do livro de Apocalipse, pois ambas as obras 
exibem, como nenhum outro em seus respectivos Testamentos, o 
insaciável terror da ira de Deus. 
 A segunda seção (capítulos 25--32) limita-se aos oráculos 
dirigidos centra as noções circunvizinhas de Israel, tanto os estados 
vassalos que assaltaram os judeus em sua hora de amargura como as 
grandes nações da época. Aqui a imaginação poética de Ezequiel sobe a 
seu clímax; são-nos dados alguns dos quadros falados mais vividos do 
Antigo Testamento em seus oráculos contra o príncipe de Tiro e o Faraó 
do Egito. É curioso que Ezequiel faça silêncio quanto ao destino da 
Babilônia, o principal poder destruidor de Jerusalém. Alguns acreditam 
que, visto que essa nação deve ter necessariamente figurado nas 
profecias condenatórias de Ezequiel, que a Babilônia deve aparecer aqui 
sob o símbolo de Gogue, na profecia dos capítulos 38 e 39. Não 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 6 
obstante, não existe no texto a menor indicação dessa possibilidade, e 
tudo parece apontar contra tal identificação. Pode-se sentir que, à 
semelhança de Jeremias, Ezequiel considerava Nabucodonosor como um 
servo de Jeová, e assim considerava suas ações como divinamente 
ordenadas; diferentemente de Jeremias, porém, Ezequiel não recebeu 
qualquer palavra subseqüente a respeito da Babilônia, e por isso deixou a 
questão nas mãos de Deus. 
 O ponto principal do ministério de Ezequiel foi ocasionado pela 
chegada de um mensageiro enviado de Jerusalém, anunciando a queda da 
cidade (33.21). Em face do consistente ceticismo do povo para com sua 
pregação, esse acontecimento constituiu a confirmação divina a seu 
ministério. Daí por diante o povo se reunia para ouvi-lo (33.30). Agora 
ele estava livre para entregar-se à tarefa de reabilitar a nação espalhada, e 
isso forma o tema dos capítulos 33--37. 
 Desde muito tem sido motivo de perplexidade o fato que, após a 
restauração da nação na era messiânica, Ezequiel tenha falado sobre um 
novo levante de poderes estrangeiros contra Israel (38 e 39). Existem, 
não obstante, razões convincentes por detrás desse ensino, e não 
podemos ver qualquer necessidade de negar sua autoria a Ezequiel. Ver 
as notas introdutórias a esses dois capítulos, no corpo do comentário. 
 A conclusão do livro (40--48) é o produto de uma mente devota 
que por longo tempo e afetuosamente ponderou a respeito da adoração 
de Israel em sua vindoura era de bênção. Somos aqui fortemente 
relembrados que Ezequiel era ao mesmo tempo um sacerdote e um 
profeta. Nessa qualidade, ele combinava em si mesmo as duas grandes 
correntes da tradição de Israel. Numa terra purificada de toda impureza, 
é exibida a adoração ideal num templo ideal a ser observada por um 
povo ideal. 
 
III. CARACTERÍSTICAS 
 Duas características da personalidade de Ezequiel já têm sido 
mencionadas, a saber, a vivacidade de sua imaginação e seus poderes 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 7 
sem paralelo de telepatia, clarividência e prognóstico. Essas coisas se 
combinavam com um senso avassalador sobre a transcendência de Deus 
que pode produzir passagens de literatura que, de muitos modos, 
parecem estranhas para a mente moderna, mas que são ricamente 
recompensadoras para o investigador. Por exemplo, quantos são os que 
têm ficado tão perplexos pelo relato de Ezequiel sobre sua visão 
inaugural, no capítulo primeiro, a ponto de não continuarem a leitura de 
seu livro? No entanto, uma vez compreendido esse capítulo fica 
percebido que ele é altamente significativo e dotado de grande valor 
espiritual, como os próprios judeus reconheciam. (Uma afirmação do 
Mishnah registra que a Carruagem, isto é, Ez 1, e a Criação, isto é, Gn 1, 
são dois particulares que devem ser expostos apenas para uma pessoa 
prudente; Ag 2.1, citado por Cooke, pág. 23). Observações semelhantes 
poderiam ser feitas no tocante a muitas passagens obscuras e 
negligenciadas de Ezequiel. 
 Em certas direções Ezequiel foi o pioneiro de movimentos de 
pensamento que estavam destinados a se desenvolverem como 
características do judaísmo posterior. Ele foi o primeiro a declarar, com 
clareza dogmática, a verdade da responsabilidade individual. Mediante a 
freqüência de suas visões e a natureza de êxtase de muitas de suas 
afirmações, e especialmente mediante suas profecias concernentes a 
Gogue e o reino futuro, ele moldou um tipo de profecia que, no tempo 
devido, conduziu ao movimento apocalíptico. Ezequiel, pois, é a ponte 
entre a profecia e o apocalipse. Além disso, devido a seu treinamento 
sacerdotal ele se sentia naturalmente mais interessa do na adoração do 
que no evangelismo; conseqüentemente, o espírito missionário, tão 
evidente nos últimos capítulos, de Isaías está quase totalmente ausente 
nos escritos de Ezequiel. Em todas essas questões, a saber, a 
responsabilidade individual, a profecia apocalíptica e o esquecimento 
dos gentios na contemplação de reino de Deus, o judaísmo foi muito 
além de Ezequiel e, em certas direções produziu, realmente, uma 
caricatura de seu ensinamento. (Ver, por exemplo, as anotações 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 8 
introdutórias ao capítulo 18, no corpo do comentário). É injusto, todavia, 
culpar Ezequiel desses desenvolvimentos infelizes, como é injusto culpar 
Daniel por causa das puerilidades de alguns escritos apocalípticos, ou 
culpar o apóstolo Paulo por causa da doutrina da predestinação à 
condenação. Onde Ezequiel e Daniel fizeram silêncio, ou quando muito, 
se mostraram implícitos, o judaísmo se tornou explícito e exagerado, tal 
como a lógica de algumas pessoas as leva até uma posição que a maioria 
dos crentes cristãos acredita seria rebatida por Paulo. É infeliz em alto 
grau, por conseguinte, que muitos eruditos bíblicos depreciem Ezequiel 
como retrógrado em sua doutrina. Pelo contrário, seu livro faz 
importantíssima contribuição, na providência de Deus, para o 
desdobramento da revelação de Deus na Bíblia. Precisa ser estudado com 
maior simpatia do que alguns estudiosos modernos estão presentemente 
inclinados a fazê-lo. 
 Finalmente, poderia ser talvez mencionado que em alguns lugares 
o texto de Ezequiel tem sofrido muito devido à transmissão do texto. 
Indicar cada uma dessas dificuldades exigiria mais espaço do que é 
permitido num comentário desta extensão. Somente as correções mais 
importantes tem sido salientadas na exposição. Ao estudante interessado 
é recomendado um utilíssimo comentário, por G. A. Cooke, no I. C. C. 
Apesar de que emalguns respeitos ultrapassa na questão de conjetura 
além do que os eruditos conservadores geralmente permitiram, tal 
comentário é caracterizado em seu corpo principal pelo menos por uma 
recomendável sobriedade de julgamento. Este escritor não tem hesitado 
em aproveitar dele freqüentemente. 
 
PLANO DO LIVRO 
 
O PECADO DE ISRAEL E O JUÍZO IMINENTE - 1.1-24.27 
I. A CHAMADA DE EZEQUIEL - 1.1-3.27 
II. QUATRO PROFECIAS POR AÇÕES - 4.1-5.17 
III. PROFECIA CONTRA OS MONTES DE ISRAEL - 6.1-14 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 9 
IV. A IMINENTE CONDENAÇÃO DE ISRAEL - 7.1-27 
V. PECADO E JULGAMENTO DE JERUSALÉM: 
 ABANDONADA POR DEUS - 8.1-11.25 
VI. PROFECIAS CONTRA JERUSALÉM - 12.1-24.27 
 
PROFECIAS CONTRA NAÇÕES ESTRANGEIRAS - 25.1-32.32 
VII. PROFECIAS CONTRA TRIBOS CIRCUNVIZINHAS 
 - 25.1-17 
VIII. PROFECIAS CONTRA TIRO - 26.1-28.26 
IX. PROFECIAS CONTRA O EGITO - 29.1-32.32 
 
A RESTAURAÇÃO DE ISRAEL - 33.1-48.35 
 
X. A RESPONSABILIDADE DO PROFETA E DO POVO 
 - 33.1-20 
XI. O PONTO CENTRAL DO MINISTÉRIO DE EZEQUIEL 
 - 33.21-33 
XII. VOLTA DE ISRAEL À SUA PRÓPRIA PÁTRIA 
 - 34.1-37.28 
XIII. PROFECIA CONTRA GOGUE - 38.1-39.29 
XIV O TEMPLO E O POVO NO REINO DE DEUS - 40.1-48.35 
 
COMENTÁRIO 
 
O PECADO DE ISRAEL E O JUÍZO IMINENTE - 1.1-24.27 
 
Ezequiel 1 
I. A CHAMADA DE EZEQUIEL - 1.1-3.27 
a) A visão sobre a glória de Deus (1.1-28) 
 
 Não se sabe a partir de que época Ezequiel data o ano trigésimo 
(1), se a partir da era babilônica ou a partir da era israelita. Orígenes 
julgava que representava sua própria idade. 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 10 
 No quinto ano do cativeiro do rei Joaquim (2), porém, fixa a 
data como sendo 593 a.C. Evidências sobre estabelecimentos judaicos 
têm sido encontrados em Nippur, à beira do rio Quebar (1), que pelos 
babilônios era conhecido como "o Grande Canal"; que Ezequiel tenha 
recebido visões de Deus (1) em tal lugar seria considerado 
revolucionário por muitos de seus compatriotas, cujos sentimentos se 
expressavam antes em afirmações como as de Sl 137. 
 À semelhança de outros antes dele, a chamada de Ezequiel para o 
ofício profético veio por meio de uma visão de Deus. Porém, como 
freqüentemente acontece no êxtase profético (cf. At 10), a natureza da 
visão era condicionada pelo ambiente do recipiente. Neste caso foi a 
aproximação de uma nuvem tempestuosa o meio pelo qual Deus Se 
revelou a Ezequiel (4). O negrume da nuvem, o resplendor avermelhado 
e desnatural, e os coriscos que relampejavam, proveram a moldura para a 
manifestação da maior glória de Deus. (Ver Guillaume, Prophecy and 
Divination, págs. 155-156, e comparar a seguinte reportagem sobre uma 
tempestade no Eufrates: "Densas massas de nuvens escuras, com estrias 
alaranjadas, vermelhas e amarelas apareceram vindas do OSO, 
aproximando-se em espantosa velocidade... Por essa altura as nuvens 
pareciam verdadeiramente terríveis. Por debaixo da mais escura delas 
havia uma coleção de material, de cor carmesim escuro, que rolava em 
nossa direção com rapidez espantosa... Tudo se tornou calmo e claro 
como antes, e talvez vinte e cinco minutos não se tivessem passado 
desde o começo, progresso e término daquele temível furacão". Chesney, 
em Narrative of the Euphrates Expedition, citado por Cooke, em I. C. 
C., pág. 10). Note-se o termo repetido, semelhança (5,10,13, etc.); 
Ezequiel podia sugerir apenas paralelos para as figuras vistas em sua 
visão. Os animais (5) com sua roda (15) formavam uma carruagem 
extraterrena para o trono de Deus. O comentário dos rabinos, quanto aos 
rostos dos animais (10) é freqüentemente citado com aprovação; "a águia 
é exaltada entre as aves; o boi é exaltado entre os animais domésticos; o 
leão é exaltado entre os animais ferozes; o homem é exaltado entre as 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 11 
criaturas; e todos eles tem recebido domínio, e lhes tem sido 
proporcionada grandeza; não obstante, acham-se abaixo da carruagem do 
Santo" (Midrash R. Shemoth, 23, sobre Êx 15.1). Cf. Ap 4.7. 
 As rodas (15-16) permitiam que a carruagem viajasse para todos 
os lugares, um lembrete necessário para os exilados (ver nota sobre os 
vv. 1 e 2). Vistas da posição em que se achava Ezequiel, parecia que 
revolviam uma dentro da outra; sua construção era como se uma roda 
estivesse no meio da outra, embora, em realidade, houvesse apenas 
quatro rodas, cada qual separada das demais, nas quatro esquinas de um 
quadrado. O movimento das rodas (17) é impossível de ser imaginado, se 
tivermos em mente veículos ordinários; era uma carruagem sobrenatural! 
Suas cambas (isto é, suas circunferências) eram cheias de olhos ao 
redor (18). Esses olhos denotavam inteligência, pois o espírito da 
criatura vivente estava nas rodas (20). 
Uma semelhança de firmamento (22); ou melhor, "plataforma"; 
raki'a é palavra traduzida com "firmamento" (nesta versão como 
"expansão") em Gn 1; porém, sua significação fundamental é: "algo feito 
de forma firme e chata por pressão". E é essa significação que está aqui 
em mente. Servia de base para o trono de Jeová (26), e era carregado 
pelos animais vivos. 
 Note-se que nos vv. 26-28 o profeta não diz de modo definido que 
viu a Jeová, mas tão somente a semelhança dum homem e a 
semelhança da glória do Senhor. (Segundo diz o Talmude, há o "rosto 
maior" e o "rosto menor" de Deus, e ao homem é dado ver somente este 
último; cf. Jo 1.18). Não obstante, aquilo que Ezequiel viu foi o 
suficiente para deixá-lo aterrado; cf. Is 6.5; Dn 10.8-9; Ap 1.17). 
 
b) A chamada e a comissão do profeta (2.1-3.3) 
 
Ezequiel 2 
 O título Filho do homem (1,3, etc.), aplicado a si mesmo, é 
característica de Ezequiel e salienta sua posição de mera criatura em 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 12 
comparação com a majestade do Criador. Foi título usado por Deus ao 
dirigir-se ao profeta, e não por Ezequiel a si mesmo, aparentemente para 
mostrar que seu dever era servir de porta-voz da vontade divina, e nada 
mais. 
 Hão de saber que esteve no meio deles um profeta (5) encontra 
paralelo na expressão freqüentemente repetida: "saberão que eu sou 
Jeová". Ambas essas verdades tornar-se-iam evidentes quando Deus 
cumprisse as predições do profeta; cf. 33.32-33; Dt 18.21 e segs. 
 Ao profeta é ordenado que não compartilhasse da rebeldia de sua 
nação ocultando do povo as mensagens que Deus lhe declarasse (8). O 
fato que Deus tocou diretamente na boca de Jeremias (Jr 1.9) mas deu 
um rolo de livro a Ezequiel (9) ilustra a diferença entre os dois profetas; 
o primeiro caso declara a imanência de Deus, e o segundo a Sua 
transcendência. O escrito sobre o livro, por dentro e por fora (10), 
contrário ao uso normal, indica a plenitude de seu conteúdo. 
 Lamentações e suspiros e ais (10) forma uma justa descrição da 
maior parte da profecia de Ezequiel. Sua mensagem não foi alterada até 
que, de conformidade com a promessa do verso 5, Deus cumpriu Suas 
palavras mediante a destruição de Jerusalém (33.21 e segs.). 
 
Ezequiel 3 
 Come este rolo (3.1). Não há nada de mecânico nesse modo de 
inspiração; o fato que Ezequiel devia mastigar o rolo mostra que ele 
devia tornar sua a mensagem. A despeito da natureza da mensagem, para 
o profeta seu gosto foi doce como o mel (3), pois "é doce fazer a 
vontade de Deus e ser incumbido de tarefas em Seu serviço" 
(McFadyen). Note-se a variação na experiência do escritor apocalíptico 
do Novo Testamento (Ap 10.10). 
 
c) A comissão é destacada (3.4-15) 
 O profeta não foi enviado a uma nação estrangeira (5), nem ao 
mundo pagão em geral (6); pois, se assim tivesse acontecido, tê-lo-iam 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 13 
ouvido. Israel, entretanto, não ouviria nem o profeta nem o próprio Deus 
(7). Um povo "profundo de lábios e pesado de língua" (5, como diz certa 
versão) indica "um povo cuja fala soava gutural e confusa para os 
ouvidos hebreus" (Cooke). A obstinação tradicional de Israel é referida 
por nosso Senhor em Mt11.21-24; Lc 4.24-27. Cf. Is 1.7 e Jr 1.17-19 
com os vv. 8 e 9. 
 Aos do cativeiro (11). A missão de Ezequiel embora dirigida a 
todo o Israel (4), fica agora demonstrada como visando especifica e 
imediatamente a seus companheiros de exílio. Isso seria necessário em 
vista de suas circunstâncias; mas o escrito do livro, ou mesmo de suas 
seções separadas, tornaria sua mensagem à disposição da nação inteira. 
 A partida da carruagem gloriosa deixa o profeta com uma 
realização de tristeza, no ardor do meu espírito (14). Porém, foi 
compelido a dar início a seu ministério profético. Ele se mudou para Tel-
Abibe, "a casa das espigas verdes", um dos principais centros dos 
exilados. Foram necessários sete dias para que ele se recuperasse dos 
efeitos da visão (15). 
 
d) O profeta como vigia (3.16-21) 
 
 Eu te dei por atalaia (17). O trabalho de um vigia era avisar a 
cidade de algum perigo iminente; assim também Ezequiel deveria avisar 
seu povo a respeito do desastre que estava prestes a desabar sobre eles. A 
passagem tem em mente a catástrofe que estava a ponto de sobrevir a 
Jerusalém, mas o profeta não hesitou em aplicá-la de modo geral. Sua 
importância jaz na relação a ser estabelecida entre Ezequiel e seus 
ouvintes; ele se sentia responsável por eles individualmente e precisava 
advertir cada qual na qualidade de fiel pastor (18,20); eles eram 
individualmente responsáveis por suas ações e seu destino, pois Deus 
trataria com eles como pessoas morais, e não como uma unidade (19). 
Tratava-se de uma concepção revolucionária e marcou um passo 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 14 
significativo no processo da revelação. Ver notas sobre os capítulos 18 e 
33.1-20. 
 
e) Ordenado o silêncio (3.22-27) 
 
 A Ezequiel foi ordenado permanecer em sua casa (24), talvez 
devido a alguma ameaça de violência (25). A mudez viria sobre ele (26), 
exceto quando Jeová abrisse sua boca em declaração profética (27). Caso 
este episódio esteja aqui no lugar que lhe convém, o ministério de 
Ezequiel foi, portanto, um ministério particular, que só recebia aqueles 
que vinham à sua casa (cf. 8.1), até que chegaram a ele as notícias da 
queda de Jerusalém (33.21-22). Alguns sentem que isso aparece de modo 
estranho, em vista da comissão anterior; sugerem que este parágrafo 
talvez esteja deslocado e talvez pertença a um período posterior do 
ministério de Ezequiel. Se esse for o caso, o verso 27 está ligado a uma 
ocasião específica quando Deus faria cessar a mudez do profeta (ver 
33.21-22). A transferência sugerida não é impossível, especialmente em 
vista do fato que o parágrafo anterior recebe uma boa significação onde 
se encontra, e pode-se permitir que retenha essa posição: "sua liberdade 
de movimento seria restringida pelos exilados... Deus restringiria suas 
afirmações, permitindo-lhe falar somente quando fosse especialmente 
orientado a fazê-lo" (Wardle). 
 
II. QUATRO PROFECIAS POR AÇÕES 4.1-5.17 
 
Ezequiel 4 
a) O cerco de Jerusalém (4.1-3) 
 
 O tijolo (1) usado por Ezequiel seria feito de barro mole, e a 
gravação seria feita por meio de um estilete; terminado esse trabalho, o 
tijolo mole seria cozido num forno. Presumivelmente, as ações descritas 
no verso 2 eram desenhos a ser feitos sobre o tijolo. 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 15 
 A sertã de ferro (3) talvez simbolizasse as poderosas 
fortificações que seriam armadas contra a cidade. 
 
b) O exílio (4.4-8) 
 
 O profeta se deitou de lado, levando a maldade de Israel, isto é, o 
castigo devido à iniqüidade, pelo período do exílio (4). A Septuaginta diz 
cento e noventa em lugar de trezentos e noventa, nos vv. 5 e 9, e 
provavelmente está correta. Pelos vv. 5,6 e 9 concluímos que Ezequiel 
deveria ficar deitado por 150 dias do lado esquerdo e 40 dias do lado 
direito; o período que medeia desde a deportação sob Tiglate-Pileser, em 
734 a.C. (2Rs 15.29) até a conquista de Jerusalém, em 586 a.C., é de 148 
anos, isto é, aproximadamente 150 anos, enquanto que os quarenta anos 
(designação geral de uma geração) referentes a Judá correspondem 
aproximadamente ao período de 586 a 536 a.C., o tempo do exílio de 
Judá na Babilônia. Cooke sugere que a cifra "trezentos e noventa" se 
deve a um copista que interpretou a maldade da casa de Israel (4) 
como o período inteiro do pecado de Israel. De conformidade com a 
cronologia do livro de Reis, o período desde a divisão do reino sob 
Roboão, até 596 a.C., foi de 394 1/2 anos. 
 
c) A fome (4.9-17) 
 
 Devem ser distinguidos aqui dois pensamentos acerca da fome que 
se aproximava: a escassez de alimentos (9-11,16-17), e a impureza que 
estava envolvida no comer tal alimento numa terra estrangeira (12-15). A 
curiosa mistura de cereais, no verso 9, subentende meramente sua 
escassez, e não deve ser comparada com Lv 19.19. 
 Vinte siclos (10) eram cerca de 255 gramas; a sexta parte dum 
him (11) era cerca de 1,1 litro. 
 O esterco (12) usado para cozer o pão era para servir de 
combustível. Para Ezequiel, criado como sacerdote, excrementos 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 16 
humanos era algo por demais revoltante; em resposta às suas orações 
(14) foi-lhe permitido empregar esterco de vacas (15), que até hoje 
continua sendo usado como combustível pelos beduínos. Cf. Os 9.3 e 
segs.; Am 7.17 com o verso 13. Todas as terras fora de Canaã eram 
impuras, e semelhantemente seus produtos, pois Jeová não era adorado 
nelas. 
 
Ezequiel 5 
d) A matança (5.1-4) 
 
 Rapar a cabeça era figura que representava catástrofe; ver Is 7.20; 
Jr 41.5. Aqui o ato representa a sorte dos habitantes de Jerusalém; 
deveriam ser queimados, mortos e espalhados (2); a espada a perseguir 
aqueles que fugiam da cidade (2c) indica quão completa seria a 
destruição. Dos poucos que verdadeiramente escapariam (os amarrados 
ás vestes de Ezequiel, verso 3) alguns, ainda, haveriam de perecer (4), 
pelo que o remanescente se tornaria verdadeiramente diminuto. Ezequiel, 
dessa maneira, se apega à doutrina do remanescente (ver também 6.8-10; 
9.8; 11.13), a despeito das asseverações em contrário de alguns; porém, 
tal doutrina está inteiramente subordinada à sua mensagem de 
julgamento até a queda de Jerusalém, após o que o remanescente se torna 
seu tema dominante. 
 
e) Uma exposição dos sinais (5.5-17) 
 
 Jerusalém é o centro do mundo, tanto por sua posição geográfica 
como por seu privilégio (5; cf. 38.12). Isso torna seu excesso de 
iniqüidade sobre as nações ainda mais odioso (cf. 16.47 e segs.; Jr 2.10 e 
segs.). O argumento do verso 7 subentende que as nações ao redor de 
Israel andavam de conformidade com a luz que possuíam, o que não 
acontecia com Israel; portanto, de conformidade com isso, Deus 
retribuiria aos pecados de Seu povo aos olhos das nações (8), tanto 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 17 
como exemplo como vindicação à Sua santidade. Cf. Lv 26.29 e Dt 
28.53 com o verso 10, profecias cumpridas no acontecimento (Lm 4.10). 
 À peste e o sangue (17) fazem parte de uma praga só; assim 
temos as quatro maldições de Lv 26, a fome, as más bestas, a peste e a 
espada. Elas ocorrem novamente em 14.21 e figuram dentre as pragas 
do livro de Apocalipse (Ap 6.7-8). 
 
Ezequiel 6 
III. PROFECIA CONTRA OS MONTES DE ISRAEL - 6.1-14 
 
 Ezequiel se refere à nação sob a figura de os montes de Israel (2), 
visto que formavam sua principal característica; trata-se, realmente, de 
"uma serra central montanhosa a baixar em direção às planícies estreitas 
ao longo do Mediterrâneo e do Jordão" (Toy). Além disso, montes e 
outeiros (3) são usualmente associados à idolatria pelos profetas 
(exemplo, Is 65.7; Jr 3.6; Os 4.13). 
 Ribeiros (3); algumas versões dizem "ravinas". Estes e os vales 
eram usados para os impuros ritos e a adoração a Moloque (ver Jr 7.31-
32). Vossos altos (3) eram, originalmente, lugares elevados apenas, mas 
depois vieram a denotar os locais onde estavam situados os santuários 
idólatras; havia muitos desses lugares pela terra onde a adoração eraoferecida ostensivamente a Jeová, mas que, em realidade, pouco diferia 
da adoração prestada pelos vizinhos de Israel. Evidentemente as 
reformas dirigidas por Ezequias e Josias tinham sido inúteis (2Rs 18.4; 
23.5). 
 Imagens (4); algumas versões dizem "imagens do sol"; em heb. 
hammanim eram, provavelmente, imagem de Baal hamman, "o Baal 
resplandecente", em realidade, não eram representações do deus sol, 
embora esse culto possivelmente estivesse ligado à adoração ao sol, no 
templo (ver 8.16 e segs.). 
 Para que saibais que eu sou o Senhor (7). Uma frase 
característica de Ezequiel; ocorre nos vv. 10,13 e 14 e cerca de sessenta 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 18 
vezes mais em outras passagens. O motivo da ação de Jeová é sempre 
fazer com que as nações reconheçam que só Ele é deidade e tem poder. 
 Me quebrantei por causa do seu coração corrompido (9); 
melhor, como diz certa tradução "quebrantei o corrompido coração 
deles". Deus quebranta o coração mediante a tristeza a fim de produzir o 
arrependimento. 
 Bate... bate (11). As ações de Ezequiel parecem expressar antes 
exultação que horror (ver 21.17; 22.13; 25.6). Ah! (11; na Septuaginta, 
euge, euge, isto é, Bravo!), como se o profeta exultasse no julgamento 
vindouro. Sua preocupação era a vindicação da honra de Jeová, e não 
tanto o destino dos pecadores. Cf. Ap 19.1-4. 
 A destruição dos idólatras, no meio dos Seus ídolos (13) revelará 
a impotência destes últimos e convencerá os sobreviventes que somente 
Jeová é Deus. 
 Dibla (14), (situada a leste do mar Morto, ao sul), é quase 
certamente um equívoco em lugar de Ribla (que jazia muito mais ao 
norte perto de "vindo para Hamate", 48.1), visto que em hebraico d e r 
são quase idênticos. "Do deserto a Ribla", portanto, representa o 
equivalente à frase mais bem conhecida: "De Dã a Berseba". 
 
Ezequiel 7 
IV. A IMINENTE CONDENAÇÃO DE ISRAEL - 7.1-27 
 
 Há quatro oráculos curtos neste capítulo (vv. 2-4,5-9,10-11 e 12-
13) seguidos por uma exposição sobre seu tema comum (vv. 14-27). 
Visto que é dito que o fim estava iminente, e a data em 1.1 permite 
apenas sete anos até à queda de Jerusalém, é possível que este capítulo 
tenha sido escrito mais tarde. A data, no fim de uma seção, não abarca 
necessariamente tudo quanto se segue até ser dada a data seguinte. 
 O oráculo foi dirigido aos montes de Israel (2), mas, não 
obstante, os vv. 5-7,10,12 parecem ter em mente o dia do Senhor, com 
sua significação universal. Por conseguinte, é melhor traduzir a frase 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 19 
final desse versículo como "os quatro cantos da terra", como em Is 
11.12. O julgamento contra Israel é comparado com o pano de fundo do 
julgamento das nações. Note-se o jogo de palavras, como no verso 6, o 
fim (hakkes) vem ou "acorda" (hekis). 
 Um só mal (5), isto é, um mal final. 
 Vem o tempo; chegado, é o dia (7). Que isso é uma referência ao 
dia do Senhor parece claro mediante uma comparação com 30.3; Dn 
12.1; Jl 1.15; Ml 4.1. 
 Os vv. 10 e 11 registram um oráculo rítmico que apresenta o 
âmago da profecia. Tudo estava maduro para o julgamento, "a árvore já 
havia rebentado em folhas e flores!" (Cooke). A vara de impiedade 
provavelmente se refere ao rei de Israel e sua corte. Cf. a uso freqüente 
do vocábulo "vara" para significar o cetro de Israel (exemplo, 19.11). 
 O comprar e o vender dos verso 12 e 13 parece ser de 
propriedades, em que o vendedor aparece a fazê-lo contra sua própria 
inclinação (cf. 1Rs 21.1-16), ou a fazê-lo por um preço 
inconvenientemente baixo. O profeta diz que um não precisa ficar alegre 
nem o outro precisa ficar triste, pois ambos dentro em pouco seriam 
envolvidos numa catástrofe. Muitos têm julgado que o verso 13 se refere 
à lei do jubileu (Lv 25.10 e segs.), e é possível que assim seja. Outro 
modo, o profeta estaria dando prosseguimento ao pensamento do 
versículo 12; comprar de volta terras ancestrais era algo inconcebível, 
pois "a nação seria quebrantada e as questões sobre propriedades 
deixariam de ter interesse" (Toy). 
 Comparando-se a última cláusula do verso 19 com o verso 20, 
verifica-se que a impureza de sua prata e seu ouro (19) era devido ao 
fato de terem sido consagrados para os ídolos. Nesta versão o verso 20 
está bem traduzido (cf. Is 30.22). Os ídolos de que ele fala seriam 
entregues aos invasores por Jeová (21). 
 Faze uma cadeia (23) pode ser uma ordem para o profeta fazer 
uma ação simbólica, pois de outro modo sua significação seria 
desconhecida. Uma tríplice divisão religiosa do povo é indicada no verso 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 20 
26; o profeta, quanto à palavra imediata de Jeová; o sacerdote, quanto à 
instrução baseada na lei; os anciãos, quanto aos conselhos sobre as 
questões civis. O verso 27 apresenta uma tríplice divisão social: o rei, o 
príncipe (isto é, os "príncipes"; o singular é coletivo, como em 22.6); e o 
povo da terra. 
 
V. PECADO E JULGAMENTO DE JERUSALÉM: 
ABANDONADA POR DEUS - 8.1-11.25 
 
Ezequiel 8 
a) Os idólatras no templo (8.1-18) 
 
 A data (verso 1) é agosto-setembro de 592 a.C., catorze meses 
depois da visão inaugural de Ezequiel (1.1). 
 Quanto à aparência de fogo (2; heb., esh), a Septuaginta lê como 
em 1.26-27: "semelhança de homem" (em heb., ish). Ezequiel foi 
transportado em visão para o templo e vê terem lugar ali práticas 
idólatras. Não se trata aqui de uma reconstrução pictórica feita pelo 
profeta, baseada em reportagem recebida de outras fontes, mas antes, 
uma descrição de coisas vistas por meio de um dom sobrenaturalmente 
intensificado de "segunda visão". A distância entre Babilônia e 
Jerusalém torna espantoso o caráter desse episódio, porém, não é sem 
paralelos na Bíblia. Cf. 2Rs 5.26; 6.8-12; Is 21.6-10. 
 A imagem dos ciúmes (3); isto é, uma imagem que fazia despertar 
os ciúmes de Jeová) talvez fosse uma "asherah" (poste sagrado). 
Manassés havia erguido tal imagem (semel, uma palavra incomum é 
aqui empregada no original) no templo, e mais tarde a removeu (2Cr 
33.7,15). Este talvez tenha sido o mesmo ídolo recolocado em seu lugar. 
Câmaras pintadas de imagens é uma tradução duvidosa (12; em heb., 
mashkith). A Septuaginta lê: "suas câmaras secretas", que é uma 
conjetura tão boa como todas as que até agora têm sido feitas. Cf. 9.9; Is 
29.15. 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 21 
 Tamuz (14), uma divindade babilônica, era o deus da vegetação, 
cuja morte, por ocasião do período de grande calor, era lamentada 
anualmente, e cuja ressurreição era celebrada na primavera. O tempo 
tradicional dessa lamentação era no quarto mês, por isso mesmo 
chamado de "Tamuz"; porém, como esta visão teve lugar no sexto mês, 
 Adoravam o sol (16). A adoração ao sol era praticada entre os 
cananeus, mas ultimamente havia sido reintroduzida por meio da Assíria 
(2Rs 23.5,11; Jr 8.2). Entre o pórtico e o altar (16) era o lugar onde os 
sacerdotes faziam orações (Jl 2.17), naturalmente de rosto voltado para o 
templo; nesse local, de costas para o templo do Senhor, tinha lugar a 
adoração ao sol, numa demonstração a mais completa possível de 
renúncia e Jeová. Cf. 2Cr 29.6. 
 Ei-los a chegar o ramo ao seu nariz (17) representa uma forma 
de idolatria que pode ser posta paralelamente aos ritos persas e 
babilônicos. (Quanto às diversas explicações possíveis, consultem-se os 
comentários mais volumosos). 
 
Ezequiel 9 
b) O julgamento de Jerusalém (9.1-11) 
 
 Se certas versões forem seguidas quanto ao verso 1, aos 
executores é dito diretamente: "Aproximai-vos, executores da cidade!" 
 Seis homens com um homem vestido de linho (2) perfaziam um 
grupo de sete pessoas; indubitavelmente eram seres angélicos. Cf. os sete 
anjos que estão sempre defronte de Deus (Ap 8.2,6) e que ali também 
aparecem como executores da ira de Deus. 
 E marca (4). Os justos foram marcados (a palavra significa, 
estranhamente, uma marca em forma de cruz) para serem distinguidos 
dos idólatras e para lhes ser garantida a proteção deJeová. Cf. Êx 12.23; 
Ap 7.3-8; 13.16-18; 14.1. 
 Começai pelo meu santuário (6); cf. 1Pe 4.17. 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 22 
 O restante de Israel (8) denota os habitantes de Jerusalém. O 
reino do norte já tinha sido levado para o cativeiro, em 722. a.C., e Judá 
já tinha sofrido um cativeiro parcial, em 597 a.C. 
 Em contraste com seu grito, em 6.11, e com sua usual atitude de 
completa simpatia com os julgamentos divinos contra Israel, aqui 
Ezequiel pleiteia por misericórdia para com seus compatriotas errantes. 
A resposta é dada nos vv. 9 e 10; a culpa da terra é tão repugnante que o 
castigo não pode ser desviado. 
 O Senhor deixou a terra (9; isto é, a terra santa), ou seja, Jeová 
havia abandonado Seu povo, conforme era evidenciado por suas 
contínuas tribulações. Por conseguinte, da parte deles não havia ocorrido 
àqueles apóstatas que a adversidade de que sofriam era um julgamento 
justo de Jeová contra sua iniqüidade. 
 
Ezequiel 10 
c) O incêndio de Jerusalém (10.1-22) 
 
 O trono (1) estava vazio (cf. 9.3); os querubins aguardavam Jeová 
para alçar vôo e partir. 
 O destruidor da cidade era o homem, vestido de linho (2) que 
anteriormente havia feito uma marca nos fiéis separando-os para a 
preservação; todos os sete anjos, dessa forma, eram ministros 
vingativos, como em Ap 8.1-11.15. 
 Querubim (2; no original no singular) é um termo coletivo que 
inclui os quatro querubins, como em 9.3. Nada nos é informado sobre a 
destruição da cidade, senão que o anjo comissionado para isso tomou o 
fogo dentre os querubins (cf. Is 6.6) e saiu (7). A visão profetizava os 
incêndios que efetivamente destruíram Jerusalém, em 586 a.C. (2Rs 
25.9); porém, mais significativa que a predição foi a revelação da 
identidade do Destruidor - o próprio Deus. 
 O propósito da repetição dos vv. 9-22 é somente impressionar o 
leitor com esse mesmo fato; pois a descrição da glória de Deus e da 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 23 
carruagem já fora dada no capítulo primeiro. Sua recorrência aqui, de 
modo detalhado, sublinha o espantoso fato que Deus, que os homens 
julgavam estar inseparavelmente ligado ao Seu santuário e à Sua cidade, 
é Quem haveria de destruir ambas essas coisas e abandonar suas ruínas. 
Devido à fantasia de alguns copistas de séculos posteriores, algo da 
descrição dos vv. 9-22 se encontra de modo confuso e difícil de seguir. 
Por exemplo, 11a fala sobre as rodas, 11b evidentemente tem os 
querubins em mente; o verso 13 ficaria melhor se coloca do após o verso 
6; o primeiro rosto, no verso 14, deveria ser rosto de "boi" e não de 
querubim como em 1.10 (a não ser que sigamos o rabino Resh Lakish: 
"Ezequiel buscou o Misericordioso a respeito dele (do rosto de boi) e Ele 
o transformou em querube"); o verso 15 interrompe a seqüência e 
antecipa os vv. 19-20. 
 Saiu a glória do Senhor (18). Jeová abandonou o templo pela 
entrada da porta oriental (19); 11.22-23 registra o fato que Ele se 
afastou completamente da cidade. 
 
Ezequiel 11 
d) Julgamento dos conspiradores em Jerusalém (11.1-13) 
 
 Esta cidade e a panela (3). Esta declaração mostra a inclinação 
dos pensamentos daqueles homens. Os muros da cidade haveriam de 
protegê-los assim como a panela protege a carne do fogo; as advertências 
dos profetas, pois, poderiam ser ignoradas. Pode-se entender que a 
primeira cláusula implica em "nossa presente ocupação deve ser a 
guerra, e não a edificação de casas; vamos combater até o fim". Essa 
interpretação, porém, ultrapassa o sentido do texto. A Septuaginta 
traduz: "Não têm sido edificadas casas decentemente?", refletindo, 
talvez, a jubilação dos príncipes por terem dominado os efeitos da 
invasão de 597 a.C., e deixando subentendido que no presente não havia 
causa para preocupação. 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 24 
 Caso a tradução marginal de algumas versões, acompanhada por 
esta versão, for seguida: "Não está próximo o tempo de edificar 
casas...?", devemos compreender uma atitude de desafio às advertências 
proféticas, um ato flagrante de incredulidade em sua veracidade. 
 Vossos mortos... são a carne (7). As únicas pessoas que haveriam 
de usufruir de segurança na cidade seriam as vítimas abatidas pelos 
conspiradores; estes últimos seriam tirados da cidade (9) e seriam 
executados nas fronteiras da terra (10). Ver o cumprimento disso (2Rs 
25.18-21). 
 O verso 13 faz parte integral da visão mas presume que o 
acontecimento efetivamente ocorreu enquanto Ezequiel "estava 
olhando". O fenômeno pode ser comparado com a visão sobre os 
idólatras no templo (capítulo 8), com a do início do cerco de Jerusalém 
(24.2), com a da morte de sua esposa (24.16), com a, da cessação de tua 
mudez (24.25; cf. 33.21-22). 
 
e) Promessa de restauração (11.14-25) 
 
 Teus irmãos (15) são os companheiros de exílio de Ezequiel, que 
vieram de Judá; toda a casa de Israel (15) são os descendentes daqueles 
que foram transportados do norte de Israel, em 722 a.C. (cf. 20.40; 
36.10). Apartai-vos para longe do Senhor (15). A zombaria dos que 
restavam em Jerusalém refletia a antiga noção que o poder de Jeová se 
limitava à Sua terra; estar longe dEle era o mesmo que ser expulso de 
Sua presença (cf. 1Sm 26.19). A promessa de Deus, no vers. 16, nega tal 
idéia, porém. 
 A glória do Senhor (23) retira-se inteiramente da cidade (cf. 
10.18-19). Muitos exegetas acreditam que as duas visões em 11.1-21 
ocorreram mais tarde que o resto dos capítulos 8--11, e que foram 
colocadas aqui porque dizem respeito a acontecimentos vistos no templo 
e na apóstata Jerusalém. 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 25 
 Admite-se que 11.1-13 aparece estranhamente após a descrição da 
destruição do povo em capítulo 9 e após o incêndio da cidade no capítulo 
10; a mensagem de restauração (11.14-21) também se adaptaria melhor 
no período imediatamente anterior à destruição da cidade. Entretanto, 
não é sábio mostrar-se dogmático numa ou noutra direção. 
 
VI. PROFECIAS CONTRA JERUSALÉM - 12.1-24.27 
 
Ezequiel 12 
a) Um quadro do exílio iminente (12.1-20) 
 Casa rebelde, (2); isto é, os exilados entre os quais vivia o 
profeta; eram tão obtusos como os judeus de Jerusalém! O verso 5 nos dá 
uma ilustração do desespero dos assediados e das ruínas de suas 
propriedades; ver 2Rs 25.4. 
 Cobrirás a tua cara, para que não vejas (6). Uma alusão à fuga 
e ao destino de Zedequias. Ver o verso 12, que diz: "para que com os 
seus olhos (Ele) não veja". A Septuaginta traduz no passivo: "para que 
ele não seja visto com os olhos", isto é, a coberta no rosto serviria de 
disfarce. Mas o versículo também profetiza o castigo infligido pelos 
babilônios contra o rei, o qual foi cegado em Ribla e levado cativo para a 
Babilônia (2Rs 25.5-7). 
 Saberão (15); isto é, aqueles que escaparam de Jerusalém, saberão 
que Jeová é o Senhor quando experimentarem esses horrores segundo a 
profecia. As nações entre as quais viajassem também saberiam a respeito 
(16), pois aquela demonstração do poder de Jeová as convencerá que 
somente Ele é Deus. O objetivo de deixar sobreviventes da catástrofe era 
somente para honrar o nome de Jeová. 
 A profecia por ações sobre as aperturas do cerco (17-20) é 
semelhante à de 4.9-17 (ver especialmente 4.16-17). As ações simbólicas 
da passagem anterior, porém, representam a escassez que prevaleceria 
durante o cerco; esta última salienta o terror durante aqueles dias. 
 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 26 
b) Os profetas e o povo (12.21-14.11) 
 Esta passagem consiste de um grupo de cinco oráculos que tratam 
de profecias, verdadeiras e falsas, e da atitude adotada pelo povo com 
referência às mesmas. 
 
 1. O CETICISMO É REPREENDIDO (12.21-28). Dois oráculos 
(vv. 21-25,26-28) suprem motivos para a descrença popular na profecia. 
 O primeiro é expresso pelo provérbio: Prolongar-se-ão os dias, e 
perecerá toda a visão (22); isto é, o tempo passa mas as muitas ameaças 
de destruição nunca se realizam (cf. 2Pe 3.4). O elementode demora 
teria sido agravado pelo ministério de Jeremias. Durante os últimos trinta 
anos ele havia anunciado o vindouro julgamento de Jerusalém; mas os 
eventos pareciam desacreditá-lo. 
 A resposta que Ezequiel obteve de Deus foi: Chegaram os dias e 
a palavra de toda a visão (23). A segunda objeção vinha daqueles que 
haviam aceitado a veracidade da profecia, mas consideravam que ela se 
aplicava a tempos que estão longe (27). 
 A mesma resposta é dada aos tais: Não será mais diferida 
nenhuma das minhas palavras (28). 
 
Ezequiel 13 
 2. DENÚNCIAS CONTRA FALSOS PROFETAS E 
PROFETISAS (13.1-23). Os profetas falsos eram uma ameaça por 
motivo de sua oposição à verdadeira Palavra de Deus e sua propagação 
da inverdade (2-3). Cf. as lutas de Jeremias contra eles (Jr 5.30-31; 
14.13-18; 23.9-40; 29.8-10,21-23). Quanto ao teste da validade do 
ministério de um profeta ver Dt 13.1-5; 18.21-22. 
 Os teus profetas... são como raposas (4); isto é, mostravam-se 
nocivos e destruidores. Com o verso 5 contrastar 1Sm 25.16. 
 Adivinhações (6) é a obtenção de um oráculo mediante a leitura 
de sortes e desenho; cf. 21.21. 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 27 
 Registros da casa de Israel (9); isto é, o registro dos cidadãos na 
bendita era vindoura. Cf. o uso anterior da idéia, em Êx 32.32 e segs., e o 
símbolo desenvolvido em Lc 10.20; Ap 20.15. 
 Cal não adubada (10 e segs.); em heb., taphel, que seria melhor 
traduzir como "adobe caiado". Os falsos profetas meramente caiavam as 
paredes inseguras do estado, em lugar de fortalecê-las. Quando Deus 
houvesse de derrubar a parede, seriam sepultados debaixo das ruínas. 
 As profetisas falsas costuravam tiras (não almofadas) sobre os 
punhos (não sovacos) das vestes (18), um processo de mágica pelo qual 
julgavam coser poder sobre o consulente, ou então simbolizava o poder 
da feiticeira em amarrar suas vítimas. As cobertas para a cabeça, lenços 
de cabeça (e não travesseiros) serviam para propósito semelhante, 
embora a derivação do termo (mispachoth, de uma raiz acadiana 
sapahu, soltar) sugira o poder oposto de soltar de uma influência. 
 Almas (18 e segs.); isto é, "pessoas"; não há pensamento aqui de 
distinguir entre o espírito e o homem. A última cláusula do verso 18 
deveria ser traduzida como afirmação: "Caçais as pessoas de meu povo, 
mas vossas próprios pessoas mantendes vivas". O verso 19 deve ser 
traduzido: "Vós me tendes profanado (visto que as feiticeiras invocam o 
nome de Jeová em seus ritos) com punhados de cevada e com pedaços 
esfarinhados de pão"; esses pedaços serviam não como recompensa, mas 
eram usados para adivinhar o futuro, tal como o fígado da vítima abatida 
num sacrifício. 
 Os vv. 20-23 descrevem a sorte de todos aqueles que praticam 
adivinhações dessa espécie. As falsas profetisas compartilhavam do 
julgamento contra os falsos profetas. 
 
Ezequiel 14 
3. INTERROGADORES IDÓLATRAS (14.1-11). 
 Vieram a mim alguns... dos anciãos (1). É provável que os 
exilados se dirigissem freqüentemente a Ezequiel, aguardando uma 
palavra da parte de Deus que saísse de seus lábios (cf. 33.30). À 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 28 
semelhança dos pagãos, aqueles anciãos pensavam que podiam adorar 
qualquer deus além do seu próprio (3-4); não haviam entendido o 
significado de "eu o Senhor teu Deus sou Deus zeloso" (Êx 20.5 ver 
também Ez 16.38-42). 
 Eu, o Senhor, vindo ele, lhe responderei (4); Jeová não usaria 
qualquer intermediário para replicar a tal homem. Sua voz sairia em 
ações de julgamento como nos versos 12 e segs. 
 Que se alienar de mim (7); lit., "dedicar-se para não seguir-me"; 
cf. Os 9.10. Tal como era o povo assim o profeta; ambos eram 
igualmente corruptos (9). Somente um profeta enganado daria para os 
idólatras uma resposta como se dela se derivasse de Jeová, e ambos 
haveriam de carregar com seu castigo. Alguns interpretam o "engano" de 
um profeta por Jeová como uma instância do Antigo Testamento que 
despreza causas secundárias; isto é, o estado enganado do profeta se 
devia à sua própria perversão de consciência, mas, visto que as 
conseqüências do pecado, igualmente com a lei moral, são ordenadas por 
Deus, poder-se-ia dizer que o engano era produzido por Deus. Tal 
maneira de argumentar, entretanto, soaria completamente estranha para 
Ezequiel. Cf. Ez 3.20; 1Rs 22.21 e segs. 
 
c) A razoabilidade do julgamento (14.12-23) 
 Nos vv. 12-20 é estabelecido um princípio geral - que o 
julgamento de um povo perverso não é desviado pela justiça de alguns 
poucos o verso 21 aplica o princípio a Jerusalém. Para ilustrá-lo e frisá-
lo são induzidos três notáveis exemplos de homens justos. Noé (que 
salvou sua família, Gn 6.8), Daniel (que salvou seus amigos, Dn 1.6-20?) 
e igualmente Jó (Jó 42.7-10). As realizações desses homens não devem 
ser citadas como exemplos sobre a paciência habitual de Deus. Quando 
Jeová sentencia uma terra culpada somente os justos conseguirão ser 
livrados. Possivelmente Ezequiel tinha ouvido que os homens de 
Jerusalém olhavam para a cidade como sua esperança de salvação, 
baseados na história da intercessão de Abraão por Sodoma (Gn 18.23 e 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 29 
segs.); mas o profeta replica: "Este é o princípio segundo o qual Deus 
age; se é verdadeiro em geral, Quanto mais no caso de Jerusalém (21), 
que não conta nem com Noé, nem com Daniel e nem com Jó!" Cf. 
declaração semelhante de Jeremias sobre a inutilidade de intercessão por 
Jerusalém, mesmo que fosse da parte de Moisés e Samuel (Jr 7.16; 15.1-
4). Quanto ao princípio da responsabilidade individual, aqui 
subentendido, cf. o capítulo 18. 
 Daniel (14,20). Os expositores há muito têm interrogado se o 
homem aqui chamado por este nome é o mesmo Daniel do livro que tem 
seu nome, presumivelmente um contemporâneo de Ezequiel, ou se seria 
algum patriarca de antiguidade semelhante à de Noé e Jó. Que os 
fenícios conheciam tal pessoa é atestado por referência a ele nos tabletes 
de Ras Shamra, cerca de 1400 a.C. E que seu nome é escrito ali 
conforme escrito no livro de Ezequiel, e não no livro de Daniel, é outro 
fato que indica que talvez seja referido aqui o patriarca, e não o profeta. 
 O remanescente que escapasse mostraria, por suas vidas 
corrompidas, quão justo tinha sido o juízo contra Jerusalém, e assim as 
mentes dos exilados ficariam descansadas. E vereis... e ficareis 
consolados (22). 
 
Ezequiel 15 
d) Uma vinha para ser queimada (15.1-8) 
 
 Esta parábola sugere que certos israelitas se tinham comparado, 
conforme Isaías havia feito com um propósito diferente, à vinha entre as 
árvores, a preferida entre as nações aos olhos de Deus. Mas Ezequiel 
corrige tal noção. Israel não passava de uma vinha agreste da floresta 
(não uma vinha cultivada, como em outras passagens do Antigo 
Testamento); longe de ser melhor que as outras árvores, ela era inútil 
para qualquer outra coisa senão para servir de combustível. Assim como 
a vinha estava destinada, digamos assim, a ser queimada pela sua própria 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 30 
natureza, semelhantemente Jerusalém estava destinada para a destruição 
(6). 
 
Ezequiel 16 
e) Uma mulher sem fé (16.1-63) 
 
 Este discurso procura mostrar, de maneira alegórica, que a história 
de Israel constitui "um registro sem interrupções de negras apostasias" 
(McFadyen). Foi composto em quatro movimentos: 1. Uma adaptação, 
talvez, de uma história popular concernente a um bebê encontrado que se 
tornou rainha (3.43). 2. As notórias irmãs de Jerusalém, Samaria e 
Sodoma, eram justas em comparação consigo (44-52). 3. Jerusalém só 
podia ser restabelecida juntamente com aquelas comunidades irmãs 
anteriormente desprezadas (53-58). 4. A penitente Jerusalém receberia 
uma nova aliança da parte de Deus (59-63). Quanto à comparação entre 
Jerusalém e uma esposa infiel, cf. Is 1.21; Jr 3.1 e segs.; Os 2.2-23. A 
alegoria é desenvolvida com uma candura que tende a chocar a mente 
ocidental, mas era perfeitamente normalpara os orientais. 
 Amorreu... hetéia (3). "A genealogia é moral, e não étnica" 
(Toy). Não obstante, os ancestrais arameus de Israel eram aparentados 
dos amorreus (ou cananeus) e tinham afinidades com certos dos heteus. 
Àquela criança foi negado o cuidado normal (4). "Filha de pais pagãos, 
recebeu tratamento pagão por ocasião de seu nascimento" (Cooke). 
 Estendi sobre ti a ourela do meu manto (8). Quanto a esse 
costume, ver Rt 3.9. Na alegoria é possível que isso se refira ao pacto do 
Sinal, enquanto que os vv. 9-14 podem ser aplicados à crescente 
prosperidade da nação até os dias de Salomão. 
 Em lugar de pele de texugo (10), leia-se "couro"; cf. Êx 25.5. 
 O processo mau, descrito no verso 15, começou quando Israel 
adotou os santuários cananeus da Palestina (cf. 20.28; Jr 2.5-7). As ações 
descritas no verso 18 representam o tratamento dado aos ídolos por 
ocasião das festividades. 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 31 
 Teus filhos e tuas filhas... os sacrificaste (20). Embora Josias 
tenha eliminado essa prática iníqua durante algum tempo (2Rs 23.10) é 
provável que tal prática tenha sido reavivada durante os dias 
desesperados do cerco. 
 O verso 26 faz referência à perene tendência de Israel de esperar 
auxílio da parte do Egito; cf. Is 30.1-5; 31.1-3. 
 Semelhantemente, o verso 28 se refere à dependência à Assíria 
(2Rs 16.7 e segs.; Os 5.13; 8.9), e o vers. 29 se refere à confiança posta 
na Caldéia, isto é, Babilônia (2Rs 20.12 e segs.). 
 Os vv. 35-43 descrevem o castigo de Jerusalém; será o castigo 
infligido a uma prostituta - humilhação e morte (ver o verso 38). 
 O pecado de Jerusalém não apenas era tão grave como o de seus 
predecessores pagãos (44-45), não apenas da mesma ordem que o pecado 
das ímpias cidades de Samaria e Sodoma (46), mas ainda era pior que o 
pecado dessas cidades (47-51). Ela seria forçada a confessar seu pecado 
inexprimível (52). Não é necessário supor que os feitos de Israel fossem 
de caráter pior que os de Samaria e Sodoma; pois sem dúvida a 
hediondez de sua culpa era acentuada pelo fato de seu privilégio sem 
paralelo de estar desposada com Jeová. Cf. Am 3.2. 
 A promessa de restauração (53-58) é feita de tal modo que trouxe 
bem pouco consolo para Jerusalém. Ela só poderia ser reintegrada 
juntamente com Samaria e Sodoma, as quais seriam consoladas pelo 
vergonhoso reconhecimento que lhes seria feito pela sua vizinha até 
então orgulhosa e justa aos próprios olhos. 
 Eu me lembrarei do meu concerto (60). Esse é o único ponto 
brilhante em todo o céu entenebrecido. Jeová fará com ela um pacto 
eterno de tal natureza que restauraria completamente as relações 
interrompidas, e lhe devolveria sua antiga posição. Esse é o "novo 
concerto" de Jr 31.31 e segs. Ver. também Ez 37.26; Is 59.21; 61.8. 
 
 
 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 32 
Ezequiel 17 
f) O abutre e a vinha (17.1-24) 
 Uma grande águia (3); em heb., nesher. Conforme demonstrado 
em Jó 39.27-30 e Mq 1.16, o abutre; aqui simboliza Nabucodonosor. 
 Líbano é a região montanhosa de Judá; o mais alto ramo dum 
cedro (3) é Joaquim, rei de Judá (2Rs 24.10-16). 
 Terra de mercancia (4) designa Babilônia. Zedequias, filho de 
Josias, foi feito rei por Nabucodonosor em lugar de Joaquim (2Rs 
24.16). A localização junto às grandes águas denota a Palestina; cf. Dt 
11.11. 
 A videira mui larga (6). A metáfora deixa de lado o cedro. Cooke 
liga essa sentença ao versículo 5 e, por meio de uma alteração nos pontos 
vocálicos faz com que leia: "para que cresça e se torne numa videira 
esparramada". Nabucodonosor estabeleceu Zedequias sobre o trono para 
que fosse um vassalo submisso. 
 Mais uma grande águia (7). Este outro abutre é o Faraó Ofra; 
ver. Jr 44.30. 
 Os vv. 11-21 interpretam essa linguagem figurada. Zedequias é 
denunciado por ter-se voltado para o Egito procurando ajuda contra a 
Babilônia (15). Os profetas falaram em uníssono contra Israel por ela 
apelar para o Egito, embora os motivos deles variem (ver, por exemplo, 
Is 30.1-5; 31.1-3; Jr 2.36). Não foi a infelicidade da medida política da 
revolta que despertou a indignação de Ezequiel, mas foi o fato de 
Zedequias ter traído seu juramento de fidelidade a Nabucodonosor (15-
18). Pelo verso 19 fica claro que Zedequias deve ter invocado o nome de 
Jeová nesse seu juramento; desrespeitá-lo era sujeitar à desgraça o Nome 
(cf. Js 9.15-20). Quanto a outra instância em que Zedequias quebra um 
juramento seu, ver Jr 34.8-22. 
 Os vv. 22-24 formam, realmente, uma parábola adicional em que 
as figuras dos vv. 3 e 4 são diferentemente aplicadas. O mais tenro, 
tirado do principal dos seus renovos (22) é o Messias da casa de Davi 
(Jr 23.5 e segs.; 33.15), que será plantado no monte Sião e protegerá a 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 33 
nação restaurada do exílio. Quanto à imagem de uma árvore a servir de 
abrigo para as feras e os pássaros, cf. 31.6,12; Dn 4.12,21; Mc 4.32. 
 
Ezequiel 18 
g) Retribuição e responsabilidade (18.1-32) 
 
 O ensinamento deste capítulo, sumarizado no verso 20, necessita 
ser colocado no contexto do livro inteiro para poder ser aquilatado com 
justiça. Seu principal propósito é vindicar a justiça de Deus e tem em 
mente certa crise particular. Os contemporâneos do profeta alegavam 
que estavam sendo castigados por causa dos pecados da geração anterior. 
Ezequiel declarou que Deus não age dessa maneira, mas considera cada 
homem responsável por seus feitos e lhes retribui segundo esse princípio. 
Esse é um princípio fundamental da religião revelada. Ezequiel foi o 
primeiro a declará-la claramente. 
 Que tal princípio pode ser abusado é indubitável, especialmente se 
os homens divorciarem o indivíduo da sociedade. Porém, o profeta não 
faz isso; usualmente ele tem em mente a nação inteira e, realmente, é 
difícil reconciliar este capítulo com as predições sobre a total destruição 
de Jerusalém (exemplo, verso 12; 7.10-27; 11.7-12), tão real é a unidade 
da nação para o profeta. O ensino de Ezequiel tem muitas facetas: devem 
ser observadas em seu conjunto para que possa ser devidamente 
apreciado. O divorciar esse princípio de seu contexto levou certos 
homens a argumentar que a condição de um homem era reflexo do 
julgamento de Deus contra ele pelo que a adversidade seria o fruto do 
pecado e a prosperidade seria o resultado da retidão. O livro de Jó é 
dirigido contra a distorção no ensinamento de Ezequiel, mas ninguém 
pode dizer com razão que o livro de Jó tinha em mira o livro de 
Ezequiel. 
 O provérbio (2) era corrente em Jerusalém (Jr 31.29) e dali chegou 
até os exilados na Babilônia. No verso 4 é estabelecido o princípio da 
forma abreviada. Então, como ilustração, Ezequiel considera o caso de 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 34 
três gerações um homem justo que prossegue em sua retidão (5-9), seu 
filho que se comporta iniquamente (10-13) e seu neto, que repudia a 
maldade de seu pai (14-17). No verso 20 é elaborado esse princípio; cada 
homem receberá a justa retribuição de sua conduta. Ezequiel tinha em 
mente primariamente o julgamento vindouro de Jerusalém e a 
restauração que se seguiria; porém, ele considerava isso como capaz de 
aplicação geral. 
 Se o ímpio se converter... não morrerá (21). Um homem não 
somente está livre do pecado de seu pai; mas pode livrar-se de seu 
próprio passado, se assim o desejar. Pode arrepender-se imediatamente. 
Kraetzschmar declara que o verso 23 e "a palavra mais preciosa de todo 
o livro de Ezequiel". Cf. 1Tm 2.4; 2Pe 3.9. 
 Criai em vós um coração novo (31); cf. 36.26, "vos darei um 
coração novo". A mesma verdade dupla é expressa em Fp 2.12-13. 
 
Ezequiel 19 
h) Lamentação por causa de reis (19.1-14) 
 
 Neste capítulo são reunidas duas elegias; na primeira os líderes de 
Judá são pintados como leões (1-9), e na segunda como ramos de uma 
vinha (10-14). Se os dois poemas foram escritos ao mesmo tempo, o 
segundo tem caráter de predição (ver nota sobre o verso 14); porém, se o 
verso 14descreve acontecimentos passados, então o segundo poema foi 
escrito mais tarde, seguindo o modelo do primeiro e sendo reunido a ele. 
 
1. A LEOA E SEUS CACHORRINHOS (19.1-9). 
 Tua mãe (2) é a nação, Israel, ou, mais estritamente falando, 
Judá, como no verso 10. 
 O leãozinho (3) representa Jeoacaz, que foi aprisionado por Faraó 
Neco após um reino de apenas três meses, e foi levado cativo para o 
Egito, em 608 A. C. (4; ver 2Rs 23.31-34). 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 35 
 Outro dos seus cachorros (5). Jeoaquim, irmão de Jeoacaz, o 
sucedeu no trono, mas seu reinado é passado em silêncio, porque seu fim 
foi pacífico. Joaquim, filho de Jeoaquim, é aqui descrito. Depois de três 
meses como rei foi levado para a Babilônia, por Nabucodonosor, em 597 
A. C. (9; ver 2Rs 24.8-16). Uma dupla aplicação pode ser vista nos vv. 8, 
9; não apenas os leões eram capturados dessa maneira, para diversão 
esportiva dos reis assírios, mas os príncipes conquistados também eram 
aprisionados em gaiolas para servirem de espetáculo público. 
 
 2. A VINHA E SUAS VARAS (19.10-14). Os vv. 11 e 12 
deveriam ler, acompanhando as versões grega, latina e aramaica, como 
se houvesse uma única vara; mas é incerto qual governante é aqui 
referido, se Joaquim, como nos vv. 5-9, ou Zedequias, como no verso 14; 
a primeira interpretação parece preferível. 
 A vara dos seus ramos (14) era Zedequias, que foi considerado 
responsável pela destruição de Jerusalém, visto que a cidade teria sido 
poupada se ele se tivesse submetido aos babilônios. Cf. Jr 38.20-23. 
 
Ezequiel 20 
i) A história da apóstata Israel (20.1-44) 
 
 A situação é semelhante à do capítulo 14; anciãos vieram para 
consultarem o Senhor (1) por intermédio de Ezequiel. Tal como em 
14.3, eles tinham "levantado os seus ídolos nos seus corações" assim 
também aqui, mas o profeta foi capaz de perceber a intenção deles de se 
amoldarem à idolatria de seu ambiente (32). A resposta de Jeová, em 
ambas as ocasiões, é julgamento contra os idólatras (14.7-8; 20.33-39). 
Esta revisão da história de Israel exibe as fortunas de Israel no Egito (5-
9), no deserto (10-26), em Canaã (27-29), no presente (30-32), a 
atravessar um outro deserto (33-39), e a restabelecer-se na Palestina (40-
44). A data (verso 1) foi julho-agosto de 591 A. C., onze meses após a 
visão dada em 8.1. 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 36 
 Levantei a minha mão (5); isto é, para reforçar o juramento (cf. 
Gn 14.22; Dn 12.7; Ap 10.5-7). 
 Rebelaram-se contra mim (8). Não temos qualquer informação 
sobre uma rebelião dos judeus no Egito, a não ser que aqui seja referido 
Êx 5.21. Talvez tenham existido outras tradições sobre esse período da 
história de Israel, correntes nos dias de Ezequiel, e que por ele foram 
aproveitadas. 
 O que fiz... foi por amor do meu nome (9); isto é, a fim de que 
Sua reputação, entre as nações, não sofresse por causa de aparente 
incapacidade para cumprir Sua palavra (cf. Nm 14.16; Dt 9.28). 
 Seu coração andava após os seus ídolos (16); cf. Êx 32.1-6; Nm 
25.1-3. 
 Estatutos que não eram bons... (25). Uma reversão do propósito 
normal das leis de Jeová; ver o verso 11. O sacrificar os filhos (26) era, 
evidentemente, considerado como um cumprimento da lei de Êx 13.12, 
uma interpretação que o profeta parece considerar como devida à 
cegueira judicial imposta por Deus (cf. 14.9 nota; Is 6.10-12 e a 
observação de Cooke em I. C. C., págs. 218-219). Traduza-se o v. 29: 
"Qual é o alto lugar (bama) para o qual vós vindes (ba'im)?" 
 Nos vv. 33-38 o julgamento é mesclado com a misericórdia. Jeová 
liderará Seu povo tirando-o da terra do exílio, assim como os retirou do 
Egito séculos atrás (34); os culpados perecerão no deserto, tal como na 
primeira viagem (35-38; cf. Os 2.16-17). O quadro sobre a futura 
redenção, como um segundo êxodo, é freqüente nos escritos dos 
profetas. Ver, por exemplo, Is 41.17-20; 43.16-21; Jr 23.7-8; Mq 7.15-17. 
 
j) A espada do Senhor (20.45-21.32) 
 
 Os justos sobreviventes de Israel retornarão à sua própria terra e 
adorarão a Jeová (40-44). Mediante esse ato redentor Jeová tornar-se-á 
conhecido como o único Deus, tanto para o mundo gentio (41) como 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 37 
para Israel (42). Tal como em 16.61-63, a promessa é misturada com 
memórias sobre sua pecaminosidade anterior (43,44). 
 Um novo capítulo tem início em 20.45, no texto hebraico; nossos 
revisores seguiram as antigas versões em suas divisões de capítulos. 
Quatro oráculos são aqui reunidos: a destruição de Jerusalém pelo 
incêndio e pela espada (20.45-21.7); o cântico da espada (21.8-17); 
Nabucodonosor nas encruzilhadas das estradas (21.18-27); e o 
julgamento de Amom (21.28-32). Se os vv. 21,22 nos fornecem outro 
exemplo da visão clarividente de Ezequiel (cf. cap. 8), então o capítulo 
data de 588 A. C., quando Nabucodonosor marchou contra Jerusalém. 
 O Sul (46) é a Palestina; embora ficasse a oeste da Babilônia era 
assim descrita porque as caravanas subiam ao longo do Eufrates e depois 
seguiam para o sul, atravessando a Síria. 
 Não é este um proferidor de parábolas? (49). Tais palavras 
refletem o ceticismo do povo, e não a habilidade que tinham de 
interpretar o que Ezequiel lhes dizia. 
 
Ezequiel 21 
Mas em 21.3 e segs. o profeta usa uma figura mais clara para 
assegurar que todos compreendem o significado de seu provérbio 
anterior. Suspira (6). Esta profecia por ação tinha a intenção de mostrar 
o modo como as notícias sobre a catástrofe seriam recebidas; cf. 12.17-
20. 
 "Uma ode selvagem à espada caldaica vingadora" é a descrição 
feita por Toy aos vv. 8-17. Certos dos versículos, especialmente 10 e 13, 
são de difícil elucidação, devido à transmissão faltosa do texto. 
 Bate pois tua coxa (12); isto é, a fim de expressar mágoa (cf. Jr 
31.19). Os "mortalmente feridos" se refere a Zedequias, como no verso 
30. Ver nota sobre o verso 25. 
 Propõe dois caminhos (19). Ezequiel deveria traçar (na areia?) 
duas estradas partindo de um mesmo ponto, isto é, Babilônia, mas 
seguindo em diferentes direções, uma levando até Jerusalém e a outra até 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 38 
Rabá, capital de Amom. Nabucodonosor é visto na encruzilhada (21). 
Ele empregava adivinhações para determinar qual estrada haveria de 
tomar. Flechas eram usadas do mesmo modo que as sortes; numa estava 
marcado "Jerusalém" e na outra "Amom"; seriam balançadas dentro de 
uma aljava, e então uma era tirada. Entranhas, isto é, "fígado"; devido a 
suas ligações com o sangue, o fígado era considerado a sede da vida; a 
cor e as marcas no fígado de uma ovelha sacrificada proviam augúrios 
sobre o futuro. Terafins eram pequenas imagens de forma humana cf. 
1Sm 19.13,16. 
 Aos olhos deles (23); isto é, aos homens de Jerusalém, que 
acreditariam que a adivinhação era falsa. Com o v. 25 cf. o verso 14. Ó 
profano; versões há que dizem aqui "o mortalmente ferido"; outras 
preferem traduzir como "desonrado". 
 Ao revés... (27). A sucessão monárquica e o estado seriam 
reduzidos a ruínas, até à vinda do Messias. A última metade do versículo 
cita Gn 49.10: "até que venha Siló"; essa metade deve ser lida: "até que 
venha aquele de quem é (shello)". 
 A linguagem dos vv. 28-32 é reminiscência dos vv. 9,10; mas aqui 
a espada é a de Amom desembainhada contra Israel, por ocasião do 
ataque de Nabucodonosor; Jeová fará desaparecer toda memória sobre 
Amom (32), um contraste com o futuro destino de Israel (20.40-44). 
 
Ezequiel 22 
l) Denúncia contra Jerusalém (22.1-31) 
 
 Três oráculos devem ser distinguidos: os pecados de sangue da 
cidade (1-16); o derreter de Israel (17-22); a acusação das "classes e das 
massas" (McFadyen) (23-31). Jerusalém, por sua culpa, tinha causado a 
aproximação de seu número completo de dias e anos (4). Esta versão 
diz: "teus dias" e "o fim dos teus anos" (cf. 21.23). 
 Os príncipes (6) abusavam de sua autoridade cometendo 
homicídios judiciais (cf. 2Rs 24.3-4). 
Ezequiel(Novo Comentário da Bíblia) 39 
 Homens caluniadores (9); isto é, informantes que se livraram de 
seus inimigos por meio de acusações falsas. 
 Eis que bati as mãos (13); um sinal de escárnio (cf. 21.14,17). 
Algumas versões dizem quanto ao verso 16 "Serei profanado por teu 
intermédio"; ver 20.9n. 
 No segundo oráculo aparece como minério não refinado (18); 
Jeová a dissolve na fornalha, mas a escória é o único resultado. 
 Bronze estanho, ferro e chumbo (18) foi o que se precipitou do 
minério ao ser dissolvido pela primeira vez, do qual a prata é em seguida 
separada. O ponto do oráculo é a figura de julgamento envolvida na idéia 
da dissolução. Diferentemente de outros profetas que empregam essa 
figura, Ezequiel exclui a possibilidade de refinação; sua geração não 
passa de escória! (cf. Sl 119.119). 
 Conjuração dos sons profetas há (25). A Septuaginta lê 
"príncipes" (nasi, em lugar de nabi). Se tal texto for aceito, então 
Ezequiel acusa todas as gamas da sociedade de Jerusalém, os "príncipes" 
(25; isto é, membros da casa real), os sacerdotes (26), os "nobres" (27; 
aqui traduzido como príncipes; mas em heb., sarim, isto é, oficiais e 
cabeças de famílias importantes), os profetas (28), e o povo comum 
(29). 
 Busquei... mas a ninguém achei (30). Nenhum dos líderes 
oficiais defendia a retidão e o verdadeiro bem-estar de Israel. Ezequiel, 
naturalmente, considerava Jeremias, a quem aqueles líderes haviam 
perseguido, como um caso à parte (cf. Is 59.16; 63.5). 
 
Ezequiel 23 
m) Oolá e Oolibá (23.1-49) 
 
 Este capítulo se divide em duas partes. Os vv. 1-35 dão a alegoria 
sobre duas irmãs, Samaria e Jerusalém, mediante o uso de figuras 
semelhantes às empregadas no capítulo 16 (ver notas ali). Porém, 
enquanto o poema anterior tinha em mente as más influências da religião 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 40 
dos cananeus, aqui o que é condenado são os pactos com as nações 
estrangeiras. 
 Os vv. 36-49 formam um apêndice, desenvolvendo essa alegoria 
de modo diferente, possivelmente com uma situação diferente em mente. 
Aqui as duas irmãs são vistas juntas, e são acusadas por adorarem a 
Moloque e por profanarem o santuário e o sábado (37-39); as alianças 
com nações estrangeiras parecem ter sido feitas com aqueles povos que 
bordejavam Israel (42), e não com impérios distantes. 
 Os dois nomes (4) são idênticos quanto ao seu significado, sendo 
formas femininas de ohel, uma "tenda". Talvez tenham em vista as 
tendas associadas com a adoração falsa (ver 16.16). 
 Com todos os seus ídolos se contaminou (7). As alianças 
políticas usualmente envolviam a adoção dos cultos do poder superior. 
Samaria havia estabelecido alianças com a Assíria (5 e segs.) e com o 
Egito (8); Jerusalém foi ainda mais além, e se aproximou também da 
Babilônia (14-18). A adoração assíria (12) foi popularizada por 
Manassés e permaneceu na cidade até sua queda (ver 2Rs 21.1-9; Jr 
44.15-19). 
 Lhes mandou mensageiros à Caldéia (16). A Ocasião disso é 
desconhecida, a não ser que seja a que é registrada em 2Rs 24.1. No vv. 
20 está em mente a solicitação de ajuda egípcia contra a Babilônia, Jr 
37.7 e segs. 
 Pecode, Soa e Coa (23) eram as tribos que ficavam a leste do rio 
Tigre. 
 Nua e despida (29). Esse tirar as vestes de Oolibá representa a 
devastação de Jerusalém. 
 O verso 40 descreve uma petição feita a um povo distante, 
rogando auxílio, talvez contra os babilônios. 
 Beberrões do deserto (42); seriam os vizinhos próximos de Israel, 
árabes, edomitas, moabitas, etc. (cf. Jr 27.3 e segs.). 
 Os homens justos (45) dificilmente poderão ser os babilônios (cf. 
7.21-24); são os poucos homens de Jerusalém que permaneceram fiéis a 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 41 
Jeová e condenaram a orientação da política nacional. Oolá e Oolibá 
serão julgadas como adúlteras (47; ver Dt 22.23-24). 
 
Ezequiel 24 
n) O começo do fim (24.1-27) 
 
 Há três temas ligados um ao outro neste capítulo: a parábola do 
caldeirão enferrujado (1-14); o sinal da morte da esposa de Ezequiel (15-
24); o término da mudez do profeta (25-27). Calculando a partir do 
cativeiro de Joaquim, a data (verso 1), seria janeiro de 588 A C. Ver 2Rs 
25.1. 
 O conhecimento sobre o cerco (2) ilustra novamente o dom de 
clarividência sobrenaturalmente intensificado que Ezequiel possuía. O 
estabelecer e o anunciar essa data certamente constituiu uma 
confirmação pública de seu oficio profético, quando as notícias se 
infiltraram, numa data um pouco posterior. 
 Põe a panela ao lume (3). Talvez Ezequiel estivesse realmente a 
preparar uma refeição, num caldeirão, quando veio a ele a palavra de 
Deus, declarando que aquilo servia de símbolo quanto ao julgamento de 
Jerusalém. O emprego da figura é inteiramente oposto ao uso da mesma 
em 11.3. 
 Tira dela pedaço a pedaço (6). A carne não devia ser comida, 
mas antes, jogada fora, o que era símbolo do povo que seria espalhado. 
A última cláusula deste versículo deixa subentendido que a sorte foi 
lançada em 597 A. C., quanto aos que deveriam seguir para o cativeiro; 
desta vez não haveria opção. A cidade era como uma panela cuja 
"ferrugem" (6; isto é "derramamento de sangue"-- e não escuma, como 
nesta versão) não seria removida. O único recurso era virar a panela de 
boca para baixo, sobre o fogo, e dissolvê-la (11). Jerusalém tinha de ser 
destruída para poder ser purificada (12-14). 
 A esposa de Ezequiel faleceu subitamente, dum golpe (16), ou 
"praga" (cf. Nm 14.37). O profeta deveria ocultar sua mágoa e não 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 42 
lamentar (17). No dia seguinte ao da morte de sua esposa, ele deu 
prosseguimento às suas ocupações normais (18). Isso fez com que seus 
companheiros de exílio o interrogassem acerca do significado de tal 
conduta (19). É explicado, nos vv. 20-24, que Jerusalém e seu santuário 
eram tão prezados por eles como uma esposa por seu esposo: quando 
ouvissem falar em sua destruição, e na perda de seus parentes, eles, 
igualmente, deveriam encurvar-se em silêncio perante Deus; seria Seu 
justo julgamento. 
 Deve-se ler os vv. 25-27 como se fosse uma só sentença: "no dia 
em que eu lhes tirar a sua fortaleza... nesse dia virá ter contigo algum que 
escapar... nesse dia abrir-se-á a tua boca". Um considerável lapso de 
tempo deveria ocorrer entre o verso 25 e o verso 26. Cf. Jr 52.5-7 com 
Ez 33.21. As restrições divinas ao ministério de Ezequiel cessariam 
quando chegasse o mensageiro vindo de Jerusalém. Ver nota sobre 3.26. 
 
PROFECIAS CONTRA NAÇÕES ESTRANGEIRAS - 25.1-32.32 
 
 As denúncias contra Jerusalém estavam terminadas. Antes de dar 
início às suas predições de restauração (33-48), o profeta insere este 
grupo de oráculos contra os inimigos de Israel (embora alguns deles 
pertençam a uma data posterior) para indicar que todos os poderes hostis 
deveriam ser quebrados antes de Israel ser reinstalada em glória. 
 
Ezequiel 25 
VII. PROFECIAS CONTRA TRIBOS CIRCUNVIZINHAS 
 – 25.1-17 
 
a) Amom (25.1-7) 
 
 Embora, por ocasião da invasão babilônica, Amom se tenha 
juntado a Edom, Moabe e outros, procurando persuadir Zedequias a 
revoltar-se (Jr 27.1-11), por ocasião da queda de Jerusalém, os amonitas 
Ezequiel (Novo Comentário da Bíblia) 43 
se apossaram de cidades israelitas (Jr 49.1 e segs.). Ezequiel não faz 
menção dessas coisas, mas apenas da maliciosa alegria de Amom em 
vista da desgraça que caiu sobre Israel (3,6). Note-se que, no verso 3, o 
profeta fala sobre a desolação de Jerusalém como acontecimento 
passado. 
 
b) Moabe (25.8-11) 
 
 Jeremias denunciou Moabe por causa de sua arrogância e rebeldia 
contra Jeová e por causa de seus insultos contra Israel (Jr 48.25 e segs.). 
Sofonias fala do fato de terem assaltado os judeus (Sf 2.8). Ezequiel 
denuncia os moabitas por terem rejeitado, zombeteiramente, a 
reivindicação de Israel de ser uma nação separada, em vista de suas 
relações com Jeová (8). 
 
c) Edom (25.12-14) 
 
 Quanto à malícia de Edom contra Israel, por ocasião

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